segunda-feira, 7 de junho de 2021

Guiné 61/74 - P22261: Paz & Guerra: memórias de um Tigre do Cumbijã (Joaquim Costa, ex-Furriel mil arm pes inf, CCAV 8351, 1972/74) - Parte X: a segunda "visita dos vizinhos" (com novo ataque ao arame)


Foto nº 1 > 
Guiné > Região de Tombali > Cumbijã > CCAV 8351 (1972/74) > 1973 > A nossa modesta casinha, com as nossa casernas construídas a pulso, embelezada com as moranças dos operadores, nativos, do pelotão de artilharia e guias. Ele há lá coisa mais bonita!!!

Foto nº 2   > Guiné > Região de Tombali > Cumbijã > CCAV 8351 (1972/74) > 1973 > A minha “suite” na nova caserna (eu e o camarada Mourato), embelezada com folhas das revistas ("Penthouse" e outras ) do camarada Martins... Uma “suite” assim nem no Hotel Ritz!

Fotos (e legendas): © Joaquim Costa (2021). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar:  Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Foto nº 3  > Guiné > Região de Tombali > Cumbijã > CCAV 8351 (1972/74) >  1972/73 > O içar da beleza... Ao fundo, os bivaques que montámos antes de termos a(s) nossa(s) modesta(s) casinha(s) (Foto nº 1).

Foto: © Vasco da Gama (2009). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Joaquim Costa / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
 

Foto nº 4  > Guiné > Região de Tombali > Cumbijã > 2019 >  O nosso forno, que deixamos no Cumbijã em 1974, ainda hoje (2021) a “bombar”. Junto deste, a atual padeira do Cumbijã que coze pão para toda a região. Foto do camarada e tabanqueiro João Melo (cripto da companhia), tirada numa das suas várias visitas em ações solidarias à Guiné. Reproduzida aqui com a devida vénia.


Foto nº 5  > Guiné > Região de Tombali > Cumbijã > 2019 > Utensílio do nosso tempo que continua, nos dias de hoje, a cumprir a sua função. Foto do camarada e tabanqueiro João Melo (cripto da companhia), tirada numa das suas várias visitas em ações solidarias à Guiné. Reproduzida aqui com a devida vénia.



Joaquim Costa, hoje e ontem. Natural de V. N. Famalicão,
vive em Fânzeres, Gondomar, perto da Tabanca dos Melros.
É engenheiro técnico reformado.


Paz & Guerra: memórias de um Tigre do Cumbijã (Joaquim Costa, ex-Furriel mil arm pes inf, CCAV 8351, 1972/74) - Parte X (*)


A  segunda "visita dos vizinhos” (com novo ataque ao arame)


Durante a visita ao destacamento (Cumbijá, a nossa alegre casinha...), no dia 14 de Abril de 73, Spínola, ao verificar as condições, precárias e degradantes em que vivíamos, garantiu ao nosso comandante de companhia que na próxima LDG (Lancha de Desembarque Grande) para Buba iríamos receber: (i) uma cozinha de campanha, (ii) arcas frigoríficas a petróleo, (iii) chapas de zinco para concluirmos a construção das nossas casernas, (iv) uma equipa de artilharia com os respetivos obuses e outros necessidades menores.

O “Homem Grande” cumpriu a sua palavra e passamos a ter arroz com estilhaços e pão quente (no forno que construímos, foto nº 4), e, imaginem! cerveja (quase sempre fora de prazo), fresquinha e uma caserna nova em folha (Fotos nºs 1 e 2). 

Foi festa até às tantas. Um dos pelotões de serviço não foi proibido de beber, mas foi proibido de se embebedar, para garantir a segurança do destacamento.

Com a cerveja fresquinha, o dia de “São Receber” (o pré) passou a ser um dia de risco acrescido, dado o elevado e desmesurado consumo de cerveja. Mas o pessoal de serviço à segurança do destacamento era responsável e não bebia mais que 2 bazucas (garrafas de cerveja de 1 litro), por cabeça.


Foto nº 6  > Guiné > Região de Tombali > Cumbijã > CCAV 8351 (1972/74) >  O homem da bazuca do meu pelotão (José Carlos), no seu turno de sentinela nos novos postos de vigia  

Foto (e legenda): © Joaquim Costa (2021). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar:  Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

Já com casernas novas (com o Martins a forrar todo o seu espaço com folhas arrancadas às suas revistas), com camas a sério, com lençóis a sério, com valas no perímetro de todo o destacadamente e postos de vigia bem protegidos com bidões cheios de terra, com a nossa artilharia já operacional, a nossa moral era outra.

Foi já com a casa arrumada (assim é que deve ser) que recebemos novamente a visita do IN (vizinhos)

Ao cair da noite, como sempre faziam para evitar que lhe fizessemos a perseguição, fomos surpreendidos pela visita dos nosso vizinhos, testando as novas instalações, com um grande potencial de fogo de RPG, morteiro e armas ligeiras. 

A nossa resposta foi rápida e sem o perigo de assalto como aconteceu na primeira vez, e, desta vez felizmente (ou infelizmente!?), a minha G3 não encravou ao primeiro tiro. No primeiro ataque ao arame,  acredito que a intenção era mesmo fazer o assalto, neste caso foi só para mostrar que estavam dispostos a dar luta. Felizmente tivemos apenas alguns feridos ligeiros. Da parte do IN houve consequências dados os vestígios que detetamos no dia seguinte de manhã numa ação de reconhecimento.


Foto nº 7 > Guiné > Região de Tombali > Cumbijã > CCAV 8351 (1972/74) > O Capitão Vasco da Gama maravilhado com o seu novo Obus 10.5.

