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segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Guiné 63/74 - P9005: In Memoriam (95): Recordando os camaradas mortos da 38.ª CComandos (Amílcar Mendes / Carlos Vinhal)





1. Aproveitando um trabalho efectuado a pedido do nosso camarada Amílcar Mendes (ex-1.º Cabo Comando da 38.ª Companhia de Comandos, Brá, 1972/74), publica-se a listagem dos mortos da sua Unidade.






- Soldado Comando Idílio da Costa Moreira, natural do Bonfim, Porto, faleceu no HM 241 em 15JUL72 por motivo de acidente com arma de fogo

- Soldado Comando Francisco José Matos da Silva, natural de Terena, Alandroal, faleceu no HM 241 em 08AGO72 vítima de ferimentos recebidos em combate (Mansoa)

- Fur Mil Comando Artur Jorge Tavares Pignateli Fabião, natural de Seia, faleceu no HM 241em 21NOV72 vítima de ferimentos recebidos em combate (Caboiana)

- Soldado Comando Mário Branco da Costa Chaves, natural de São Sebastião, Setúbal, faleceu no HM 241 em 21NOV72 vítima de ferimentos recebidos em combate (Caboiana)

- Soldado Comando Cecílio Manuel Ferreira Franco, natural de Milharado, Mafra, faleceu em 01FEV73 vítima de acidente com arma de fogo

- 1.º Cabo Comando José Joaquim Teixeira Simão, natural de Rio Maior, faleceu em 01FEV73 vítima de acidente com arma de fogo

- 1.º Cabo Comando Luís Manuel Oliveira Barreiras, natural de Aldeia Velha Santa Margarida, Avis, faleceu em 01FEV73 vítima de acidente com arma de fogo

- Soldado Comando José Luís Inácio Raimundo*, natural de Vila Nova de São Pedro, Azambuja, faleceu em 12MAI73 vítima de ferimentos recebidos em combate (Guidage)

- 1.º Cabo Comando Amândio da Silva Carvalho, natural de Sarzedo, Arganil, faleceu no HM 241 em 10MAR74 vítima de ferimentos recebidos em combate (Sector de Bissau)

- Soldado Atirador José Alexandre Costa, natural de Soio, Vinhais, faleceu no HM 241 em 27ABR74 vítima de ferimentos recebidos em combate (Cantanhês)
____________

Notas de CV:

(*) Vd. postes de:

30 de Outubro de 2006 > Guiné 63/74 - P1223: Soldado Comando Raimundo, natural da Azambuja, morto em Guidaje: Presente! (A. Mendes, 38ª CCmds)

1 de Novembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1232: O soldado comando Raimundo, morto em combate, não foi abandonado em Guidaje (A. Mendes, 38ª CCmds)

13 de Maio de 2008 > Guiné 63/74 - P2840: Efemérides (7): Morrer em Guidaje...Mama Sumé, camarada Comando José Raimundo (Amílcar Mendes, 38ª CCmds)

9 de Dezembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5431: O Nosso Livro de Visitas (73): Doce lembrança do meu tio José Raimundo, da 38ª CComandos, Os Leopardos, natural da Azambuja

6 de Maio de 2011 > Guiné 63/74 - P8232: In Memoriam (76): Isabel Raimundo Conde homenageia seu tio José Luís Inácio Raimundo, Soldado Comando da 38.ª CCOM (morto em combate em Guidaje a 12 de Maio de 1973), no dia do seu 61.º aniversário

Vd. último poste da série de 15 de Outubro de 2011 > Guiné 63/74 - P8910: In Memoriam (94): António Dias das Neves (1947-2001), Sold At Cav, CCAV 2486 (Bula, 1969/70), "o meu herói" (Marisa Neves)

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Guiné 63/74 - P5431: O Nosso Livro de Visitas (73): Doce lembrança do meu tio José Raimundo, da 38ª CComandos, Os Leopardos, natural da Azambuja



1. Isabel Conde, sobrinha do soldado “COMANDO” José Luís Inácio Raimundo, da 38ª Companhia de Comandos “Os Leopardos” (Brá 1972/74), falecido em combate, no dia 12 de Maio de 1973, nas valas de Guidage, enviou-nos uma mensagem em 30 de Novembro de 2009, que passamos a publicar:


Boa tarde,


O meu nome é Isabel Raimundo, e sou sobrinha do soldado José Raimundo, a que se refere o vosso poste P1223, de Outubro de 2006.

O meu tio não era natural da Chamusca, mas sim de Vila Nova de S Pedro, concelho de Azambuja, caso queira rectificar.

Desde já o meu muito obrigado por mencionarem o meu "querido" Tio, sempre com muito respeito e uma lembrança que vai ficar sempre nas vossas memórias, pela pessoa que ele era. Era um homem simples, sincero, amigo do seu amigo e muito genuíno.

O meu muito obrigada a quem dele retrata, um ser humano lindo, que não merecia tal sorte, bem como tantos outros que lá perderam as suas vidas e as suas juventudes. As famílias dos restantes mortos que me perdoem pelo que vou dizer, mas este... era meu, era do meu sangue, e era muitas vezes a minha companhia, o meu amigo, o meu irmão mais velho e, até mesmo, o meu confidente...

Confidente de uma criança, na altura com 10 anos, mas que cresceu, e sempre se recorda dele, tal como o viu partir de sua casa numa madrugada, para embarcar.

As suas últimas palavras ainda hoje soam nos meus ouvidos e dizer-me "Até amanhã, Isa, o tio depois traz-te
um presente. Adoro-te."

Nunca chegou esse presente, mas chegou ele, sem vida, inerte numa caixa enorme, possivelmente, com o seu corpinho muito mal tratado. Mas está connosco, sepultado na sua terra Natal.

Um muito obrigada, aos camaradas e amigos dele, que nunca o largaram e o fizeram chegar junto dos seus, sem vida, é certo... mas está connosco.

Isabel Conde

2. Recordamos a narração do nosso Camarada Amílcar Mendes (1º Cabo COMANDO da 38ª CComandos), descrevendo como faleceu o Raimundo no poste P1205, de 23 de Outubro de 2006:


(...) "12 de Maio de 1973


"Cerca das três horas da manhã rebenta um violento ataque ao destacamento que é de meter medo. O IN deve ter as coordenadas das valas pois o fogo acerta todo dentro das valas. O barulho rebenta com os ouvidos. Dura cerca de 30 m. São centenas de projécteis. É de dar em doido!

"A nossa artilharia responde ao fogo e lá se consegue parar o ataque. Terminado o ataque vamos fazer a contagem e duas vozes não respondem. Um, o Soldado Comando Raimundo, meu camarada de grupo, um moço da [Azambuja] a quem nunca mais ouvirei a sua voz; outro, um soldado condutor que tinha vindo connosco. Ficaram os dois desfeitos na vala com morteirada 120 mm" (...).

3. Também no poste P1223, de 30 de Outubro de 2006, o mesmo Camarada Amílcar Mendes, que se encontrava debaixo do mesmo fogo IN, na zona das fatídicas valas de Guidage, em que faleceu o Raimundo, lhe prestava assim mais uma sentida e justa homenagem:

Guiné > Região do Cacheu > Gr Comb da 38ª Companhia de Comandos > Dia de Natal: 25 de Dezembro de 1972. Subindo o Rio Caboiana, afluente do Cacheu, em LDM... O soldado comando Raimundo está assinalado com um círculo, a verde.


Mensagem do nosso camarada A. Mendes, ex-1º Cabo Cmd da 38ª CCmds (Os Leopardos) (Guiné, Brá, 1972/74).

Luís: A foto que postaste da LDM no Rio Caboiana, faz-me reviver com amargura esse tempo, pelo facto de que, ao olhá-la, gostaria de parar o tempo. Gostaria de parar o tempo porque nela está imagem de alguém que já não está entre nós, alguém que foi uma perca muito dolorosa para todos os camaradas da 38ª Companhia de Comandos.

Na foto o rapaz que está de camisola branca do lado direito, sentado na lateral da LDM, é o meu querido Amigo que perdeu a vida em Maio de 1973 nas valas de Guidaje e a quem eu presto aqui a minha homenagem e a quem com as lágrimas nos olhos grito: JOSÉ LUIS INÁCIO RAIMUNDO, estarás sempre presente no meu coração e nas minhas memórias, que Deus te mantenha do seu lado direito e que, quando eu te voltar a encontrar, tenhas ainda esse sorriso tão simples e sincero que ainda hoje é lembrado na tua terra natal, [a Azambuja]. Descansa em Paz, querido amigo.

Amílcar Mendes

Texto e foto: © Amilcar Mendes (2006). Direitos reservados.

Emblema de colecção: © Carlos Coutinho (2009). Direitos reservados.
__________
Nota de M.R.:

Vd. postes sobre o José L. I. Raimundo em:

30 de Outubro de 2006 > Guiné 63/74 - P1223: Soldado Comando Raimundo, natural da Azambuja, morto em Guidaje: Presente! (A. Mendes, 38ª CCmds)



Vd. último poste desta série em:

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Guiné 63/74 - P5283: Carta aberta ao António Lobo Antunes: que p... é essa de ter talento para matar ? (Amílcar Mendes, 38ª Cmds, 1972/74)

1. Mensagem do Amílcar Mendes , membro da nossa Tabanca Grande (foto à esquerda; o primeiro, de camisa branca, boina e crachá dos comandos, ao lado do nosso co-editor Virgínio Briote, também ele um ex-comando da Guiné(*)

Assunto - Ter talento para matar ou morrer: Carta aberta ao Sr. Lobo Antunes


Luís Amigo, nos intervalos da minha actividade na praça de Lisboa, vou me deliciando a ler algumas pérolas literárias de ex-combatentes (?) acerca da ex-guerra do ultramar, em especial daqueles que, evocando as suas memórias, as vão editando em livro, o que fazem muito bem, até para que a geração actual possa avaliar o que passaram os pais, avós, etc….

