sábado, 25 de dezembro de 2010

Guiné 63/74 - P7497: O Mural do Pai Natal da Nossa Tabanca Grande (15): Que o Natal seja sempre que um camarigo quiser ! (Editores)


© Miguel Pessoa (2010)




1. Camaradas, amigos, camarigos: Eu, que não gosto de me armar em valente, embora seja uma alma sensível, mas também não tenho a lágrima fácil, fiquei comovido até às lágrimas, com as muitas dezenas e dezenas de mensagens que tenho recebido a desejar as nossas melhoras,  colectivas e individuais... Verdadeiras mensagens da melhor camarigagem de que nós, às vezes, somos capazes.


Na quadra a que eu chamo de grande stresse natalício, em que praticamente é proibido abrir o computador, houve gente que conseguiu arranjar um bocadinho de tempo, roubado à família e aos amigos mais íntimos, para emprestar o seu ombro amigo àqueles de nós que, na Tabanca Grande, estavam a precisar de uma palavrinha de atenção, consolo, esperança, ânimo... Enfim, aquilo a que nós chamamos a nossa blogoterapia...

Na ausência, em "estúdio",  do Vinhal (que "vive e sofre" com o que o aqui se passa, 24 horas por dia!!!), o Mural do Pai Natal da Tabanca Grande está uma m..., uma confusão dos diabos... Eu nunca poderei pôr isto tudo em ordem,  arrumadinho como só ele pode e sabe fazer... e tem feitio todos os anos... Mesmo assim, não quero deixar de postar, por estes dias,  no nosso mural, algumas das palavras bonitas e sobretudo sentidas que nos têm escrito, tanto velhinhos como piriquitos... 

Não tenho mais notícias do Rui Ferreira cujo estado de saúde espero esteja a evoluir favoravelmente, e que era o tabanqueiro que mais nos preocupava este Natal... Mas o Paulo Santiago e o Carlos Santos, os nossos dois bons gigantes (mais o Victor Barata, também seu amigo e vizinho), estão atentos... O António Paiva, espero bem,  deve ter encontrado um porto de abrigo neste Natal. O Carlos, por sua vez,  já lhe senti um pouco mais de ânimo num mail particular que me mandou a chamar-me madraceiro, ontem às 10h da manhã, e que eu tomo a liberdade de reproduzir aqui...

Luís: Estás então em Gaia a passar o Natal? Na cama? Não tens vergonha? As melhoras, rápidas e definitivas.... Acerca dos teus sábios provérbios, mando esta máxima, à troca, que recebi hoje do Carlos Cordeiro: "As coisas são como são em virtude de serem assim mesmo"... É muito profunda, não achas?

Vou fechar o estabelecimento e vou ver a minha velhota. Até logo. Deixa-te de malandrar e levanta-te para comeres as batatas. Um abraço para ti e um beijinho à Alice. Dá cumprimentos nossos à tua família de Gaia. Boas Festas. Carlos






© Miguel Pessoa (2010)




2. Eu, próprio, consegui ontem ao fim da tarde escrever as quadras natalícias de que estou incumbido todos os os anos... É o meu pequeno, modestíssimo, contributo para que a noite da Consoada da Madalena seja, todos os anos, um momento bonito de amor e amizade entre sete famílias que, putos incluídos, este ano juntou duas mesas com vinte e tal pessoas, incluindo dois "tabanqueiros" da nossa Tabanca Grande, eu e o João Graça mais o seu violino... 


Tirando a ciática, espero que o vosso Natal tenha sido tão ou mais lindo que o meu... Agora vou-me levantar por que é preciso comer a "roupa velha"...  Em meu nome, e do resto da equipa que faz este blogue o melhor que pode e sabe  (Carlos Vinhal, Eduardo Magalhães Ribeiro, Virgínio Briote e... Miguel Pessoa!), a continuação das boas festas de Natal... o tal Natal que é sempre quando um camarigo quiser. 


As quadras, de sete sílbas, foram o que que se pôde arranjar este ano... São dedicadas aos morcões dos meus cunhados Gusto e Nitas, que eu considero há muito como meus irmãos de verdade (são, além disso, os donos da "clínica da Madalena", onde eu estou em convalescença por estes dias...):

No Natal da Madalena,
Foi-se a musa de sabática,
Tenham pena, muita pena,
Está o poeta c’o a ciática

Está o poeta c’o a ciática,
Mas temos o cavaquinho,
Revolve-se a problemática,
E chama-se o Joãozinho.

E chama-se o Joãozinho,
Tiago, Pedro, Tia Nita,
E logo num instantinho,
Forma-se um grupo catita.

Forma-se um grupo catita,
Do jazz à gente fadista,
E até a Joana imita
A bela Júlia florista.

A bela Júlia florista
Via caras, mas não c’roas,
Pois é, ó economista,
Lá sem  guita não há… broas,

Lá sem guita não há… broas,
Mas ó da casa, ó patrão,
Tantas coisas e tão boas,
Vão p’ró rol da gratidão.

Vão p’ró rol da gratidão,
Vão p’ró deve e p’ró haver,
Calam fundo no coração,
Dão sentido ao viver.

Dão sentido ao viver
Destas nossas sete famílias,
Uma história p’ra escrever,
Tão bonita, sem quezílias.

Tão bonita, sem quezílias,
Palavras não são despesa,
Marias e até Emílias
Ficam bem à nossa mesa.

Ficam bem à nossa mesa,
Os nossos anfitriões,
Amizade e gentileza,
Disso são os campeões.

Disso são uns campeões
Um exemplo de beleza,
Muito pouco comilões,
Ficam bem em qualquer mesa.

Ficam bem em qualquer mesa,
Com linho, seda ou papel,
É sempre a mesma nobreza,
Jingle bell, jingle bell.