Foto: © Vasco da Gama (2009). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Joaquim Costa / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné


Mesmo com a casa arrumada; com valas em toda a periferia do destacamento, com duas fiadas de arame farpado, com postos de vigia bem protegidos, com artilharia. e, já mais ou menos “cacimbados”; um ataque ao arame era sempre vivido com a adrenalina nos limites, pois que, embora pouco provável, não deixava de passar pelas nossas cabeças a possibilidade de conseguirem entrar no destacamento, situação dramática com a possibilidade de uma quase luta corpo a corpo. Por tudo isto, terminado o ataque (desde que sem consequências de maior), era ver quem chegava primeiro ao “bar” já que a seguir a um ataque sempre se esgotava o stock da cerveja!

Continua...
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domingo, 6 de junho de 2021

Guiné 61/74 - P22260: Fotos à procura de... uma legenda (151): Cecília Supico Pinto, em Có, em 2 de maio de 1969, distribuindo sorrisos e maços de cigarros da INTAR...


Guiné > Região de Cacheu > CCAÇ 2367/BCAÇ 2845, "Os Vampiros" (OlossatoTeixeira Pinto e Cacheu, 1968/70) >  2 de maio de 1969  > O nosso camarada, membro da Tabanca Grande (e da Magnífica Tabanca da Linha), Miguel Rocha, ex-alf mil inf, na altura a fazer as funções de comandante da companhia,  aqui a "tabaquear o caso",  com a presidente do Movimento Nacional Feminino, Cecília Supico Pinto (a menos de um mês do seu 48º aniversário natalício)... O nosso camarada "indaga da possibilidade de obter mais uns maços de tabaco para os rapazes da sua Companhia" (*)... Mas o caixote está quase vazio... e o que resta já tem destino...O caixote tem uma marca, "INTAR", que hoje a maior parte dos nossos leitores já não é capaz de decifrar...

Recorde-se que nos bons velhos tempos da indúsria tabaqueira (que fez alguns milionários e milhões de cancerosos), havia em Portugal uma situação de quase monopolio: a produçao era dominada por "A Tabaqueira", criada em 1927 por Alfredo da Silva (o fundador da CUF), a empresa líder do mercado nacional, produzia e vendia marcas de cigarros, nossas conhecidas, como Provisórios, Definitivos, Águia, Kentucky, 20 20 20, High-life, Porto, Ritz, Sintra, Monserrate ou Kayak. A sua concorrente era a INTAR (sucessora da Companhia Portuguesa de Tabacos), responsável por marcas como Estoril, Kart ou Marialvas.
 
Em 13 de maio de 1975, a Tabaqueira e a INTAR foram nacionalizadas. A empresa pública Tabaqueira - Empresa Industrial de Tabacos, E.P., criada a 30 de Junho de 1976, resultou da fusão, numa única empresa, de A Tabaqueira, SARL e da INTAR - Empresa Industrial de Tabacos, SARL. (Estas duas empresas tabaqueiras detinham praticamente a totalidade do mercado nacional de cigarros).

A cena acima retratada foto, foi recordada pelo Miguel Rocha, em poste  recente (*). E nele acrescentou:

(...) "no ano do I Centenário do Nascimento (30/05/1921) de Cecília S. Pinto, em sua memória, e com profundo respeito e admiração pela sua pessoa e sua obra, não esquecendo todas as outras Senhoras do MNF, muitas delas Mães de jovens mobilizados para as frentes de combate, venho aqui deixar meu testemunho de eterna gratidão pelo apoio dado aos combatentes na sua inegável qualidade de 'portadora de afectos' " (!) (...).(*)

Foto (e legenda): © Miguel Rocha (2021). Todos os direitos reservados. [Edição elegendagem complementa: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

1. Desafio aos leitores (**), nomeadamente fumadores e ex-fumadores: vamos lá "tabaquear o caso" (como dizia o meu amigo e cunhado, alentejano, que a morte levou recentemente do nosso convívio)...

Vamos lá sentarmo-nos à mesa, à volta de um copo (mas sem o cigarrinho, sff...) e falar sobre a INTAR... Diz-vos alguma coisa ? Uma dica: fabricava uma marca de cigarros que, segundo a publicidade (enganosa), dava "quilómetros de prazer"... (Ou, se calhar, dava mesmo, que o prazer não é coisa que se possa objectivar, medir, avaliar, comparar...)


(**) Último poste da série >1 de maio de  2021 > Guiné 61/74 - P22160: Fotos à procura de... uma legenda (143): a continência à(s) bandeira(s) (Valdemar Queiroz)

Guiné 61/74 - P22259: Blogpoesia (739): "Orgulho e Preconceito"; Encruzilhadas da vida" e "Fiz-me ao largo", da autoria de J. L. Mendes Gomes, ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 728

1. Publicação semanal de poesia da autoria do nosso camarada Joaquim Luís Mendes Gomes (ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 728, CachilCatió e Bissau, 1964/66):


Orgulho e Preconceito

Grande parte do que reveste os nossos actos
é crosta espessa de preconceitos.
Inúteis. Deformantes.
Desviantes.
Fátuos e falaciosos.
Antinaturais,
contrários à transparência
e à verdade
que é lei geral da natureza.
Somos um misto
se usa chamar
de "corpo e alma".
Um ser minúsculo.
Que nos faz diferentes
e superiores no mundo.
Insatisfeito, querendo ser grande.
Todos diferentes.
Todos iguais.
Nem mais nem menos.
Sentimos a fome e a sede.
Sentimos a dor
que nos faz sofrer.
Parece um mal.
Na realidade não é.
É só a força
que nos faz lutar
e nos faz viver.
Tudo que temos e somos
é para ser melhor.
Com hierarquia.
Com equilíbrio.
O essencial primeiro.
Depois o resto.
Com peso e medida,
para não deformar.
Fazendo crer
o que não somos
e que o que temos
só a nós devemos.
Nada mais falso.
Tudo se aprende.
Desde o andar de pé
até o falar.
Desde o mais simples
ao mais complexo.
E nunca é demais,
Se for para melhor.