Por esse motivo devem aqueles que escrevem ter o cuidado de transmitir tudo o que se passava na guerra. Vejamos: actividade operacional, social, relações com a população, falar se foi justa ou não, sequelas deixadas, os camaradas mortos, as saudades, tudo, mas tudo aquilo que passou deve ser deixado em escrita. Sem nunca sair da realidade, porque estivemos lá milhares e sabemos avaliar a verdade e a mentira e, se a mentira exceder a verdade,. o escritor arrisca-se a cair no ridículo.

Um caiu ! Ó Sr. médico, escritor combatente, Lobo Antunes. Por favor, Sr. Lobo Antunes, apenas peço que me explique a mim, ex-combatente que repetidas vezes olhou a MALVADA nos olhos, que A viu por uma dúzia de vezes levar nas garras os seus camaradas de COMPANHIA, eu que por uma vez A iludi mas ficou a SUA marca,a mim que dormi em bolanhas noites a fio, que em emboscadas intermináveis mijava no camufulado (e que bem sabia o quente) sem me poder mexer, que sentia um medo danado a cada vez que ia para a mata, a mim que comi marmelada com capim, a mim que bebia o mijo dos animais nas raras poças de água na mata, e finalmente a todos os milhares que lá estivemos, gostaria por favor que me respondesse a esta simples pergunta:

- Mas que porra é essa de ter talento para Matar? É como ter talento para Mentir ? Vou pensar que o Senhor é um ficcionista da escrita e como tal inventou tudo o que escreveu. Se é esse o seu caso está perdoado, mas quando escrever mais alguma coisa sobre guerra, peça aconselhamento a alguém sério que lá tenha estado e tenha realmento conhecimento do que foi a guerra e combater nela, não invente demasiado se não ninguém o vai levar a sério.

Bem, mas a pergunta mantem-se para quem souber responder, talvez o Sr. João Silva (**). Mas que raio é ter talento para matar? Uma pista: Os HÉROIS acontecem por acaso,os cobardes vivem com convicção. Desculpe a minha ortografia mas sou um pobre inculto sem pretensões a escritor.

Amílcar Mendes, [taxista na praça de Lisboa,] ex-1ª cabo COMANDO da 38ºCOMPANHIA DE COMANDOS, em 72, 73 e 74 na ex-Guiné Portuguesa.

[ Revisão / fixação de texto / bold a cores / título: L.G.]

____________

Notas de L.G.:

(*) Vd., por exemplo, os seguintes postes de Amílcar Mendes sobre Guidaje, 1973:

22 de Outubro de 2006 > Guiné 63/74 - P1201: A vida de um comando (A. Mendes, 38ª CCmds) (3): De Farim a Guidaje: a picada do inferno (I parte)

23 de Outubro de 2006 > Guiné 63/74 - P1203: A vida de um comando (A. Mendes, 38ª CCmds) (4): De Farim a Guidaje: a picada do inferno (II Parte)

23 de Outubro de 2006 > Guiné 63/74 - P1205: A vida de um comando (A. Mendes, 38ª CCmds) (5): uma noite, nas valas de Guidaje

24 de Outubro de 006 > Guiné 63/74 - P1210: A vida de um comando (A. Mendes, 38ª CCmds) (6): Guidaje ? Nunca mais!...

(**) Referência a João Céu e Silva, autor do Uma Longa Viagem Com António Lobo Antunes (Porto Editora, 2009)

Parece que o pomo da discórdia, as declaarações feitas por A. Lobo Antunes, no México, em Agosto de 2008, está na página 391... Escreve o autor de Uma Longa Viagem..., João Céu e Silva:

(...) Nas várias entrevistas que deu durante a deslocação a Guadalajara [em Agosto de 2008, para receber o Prémio Literário Juan Rulfo], António Lobo Antunes fez uma declaração inédita, que poderá ser parte da solução do mistério sobre um certo episódio em África que se recusou revelar-me:

"Eu tinha talento para matar e para morrer. No meu batalhão éramos seiscentos militares e tivemos cento e cinquenta baixas. Era uma violência indescritível para meninos de vinte e um, vinte e dois e vinte e três anos, que matavam e depois choravam pela gente que morrera. Eu estava numa zona onde havia muitos combates e para mudar para uma região mais calma tinha de acumular pontos. Uma arma apreendida ao inimigo valia uns pontos, um prisioneiro ou um inimigo morto outros tantos pontos. E para podermos mudar, fazíamos de tudo, matar crianças, mulheres, homens. Tudo contava, e como quando estavam motros valiam mais pontos, então não fazíamos prisioneiros" (...).


É preciso recordar que A. Lobo Antunes foi Alferes Miliciano Médico, entre 1971 e 1973, no Leste de Angola, e não na GUINÉ... O tema da guerra colonial é recorrente nos livros e nas entrevistas do escritor... Cite-se, por exemplo uma entrevista dada o ano passadado ao Público... É, quanto a mim, que sou seu leitor (de longa data, mas nem sempre regular - não gosto da palavra 'fã', procuro ser um leitor crítico), uma notável entrevista do escritor de Arquipélago da Insónia (o seu penúltimo livro, acabado de sair), e em que se fala dos temas que lhe são caros e obsessivos: a literatura, a escrita, a infância, a figura do pai, a psiquiatria, as mulheres, a vida, a doença, a morte…

Havia duas referências à guerra colonial nessa entrevista... O escritor tinha passado recentemente por uma situação, bem dura, de combate contra a doença, uma neoplasia. Tudo se relativiza quando um homem ganha este round e se prepara para o próximo… A vida é um combate de boxe contra a morte...

Aqui vai um pequeno excerto:

Lobo Antunes: Como posso eu, cristal, morrer? Entrevista por Anabela Mota Ribeiro. Público. 12.10.2008

(…) [Público: ] Quando digo que tresanda a morte, não digo que me apeteça morrer ou matar-me, ou matar.

[António Lobo Antunes:] Não queria falar sobre isso, mas eu estive na guerra. Matar é muito fácil. Quando o Melo Antunes estava doente, nunca tínhamos falado sobre a guerra e ele começou a falar; a mulher aproximava-se e ele dizia: "Não podemos falar mais." Perguntava-lhe: "Ernesto, porque é que não sentimos culpabilidade?" Assisti e participei em coisas horríveis. E ainda hoje não sinto culpabilidade. Porquê? Ele também não soube responder. É estranho. Porque sinto culpabilidade por ter ferido uma pessoa verbalmente, por ter sido injusto para alguém.

[Público:] Sente culpabilidade por que pensa que vai sobreviver àqueles que estão na mesma sala, à espera da radioterapia.

[António Lobo Antunes:] Sentia-me culpado porque eu ia viver e eles não. Eles eram melhores do que eu. Tinham coragem. Eu estava todo borrado. Li um bocadinho das cartas da guerra, cartas que me oferecia para ganhar o meu respeito; cheguei a ir sentado no guarda-lamas dos rebenta minas. Porque me achava um cobarde e me enojava a cobardia física. Assisti uma única vez ao espectáculo da cobardia física, e é repelente. Os nossos soldados eram miúdos, de 19, 20, 21 anos. Admiráveis. Agora vão para a discoteca, naquela altura iam dar tiros. Iam matar e morrer. Voltando ao livro: o que eu queria era meter lá a vida toda, e não acho que seja triste. Acho que sou agora mais alegre do que era. (…)

Há já mais de duas dezenas de comentários (alguns destemperados, contrários ao espírito do blogue, onde o chamado direito à indignação não pode levar, por seu turno, ao incitamento à violência...) sobre este famigerado tópico do "talento para matar"...

Vd. poste de 6 de Outubro de 2009 > Guiné 63/74 - P5058: In Memoriam (33): Alferes Henrique Ferreira de Almeida, morto em combate em 14JUL68 em Cabedu (J.A. Pereira da Costa)

Ainda sobre o António Lobo Antunes, vd. os seguintes postes publicados no nosso blogue:

6 de Outubro de 2007 > Guiné 63/74 - P2161: Pensamento do dia (12): Camarada, uma palavra que só quem esteve na guerra entende por inteiro (António Lobo Antunes)


(...) "Não morreste na cama mas morreste entre lençóis de metal horrivelmente amachucados na auto-estrada de Cascais para Lisboa e a gente ali, diante do teu caixão, tão tristes. Eras meu camarada, que é uma palavra da qual só quem esteve na guerra compreende inteiramente o sentido: não é bem irmão, não é bem amigo, não é bem companheiro, não é bem cúmplice, é uma mistura disto tudo com raiva e esperança e desespero e medo e alegria e revolta e coragem e indignação e espanto, é uma mistura disto tudo com lágrimas escondidas" (...).

9 de Outubro de 2007 > Guiné 63/74 - P2169: Antologia (63): Zé, meu camarada, eras um dos nossos e cada um de nós um dos teus (António Lobo Antunes, Visão, 4 Out 2007)


30 de Junho de 2008 >Guiné 63/74 - P3003: Blogoterapia (58): Que o País os beije antes de os deitar fora, e lhes peça desculpa (António Lobo Antunes / A. Graça de Abreu)

28 de Outubro de 2008 > Guiné 63/74 - P3375: (Ex)citações (5): Os nossos soldados eram miúdos, de 19, 20, 21 anos. Admiráveis. Iam matar e morrer (A. Lobo Antunes)

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Guiné 63/74 - P5243: Controvérsias (51): Elites militares, estratégia e... tropas especiais (L. Graça / A. Mendes / M. Rebocho / S. Nogueira)

BCP 12 (Bissalanca, 1972/74) > " Caboiana, uma zona muito temida da região de Teixeira Pinto. Um momento de grande alívio quando os hélis nos iam buscar".

