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segunda-feira, 30 de dezembro de 2019

Guiné 61/74 - P20512: 15 anos a blogar, desde 23/4/2004 (16): Pierre e Ivette Fargeas, em viagem de heli AL III a Bafatá, pilotado pelo Jorge Félix, em 1969

1. Pierre Fargeas tem uma escassa meia-dúzia de referências no nosso blogue.

A malta da FAP que esteve na BA 12. Bisslanca, entre 1969 e 1974, sabe de quem é que eu estou a falar.  

O Pierre Fargeas, nascido em 1932, era o técnico francês da Sud-Aviation, a  fábrica dos heli Alouette III, que prestava assistência a estas aeronaves. [ Foto aqui à esquerda a ser condecorado, em 1970, pelo cor pilav Diogo Neto: imagem publicada no blogue Especialistas da BA 12. Guiné 65/74.]

Viveu em Bissau, com a esposa Ivette Fargeas, durante cerca de cinco anos, desde 1969 a 1974, até ao 25 de abril.  Depois o  casal regressou a casa, tal como os últimos soldados do Império, e meteu-se noutras aventuras... Em 1975 estavam os dois em El Aaiun, a capital do Sará Ocidental, ex-colónia espanhola, hoje ocupada por Marrocos.

Sei que o Pierre Fargeas se reformou em 1988 e vive (ou vivia em 2014) no sul de França, em Saint Raphael. Fez-se, entretanto, radioamador, com o  indicativo F4TJS.

Pierre e Ivette Fargeas sempre  tiveram um grande carinho por Portugal, a Guiné-Bissau, a FAP, o pessoal da BA 12, Bissalanca, do seu tempo... 

Pierre tem  inclusive mantido contactos com algums camaradas, nossos, da FAP, como é o caso do Jorge Félix ou do Vitor Barata,  régulo da Tabanca de Bissalanca (, tendo como adjuntos o João Carlos Silva, o Marto Aguiar e o Paulo Moreno).

Por outro lado, há alguns vídeos dele no You Tube (cenas da vida quotidiana da Guiné, mas também um viagem ao sul...), de que falaremos mais tarde.

Ivette Fargeas, expondo na sala de convívio
 do pessoal da CCP 112 / BCP 12, BA 12,
Bissalanca, s/d,c. 1973. Fotograma de
vídeo de Pierre Fargea
s,
disponível no You Tube.
Um desses vídeos já aqui passou, pelo menos, duas vezes... Mas não fica mal passar uma terceira vez, justamente porque é um dos melhores postes que publicámos nos últimos 15 anos (*)

PS - Madame Ivette Fargeas fez, em Bissau, no período em que lá viveu, uma exposição de cerâmica e outra de "panos africanos", segundo a técnica do batique [, recorde-se que o batique: (i) é uma técnica artesanal de tingimento, que consiste em cobrir de cera as partes do tecido que não devem ser tingidas, mergulhá-lo num banho de cor e remover a cera posteriormente, repetindo o processo para cada cor utilizada; (ii) é tecido tingido por meio dessa técnica].



Vídeo (2' 44'') > Bafatá >  c. 1969 > Alojado no You Tube (Cortesia de Jorge Félix).

©  Jorge Félix / Pierre Fargeas  (2009). Todos os direitos reservados. (Música de fundo: Te Espero, Charles Aznavour, reproduzida com a devida vénia...Vd. página oficial aqui)


O Jorge Félix
e a Ivette Fargeas
2. Vídeo que o Jorge Félix fez com imagens que lhe foram enviadas pelo francês Pierre Fargeas, o técnico da fábrica dos Alouettes III, que fazia a sua manutenção em Bissalanca, no período entre  1969 e 1974. (**)

Escreveu o Jorge:

"Fiz uma pequena montagem das imagens, onde estou a guiar o heli, segue ao meu lado esquerdo a esposa do Pierre, Ivette Fargeas, e depois uns senhores que não me recordo o nome. O Coronel é o meu comandante Diogo Neto."

Pierre Fargeas
Sinopse:

(i) O heli parte de Bissalanca e faz uma viagem até Bafatá, sobrevoando o Rio Geba, as bolanhas, as tabancas, a avenida principal da bela vila colonial, a "princesa do Geba"  (ainda não tinha o estatuto de cidade em 1969, só em março de 1970), a casa Gouveia, a catedral, o mercado, o hospital... 

(ii) Não no heliporto,mas numa rua de  Bafatá,  são recebidos por militares, onde se incluem os oficiais superiores. 

(iii) Na despedida, um deles, de camuflado, parece-nos ser o cor Hélio Felgas, comandante do Cmd Agrupamento nº 2957, a que pertencia o o nosso camarada Fernando Gouveia.

(iv) O Pierre Fargeas faz depois, a pé, com a esposa,  um visita ao encantador mercado de Bafatá, de arquitectura revivalista.

(v) O heli regressam entretanto,  a Bissalanca, à BA 12, ao longo do Rio Geba e da estrada Bafatá-Bambadinca...O  Pierre Fargeas, de óculos graduados sem armação, aparece, no vídeo, no regresso a Bissalanca. A sua esposa, a belísisma  Ivette, surge de  novo ao lado do piloto, Jorge Félix.

(vi) Não sabemos em que circunstâncias. ou a que título, o casal. viajou até Bafatá, um dos poucos sítios da Guiné, de então, para além de Bubaque nos Bijagós, que se podia visitar (e valia a pena visitar), "by air", em segurança...  Muito simplesmente, o casal deve ter "apanhado uma boleia".

(vi) Recorde-se que, no nosso tempo, meu (1969/71)  e do Fernando Gouveia (1968//0), Bafatá nunca sofreu qualquer ataque ou flagelação por parte do PAIGC; haverá, sin,  um ataque, mais tarde, em 28/8/1972, com foguetões 122 mm, mas sem consequências.

Presumimos que a gravação tenha sido feita pelo Pierre Fargeas e pela esposa, Ivette. Ou pelo próprio cor pilav Diogo Neto. A montagem é do Jorge Félix. [É pena que o Jorge Félix nunca tenha respondido a (ou comentado) algumas das minhas questões.]


