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sábado, 28 de julho de 2018

Guiné 61/74 - P18873: Para que os bravos de Madina do Boé, de Béli e do Cheche não fiquem na "vala comum do esquecimento" - Parte IV: O fantasma de Dien Bien Phu: fotos do álbum do Manuel Coelho (ex-fur mil trms, CCAÇ 1589 / BCAÇ 1894, Bissau, Fá Mandinga, Nova Lamego, Béli e Madina do Boé, 1966/68)


Foto nº 1 A > Madina do Boé: vista aérea, tirada de DO 27, c. 1967


Foto nº 1 > Madina do Boé: vista aérea, tirada de DO 27, c. 1967. As tão faladas colinas do Boé... "O resto era deserto", diz o fotógrafo...


Foto nº 2A  > Coluna logística a Madina (I)


Foto nº 2 > Foto nº 2A  > Coluna logística a Madina (II)


Foto nº 3A >Foto nº 2A  > Coluna logística a Madina (III)


Foto nº 3B > Foto nº 2A  > Coluna logística a Madina (IV)


Foto nº 4A > Foto nº 2A  > Coluna logística a Madina (V)


Foto nº 4BFoto nº 2A  > Coluna logística a Madina (VI)


Foto nº 5A  > Coluna logística a Madina (VII)


Foto nº 6A > > Coluna logística a Madina (VIII)


Foto nº 6  > Coluna logística a Madina (IX)

Guiné > Região do Boé > CCAÇ 1589 / BCAÇ 1894, "Os Tufas" (Bissau, Fá Mandinga, Nova Lamego, Beli e Madina do Boé, 1966-68) > 1967 > s/d >

Fotos (e legendas): © Manuel Caldeira Coelho (2018). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Mais fotos do álbum do Manuel Coelho, ex-fur mil trms, CCAÇ 1589 / BCAÇ 1894 (Nova Lamego e Madina do Boé, 1966/68), o nosso grande fotógrafo de Madina do Boé (*). 

Escreve o nosso editor Luís Graça:

Cheguei a Bissau, pelas 21h00,  do dia 29 de maio de 1969,  5ª feira, no T/T Niassa. Tinha partido do Cais da Rocha Conde de Óbidos, em Lisboa, no sábado, dia 24. Cinco dias de viagem... Só na manhã  do dia seguinte, sexta feira, é que fomos despejados, qual mercadoria indesejada...

Dizem os registos que a a 31, sábado, no Depósito de Adidos, SEXA, o Comandante-Chefe das Forças Armadas, Brigadeiro António de Spínola, passou revista às tropas em parada, com pompa e circunstância,  e dirigiu-nos palavras de boas-vindas.

Jã não me lembro dessa "cena", como diriam os putos de hoje...  Muito menos me lembro do discurso, pronunciado naquela inconfundível voz de ventrícola do nosso Homem Grande (Essa voz, sim, reconhecê-la-ia até no inferno, voltei a encontrá-lo, mais tarde, no destacamemto do rio Udunduma, foi-me lá desejar boas festas de Ano Novo)...

Lembro-me isso, sim, de deambular pelas ruas de Bissau, eu e outros camaradas, completamente desidratados, sufocados pelo calor e a humidade típicos do início da época das chuvas... Estávamos nos Adidos, apanhámos uma boleia num Unimog 404... Procurávamos, desesperadamente,  bebidas frescas, algo que matasse a nossa insaciável sede...que não nos largaria desde o desembarque...

 Já não sei o que bebi: talvez a primeira e única Fanta da minha comissão na Guiné... Aprenderia depois a beber uísque com água de Perrier... Do que não me esqueço foi dos boatos que fervilhavam em Bissau: Madina do Boé, Gadambel, Guileje...

Devo ter passado pela 5º Rep, nesse fim de semana. o famigerado Café Bento, ao pé da Amura... Acho que foi aí que começamos a perder, se não a guerra, pelo menos a vontade de a ganhar... Terá sido lá, ou nos Adidos, que ouvi as primeiras "galgas" sobre o que se passava no mato... A"boataria" devia fazer parte da guerra psicológica do PAIGC ou, pelo menos, fazia o seu jogo...

Não fazia a mínima ideia onde ficava Madina do Boé, mas já sabia, através dos jornais da metrópole, da tragédia que ocorrera no rio Corubal, 3 meses e tal antes, em 6 de fevereiro de 1969... Não sabia onde era Madina, Gandembel ou Guileje, era lá para o mato profundo, no sudeste ou no sul... E sobre Madina do Boé viria logo a conhecer pormenores da operação de retirada das NT, através da boca de quem lá terá estado iu era de lá (por exemplo, soldados africanos que estavam no Centro de Instrução Militar de Contuboel, aonde cheguei logo no dia 2 de junho, ao fim do dia. ..

Em Contuboel e depois em Bafatá e em Bambadinca, contavam-se histórias, terríficos, das colunas logísticas que abasteciam Béli e Madina do Boé, das dezenas e dezenas de viaturas que lá ficaram, da tragédia que se abateu sobre os rapazes da CCAÇ 2405 e da CCAÇ 1790... A CCAÇ 2405 pertencia ao BCAÇ 2852, cujo comando e CCS estavam em Bambadinca...

Enfim, massacraram as nossas cabeças de "periquitos" com histórias medonhas: uma ideia, naturalmente distorcida com que fiquei, logo em junho de 1969, era a de Madina do Boé poderia ter sido o nosso Dien Bien Phu, a última e decisiva batalha da guerra da Indochina, onde depois de um longo cerco de várias semanas as tropas da União Francesa capitularam em 7 de Maio de 1954, perante o poderoso exército do general Giap, do Viêt Minh, com perdas brutais de um lado e do outro (mortos, feridos, prisioneiros, desaparecidos).