BCP 12 (Bíssalanca, 1972/74) > "Frente ao Hospital Militar de Bissau. Sentado no chão, em primeiro plano, o Furriel Ragageles, o homem que capturou o capitão cubano Peralta".

[O capitão Pedro Rodriguez Peralta, capitão do Exército Cubano, de 32 anos, instrutor ao serviço do PAIGC, foi gravemente ferido a 18 de Novembro de 1969, no corredor de Guileje, junto à fronteira com a Guiné-Conacri, no decurso da Op Jove, conduzida por forças pára-quedistas do BCP 12 e destinada a capturar o próprio 'Nino' Vieira. Enviado para Lisboa, foi devidamente tratado no Hospital Militar Principal. Foi julgado emTribunal Militar e condenado em 2 anos e 2 meses de prisão. Depois do 25 de Abril de 1974, o capitão Peralta foi libertado, em troca, ao que parece, por um agente da CIA, preso em Havana.] (LG)

BCP 12 (Bissalanca, 1972/74) > "À direita o Manuel Rebocho e à esquerda o Furriel Palma, ambos da 123" (*)

Fotos e legendas © Manuel Peredo (2008). Direitos reservados.





Título: Elites militares e a guerra de África
Autor: Manuel Godinho Rebocho (**)
Editora: Roma
Local: Lisboa
Ano: 2009
Preço: 18 €

Sinopse: "Esta obra de Manuel Godinho Rebocho, no âmbito da sociologia militar, aborda, de forma detalhada, temas como a formação base das elites militares, a guerra de África e o desempenho na mesma dessas elites e o seu comportamento no pós-marcelismo.

"O trabalho de investigação desenvolvido pelo autor, ao longo de vários anos, teve como fontes de informação fundamentais a análise de inúmeros documentos militares, a sua própria experiência e um vasto número de entrevistas a oficiais do Quadro Permanente.

"Dessa investigação conclui o autor que, no decurso da Guerra de África, os Oficiais do Quadro Permanente foram-se progressivamente afastando do Comando Operacional, para se instalarem nas posições de gestão militar. Desta situação, que considera inusitada, resultaria terem sido os milicianos quem, de facto, comandou as unidades de combate, nos últimos e mais gravosos anos da guerra." (
Roma Editora)


1. Comentário de L.G. (***):

(...) Vi apenas um parte do programa, já não apanhei a Giselda nem o Victor Barata. Ouvi o Manuel Rebocho, que me pareceu ter feito o trabalho de casa, em contrapartida, os donos do programa não devem ter percebido patavina do objecto de estudo da sua tese de doutoramento (a formação das elites militares...), agora passada a livro (ipsis verbis, o que pode ser mau, do ponto de vista editorial e da eficácia comunicacional: uma tese de doutoramento, escrita para fins académicos, pode tornar-se "ilegível", "não amigável", para um público mais vasto, de não-especialistas)...

São dois produtos diferentes: a "tese" e o "livro"... Lá estarei, no dia 17, espero, no lançamento do livro do meu confrade de sociologia e de camarada da Guiné, a quem desejo boa sorte, boa sabedoria e bom senso.(4/11/2009)

2. Outro comentário de L.G. (*):

Tanto quanto percebi a curta intervenção do Manuel Rebocho (cujo livro ainda não li)... Algumas notas que apontei, da entrevista ao Programa Portugal no Coração, RTP1, hoje, das 16h às 18h:

(i) Na Eurona não há doutrina em matéria de estratégia militar; estamos atrasados vários anos em relação à América;

(ii) O Adriano Moreira, que foi o arguente da tese de doutoramento, acha que esta pode contribuir para criar e manter uma fileira de pensamento estratégico militar [, em Portugal];

(iii) As guerras do futuro serão assimétricas;

(iv) Em 1961/74, Portugal enfrentou uma guerra assimétrica: um pequeno grupo de guerrilheiros, emboscava forças 10 vezes superiores em número e equipamento; mas o combate fazia-se apenas ao nível da cabeça da coluna, podendo provocar no máximo meia dúzia de baixas;
(v) Os oficiais de carreira desapareceram da cena de combate, em particular na Guiné: constatou o Rebocho, com surpresa, quando estava a fazer o seu trabalho de investigação;

(vi) As elites (militares) vão ser saneadas com o 25 de Abril;

(vii) As Forças Armadas Portuguesas não estão preparadas para as novas guerras…

(viii) Temos no máximo 12 anos para nos pre´pararmos para as novas guerras assimétricas;

(ix) O entrevistado deu o exemplo da Guiné (onde houve uma certa vietnamização da guerra; de facto, em Angola, na sua 1ª comissão, ele não deu um tiro, já na Guiné travou alguns duros combates): havia tropas de quadrícula, que estavam estacionadas num aquartelamento; tinham um posição essencialmente defensiva; as verdadeiras tropas de intervenção (pára-quedistas) estavam em Bissau; quando a guerra se acendia num dado sítio, eram como os bombeiros, iam lá, helitransportados, e apagavam o fogo, regressando a Bissau; as tropas de quadrícula é que podiam sofrer de stresse pós-traumático de guerra (SPTG), devido ao isolamento e à saturação;

(x) os pára-quedistas, não, não sofrem de SPTG; além disso, tinham uma ideologia profissional que os levava a respeitar os prisioneiros: um prisioneiro inimigo nunca se maltrata, tal como um camarada, morto ou ferido, nunca fica para trás...

(xi) O Rebocho dá ainda o exemplo do Cantanhez, no sul da Guiné, em cuja reconquista e reocupação, em finais de 1972/princípios de 1973, esteve empenhado o BCP 12: havia lá uma "tribo muito aguerrida" (nalus ? balantas ?) que combatiam a três, quatro metros, e que deram muito trabalho aos páras; nas outras zonas, os guerrilheiros do PAIGC atacavam à distância de 80/100 metros...

(xii) Em suma, o BCP 12 funcionava como um corpo de bombeiros: eram chamados para apagar os grandes incêndios (Gandembel, Guileje/Gadamael, Guidaje)...

(xiii) Não me parece que ele tenha mencionado Guileje... Fica o pedido de esclarecimento para o dia 17, na sede da Associação dos Deficientes das Forças Armadas, no Lumiar, em Lisboa... Até lá, um Alfa Bravo para o Rebocho, que me pareceu bem, no programa, calmo e sereno. (5/11/2009)
[Obs - Manuel Rebocho, ex-Sargento Pára-quedista da CCP 123/BCP 12, (Guiné, Maio de 1972/74), hoje Sargento-Mor Pára-quedista, na Reserva, e doutorado pela Universidade de Évora em Sociologia da Paz e dos Conflitos. Tese de doutoramento: "A formação das elites militares portuguesas entre 1900 e 1975" (agora publicada em livro)] (****)


3. Mail, de 5/11/2009, do Amílcar Mendes, ex-1º Cabo Comando, 38ª Cmds (Brá, 1972/74) (*****):.

Amigo Luís Graça e co-editores do blogue: De vez em quando dou à costa e sabes, Luís, que quando o faço é porque as barbaridades incomodam-me! E mais, quando vêm de pessoas que se armam para quem nada percebe do assunto.

É o seguinte; Ontem, dia 4 de Novembro de 2009, pelas 17h30, estava a fazer zapping quando na RTP-1 me deparei com um senhor, que não sei quem é, e que apresentava um livro ao João Baião sobre a guerra colonial. Dizia o DITO Senhor que tinha sido pára-quedista, que tinha estado em Angola e depois foi para a Guiné em Maio de 1973.

Até aqui tudo bem, Luís, nada de grave. Disse ter estado no CANTANHEZ com a companhia dele. Falou de emboscadas e tiros. Nada de novo para mim, também lá estive e só numa emboscada tivemos um morto, um ferido grave, paraplégico mais tarde, etc. etc.

Mas a mim o que me fez abrir a boca de espanto foi esse Senhor dizer textualmente e ouvi bem :

"A ÚNICA TROPA QUE NÃO TRATAVAVA MAL OS PRISIONEIROS ERAM OS PARA-QUEDISTAS!"

Caí de cú! Eu sei que não tratavam mal porque trabalhei na mata com Pára-quedistas, por quem tenho muita admiração e onde tenho amigos... Mas com que conhecimentos é que esse Senhor falava para implicitamente dizer que outras tropas tratavam mal?

Amigo Luís, apenas te peço que publiques este mail para ver se alguém ouviu ou conhece esse Senhor, pois eu não captei o nome . Se alguém souber, comunique –me pois gostava de saber, e só saber de que purista veio essa afirmação.

Fico a pensar: ser tropa especial, dar tiros e poder matar, e a seguir? Mandava as condolências à família? Ia ao funeral? Senhor, apareça e explique-me por favor quem eram as tropas que torturavam os prisioneiros do PAIGC?!

Um abraço a todos os Bloguistas

Amílcar Mendes

38ª Companhia de Comandos na Ex-Guiné Portuguesa

4. Mail enviado por L.G., como editor, ao visado, Manuel Rebocho:

Manuel: Fazendo a prolifaxia do conflito... Queres esclarecer melhor o teu pensamento sobre este ponto ? É uma questão sensível... Não ideia de teres dito que os Páras eram os ÚNICOS que não maltratavam os prisioneiros... Mas estamos sempre a ser traídos pelas palavras... Publico, junto com a tua resposta...