3. Comentário de L.G.:

Pedi ao Fernando Gouveia para comentar:

"Tem cenas sobre Bafatá (***)... (e tem a Ivette Fargeas, que é de uma beleza perturbadora...). Quero inclui-lo na tua/nossa série Roteiro de Bafatá... Um abraço. Luis". 

E ele respondeu (em 1/12/2013):

"Não tenho muito a comentar, além do agradável que é, rever Bafata. A única coisa estranha que me pareceu foi que a aterragem se fez numa rua e não no heliporto junto à pista."

São imagens relativamente raras. Temos fotos aéreas, naquela época  já havia boas máquinas fotográficas, mas não gravadores de vídeo. Este pequeno filme terá sido feito com câmara de filmar de 8 mm, sendo depois o filme convertido para vídeo.

Escrevi na altura,  no nosso Facebook (Tabanca Grande Luís Graça), em resposta ao Jorge Félix:

"É um vídeo que eu vejo e revejo... Por muitas razões: por ti, amigo e camarada do meu tempo; pelo regresso ao passado;  pelas saudades da doce, tranquila e bela Bafatá; pelos nossos 20 anos. tão generosos quanto verdes;  pela beleza (pertubadora) da Ivete Fargeas; pela "canción desesperada" do Ch. Aznavour... Uma combinação perfeita!... Um Alfa Bravo".

Já tinha comentado anteriormente, em 2009  (**):

(i) Que nostalgia, que saudade, que doçura triste! ... 

(ii) Perfeita a escolha da música do Charles Aznavour, a sua canção Te espero, em espanhol, com seu sotaque meio francês e meio arménio... Um rapaz do mundo, com idade de ser nosso pai (n. 1924...), pai da nossa geração, a dos baby boomers...

(iii) Pasa el tiempo y sin ti no sé vivir / la razón es para mí siempre sufrir / y ahora el viento al pasar me da a entender / que en la vida sólo a ti esperaré  (****). 

(iv) Uma canción desesperada, uma canção, eterna, para um amor talvez impossível,  um amor sofrido, uma canção que fica aqui tão bem quando olhamos para o passado,  quando tínhamos vinte anos e estávamos na guerra...

(v) Jorge: Gosto muito do plano em que estás tu, aparentemente concentrado na tua missão de comandamte daquela nave, mas de repente viras-te para trás... e pedes um cigarro!... (Aí temi pela segurança... do heli e da tua preciosa carga...).

(vi) Como éramos todos tão apaixonados pelas vida (e pelas lindas mulheres....),  como éramos todos tão conscientemente irresponsáveis,  como éramos todos tão sem jeito,  como éramos todos tão inconscientemente loucos,  como éramos todos tão optimistas e generosos,  como éramos todos já tão maduros e tão sofridos,  como éramos todos... 

(Porra, Jorge, que me fazes chorar! )...

___________

Notas do editor:

(*) Último poste da série > 23 de dezembro de 2019 > Guiné 61/74 - P20487: 15 anos a blogar, desde 23/4/2004 (15): O meu último Natal, 1966, em Bissau, no QG/CTIG (Virgínio Briote)

(**) 1 de dezembro de 2013 > Guiné 63/74 - P12375: Roteiro de Bafatá, a doce, tranquila e bela princesa do Geba (Fernando Gouveia) (7): By air... (Vídeo de Jorge Félix / Pierre Fargeas)

(***) Vd. também poste de 3 de julho de 2009 > Guiné 63/74 - P4635: FAP (31): Uma viagem de heli a Bafatá, em 1969, com o cmdt Diogo Neto e o casal Ivette e Pierre Fargeas (Jorge Félix)

(***)  Último poste da série > 30 de novembro de 2013 > Guiné 63/74 - P12369: Roteiro de Bafatá, a doce, tranquila e bela princesa do Geba (Fernando Gouveia) (6): O café do sr. Teófilo (Parte II): um homem amargurado que sabia demais? (Manuel Mata)

 (****) Letra de Charles Aznavour, canção Te espero (1967).reproduzida com a devida vénia:

Pasa el tiempo y sin ti no sé vivir,
la razón es para mí siempre sufrir,
y ahora el viento al pasar me da a entender
que en la vida sólo a ti esperaré.

Yo recuerdo tu mirar y tu besar,
tu sonrisa bajo el sol primaveral,
estoy solo sin saber lo que tú harás,
en mi alma hay dolor al esperar.

Ven... a mí ven, no tardes más,
ven, por favor, te ruego yo,
no podré esperar, ven a mí,
yo quiero saber si has de venir,
por fin así, dímelo, amor.

Es la herida que envejece sin piedad,
más mi amor siempre será eternidad,
en mis blancas noches tú revivirás
el recuerdo de mi amor al despertar.

En mi mente siempre como un altar
y tu rostro grabo en mí para soñar,
el momento ha de llegar muy pronto ya
y veré la realidadal despertar.

Ven... ven a mí ven, ven, no tardes más,
ven, por favor, te ruego yo, 
 no podré esperar,
ven... oh ven a mí yo... yo quiero saber
si has de venir por fin así, dímelo,  amor.....

______________

Notas do editor.

sexta-feira, 27 de dezembro de 2019

Guiné 61/74 - P20503: FAP (114): O helicóptero Alouette II


Foto nº 1 > Guiné > Região de Tombali > Guileje > CCAÇ 726 (Out 64 / Jul 66) > O pessoal em operações militares: na foto, acima, transporte às costas de um ferido, evacuado para o HM 241, em Bissau, por um helicóptero Alouette II (versão anterior do Alouette III, que nos era mais familiar, sobretudo para aqueles que chegaram à Guiné a partir de 1968).