Jingle bell, jingle bell,
Que o jantar nem estava mau,
Muitos doces com papel,
Nem faltou o bacalhau.
 
Nem faltou o bacalhau,
Que já foi mais fiel amigo,
Anda com cara de pau,
Estando agora em perigo.

Estando agora em perigo,
Nas mãos dos noruegueses,
Quiçá até inimigo,
À mesa dos portugueses,

À mesa dos portugueses,
Pai Natal da Madalena,
Tens crianças, teus fregueses,
Trazes prendas e uma rena.

Trazes prendas e uma rena
Meu querido Pai Natal,
Cá na nossa Madalena,
Não faltou o essencial.


Luís Graça, 24/12/2010


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Nota de L.G.:

Último poste da série > 24 de Dezembro de 2010 > 

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Guiné 63/74 - P7496: O Mural do Pai Natal da Nossa Tabanca Grande (14): Ruizinho, os heróis não morrem; Paulo, quem quer ser lobo, veste-lhe a pele; Carlos, portugueses e camarigos, muitos, alguns loucos; Miguel, 'tá lindo o nosso Poilão; camaradas, amigos, camarigos, saúde e paz na terra e... na blogosfera (Luís Graça)



O poilão da Tabanca Grande devidamente enfeitado e iluminado pelo nosso strelado artista gráfico, o camarigo © Miguel Pessoa (2010) (cada vez mais cobiçado pela concorrência...)




1. Temos sabido do Rui Ferreiro (mais conhecido no círculo de amigos como o Ruizinho), através do Paulo Santiago, em correspondência com o Carlos Vinhal (que neste momento e até ao fim do ano está de "baixa bloguistica", por sua vontade e meu consentimento):


(i) 14 de Dezembro de 2010:


(...) Há momentos, para me esclarecer num comentário, tive de telefonar ao Carlos Santos, ex-Fur Mil da CCAÇ 2701. Deu-me uma má notícia.

O Rui Alexandrino Ferreira( Ruizinho) está desde esta manhã internado na UCI do Hospital de Viseu com problemas cardíacos. Inspira cuidados.Terá de ser transferido para os HUC,onde forçosamente terá de ser operado. Já andava mal há uns dias. (...)



(ii) 14 de Dezembro de 2010: 


(...) Cheguei há pouco de Coimbra onde fui à apresentação do livro do Cor Calheiros. Acabei de falar com o Carlos Santos que esteve hoje à tarde na UCI do Hospital de Viseu. O Rui está muito debilitado, [ à doença crónica degenerativa que já tinha ] agora junta-se a angina de peito, precisa de ser intervencionado nos HUC. O problema é, com a debilidade que apresenta, essa intervenção cirúrgica poderá ser feita? Penso, o Carlos Santos também, que o Rui gostará de saber que os camaradas fazem força pela sua recuperação. Fica ao vosso critério a divulgação ou não do estado de saúde do Rui. (...)

(iii) 23 de Dezembro de 2010:

(...) O Rui foi transferido na 2ª feira do Hospital de Viseu para o Hospital de Santa Maria, em Lisboa (com Coimbra ali tão perto...) para ser operado na 3ª feira. O seu estado devia ser grave, os médicos não esperaram e operaram-no durante a madrugada de 2ª para 3ª. O pós-operatório parece estar a correr bem...hoje telefonou ao Carlos Santos.

Aproveito para te desejar um Bom Natal, extensivo à tua família. Não deixes que as "guerras" do blogue te enviem para a psiquiatria. Dá descanso aos neurónios... Grande
abraço.



(v)  No dia 23 de Dezembro de 2010 20:01, Carlos Esteves Vinhal escreveu ao Paulo:

Caro Paulo. Obrigado pelas notícias que vou canalizar para o Luís. Acho que seria oportuno a publicação de um poste agora que temos mais certezas. Muito obrigado pelas tuas palavras em relação a mim.



Recebe um abraço e a retribuição dos teus votos. Tudo de bom para ti e para os teus. Carlos


(v) Eu, Luís Graça, senti-me na obrigação de escrever a ambos (com conhecimento a toda a Tabanca Grande), o seguinte... É um texto de humor e de amor bloguísticos (por favor não o levam a sério, os seus destinatórios são apenas o Paulo e o Carlos):


Paulo (com conhecimento ao Carlos Vinhal): 

Que raio de Natal, o deste ano! O nosso Ruizinho, 67 anos,  no hospital, a inspirar-nos cuidados e um aperto de angústia no coração; o meu querido Carlos Vinhal abatido por causa das "e-merdas" do blogue; eu, deitado, de cama, desde sábado, com uma ciática, a deixar-me operacional só a 20%; o Virgínio, há muito de sabática por causas das arritmias do coração; o Eduardo a tapar os buracos das albufeiras; o Zé Martins a pôr velas aos santinhos nossos padroeiros e a desejar as nossas melhorar; o strelado do Miguel a enfeitar de luzinhas o poilão da nossa Tabanca Grande para tentar a alegrar o ambiente; as nossas queridas caras metades na freima de ter tudo pronto, logo á noite, na ceia da Consoada: as prendinhas, o azevinho, a toalha de linho, as pencas, as batatas, o bacalhau, o azeite, o vinho...

Espero ao menos  que tu, Paulo, meu  bravo comandante do Pel Caç Nat 53 e camarada de armas de Bambadinca ao Saltinho,   nos anime e nos dê, de Águeda,  uma  ajudinha a vigiar este batalhão de náufragos do império... incluindo todos aqueles camaradas, amigos e camarigos que, sem um queixume, uns com "by-pass", outros sem "ombro amigo", vão passar esta Noite também tristes, doentes, combalidos, cacimbados, lixados, f..., ou até sós... (E se calhar são muitos mais do que aqueles que a gente imagina...Para eles vai o meu, o nosso,  pensamento solidário)... 