O Amílcar Mendes foi 1º Cabo Comando, 38ª Cmds (1972/74)... É um rapaz, lisboeta, taxista, temperamental, sensível, um bom camarada... Esteve depois do Regimento de Comandos, Amadora, com o Jaime Neves. Fez o 25 de Novembro. Saiu já no final da década de 1970 ou princípios de 1980. Um abraço. Luis.


. Resposta do M.R., com data de 6/11/2009:

Meu caro Luís.

A frase a que parece quereres-te referir tem que ser enquadrada no seu próprio contexto.

Pelo que eu percebi, a coordenação do programa procurou alguma coisa que eu tivesse afirmado e chegou ao nosso blogue e preparou uma pergunta sobre a minha afirmação de que “a guerra em que eu participei foi violenta mas humana”. Questão tratada no nosso blogue.

O João Baião perguntou-me o que era isso de “violenta mas humana” e eu respondi-lhe que um dos exemplos de “humana” demonstrava-se no facto dos “pára-quedistas não tratarem mal os prisioneiros”.

Não me referi que eram só os paras, nem só estes nem só aqueles.

Não sei te tens presente, mas chegaram-me a tratar de "hipócrita", no blogue, pela forma como defini a guerra em que participei. Nunca me referi nem me refiro a ninguém, só falei e falo de mim.

Pelo que cada um, é que deve meditar no assunto, que se tem que colocar, onde julgue ser o seu lugar. Nesta matéria, cada um sabe de si: do que fez e do que viu ou deixou fazer.

Quanto ao “esticar” as minhas palavras para outros assuntos, é da responsabilidade de quem o fizer. Eu não falei em mais ninguém, nem insinuei nada, para além de mim próprio.

Sou hoje empresário na Guiné-Bissau onde sou estimado, depois, naturalmente, da “Secreta Guineense me ter feito a Ficha”. Pelo que o meu passado está esclarecido. Quanto aos outros! Cada um sabe de que, e o porquê de que se sente.

Um abraço

Manuel Rebocho

6. Comentário do nosso leitor S. Nogueira:

Não serão de esquecer ou escamotear as operações das Tropas Pára-quedistas com planeamento continuado e com algum enquadramento estratégico: no Leste de Angola, a partir de 1967 - na zona de Ninda-Sete-Chiume e depois, na região do alto curso do R Cassai onde, estacionada em Ninda e depois em Léua, operava em permanência uma Companhia, sem prejuízo de intervenções avulsas em zonas adjacentes ou afastadas;

(ii) no Norte de Angola, onde operava uma Companhia, com base variável mas com persistência ou reiterada intervenção em áreas de tradicional resistência - Canacassala, Toto-R. M'Bridge, toda a região dos Dembos e Serra do Uíge, etc;

(iii) em Moçambique, no planalto de Mueda e na Serra Mapé onde, a partir de 1968 passaram a estar estacionadas, em Mueda e Macomia, duas Companhias que operavam naquelas regiões, também sem prejuízo de acções pontuais em àreas adjacentes ou outras e sem considerar a intervenção na zona de Tete;

(iv) na Guiné, a repetida pressão a que as Companhias do BCP12 sujeitavam Unidades conhecidas do PAIGC ou certas regiões, por vezes durante períodos consideráveis e com alcance estratégico geral.

A presença e actividade planeada daquelas sub-unidades nas referidas zonas não impedia outras acções inopinadas de assalto e destruição -de facto mais frequentes na Guiné- e que podiam ser desempenhadas também pela(s) Companhia(s) que estivessem entretanto aquarteladas na Base.

S. Nogueira


7. Esclarecimento posterior (10/11/209, às 8h56) pelo nosso camarada Miguel Pessoa, Cor Pilav Ref (que esteve em Bissalanaca, BA 12, 1972/74):

Caro Luís: Depois dum comentário que li no blogue em que alguém punha em causa declarações do SMor Rebocho na RTP, estive a rever a gravação. O Rebocho apenas diz que "as tropas pára-quedistas tinham uma filosofia muito própria, nunca maltrataram os prisioneiros". Ora com isto não quis dizer que tenham sido os únicos a ter este comportamento, apenas abre a porta a que outros possam ter tido um comportamento diferente (o que, aqui e ali, sabemos ter sucedido).

Um abraço. Miguel Pessoa

_____________

Notas de L.G.:

(*) Vd. poste de 27 de Julho de 2008 > Guiné 63/74 - P3095: Tabanca Grande (81): Manuel Peredo, Fur Mil Pára-quedista, CCP122/BCP 12 (Guiné, 1972/74)

(**) Vd. poste de 29 de Outubro de 2009 > Guiné 63/74 - P5180: Agenda Cultural (39): “Elites Militares e a Guerra de África”, de Manuel Rebocho: 17 de Novembro, às 18h00, sede da ADFA - Lisboa

(***) Vd. poste de 4 de Novembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5207: Agenda Cultural (40): Os nossos camaradas Giselda Pessoa, V. Barata e M. Rebocho, hoje, 16h, RTP1, Portugal no Coração

(****) Vd. alguns postes do Manuel Rebocho, publicado no nosso blogue:

14 de Junho de 2006 > Guiné 63/74 - P877: Nós, os que não fazemos parte da história oficial desta guerra (Manuel Rebocho)"

28 de Junho de 2006 > Guiné 63/74 - P919: Vamos trasladar os restos mortais dos nossos camaradas, enterrados em Guidage, em Maio de 1973 (Manuel Rebocho)

21 de Setembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1099: O cemitério militar de Guidaje (Manuel Rebocho, paraquedista)

4 de Outubro de 2006 > Guiné 63/74 - P1150: Carta a Pedro Lauret: A actuação do NRP Orion na evacuação das NT e da população de Guileje, em 1973 (Manuel Rebocho)

5 de Outubro de 2006 > Guiné 63/74 - P1151: Resposta ao Manuel Rebocho: O papel do Orion na batalha de Guileje/Gadamael (Pedro Lauret)

17 de Outubro de 2006 > Guiné 63/74 - P1187: Guidaje: soldado paraquedista Lourenço... deixado para trás (Manuel Rebocho)

22 de Janeiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1453: Ninguém fica para trás: uma nobre missão do nosso camarada ex-paraquedista Manuel Rebocho

28 de Dezembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3674: Em busca de... (59): Ex-combatentes do BCAÇ 4616/73 (Manuel Rebocho)

16 de Julho de 2009 > Guiné 63/74 - P4694: Meu pai, meu velho, meu camarada (6): Ex-Cap Pára João Costa Cordeiro, CCP 123/ BCP 12 (Pedro M. P. Cordeiro / Manuel Rebocho)

(*****) Vd. alguns dos postes de Amílcar Mendes:

22 de Outubro de 2006 > Guiné 63/74 - P1201: A vida de um comando (A. Mendes, 38ª CCmds) (3): De Farim a Guidaje: a picada do inferno (I parte)

23 de Outubro de 2006 > Guiné 63/74 - P1203: A vida de um comando (A. Mendes, 38ª CCmds) (4): De Farim a Guidaje: a picada do inferno (II Parte)

23 de Outubro de 2006 > Guiné 63/74 - P1205: A vida de um comando (A. Mendes, 38ª CCmds) (5): uma noite, nas valas de Guidaje

24 de Outubro de 006 > Guiné 63/74 - P1210: A vida de um comando (A. Mendes, 38ª CCmds) (6): Guidaje ? Nunca mais!...

Vd. também poste de 10 de Junho de 2009 > Guiné 63/74 - P4496: A Tabanca Grande no 10 de Junho de 2009 (4): O abraço de dois comandos, V. Briote (1965/66) e A. Mendes (1972/74) (Luís Graça)

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Guiné 63/74 - P4496: A Tabanca Grande no 10 de Junho de 2009 (4): O abraço de dois comandos, V. Briote (1965/66) e A. Mendes (1972/74) (Luís Graça)

Dois homens dos comandos que ainda hoje vivem, à sua maneira, a mística dos comandos: o Virgínio Briote, nosso co-editor, dos velhos comandos de Brá (1965/67) e o Amílcar Mendes, da 38ª CCmds (1972/74)... Tive o grato prazer de lhe dar, a este útimo, o Alfa Bravo (abraço) que nos faltava... Conhecíamo-nos apenas do blogue, dos mails, do telefone...

Fotos: © Luís Graça (2009). Direitos reservados
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Notas de L.G.:

Vd. postes anteriores desta série:

10 de Junho de 2009 > Guiné 63/74 - P4493: A Tabanca Grande no 10 de Junho de 2009 (1): Estes sons que ainda mexem connosco (Luís Graça)

10 de Junho de 2009 >Guiné 63/74 - P4403 - P4494: A Tabanca Grande no 10 de Unho de 2009 (2): Cabral só há um, o de Missirá e mais nenhum (Luís Graça)

10 de Junho de 2009 > Guiné 63/74 - P4495: A Tabanca Grande no 10 de Junho de 2009 (3): O pira de Mansoa, ranger, praticante de desportos radicais... (Luís Graça)

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Guiné 63/74 - P4233: Bandos... A frase, no mínimo infeliz, de um general (16): Direito à indignação (Amílcar Mendes)

1. Em resposta a esta mensagem de Mário Pinto, com data de 26 de Março de 2009.... 

Mario Pinto ex-Furriel Miliciano da Cart 2519, Buba, Mampatá, Aldeia Formosa. Ontem ao ver o programa Guerra do Ultramar na RTP1, fiquei indignado e com a falta de respeito do Sr. General Almeida Bruno em relação aos nossos camaradas militares conhecidos pele tropa macaca como BANDO que se limitavam a estar presentes dentro do arame farpado. 