 Disseram-me que o nosso quartel estava situado estupidamente num vale, tal como Dien  Bien Phu, rodeado de colinas... Os nossos camaradas eram apanhados à mão, e se levantavam a cabeça, nos abrigos, apanhavam logo com umas canhoadas... Os abrigos de Madina, imaginem, estava ao alcance das granadas de mão dos guerrilheiros do PAIGC... Spínola, o "homem grande", decidiu tirar os nossos rapazes daquele inferno, tal como já tinha mandado retirar Béli... Teria sido uma brilhante página da nossa história militar se não tem acontecido o desastre do Cheche...

Hoje, ver ao foto nº 1 do Manuel Coelho, a vista aérea do quartel e da pequena tabanca de Madina,  e as restantes cinco que documentam a chegada de uma coluna logística com apoio aéreo (T 6)  (fotos nº 2 a 6), concordo com a decisão, ajuizada, do nosso com-chefe mas reconheço que as histórias que se contavam no "mentidero" do Café Bento também eram um bocado exageradas...

Não sei se Madina era "defensável", estou de acordo, sim, com a opinião generalizada de que não era fácil levar os comes & bebes, mais as munições, aos bravos que defendiam aquele bocado de terra... O fantasma de Dien Bien Phu chegou a pairar por aqui... e pelo café Bento, a famosa 5ª Rep...

Muitos, a começar pelo cor inf Hélio Felgas, desprezaram o valor estratégico e simbólico de Madina do Boé... Amílcar Cabral e os seus diplomatas souberam fazer de Madina do Boé um verdadeiro ícone da "guerra de libertação", levando todo o mundo a crer que a declaração unilateral de independência, em 24 de setembro de 1973, foi lá...

Na realidade, há muitas formas de conquista: Madina do Boé, tal como Béli, Guileje, Gandembel, Ponta do Inglês e outras posições do exército português no TO da Guiné, não foram conquistadas pelo PAIGC, foram retiradas pelas NT. Em  Dien Bien Phu houve uma batalha, e essa batalha foi perdida pelos franceses. Em Madina do Boé poderia a história repetir-se. Spínola aprendeu com os erros dos outros... Mas o rio Corubal, em Cheche, tramou-nos. Para nós, Madina do Boé ficará para sempre associada ao desastre do Cheche. (Se calhar, em parte injustamente, esquecendo o sacrifício dos que a defenderam e a abasteceram durante vários anos, até à retirada, em 6/2/1969.)

O PAIGC fez de Madina do Boé, o que devia (e tinha a) fazer; um instrumento de propaganda, um "ronco",  um troféu de guerra... As guerras não se ganham só com as espingardas (a força), ganham-se também pelas palavras (a inteligência)...

PS - Escreveu o nosso fotógrafo, num mail que me enviou, em 26 do corrente: "Sobre as colunas de reabastecimentos a Madina e Béli, o Poste 13336, de Domingos Gonçalves , é a melhor descrição que se possa fazer. Fabuloso!" (**)...

É inteiramente justo lembrar aqui o nome do nosso camarada Domingos Gonçalves, um dos bravos do Boé, ex-Alf Mil da CCAÇ 1546 / BCAÇ 1887 (Nova Lamego, Fá Mandinga e Binta, 1966/68). membro da nossa Tabanca Grande.
____________

Notas do editor:

(*) Último poste da série > 26 de julho de  2018 > Guiné 61/74 - P18871: Para que os bravos de Madina do Boé, de Béli e do Cheche não fiquem na "vala comum do esquecimento" - Parte III: A operação rotineira de manobra e montagem da segurança da jangada que fazia a travessia do Rio Corubal, no Cheche: fotos do álbum do Manuel Coelho (ex-fur mil trms, CCAÇ 1589 / BCAÇ 1894, Bissau, Fá Mandinga, Nova Lamego, Béli e Madina do Boé, 1966/68)

(**) Vd. poste de  27 de junho de 2014 > Guiné 63/74 - P13336: Memórias da CCAÇ 1546 (Domingos Gonçalves) (3) - Reportagens da Época (1966): Viagem a Madina do Boé

(...) MEMÓRIAS DA CCAÇ 1546 (1966)  - REPORTAGENS DA ÉPOCA - 3. VIAGEM A MADINA

Dia 20 

Começaram os preparativos para o transporte de abastecimentos a Madina do Boé.  Os géneros começaram a ser transportados para o destacamento do Ché-Che, onde ficam armazenados.
Não devem faltar muitos dias para que a companhia de caçadores n.º 1546 atravesse de novo o rio para escoltar as viaturas que transportarão os géneros e as munições para o abastecimento, durante a época das chuvas, da companhia n.º 1416, aprisionada dentro de um rectângulo de arame farpado, numa terra a que ainda se dá o nome de Madina do Boé. Um nome que apenas faz lembrar, a quem o escuta, o sofrimento de um grupo de homens valorosos que, estoicamente, ali vão permanecendo.
Eles, sim, merecem ser chamados de heróis. 

Pelas onze horas e meia o pelotão do Alferes Y, partiu para o Ché-Che, escoltando as primeiras viaturas carregadas de géneros.  Não almoçaram porque à hora em que saíram ainda não havia almoço.  Não jantaram porque, quando chegaram, era tarde e já não havia jantar...  Não receberam ração de combate, porque a companhia precisa de economizar algumas dezenas de rações... Passaram fome! (...)


(...) Dia 22 
Pelas onze horas chegou, sob o comando do capitão, o restante pessoal da companhia.  O Tenente Coronel X, comandante do meu Batalhão, veio, também, na coluna.  Parte do pessoal atravessou, ainda cedo, para a margem Sul do Corubal e ocupou a zona ribeirinha. Entretanto, durante toda a tarde, a jangada foi transportando para a margem Sul as viaturas e os géneros.
Toda a companhia passou a noite na margem Sul.  Durante a noite choveu muito.   Como não havia local onde nos abrigássemos apanhou-se com a chuva toda. Foi o suficiente para ninguém dormir nada. 