Paulo, faz chegar ao Rui, aos seus amigos (em especial ao Carlos Santos) e família, à equipa de saúde de Santa Maria que o está a tratar (e seguramente salvar), o desejo das suas rápidas e possíveis melhoras, e faz-lhe(s) sentir o melhor que há em nós, a malta desta Tabanca Grande, que é já uma peqena grande família, o melhor justamente de nós, que é a camarigagem, a compaixão, a força na adversidade... 

Vou tentar fazer uma notícia a desejar as melhoras do Rui... 

Na cama (estou na Madalena, V.N. Gaia, onde cheguei ontem à noite de Lisboa, com mulher e filhos) sou capaz de trabalhar com o portátil, nos intervalos da "pedrada" da medicação... Vou estar de férias no Porto (ou de atestado médico, se a coisa piorar... até ao fim do ano). 

Um santo Natal para ti, família, amigos... Dá um abração ao grandalhão do Victor Tavares, teu vizinho e herói de tantas batalhas do BCP 12, que também há tempos passou as passas do Algarve por causa da coluna...

Paulo, tu que és um coração de ternura barrada com mel, por baixo desse tronco de touro ou de lobo do reiguebi, mereces um especial xicoração, da minha parte, por tudo o que tens feito por todos nós, e em especial pelo Rui... Sei que és sempre o primeiro quando alguém está doente ou em baixo, aqui ou na Guiné-Bissau.... Eu tenho um especial carinho e admiração por ti, tu sabes... 


Um Alfa Bravo também para o "tabanqueiro" do teu João... Desculpa-me se hoje estou mais lamechas... mas  um gajo também é uma merda neuroquímica,  70% de sangue, suor e lágrimas: não é preciso um tiro de Kalash para nos matar, basta uma injecção letal, ou às vezes até a simples altercação do povo ...Luís...

PS1 - E já que a ocasião é propícia, mete na tua árvore de Natal estes sábios provérbios populares sobre doentes, doentinhos e pobrezinhos... E se não tiveres insónias nesta noite de Consoada, pensa em nós, Paulo, pensa no Rui,  e distribui alguns destes aforismos  aos teus amigos (que eu sei que são muitos) e aos teus inimigos (que eu sei que sei poucos, "pero locos").

"Quando pobre come frango, um dos dois está doente".
"Mais vale uma perna sã do que duas muletas"
"Médico novo e puta velha, todos gostam de experimentar" 
"Até aos 40 bem eu passo, dos 40 em diante 'ai a minha perna, ai o meu braço' ";
"Não adianta fugir com o cu à seringa"
"Em Lisboa nem sangria nem má nem purga boa"
"O hóspede e o peixe aos três dias fedem"
"De São Martinho ao Natal, o médico e o boticário enchem o bornal";
"Uma facada tem cura, mas a má palavra sempre dura"
"Quem de puta faz cabedal vai acabar na cadeia ou no hospital"
"É preciso cuidar dos pobres, antes que eles cuidem de nós"

PS2 - Para  o meu querido amigo Carlos, editor, que está sofrer, que eu sei (por que tenho um dedo que adivinha), com  "burn-out", esgotado (e eu sinto-me também culpado por isso)... mando-lhe estes "regalitos" para a sua árvore de Natal (a dele e da pobre Dina, que já há muito devia ser promovida a tabanqueira de honra, já que nunca falhou nenhum dos nossos cinco encontros e atura-nos, por tabela, muitos dos nossos pesadelos não climatizados)... 

Carlos, que o teu coração se alegre (ou que pelo menos consigas sorrir) ao ler estes conselhos que uso debaixo do travesseiro da minha cama, quando sofro de insónias ou dos males da alma:

"Portugueses pocos, pero locos" (considerar-me-ei sempre português, mesmo que seja o último, e mesmo que louco...)
"Cristo curou cegos e aleijados mas não malucos" (cuidado com o conceito...)
"Foge do louco e do alvoroço do povo" (há loucos e malucos...)
"Deus manda ser bom, mas não manda ser parvo" (acho que sou bom e quase sempre parvo, o que em latim quer dizer pequeno)
"Mais se ganha no paço às barretadas do que no campo às lançadas" (, que irónico, é a gente vê todos os dias na santa terra...)
"Quem a um castiga, a cem fustiga" (à vezes funciona)
"O dente morde na língua mas mesmo assim vivem juntos" (uma grande verdade)...
"Quem em caça, política, guerra e amores se meter,  "
não sairá quando quiser" (foi nosso caso, ainda não saímos, a maldita da guerra)
"O hóspede e o peixe aos três dias fedem" (... ponham-nos no frigorífico!)
"Os homens conhecem-se pelas palavras e os bois pelos cornos" (...por usamos palavras como camarigo e camarigagem...)
"Se um burro te zurrar, não lhe zurres" (... devíamos ir mais vezes ao jardim zoológico para percemos que afinal o Homo Sapiens Sapiens não passa de uma espécie animal, classificada pelos zoólogos na Ordem dos Primatas, com mais outras 200 espécies que elem, Homo Sapiens Sapiens, já conseguiu destruir...).