Sr. General, é preciso ter descaramento e ser insultuoso para criticar os nossos bravos militares que tão abnegadamente serviram a Pátria em condições de inferioridade tática material e desconhecendo o inimigo que defrontava porque tiveram uma instrução deficiente que é da sua responsabilidade e dos quadros de oficiais superiores que nos comandavam entre aspas porque estes sim é que estavam no arame farpado. V. Exa. Sr. General já se esqueceu que a guerra fora do arame farpado era comandada pelos milicianos e graças a eles lá fomos adiando o fim do Império Colonial. Para terminar só posso acrescentar que fui ferido em combate e não dentro do arame farpado, louvado e premiado por actos de coragem e não foi dentro do arame farpado. 

 Cumprimentos, camarada Luis Graça ex-Furriel Mário Pinto.


2. Recebemos de Amílcar Mendes a seguinte mensagem, com data de 26 de Março:

Amigo Mário Pinto, 

Entendo a sua indignação. Vi a entrevista e também acho que houve algum excesso. Conheco o Sr. General Almeida Bruno, comandou o meu Batalhão na Guiné, não venho defendê-lo e nem ele precisa, mas pode querer que como tropa especial nunca eu ou os camaradas com quem trabalhei no TO, tivemos a mais leve desconsideração pela tropa a quem chamavam de "tropa normal". Pelo contrário, sempre os respeitei e admirava o sacrifício de sobreviver dia a dia nas condições mais miseraveis, enterrados em destacamentos no cú de judas, em que o único passatempo era contar os rebentamentos e contabilizar os estragos. Com armamente rudimentar faziam milagres frente ao inimigo, e se não faziam melhor era porque a instrução que recebiam era muito rudimentar. Apenas lhe dou um exemplo: o destacamento que vivia na ponte de CAIUN, na estrada de Piche -Buruntuma é exemplo do que a "tropa Normal" passava, e acredite amigo Mario Pinto que dentro da tropa "especial" havia muito manjerico que nem na tropa normal se safava. Quanto ao comentário do Sr. General, às vezes "no melhor pano cai a nódoa". 

 Um grande abraço do Amilcar Mendes Ex-1.º Cabo Comando.3. 

3. Em resposta a esta mensagem de Magalhães Ribeiro, com data de 4 de Abril de 2009... 

Boa tarde Amigos bloguistas, 

Quem não viu/ouviu o programa do Joaquim Furtado, tem que ouvi-lo na totalidade para analisar o contexto em que as palavras foram proferidas pelo Sr. General Almeida Bruno. Eu penso que vi/ouvi bem o dito programa, embora na altura tinha junto de mim o meu filho e a minha mulher a conversar e posso ter deturpado o sentido da tão discutida frase. 

 Reparem que nadíssima me move contra o general A.B., pois eu considero-me seu amigo pessoal há uns anos a esta parte, tendo até várias fotos (uma delas podem vê-la no meu blogue) e o seu cartão de visita. No entanto, o silêncio do general (que eu saiba o mesmo ainda não disse nada acerca da sua entrevista), sobre esta gravíssima matéria é comprometedor, pelo que ele duplamente simboliza: quer como oficial superior do Exército Português, quer como militar prestigiado e condecorado aos mais elevado níveis, como ex-Combatente do Ultramar. 

 Quem não se sente não é filho de boa gente, e estou à espera que ele a qualquer, face à grande contestação da malta (nomeadamente junto da Liga dos Combatentes), se pronuncie sobre a verdade dos factos, isto é sobre o que realmente nos quis transmitir com aquelas palavras. Na quase certeza absoluta que ouvi bem o que ele disse, e face à ira dos ex-Combatentes e à surpresa gerada entre os esforçados e sacrificados COMANDOS (em especial aquela que eu melhor conheci a 38.ª Cia.), que o general omitiu na entrevista vá-se lá saber porquê, aguardemos pelos próximos episódios. Hoje anexo o restante texto que completa o post 4126, e a que dei o título de: As origens dos bandos da Guiné. No fundo do anexo podem ler uma primeira reacção do nosso camarada bloguista John Bonifácio (João). Um grande abraço amigo do MR


4. Recebemos esta outra mensagem de Amilcar Mendes, com data de 5 de Abril de 2009:

Amigo Magalhães Ribeiro, Na altura da conversa do Sr. General Almeida Bruno sobre os "BANDOS" tentei de imediato pôr água na fervura porque adivinhei o que ai vinha. 

Sempre que aqui no Blog me refiro a alguém faço-o sempre reportando-me à condição de ex-combatente e nessa perspectiva admiro o sr. General Almeida Bruno. Por isso disse que no melhor pano cai a nódoa. Quanto ao facto de ele na entrevista ter omitido os COMANDOS ao qual eu acho o Sr. General tem orgulho em pertencer,  é um mistério para mim pois se foram os Comandos que lhe proporcionaram as mais altas codecorações do Exército Português , designadamente na célebre operação em Combamory onde o então Alferes Marcelino da Mata evidenciou. 

Não me cabe a mim adivinhar o porquê dessa omissão mas como COMANDO acho foi uma boa "cagada", não por achar que também a minha companhia (38.ª de Comandos) terá sido um bando mas por achar que o Sr. ofendeu a memória de todos os COMANDOS AFRICANOS que foram fuzilados só por o terem sido. Foram esses Comandos, comandados então pelo Sr. General lhe deram a glória de ser condecorado. 

Finalmente como o Sr. General nos comandava e se não sabiamos o que fazíamos, bem... então e ele?... Apreciando a entrevista acho que o Sr. General se queria referir só às chefias mas mesmo assim... 

 Um abraço a todos os bloguistas do Amilcar Mendes Ex-1.º Cabo Comando 38.ª CIA CMDS __________ 

 Nota de CV: 

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Guiné 63/74 - P3352: O meu baptismo de fogo (17): Morés, 8 Agosto de 1972 (Amílcar Mendes, 38ª CCmds)

1º Cabo Amílcar Mendes, 38ª CCmds. Mata de Morés. 1972.

(...) embora à distância de um clicar continuo a acompanhar o nosso blogue diariamente. Porque me emocionei com alguns relatos da "primeira vez" decidi, e por homenagem a um grande amigo, de quem irei falar mais tarde, partilhar convosco a minha primeira vez. Desta vez, e porque não quero melindrar ninguém, alguns nomes serão alterados.

Acho que a partir do momento em que me ofereci voluntário para os Comandos no já longínquo ano de 1969 fiquei a sonhar como seria a minha primeira vez.

Sonhava de olhos abertos e revia-me em todos os filmes de guerra. Imaginava-me o tipo duro que debaixo de fogo iria estar a rir-se e a desdenhar sem nenhum respeito pelo inimigo. Sonhava ser o tipo Mata todos e volta só!

Isto claro na minha ingenuidade dos 18 anos cheirava a bravata, e contagiado pelos relatos que ia lendo das tropas especiais que lutavam no Vietname e que me enchiam a cabeça de fantasia. Ser dos Comandos antes do 25 de Abril, no continente era tabu, era mistério e sedução para os meus 18 anos.Nem eu imaginava como ira ser diferente essa realidade.

Tenho que elucidar que, naqueles anos de guerra colonial, ir para os Comandos e conseguir sê-lo, obrigava a ter que passar por muitas etapas. Uma delas era de que mesmo com o curso de Comandos concluído e já na fase operacional, a especialidade Comando só era averbada depois de termos tido contacto com o Inimigo em teatro de guerra e nem que isso demorasse um ano tínhamos de aguentar para só depois em parada recebermos o Crachá.

A sua entrega em parada tinha um cerimonial e onde um graduado Comando nos perguntava a berrar:
- Queres ser Comando? - e se a nossa resposta era Sim, ele respondia:
- Então vai e cumpre o teu dever!

E era nesse momento que nós passávamos a pertencer a uma Família de quem nos iríamos orgulhar pela vida fora e até a morte. Bem, isto tem muito a ver com a vontade que tínhamos em ter contacto com o IN para nos armarmos em vaidosos com o crachá.

Cheguei à Guiné no dia 29 de Junho de 1972 e depois de uns dias de folga em Bissau onde a CCmds esteve a receber o armamento, no dia 10 de Julho 1972 seguimos em coluna com destino a Mansoa. Nesse mesmo dia encontrei o meu amigo Germano, 1ªcabo cripto e um velho amigo de família com quem eu passei muitos dos serões em Mansoa nos intervalos da fase operacional.

Lembras-te, Germano, como aquilo foi duro para mim? Lembras-te de eu regressar das operações do Morés e como desabafava contigo?

Antes de passar ao debaixo de fogo quero aqui recordar, e tu lembras-te, Germano, pois estavas ao pé de mim, dizia eu recordar o meu primeiro contacto nu e cru com essa malvada chamada morte e que se me apresentou da forma mais cruel que se possa imaginar. Para o contar vou relembrar o que na altura escrevi no meu diário de guerra.

15 Julho de 1972

Estava à conversa com o Germano junto à nossa caserna quando ouvimos um tiro vindo do interior. Corri para lá e de repente nesse minuto ao olhar um corpo no chão vítima de um disparo acidental perdi toda a minha inocência guerreira e acho que um mundo de responsabilidade e verdade se abateu sobre os meu ombros. Foi a primeira baixa da companhia. O soldado Ilídio da Costa Moreira.