Perto da margem do rio rebentou uma armadilha anti-pessoal sob a roda de uma viatura. Fez apenas estragos ligeiros e não feriu ninguém.  A mina anti-pessoal rebentou, perto do tronco de uma árvore, onde, normalmente, todos temos tendência para nos encostar.  Foi uma sorte a viatura ter passado primeiro. (...) 

Dia 23 
Continuou a travessia de géneros para a margem Sul, onde nos encontramos.  É uma operação lenta e muito perigosa.  A jangada está arruinada e não oferece nenhumas condições de segurança.
Hoje, caiu outra viatura ao rio e por lá ficou mergulhada, a tomar banho.  Desta vez também não tivemos, ainda, desastres pessoais. Temos andado com muita sorte.  Se um dia o raio deste calhambeque perde a estabilidade quando transportar soldados, será uma catástrofe..
De noite, as formigas e os mosquitos não deixaram dormir ninguém. O local onde se pernoitou, devido às chuvas, transformou-se num enorme lamaçal.


Dia 24 

Ainda cedo iniciou-se o transporte dos géneros para Madina do Boé.  Fiquei todo o dia, com o meu grupo de combate, emboscado na zona da tabanca do Vilongo, uma povoação abandonada, cujo espaço o capim depressa se encarregou de conquistar.

Pelas duas horas da tarde, já perto do cruzamento Béli/Madina, explodiu uma mina anti-carro sob a roda de uma viatura.  Uma das secções do meu pelotão, que seguia do Vilongo [Bilonco] para o Ché-Che, a prestar segurança às viaturas, foi toda projectada para o chão.

Todos os soldados dessa secção ficaram feridos. Todos menos o Eusébio que, por simples acaso, não seguia naquele meio de transporte.  Reparei que o rapaz trazia um terço pendurado ao pescoço.
Nenhum dos feridos corre perigo, mas foram todos transportados para Bissau de helicóptero.


Ao cair da noite fomos para Madina do Boé, onde se pernoitou.  O nosso comandante de batalhão acompanhou-nos sempre durante esta aventura.  É dos poucos (ou talvez o único dos) comandantes de batalhão que se metem nestas andanças. (...)

Dia 25 
De manhã, partindo de Madina, a companhia foi ao monte (uma pequena elevação) junto ao cruzamento de Béli/Madina, fazer uma pequena operação. Depois, um dos pelotões foi ao Ché-Che buscar mais géneros. De tarde voltou toda a gente para Madina.

O comandante de Nova Lamego veio a Madina.  Como não podia deixar de ser, veio de avião.
No regresso ofereceu boleia ao meu comandante de batalhão [tenente-coronel de infantaria Manuel Agostinho Ferreira] , mas ele não aceitou. Prefere regressar, acompanhando-nos, conhecendo o nosso dia a dia, e as dificuldades que em cada encruzilhada estão à nossa espera. (...) 

Dia 26 
Às sete horas da manhã iniciou-se a viagem de regresso a Nova Lamego. Caminhou-se quase sempre sob uma chuva intensa.  Recuperou-se a viatura que accionou a mina anti-carro.

Ao anoitecer as viaturas já estavam todas na margem Norte do rio Corubal. Desta vez a jangada portou-se bem. Não nos pregou nenhuma das partidas do costume. Já merecíamos ter alguma sorte na travessia deste rio.

Cansados e famintos, atingimos Nova Lamego quase à meia noite.  Foi quase uma semana de fome, sede, fadiga e trabalho sem fim. Acima de tudo foi uma semana de tensão nervosa contínua, onde a miragem do perigo foi constante, tocando, às vezes, os limites da resistência psíquica de cada um de nós. Mas, estoicamente, todos vão aguentando...  Todos vão passando além dos limites da capacidade de aguentar...  Regra geral, a nossa capacidade de resistir é sempre maior do que aquilo que nós próprios pensamos.  Somos sempre capazes de chegar um pouco mais longe...  

Impressionou-me, nesta viagem, a personalidade do capitão da companhia de Madina do Boé [, Ccaç 1416]. É um homem especial.  É mesmo um homem invulgar. Dele pode dizer-se que é um guerreiro nato. (...)

quinta-feira, 19 de julho de 2018

Guiné 61/74 - P18859: Álbum fotográfico de Virgílio Teixeira, ex-alf mil, SAM, CCS / BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69) - Parte XXXVIII: As minhas estadias por Bissau (vii): o ano de 1969 (fotos de 71 a 81)



Foto nº 72


Foto nº 71



Foto nº 73


Foto nº 74


Foto nº 76

Foto nº 75



Foto nº 77


Foto nº 80


Foto nº 79


Foto nº 81

Guiné > Bissau > São Domingos > CCS/BCAÇ 1933 > 1969 >


Fotos (e legendas): © Virgílio Teixeira (2018). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Continuação da publicação do álbum fotográfico do Virgílio Teixeira (*), ex-alf mil, SAM, CCS / BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, set 1967/ ago 69); natural do Porto, vive em Vila do Conde, sendo economista, reformado; tem já perto de 7 dezenas de referências no nosso blogue

 Guiné 1967/69 - Álbum de Temas: T031 – Bissau - Parte 1 > (vi)

[Devido à suas funções como chefe do conselho administrativo (CA) do comando do batalhão, o Virgílio Teixeira deslocava-se, em serviço, com relativa frequência, à capital Bissau onde ficava o QG...]