Berlin, 5 de Junho de 2015
6h45m
já reina o sol
Joaquim Luís Mendes Gomes


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Encruzilhadas da vida

Um dia, lá atrás, troquei de senda numa encruzilhada da vida.
Era um jovem, na esperança da aurora.
Seguia um sonho nascido na infância.
Influência do Abade velhinho que mais me marcou.
O Abade João.
Vivia como um pobre.
Desde miúdo, ajudava-o à Missa.
Sabia de cor aquela latinada toda,
Do Intróito ao Credo.
Ouvia-lhe as práticas, em palavras tão simples.
Falavam de Deus, num tom cordial.
Senti-me chamado.
Por ali era o caminho.
Mas, como, se tudo era caro e não havia tostão?
Não sei como, o seminário se me abriu e comecei a subir.
Mais de cem ao meu lado.
Diversas origens e maneiras de ser.
O céu se alargou de saber.
Língua latina, a mãe do português.
Ciências e história.
A história de Cristo.
Um exemplo a seguir.
Cada vez mais apertado.
Cheguei à teologia, um mar de valor.
Senti-me um homem.
Numa encruzilhada tremenda.
Dois rumos possíveis.
Medi minhas forças.
Supondo. Tudo dependia de mim.
Errei.
Um dia, peguei minha mala.
Aquele sonho de infância apagou.
Hoje, com honra, sou pai e avô,
Abençoado por Deus.


Berlim, 1 de Junho de 2019
7h39m - dia de sol titubeante
Jlmg


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Fiz-me ao largo

Alheio às vagas,
Fiz-me ao mar.
Fui para o largo.
Sem artes,
Sem redes.
Desarmado.
Uma vontade louca
De me ver solto.
Olhar de longe a terra,
E sua costa extrema,
No silêncio.
Pacata e submissa.
Ignorar as suas guerras.
Suas arruaças.
Como das estrelas
Eu estou alheio.
Ver nela o nascer do sol.
E se erguer para um céu azul.
Quero afastar-me,
A perder de vista.
Ficar só eu
E a vastidão do mar,
Uma parcela do infinito.
Vou começar de novo,
Do lado de lá.
Ganhar raízes,
Noutro chão puro.
Onde não haja ruas,
Mortas,
A fervilhar de carros,
Nem torres ao alto,
Só com janelas.
Colmeias vazias,
Estéreis,
Sem favos e sem abelhas.
Onde a rainha seja só
A natureza virgem,
Prenha de paz.
Quero viver na terra,
De pé e nu,
Como vim ao mundo
E começar do nada.
Ser pai Adão com nova Eva.


Berlim, 1 de Junho de 2014
6h52m
Joaquim Luís Mendes Gomes

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Nota do editor

Último poste da série de 30 DE MAIO DE 2021 > Guiné 61/74 - P22237: Blogpoesia (738): "Apoteose"; Desafinar"; "Este segredo é meu" e "Há gemidos nas ruelas", da autoria de J. L. Mendes Gomes, ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 728

Guiné 61/74 - P22258: CCAÇ 1439 (Xime, Bambadinca, Enxalé, Porto Gole e Missirá, 1965/67): A “história” como eu a lembro e vivi (João Crisóstomo, ex-alf mil, Nova Iorque) - Parte IXb: Porto Gole: 3 de março de 1966, ataque IN, e visita da "Cilinha"

Cecília Supico Pinto (Lisboa, 1921 - Cascais, 2011) > Aqui na sua casa de Cascais, c. 2002/2006.  Foto gentilmente cedida pela sua biógrafa Sílvia Espírito Santo, que há dias, em 30 de maio passado, nos enviou esta foto (inédita). com autorização para a publicar no Blogue, e dizendo: "Por curiosidade, a Cilinha faria hoje 100 anos. Assinalei a data no meu Instagram (silmariavargas) com uma foto que lhe tirei."

 Visitou a Guiné pelo menos por 4 vezes (1966, 1969, 1973 e 1974)...A sua biógrafa diz que foram cinco...

Foto (e legenda): © Sílvia Espírito Santo (2021. Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Guiné > Região do Oio > Porto Gole > CCAÇ 1439 (1965/67) > Fevereiro de 1966 > Cecília Supico Pinto, presidente do Movimento Nacional Feminino, na sua 1ª visita à Guiné, então já com 44 anos (ia fazer 45 em 30 de maio de 1966).


Guiné > Região do Oio > Porto Gole > CCAÇ 1439 (Enxalé, Porto Gole e Missirá, 1965/67) > 1966 > O “cais” de Porto Gole funcionava assim: o "barco de abastecimentos” (e outros) tinham de chegar quando a maré estava cheia. E depois de devidamente seguro (a uma árvore ou a um poste ) esperava-se pela maré vazia quando o barco ficava em seco para fazer o descarregamento, como se pode verificar na foto…. Como havemos de esquecer coisas destas?


