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segunda-feira, 23 de dezembro de 2019

Guiné 61/74 - P20488: Memórias e histórias minhas (José da Câmara) (35): Canção de Natal

1. Mensagem do nosso camarada José Câmara (ex-Fur Mil Inf da CCAÇ 3327 e Pel Caç Nat 56, Brá, Bachile e Teixeira Pinto, 1971/73), com data de 23 de Dezembro de 2019:


Caros amigos e camaradas d’Armas,

Para nós, sobretudo os que cumpriram a sua comissão de serviço militar no Ultramar, a quadra de Natal traz-nos recordações mil. As saudades das famílias dispersas pelas aldeias de Portugal, pelos confins da Califórnia e terras frias do Canadá, pela França, a dor da partida prematura de um camarada-de-armas, a desilusão da carta que não chegou. Tudo isso contrastava com a alegria daquele “Querido filho que ao fazer esta que te encontres de saúde…" ou o encher dos pulmões com aquele “Recebe um beijo desta que te ama...”, ou ainda aquele “Abraço apertado da tua madrinha de guerra...”, de um rancho nem sempre melhorado mas muito bem molhado, do contar dos dias para o fim da comissão, da alegria do companheirismo no seio uma família diferente, grande lição de vida.

Recordar tudo isso e muito mais é legítimo. Faz parte das nossas vidas, das muitas lições que nos ajudaram a crescer como homens. Mas o Natal é muito mais que recordações. O Menino Jesus vai nascer, Senhor da Vida, da Esperança, do Amor. Que o Seu exemplo continue a produzir frutos, bons frutos. Saibamos segui-Lo na produção, Hoje e sempre, porque o Natal não é de um dia, mas de todos os dias, de uma Vida que é a nossa. Cheia de surpresas. Que vale a pena viver e partilhar.

Pela manhã, sempre que a vida me permite, debruço-me nesta janela da internet. Recebo os bons dias dos amigos. Do JERO, do Juvenal, do Valério, do Magalhães, do Briote, do Fontinha, do Picado, do Carlos Silva, do JD, do meu mano Carlos Vinhal e de muitos outros. O Miguel sabe que eu gosto de ler as notícias da minha terra mãe e não falta com elas. Confesso que sinto a falta do Jorge, do Faria, do Rebola e de mais uns quantos que da lei da morte se libertaram. Dou um passeio pela Tabanca, que desentorpecer as pernas também faz bem.

Foi num daqueles debruçares matinais que senti uma pancada no peito, uma enorme surpresa. Onde se podia ler: - “Ainda vives em Stoughton? É que no próximo dia 20 vou a Dartmouth MA, e lembrei-me que, se entretanto não te tiveres mudado para a Flórida ou coisa semelhante, eu podia dar aí um salto para nos conhecermos pessoalmente. Se bem que quase te conheço já, graças ao blogue “Luís Graça e Camaradas da Guiné" onde te encontrei, especialmente no post 13528, de 23 de Agosto de 2014).

As tuas palavras - "Concordo que a Guiné nos pregou ao corpo e as recordações, umas bem melhores que outras, trazem-nos emoções que só quem por lá andou compreende a sua extensão. Não sinto nostalgia daqueles tempos, mas tenho saudades da minha juventude de então, dos muitos amigos que criei. Conservo boas recordações daquelas gentes, sobretudo das crianças de olhos esbugalhados e sorridentes, dos meus soldados africanos." - fazem-me crer que temos muito em comum. Faz bem lembrar, partilhar…
Se me permitem, num abraço amigo, os meus votos para que tenhais Festas Felizes e Bons Anos no seio dos vossos familiares e amigos."

João Crisóstomo (na esquerda) e eu na minha casa em Raynham, Massachusetts.

Caros amigos, dias depois, o João Crisóstomo e a esposa entravam com esta simplicidade na minha humilde casa, em Raynham. Eu e a minha esposa demos-lhes o melhor tínhamos para eles, um abraço sincero de respeito, amizade e agradecimento. E, claro, um café e uns doces, que aquele simpático não nos permitiu mais e melhor. E duas horas de um bom e são convívio e camaradagem. Deixámos sair a alma.

Enquanto as senhoras se embrenharam nas suas conversas, o João deu-me a conhecer parte da sua obra. Timor e as suas gentes, sobretudo as crianças, é um dos seus grandes amores. Confesso que ao seu lado me senti muito pequeno, tal a sua força de vontade, da sua franqueza, do tamanho do seu coração no bem querer fazer.

Sim, João, valeu a pena recebido a vossa visita. Que Deus abençoe na vossa obra e a vossa vida.

Sim, o Menino Jesus também tem destes presentes. Depositado que foi numa árvore de Natal, um poilão, na Tabanca Grande.

O Natal é uma canção. Sim, eu continuo criança e acredito que o Menino Jesus nasce todos os dias.

Festas Felizes e Bons Anos para vós e vossos familiares.

Bem hajam.

José Câmara
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Nota do editor

Último poste da série de 5 de fevereiro de 2017 > Guiné 61/74 - P17024: Memórias e histórias minhas (José da Câmara) (34): Correspondência do Ultramar: Ressurreição nas Matas da Guiné

sexta-feira, 2 de março de 2018

Guiné 61/74 - P18371: Álbum fotográfico de Virgílio Teixeira, ex-alf mil, SAM, CCS / BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69) - Parte XX: o render da guarda do palácio do Governador, aos domingos, "grande ronco"


Foto nº 1 > Bissau > Palácio do Governador – neste caso ocupado pelo general Spínola  [1968-1973] >  Junho de 1969 > Render da Guarda >  Faz parte um destacamento da Marinha (fuzileiros), a força mais vistosa, e uma força do Exército, Infantaria, Cavalaria ou Artilharia, ou dos Comandos, ou Paraquedistas e  bem como a Banda Militar de  Bissau.


Foto nº 2 >  Bissau > Palácio do Governador >  Junho de 1969 > Render da Guarda > A força da Marinha (fuzileiros) na escadaria do Palácio do Governador; 


Foto nº 3 > Bissau > Palácio do Governador  >  Junho de 1969 > Render da Guarda >  A Banda e os fuzileiros, dando a volta ao Palácio em formação 


Foto nº 4 >  Bissau > Palácio do Governador >  Junho de 1969 > Render da Guarda > A força da armada portuguesa logo atrás,  fazendo as honras militares ao Governador 


Foto nº 5 >  Bissau > Palácio do Governador >  Junho de 1969 > Render da Guarda >  As forças  em parada descendo a Avenida da Republica, acompanhada por populares locais que apreciavam estes desfiles e a atuação da vistosa banda militar de Bissau (, constituída exclusivamente por militares do recrutamento local);


Foto nº 6 >  Bissau > Palácio do Governador >  Junho de 1969 > Render da Guarda > Novas fotos com a parada militar pela avenida abaixo, com participação da banda, fuzileiros e população local;


Foto nº 7 >  Bissau > Palácio do Governador  >  Junho de 1969 > Render da Guarda > As forças  em parada descendo a Avenida da Republica, acompanhada por populares locais que apreciavam estes desfiles e a atuação da banda militar africana.


Foto nº 8 >  Bissau > Palácio do Governador >  Junho de 1969 > Render da Guarda > A população local perfilada pela berma da rua principal, para ver e apreciar as nossas tropas, aplaudindo-as à sua passagem. Não esquecer que estava lá também a banda militar africana.