Depois de sair para fora da caserna senti-me agoniado e vomitei e senti que tudo o que me foi ensinado no curso foi pouco para lidar de frente com a morte.

8 Agosto de 1972

Saí ontem para uma operação heli-transportada, a partir de Mansoa e até ao local da largada. O Germano foi dar-me um abraço.

Desembarcámos na mata do Morés na região DANDO -QUENHAQUE-SINRE. A operação foi um golpe de mão num aldeamento onde as populações estavam sob controlo IN e o objectivo foi atacar e destruir as instalações para criar um clima de instabilidade.

Entrámos no aldeamento e estava vazio. O silêncio era impressionante, notava-se que o IN à nossa aproximação fugiu do aldeamento. Começámos a passar revista ás tabancas a de repente ouve-se um tiro. Um furriel do meu grupo detecta um turra emboscado e mata-o. Durante a revista apanhámos diverso material de guerra e documentos. Destruímos 10 palhotas e 2 grandes celeiros.

Saímos do aldeamento e mesmo na saída caímos na primeira emboscada em guerra.

Sofremos fogo concentrado de flgelação. Foi um momento de excitação para mim. É a primeira vez que estou debaixo de fogo do IN. Reagimos à emboscada, fomos para cima deles e saímos do local.

Nesse mesmo momento outros dois grupos da Companhia são emboscados perto de nós e têm um morto. Foi o nosso primeiro morto em combate. O camarada Francisco José, natural de Évora.

Começámos a andar em direcção ao local de recuperação que já não era em heli. Tivemos que andar dúzias de km em direcção a Infandra. A um dado momento desfaleci. Valeu-me uma coramina para me recompor. Pelo caminho entrámos noutro aldeamento onde fomos recebidos com rajadas de kalash.

Nessa aldeia levei um banco que o meu amigo Germano (lembras-te?) trouxe para a metrópole. Chegámos à estrada, perto de Infandra, já muito tarde e a recuperação ficou para de manhã.

Durante a noite os mosquitos iam-me bebendo o sangue todo.

Duração da operação: 24 horas

Resultados:

- IN: 1 morto e vários feridos, visto terem sido encontrados vários rastos de sangue;
- NT: 1 morto e 1 ferido ligeiro
- Destruído um acampamento de 10 palhotas e vários celeiros
- Material capturado:

2 Granadas defensivas F-1
1 anadas defensivas modm 63
Documentos e material diverso

E esta foi a minha primeira vez, Amigo Luís, e como vez foi um bocadito para o duro.

Quero agradecer ao Germano toda a disponibilidade que nesse tempo para me apoiar. Obrigado AMIGO.


Amilcar Mendes
ex-1ªcabo COMANDO
38ºCCmds
Guiné
__________

Notas de vb:

1. O Amílcar Mendes, em 2 Novembro de 2005, apresentou-se assim na nossa Tabanca Grande:

"assentei praça em Outubro de 1971 no antigo RAL1. Ofereci-me para os Comandos onde cheguei em Dezembro de 1971 (CIOE/ Lamego). Completei o curso em Junho de 1972, mês a que cheguei à Guiné, a 26. Iniciei a 2ª parte do curso em Mansoa, na mata do Morés, onde tive o primeiro contacto com o IN. Recebi o crachá de Comando em Agosto, com o posto de 1º cabo.

Em Fevereiro de 1974 terminei a comissão mas só regressei a Portugal em Julho de 1974."

2. Artigos da série e relacionados em´


24 Outubro de 2008 > Guiné 63/74 - P3350: O meu baptismo de fogo (16): Catió, 10 de Março de 1969 (António Varela)

1 de Julho de 2008 > Guiné 63/74 - P3009: Com sangue na guelra: Nós e a mística dos comandos da 38.ª, em Mansoa (Belarmino Sardinha)

terça-feira, 13 de maio de 2008

Guiné 63/74 - P2840: Efemérides (7): Morrer em Guidaje...Mama Sumé, camarada Comando José Raimundo (Amílcar Mendes, 38ª CCmds)



Guiné > Região do Cacheu > Gr Comb da 38ª Companhia de Comandos > Dia de Natal: 25 de Dezembro de 1972. Subindo o Rio Caboiana, afluente do Cacheu, em LDM... O soldado comando Raimundo está assinalado com um círculo, a verde. Foto: © Amilcar Mendes (2006). Direitos reservados.

1. Mensagem do Amílcar Mendes, recebida hoje:

Assunto - Um trágico aniversário

Amigo Luís Graça, se me for possível gostaria aqui de recordar que passam hoje, dia 13 de Maio (que coincidência!) 35 anos sobre os trágicos acontecimentos de Guidaje e prestar aqui uma sentida homenagem a todos quanto combateram e cairam em Guidaje, mas em especial relembrar o meu camarada Coamndo José Luís Inácio Raimundo que morreu neste dia num ataque, nas valas de Guidaje (1).

Amigo Zé, apenas para te dizer: Até quando Deus queira! Mama Sumé!

Amílcar Mendes, 38ª CCmds

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Nota dos editores:

(1) Vd. poste de 30 de Outubro de 2006 > Guiné 63/74 - P1223: Soldado Comando Raimundo, natural da Chamusca, morto em Guidaje: Presente! (A. Mendes, 38ª CCmds)

Vd. ainda:

22 de Outubro de 2006 > Guiné 63/74 - P1199: A vida de um comando (A. Mendes, 38ª CCmds) (1): Sete anos de serviço

22 de Outubro de 2006 > Guiné 63/74 - P1200: A vida de um comando (A. Mendes, 38ª CCmds) (2): Um dia de Natal na mata de Caboiana-Churo )

22 de Outubro de 2006 > Guiné 63/74 - P1201: A vida de um comando (A. Mendes, 38ª CCmds) (3): De Farim a Guidaje: a picada do inferno (I parte)

23 de Outubro de 2006 > Guiné 63/74 - P1203: A vida de um comando (A. Mendes, 38ª CCmds) (4): De Farim a Guidaje: a picada do inferno (II Parte)

23 de Outubro de 2006 > Guiné 63/74 - P1205: A vida de um comando (A. Mendes, 38ª CCmds) (5): uma noite, nas valas de Guidaje

24 de Outubro de 006 > Guiné 63/74 - P1210: A vida de um comando (A. Mendes, 38ª CCmds) (6): Guidaje ? Nunca mais!...

sábado, 19 de abril de 2008

Guiné 63/74 - P2775: Diários de um Comando: Gampará (Ago-Dez 1972) (A. Mendes) (3): Nem só de guerra vive um militar



Guiné > Zona Leste > COP7 > Margem esquerda do RCorubal > Gampará > 1972 > "Nunca como aqui rapei fome" (AM)...

Guiné > Zona Leste > COP7 > Margem esquerda do RCorubal > Gampará > 1972 > "Em Gampará com o meu grande amigo Furriel Cmd Ludgero dos Santos Sequeira, a quem mais tarde na picada do Cufeu (outra vez) numa mina iria ficar às portas da morte, ficando quase cego até aos dias de hoje. Continuamos grande amigos.Um abraço para ti, Sequeira!" (AM).

Foto: ©
Amilcar Mendes (2007). Direitos reservados.

1. Texto do Amílcar Mendes, ex-1º Cabo Comando, 38ª CCmds (Guiné, 1972/74), cumprindo o seu compromisso connosco (1) de dar continuidades às suas crónicas de Gampará (2).

Diários de um Comando > Gampará (Setembro - Outubro de 1972) > Nem só de guerra vive um militar (3)

por Amílcar Mendes

(Subtítulos: L.G.)

(i) A cerveja de marca Mijo

Em Gampará não existe gerador. As noites são mesmo noite e, tirando umas chamas improvisadas nas garrafas de Cristal, nada se vê. No arame farpado duplo, os sentinelas esfregam os olhos para tentar distinguir vultos junto ao arame farpado. Pendem do arame centenas de garrafas de cerveja vazias que são o último grito em tecnologia de alarme.Nesta terra do nada, nada há.Temos uns bidões vazios, fizemos umas caleiras em chapa para apanhar a água da chuva e é dessa água que enchemos os cantis e nos lavamos.

A população beafada, embora seja muito hospitaleira, é muito ciosa das suas coisas e não abre mão dos animais, somos então obrigados a ir ao desenrasca até porque já atingimos a saturação dos petiscos de Gampará: cubos de marmelada com bianda, bacalhau liofilizado com bianda, chouriço intragável com bianda e tudo acompanhado por cerveja com temperatura ao nível do mijo... Dizia-se então em Gampará quando os hélis vinham trazer mantimentos, que vinham entregar cerveja marca Mijo. Assim se vive em Gampará!

(ii) Feliz Natal e um Ano Novo cheio de 'propriedades'...

Todas as noites e sempre à mesma hora, na ausência de música, ficamos entretidos a tentar contar as morteiradas que brindam o destacamento do Xime! Ficamos à espera quando acaba lá e os tubos sejam virados para o nosso lado... Nunca na Guiné atingi um estado de magreza igual. Nunca na Guiné as condições de vida foram tão miseráveis.

Entramos no mês de Outubro e vei-o cá uma equipa da Emissora Nacional para gravar as mensagens de Natal para a nossa família. Não foi fácil .Todos íamos para um canto repetir vezes sem conta: Queridos Pais, irmão e irmãs e restante familia, dezejamos um Natal feliz e um Ano cheio de 'propriedades'!... Esta ultima palavra era emendada mil vezes, que isto com os nervos e emoção não é fácil !