Foto nº 2 > Guiné > Região de Tombali > Guileje > CCAÇ 726 (Out 64 / Jul 66) > "O heli [, aqui a descolar,]  era o Alouette II (dois). O que está na foto nº 1 já tem rodas, os que conhecia eram todos com patins. Nesta altura, os feridos eram transportados no "caixão" que eu destaquei a amarelo. Podes imaginar como arrepiante seria viajar, amarrado e bem amarrado, naquele cubículo do lado de fora da carlinga" (Jorge Félix) (*)..

Foto (e legenda): © Alberto Pires (Teco) / Jorge Félix (2009). Todos os direitos reservados.[Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

Foto nº 3 > Guiné > Região do Oio > Jumbembem > CART 730 (1964/66) e CCAÇ 1565 (1966/68) > Domingo, 10 de julho de 1966 > Um dia trágico: pormenor da evacuação do cap mil inf Rui Romero, na foto a ser transferido para a maca do helicóptero Alouette II... A enfermeira paraquedista era a alf Maria Rosa Exposto.

Foto ( e legenda): © Artur Conceição (2007). Todos os direitos reservados.  [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Foto nº 4 > Guiné > Região de Quínara > Tite > Agosto/Setembro de 1965 > Alouette II. Foto do álbum de Santos Oliveira, ex-2.º Sarg Mil Armas Pesadas Inf do Pel Mort 912, Como, Cufar e Tite, 1964/66.

Foto (e legendas): © Santos Oliveira (2008). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Foto nº 5 > Guiné > Região do Oio > Porto Gole > Arnaldo Schulz ao lado do piloto do helicóptero;  Fevereiro de 1967 > A despedida: em segundo plano, no banco de trás, duas caixas de cerveja, Sagres e Cristal; em primeiro plano, à esquerda, um cabo especialista da FAP e, à direita, o fur mil Viegas, do Pel Caç Nat 54, com camuflado paraquedista trocado com um camarada numa operação no Morés em outubro de 1966. A aeronave parece ser um Alouette II.

Foto (e legenda) : © José António Viegas (2015). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Foto nº 6  > Guiné > Região de Tombali > Catió > CCAÇ 617 / BCAÇ 619 (Catió, Ilha do Como e Cachil, 1964/66) > Alouette II > "O meu batismo em heli"...

Fotos (e legendas): © João Sacôto (2019). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Tancos > Base Aérea nº3 > 1967 > 1.º Curso de Pilotos de Helicópteros, onde pela 1.ª vez também foram incorporados milicianos, segundo informação do Jorge Félix, aqui, junto a um Allouette II, no meio dos seus camaradas, onde se inclui o Duarte Pio de Bragança [e não Duarte Nuno de Bragança, como por lapso escreveu o Jorge Félix]

Os primeiros pilotos milicianos de helicópetros da FAP > 14 de Março de 2008 > "Éramos oito milicianos (Eu, Antolin, Cavadas, Melo, Baeta, Pinto e Duarte) e três da Academia Militar (Braga, Afonso e Costa).

O Pinto faleceu em Outubro de 2007, em Lisboa, vítima de doença. O Oliveira faleceu no acidente de aviação em Tancos, em 72 ou 73. Estes dois companheiros estiveram comigo na Guiné. O Melo anda em sítio incerto na Venezuela (vou saber pormenores da 'chatice' que foi a vida dele por lhe terem roubado um Allouette III da FAP). O Baeta faleceu em Gago Coutinho, Angola, Março de 1969, num acidente, voo nocturno, Heli. O Cavadas também já faleceu em acidente de Heli, andava nas pulverizações, no Alentejo. O Antolin está de perfeita saúde, Comandante da TAP reformado, a viver em Lisboa. O Duarte é... Sua Alteza D. Duarte Pio de Bragança, esteve em Angola [... e não em Moçambique...] e vive em Lisboa. O Pinto, também reformado da TAP, faleceu há quatro meses. Do Braga, Afonso e Costa, sei muito pouco (...)..

Foto (e legenda): © Jorge Félix. Todos os direitos reservados [Cortesia de: Blogue do Victor Barata > Especialistas da BA 12, Guiné 1965/74.] (**)


Guiné > Algures > Jorge Félix, allf mil pil heli Al III (BA 12, BA 12, Bissalanca, 1968/70) e António Spínola (Com-Chefe e Governador Geral, CTIG, 1968/73)... O tratamento por "pilav" era reservado aos pilotos-aviadores que vinham da Academia Militar. Não sabemos exatamente em que data chegaram, à BA 12, Bissalanca, os Alouette III. A partir de 1969, o fabricante francês destaca para a BA 12 um técnico de manutenção, o Pierre Fargeas (nascido em 1932) e que se tornou um grande amigo de Portugal e do pessoal que passou pela BA 12 entre 1969 e 1974. A sua esposa, Ivette Fargeas, também o acompanhou. (***)

Foto (e legenda): © Jorge Félix (2010). Todos os direitos reservados.  [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. O que muito de nós não sabem (ou não sabiam) sobre o heli Alouette II, antecessor do Alouette III

(i) Maria Arminda Santos (****)

(...) "A partir daí a guerra na Guiné estava instalada e assim que foi possível fomos colocadas na Base de Bissalanca, para o início das evacuações aéreas com enfermeiras. Havia os aviões Auster e os helicópteros Alouette II; nestes não nos era possível acompanhar de perto os feridos, os quais eram transportados fora do helicóptero, numa espécie de caixas colocadas por cima dos patins do heli, uma de cada lado. Nos Auster a maca quase entrava pela cadeira ao lado do piloto e na cauda do avião. 

"Felizmente mais tarde chegaram os DO-27 e os Alouette III, onde passámos a fazer inúmeras evacuações, adaptando e modificando os meios sanitários e a nossa actuação, com a finalidade de uma mais eficaz prestação de cuidados aos feridos, os quais iam sendo cada vez em maior número. Infelizmente tivemos que chegar a fazer evacuações no Dakota, quando havia ao mesmo tempo muitos feridos e a pista era adequada para a sua aterragem." (...)  


(ii) Wikipedia > Aérospatiale Alouette II (em português)

(... ) O Alouette II é um helicóptero ligeiro, produzido, sob diversas versões, pelo construtor aeronáutico francês, SNCASE, que em 1957 deu origem à Sud Aviation, em 1970 à Aérospatiale, em 1992 à Eurocopter e que em 2000 passou a integrar a EADS (...)