Madalena, Vila Nova de Gaia, 24 de Dezembro de 2010, 16h
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Guiné 63/74 - P7495: Patronos e Padroeiros (José Martins) (20): Padroeira da Sagres (Navio Escola da Marinha Portuguesa)



1. O nosso Camarada José Marcelino Martins, (ex-Fur Mil Trms da CCAÇ 5, Gatos Pretos,
Canjadude, 1968/70), enviou-nos mais uma mensagem, em 22 de Dezembro de 2010, para a série “Patronos e Padroeiros do Exército”, agora sobre a Padroeira da Sagres (Navio Escola da Marinha Portuguesa), que termina amanhã, dia 23, a 3ª viagem circum-navegação, que durou 338 dias á volta do mundo, naquela que foi a maior missão de sempre efectuada pelo Navio Escola Sagres. Assim, esta nossa embaixadora aportou em 27 portos de três continentes, navegou 39 112 milhas (72 435 km), que demoraram 5405 horas a navegar (27% à vela).
Padroeira da Sagres
(Navio Escola da Marinha Portuguesa)


Foto: Página da Sagres, com a devida vénia
Nossa Senhora dos Navegantes
Na devoção popular Nossa Senhora, a Mãe de Jesus, e nossa Mãe, vai adquirindo o nome, quer de lugares ou, até, relacionada com profissões.
A devoção a Nossa Senhora já era antiga em Portugal mas, com o inicio dos descobrimentos, no século XV, os navegadores passaram a pedir a intercessão da Virgem, para que os acompanhasse nas viagens e os trouxesse de novo a casa, mais ainda quando enfrentavam o mar revolto e as tempestades, quando viajavam pelo mar.
Em Portugal, Nossa Senhora dos Navegantes, também é associada às comunidades de pescadores, já que elas vivem do e para o mar, colocando nas Suas mãos a sua vida e a sua esperança.
A sua festa é celebrada a 15 de Agosto, fazendo, em muitas localidades, um percurso por terra e por mar ou rio, transportada nos barcos da faina marítima.
Oração à Nossa Senhora dos Navegantes
Ó Nossa Senhora dos Navegantes,
Mãe de Deus,Criador do céu, da terra, dos rios, dos lagos e dos mares.

Protegei-me em todas as minhas viagens,
Dos ventos, tempestades, borrascas,
Raios e ressacas para que não perturbem minha viagem,
E que nenhum incidente ou imprevisto cause alteração,
Ou atrase a minha viagem,
Nem me desvie da rota traçada.

Virgem Maria,
Senhora dos Navegantes,
Minha vida é uma travessia de um mar turbulento.
As tentações, os fracassos e as desilusões
São ondas impetuosas,
Que ameaçam afundar minha frágil embarcação
No abismo do desânimo e do desespero.
Nossa Senhora dos Navegantes,
Nas horas de perigo penso em vós.
O medo desaparece,
O ânimo, a disposição de lutar
E de vencer fortalecem-me.

Com a vossa protecção e a bênção de seu filho.
A embarcação da minha vida há de ancorar segura
E tranquila no porto da eternidade.

Nossa Senhora dos Navegantes,
Rogai por mim,
Amém.
José Marcelino Martins
Fur Mil Trms da CCAÇ 5
Pesquisa e fixação do texto
21 de Junho de 2010
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Nota de M.R.:

Guiné 63/74 - P7494: Em busca de... (152): Resposta a um pedido de Procura (Nelson Herbert)


1. O nosso Amigo e Jornalista da Voz da América (VOA), Nelson Herbert, sempre atento ao evoluir do nosso blogue, enviou-nos mais uma mensagem em 20 de Dezembro p.p., demonstrando mais uma vez que podemos contar com a colaboração dele, em tudo o que estiver ao seu alcance, que se relacione com o passado e o presente da Guiné-Bissau.

Assim, em complemento de um pedido de procura num anterior poste lançado aqui no blogue, presta-nos agora informação, a quem interessar, dos resultados obtidos pelas suas voluntarias e úteis pesquisas.

Resposta a um pedido de Procura

Amigos,

Há bem poucos dias um bloguista, recorrendo aos frequentadores desta TABANCA, procurava ajuda para a localização de uma criança guineense, dos tempos da comissão militar em Bissorá... e por quem se afeiçoou.
Chamou-me atenção o apelo quanto mais não seja pelo facto da pessoa procurada… o nome ter-me soado familiar na altura... ser um jovem da minha geração do Liceu de Bissau...
Os anos e o destino da vida pela qual optamos, mais tarde nos apartaram… e consequentemente perdeu-se o paradeiro de um e outro...
Mas nem por isso, sosseguei, sabendo ter em mãos, mecanismos, contactos e canais que poderiam servir esse nosso amigo bloguista, no seu intento...
E após algumas diligências chegou-me ontem este e-mail "attached"... lamentavelmente com a resposta que todos, nos menos desejaríamos... particularmente nesta quadra festiva que a todos deveria encher o coração de alegrias... e paz...
Mas enfim... cumprida a minha missão de bloguista, outra saída não me resta senão ter que partilhar a triste notícia...
Mantenhas
Nelson Herbert

PS... Com as minhas desculpas ao bloguista em questão, cujo nome me escapa de momento!

Caro Herbert!
Certamente não me conhece, mas o eu, pelo contrario, conheço-lhe ao menos pelas conversa que tenho mantido com o meu primo e seu amigo e irmão, [A.N.].
Com efeito, foi através dele que obtive o seu e-mail de um lado e por outro, a informação que solicitava e que relaciona-se com um familiar meu.
Na verdade a pessoa que procura, neste caso o malogrado Augusto Pereira, como pode notar digo malogrado, porque ele já não pertence ao mundo dos vivos.
Na verdade, Augusto e meu primo, crescemos juntos e o local que refere o seu amigo que to recomendou era ao lado da nossa casa, onde morávamos durante a guerra colonial.
O Augusto Pereira, nos últimos tempos da sua vida, ocupou os lugares quase de topo na Função Pública guineense, pois tal como diz na sua correspondência, foi professor, mas com a sua persistência, conseguiu estudar por correspondência com uma Universidade Dinamarquesa, onde conseguiu sair com o grau de doutoramento na área da Ciência do Ensino, com esse título conseguiu tal como atrás lhe disse atingir quase o topo da hierarquia da Função Pública, pois foi Secretario de Estado de Ensino, nos últimos dias da sua vida, pois faleceu salvo erro a oito ou nove meses.
Agora, quem sou eu?
Chamo-me [S.A.], sou jornalista (...) e actualmente Director-Geral de um jornal, portanto, sou mais um amigo com quem contar e desde já a seu dispor para tudo o que quiser.
Portanto, quanto ao meu primo e irmão, e tudo que tenho a informá-lo.
Um abraço.
Atentamente
[S.A.]