Guiné > Região do Oio > Porto Gole > CCAÇ 1439 (1965/67) > O João Crisóstomo e o Henrique Matos, o primeiro comandante do Pel Caç Nat 52 (1966/68), junto ao monumento comemoratvo dos 500 anos da chegada de Diogo Gomes ao Rio Geba

Fotos (e legendas): © João Crisóstomo (2017). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Continuação da publicação da publicação das memórias do João Crisóstomo, ex-alf mil, CCAÇ 1439 (1965/67)



CCAÇ 1439 (Xime, Bambadinca, Enxalé, 
Porto Gole e Missirá, 1965/67) : a “história” 
como eu a lembro e vivi 
(João Crisóstomo, luso-americano,
ex-alf mil, Nova Iorque)

Parte IXb:  Março de 1966: A CCaç 1439 em Enxalé (e seus destacamentos de Porto Gole e  Missirá) (*)

Dia 3 de Março de 1966:  Ataque  do IN a Porto Gole, antecedida da visita da presidente do Movimento Nacional Feminino em fevereiro 


(Continuação)

Porto Gole  teve sempre importância estratégica, desde os primeiros contactos dos portugueses como o atesta aí  um monumento lembrando os 500 anos  da chegada dos portugueses ao local. Embora não apresentasse um cais no sentido literal da palavra, apresentava algumas facilidades naturais que possibilitavam  o local como  ponto de  abordagem e de reabastecimentos.  Tomando vantagem da subida e descidas das marés do Geba, os  “fuzileiros” e os  barcos da Casa Gouveia e outros usavam este local

Lembro que para ajudar a passar o tempo fizemos um "espaço de lazer" junto dum edifício que servia de dormitório; dos cibes, de que havia abundância, fizémos mesas e bancos; uma árvore frondosa fornecia a apreciada sombra. E nas paredes do dito dormitório colamos fotos de todos os tamanhos , géneros e gostos, a maioria das quais, à falta de melhor , eram tiradas de revistas, jornais ou de qualquer outra origem que nos fosse dado aproveitar. 

Foi neste local que demos as boas vindas à presidente do Movimento Nacional Feminino Sra Cecília Supico Pinto, a "Cilinha", trazida de Bissau num barco de fuzileiros e depois numa lancha de borracha no dito cais, margens do Geba. (**)

Embora nunca me furtasse a qualquer tarefa ou actividade militar sempre que tal fosse preciso, não me oferecia como voluntário nem me prestava para iniciativas de carácter militar. Por outro lado não deixava de tomar partido de qualquer situação ou de facilidades que se oferecessem para mim ou os que tinha ao meu cuidado. 

Lembro ter contactado algumas vezes, por exemplo em 17 de Outubro de 1965 o Movimento Nacional Feminino pedindo o envio de presentes para o Natal dos meus soldados e letras de canções . (Já aqui publiquei excertos de de duas cartas recebidas: vd. poste P22087) (**)

O Rio Geba era um permanente convite/ desafio. Por isso construímos uma jangada, feita com tábuas e quatro bidões para a pesca e lazer; mas para pesca penso que nunca foi usada; felizmente haviam em Porto Gole dois pescadores que de vez em quando traziam e nos vendiam algum peixe do rio. Muitas vezes sucedeu não trazerem nada, argumentando não haver peixe , mas nós suspeitávamos que, forçados ou de boa vontade, nesses dias tinham deixado o peixe nas mãos do IN. Um deles viria a ser apanhado armado mais tarde, durante numa operação na qual perdeu a vida. 

Antes disso eu, com uma irresponsabilidade de que ainda hoje me admira e que atribuo a tê-lo feito de cabeça no ar sem pensar nada no que poderia acontecer, meti-me numa "grande mas estúpida aventura”, neste Rio Geba, que podia ter tido um trágico fim para mim e todos os que estavam comigo. Dois dos participantes desta aventura eram estes dois pescadores. (Post 61/74- P17686).(***)


 Guiné > Região do Óio > Porto Gole > CCAÇ 1439 (Enxalé, Porto Gole e Missirá, 1965/67) >  1966 > Rio Geba > Eu, ao comando de um "sintex"...


Guiné > Região do Óio > Porto Gole > CCAÇ 1439 (Enxalé, Porto Gole e Missirá, 1965/67) >  1966 > Rio Geba > A nossa “jangada” feita supostamente para pescar, mas que acabou por servir apenas de brinquedo recreativo… Na foto, aos remos eu e o João (?) ( natural da zona do Oeste, não me lembro exactamente, mas creio ser do Ramalhal, Bombarral) que era o “padeiro” do destacamento. Alguém sabe do paradeiro dele? E o outro tripulante… há alguém que o possa reconhecer?  

Fotos (e legendas): © João Crisóstomo (2019). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Durante a nossa estadia na Guiné, Porto Gole viria a ser atacado duas vezes, a 3 de Março de 1966 e a 20 de Agosto do mesmo ano 1966.

Passo a transcrever o relato do primeiro, como consta neste relatório. O segundo ataque de 20 de Agosto será transcrito mais tarde, uma vez que estou tentando seguir este meu relato/memórias seguindo a ordem cronológica com que aparece nesse relatório.

(...) "No dia 3 de Março de 1966 o IN atacou com uma força muito considerável o destacamento de Porto Gole, tendo utilizado como predominante o morteiro 82 e 60. Foram assinalados 33 rebentamentos de morteiro 82 dentro do destacamento. As NF reagiram com valentia tendo causado ao IN baixas confirmadas em número não estimado, que posteriormente por informações se soube haver 10 feridos." (...)

As NT tiveram uma baixa, o Alf Mil Carlos Maldonado (morto em combate), depois de ter demonstrado ser um oficial de valor. Foi com decorado a título póstumo.

Foi distinguido igualmente o 1º cabo Enf. Dionísio Lopes Ferreira, o qual revelou além de ser um elemento muito competente, com sangue frio e coragem. Foi louvado por  Sua Excia o Comandante Militar.

Da reacção das NT ao ataque IN a Porto Gole mereceu o seguinte elogio do Exmo Comandante do BCaç 697:

(...) " Peço transmita o meu agrado à tropa do destacamento de Porto Gole pelo excelente comportamento durante o ataque IN na noite de 3/4 do corrente, em que mais uma vez confirmaram a boa impressão que tenho da tropa madeirense”. (...)