Fotos: © Virgílio Teixeira (2018). Todos os direitos reservados [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Continuação da publicação do álbum fotográfico do nosso camarada Virgílio Teixeira, ex-alf mil, SAM, CCS / BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69), e que vive em Vila do Conde, sendo economista, reformado. (*)

Assunto - Tema T025 – Render da Guarda no Palácio do Governador em Bissau

(i) Anotações e Introdução ao tema:

Todos os domingos havia uma cerimónia militar com grande envergadura e acompanhada de perto pelas populações locais e militares que se encontravam em Bissau, com "grande ronco",  com vista a mostrar que estava lá um representante do Governo da Republica, e a reforçar a imagem de Portugal.

Tive a oportunidade de assistir algumas vezes ao render da guarda do palácio, por me encontrar em Bissau nesses dias de Domingo de manhã, mas só tenho fotos reais captadas pouco mais de um mês antes de embarcar, de regresso, em Junho de 1969. Nota-se o piso molhado, com poças de água, devido ao tempo de chuvas que era o máximo nessa época.

(ii) Legendas das fotos:

F1 – Mostra o Palácio do Governador da província – neste caso ocupado pelo general Spínola. Faz parte da guarda um destacamento da Marinha, a força mais vistosa, e uma força do Exército, Infantaria, Cavalaria ou Artilharia, ou dos Comandos, Paraquedistas e Fuzileiros, bem  como a Banda Militar, constituída por elementos do recrutamento local.

F2 – A força da Marinha na escadaria do Palácio do Governador;

F3 – A Banda Militar dando a volta ao Palácio. (**)

F4 – A força da armada portuguesa (fuzileiros),  logo atrás,  fazendo as honras militares ao Governador

F5 – As forças  em parada descendo a Avenida da Republica, acompanhada por populares locais que apreciavam estes desfiles e a atuação da Banda Militar.

F6 – Novas fotos com a parada militar pela avenida abaixo, com participação da banda, marinha e população local;

F7 – A parada após ter descido a avenida, volta a subir até ao cima da Rotunda, onde se vê a bandeira e o Palácio do Governador, cor-de-rosa.

F8 – A população local perfilada pela berma da rua principal, para ver e apreciar as nossas tropas, aplaudindo-as à sua passagem. Não esquecer que estavam lá também tropa africana (a banda militar)

Em, 12-02-2018 - Virgílio Teixeira

«Propriedade, Autoria, Reserva e Direitos, de Virgílio Teixeira, Ex-alferes Miliciano SAM – Chefe do Conselho Administrativo do BATCAÇ1933/RI15/Tomar, Guiné 67/69, Nova Lamego, Bissau e São Domingos, de 21SET67 a 04AGO69».
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Notas do editor:

(*) Último poste da série > 27 de fevereiro de 2018 > Guiné 61/74 - P18360: Álbum fotográfico de Virgílio Teixeira, ex-alf mil, SAM, CCS / BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69) - Parte XIX: Visita ao território, do Presidente da República Almirante Américo Tomás, com início em 2/2/1968 - II (e última) parte


Postal ilustrado da época >  A Banda Militar de Bissau

(**) Vd. poste de  29 de setembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5030: Memórias e histórias minhas (José da Câmara) (7): Servir Bissau: uma contenda inglória onde o pesadelo e o ronco se misturavam

(...) A guarda ao Palácio englobava as seguintes forças essenciais:

a) - Uma Secção de tropa regular, comandada por um Sargento da Guarda, que tinha a seu cargo os postos de sentinela ao fundo do jardim e ainda um posto de sentinela ao lado direito do jardim. A segurança era feita durante o dia do lado de fora do jardim. Com o render dos postos de sentinela às seis horas da tarde a segurança passava a ser feita do lado de dentro dos muros.

b) - Uma Secção da Polícia Militar, incluindo um sargento e um oficial, que tinha a seu cargo o pórtico principal do Palácio e o portão lateral de serviço geral.

c) - Durante a noite, entre as dezoito e as seis horas, a segurança era reforçada com um elemento da Polícia de Segurança Pública, que ficava encarregado do espaço entre a casa da guarda e do pessoal civil servente do Palácio e o edifício principal.

d) - Também durante a noite, a segurança era ainda reforçada com um cão treinado em segurança e respectivo tratador, na altura um pára-quedista, que tinha a seu cargo o patrulhamento do interior do jardim,

(...) No Domingo de manhã acontecia ronco grande em Bissau.

O atavio militar das Praças da Guarda era o fardamento n.º 2, com cordões brancos nas botas, tendo como armamento a G3. O Sargento da Guarda também vestia o fardamento n.º 2, com luvas brancas e cordões das botas da mesma cor. O seu armamento era a FBP. Durante a cerimónia o carregador na arma estava vazio. Em verdade se diga, os carregadores que estavam nas cartucheiras estavam devidamente carregados.

(...) Para além das Praças da Guarda, as Forças em Parada eram, normalmente, as seguintes: dois Grupos de Combate reduzidos, nesta nossa participação, da CCaç 3327, com fardamento n.º 2 e G3, um Pelotão da Polícia Militar em camuflado e G3, e um Grupo do Destacamento de Fuzileiros Navais em fardamento branco e G3. Os Leopardos (se a memória não me falha essa era a sua sigla e sujeito a correcção) de Bissau, com os seus inconfundíveis turbantes vermelhos, eram a Banda Militar que nos acompanhavam nestas cerimónias.

Após o içar da bandeira e o render da Guarda, as forças desfilavam pela Avenida da República indo destroçar junto ao Quartel da Amura.


(...) Nunca poderei esquecer a atenção e o respeito que os guineenses demonstravam nestas cerimónias. Novos e velhos, homens e mulheres seguiam com muita atenção todos os pormenores do içar da bandeira e do Render da Guarda. Vi muitos deles saudar com continência a Bandeira que subia no mastro, e senti o calor de milhares de palmas quando as nossas tropas acabavam as manobras em frente ao Palácio e desfilavam pela Avenida da República. Nestas ocasiões, devo confessar, não sentia que os guineenses procuravam a sua independência. Quanto muito desejavam a paz, a mesma paz que nós procurávamos. Nós éramos a sua esperança. (,,,)

domingo, 5 de fevereiro de 2017

Guiné 61/74 - P17024: Memórias e histórias minhas (José da Câmara) (34): Correspondência do Ultramar: Ressurreição nas Matas da Guiné

Mata dos Madeiros
Foto: © José Câmara


1. Mensagem do nosso camarada José Câmara (ex-Fur Mil Inf da CCAÇ 3327 e Pel Caç Nat 56, Brá, Bachile e Teixeira Pinto, 1971/73), com data de 31 de Janeiro de 2017:

Amigos e camaradas,
O tempo vai passando… A terra vermelha que impregnou os nossos corpos é a mesma, as recordações continuam bem vivas na nossa memória, as amizades que criámos ao longo dos tempos continuam.

Não me esqueci da sombra do Poilão que a todos refresca, nem dos belos artigos que animavam a tertúlia. Muito menos do respeito que havia na tertúlia e das discussões, por vezes mais acaloradas, que acabavam sempre num abraço. Nada substitui os afectos, o respeito, a amizade, porque no dia a dia esbarramos com situações que nos fazem acreditar que este mundo é bom, porque há pessoas que, não nos conhecendo de lado algum, têm o cuidado de nos presentear com emoções que um dia julgámos impossíveis.