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Nota de M.R.:
Vd. último poste desta série em:

16 de Dezembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7450: Em busca de... (151): Augusto Pereira, hoje professor, natural de Bissorã, djubi no tempo da CART 1746, 1967/69 (Manuel Moreira)

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Guiné 63/74 - P7493: (Ex)citações (122): Palavras e Balas (José Brás)

1. Mensagem de José Brás* (ex-Fur Mil, CCAÇ 1622, Aldeia Formosa e Mejo, 1966/68), com data de 23 de Dezembro de 2010:

PALAVRAS E BALAS

As palavras são balas!
Nem sempre pode dizer-se que o são.
Nem sempre se pode dizer que o são.
Nem se pode dizer sempre que o são.
Nem se pode dizer que o são sempre.
Que o são, nem sempre se pode dizer.


Vejam lá vocês as milhentas (milhentas?) formas de, querendo dizer coisa, juntar as palavras, ainda que esmiuçando muito em jeito de investigador da língua, se possa concluir que não é exactamente a mesma coisa que se diz em todas as formas.
Mas também não tem mal, porque lendo à pressa, todos entendemos o que queria dizer quem o disse, mesmo que cada um o entenda de sua maneira própria, desencabada (desencabada?) no humor do momento de quem o que leu ou ouviu, diferente de crente para crente, como sabemos.

Por outro lado, nem as balas são sempre a mesma coisa, ou feitas da mesma coisa, ou sempre com os mesmos propósitos e consequências.

Quando dizemos bala, sobretudo nós que tantas gastámos em matas longínquas, nós que tantas vimos nas noites estrondosas tracejando o ar de lume, logo nos aparece a imagem daquela coisa em forma de supositório, como na anedota do Solnado, feita de aço, de uma liga qualquer que fure, que estraçalhe corpos de gente, de supostos inimigos e, vice-versa, paralelamente, nos busquem do outro lado e no mesmo tipo de comunicação azeda por demais.

Mas bala pode ser feita de borracha, dessas que usam as polícias anti-motim, algumas vezes desejando certamente que o não fossem, mas mais densas e esburacantes (esburacantes?).

E se forem, de borracha, muitas regressarão de ricochete à origem, aleijando os próprios que as dispararam, de verdade ou de imagem. Bala é, também, se for em voz de criança brasileira, coisa doce de chupar, rebuçado como dizemos nós que construímos a palavra em caminhos que não vou agora investigar só para vos parecer culto e instruído.

Mudando de assunto, no mesmo propósito de me explicar, digo "pêgo contra o muro do frescali, descarecendo de gravata". Digo isto e vocês lêem o quê?

Entendem o quê? A grande maioria fica assim, sem entender que coisas são estas de "pêgo", de "frescali", de gravata. E não ponho aspas na gravata porque gravata não precisa de aspas se todos imaginarem que sabem o que é. Podem é imaginar em erro, porque não é dessa coisinha de dependurar ao pescoço de um mânfio para que ao balcão do banco se disfarce de senhor sério, que falo agora.

Gravata é, aqui, outra coisa. Gancho em ferro, arredondado, aí de cinco centímetros de diâmetro na volta, implantado em longo cabo de pau e usado para prender perna de borrego fujão, assim, se lhe pôr mão em cima, coisa difícil em campo aberto.

Frescali não vos digo o que é porque acho que também vocês devem participar, fazer um esforço, descobrir, indagando por aí, tendo já percebido que falo dos sons de palavras ditas por alentejano em sua labuta campina (campina?).

E há ainda uma palavra na construção da fala que qualquer um, mesmo não alentejão, entenderá que não deveria ser usada nela por não ser de uso corriqueiro na comunicação entre abegões, ceifeiras, valadores e outra gente que já não há de verdade, mas que habitam ainda na nossa memória. Refiro a palavra "descarecendo" que, em rigor, não devia colocar aqui querendo trazer à liça fala de transtagano.

Descarecendo é apenas uma imodesta escorregadela de pretenso literato querendo dizer "não precisando" e pondo tudo numa palavra só, e mais cara, tirando efeito da coisa.

Aqui chegados, e querendo acabar isto mais depressa, direi que tudo vem a propósito de palavras que usamos por aí, esquecendo a possibilidade de distorções violentas entre o emissor e o receptor, por serem diferentes os humores de quem diz e de quem ouve, diferentes os momentos e os lugares.

E eu, ainda recentemente disse a palavra "crença", pensando não estar a dizer nada demais, antes ao contrário, a falar de coisa humana, que seja tomada no seu significado maior, fé, religião, ideologia, ou no menor, opinião apenas, tendência simples construída a partir de pequenas diferenças, e tendo com certo que, uma ou outra, são propriedades a que todo o ser humano tem direito logo que sai da barriga da mãe e se põe por aí a gatinhar, desde que nessa sua crença pessoal, não queira proibir as crenças de outros.

Mas se o disse com esse propósito positivo, quem ouviu entendeu o que eu disso pelo seu lado negativo, como sugestão de coisa má ou mesmo de acusação.

E ficou armado um trinta e um danado, excessivo, estranho ao nosso combíbio (combíbio?) amistoso e mesmo impróprio da quadra que atravessamos e da ciática do Luís.