(Continua)
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Notas do editor:


18 de maio de 2021 > Guiné 61/74 - P22210: CCAÇ 1439 (Xime, Bambadinca, Enxalé, Porto Gole e Missirá, 1965/67): A “história” como eu a lembro e vivi (João Crisóstomo, ex-alf mil, Nova Iorque) - Parte VIII: A partir de outubro de 1965, em Enxalé e seus destacamentos, Porto Gole e Missirá

2 de maio de 2021 > Guiné 61/74 - P22163: CCAÇ 1439 (Xime, Bambadinca, Enxalé, Porto Gole e Missirá, 1965/67): A “história” como eu a lembro e vivi (João Crisóstomo, ex-alf mil, Nova Iorque) - Parte VII: Um mês em Bambadinca, de 7 de setembro a 9 de outubro de 1965

24 de abril de 2021 > Guiné 61/74 - P22131: CCAÇ 1439 (Xime, Bambadinca, Enxalé, Porto Gole e Missirá, 1965/67): A “história” como eu a lembro e vivi (João Crisóstomo, ex-alf mil, Nova Iorque) - Parte VI: O baptismo de fogo no Xime (17/8/1965, e a Op Avante, ao Buruntoni (em 29-30/8/1965) com os primeiros mortos

12 de abril de 2021 > Guiné 61/74 - P22098: CCAÇ 1439 (Xime, Bambadinca, Enxalé, Porto Gole e Missirá, 1965/67): A “história” como eu a lembro e vivi (João Crisóstomo, ex-alf mil, Nova Iorque) - Parte V: Destino: Xime.... E um levantamento de rancho que acabou à bofetada...

12 de abril de 2021 > Guiné 61/74 - P22097: Guiné 61/74 - P22051: CCAÇ 1439 (Xime, Bambadinca, Enxalé, Porto Gole e Missirá, 1965/67): A “história” como eu a lembro e vivi (João Crisóstomo, ex-alf mil, Nova Iorque) - Parte IV: Composição orgânica: na sua maioria, praças naturais da Madeira, e oficiais e sargentos do Continente

30 de março de 2021 > Guiné 61/74 - P22051: CCAÇ 1439 (Xime, Bambadinca, Enxalé, Porto Gole e Missirá, 1965/67): A “história” como eu a lembro e vivi (João Crisóstomo, ex-alf mil, Nova Iorque) - Parte III: Na ilha da Madeira, a partida para o CTIG no T/T Niassa, em 2/8/1965

19 de março de 2021 > Guiné 61/74 - P22017: CCAÇ 1439 (Xime, Bambadinca, Enxalé, Porto Gole e Missirá, 1965/67): A “história” como eu a lembro e vivi (João Crisóstomo, ex-alf mil, Nova Iorque) - Parte II: Do seminário a Mafra [EPI], Beja e Lamego [CIOE]

9 de março de 2021 > Guiné 61/74 - P21985: CCAÇ 1439 (Xime, Bambadinca, Enxalé, Porto Gole e Missirá, 1965/67) : a “história” como eu a lembro e vivi ( João Crisóstomo, ex-alf mil, Nova Iorque) - Parte I: afinal, não consegui esquer...

(**) Vd. poste de 9 de abril de 2021 > Guiné 61/74 - P22087: O nosso blogue como fonte de informação e conhecimento (85): respondendo ao pedido de colaboração da doutoranda Sílva Espírito-Santo, biógrafa de Cecília Supico Pinto (João Crisóstomo, Nova Iorque)


Vd. também poste de 27 de maio de 2019 > Guiné 61/74 - P19831: Álbum fotográfico de João Crisóstomo, ex-alf mil inf, CCAÇ 1439 (Enxalé, Porto Gole e Missirá, 1965/67) - Parte IV: a vida em Porto Gole

Guiné 61/74 - P22257: Parabéns a você (1969): Belarmino Sardinha, ex-1.º Cabo Radiotelegrafista do STM/CTIG (Mansoa, Bolama, Aldeia Formosa e Bissau, 1972/74)

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Nota do editor

Último poste da série de 31 de Maio de 2021 > Guiné 61/74 - P22240: Parabéns a você (1968): Mário Beja Santos, ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52 (Missirá e Bambadinca, 1968/70)

sábado, 5 de junho de 2021

Guiné 61/74 - P22256: Depois de Canchungo, Mansoa e Cufar, 1972/74: No Espelho do Mundo (António Graça de Abreu) - Parte VIII: Mosteiro de Yuste, Estremadura, Espanha, 2003



Foto nº 1 > Mosteiro de São Jerónimo de Yuste, Estremadura, Espanha



Foto nº 2 > Mosteiro de Yuste, Estremadura, Espanha: leito de morte de Carlos V (1500-1558)



Foto nº 3 > Mosteiro de Yuste, Estremadura, Espanha: 
 Isabel de Portugal (1503-1539), filha de D. Manuel, irmã do nosso D. João III, mãe de Filipe II

Texto  e fotos enviadas em 21/5/2021, pelo António Graça de Abreu  



1. Continuação da série "Depois de Canchungo, Mansoa e Cufar, 1972/74: No Espelho do Mundo" (*), da autoria de António Graca de Abreu [, ex-alf mil, CAOP1, Canchungo, Mansoa e Cufar, 1972/74.

Escritor e docente universitário, sinólogo (especialista em língua, literatura e história da China); natural do Porto, vive em Cascais; é autor de mais de 20 títulos, entre eles, "Diário da Guiné: Lama, Sangue e Água Pura" (Lisboa: Guerra & Paz Editores, 2007, 220 pp); "globetrotter", viajante compulsivo com duas voltas em mundo, em cruzeiros.

É casado com a médica chinesa Hai Yuan, natural de Xangai, e tem dois filhos dessa união, João e Pedro; é membro da nossa Tabanca Grande desde 2007, tem mais de 275 referências no blogue.