Legendas e numeradas de F71 a F81

F71 – O navio N/M  Uíge [e não Alenquer...] fundeado no Porto de Bissau. [O nosso camarada deve ter confundido o Alenquer e o Uíge: O N/M Alenquer pertencia à Sociedade Geral de Comércio, Indùstria e Transportes, Lisboa; o N/M Uíge pertencia à Companhia Colonial de Navegação, Lisboa; o primeiro era mais pequeno do que o segundo; o Alenquer tinha de comprimento cerca de 137 metros e a sua arqueação bruta não chegava às 5,3 mil tonelada; o Uíge tinha o mesmo comprimento mas o dobro da arqueação brutao, 10 mil toneladas  ]...

Resto da legenda": "Por ser mais pequeno, já não ficava ao largo, mas sim encostava no cais do porto. Desconheço a data certa, tinha chegado para descarregar e seguidamente carregar as NT. Bissau, 1º Trimestre de 1969.

F72 – A proa do Alenquer, com marinheiros negros a preparar as amarras. Ao largo vê-se duas lanchas, talvez uma LDG e uma LDM, que estão a partir com tropas, ou a chegar do interior com tropas para embarcar rumo a casa. Bissau, 1º Trimestre de 1969.

F73 – Num sábado ou domingo de folga, sentado no cais e porto, fumando um cigarro, a pensar na vida e no dia de regresso. Bissau, Abril 69.

F74 – No cais junto ao porto, apreciando a paisagem, o rio, o mar, o horizonte, esperando que chegue o meu navio para me levar a casa. Bissau, 17Abril69.

F75 – No restaurante ‘O Nazareno’ (O dono devia ser da Nazaré!) num sábado ou domingo num almoço talvez a sós, fazia isso muitas vezes, não tinha muita gente para me acompanhar nestas despesas, pois todos tinham almoço e jantar de borla ao serviço da tropa. Posso identificar na minha indumentária, as celebres calças de ganga, americanas, as primeiras que eu vesti bem como o meu cinto, era sempre mais do mesmo. Depois os sapatos finos, tipo Tod’s, tinham picos por baixo, até podiam ser. Meias brancas como era uso nesse tempo, hoje fora de moda, a minha pulseira e anel do artesanato locais. Camisa branca, de origem chinesa, compradas no comércio local. Foto na varanda/esplanada. Só falta o Telemóvel para ser perfeita e actual. Bissau, no 1º semestre de 1969.

F76 – Vista do restaurante ‘O Nazareno’ no bairro fino de Bissau, já depois de almoçado, na minha motorizada Honda, para uma tarde de partida para algum sitio, quem sabe se para uma visita até o Pilão, ou mais uma viagem a Safim. Bissau, 1º semestre de 1969.

F77 – Desconheço o que é isto, mas parece a entrada para qualquer sítio, com os paus a servir de porta para algum local [ou mais provavelmente um quartel das NT, a avaliar pelo  arame farpado, pau da bandeira ou poste de transmissões, pórtico feitos de cibes, vasos com palmeiras, etc.]  1º semestre 69.

 F79 – Pensativo, na ponta do cais do porto de Bissau, à espera que se veja o meu UIGE a chegar. Ao fundo a marginal os edifícios do Estado, uma panorâmica do porto. Bissau, Julho 69.

F80 – A cidade de Bissau vista de um barco ao largo. No cais de embarque vê-se um navio de T/T não sei qual é. Eram tempos de espera, a olhar para o Oceano para ver quando chega o nosso UIGE que nos vai levar para casa. Bissau, Julho 69

F81 – A bordo de um navio Patrulha da nossa Armada, no Estaleiro da Marinha. Não consigo identificar o nome do navio. Ao longe pode ver-se a ilha das Cobras [peço desculpa,, ilhéu do Rei[. Bissau, Maio 69.


Em, 24-04-2018

Virgílio Teixeira

«Propriedade, Autoria, Reserva e Direitos, de Virgílio Teixeira, Ex-alferes Miliciano SAM – Chefe do Conselho Administrativo do BATCAÇ1933/RI15/Tomar, Guiné 67/69, Nova Lamego, Bissau e São Domingos, de 21SET67 a 04AGO69».
____________

Nota do editor:

ÚLtimo poste da série > 10 de julho de  2018 > Guiné 61/74 - P18833: Álbum fotográfico de Virgílio Teixeira, ex-alf mil, SAM, CCS / BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69) - Parte XXXVII: História e imagens de São Domingos: fotos de 9 a 21

Vd. também poste de 28 de maio de 2018 > Guiné 61/74 - P18687: Álbum fotográfico de Virgílio Teixeira, ex-alf mil, SAM, CCS / BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69) - Parte XXXII: As minhas estadias por Bissau (vi): resto do ano de 1968

sexta-feira, 25 de maio de 2018

Guiné 61/74 - P18674: Recortes de imprensa (95): A notícia do trágico acidente, ocorrido no Rio Corubal, no Cheche, na sequência da Op Mabecos Bravios (retirada de Madina do Boé) só é dada no "Diário de Lisboa", dois dias e meio depois, em 8 de fevereiro de 1969







Citação:
(1969), "Diário de Lisboa", nº 16573, Ano 48, Sábado, 8 de Fevereiro de 1969, CasaComum.org, Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_7148 (2018-5-24)


Fonte: Instituição: Fundação Mário Soares | Pasta: 06597.135.23237 | Título: Diário de Lisboa | Número: 16573 | Ano: 48 | Data: Sábado, 8 de Fevereiro de 1969 | Directores: Director: António Ruella Ramos | Edição: 2ª edição | Observações: Inclui supl. "Diário de Lisboa Magazine". | Fundo: DRR - Documentos Ruella Ramos | Tipo Documental: IMPRENSA.