Foi o primeiro helicóptero do mundo, motorizado com turbina a gás a ser certificado para voo.

As versões militares eram usadas essencialmente em, fotografia aérea, observação, salvamento marítimo. ligação e treino. Na parte civil era usado essencialmente na evacuação médica principalmente em grande altitude, tirando partido do seu motor de turbina. (...)

(...) O Alouette II foi o segundo modelo de helicóptero ao serviço da Força Aérea Portuguesa, a seguir ao único Sikorsky UH-19 operado desde 1954. Foram recebidas sete unidades em 1957, começando a ser operadas no ano seguinte, uma das quais seria destruída por acidente.

Com o início da Guerra do Ultramar, os seis helicópteros remanescentes foram enviados para Angola, de onde operaram a partir das bases aéreas do Negaje e de Luanda. Foram utilizados sobretudo para evacuações sanitárias e para ligações. 

A partir de abril de 1963, começaram a ser substituídos em Angola pelos recém adquiridos Alouette III, sendo enviados para a Guiné Portuguesa onde se tinha aberto uma nova frente. Também neste teatro de operações começaram a ser substituídos por Alouette III, sendo quatro transportados num DC-6 para a nova frente de Moçambique em 1966. Foram finalmente completamente substituídos operacionalmente pelos Alouette III e pelos Puma, sendo todas as unidades colocadas na Base Aérea de Tancos na função de instrução, onde serviram até 1976. (...)
__________

Notas do editor:


(***) Vd. poste de 1 de dezembro de 2013 > Guiné 63/74 - P12375: Roteiro de Bafatá, a doce, tranquila e bela princesa do Geba (Fernando Gouveia) (7): By air... (Vídeo de Jorge Félix / Pierre Fargeas)

quinta-feira, 22 de novembro de 2018

Guiné 61/74 - P19220: O nosso blogue como fonte de informação e conhecimento (62): Directiva 43/68 - Reordenamento de populações e organização em autodefesa, de 23/09/1968, do Com-Chefe do CTIG


Guiné > Algures > Maio de 1973 > Costa Gomes, Chefe do Estado Maior General das Forças Armadas, dá início, a 25 de maio de 1973, a uma visita ao Comando Territorial Independente da Guiné (CTIG), para se inteirar do agravamento da situação militar e analisar medidas a tomar com vista a garantir o espaço de manobra do poder politico em Lisboa. Na foto, vê-se  o gen Spínola, ao centro, tendo o o Gen Costa Gomes à sua direita, falando com milícias guineenses.

Foto do francês Pierre Fargeas (técnico que fazia a manutenção dos helis AL III, na BA 12, Bissalanca), gentilmente enviada pelo nosso camarada Jorge Félix (ex-Alf Mil Pil Heli, BA12, Bissalanca, 1968/70).

Foto: © Pierre Fargeas / Jorge Félix (2009). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem:Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



I. Em complemento da brochura "Os reordenamentos no desenvolvimento sócio-económico das populações",  da Repartição de Assuntos Civis e Acção Psicológica (Rep ACAP), que publicámos anteriormente (*),  reproduz-se  a aqui a Directiva 43/68 - Reordenamento de populações e organização em autodefesa,  de 30 de setembro de 1968 (**). 

Mais uma vez, aqui fica o nosso agradecimento a nosso camarada e colaborador permanente José Marcelino Martins (ex-Fur Mil Trms da CCAÇ 5, Gatos Pretos, Canjadude, 1968/70). Este texto faz de um conjunto de três postes às Directivas de 1968 do COM-CHEFE do CTIG, Brigadeiro António de Spínola.


Directiva 43/68 - Reordenamento de populações e organização em autodefesa

1. O reordenamento das populações e a sequente organização das tabancas em autodefesa é um problema complexo e que requer técnica especializada.

2. Com efeito, o problema do reordenamento das populações não pode ser encarado com a superficialidade com que o tem sido, antes requer meditação e estudo profundo em íntima ligação com os serviços do Governo da Província, no sentido de se definirem as áreas economicamente ricas que, num reordenamento bem planeado, se deverão transformar em pólos de desenvolvimento económico-social.

Para além do aspecto episódico da defesa da população, problema de reordenamento das populações surge-nos como um imperativo de progresso dos povos, e como deverá ser encarado, por forma a que as áreas reordenadas se transformem simultaneamente em «pólos de atracção das populações e de irradiação de progresso».

Ao equacionar-se o problema do reordenamento, não se pode deixar de atender à compartimentação étnica da Província, a qual não só deverá ser respeitada como até fomentada.

3. O problema da defesa das áreas reordenadas (conjuntos de tabancas em autodefesa) também requer aprofundado estudo, com vista a estabelecerem-se «esquemas de dispositivo» suficientemente flexíveis para permitirem a escolha e adaptação daquele que, para cada caso, melhor se ajuste às condições locais.

Independentemente do trabalho de planeamento, haverá ainda que dar assistência técnica nas diferentes fases de execução, até que o conceito de «autodefesa» se transforme numa realidade efectiva e não num conceito simbólico sem qualquer significado prático.

Não se deve perder de vista que a organização de uma tabanca em autodefesa envolve responsabilidade da nossa parte perante a respectiva população, a qual perderá totalmente a confiança em nós se a defesa não se revelar eficaz em relação às reacções do IN.


4. Porque os problemas enumerados em 2 e 3 se revestem de alta importância, e têm necessariamente que ser equacionados à escala provincial, o seu estudo foi centralizado num dos departamentos do gabinete militar do Comando-Chefe, a que competirá:

  • estabelecer ligação com os serviços da Província com interferência directa ou indirecta na resolução do problema;
  • centralizar o estudo, controlo e fiscalização de todos os problemas de reordenamento e autodefesa da Província;
  • elaborar «normas gerais para o reordenamento das populações e organização em autodefesa»; 
  • colaborar o CTIG (Comando de Agrupamento e Batalhões Independentes) com as autoridades administrativas locais no reordenamento das populações; 
  • e dar a necessária assistência técnica no desenvolvimento do planeamento traçado.