 

Mosteiro de Yuste, Estremadura, Espanha, 2003


Primavera de 2003. Subo a encosta por antigos caminhos, entre carvalhos e castanheiros, bosques de zimbro e azinheiras. No jardim, uma velha nogueira deu sombra a Carlos V, amigo de Fernão de Magalhães, monarca das Espanhas, imperador do Sacro Império Romano-Germânico.

O mosteiro de São Jerónimo, do ano de 1415, jaz hoje alquebrado na Estremadura castelhana, rasgado, construído com pedra da montanha. Aposentos reais, a igreja, um claustro gótico, outro renascentista.

Venho ao encontro do rei-imperador Carlos V, envelhecido, decrépito, a doença, a gota, o bem e mal de viver e governar. O augusto soberano viu morrer a sua Isabel portuguesa, filha de D. Manuel, irmã do nosso D. João III, mãe de Filipe II, tão jovem, tão formosa, tão amada, tão cedo de partida. Ficou o sucessor, Filipe, príncipe para todos os poderes, para todos os reinos, para todas as virtudes.

Neste mosteiro de Yuste, o quarto de Carlos V. Desde há quinhentos anos, panos negros e dourados permanecem suspensos nas paredes frias. Ao fundo, a porta para a igreja e a cama do rei voltada para o altar de Deus, o monarca preparando-se para a última viagem, ao encontro da esposa, Isabel de Portugal.

Simplicidade solene nos espaços da vida e da morte.

Regresso ao jardim. Carlos e Isabel na brisa da tarde. Dois cisnes negros deslizam no lago.

António Graça de Abreu

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 Nota do editor:

Último poste da série > 27 de maio de 2021 > Guiné 61/74 - P22227: Depois de Canchungo, Mansoa e Cufar, 1972/74: No Espelho do Mundo (António Graça de Abreu) - Parte VII: Peru, Lima, fevereiro de 2020

Guiné 61/74 - P22255: Os nossos seres, saberes e lazeres (454): Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (1): Na Sertã, no dia em que aqui recebi a primeira dose da vacina (1) (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 1 de Maio de 2021:

Queridos amigos,
Cumpriu-se o destino, na Sertã coube-me receber a primeira dose da vacina e aqui se regressará para a segunda. A Sertã é-me familiar, como aqui se conta, há 20 anos bem vividos. Aproveitou-se para fazer uma romagem de saudade, cirandar pela Sertã e projetar no regresso a ir a locais onde nunca se entrou, é o caso do seminário das missões e o ateliê do pintor Túlio Vitorino, em Cernache do Bonjardim. Mas regressou-se de Pedrógão Grande, as saudades são muitas, visita-se sempre a biblioteca onde há um acervo de alguns milhares de livros em memória de uma filha falecida. Vinte anos em que se assistiram a incêndios devoradores e a natureza a regenerar-se, o coberto vegetal continua assombroso. Aqui vivem-se as agruras da interioridade, felizmente que há gente talentosa que busca recursos para tornar a região um apetecível roteiro turístico, o património natural é exuberante, em vales e fragas, há belas praias fluviais e estão bem organizados os passeios pedestres, e o património histórico não é dispensiendo. Por isso vale a pena continuar a falar da Sertã e das suas redondezas.

Um abraço do
Mário


Na Sertã, no dia em que aqui recebi a primeira dose da vacina (1)

Mário Beja Santos

A minha relação com a Sertã vem de longe, como o brandy e constantino. Com casa rústica numa freguesia de Pedrógão Grande, passeava-me pelas imediações e era inevitável ir espreitar a barragem do Cabril e bisbilhotar o chamado Bairro da EDP, então numa fase ainda de grande degradação. E aconteceu que um dia ali se adquiriu uma vivenda arruinada com vista esplendorosa, com o rio Zêzere ao fundo, o Penedo do Granada, sendo bem visível a foz da Ribeira de Pera, que ali conflui com o Zêzere. Mudam-se os tempos e mudam-se as vontades, 20 anos depois a vivenda mudou de dono, só que os vínculos afetuosos permanecem pelos dois concelhos, o de Pedrógão Grande e o da Sertã, mais de 20 anos entre frondosa vegetação deixa marcas profundas. Ali arranjei médico de família e insiste em manter-me vivo até aos 150 anos, nenhum exame ao interior e ao exterior desta carcaça lhe escapa. E não me surpreendeu o telefonema para comparecer à primeira vacina, nos Bombeiros da Sertã. E disse para os meus botões: aproveita, desfruta e dá a conhecer aos teus confrades algumas belezas da região, pode ser que se sintam atraídos quando se suavizar o confinamento, roteiro turístico não falta, sobretudo no património natural, o Vale do Cabril é coisa única, a biblioteca tem uma vitalidade assombrosa, é indispensável ir a Pedrógão Pequeno e descer à Ponte Filipina, chegado à vila da Sertã há que procurar alguns belos vestígios do passado e percorrer a Alameda dos Carvalhos (onde também pontificam os plátanos), passar pela Ponte Velha ou Ponte Filipina e admirar o recuperado Convento de Santo António, hoje uma admirável instalação hoteleira fruto de uma intervenção imaginativa. E descer ao Jardim da Cerrada, na outra margem da Carvalha, bem agradável passear naquele verde e ver o murmúrio das águas em cascata. Tudo é uma questão de tempo de que dispõe o forasteiro, a Albufeira do Cabril tem panoramas admiráveis e dir-se-á o mesmo das albufeiras da Bouçã e de Castelo de Bode. Em Pedrógão Pequeno, convém acrescentar, aguarda quem dispõe de curiosidade uma descida ao Moinho das Freiras, há ali marcas do passado, um túnel escavado na pedra calcária do vale, veio do tempo em que a Companhia Nacional de Viação e Eletricidade ali projetou, ainda na década de 1910, edificar uma central elétrica; desce junto ao Zêzere para contemplar os maciços rochosos por onde corre o rio, até pode acontecer que passem por ali caiaques ou haja pescadores. Não esquecer as belas praias fluviais da região.