E vocês sabem desta minha tendência para o discurso coloquial, como alguém que não conheço disse, provavelmente sem intenção negativa mas entendido por mim como tal, ainda que de "mestre" nessa forma de comunicação, saiba que nada tenho, sobretudo em comparação com gente como, Mário de Andrade (Macunaima), Guimarães Rosa (Grande Sertão - Veredas), Mia Couto, e mesmo Jorge Amado ou Aquilino.

E por essa qualidade traiçoeira da palavra dita ou escrita; pela possibilidade de males feitos sem intenção, aqui me redimo, reafirmando o que de positivo disse de quem conheço, não muito bem de lidança (lidança?) quotidiana, mas de ouvir a outros aqui na Tabanca, enviando o abraço que queria que fosse o que mandei antes.
José Brás
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Notas do Editor:

(*) Vd. poste de 22 de Dezembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7490: Agenda Cultural (96): Apresentação do livro Lugares de Passagem, de José Brás, dia 6 de Janeiro de 2010, pelas 18 horas na Biblioteca José Saramago, em Loures

Vd. último poste da série de 18 de Dezembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7465: (Ex)citações (121): A política dos povos é algo demasiadamente importante para ser entregue a militares (José Belo)

Guiné 63/74 - P7492: O Mural do Pai Natal da Nossa Tabanca Grande (13): As Tabancas de Matosinhos e de Melros são uma Naçom, juntando cerca de130 à mesa da camarigagem e da solidariedade...



Jantar de Natal de 2010 das Tabancas de Matosinhos e dos Melros (Gondomar) > Restaurante da Quinta dos Choupos > 10 de Dezembro de 2010 >  Uma festa de camarigagem e de solidariedade que juntou cerca de 130 convivas, oriundos dos mais diversos pontos "de Paris ao Algarve", maior peso dos tabanqueiros do Norte que são, só por si,  uma... Naçom!... 


Na impossibilidade (física) de lá ter estado (e tinha obrigação, como sócio nº , reproduzo aqui as palavras, sentidas, inspiradas e transpiradas, desse tabanqueiro da primeira hora, coração de ouro e mãos de fada (para a viola), que é o nosso camaraigo David Guimarães. Foto (acima, com actual de um grupo etnográfico e folclórico local, reproduzida com a devida vénia do blogue  Tabanca de Matosinhos e Camaradas da Guiné).


Parabéns aos régulos, todos eles nossos queridos camarigos (Álvaro Basto, da Tabanca de Matosinhos; Carlos Silva, da Tabanca dos Melros; Gil Moutinho, da Quinta do Choupos e do Choupal dos Melros, que foi o anfitrião) e a todos os demais camaradas, amigos e camarigos que quiseram e puderam juntar-se nesta noite especial... (LG)


Natal feliz, manga de ronco > O discurso pós-prandial do tabanqueiro-mor David Guimarães




Estes dois termos,
Natal Feliz, Manga de Ronco,
bem que se podem aplicar à noite 
da Sexta Feira passada,
10 de Dezembro de 2010,
a propósito a junção das nossas queridas duas tabancas,
a dos Melros e de Matosinhos,
para celebração do Natal:


O NOSSO ENCONTRO SOLIDÁRIO 
QUE GANHOU MAIS FORÇA ASSIM...


Bom é que comecemos a sentir 
a necessidade do encontro,
destas partilhas e abraços,
sobretudo nestes dias
que, enfim,
quer queiramos quer não, 
são especiais...


Se o Natal litúrgico faz sentido,
a celebração do nascimento de um Ser
que nos veio dizer,
para quem acredita,
que sejamos unidos,
que sejamos amigos,
então nós nada mais fizemos senão cumprir
o que o tempo indica ou aconselha,
o ser solidário, o ser amigo 
e celebrar...


SOBRETUDO É A FESTA CONSAGRADA ÀS FAMÍLIA
e é por aí que eu pegaria no assunto:
se por vezes entre irmãoS 
temos as nossas questõeszitas,
mais acaloradas,
sempre nos juntamos debaixo da mesa
na distribuição de prendas,
aproveitando o repasto...


ASSIM FOI NA SEXTA FEIRA,
juntámo-nos
e só nós, os tabanqueiros, 
sabemos porque nos juntamos
e o motivo,
a celebração do NATAL na amizade que nos une
através de algo que um dia aconteceu,
não há dois mil anos,
mas há 40 anos, contas redondas.


Saboreei com prazer,
e creio que isso aconteceu com cada ex-combatente,
a amizade e a fraternidade existentes ali,
entre aqueles que um dia andaram a combater
e que agora fazem as honras,
levando as famílias,
para que partilhem da nossa alegria de estarmos juntos...


E tudo bateu certinho,
estivemos todos unidos 
em volta dos chefes de Tabanca,
a quem tenho de render homenagem 
pelo trabalho que tiveram,
de estarem naquela tarefa
que era o de estarem ali
e serem de entre todos 
os elementos mais aglutinadores,
com caracteristicas diferentes
mas francos e abertos,
trabalho que não invejo
pelo contrário, admiro...


Refiro-me Naturalmente 
ao Álvaro Basto (Matosinhos)
e ao Carlos Silva (Melros).


Foi uma NOITE FELIZ com MANGA DE RONCO
e, claro, com dicas para o futuro,
por tudo aquilo a que afinal assistimos.


A noite foi curta 
mas foi boa,
para o ano estaremos mais, 
aposto,
e seremos ainda mais felizes...


Deixo este Manifesto para publicação,
se fazem o favor,
nos blogues das nossas Tabancas,
Manifesto de protesto de franca alegria
por termos estado todos juntos,
COMO BONS AMIGOS,
COMO BONS CAMARADAS,
COMO BONS CAMARIGOS...


Um abraço do David Guimarães


[ Revisão / fixação de texto: L.G.]





