1. A notícia chegou tarde às redações dos jornais. O vespertino "Diário de Lisboa" deu-a em caixa alta só na 2ª edição. E nesse sábado, dia 8 de fevereiro de 1969, fez uma 3ª edição.  O jornal era "visado pela censura" e a grande maioria dos portugueses (e nomeadamente os da nossa geração, nascida no Estado Novo) não sabia o que era isso de liberdade de imprensa... 

A notícia do "desastre na Guiné" (sic)  causou alarme e consternação: 47 mortos (militares, em rigor 46 militares e 1 civil guineense) era o balanço do "trágico acidente". A notícia era dada pela agência oficiosa L [usitânia], com proveniência de Bissau e data de 8... Chegava com dois e meio de atraso... Sabemos hoje que o "acidente" ocorreu na manhã de 5ª feira, dia 6 de fevereiro de 1969, no final da Op Mabecos Bravios, ou na seja, na sequência da retirada do aquartelamento de Madina do Boé. (*)

O balanço era, de facto, trágico: na lista das 47 vítimas, por afogamento, constavam: (i) 2 furriéis milicianos; (ii) 7 1ºs cabos; e (iii) 38 soldados (na realidade, um dos nomes era de um civil). Mas os termos da notícia eram lacónicos, como era habitual nos comunicados oficiais ou oficiosos em assuntos "melindrosos" como este:

 "Na passagem do rio Corubal, na estrada para Nova Lamego, afundou-se a jangada que transportava uma força militar, havendo a lamentar, em consequência deste acidente, a morte, por afogamento, de 47 militares".

Para não dar azo a especulações, o ministro do Exércitofoi nomeou (e mandou de imediato paar o CTIG) o cor cav Fernando Cavaleiro, o "herói da ilha do Como" (1964), a fim de instruir localmente o processo de averiguações. Não sabemos quanto tempo levou a instrução do processo, mas temos um resumo das conclusões preliminares do cor cav Fernando Cavaleiro, publicado no jornal "Província de Angola", em data desconhecida, conforme recorte que nos foi enviado pelo nosso camarada José Teixeira (**).

Ainda não tivemos acesso ao relatório original, mas tudo indica que há nele erros factuais graves, permitindo ytirar conclusões enviesadas que acabam por escmotear, ignorar ou branquear a responsabilidade do 2º comandante da operação, que ultrapassou o oficial de segurança, o alf mil Diniz. Na última e trágica viagem, em vez de 2 pelotões, a jangada levou o dobro, contrariamente as regras estabelecidas pelo alf mil Diniz... Mas este era o "ejo mais fraco" da cdeia hierárquica e acabou por ser o "bode expiatório" de toda esta história que ainda continua mal contada...

Daqui a menos de 9 meses,  comemora-se os 50 anos deste trágico evento... E muita água ainda há-se passar sob as pontes do rio Corubal até que se saiba a verdade ou toda a verdade sobre esta tragédia que ensombrou o primeiro ano do consulado do Spínola. (***)

Para já temos prometido um encontro com o ex-alf mil José Luís Dumas  Diniz (, da CART 2338), responsável pela segurança da jangada que fazia a travessia do rio Corubal, em Cheche, aquando  da retirada de Madina do Boé.  Tenho os seus contactos, a data do nosso encontro ainda foi maracad mas é apenas uma questão de mútua conveniência. O ex-alf mil Diniz mostrou-se interessado em contar, ao nosso blogue, a sua versão dos acontecimentos. Bem haja!... Porque, afinal, o que nos move é a procura da verdade e só da verdade...
___________________

Notas do editor:




Vd. também 29 de março de 2010 > Guiné 63/74 - P6063: Recortes de imprensa (23): O desastre do Cheche, no Rio Corubal: excertos de artigo de Teresa Firmino, Público, 6/12/2009

terça-feira, 24 de abril de 2018

Guiné 61/74 - P18556: Álbum fotográfico de Virgílio Teixeira, ex-alf mil, SAM, CCS / BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69) - Parte XXVIII-B: As minhas viagens por terras do Cacheu, em 1969


Foto nº 1 >  Cacheu, 1969 > Ruas de Cacheu


Foto nº 2  > Cacheu, 1969 > Cais do Cacheu


Foto nº 3 > Cacheu, 1969 > Vista da cidade do Cacheu, a partir do rio


Foto nº 4 > Cacheu, 1969 > Vista do quartel


Foto nº 5 > Cacheu, 1969 > Edificío dos correios e casa do chefe dos correios

Guiné > Região de Cacheu > Cacheu > CCS/BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69).

Fotos (e legendas): © Virgílio Teixeira (2018). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Continuação da publicação do álbum fotohgráfico   do Virgílio Teixeira, ex-alf mil, SAM, CCS / BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69); natural do Porto, vive em Vila do Conde, sendo economista, reformado; tem mais de 4 dezenas de referências no nosso blogue:


Mensagem de de 23 de março último:

(...) Estas são algumas de muitas sobre as diversas viagens que fazia no tal barco da Engenharia, o Sintex, com 2 motores fora de borda, entre São Domingos e Cacheu. Umas vezes em serviço, e outras nem por isso, mais desenfiado e para 'desopilar' daquele local que chamei de 'Campo de concentração de S. Domingos'.

Normalmente íamos todos bem, 4 pessoas apenas, depois na vinda já vinha tudo com a cabeça à volta. Ia com o Alferes Gatinho, da CART 1744, ele era um prato, e passávamos bons momentos.
Fica para a história desta passagem por aquelas terras.

Cacheu era de longe muito mais importante que São Domingos, aliás era a região que dava o nome a Sao Domingos.