Na segunda vacina falaremos mais detalhadamente do castelo da Sertã, resta pouco, andou séculos arruinado e ouvem-se críticas para a requalificação a que se sujeitou este espaço. Da Ponte Velha ou Ponte Filipina só oiço dizer bem das intervenções recentes. A Ponte foi construída no início do século XVII, tem cerca de 64 metros de comprimento e assenta sobre 6 arcos redondos. Vale a pena vê-lo à distância, é imponente o sistema de reforço composto por talha-mares triangulares. No volume primeiro de As mais belas igrejas de Portugal, 1988, referencia-se a Igreja Matriz da Sertã, de que se falará noutra oportunidade. Mas convém reter: “A atual Matriz, da invocação de São Pedro, eleva-se em privilegiado sítio, alto terreiro miradouro da lindíssima paisagem da vila, sabiamente disposta entre montes florestados e no encontro da Ribeira da Sertã com a de Amioso. Ao redor da igreja o espaço é amplo, florido, debruado com murete convidativo para contemplar o panorama. Mas o próprio exterior da Matriz, sóbria remodelação pós-renascentista, oferece perspetivas admiráveis pelo seu movimento de volumes – corpos acrescentados, telhados a diferentes alturas, ângulos reentrantes, janelas, num jogo arquitetónico de surpreendentes efeitos”.

O tempo escasseia para quem vem à vacina, noutra circunstância se falará de outros pontos de visita, mal de mim se não vos falasse de uma joia arquitetónica que são os paços do concelho da Sertã, projeto de Cassiano Branco, um dos nomes sonantes da arquitetura modernista portuguesa. Trabalhava ele no Mercado de Santarém e já estava enfronhado no projeto dos paços do concelho da Sertã, isto em 1925, mas o edifício só ficou concluído em 1933. O velho edifício fora devorado por um incêndio, escolheu-se um outro local, o Alto do Soalheiro, sonhava-se com uma ampliação urbana, tudo foi preterido para pôr aqui o novo edifício num ponto dominante. O que há nesta obra que traga pasmo e admiração? Elementos do passado dentro de uma exposição simétrica e de uma cobertura que goza de inspiração francesa. Surpreende a dimensão dos alçados, uma escadaria um tanto recuada que faz com que o visitante fique especado com o tamanho e a dimensão dos alçados, das arcadas do andar superior e a luz que não deixa qualquer sombreado naquele interior. A sobriedade é imensa, o que não lhe retira imponência, o edifício foi recentemente intervencionado para dispor de confortos atuais, mas houve o extremo cuidado de não prejudicar a conceção das peças essenciais do genial arquiteto. Convém ao forasteiro, caso goste muito de arquitetura, de pedir previamente ajuda de um guia, será regalado com comentários esclarecedores a tão bela obra.

Posta esta visita, chegou a hora da vacina, a boa disposição está inalterável, à cautela, e porque todos os restaurantes ainda estavam encerrados, voltou-se à Carvalha para despachar o piquenique. E ainda houve tempo para ir a outras paragens, como se deixará exarado neste espaço.

(continua)
Casa brasonada e apalaçada, virá o dia do merecido restauro
Pormenor de uma bela casa apalaçada que aguarda obras
Fachada da Igreja de São Pedro, a Matriz da Sertã
Sertã, entrada para o castelo
Alameda dos Carvalhos
A Ponte Velha cercada de calçada portuguesa
Fachada do edifício camarário concebido por Cassiano Branco
Outro aspeto da fachada
Imagem do envidraçado que proporciona a bela luminosidade da escadaria concebida por Cassiano Branco para a Câmara Municipal
Cadeiras Arte Deco, muito provavelmente dos tempos primeiros da década de 1930
Um dos corredores que percorrem várias direções os gabinetes da Autarquia
A majestosa escadaria, uma amostra da poderosa imaginação de Cassiano Branco na mistura de estilos e na exigência da supremacia de um espaço aéreo que quase esmaga quem pela primeira vez aqui entra
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Nota do editor

Último poste da série de 29 DE MAIO DE 2021 > Guiné 61/74 - P22233: Os nossos seres, saberes e lazeres (453): A estação de Metro dos Anjos, Maria Keil intemporal, a obra como ela a deixou (Mário Beja Santos)

sexta-feira, 4 de junho de 2021

Guiné 61/74 - P22254: O nosso blogue por descritores (3): "Apanhados do clima" (com mais de 20 referências)

 





Alguns membros da FNAC - Fundação Nacional dos Apanhados do Clima (, criada em Jolmete, em meados de 1970, pelos graduados da CCaç 2585 do BCaç 2884, Jolmete, Pelundo e Teixeira Pinto,1969/71):De cima para baixo, da esquerda para a direita: (i) Fur Mil Araújo, Alf Mil Godinho, Fur Mil Gomes; (ii) Fur Mil Gondar, Alf Mil Ferreira, Fur Mil Filipe; (iii)  2º Sgrt Mesquita, Fur Mil Rodrigues e 1º Srgt Vinagre... Cada membro (chamado "organizado" nos estatutos)  tinha um "nome artístico". (Vd. poste P8377 (*).

Foto (e legenda) : © Manuel Resende (2011). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Inaugurámos há duas semanas uma nova série, "O nosso blogue por descritores" (*)... Com mais de 5 mil "descritores", de A a Z, torna-se difícil (se não impossível) aos nossos leitores fazer uma pesquisa exaustiva de um determinado tema ou assunto no nosso blogue que já tem 17 anos de existência e mais de 22 mil e duzentos postes.