5. A execução dos planos de reordenamento e de autodefesa é da responsabilidade dos respectivos comandantes, em colaboração com as autoridades administrativas locais.

6. Deve ser dado conhecimento desta directiva até ao escalão companhia, ficando interdito aos comandos e autoridades administrativas tomar decisões em matéria de reordenamento e autodefesa sem prévia consulta ao gabinete militar do Comando-Chefe.

Bissau, 30 de Setembro de 1968.

O Comandante-Chefe,
António Sebastião Ribeiro de Spínola,
Brigadeiro
.


[Revisão e fixação de texto: JM / LG]


___________

Notas do editor:

(*) Último poste da série > 21 de novembro de 2018 > Guiné 61/74 - P19215: O nosso blogue como fonte de informação e conhecimento (61): os reordenamentos no desenvolvimento sócio-económico das populações, brochura da Repartição de Assuntos Civis e Acção Psicológica [ACAP], do QG / CCFAG - III (e última) Parte

(**) Vd. poste de 1 de setembro de 2014 > Guiné 63/74 - P13555: Directivas emanadas pelo COM-CHEFE, Brigadeiro António de Spínola em 1968 (3) (José Martins)

Vd. postes anteriores:

quinta-feira, 12 de julho de 2018

Guiné 61/74 - P18839: In Memoriam (317): João [Alfredo Teixeira da] Rocha (Ilha de Moçambique, 1944 - Porto, 2018), nosso grã-tabanqueiro n.º 775, a titulo póstumo (Luís Graça / Jaime Machado / Carlos Silva / Tabanca de Matosinhos / António Pimentel)



Matosinhos > Restaurante Casa Teresa > 9 de Abril de 2008 > Reunião habitual, às 4ªs feiras, da Tertúlia de Matosinhos (ou Tabanca Pequena de Matosinhos)... Da esquerda para a direita: (i) de pé, A. Marques Lopes, João Rocha (1944-2018), Eduardo Reis, José Teixeira, Armindo; na primeira fila, Jorge Félix, Xico Allen e Silvério Lobo... À entrada da Casa Teresa, o António Pimentel.

Foto (e legenda): © Jorge Félix (2008). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]




Guiné-Bissau > Região de Bafatá > Xitole > 2008 > Um encontro emocionado: o João Rocha (ex-alf mil, Pel Rec Inf / CCS / BCAÇ 2852, Bambadinca, 1968/70) com a sua antiga lavadeira. (*)

Fotos: © Xico Allen / José Teixeira (2008). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



1. Mensagens de alguns camaradas que conheceram (ou privaram com) o João Rocha (1944-2018) e cujo testemunho vem reforçar a proposta que o nosso editor Luís Graça fez para que ele, a título póstumo, passa integrar a nossa Tabanca Grande, sob o nº 745 (***)



(i) Luís Graça, editor

Já não apanhei o João Rocha, quando cheguei a Bambadinca, em 18 de julho de 1969... Ficámos (a CCAÇ 2590/CCAÇ 12) adidos ao BCAÇ 2852, a cuja CCS ele pertencia: era o cmdt do Pel Rec Info, que tinha pelo menos dois furriéis milicianos, o António Gonçalves Pereira e  e o Fernando Jorge  da C. Oliveira, mais 10 praças (cinco cabos e cinco soldados).

O João saiu por motivo de doença, mas já não me lembro se chegou a ser substituído... (Consultada a história da unidade, vejo que não houve ninguém que viesse substituir o comandante do Pel Rec Info, da CCS/BCAÇ 2852, um dos furriéis deve ter assumido essa função).

Acho que só vi uma vez, na Tabanca de Matosinhos ou na Tabanca dos Melros, já não posso confirmar. Nunca veio aos nossos Encontros Anuais, da Tabanca Grande. O Jaime Machado diz que ele esteve na Ortigosa, no III Encontro Nacional, em 2008, com ele e o António Pimentel... Eu não posso de momento confirmar, sem acesso às lista de inscritos... Do Jaime temos fotos... O Carlos Silva, por sua vez, diz que o conheceu  no Simpósio Internacional de Guileje, em março de 2008, onde também eu estive, mas não me lembro dele.

O João nem sequer fazia parte da Tabanca Grande. Há, no entanto, vários postes com fotos e referências ao seu nome. Por estas e outras razões, gostava que ele fosse lembrado como "um dos nossos", como gã-tabanqueiro.

Ficam aqui testemunhos dos camaradas que lhe foram mais próximos ou que com ele conviveram António Pimentel, Fernando Gouveia...) ou que fizeram parte do seu batalhão, ou estiveram com ele  em Bambadinca, como é o caso do Jaime Machado, Fernando Calado, Ismael Augusto...).
À família enlutada, envio os votos de pesar e de solidariedade na dor. Quanto ao João, ficará connosco, sob o nosso poilão,  no lugar nº 775. (***)



(ii) Jaime Machado (ex-Alf Mil Cav, cmdt do Pel Rec Daimler 2046, Bambadinca, 1968/70)

Caro Luís:

Fui uma vez a um almoço da malta de Bambadinca [, 1968/71] com o João e o Pimentel, 14º convívio, em Torres Novas, em 31 de maio de 2008, onde se comemorou os 40 anos da partida do BCAÇ 2852 para o TO da Guiné]. [fotos à esquerda  e abaixo, à direita]

Estive com ele algumas vezes nos almoços do Milho Rei, na Tabanca de Matosinhos

Gostava muito das gargalhadas dele. Fomos bons amigos.

A notícia da morte surpreendeu-me no Algarve e deixou-me triste. Claro que é o destino de todos nós mas não merecia ir já.

Tenho pena de não poder estar amanhã [, dia 10,] para o ultimo abraço.