Foi o que me aconteceu e jamais esquecerei esse momento. Agradecimentos sem fim que vão para todos os intervenientes desta bela jornada humana. O Sr. Coronel Hélder Vagos Lourenço, que fez comissão em Angola como Comandante de Companhia e mais tarde foi Comandante do BII17, hoje Regimento de Guarnição 1, em Angra do Heroísmo, com a colaboração do Sr. Major Costa e dos militares daquela Unidade Militar, presenteou-me com uma cópia de um pequeno artigo que então escrevi nas matas da Guiné e que foi publicado no jornal “O Castelo”, edição de 1 de Junho de 1971.

Passaram-se mais de quarenta anos sobre a minha primeira saída na Mata dos Madeiros e das emoções que me assolaram então e que a passagem do tempo ajudou a suavizar.
Hoje volto à Guiné.

Um abraço
José Câmara


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Nota do editor

Último poste da série de 24 de outubro de 2014 > Guiné 63/74 - P13792: Memórias e histórias minhas (José da Câmara) (33): Um bagabaga que serviu de altar num casamento

sexta-feira, 15 de julho de 2016

Guiné 63/74 - P16307: Convívios (761): Convívio do pessoal das CCAÇs 3327 e 3328, a levar a efeito no próximo dia 23 de Julho de 2016, na Batalha (José Câmara, ex-Fur Mil Inf da CCAÇ 3327)



CONVÍVIO DO PESSOAL DAS CCAÇs 3327 E 3328

DIA 23 DE JULHO - BATALHA

1. Mensagem do nosso camarada José da Câmara (ex-Fur Mil Inf da CCAÇ 3327 e Pel Caç Nat 56, Brá, Bachile e Teixeira Pinto, 1971/73), com data de 14 de Julho de 2016, dando-nos notícia do Convívio do pessoal das CCAÇs 3327 e 3328, a levar a efeito no próximo dia 23, na Batalha.
 
Amigos e camaradas,
Os meus cumprimentos

A CCaç 3327, em parceria com a CCaç 3328, leva a efeito no próximo dia 23 de Julho o seu convívio anual.

Os interessados em participar neste convívio podem-no fazer até ao dia 19 (Terça-Feira), através dos seguintes contactos do ex-Fur Mil João Cruz:
284 947 081 e 967 070 680
casapintocruz@sapo.pt

Restaurante Pérola do Fétal
Estrada Nacional 356
Celeiro 2440-208 Reguengo do Fetal
Batalha - Portugal

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Ementa

Aperitivos:
Martini, Águas, Sumos, Porto, Favaios, Vinhos

Entradas no jardim:
Grelhados da matança (temos uma churrasqueira onde grelhamos morcela de arroz, febras e lentrisca), Presunto, Queijo e Enchidos, Pataniscas de Bacalhau, Salada de Feijão-Frade com atum, Orelha de Coentrada e Salada de Polvo

Sopas:
Sopa de Peixe e Sopa de Nabiça

Prato de Peixe:
Bacalhau à Casa (Bacalhau Assado no Forno à Posta, em Crosta de Broa de Milho, acompanhado com Batatas a Murro e Migas)

Prato de Carne
Medalhões de Vitela no Tacho

Doces:
Bolo de Chocolate regado com molho de Frutos Silvestres

Bebidas:
“Real Batalha” Tinto, “Ala dos Namorados” Branco, “Neto Costa” Verde, Águas, Refrigerantes e Cerveja

Café e digestivos

Bolo de Comemoração e Espumante

Concentração e Hora Social: 10:30
Preço: 25,00 euros por pessoa

Sugestões para chegar ao local:
1 - Tomar a estrada mais conveniente para chegar a Leiria. Tomar a estrada 356 (Estrada de Fátima) para o Celeiro, Reguengo do Fétal)
2 – Tomar a estrada mais conveniente para Fátima. Tomar a estrada 356 para o Celeiro, Reguengo do Fétal.
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Nota do editor

Último poste da série de 6 de julho de 2016 Guiné 63/74 - P16280: Convívios (760): Almoço/Encontro do pessoal da CART 564 (Guiné, 1963/65), dia 16 de Julho de 2016, em Paramos - Espinho (Júlio Santos, ex-1.º Cabo Escriturário)

quarta-feira, 6 de abril de 2016

Guiné 63/74 - P15944: Efemérides (218): Conheci o Cap. Alves no BII 17, em Setembro de 1970, mas foi na Guiné, na Mata dos Madeiros, aonde a CCaç 3327 chegaria no dia 6 de Abril de 1971, que comecei a conhecer o homem, o coração de ouro que a sua farda encobria (José Câmara)

1. Mensagem do nosso camarada José da Câmara (ex-Fur Mil Inf da CCAÇ 3327 e Pel Caç Nat 56, Brá, Bachile e Teixeira Pinto, 1971/73), com data de 5 de Abril de 2016, homenageando o Comandante da CCAÇ 3327, Capitão Miliciano Rogério Rebocho Alves:


A minha homenagem ao Homem e ao Comandante, Senhor Capitão Rogério Rebocho Alves(*)

Amigos e camaradas,
Ao longo da minha vida, para além dos meus pais, encontrei pessoas e situações que me deram lições ímpares de civismo, carácter, humanismo, entre outras. Na sua maioria, porque apenas perceptíveis na leitura que delas se pode fazer, é difícil descrevê-las. Aqui, mais que uma vez, relatei a admiração que senti pelo Cap Mil Art Rogério Rebocho Alves, Comandante que foi da CCaç 3327 e a influência que ele teve na minha vida de militar e que transportei de alguma forma para a minha actividade civil, de homem casado, de cidadão de Portugal e dos EUA, que me acolheu de braços abertos quando imigrei para este País.

Conheci o Cap. Alves no BII 17, em Setembro de 1970, mas foi na Guiné, mais propriamente na Mata dos Madeiros, aonde a CCaç 3327 chegaria no dia 6 de Abril de 1971, que comecei a conhecer o homem, o coração de ouro que a sua farda encobria.

Eram os pormenores de que muitas vezes nos alheamos que me chamavam a atenção. O Cap. Alves tinha uma missão militar a cumprir. Fê-lo sempre com classe e a responsabilidade própria de quem tem que tomar decisões. Respeitava e era respeitado.

Ele adorava os seus comandados como se seus filhos fossem. Para nós, seus subalternos, o Cap. Alves foi e será sempre um Homem Bom. Nesta minha centésima intervenção, pretendo homenagear o militar, o homem, o amigo, o pai que foi o Cap. Alves. Por que é da mais elementar justiça descrever e enaltecer os sentimentos humanos daqueles que tiveram sobre os seus ombros a responsabilidade de comandar jovens em tempo de guerra. Mas ninguém melhor que ele, pelas suas próprias palavras, para descrever o que lhe ia na alma enquanto comandante da CCaç 3327.

Na hora da despedida no Roteiro da Saudade, um pequeno livrete com os nomes e endereços de todos nós, estas foram as suas palavras que dia após dia de serviço militar foi escrevendo no seu coração.