E como a ladainha era igual para todos, só muito depois é que muitos se lembravam que só tinham irmão ou irmãs, mas isso não era probolema. Estavam presentes as Senhoras do Movimento Nacional Feminino. Animavam-nos porque a meio da mensagem muitos desatavam a chorar. Uma das Senhoras era de uma simpatia sem igual.(Só anos mais tarde soube que era a Cilinha!) .

(iii) O dia mais feliz: quando chegava a LDG com as 'meninas' de Bissau...



Em Gampará um dia verdadeiramente feliz para os militares era quando chegava a LDG e vinham as meninas de Bissau trazidas pelo Patrão, e que tinham por missão aliviar o stress do pessoal.

As meninas chegavam, instalavam-se numa tabanca, o pessoal passava pelo posto de enfermagem (?), recebia o sabão asséptico, o tubo da pomada para meter pelo coiso acima a seguir ao acto... Entretanto formava-se a bicha e trocavam-se larachas para matar o tempo, do tipo Quando chegar a minha vez com tanta gente, 'aquilo' parece o arco da Rua Augusto!.

A seguir era rezar para que o esquenta não aparecesse...


(iv) O nosso regresso a Bissau


19 de Outubro de 1972. Soubemos hoje que metade da 38ª CCmds regressa amanhã e outra metade irá permanecer aqui a fim de dar o treino operacional à CCAÇ 4142 até 3 de Novembro de 1972. O meu Grupo de Combate será um dos que regressa.

Gampará, com todas as privações, teve o mérito de reforçar ainda mais os laços de amizade e confiança da 38ª CCmds. Aprendemos na privação a dar valor às pequenas coisas que a vida nos dá. A amizade entre os praças, sargentos e oficiais é na 38ª CCmds visivél a quem observa a Companhia de fora. Essa amizade irá refletir-se em diversas ocasiões e irá levar a Companhia a muitos sussecos na actividade operacional.

20 de Outubro de 1972. Pela MSG imediata 3831/c , a 38ª CCmds regressa a Bissau, donde segue para Mansoa para um peróodo de descanço, ficando apenas a realizar segurança imediata ao Aquartelamto. (Esse período de descanso só durou três dias, logo aseguir correram conosco para Teixeira Pinto, de tão má memória para a 38ª CCmds)

Amílcar Mendes
1º Cabo Comando
38ª CCmds

Guiné 72-74


PS - Com um abraço para ti, Luís, e todos os tertulianos e continuarei aqui.
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Notas de L.G.:

(1) Vd. poste de 10 de Abril de 2008 > Guiné 63/74 - P2742: Blogoterapia (46): Promessa de comando: vou retomar as minhas crónicas de guerra (Amílcar Mendes, 38ª CCmds)

(2) Vd. postes anteriores:

7 de Julho de 2007 > Guiné 63/74 - P1930: Diários de um Comando: Gampará (Ago-Dez 1972) (A. Mendes) (1): Um sítio desolador

(...) "Gampará à vista! Desolador! O quartel é só tabancas que a tropa divide com a POP, arame farpado a toda a volta e uma dúzia de torreões com sentinelas. É aqui que iremos viver até quando calhe" (...).

16 de Julho de 2007 > Guiné 63/74 - P1956: Diários de um Comando: Gampará (Ago-Dez 1972) (A. Mendes) (2): Passa-se fome, muita fome

(...) "Tivemos problemas sérios com a população. O 1º cabo Simão (que meses mais tarde viria a morrer na estrada Teixeira Pinto - Cacheu) roubou um porco que se matou e assou no forno do padeiro para melhorar um pouco a diete do pessoal. Só que, e sabe-se lá como, o Homem Grande da tabanca descobriu e foi-se queixar ao comandante. Fomos obrigados a pagar o porco e de castigo fomos p'rá mata" (...).

quinta-feira, 10 de abril de 2008

Guiné 63/74 - P2742: Blogoterapia (46): Promessa de comando: vou retomar as minhas crónicas de guerra (Amílcar Mendes, 38ª CCmds)

Guiné > Zona Leste > COP7 > Margem esquerda do Rio Corubal > Gampará > 38ª Companhia de Comandos > Agosto / Dezembro de 1972 > O Comando Amílcar Mendes, cujo último relato foi o de uma operação helitransportada, no dia 13 de Setembro de 1972 (nome de código: Acção Águia Errante), na região de Lagoa de Bionrá, e em que participaram 3 Gr Comb da 38ª CCmds.

Foto: © Amilcar Mendes (2007). Direitos reservados.

1. Mensagem do Amílcar Mendes, taxi driver na praça de Lisboa, ex-1º Cabo Comando, 38ª CCmds (Guiné, 1972/74):

Assunto - As minhas crónicas de guerra

Amigo Luis Graça e camaradas da tertúlia, reconheço que estou em falta com aquilo que te prometi (1). Interrompi as minhas crónicas por vontade própria e porque aquilo que ia transmitindo foram notas tomadas durante situações de stress, algumas delas memorizadas debaixo de fogo, e em que o pensamento na altura pertencia a um jovem e arrogante gerreiro que inchava de vaidade, quando a intervalos das operações descia a cidade da Bissau e se pavoneava de orgulho, exibindo para a plateia o seu camufulado - para que saibas, eramos a única tropa autorizada a fazê-lo na cidade -, o lenço preto e a boina com fitas pretas.

Eramos já nesse tempo admirado por uns e odiado por outros. Nunca compreendi o olhar de desprezo com que alguns camaradas nos brindavam, [em Bissau]. E porquê? A maioria dos soldados que frequentavam a 5ª Rep (Café Bento), Pelicano, Zé da Amura, Ronda, Império, etc... eram militares em trânsito para regressar ao mato e que de alguma forma já tinham colado a orelha ao chão connosco em alguma picada, trilho ou destacamento. Podíamos até nem comungar dos mesmos ideais mas no perigo eramos gémeos.

Só muito mais tarde e com as mudanças da sociedade a nível político consegui decifrar o significado dos olhares que me eram dirigidos no tempo de guerra e em época posterior, já então no Regimento de Comandos da Amadora. Percebi que esses olhares vinham de algums camaradas mais esclarecidos(ou manipulados) em política e em que para eles tropas especiais era o que havia de mais desprezível no teatro de guerra. Assassinos. Comedores de criancinhas, frios e calculistas, sem ponta de emoção. Já na Amadora e com a liberdade esses ódios declararam-se e fui cuspido e chamado frontalmente de assassino.

Vem isto a propósito de quê? Quando comecei a escrever no Blogue, comecaram logo a aparecer ums vozes críticas que eu fui ignorando, direi mais, desprezando, porque realmente já 'tou farto de guerrilheiros do arame farpado e chegou ao ponto de haver aqui quem insinuasse que nós, os COMANDOS, só eramos valentes em grupo, o que quer dizer que isolado sou um cobarde.

Nunca, amigo Luis Graça, isso me imcomodou, até ao dia em que as mensagems aónimas começaram a chegar. Aí parei.Mas não foi por medo. Foi por achar que tais pessoas (?) não mereciam partilhar daquilo que me é muito íntimo. O que me pode afectar são acontecimentos e não pessoas. Sou um cota simpático, tentando alegrar os dias que vão passando e em que muita coisa já me passa ao lado e não percebo como ainda existe gente que, decorridas quase quatro décadas, ainda vive ressentida por aquilo que outros fizeram já tão longe.

Bem, amigo Luis, longe já vai este mail e o que te queria dizer é que te vou cumprir o que prometi e vou-te mandar mais apontamentos do meu diário de guerra e isso porque, se há quem não goste, há muito mais quem goste.

AMILCAR MENDES
1º Cabo Comando
38ª Companhia de Comandos (Guiné, 1972/74)
AUDACES FORTUNA JUVATE
[em latim, A Sorte Protege os Audazes]

2. Comentário de L.G.:

Camarada e amigo Amílcar:

Como já te oportunidade de te dizer (e agira passo a partillhar com o o resto dos camaradas e amigos da nossa Tabanca Grande), fico feliz pela tua decisão, sensata e generosa.

Abertamente, no nosso blogue, nunca ninguém te tratou mal... Que eu saiba, ou que me lembre, pelo menos... De qualquer modo, a malta foi aprendendo, nestes últimos 3 anos, a conviver uns com os outros e a respeitar-se, como camaradas, independentemente da arma a que cada um pertencia, do ano em que foi mobilizado, do sítio onde esteve, das ideias e valores que defendia (ou defende), etc. São mais as coisas que nos unem do que as que nos separam... O hífen, o traço de união tem sido a nossa terra, a nossa pátria, Portugal, e a Guiné, país-irmão, a que nos ligam, para além da história e da língua, afectos, emoções, memórias, vivências, amizades...

Por outro lado, e como sabes, é regra de outro, entre nós, não fazer juizos de valor sobre o comportamento militar de cada de um nós enquanto esteve no TO da Guiné... Não somos juízes e muito menos carrascos de ninguém. Agora, já não posso impedir que te mandem, cobardemente, emails anónimos... A única hipótese é ocultar (ou não divulgar mais) o teu endereço de correio electrónico... Mas não adianta. Tu não tens que ter vergonha do que escreves, pelo contrário: fostes um homem e um português do teu/nosso tempo, e que te portaste à altura, e queres dar testemunha disso... aos teus camaradas, aos teus amigos, aos teus filhos e netos, aos teus concidadãos, às gerações do futuro... Ninguém te pode roubar esse direito de contar a tua história de vida... Quem sabe até se não poderás (ou não poderemos), um dia, reunir em livro os teus escritos...