(iii) Carlos Silva Carlos Silva, jurista, ex-fur mil arm pes inf, CCAÇ 2548 / BCAÇ 2879, Jumbembem, 1969/71), membro da Direcção da ONGD Ajuda Amiga

Grande amigo, o João, conheci-o na Guiné durante o Simpósio de Guiledge realizado em 2008. Encontramo-nos algumas vezes em convívios das tabancas. O João, pela sua simpatia, não deixa ninguém indiferente.
Paz à sua alma. Condolências à família enlutada.


(iv) Tabanca de Matosinhos (página do Facebook)

(...) O camarada Fernando Gouveia (ex-Alf Mil Rec Inf, Bafatá, 1968/70), traz-nos a triste notícia de mais um camarada que nos deixa.

Agora foi o João Alfredo Teixeira da Rocha, ex-Alf Mil Rec Inf do BCAÇ 2852 que esteve sediado em Bambadinca entre 1968 e 1970.

Era natural da Ilha de Moçambique. Enquanto a saúde o permitiu era um "ferrinho" à quarta-feira nos almoços da Tabanca de Matosinhos.

Um camarada que "transpirava" alegria e boa disposição.  Amigo do seu amigo, de sorriso fácil e grandes gargalhadas. Cativava quem com ele se cruzava.

Em 2008 voltou à Guiné para reviver bons e maus momentos e teve uma surpresa que o deixou em lágrimas. Ficou profundamente comovido quando uma velha senhora se dirigiu a ele e lhe disse categoricamente: Tu és o Alfero João Rocha e logo se abraçou ao João. As fotografias que se juntam espelham bem esse momento.

O seu corpo está em Câmara Ardente na Igreja do Foco, à Boavista, de onde sairá hoje, dia 9, pelas 16 horas, o seu funeral.

Fica em paz, querido João.

Em nome da Tabanca de Matosinhos os mais sentidos pêsames à família enlutada.

(...) Registo com mágoa o desaparecimento do querido João Rocha que nos acompanhou quase desde o nascimento da Tabanca em 2005 e que partiu para a eternidade recentemente. Um homem com H  que deixou a Tabanca mais pobre. De uma alegria contagiante que cativada com os as suas anedotas curtas, mas atempadas. Profundo amigo do seu amigo, profundo nas suas intervenções - um amigo como poucos.
Descansa em paz João. Nós hoje [, no almoço de 4ª feira. dia 11,] falámos de ti com carinho e estivemos em silêncio por ti durante um minuto. (...)


(v) António Pimentel [ex-Alf Mil, Pel Rec Inf, BCAÇ 2851 (Mansabá e Galomaro, 1968/70)]

Bom dia Luís!

É com grande desgosto que venho aqui dar o meu testemunho sobre o João, que acompanhei ontem [, dia 10,]  na última viagem.

João Alfredo Teixeira da Rocha, nasceu na Ilha de Moçambique,  em 27 de Março de 1944. Os pais eram de Ílhavo.

Frequentou a Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra. No dia 11 de Abril de 1967 apresentou-se em Mafra para frequentar o COM. Depois do primeiro ciclo foi escolhido para a especialidade de Reconhecimento e Informações, tal como eu e o Fernando Gouveia. Terminado o curso, fomos colocados no RI6, como Asp. Of. Mil.

Nesses meses demos instrução geral a soldados que estavam a tirar a especialidade de condutores. Em Dezembro de 1967 fomos mobilizados para a Guiné e escolhidos para frequentar o curso de Operações Especiais, no CIOE, em Lamego, onde formamos uma parelha. Fomos para Lamego sem vontade nenhuma...

Em Abril de 1968 regressamos ao RI 6 para darmos a nossa especialidade, Reconhecimento e Informações a soldados, mas não os que iriam connosco para a Guiné, como seria lógico.

Em Julho fomos colocados nos Batalhões, eu no BCaç 2851 e o João no BCaç 2852, e partimos para a Guiné no Uíge. O meu Batalhão foi para  Mansabá e o João para Bambadinca.

A dada altura [, em 1969,]  o João foi passar as férias a Moçambique e chegou atrasado ao Batalhão. Apanhou uma "porrada " que o impediria de ir de férias, outra vez. Não aceitou isso bem, ficou bastante perturbado e deu baixa à psiquiatria do HM 241, em Bissau, onde o fui encontrar irreconhecível. Acabou por ser evacuado para cá. 

Regressamos à Guiné em 2008 onde vivemos novas emoções. Fomos frequentadores assíduos da Tabanca de Matosinhos.

Esteve doente várias vezes, tendo mesmo sido operado ao coração, mas recuperou sempre. Ultimamente um cancro nos ossos acabou por ditar o seu fim, no dia 7 do corrente. O coração não resistiu e partiu enquanto dormia rodeado de atenções e carinho pela família, nomeadamente uma das filhas, enfermeira no Hospital de Santo António, que pediu licença para tratar do pai. 

Profissionalmente trabalhou na TAP e na Portugália, de onde se reformou. Tinha 3 filhas, 1 filho e 9 netos.

Descansa em paz, João!
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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 10 de dezembro de  2015 > Guiné 63/74 - P15472: Fotos à procura de... uma legenda (67): Xitole, 2008, extraordinária fotografia, a do João Rocha!... 40 anos depois com a antiga lavadeira, é muito mais que um abraço ou "o olá como tens passado"... (Valdemar Queiroz, ex-fur mil, CART 2479 / CART 11, Contuboel, Nova Lamego, Canquelifá, Paunca, Guiro Iero Bocari, 1969/70)

(**) Último poste da série > 8 de julho de 2018 > Guiné 61/74 - P18826: In Memoriam (316): João Alfredo Teixeira da Rocha, ex-Alf Mil Rec Inf do BCAÇ 2852, falecido no dia 8 de Julho de 2018 na cidade do Porto (Fernando Gouveia)