O Capitão Alves partiu o ano passado do meio dos seus familiares e de nós, os seus Nómadas. Connosco deixou o vazio da sua presença, mas a certeza de que fomos comandados por um grande Homem. Em sua memória, se me é permitido, deixem-me usar as suas palavras.

 Até logo meu Comandante.

Setembro de 2012 - Tropa especial na Mealhada: Cap. Rogério Alves, Furs. J. Cruz, L. Pinto, J. Câmara, Alf. Almeida e na frente o Cabo Isolino Picanço.

26 de Julho de 2014 - Quinta do Paúl em Ortigosa - Fernanda Cruz e o Cap. Rogério Alves.
 
26 de Julho de 2014 - Quinta do Paúl em Ortigosa - O Cap Mil Art.ª Rogério Rebocho Alves no uso da palavra. Na mesa, da esquerda para a direita, são reconhecidos o Alf. Mil Almeida, os Furriéis Leite e Caseiro e ainda o Alf. Mil Agostinho Neves. Encoberto, o Alf. Francisco Magalhães.
 
26 de Julho de 2014 - Quinta do Paúl em Ortigosa - O Fur Mil José Leite, o Cap. Rogério Alves e o Sold Cozinheiro Joaquim Rodrigues que veio de França.

José Câmara
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Nota do editor

Vd. poste de 2 de junho de 2015 Guiné 63/74 - P14689: In memoriam (221): Ex-Cap Mil Art Rogério Rebocho Alves, CMDT da CCAÇ 3327 (Brá, Bachile e Teixeira Pinto, 1971/73) (José Câmara)

Último poste da série de 30 de março de 2016 Guiné 63/74 - P15914: Efemérides (217): Cerimónia de homenagem aos combatentes da guerra do ultramar, amanhã, 5.ª feira, 31/3/2016, em Cascais, às 10h00, na Av Dom Carlos I: Convite do Povo e do Município de Cascais

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

Guiné 63/74 - P15703: (In)citações (83): Depoimento de um antigo combatente na diáspora (José Câmara, ex-Fur Mil da CCAÇ 3327 e Pel Caç Nat 56) (2): Reintegração na vida civil e saída para a diáspora

1. Segunda parte do Depoimento de um antigo combatente na diáspora, da autoria do nosso camarada José da Câmara (ex-Fur Mil Inf da CCAÇ 3327 e Pel Caç Nat 56, Brá, Bachile e Teixeira Pinto, 1971/73), enviado ao Blogue em 14 de Janeiro de 2016:


Depoimento de um antigo combatente na diáspora* 

2 - A reintegração na vida civil e a saída para a diáspora
 
Na chegada ao Faial (17 de Janeiro de 1973) não havia ninguém à minha espera. A minha família partira para os Estados Unidos da América ainda antes de eu ter ido cumprir o serviço militar. A madrinha de guerra que me acompanhara tão abnegadamente durante os dois anos de comissão, também ela emigrante, era uma doce recordação, um amor que já não era segredo. O tempo se encarregaria de nos juntar.

Sem casa, sem família ou namorada por perto e com os amigos da minha idade ainda a cumprirem o seu serviço militar ou a estudarem na universidade, sentia-me mais só que nunca. Apenas me animava a esperança que, em breve, também emigraria, indo ao encontro daqueles que me deram o ser e esperavam por mim. Não sentia a falta do serviço militar, mas sonhava com as situações passadas e lembrava com uma saudade tremenda aqueles jovens com quem vivera e que jamais esqueceria. Irmãos que o foram e jamais deixarão de o ser. Apresentei-me na Circunscrição Florestal da Horta. Pretendia voltar ao trabalho. Fora dali que partira para o serviço militar. E seria ali que iria sofrer a primeira grande desilusão como cidadão de Portugal, mas também a certeza de que o mundo era servido por gente boa. A minha posição naquela Circunscrição não tinha sido salvaguardada. O Governo que me tirara ao seio da família, agora tirava-me o trabalho, depois de eu ter cumprido com todos os meus deveres como cidadão.

Não podia ser, não acreditava. Insisti que não era correto o que me estava a acontecer. O Engenheiro Olavo Simas, Chefe da Circunscrição, e o Chefe de Secretaria, o Sr. Fernando dos A.A. Campos, dois homens de inigualável humanismo, compreenderam a situação e o meu protesto. Seria reintegrado no trabalho uns dias depois das férias regimentais.

Entretanto, recebera a 27 de Janeiro de 1973 o termo de responsabilidade, o contrato de trabalho e a carta de chamada, documentos que iriam mudar por completo o rumo da minha vida. Como tantos outros iria emigrar para os Estados Unidos da América.

Com aqueles preciosos documentos na mão dirigi-me ao escritório do agente de viagens e emigração que me aconselhou sobre o processo burocrático para obter passaporte português e o visto pelas autoridades americanas. Para tanto deveria começar pela obtenção da licença militar para me ausentar para o estrangeiro e do certificado de registo criminal, além de outra documentação e exames médicos. Tudo parecia fácil, para logo descobrir que não seria assim quando me dirigi à secretaria do Comando Militar da Horta e ali fui informado que sem a caderneta militar não poderiam passar a licença. Também teria que aguardar pela passagem definitiva à disponibilidade o que só aconteceria a 7 de Fevereiro de 1973. Houve que movimentar boas-vontades na Repartição de Mobilização e uma cópia da minha Nota de Assentos foi enviada para o Comando Militar da Horta, ao mesmo tempo que autorizava aquele a passar-me a necessária Licença Militar.

No dia 13 de Abril de 1973, precisamente 3 meses após ter desembarcado em Lisboa vindo da Guiné, era assinada a licença militar para me ausentar definitivamente para os Estados Unidos da América. A licença custou em selos fiscais 1.063$00 (mil e sessenta e três escudos), o que constituía para a época uma quantia assinalável. Mais que o dispêndio magoou-me ter que pagar por uma licença militar depois de ter cumprido com honra e dignidade os meus deveres para com a Pátria. Para além disso, atrasou todo o meu processo de emigração em cerca de dois meses.

Licença militar. Aqui para nós, consegui-a sem ter a caderneta militar. Mas foram precisas muitas ajudas. A começar em Bolama. Uma história muito comprida.

Foi em Ponta Delgada que encontrei alguns membros da CCaç 3327 e da CCaç 3328 também eles a prepararem o processo de emigração. Para além daqueles que faziam parte da minha vivência na Ilha do Faial, este encontro tinha um sabor especial pois um deles, o José Serpa, um florentino, tinha sido soldado da minha secção. Dos outros recordo-me do António Maria Vasconcelos, do José Carvalho, também eles florentinos, e o micaelense João Carlos Reboredo. Era o meu primeiro grande encontro com um passado ainda recente. Por eles soube que já estavam na posse da respetiva caderneta militar. Infelizmente, com imensa pena minha, nunca recebi a minha.

No Sábado, dia 21 de Julho de 1973, embarcava para ilha de Santa Maria e dali para o Estado de Massachusetts, EUA, onde chegaria nesse mesmo dia a casa dos meus pais sem ter avisado ninguém da minha chegada. Quarenta e quatro meses depois, agora em terras da América, voltava a abraçar a minha família.