... E até p'ro Ano e Tchim!, Tchim!,  dizem o Carlos Silva e Jorge Portojo!

(Fotos: Tabanca dos Melros, com a devida vénia...)


Nota de L.G.:


Último poste desta série > 22 de Dezembro de 2010

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Guiné 63/74 - P7491: Tabanca Grande (257): Anselmo Garvoa (ex-Fur Mil, CCAÇ 2315 / BCAÇ 2835, Mansoa, de Janeiro de 1968 até ser ferido em combate em 30/9/1968, e evacuado para o HMP)



"ONDE ANDA ESTE PESSOAL TODO, DO CURSO DE RANGER DO VERÃO DE 1967,  NA CIDADE DE LAMEGO ? GOSTAVA DE REVER ESTE PESSOAL. MEU CONTACTO: Garvoa@gmail.com OU  964240024. VAMOS TENTAR JUNTAR ESTE PESSOAL TODO. PARA JÁ UM GRANDE ABRAÇO...


A pergunta  e o desejo são do Anselmo Reis Garvoa na sua página no Facebook  (Foto aqui reproduzida com a devida vénia...).




1. Mensagem de Anselmo Reis, conhecido na tropa pelo seu apelido, Garvoa:


Data: 20 de Dezembro de 2010 23:41


Assunto: Mais um camarigo


Caro Luís Graça




Depois de me ter tornado amigo no Facebook, e conforme o prometido,  apresento o meu pedido de adesão à grande TABANCA GRANDE.


Passo a apresentar-me:


ANSELMO REIS GARVOA


(i) Natural de Chaves, nascido em 9 de Agosto de 1943, mas,  por razões que desconheço oficialmente a data é 2 de Janeiro de 1944 ( ainda não havia abono de família);

(ii) Residente em Massamá, somos quase vizinhos, não sei se é necessário morada completa, caso seja é só pedir;

(iii) Cumpri serviço militar obrigatório entre Setembro de 1966 e Janeiro de 1970, passei por várias unidades, entre outras Caldas da Rainha recruta, Tavira especialidade e em Lamego no verão de 1967 frequentei o curso de Operações Especiais Rangers ( 2º. ou 3º. curso);

(iv) Depois fui para o R15, Tomar,  onde já estava o Batalhão de Caçadores 2835, formado pelas companhias 2315 (da qual fiz parte como furriel miliciano de operações especiais), 2316, 2317 e respectiva CCS;

(v) Depois foi aguardar a oportunidade de embarcar para a Guiné, onde chegamos em meados de Janeiro de 1968, do quartel da Amura para Binar, Bula e Mansoa;

(vi) Para mim terminou aqui porque a 30 de Setembro de 1968 fui ferido em combate e alguns dias depois fui enviado para o continente;

(vii) O resto do tempo foi passado no Hospital da Estrela entre cirurgias e recuperação...




No período que estive na Guiné, não vale a pena acrescentar nada pois todos nós sabemos como era, eu em particular, por força de várias anestesias que fui submetido, a minha memória foi e está muito afectada, por vezes quero lembrar-me de certas coisas e não consigo, inclusive nomes de camaradas.


Saudações e já agora BOM NATAL.


Anselmo Garvoa


2. Comentário de L.G.:

Obrigado por seres já nosso amigo no Facebook e agora quereres passar à categoria, mais exigente (uma espécie de posto...), de camarigo (camarada da Guiné que passa a integrar a magnífica Tabanca Grande...). Pois, sê bem vindo, camarigo. Tiveste nove meses de Guiné, deixaste lá, além de muito suor e lágrimas, o teu sangue, um bocado do teu sangue. És naturalmente credor do nosso especial carinho e, seguramente, vamos ajudar-te a recuperar as "brancas" da tua memória... O sítio ideal é o nosso blogue e a nossa blogoterapia... Aqui há aqui muita malta que passou por Lamego e por Mansoa...


Conheces as nossas regras, afixadas na coluna da primeira página, do lado esquerdo, e que basicamente dizem: Somos um blogue de memórias e de afectos... Temos, entre nós, alguma malta do teu BCAÇ 2835, mas não da tua companhia... Serás, pois, o primeiro representante da CCAÇ 2315. Na Tabanca Grande terás o nº 463.


Que este Natal te traga boas recordações e melhores perspectivas, mesmo não tendo tu passado nenhum na Guiné. Um Alfa Bravo. Luís Graça


PS - O nosso co-editor MR é que costuma ter o privilégio de apresentar à Tabanca Grande os seus camaradas "rangers"... Assim aconteceu contigo, mas houve uma embrulhada qualquer, à mesma hora eu (em Alfragide) e ele (em Matosinhos) editávamos o mesmo poste... Ficou o meu, por decisão dele, que é "pira" (cá no blogue)... Mas eu achei que a nota que ele te escreveu merecia chegar ao teu conhecimento e ao dos demais tabanqueiros. Aqui vai:


 "Camarada Garvoa, em nome do Luís Graça e demais editores, eu, Magalhães Ribeiro apresento-te os melhores cumprimentos e votos de boas-vindas a este local cibernético onde mais de 400 Camaradas-de-armas vão registando, o melhor que podem e sabem, os seus melhores testemunhos factuais dos nossos, mais ou menos, difíceis tempos passados na Guiné, mais ou menos hilariantes e/ou  dramáticos, trocam informação, discutem ideias, etc. consoante a sorte ou o azar de cada um, nas suas estadias por aquelas bandas.
"Ficamos à espera que nos envies mais alguma matéria sobre a tua comissão e fotografias desses tempos, se as tiveres, como é óbvio".