(***) O grã-tabanqueiro nº 744 foi o Américo Russa: Vd.  poste de 10 junho de 2018 > Guiné 61/74 - P18738: Tabanca Grande (465): Américo da Silva Santos Russa, ex-Fur Mil Alimentação da CCS/BART 3873 (Bambadinca, 1972/74)

terça-feira, 12 de julho de 2016

Guiné 63/74 - P16296: FAP (96); Algumas correções, para a história: (i) Morais da Silva comandava a Esquadra121, também dos Fiat G-91 e nunca voou helicópteros; (ii) quem veio substituir o cap pilav Cubas em 1970 foi o cap pilav Zúquete da Fonseca, o meu primeiro comandante de Esquadra; (iii) não foi a Esquadrilha mas a Esquadra de voo 122, que sempre se designou por Canibais; (iv ) quando lá cheguei, em 8/12/1970, ainda conheci a "velhice", o Jorge Félix, o Solano de Almeida, o Heleno e o Falé... (Lino Reis, ex-alf mil pil, BA 12, Bissalanca, 1970/72)

Alouette III. Bambadimca (c. 1969/70). Foto:
Humberto Reis (2006)
1. Mensagem do nosso leitor e camarada Lino Reis [e, além disso, amigo e conterrâneo do nosso editor LG; foi alf mil pil, BA 12, Bissalanca, 1970/72, hoje cor pilav ref; tem página no Facebook]


De: Lino Reis
Data: 8 de julho de 2016 às 12:36
Assunto: Mais uma correcção cirúrgica.


Luís, bom dia.

Pensava entretanto encontrar-me contigo no Táss....qualquer coisa,[Bar da Praia da Areia Branca, Tasse-Bem] para te comunicar uma pequena correcção a um dado colocado por Humberto Reis que colo abaixo [, na sequência de uma pesquisa que fiz no teu blogue, sobre os Canibais]

" Notas de L.G.:

(1) Mensagem que recebi hoje, do Humberto Reis:

"(...) Este nosso novo tertuliano Jorge Félix, ex-alf mil pil av, julgo que era um que andava quase sempre com botas de cano alto. O comandante da esq 123 era o cap Cubas, de alcunha o Canibalão, pois a esquadrilha era a de Os Canibais. O Cubas foi substituído em 70, se não me engano, pelo cap Morais da Silva, que chegou a ser CEMFA depois do 25 de Abril."


Para que a verdade histórica seja uma meta suprema, sugiro que a referência a Morais da Silva, na altura Capitão Piloto Aviador e que mais tarde foi CEMFA após o 11 de Março [de 1975], seja corrigida.

Ele comandava a Esquadra 121, também dos Fiat G-91 e nunca voou Helicópteros na sua carreira militar.

Entretanto partiu há meses para o seu último voo. [José Alberto Morais da Silva, cor pilav ref, 1041-2014]

Quem veio substituir o Capitão Piloto Aviador Cubas em 1970 foi o Capitão Piloto Aviador Zuquete da Fonseca, que foi o meu comandante de Esquadra durante quase toda a Comissão [, na Guiné, 1970/72].

Não foi a Esquadrilha mas a Esquadra de voo 122, que sempre se designou por Canibais.

Quando lá cheguei, dia 8 de Dezembro de 1970, ainda conheci o Jorge Félix [, foto à direita], sempre com as suas máquinas a tiracolo, o Solano de Almeida (que teve a sua carreira civil na TAP seguindo o seu pai e o seu irmão), o Heleno (continuou a voar na TAP) e o Falé, pelo menos.

"Eram a velhice" e eu um garboso "periquito" ou abreviando um"PIRA".

Foram escassos dias de sobreposição ou de "largada" dos piras (graças às nossas qualidades no domínio das máquinas voadoras,kkk), pois desapareceram pouco tempo depois rumo à Metrópole; felizmente chegara a sua hora.

É um pequeno contributo para, repito, a verdade dos factos históricos. (**)

Desapareço com saudações aeronáuticas.

Um abraço

Lino Reis

Piloto Cmdt. de Linha Aérea de Aviões ref.

2. Comentário de LG:

Obrigado,  meu caro, pelas tuas "correções cirúrgicas"...  A verdade também é uma questão de detalhes. O meu camarada Humberto Reis (, ex-fur mil op esp, CCAÇ 12, Bambadinca, 1969/71) não era da FAP, mas tinha amigos na BA 12 e tirou magníficas fotos áereas da zona leste, graças às boleias de heli...

Quanto ao Jorge Félix, há um vídeo dele (ou melhor, do  Pierre Fargeas),  a que ele acrescentou uma conhecida e nostálgica canção do Ch. Aznavour, com letra em espanhol, e carregou no You toube, na sua página... Está reproduzido no nosso blogue. Merece ser visto, revisto e comentado. Na altura escrevi-lhe o seguinte:

"Jorge, é um vídeo que eu vejo e revejo... Por muitas razões: por ti, amigo e camarada do meu tempo; pelo regresso ao passado; pelas saudades da doce, tranquila e bela Bafatá; pelos nossos 20 anos. tão generosos quanto verdes; pela beleza (pertubadora) da Ivete Fargeas; pela 'canción desesperada' do Ch. Aznavour... Uma combinação perfeita!...Um Alfa Bravo".

Julgo que ainda é do teu tempo este casal francês, os Fargeas, que suponho vivia na Base. O Pierre Fargeas (n. 1932) era o técnico francês de manutenção do Alouette  III, e representava o fabricante, a Aérospatiale, Terá estado na Guiné até 1974, segundo informação do Jorge Félix. No vídeo vê-se também o então cor pilav Manuel Diogo Neto (1924-1995).