Cerca de três meses após a minha chegada a terras americanas, já na posse do meu cartão da Segurança Social e do cartão Residente Permanente, o chamado cartão verde (talvez devido à sua cor), vi-me obrigado pela força das leis deste país a inscrever-me no Selective Service, o Departamento de Recrutamento dos Estados Unidos da América. Saíra de uma guerra e já me sentia perto de outra, a do Vietname. Não fui chamado e com a profissionalização das Forças Armadas Americanas, passei definitivamente à disponibilidade em 1976. Na altura, ainda solteiro e sem obrigações, se chamado a cumprir, eu julgo que em última análise teria regressado aos Açores.

A minha inscrição no "Departamento de Recrutamento" das FA dos EUA, o chamado Selective Service.

Com o passar do tempo, neste Novo Mundo para mim, fui-me apercebendo das grandes diferenças com a minha vivência recente, a portuguesa e, em particular, a açoriana. O vigor da sociedade americana e da sua economia assentava primariamente no respeito pelas instituições.

As diferentes comunidades portuguesas, com reconhecida capacidade de trabalho e honestidade, manifestavam-se sobretudo através das suas preferências religiosas, promovendo as procissões ao Senhor Santo Cristo dos Milagres, ao Divino Espírito Santo e a Nossa Senhora de Fátima.

Como bom açoriano, sentia profundamente as manifestações da nossa comunidade. Por outro lado, como combatente na chamada Guerra do Ultramar, via nos grandes desfiles americanos – o Memorial Day, o Independence Day, o Veterans Day – manifestações cívicas e patrióticas, que demonstravam um sentimento de cidadania e de patriotismo a que não estava habituado. Não me era indiferente ver os veteranos americanos marcharem com os seus uniformes, medalhas no peito, saudados com as palmas dos milhares de pessoas alinhadas ao longo das ruas por onde passavam os cortejos. Eu também batia palmas enquanto o coração chorava.

Um pormenor do desfile do Memorial Day, em Stoughton. Infelizmente não tenho melhor foto.

A partir de 1981, fazendo parte da Banda Filarmónica de São João, Stoughton, MA, tomei parte em todas aquelas manifestações. Fazia em terras da América aquilo que me tinha estado vedado em Portugal. Também assim prestava a minha homenagem aos que tinham combatido no Ultramar e nas demais guerras que Portugal sustentara.

Foto do Jornal Portuguese Times. Na foto eu vou com a Bandeira Portuguesa à frente da Banda Filarmónica de São João, da qual sou um sócio fundador.

Muito recentemente, na área da Nova Inglaterra, apareceram as primeiras organizações de antigos combatentes do Ultramar, que abracei de imediato. A mais antiga, circunscrita a Lowell, Massachusetts, por isso mesmo com uma ação pouco participativa e abrangente, desfila no Boston Portuguese Festival, o Dia de Portugal, na área consular de Boston. A organização comemora o 25 de Abril e tem uniforme próprio. Na cidade de Lowell há um monumento de homenagem aos combatentes do Ultramar, contributo daquela Associação de Veteranos Portugueses da Guerra do Ultramar.

A Associação de Veteranos das Força Armadas Portuguesas recebe um Diploma de Reconhecimento da Câmara de Deputados do Estado de Massachusetts

Outra organização, a Liga de Emigrantes da Nova Inglaterra Combatentes das Ex-Colónias, apareceu sediada em Fall River. Relativamente bem estruturada, com estatutos próprios, processo de incorporação adiantado, acabou por se afogar na sua própria dinâmica. A falta de compreensão relativamente aos seus objetivos principais e o divisionismo que provocou entre os seus associados, bem evidentes nas primeiras reuniões, a exorbitante cotização (60 dólares anuais) e algumas exigências da Liga Portuguesa de Combatentes a que se havia filiado foram algumas das razões que levaram ao desaparecimento precoce desta associação, que não viveu tempo suficiente para ter uma ação participativa digna de registo.

Fui associado e assíduo participante nas reuniões daquela Liga que vi desaparecer precocemente com mágoa.

Ainda antes do desaparecimento daquela Liga, alguns dos seus associados deram início a uma outra organização, a Associação de Veteranos Portugueses, com sede em Taunton. Tem estatutos próprios e muito simples. Com mais de cem associados, esta organização tem uma ação muito participativa no meio comunitário português e, o que é de louvar, nas manifestações patrióticas americanas.

Nas ações em que já tomou parte, há que realçar a sua participação no hastear da bandeira portuguesa no Dia de Portugal nas diversas cidades da área consular de New Bedford, nos cortejos realizados no âmbito
Para além dessas manifestações de índole religiosa e patriótica, a Associação tem alguma actividade filantrópica participando com os seus fracos recursos financeiros para organizações de pesquisa e assistência social.

Em Fall River, a Associação de Veteranos das Forças Armadas Portuguesas desfila nas Grandes Festas do Espírito Santo. Reparar na quantidade de pessoas que assistem a este desfile. 

A Associação tem a sua reunião anual no mês de Novembro, a cotização é de quinze dólares anuais, tem uniforme próprio custeado individualmente pelos próprios associados. A Associação tem o seu banquete anual no fim-de-semana mais próximo do dia 25 de Abril. Esta data também marca o começo das atividades que se irão seguir durante o verão.

Sou associado desta Associação e participo activamente nas suas ações. Sinto um prazer especial em fazê-lo, até porque é dirigida por cabos e soldados do exército português, combatentes que foram nas províncias ultramarinas. Os graduados associados, quatro, são observadores cúmplices nesta excelente organização de militares que foram no exército de Portugal.

Para além dos objetivos primários destas associações de combatentes, elas também servem como ponto de encontro com o nosso passado de combatentes na Guerra do Ultramar. Ali as cicatrizes psicológicas provocadas pelas diferentes lutas deixam de ser um tabu e acrescentam novas páginas à história da guerra. No encontro com os velhos amigos e camaradas voltamos a ser os jovens voluntariosos e abnegados de então. Voltámos ao passado que a história não poderá esquecer. Naturalmente que todas essas associações de emigrantes sucumbirão perante a voragem da roda da vida. Elas serão, e só isso, tesouros desaparecidos.

Da minha integração e participação em algumas dessas associações senti a urgência de ir à procura dos muitos amigos que criara na CCaç 3327, queria saber daqueles que tinham feito parte da minha secção. Por estes lados tinha encontrado alguns, meia dúzia, e o mesmo era verdade nos Açores. Através da NET encontrei o blogue “Luís Graça e Camaradas da Guiné”, essencialmente dedicado à Guiné. Apercebi-me da quantidade de camaradas que escreviam sobre os convívios anuais das suas unidades e o sentimento gratificante que sentiam com a realização daqueles encontros. E por que não a minha companhia onde deixara tantos bons amigos?

Os convívios servem para isso mesmo, matar as saudades e abraçar os nossos camaradas.

Daqui, dos EUA, usando o Roteiro da Saudade da companhia, pesquisando os nomes através das páginas brancas das redes telefónicas lá fui encontrando alguns camaradas. Num trabalhão tremendo inicial, mais tarde suavizado com alguma ajuda, conseguiu-se o nosso primeiro convívio em Coimbra. Entre camaradas e familiares juntámos cento e dez pessoas, um sucesso inimaginável. Importante mesmo foi o abraço de reconhecimento, de camaradagem, de saudade. Valeu mais que a pena.
De então para cá, o convívio tem-se feito alternadamente nos Açores e no Continente. E sempre com o mesmo sucesso, se atendermos a que muitos açorianos se encontram emigrados nos EUA e Canadá.