O pessoal de lá recebia-me muito bem, não faltava nada. (...)
__________

Nota do editor:

quarta-feira, 7 de março de 2018

Guiné 61/74 - P18387: (D)o outro lado do combate (21): "Plano de operações na Frente Sul" (Out - dez 1969) > Ataque a Bedanda em 25 de outubro de 1969 (ao tempo da CCAÇ 6, 1967-1974) - Parte I (Jorge Araújo)


Citação: (1963-1973), "Combatente do PAIGC com um grupo de jovens carregadores", CasaComum.org, Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_43743 (2018-2-11) 

Fonte: Portal Casa Comum > Fundação Mário Soartes > Arquivo Amílcar Cabral (com a devida vénia)



Infografia: Jorge Araújo (2018)



Jorge Alves Araújo, ex-Fur Mil Op Esp/Ranger, CART 3494 
(Xime-Mansambo, 1972/1974); coeditor do blogue, desde março de 2018



GUINÉ: (D)O OUTRO LADO DO COMBATE > "PLANO DE OPERAÇÕES NA FRENTE SUL" [OUT-DEZ'69] - ATAQUE A BEDANDA EM 25 DE OUTUBRO DE 1969 (AO TEMPO DA CCAÇ 6, 1967/1974) 

(Parte I)

1. INTRODUÇÃO

Nas duas anteriores narrativas [P18346 e P18350], tivemos a oportunidade de partilhar com o colectivo da «Tabanca» o calendário do "plano de acções militares" do PAIGC, aprovado para ser operacionalizado durante o último trimestre de 1969 nas regiões do Quinara e do Tombali, situadas na zona Sul da Guiné, envolvendo a mobilização de um numeroso contingente de guerrilheiros de infantaria apoiados por uma quantidade considerável de equipamentos de artilharia pesada, incluindo peças anti-aéreas DCK.

Aos oito ataques a diferentes aquartelamentos previstos nesse "plano", os seus responsáveis militares, nomeadamente Nino Vieira (1939-2009), decidiram acrescentar mais um, exactamente ao mesmo local com que abriram as hostilidades – Buba, em 12OUT1969 – com o objectivo de corrigir os fracos desempenhos registados durante a primeira missão do seu "exército" neste "programa", depois de ela ter sido considerada de "enormes fracassos". Esta nova acção/missão, classificada como sendo um segundo ataque a Buba, ficou agendada para o dia 10 de Dezembro de 1969, com a qual se daria por encerrada esta "campanha".

Recorda-se que a elaboração desta narrativa, como de todas as outras que fazem parte deste dossier, tem na sua génese o relatório "das operações militares na Frente Sul" [http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_40082 (2018-1-20)], documento dactilografado em formato A/4, sem capa e sem nome do seu autor [mas que seguiremos em frente na busca da sua identificação], localizado no Arquivo Amílcar Cabral, existente na Casa Comum – Fundação Mário Soares. A esse documento base foram, ainda, adicionadas outras informações de diferentes fontes bibliográficas tendentes a ampliar a compreensão/explicação de cada ocorrência, gravadas nos dois lados do combate, instrumentos indespensáveis para o seu aprofundamento histórico.




2. AS ORIGENS DA CCAÇ 6 (COMPANHIA DE CAÇADORES N.º 6) – SUBSÍDIO HISTÓRICO

A CCAÇ 6 é a herdeira da estrutura orgânica da 4.ª CCAÇ (Companhia de Caçadores Nativos [ou Indígenas], esta criada e instalada primeiramente em Bolama em finais de 1959. Quatro anos e meio depois, em Julho de 1964, mudou-se para Bedanda, por necessidades operacionais, como resposta ao pedido de intervenção dos africanos no esforço da guerra. Foi aí, em Bedanda, que em 1 de Abril de 1967, decorridos três anos após a instalação dos seus primeiros efectivos, esta Unidade foi renomeada, passando a designa-ser por Companhia de Caçadores n.º 6 [CCAÇ 6 - "Onças Negras"].

Esta companhia de caçadores, constituída por praças africanas de Recrutamento Local, era enquadrada por oficiais, sargentos e praças especialistas oriundos da Metrópole, tal como as restantes que foram organizadas nessa época no CTIG, cumprindo os últimos o período da Comissão de Serviço obrigatório previsto na Lei. Quanto aos primeiros, estes mantinham-se, marioritariamente, ligados à sua Unidade de base, uma vez que um dos objectivos emergentes para a sua criação foi/era a segurança e/ou defesa das suas populações, estando implicita neste conceito a actividade operacional na luta contra os grupos da/de guerrilha armados.

Para além da CCAÇ 6, o Aquartelemanto de Bedanda dispunha também de um Pelotão de Canhões sem Recuo [PCS/R], de um Pelotão de Artilharia «obus 14 mm» [Pel Art] e de um Pelotão de Milícias [Pel Mil n.º 143] da etnia fula.

Devido à sua intensa e porfícua acção operacional realizada ao longo dos anos, com importantes resultados obtidos nas múltiplas missões que lhe foram confiadas, a Companhia de Caçadores n.º 6 [CCAÇ 6] viria a ser merecedora de uma condecoração atribuída pelo Governo Central ao seu Estandarte [Cruz de Guerra de 1.ª Classe], em cerimónia pública presidida pelo Chefe de Estado, Almirante Américo Thomaz (1894-1987), de homenagem às Forças Armadas Portuguesas, realizada no Terreiro do Paço, em Lisboa, no dia 10 de Junho de 1968, data que até ao «25 de Abril de 1974» era também conhecida como "Dia de Camões, de Portugal e da Raça".

Para que conste, eis a transcrição do texto que originou a condecoração tornado público na comunicação social [ex.: Diário de Lisboa, em 11 de Junho de 1968, p11; e Diário de Notícias, em 12 de Junho de 1968].