Que fique bem claro: tu e os teus camaradas, comandos, serão sempre bem vindos. Este blogue é teu, é nosso... Não fazemos distinção entre tropas especiais e tropa-macaca, a não a ser às vezes na brincadeira... Também nunca puxa dos galões, nem se rama em herói... E tu já deste mais contributos para este trabalho (colectivo) de preservação, defesa e divulgação da nossa memória de guerra, da memória da nossa geração, do que a grande maioria dos que estão cá estão inscritos, como tu, na tertúlia...

Vá, manda-me os teus textos, as tuas notas (e, se possível fotos), que tens pelo menos em mim um leitor interessado e fiel... Não te esqueças que ficaste em Gampará, f... e esfomeado, lá para o mês de Setembro ou Outubro de 1972... Aqui tens os teus dois últimos postes... Podes clicar e ver o conteúdo (2)...

Vá, recebe um Alfa Bravo do tamanho do Corubal, onde há dias estive, no Saltinho, e entre o Saltinho e o Xitole, na margem direita, em Cusselinta...

Luís Graça
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Notas de L.G.:

(1) Vd. poste de 4 de Abril de 2008 > Guiné 63/74 - P2719: Guidaje, Maio de 1973: Só na bolanha de Cufeu, contámos 15 cadáveres de camaradas nossos (Amílcar Mendes)

(2) Vd. postes de:

7 de Julho de 2007 > Guiné 63/74 - P1930: Diários de um Comando: Gampará (Ago-Dez 1972) (A. Mendes) (1): Um sítio desolador

16 de Julho de 2007 > Guiné 63/74 - P1956: Diários de um Comando: Gampará (Ago-Dez 1972) (A. Mendes) (2): Passa-se fome, muita fome

sexta-feira, 4 de abril de 2008

Guiné 63/74 - P2719: Guidaje, Maio de 1973: Só na bolanha de Cufeu, contámos 15 cadáveres de camaradas nossos (Amílcar Mendes)

1. Texto enviado pelo Amílcar Mendes , com data de 22 de Março. O A. Mendes foi 1º Cabo Comando, tendo pertencido à 38ª CCmds (Guiné, 1972/74). Esteve no Regimento de Comandos da Amadora até 1980. Hoje tem um táxi na Praça de Lisboa. Há tempos confidenciou-nos: "Enquanto estive na Guiné fui escrevendo uma espécie de diário que, com muito gosto, irei aqui partilhar com toda a tertúlia, porque sei que muito do que escrevi apenas fará sentido para aqueles que trilharam os mesmos caminhos nesses longínquos, difíceis e já saudosos anos" (1).

Amigo Luis Graça e restantes membros da tertúlia:

Sobre o mail enviado por A. Marque Lopes (2) gostaria de deixar no ar uma questão e uma pergunta que já há tempo me incomoda e que tem a ver com o levantamento dos corpos dos camaradas que ficaram enterrados na zona de Guidaje.

Falei há poucos dias com camaradas da minha Companhia que estiveram comigo no período quente de Guidaje e também eles se interrogam sobre o mesmo. Se quem deu as ordens sobre o deixar corpos no terreno, nem ele sabe quem os enterrou ou onde, se quem o fez nunca o revelou, expliquem-me por favor, e só falo de alguns corpos, como é que quem lá anda a fazer o trabalho de levantamento de corpos adivinhou a localização de alguns? É bruxo ? Onde existe um documento a explicar detalhadamente onde foram enterrados alguns corpos de militares que morreram na picada de Guidaje, mais propriamente na zona do Cufeu?

O camarada pára-quedista que aqui há tempo falou nos corpos dos páras que lá ficaram, só falou do que sabia. Porque ninguém fala do que não sabe. CORRECTO? Eu apenas me refiro ao tempo em que tive intervenção directa nos acontecimentos que ainda hoje me pertubam.

Já aqui falei sobre Guidaje e volto a afirmar o que disse:

A 38ª Companhia de Comandos foi a primeira, volto a dizer, foi a PRIMEIRA força de combate a romper o cerco a Guidaje e pagámos bem caro por isso. Agora o seguinte: QUANDO OS FUZILEIROS E PÁRA-QUEDISTAS PASSARAM, JÁ NÓS LÁ ESTÁVAMOS! JA NÓS TINHAMOS PASSADO NA BOLANHA DO CUFEU ONDE AI CONTÁMOS CERCA DE 15 (DIGO CERCA DE QUINZE) corpos.

Apenas pretendo dizer que houve acontecimentos a que só 2 grupos de combate da 38ª CCmds assistiu! Percebido? Expliquem-me agora como é que generais, ligas, grupos, jornalistas etc... falam de corpos, mortos e levantados, quando nem sequer sabem uma parte do que aconteceu?

Amigo Luis, sou um pobre dum ex-combatente que cada vez percebe menos como há tanta gente hoje que fala do que nem por sombra sabe! E refiro-me a muita coisa!

Um abraço a toda a tertúlia!

PS - Por favor não me questionem, esclareçam-me apenas, se puderem.

2. Comentário de L.G.:

Meu caro Amílcar: Tens andado desenfiado, mas eu não te vou perguntar porquê nem muito menos censurar-te... A nossa Tabanca Grande não tem portas nem janelas, que é para isso mesmo, para um gajo poder sair de vez em quando, dar uma volta, apanhar ar, sem necessidade de pedir licença a ninguém...

Soube notícias tuas, há umas semanas: fizeste um serviço de ou para a Escola Nacional de Saúde Pública, sendo o passageiro um colega meu com quem entabulaste conversa e falaste do nosso blogue... Na volta, ele mandou-me as tuas calorosas saudações. Obrigado. Agora já sabes onde eu trabalho...

Deixa-me só dizer-te que continuamos a aguardar... a continuação dos teus Diários de um Comando: Gampará (Agosto-Dezembro de 1972)... Se bem te recordas, acabámos só por publicar dois textos... Prometias em 24 de Junho de 2007 um terceiro que nunca cheguei a receber ("Amigo Luís Graça: Assim que puder vou-te mandar a continuação do diário - III parte") (4)...

Sei que andar de táxi, em Lisboa, a ganhar a vida não é fácil... Ganhar a vida, que raio de expressão! E alguns até a perdem, ao tentar ganhá-la... Sei que nem sempre gostas da(s) companhia(s) ... Mas, olha, vamos gerindo o espaço, como podemos e sabemos... No dia 17 de Maio, fazemos fazer mais um encontro nacional: em Monte Real, Leiria... Se quiseres e puderes aparecer, se te der jeito, lá estaremos, os camaradas da Guiné (mais os amigos).... Poderás ouvir em estreia mundial o Fado da Guiné, cantado pelo Joaquim Mexia Alves... Um Alfa Bravo. Luís
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Notas de L. G.:

(1) Vd. postes do A. Mendes:

2 de Novembro de 2005 > Guiné 63/74 - CCLXV: Apresenta-se o 1º Cabo Comando Mendes (38ª CCmds, 1972/74)

27 de Setembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1123: Um espectáculo macabro na bolanha de Cufeu, em 1973 (A. Mendes, 38ª Companhia de Comandos)

22 de Outubro de 2006 > Guiné 63/74 - P1199: A vida de um comando (A. Mendes, 38ª CCmds) (1): Sete anos de serviço

22 de Outubro de 2006 > Guiné 63/74 - P1200: A vida de um comando (A. Mendes, 38ª CCmds) (2): Um dia de Natal na mata de Caboiana-Churo )

22 de Outubro de 2006 > Guiné 63/74 - P1201: A vida de um comando (A. Mendes, 38ª CCmds) (3): De Farim a Guidaje: a picada do inferno (I parte)

23 de Outubro de 2006 > Guiné 63/74 - P1203: A vida de um comando (A. Mendes, 38ª CCmds) (4): De Farim a Guidaje: a picada do inferno (II Parte)

23 de Outubro de 2006 > Guiné 63/74 - P1205: A vida de um comando (A. Mendes, 38ª CCmds) (5): uma noite, nas valas de Guidaje

24 de Outubro de 2006 > Guiné 63/74 - P1207: Guidaje, Maio/Junho de 1973: a 38ª CCmds, na História da Unidade (A. Mendes)

24 de Outubro de 006 > Guiné 63/74 - P1210: A vida de um comando (A. Mendes, 38ª CCmds) (6): Guidaje ? Nunca mais!...

30 de Outubro de 2006 > Guiné 63/74 - P1223: Soldado Comando Raimundo, natural da Chamusca, morto em Guidaje: Presente! (A. Mendes, 38ª CCmds)

15 de Novembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1280: A vida de um comando (A. Mendes, 38ª CCmds) (7): Um tiro de misericórdia em Caboiana

9 de Junho de 2007 > Guiné 63/74 - P1827: Convívios (14): 38ª Companhia de Comandos, Pínzio, Vilar Formoso, 9 de Junho de 2007 (A. Mendes)
(2) E-mail que circulou só internamente, entre o pessoal da tertúlia, com data de 19 de Março de 2008, reproduzindo uma notícia da Lusa:
(...) "Guiné-Bissau: Próxima missão de exumação de restos mortais de militares portugueses será em Farim

Bissau, 19 Mar (Lusa) - O vice-presidente da Liga dos Combatentes de Portugal disse hoje à Agência Lusa que a exumação de restos mortais de ex-combatentes portugueses mortos na Guiné-Bissau vai continuar e que a próxima missão será em Farim" (...).

(3) Vd. postes de:

7 de Julho de 2007 > Guiné 63/74 - P1930: Diários de um Comando: Gampará (Ago-Dez 1972) (A. Mendes) (1): Um sítio desolador

16 de Julho de 2007 > Guiné 63/74 - P1956: Diários de um Comando: Gampará (Ago-Dez 1972) (A. Mendes) (2): Passa-se fome, muita fome