O regresso a Tavira

Durante o convívio realizado na Terceira fora sugerido que o próximo a ser realizado nos Açores fosse em São Miguel. Era convicção dos presentes que aquela ilha, sendo berço de muitos militares da companhia, proporcionaria a estes a possibilidade de estarem presentes. Se a premissa é correta, a realidade é que a emigração roubou muitos dos seus filhos. Mas isso não nos fez desistir até porque ainda tínhamos uma missão a cumprir.

Baseado naquele alvitre, sugeri a compra da campa tumular e a homenagem ao Manuel Veríssimo de Oliveira. Bem aceite por todos, já durante o convívio de 2012, foram angariados alguns fundos para aquele fim que foram juntos ao saldo que vinha dos convívios anteriores. Com o andar dos meses, por telefone, correio eletrónico e outra correspondência julgada normal fui apelando à generosidade dos antigos militares da CCaç 3327 até conseguir os fundos necessários para cobrir as despesas inerentes à compra da campa e homenagem àquele nosso militar. A verdade é que a generosidade dos elementos da companhia ultrapassou em muito o orçamento previsto. E quando assim é só posso estar imensamente agradecido.

No dia 27 de Julho de 2013, na presença dos familiares, autoridades locais e outros convidados, o Manuel recebia a homenagem dos camaradas e amigos da sua companhia que na altura da sua morte não fora possível fazer-se. A Guiné nos uniu, a morte não nos separou. Não cheguei a tempo de abraçar a sua mãe, nenhum de nós chegou, mas fiquei com a certeza de que o cemitério da Lomba de São Pedro foi pequeno demais para albergar a grandeza do coração das gentes ali presentes e de muitos outros que gostariam de lá ter estado.

O encontro com o meu passado, quatro elementos da minha secção.

Hoje, revivendo as minhas memórias, não sinto nostalgia pelo passado. Todavia, não posso negar a presença constante daqueles que assentaram raízes no meu coração. As grandes lições que aprendi ao seu lado levam-me a acreditar que a história na sua constante evolução à procura da perfeição será muito benevolente para com a mais sacrificada geração de portugueses, aquela que participou na Guerra no Ultramar.

(FIM)
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Nota do editor

(*) Vd. poste de 2 de fevereiro de 2016 Guiné 63/74 - P15699: (In)citações (82): Depoimento de um antigo combatente na diáspora (José Câmara, ex-Fur Mil da CCAÇ 3327 e Pel Caç Nat 56) (1): As experiências humanas que a guerra me proporcionou

terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

Guiné 63/74 - P15699: (In)citações (82): Depoimento de um antigo combatente na diáspora (José Câmara, ex-Fur Mil da CCAÇ 3327 e Pel Caç Nat 56) (1): As experiências humanas que a guerra me proporcionou

1. Em mensagem do dia 14 de Janeiro de 2016, o nosso camarada José da Câmara (ex-Fur Mil Inf da CCAÇ 3327 e Pel Caç Nat 56, Brá, Bachile e Teixeira Pinto, 1971/73), enviou-nos um texto, e algumas fotos, com aquilo a que chama Depoimento de um antigo combatente na diáspora. 
Aqui fica a primeira de duas partes.


Depoimento de um antigo combatente na diáspora  

1 - As experiências humanas que a guerra me proporcionou

José da Câmara*

Muito mais que a experiência militar, o que me marcou para a vida foram as experiências humanas que a guerra do Ultramar me proporcionou viver e a influência que tiveram na condução da minha vida desde então.

A guerra também é uma lição de vida que se aprende nas páginas de um livro sem linhas, sem palavras. Um livro em que as páginas mais importantes são escritas com a tinta dos sentimentos.

No mundo das lutas humanas que eu vivi não há palavras que consigam transmitir a capacidade de sacrifício, abnegação, camaradagem, religiosidade, dor e alegria do soldado português e, em particular, do soldado açoriano. A ânsia da incerteza do dia-a-dia, o receio, a miséria e a dor de ver perder um camarada vive-se, mas não se consegue descrever.

Porque também passei pela particular experiência de comandar tropas nativas, tive a possibilidade de aprender que o amor a Portugal, o meu querido País, era tão igual nas suas diferentes culturas, religiões, dialetos e fisionomia do todo humano que o compunha.

Quando cheguei à Província da Guiné, encontrei uma capital, Bissau, em franco e harmonioso desenvolvimento. Avenidas largas, limpas, iluminadas, comércio e restauração florescentes, assistência na saúde, escolaridade primária obrigatória, Liceu e muito mais. Ali, na cidade, respirava-se paz, harmonia social, desafogo económico e cultural. Era evidente que aquele bem-estar provinha do grande afluxo de tropas, muitas destas acompanhadas pelos seus familiares, excelentemente aproveitado pelas autoridades civis e militares no desenvolvimento da cidade.

Mas havia uma outra Guiné, aquela que estava para além de Bissau, a do mato, como se dizia na gíria militar. Aquele era aqui e ali entrecortado por alguns aglomerados populacionais de maior ou menor importância e desenvolvimento, sendo que as chamadas tabancas estavam mesmo a séculos de distância dos padrões de desenvolvimento da capital. A guerra, um autêntico flagelo humano, não explicava tudo. Era evidente que esta outra Guiné tinha sido negligenciada pelos poderes instituídos ao longo de centenas de anos. Talvez por isso mesmo, alguns autóctones ainda enraizados em costumes e tradições seculares se mostravam renitentes em aceitar mudanças que pusessem em causa a ordem social vigente a que estavam acostumados.

Naquele mato, a pobreza das gentes era chocante, mesmo para os corações mais duros. A subsistência familiar baseada numa agricultura insípida e antiquada era insuficiente e, em alguns casos, a religião e as tradições de algumas etnias não permitiam tirar o devido partido do pouco que havia. Águas inquinadas, mosquitos e malnutrição protagonizavam constantes problemas de saúde. Como se isso não bastasse, a rede de transportes, a assistência médica e o ensino obrigatório civis eram quase inexistentes. Muitas unidades militares faziam o que podiam para colmatar algumas daquelas falhas, mas em muitos casos podiam pouco. Aquele também era o mato das minas, das emboscadas, das flagelações, dos horrores da guerra.

A pobreza

Foi na Mata dos Madeiros, uma faixa de floresta densa entre a Mata do Balengerez e da Caboiana, a seguir ao Bachile, que por imperativos de defesa era agora completamente despovoada, que a CCaç 3327 montou o seu primeiro acampamento. Como companhia de intervenção às ordens do CAOP1, com sede na Vila de Teixeira Pinto, tinha como principal missão a proteção dos trabalhadores e das máquinas que prestavam serviço na construção da nova estrada que iria ligar aquela Vila ao Cacheu.
Naquela mata, recheada de fauna e flora maravilhosas, tive a oportunidade de viver o pulsar diário dos mais nobres sentimentos humanos de mãos dadas com os tremendos esforços físico e psicológico só ali possíveis e protagonizados por uma juventude maravilhosa.