Fonte: Ultramar TerraWeb - Portal dos Veteranos dao Ultramat: Angola, Guiné, Moçambique, 1959-1975 [http://ultramar.terraweb.biz/10Jun1968_Lisboa.htm (com a devida vénia)]


3. O ATAQUE A BEDANDA EM 24OUT1969… QUE PASSOU PARA 25OUT1969 DEVIDO A SUCESSIVAS FALHAS NA SUA ORGANIZAÇÃO


Desenvolvimento da acção:

No dia 24 de Outubro [de 1969], às 17h15, as forças do Corpo Especial de Exército deviam atacar as instalações militares do campo de Bedanda com as seguintes forças, assim constituídas [apresentamos um quadro comparativo entre o 1.º ataque a Buba, em 12OUT1969, e este 2.º a Bedanda]:

Contavamos com a ajuda de 80 "povo" no transporte das munições até à posição de fogo. Devido ao número insuficiente de transportadores não pudemos concentrar no local toda a quantidade de munições necessária e muito menos distribui-la a tempo para as 3 posições de fogo, razão principal porque tivemos que adiar a missão.

Por acaso, as forças de infantaria tinham tido muitas dificuldades e atrasado bastante a sua chegada ao local e a tomada de posição no trerreno, não se verificando portanto qualquer desajuste. 


No dia seguinte, e com a aprovação do camarada Nino [Vieira], Comandante do Corpo Especial de Exército, nos prontificamos (as forças de Artilharia) a realizar a operação e a iniciá-la à mesma hora indicada para o dia anterior [17h15].

Realmente, às 15h30 inciamos a colocação das peças e a instalação das ligações telefónicas. Às 17h00 todas as peças estavam prontas para o tiro, quando descobrimos avaria na comunicação, devido a esse imprevisto só às 17h30 iniciamos o fogo de enquadramento com uma peça de canhão 75, desde a posição de fogo do GRAD. O inimigo [NT] respondeu imediatamente, cortando a instalação em dois pontos. Só 15 minutos depois retomamos a direcção de tiro e demos por terminado o enquadramento para as [peças] GRAD.

Imediatamente as peças de canhão abriram fogo, realizando tiro indirecto desde a distância de 2.000 metros. Do posto de observação, pareceu-nos (a visibilidade, dada a hora já avançada da tarde, era deficiente) ser um tiro efectivo, cobrindo a zona indicada. 





Citação: (1966-1970), "Guerrilheiros do PAIGC transportando as peças de um canhão sem recuo [B-10]", CasaComum.org, Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/ fms_dc_44172 (2018-2-11) (com a devida vénia).

Fonte: Portal Casa Comum > Fundação Mário Soartes > Arquivo Amílcar Cabral (com a devida vénia)

Final da Parte I.

Na Parte II desta narrativa, serão abordados os seguintes pontos:

1 – Conclusão do desenvolvimento da acção e respectivos resultados.

2 – Análise crítica à actuação da artilharia.

3 – Correcção das informações obtidas posteriormente pelo PAIGC.

4 – Quadro de baixas militares da CCAÇ 6 (de 1Abr1967 a 27Abr1974).

5 – Quadro de baixas militares da 4.ª CCAÇ (de Jul1963 a Fev1967).

Obrigado pela atenção.

Com forte abraço de amizade,

Jorge Araújo.

26FEV2018.
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sexta-feira, 2 de março de 2018

Guiné 61/74 - P18371: Álbum fotográfico de Virgílio Teixeira, ex-alf mil, SAM, CCS / BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69) - Parte XX: o render da guarda do palácio do Governador, aos domingos, "grande ronco"


Foto nº 1 > Bissau > Palácio do Governador – neste caso ocupado pelo general Spínola  [1968-1973] >  Junho de 1969 > Render da Guarda >  Faz parte um destacamento da Marinha (fuzileiros), a força mais vistosa, e uma força do Exército, Infantaria, Cavalaria ou Artilharia, ou dos Comandos, ou Paraquedistas e  bem como a Banda Militar de  Bissau.


Foto nº 2 >  Bissau > Palácio do Governador >  Junho de 1969 > Render da Guarda > A força da Marinha (fuzileiros) na escadaria do Palácio do Governador; 


Foto nº 3 > Bissau > Palácio do Governador  >  Junho de 1969 > Render da Guarda >  A Banda e os fuzileiros, dando a volta ao Palácio em formação 


Foto nº 4 >  Bissau > Palácio do Governador >  Junho de 1969 > Render da Guarda > A força da armada portuguesa logo atrás,  fazendo as honras militares ao Governador 


Foto nº 5 >  Bissau > Palácio do Governador >  Junho de 1969 > Render da Guarda >  As forças  em parada descendo a Avenida da Republica, acompanhada por populares locais que apreciavam estes desfiles e a atuação da vistosa banda militar de Bissau (, constituída exclusivamente por militares do recrutamento local);


Foto nº 6 >  Bissau > Palácio do Governador >  Junho de 1969 > Render da Guarda > Novas fotos com a parada militar pela avenida abaixo, com participação da banda, fuzileiros e população local;


Foto nº 7 >  Bissau > Palácio do Governador  >  Junho de 1969 > Render da Guarda > As forças  em parada descendo a Avenida da Republica, acompanhada por populares locais que apreciavam estes desfiles e a atuação da banda militar africana.


Foto nº 8 >  Bissau > Palácio do Governador >  Junho de 1969 > Render da Guarda > A população local perfilada pela berma da rua principal, para ver e apreciar as nossas tropas, aplaudindo-as à sua passagem. Não esquecer que estava lá também a banda militar africana.

Fotos: © Virgílio Teixeira (2018). Todos os direitos reservados [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Continuação da publicação do álbum fotográfico do nosso camarada Virgílio Teixeira, ex-alf mil, SAM, CCS / BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69), e que vive em Vila do Conde, sendo economista, reformado. (*)

Assunto - Tema T025 – Render da Guarda no Palácio do Governador em Bissau

(i) Anotações e Introdução ao tema:

Todos os domingos havia uma cerimónia militar com grande envergadura e acompanhada de perto pelas populações locais e militares que se encontravam em Bissau, com "grande ronco",  com vista a mostrar que estava lá um representante do Governo da Republica, e a reforçar a imagem de Portugal.