O descritor "lavadeiras" (com mais de 4 de dezenas de referências no nosso blogue) inaugurou esta série. Hoje temoa a frase feita "apanhados do clima", Além de uma mini-imagem, o poste é refenciado por:

(i) data;
(ii) número de ordem (cronológica);
(iii) série em que vem inserido;
(iv) título (e subtítulo);
(v) autor(es) (dentro de parênteses, no final) (não aparecendo este campo, o poste é, por defeito, da autoria de um ou mais editores do blogue)

A listagem só não traz o link de cada poste, porque seria muito consumidor de tempo para os editores recuperá-lo. Mas os nossos leitores podem consultar o poste inserindo o seu número na janela do canto superior esquerdo do blogue, antecedido sempre da consoante P, de poste: por exemplo P2272).

A título de curiosidade, refira-que o poste que teve mais visualizações (n=6348) foi o P2272... mas apenas com 2 comentários.

O nosso blogue por descritores (3): apanhados do clima
(que tem mais de 2 dezenas de referências)




4 de junho de 2021 > Guiné 61/74 - P22253: Estórias avulsas (106): o aspirante Carvalho e a nossa (in)sanidade mental (Fernando de Sousa Ribeiro , ex-alf mil at inf, CCAÇ 3535 / BCAÇ 3880, Zemba e Ponte do Zádi, Angola, 1972/74)


12 de fevereiro de 2021 > Guiné 61/74 - P21889: Pequenas histórias dos Mais de Nova Sintra (Carlos Barros, ex-fur mil at art, 2ª C/BART 6520/72, 1972/74) (17): O morcego, a cria, os pelicanos... e os apanhados do clima


10 de fevereiro de 2021 > Guiné 61/74 - P21878: Os nossos médicos (91): recordando o sentido do humor do nosso saudoso J. Pardete Ferreira (1941-2021), ex-alf mil médico (CAOP, Teixeira Pinto, e HM 241, Bissau, 1969/71)


29 de setembro de 2015 > Guiné 63/74 - P15173: O nosso querido mês de férias (10): Eu fui um dos que nunca teve férias...Razão: por ser o "eterno comandante interino"... No máximo, passei oito dias em Bissau a tratar de assuntos oficiais... e a descansar não ficar de todo "apanhado do clima"! (Manuel Vaz, ex-alf mil, CCAÇ 798, Gadamael Porto, 1965/67)


 4 de março de 2015  > Guiné 63/74 - P14320: Inquérito online: resultados finais (n=112): três em cada quatro reconhece que mudou muito, fisica e/ou psicologicamente


 1 de janeiro de 2015 > Guiné 63/74 - P14105: Manuscrito(s) (Luís Graça) (42): Requiem para um paisano... (à memória do meu infortunado camarada Luciano Severo de Almeida)


16 de dezembro de 2014 > Guiné 63/74 - P14037: Estórias cabralianas (85): uma floresta de árvores de Natal... (Jorge Cabral)


17 de junho de 2014 > Guiné 63/74 - P13300: Histórias da CCAÇ 2533 (Canjambari e Farim, 1969/71) (Luís Nascimento / Joaquim Lessa): Parte XI: (i) a história de um acidente com uma viatura por causa do "enterro do bacalhau"; (ii) sonâmbulos e "apanhados do clima"; e, por fim, (iii) com minas e armadilhas não se brinca(va) (Avelino Pereira, madeirense)


15 de fevereiro de 2013 > Guiné 63/74 - P11097: Álbum fotográfico de Abílio Duarte (fur mil art da CART 2479, mais tarde CART 11/ CCAÇ 11, Contuboel, Nova Lamego, Piche e Paunca, 1969/70) (Parte III): A nossa messe, no Quartel de Baixo, em Nova Lamego, decorada pelo famoso Pechincha, fur mil op esp e desenhador de profissão


25 de outubro de 2012 > Guiné 63/74 - P10569: (Ex)citações (201): Não me lixem com o Pifas! (Salvador Nogueira)


13 de outubro de 2012 > Guiné 63/74 - P10528: (Ex)citações (200): Pois que viva... o VAT 69! (Tony Borié / Luís Graça)


6 de junho de 2011 > Guiné 63/74 – P8377: Memórias de Jolmete (Manuel Resende) (2): FNAC - Fundação Nacional dos Apanhados do Clima
 

29 de maio de 2011 > Guiné 63/74 - P8346: Memórias boas da minha guerra (José Ferreira da Silva) (18): Não se brinca com coisas sérias...


8 de julho de 2009 > Guiné 63/74 - P4658: Vindimas e Vindimados (José Brás) (6): Achamos nós que não nos conhecíamos
 

17 de novembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2272: As nossas (in)confidências sobre o Cupelom, Cupilão ou Pilão (Helder Sousa / Luís Graça)


7 de setembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1056: Estórias avulsas (1): Mato Cão: um cozinheiro 'apanhado' (Joaquim Mexia Alves)


28 de julho de 2006 > Guiné 63/74 - P1003: Eu, cacimbado, me confesso (João Tunes) (II): tirem-me daqui!


19 de julho de 2006 > Guiné  63/74 - P972: Cacimbados ou apanhados do clima? (Zé Teixeira)


19 de julho de 2006 > Guiné 63/74 - P970: Os efeitos do 'cacimbo' (Joaquim Mexia Alves)
 
17 de julho de 2006 > Guiné 63/74 - P965: 'Cacimbados', 'apanhados do clima'... ou os nossos comportamentos de risco, bravatas, diabruras, loucuras...


13 de março de 2006 > Guiné 63/74 - P605: Estórias cabralianas (6): Sexa o Caco (Baldé) em Missirá...

16 de junho de 2005 > Guiné 63/74 - P59: Esquecer a Guiné...por uma noite! (Luís Graça)
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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 6 de junho de 2011 > Guiné 63/74 – P8377: Memórias de Jolmete (Manuel Resende) (2): FNAC - Fundação Nacional dos Apanhados do Clima

(**) Postes anteriores  da série >