O sacrifício da Mata dos Madeiros

O nosso dia de Páscoa (1971) naquele local foi marcado por um folar diferente, o casamento por procuração do Fur. Mil. Fernando Silva. Saiu de manhã com o seu grupo em patrulhamento. A meia tarde regressou ao acampamento para uma pequena cerimónia com os seus camaradas, para de novo voltar ao patrulhamento e respetiva emboscada noturna. Os segredos da noite perfumariam o barro vermelho da mata que lhe serviria de leito nupcial. Sem um queixume, sem um gesto de revolta apenas cumpria o seu dever.

Para no dia seguinte, segunda-feira, sermos todos atingidos com o trágico acidente sofrido pelo Manuel Veríssimo Oliveira, natural da Lomba de São Pedro, Ilha de São Miguel, o qual lhe custaria a vida dias mais tarde. No cumprimento de ordem militar, prestei a assistência necessária à família do Manuel. Na correspondência que mantive com a família, vivi por dentro o sofrimento de uma mãe que perdera o filho, sem o direito de o beijar uma última vez. O tempo se encarregou de suavizar a dor daquela experiência, mas ainda não me deu a oportunidade de esquecer.

De forma marcante e inesquecível, tive a oportunidade de participar diretamente na grandeza sublime do sentimento religioso dos nossos militares. Porque, na prática, a assistência religiosa era quase nula, um pouco por toda a companhia colmatava-se aquela falta com algumas manifestações de fé cristã. Entre elas, no tríduo preparatório em honra de Nossa Senhora de Fátima, o terço era rezado diariamente por muitos. Nas emboscadas noturnas, a minha secção rezava-o em conjunto através de sinais. Ali não havia medo, mas sim um sentimento de libertação do que nos rodeava, de conforto interior.

Na noite do dia 12 de Maio de 1971, os dois grupos de combate que estavam na proteção afastada ao acampamento regressaram a este para se juntarem aos outros dois. Com a sua chegada deu-se o andamento da Procissão pelo perímetro interior do acampamento. Com a arma numa mão e a vela acesa na outra, aqueles valentes militares deram largas à sua fé entoando o Hino a Nossa Senhora de Fátima que perfumava com a sua bênção as matas da Guiné. Durante aquela manifestação de fé a defesa do acampamento esteve entregue aos Anjos do Céu.

A religiosidade

Como poderei transmitir (ou esquecer) os sentimentos que me assolaram quando, numa noite diluviana, em corrida contra ao tempo, o meu grupo de combate, a que se juntaram algumas dezenas de voluntários, teve que evacuar de Teixeira Pinto para Bissau o soldado Miranda, da CCaç 2637, natural de São Miguel, em fim de comissão, também ele vítima de um acidente? No regresso a Teixeira Pinto sabíamos que ele jazia cadáver no Hospital Militar 241. Ou ainda a visão de um furriel a chorar, na chegada de uma operação de alto risco à Mata do Balenguerez, ao encontrar morto o seu amigo de estimação, um tecelão, uma avezinha domesticada por ele?

Na guerra mata-se, morre-se. Mas também há aquela situação em que se morre ficando vivo. Foi o que senti no Destacamento de Bassarel quando recebi a notícia de que iria ser transferido para uma unidade de recrutamento guineense. Sabia e compreendia que situações dessas aconteciam, mas logo eu, o único graduado açoriano numa companhia açoriana, não fazia sentido algum. Ou fazia? Com o coração despedaçado tive que me despedir daqueles fantásticos rapazes que compunham a minha secção, irmãos nas boas e nas más horas, para mim uma família muito especial.


A saudade na partida para as tropas africanas

Como transmitir em palavras os sentimentos que me assolaram quando no Destacamento de São João fui apresentado ao meu novo Pelotão de [Caçadores] Nativos 56 e me apercebi que aquele era constituído por manjacos, felupes, balantas, mandingas, fulas, beafadas, papéis, muitos deles inimigos tribais, que pouco comunicavam entre si, alfabetizados alguns e outros que não falavam português? Ou como foi a minha integração naquele pelotão no qual o soldado mais velho tinha 52 anos de idade que, como alguns outros, andava na guerra desde o seu início? Entre católicos, muçulmanos e animistas como conciliar os seus costumes, tradições e práticas religiosas com a disciplina e os afazeres militares? Como comunicar ordens em situações de risco, ou a simples afirmação de que ali eu era apenas mais um, com responsabilidades acrescidas sim, mas que eram eles os verdadeiros protagonistas protetores dos seus familiares, das gentes e do chão da Guiné?

No fim, quando treze meses depois regressei à minha companhia e aos Açores, deixei um amigo em cada um daqueles militares guineenses, uma amizade bem traduzida em alguns aerogramas que fui recebendo ao longo dos meses, prática que naturalmente desapareceu quando emigrei. Em São João ficara um pelotão de gente boa e dócil, agora com uma mentalidade diferente, mais receptiva, mais igual, mais amiga.

O Pel Caç Nat 56

Em fim de comissão, no dia da despedida em Brá, marchei na frente da companhia. Por ordem do comandante da companhia nas minhas mãos carregava com muito orgulho o Guião da CCaç 3327. Um gesto simples fora suficiente para esquecer a amargura do dia em que deixara a companhia. Lá mais atrás marchava a minha secção. Vinham todos, minha única honra e glória. Na companhia, infelizmente, faltava o Manuel.

A despedida da Guiné. Extracto do Jornal Voz da Guiné, 30 Dezembro de 1972, Página 13.

Um pouco mais de três anos após ter cruzado as portas do CISMI, em Tavira, tinha chegado a hora de dependurar o uniforme do exército de Portugal. Vestira-o com orgulho e dignidade. Pelo meio ficaram ainda a minha passagem pelo BII19, BII17, Santa Margarida e vários aquartelamentos na Província da Guiné. Cumprira com o meu dever de mancebo na defesa da Pátria, numa guerra justa ou injusta mas para a qual não fora chamado a decidir. O jovem que partira era agora um homem. Na bagagem, bem escondidas, trazia algumas cicatrizes internas, que o tempo se encarregaria de diluir, e muitas ilusões.

(Continua)
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Nota do autor:

(*) José Alexandre da Silveira Câmara.
Natural da Fazenda, Concelho das Lajes das Flores.
Prestou serviço militar no Ultramar como Furriel Miliciano na Companhia de Caçadores 3327, mobilizada pelo BII17 para a Guiné: partida a 21 de Janeiro de 1971 regresso a 7 de Janeiro de 1973.
Emigrou para os Estados Unidos da América no ano de 1973, tendo-se fixado em Stoughton, Massachusetts onde reside.
Encontra-se presentemente reformado.