Tive a oportunidade de assistir algumas vezes ao render da guarda do palácio, por me encontrar em Bissau nesses dias de Domingo de manhã, mas só tenho fotos reais captadas pouco mais de um mês antes de embarcar, de regresso, em Junho de 1969. Nota-se o piso molhado, com poças de água, devido ao tempo de chuvas que era o máximo nessa época.

(ii) Legendas das fotos:

F1 – Mostra o Palácio do Governador da província – neste caso ocupado pelo general Spínola. Faz parte da guarda um destacamento da Marinha, a força mais vistosa, e uma força do Exército, Infantaria, Cavalaria ou Artilharia, ou dos Comandos, Paraquedistas e Fuzileiros, bem  como a Banda Militar, constituída por elementos do recrutamento local.

F2 – A força da Marinha na escadaria do Palácio do Governador;

F3 – A Banda Militar dando a volta ao Palácio. (**)

F4 – A força da armada portuguesa (fuzileiros),  logo atrás,  fazendo as honras militares ao Governador

F5 – As forças  em parada descendo a Avenida da Republica, acompanhada por populares locais que apreciavam estes desfiles e a atuação da Banda Militar.

F6 – Novas fotos com a parada militar pela avenida abaixo, com participação da banda, marinha e população local;

F7 – A parada após ter descido a avenida, volta a subir até ao cima da Rotunda, onde se vê a bandeira e o Palácio do Governador, cor-de-rosa.

F8 – A população local perfilada pela berma da rua principal, para ver e apreciar as nossas tropas, aplaudindo-as à sua passagem. Não esquecer que estavam lá também tropa africana (a banda militar)

Em, 12-02-2018 - Virgílio Teixeira

«Propriedade, Autoria, Reserva e Direitos, de Virgílio Teixeira, Ex-alferes Miliciano SAM – Chefe do Conselho Administrativo do BATCAÇ1933/RI15/Tomar, Guiné 67/69, Nova Lamego, Bissau e São Domingos, de 21SET67 a 04AGO69».
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Notas do editor:

(*) Último poste da série > 27 de fevereiro de 2018 > Guiné 61/74 - P18360: Álbum fotográfico de Virgílio Teixeira, ex-alf mil, SAM, CCS / BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69) - Parte XIX: Visita ao território, do Presidente da República Almirante Américo Tomás, com início em 2/2/1968 - II (e última) parte


Postal ilustrado da época >  A Banda Militar de Bissau

(**) Vd. poste de  29 de setembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5030: Memórias e histórias minhas (José da Câmara) (7): Servir Bissau: uma contenda inglória onde o pesadelo e o ronco se misturavam

(...) A guarda ao Palácio englobava as seguintes forças essenciais:

a) - Uma Secção de tropa regular, comandada por um Sargento da Guarda, que tinha a seu cargo os postos de sentinela ao fundo do jardim e ainda um posto de sentinela ao lado direito do jardim. A segurança era feita durante o dia do lado de fora do jardim. Com o render dos postos de sentinela às seis horas da tarde a segurança passava a ser feita do lado de dentro dos muros.

b) - Uma Secção da Polícia Militar, incluindo um sargento e um oficial, que tinha a seu cargo o pórtico principal do Palácio e o portão lateral de serviço geral.

c) - Durante a noite, entre as dezoito e as seis horas, a segurança era reforçada com um elemento da Polícia de Segurança Pública, que ficava encarregado do espaço entre a casa da guarda e do pessoal civil servente do Palácio e o edifício principal.

d) - Também durante a noite, a segurança era ainda reforçada com um cão treinado em segurança e respectivo tratador, na altura um pára-quedista, que tinha a seu cargo o patrulhamento do interior do jardim,

(...) No Domingo de manhã acontecia ronco grande em Bissau.

O atavio militar das Praças da Guarda era o fardamento n.º 2, com cordões brancos nas botas, tendo como armamento a G3. O Sargento da Guarda também vestia o fardamento n.º 2, com luvas brancas e cordões das botas da mesma cor. O seu armamento era a FBP. Durante a cerimónia o carregador na arma estava vazio. Em verdade se diga, os carregadores que estavam nas cartucheiras estavam devidamente carregados.

(...) Para além das Praças da Guarda, as Forças em Parada eram, normalmente, as seguintes: dois Grupos de Combate reduzidos, nesta nossa participação, da CCaç 3327, com fardamento n.º 2 e G3, um Pelotão da Polícia Militar em camuflado e G3, e um Grupo do Destacamento de Fuzileiros Navais em fardamento branco e G3. Os Leopardos (se a memória não me falha essa era a sua sigla e sujeito a correcção) de Bissau, com os seus inconfundíveis turbantes vermelhos, eram a Banda Militar que nos acompanhavam nestas cerimónias.

Após o içar da bandeira e o render da Guarda, as forças desfilavam pela Avenida da República indo destroçar junto ao Quartel da Amura.


(...) Nunca poderei esquecer a atenção e o respeito que os guineenses demonstravam nestas cerimónias. Novos e velhos, homens e mulheres seguiam com muita atenção todos os pormenores do içar da bandeira e do Render da Guarda. Vi muitos deles saudar com continência a Bandeira que subia no mastro, e senti o calor de milhares de palmas quando as nossas tropas acabavam as manobras em frente ao Palácio e desfilavam pela Avenida da República. Nestas ocasiões, devo confessar, não sentia que os guineenses procuravam a sua independência. Quanto muito desejavam a paz, a mesma paz que nós procurávamos. Nós éramos a sua esperança. (,,,)