______________________


Nota de L.G.:


Último poste desta série >  21 de Dezembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7482: Tabanca Grande (256): António Duarte, ex-Fur Mil, da CCAÇ 12, da 3ª geração (Bambadinca e Xime, 1973/74)

Guiné 63/74 - P7490: Agenda Cultural (96): Apresentação do livro Lugares de Passagem, de José Brás, dia 6 de Janeiro de 2010, pelas 18 horas na Biblioteca José Saramago, em Loures

Convite para assistir à apresentação do livro "LUGARES DE PASSAGEM", de José Brás, a ter lugar no dia 6 de Janeiro de 2011, às 18 horas, na Biblioteca José Saramago, em Loures



BIOGRAFIA SINTÉTICA

- José Brás
- Nasceu em Alenquer
- Colaborador da Secção cultural do União Desportiva Vilafranquense entre 62 e 65
- Fez parte dos Grupos de Forcados Académicos e Amadores de Vila Franca entre 64 e 70
- Fez a tropa e a guerra colonial na Guiné entre 65 e 68
- entrou para a TAP como tripulante comercial em 72
- foi animador cultural na zona de Loures onde organizou o Pelouro da Cultura do Município
- foi Autarca, presidente da Junta de Freguesia de Loures entre 81 e 85
- foi Prémio Revelação da APE em 86 na categoria "Ficção Narrativa" com o livro "Vindimas no Capim" editado em 88 pela Europa-América
- foi eleito Presidente do Sindicato Nacional do Pessoal de Voo em 89 até 97
- foi coordenador da Frente Sindical na TAP entre 93 e 95
- reformou-se em 97 e fundou a Escola de Pilotagem AEROMONTE, em Montemor-o-Novo, tendo sido fundador e dirigente da APAU -Associação de Portuguesa de Aviação Ultraleve
- colabora com Luís Graça no blogue luisgracaecamaradasdaguine, com blogue Luso Poemas e com Poetas da Planície
- tem poemas seus no próximo disco de fado de Carlos do Carmo



LUGARES DE PASSAGEM
SINOPSE


Filipe Bento é o ficcionado narrador de "Vindimas No Capim", livro que deu a José Brás, em 1987, o Prémio Revelação da APE na modalidade de ficção narrativa, editado por Publicações Europa-América em 1988.

Em "Lugares de Passagem", Filipe Bento pretende sair do seu estado ficcional e tornar-se autor de uma série de estórias que terá guardado e amadurecido nos anos que decorreram desde a publicação de "Vindimas".

No sentido de passar ao papel tais estórias, e tendo consciência das suas dificuldades com escrevente narrador, busca a quem lhe possa ajudar na tarefa, e, "diz o roto ao nú...", nada mais natural que o faça junto de José Brás a quem havia prestado o favor de se assumir como narrador das peripécias no livro anterior.
Porém, Filipe Bento resolve pôr a limpo um facto mal contado então, dando a público a informação de que o verdadeiro autor de "Vindimas no Capim" havia sido um tal Arnaldo, neto de um personagem anterior e ainda presente de memória, José da Bonança, ou José da Venância, ou José de Matos Luís ou Luís de Matos, confusão de nomes que não chegou nunca a apurar-se com certeza certa, nem em Vindimas no Capim, nem, agora, em Lugares de Passagem, fenómeno muito presente no convívio quotidiano entre gente de aldeia, inclinando-se mais o narrador para que seja José Luís de Matos o seu nome de baptismo, de onde parece vir o sobrenome do Arnaldo de Matos, ao que parece, seu amigo desde os bancos da escola primária.

Lugares de passagem começou por chamar-se em projecto "Lisboa, lugar de passagem", porque Lisboa sempre o foi para mim, para o Filipe e talvez que para o Arnaldo, primeiro, lugar de ir e voltar no comboio de Vila Franca de Xira ou na carreira da Bucelence, depois, caminho da guerra colonial aonde se ia sempre com hipóteses de não voltar, e, mais tarde ainda, nos aviões entre aeroportos do mundo.

Contudo, porque aeroportos sempre foram para nós, cidades, gente, vida para além de lugares de ausência que são quase sempre, apenas partidas e chegadas, no decorrer da escrita apareceu como melhor o actual título.

Lugares de Passagem é, assim, uma tentativa de viajar por dentro de gente que habita as cidades dos aeroportos, uma tentativa de visão sobre o comum e global desejo de felicidade das pessoas, através dos anseios individuais e a conflitualidade permanente nesse jogo de aproximar e afastar.

Subitamente, Filipe Bento, o ficcionado narrador de "Vindimas no Capim", resolve também contar histórias e exige trocar de lugar, isto é, que lhas escreva alguém que descobrirá que tais histórias são restos alterados de outras que lhe teria, em tempos recuados, contado eu, Arnaldo. Ou José Brás, porque destrinçar entre os dois não tem qualquer interesse.

Não é um livro de contos, não é um romance, não sei se é o que o autor, seja ele quem for, quer que seja, a tal viagem de partidas e chegadas aparentemente desligadas umas das outras mas que o leitor ligará por invisível fio paralelo e exterior, segundo a leitura de cada um, como se insinua nas apresentações iniciais.
Na minha terra os pequenos agricultores, acabada a sementeira, olhavam-na com alguma ansiedade e murmurando "benza-te Deus".

Em princípio, porque agnóstico, não é "politicamente correcto" dizê-lo eu.
Contudo, digo-o como o dizia o avô José da Bonança, não pelo lucro material que possa ou não vir a dar-me, mas, vindo tempo a feição, pelo lucro espiritual que possa trazer, a mim, semeador, e a outra gente que o colher.
Benza-te deus!

José Brás
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 15 de Dezembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7442: Agenda Cultural (95): Convite para sessão de defesa da dissertação Os militares portugueses na Guiné-Bissau: da contestação à descolonização, Lisboa, ISCTE, 6ª feira, 17