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Nota do editor

Último poste da série de 29 de dezembro de 2015 Guiné 63/74 - P15552: (In)citações (81): Amigo/a, camarada, faz a tua prova de vida: Manda-nos um simples "OK! Tudo bom! Vou indo" ! ... E os editores aproveitam para te desejar o melhor ano possível em 2016, apesar das dificuldades, enfermidades, mazelas, contrariedades, problemas, sacanices, minas e armadilhas que enfrentamos, cada vez mais, à medida que o tempo... pula e avança

sábado, 23 de janeiro de 2016

Guiné 63/74 - P15659: In Memoriam (244): Sezinando Ferreira Domingues (ex-Fur Mil da CCAÇ 3328), faleceu no passado dia 17 de Janeiro de 2016, em Leiria (José Câmara)

1. Mensagem do nosso camarada José da Câmara (ex-Fur Mil Inf da CCAÇ 3327 e Pel Caç Nat 56, Brá, Bachile e Teixeira Pinto, 1971/73), com data de 23 de Janeiro de 2016:

HOMENAGEM PÓSTUMA AO MEU CAMARADA SEZINANDO

Amigos e Camaradas,
Ao longo da minha vida fui conhecendo pessoas que, por circunstâncias várias, me foram tocando profundamente. O Fur Mil (Operações Especiais) Domingues, Sezinando para os amigos, foi uma dessas pessoas. A mobilização para a Guiné, integrado na CCaç 3328, levou-o a Angra do Heroísmo e ao BII 17. Foi ali que o conheci, em 1971.
De semblante algo austero, olhar penetrante, calmo e simpático no seu falar, o Sezinando transpirava confiança e impunha respeito à sua volta. O seu forte carácter levava à construção de amizades sólidas. Entre muitos, eu fui um dos felizardos que teve a oportunidade de apreciar a sua palavra amiga, o gesto simples dócil de um coração sincero.

A bordo do "Uíge", Janeiro de 1973 - A contar da esquerda: Fur Mil Coelho, Fur Mil Duarte, o Fur Mil Op Esp Sezinando Domingues (que faleceu no dia 17 deste mês de Janeiro), todos da CCaç 3328/BII 17. A seguir, da CCaç 3327/BII 17: o Fur Mil André Lourenço Fernandes e eu, José Câmara. Na mesa um pouco mais atrás, o Fur Mil Vagomestre Alberto Ferreira, da CCaç 3328/BII 17.(1)

Na Guiné, a CCaç 3328/BII17, uma Companhia de Intervenção às ordens do BCaç 2928, fez a sua comissão em Bula. O Sezinando comandou durante muitos meses o 1.° GrComb, tendo sido louvado, em Setembro de 1972, pelo Comandante do Batalhão. Após a comissão, aquela Companhia, bem assim as CCaç irmãs, 3326 e 3327, chegaram a Lisboa ao entardecer do dia 12 de Janeiro de 1973, desembarcando na manhã do dia seguinte.
Consequentemente, cada um de nós seguiu o seu próprio caminho e só em 2014 voltei a encontrar-me com o Sezinando, fruto do convívio que aquelas Companhias tiveram na Quinta do Paúl, em Ortigosa. Como era seu timbre, participou activamente nos preparativos do encontro, cabendo-lhe a procura e indicação dos locais mais apropriados para a realização do mesmo. E que bem o fez.

Convívio 2014, Ortigosa – À esquerda e à direita os Fur Mil João Cruz e José Câmara, ambos da CCaç 3327. Ao centro, o Fur Mil Sezinando Domingues (da CCaç 3328), com a esposa.

Foi ao findar do seu trabalho no terreno que descobriu ter sido acometido de doença incurável. Nunca se queixou. Extremamente debilitado pelos tratamentos conseguiu arranjar forças na fraqueza que o consumia para ir abraçar os amigos no convívio que ele, com tanto carinho, ajudara a preparar. Foi o último grande gesto de um homem de eleição.

Convívio 2014, Ortigosa – O Fur Mil Vagomestre Alberto Ferreira (CCaç 3328), num improviso comovido, cumprimenta os presentes e em especial o camarada de armas Sezinando. que está com a mão na fronte.

O Sezinando Ferreira Domingues tinha residência em Casal dos Claros, Amor, Leiria. No passado dia 17 deste mês de Janeiro saiu em patrulha sem regresso. Na sua mochila de campanha levou o respeito de todos nós que o conhecemos e fomos seus amigos. Com a família e connosco deixou um belo caderno de recordações escrito com a caneta do amor e da amizade.

Até qualquer dia amigo.
José Câmara
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Notas do editor

1 - Em tempo: Legenda da foto rectificada, em 25JAN16, a pedido do autor do texto.

Último poste da série de 30 de dezembro de 2015 Guiné 63/74 - P15553: In Memoriam (243): António [Gabriel Rodrigues] Vaz (1936-2015), ex-cap mil art, cmdt CART 1746 (Bissorã e Xime, 1967/69); nosso saudoso grã-tabanqueiro nº 544, desde 2012

sábado, 2 de janeiro de 2016

Guiné 63/74 - P15566: Memória dos lugares (329): Capelinha erguida em louvor a Nossa Senhora de Fátima, pelo 3.° GComb da CCaç 3327, em Calequisse (José da Câmara)

1. Mensagem do nosso camarada José da Câmara (ex-Fur Mil Inf da CCAÇ 3327 e Pel Caç Nat 56, Brá, Bachile e Teixeira Pinto, 1971/73), com data de 1 de Janeiro de 2016:


Surpresas do Pai Natal

Meus caros amigos e camaradas,
Nos anos anteriores tive a oportunidade de partilhar convosco algumas das minhas vivências de Natal durante o meu tempo de serviço militar. As experiências então vividas, pelas lições que aprendi, fizeram-me compreender melhor as comemorações do nascimento do Menino, no renovar da Vida, da Fé e da Esperança.

Num mundo cada vez mais materialista esquecemos muitas vezes a essência da Natalidade e damos as boas-vindas ao Pai Natal, aquele velho simpático de barbas brancas, que antes de entrar nas nossas casas passou pelas lojas da vizinhança. Na verdade ele faz os possíveis para alegrar as crianças cada vez mais exigentes, mas também não se esquece dos adultos que um dia no ano também gostam de ser crianças.

O velhote de barbas brancas tem por hábito chegar a tempo, mas é quando se atrasa que traz as grandes surpresas. Foi o que aconteceu ao findar o ano de 2015.
No dia 31 de Dezembro recebi a minha oferta de Natal, por carta electrónica do nosso amigo Henrique de Matos, com uma foto anexada da Capelinha erguida em louvor a Nossa Senhora de Fátima, pelo 3.° GComb da CCaç 3327, em Calequisse.
A comoção foi grande. Aquela foto…

Meus amigos,
Alguém, em Calequisse, está tomando conta daquela capelinha. Ela foi restaurada. Mas quem o fez?
Qualquer ajuda no sentido de encontrar quem está a tomar conta daquela capelinha será muito bem-vinda. É o desafio que vos deixo.


Fotos cedida pelo 1.° Cabo José M. Sousa, autor do projecto da capelinha, Calequisse, Guiné

Foto de 2010 - Cortesia do nosso tabanqueiro e amigo Carlos Silva

Foto de 2013 de Albano Barai, a quem presto a devida vénia. Esta foto foi-me enviada pelo nosso tabanqueiro e amigo Henrique de Matos.

São situações como esta que me permitem ser criança, aguardar com curiosidade a chegada do Pai Natal e agradecer ao Menino tudo aquilo que me tem permitido ter nesta passagem pelo mundo, a minha família e os meus amigos.

Para todos os meus votos de um Feliz e Santo Ano.
José Câmara
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Nota do editor

Último poste da série de 31 de dezembro de 2015 Guiné 63/74 - P15555: Memória dos lugares (328): Buruntuma, dezembro de 2015 (Patrício Ribeiro, o "pai dos tugas", Bissau)