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Notas do editor:

(*) 28 de fevereiro de 2008 > Guiné 63/74 - P2592: Voando sob os céus de Bambadinca, na Op Lança Afiada, em Março de 1969 (Jorge Félix, ex-Alf Pil Av Al III)

domingo, 8 de maio de 2016

Guiné 63/74 - P16065: Na festa dos 12 anos, "manga de tempo", do nosso blogue (10): Republicando o poste P5807, de 13/2/2010: O 6.º aniversário do nosso Blogue (1): Homenagem ao Fundador Luís Graça e a toda a tertúlia (Jorge Félix/Carlos Vinhal)


1. Trinta e cinco anos depois.

No 25 de Abril de 2004 presto a minha homenagem às mulheres portuguesas,
Que se vestiam de luto enquanto os maridos ou noivos andavam no ultramar;
Às que rastejavam no chão de Fátima, implorando à Virgem o regresso dos seus filhos, sãos e salvos;
Às que continuavam, silenciosas e inquietas, ao lado dos homens nos campos, nas fábricas e nos escritórios;
Às que ficavam em casa, rezando o terço à noite;
Às que aguardavam com angústia a hora matinal do correio;
Às que, poucas, subscreviam abaixo-assinados contra o regime e contra a guerra;
Às que, poucas, liam e divulgavam folhetos clandestinos ou sintonizavam altas horas da madrugada as vozes que vinham de longe e que falavam de resistência em tempo de solidão;
Às que, muitas, carinhosamente tiravam do fumeiro (e da barriga) as chouriças e os salpicões que iriam levar até junto dos seus filhos, no outro lado do mundo, um pouco do amor de mãe, das saudades da terra, dos sabores da comida e da alegria da festa;
E sobretudo às, muitas, e em geral adolescentes e jovens solteiras, que se correspondiam com os soldados mobilizados para a guerra colonial, na qualidade de madrinhas de guerra.

A maioria dos soldados correspondia-se, em média, com uma meia dúzia de madrinhas, para além dos seus familiares e amigos. Em treze anos de guerra, cerca de um milhão de soldados terá escrito mais de 500 milhões de cartas e aerogramas. E recebido outros tantos. Como este que aqui se reproduz.
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Guiné, 24 de Dezembro de 1969

Exma menina e saudosa madrinha:

Em primeiro de tudo, a sua saúde que eu por cá de momento fico bem, graças a Deus.

Estava um dia em que meditava e lamentava a triste sorte que Deus me deu até que toquei na necessidade de arranjar uma menina que fosse competente e digna de desempenhar tão honroso e delicado cargo de madrinha de guerra. Peço-lhe desculpa pelo atrevimento que tive em lhe dedicar estas simples letras. Mas valeu a pena e é com muita alegria que recebo o seu aero (1).

Vejo que também está triste por mor (2) da mobilização do seu mano mais novo para o Ultramar. Não sei como consolá-la, mas olhe: não desanime, tenha coragem e fé em Deus. Eu sei que custa muito, mas é o destino e, se é que ele existe, a ele ninguém foge. Nós, homens, temos esta difícil e nobre missão a cumprir.

Nós, militares, que suportamos o flagelo desta estadia aqui no Ultramar, não temos outro auxílio, quer material quer espiritual, que não seja o que nos dão os nossos amigos e entes queridos. E sobretudo as nossas saudosas madrinhas de guerra.

Sendo assim para nós o correio é a coisa mais sagrada que há no mundo. Porque nos traz notícias da nossa querida terra e nos faz esquecer, ainda que por pouco tempo, a situação de guerra em que vivemos e os dias que custam tanto a passar.

As notícias aqui são sempre tristes, nestas terras de Cristo, habitadas por povos conhecidos e desconhecidos. Não lhe posso adiantar pormenores, mas como deve imaginar uma pessoa anda triste e desanimanada sempre que há uma baixa de um camarada.

Lá na metrópole há gente que pensa que isto é bonito. Que a África é bonita. Eu digo-lhe que isto é bonito mas é para os bichos. São matas e bolanhas (3) que metem medo, cobertas de capim alto, e onde se escondem esses turras (4) que nos querem acabar com a vida. E mais triste ainda quando se aproxima o dia e a hora em que era pressuposto estarmos todos em família, juntos à mesa na noite da Consoada. Vai ser a primeira noite de Natal que aqui passo. Com a canhota (5) numa mão e uma garrafa de Vat 69 (6) na outra.

São duas horas da noite e vou botar este aero na caixa do correio. Daqui a um pouco saio em missão mais os meus camaradas. Reze por nós todos. Espero voltar são e salvo para poder ler, com alegria, as próximas notícias suas. Queira receber, Exma. Menina e saudosa madrinha, os meus mais respeitosos cumprimentos. Desejo-lhe um Santo e Feliz Natal.

O soldado-atirador da Companhia de Caçadores (...)
_________

Notas de LG:

(1) Aerograma. Também conhecido por corta-capim (o correio era, muitas vezes distribuído em cima de uma viatura, e o aerograma lançado por cima das cabeças dos soldados, à maneira de um boomerang). Os aerogramas foram uma criação do Movimento Nacional Feminino, dirigida pela célebre Cecília Supico Pinto desde 1961, e o seu transporte era assegurado pela TAP ("uma oferta da TAP aos soldados de Portugal"). Os aerogramas também foram usados na guerra da propaganda do regime, ostentando carimbos de correio com dizeres como "Povo unido, paz e progresso", "Povo português, povo africano", "Os inimigos da Pátria renunciarão" ou "Muitas raças, uma Nação, Portugal" (vd. Graça, L. - Memória da guerra colonial: querida madrinha. O Jornal. 15 de Maio de 1981).

(2) Por mor de = por causa de (expressão usada no norte).

(3) Terras alagadiças da Guiné onde tradicionalmente se cultivava o arroz (... e se pescava). Durante a guerra colonial, foram praticamente abandonadas como terras de cultivo, devido à deslocação de muitas das populações ribeirinhas e à escalada das operações militares. A Guiné, que chegou a exportar arroz, passou a importá-lo.

(4) Corruptela de terroristas. Termo depreciativo que era usado para referir os combatentes do PAIGC (Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde). Os soldados portugueses eram, por sua vez, conhecidos como tugas (diminuitivo de Portugal, português ou portuga).

(5) Espingarda automática G-3, de calibre 7.62, de origem alemã, que passou a equipar as forças armadas portuguesas no Ultramar. Em 1961 o exército português ainda estava equipado com a velha Mauser (!).

(6) Marca de uísque escocês, muito popular na época entre os militares (Havia uma generosa distribuição de bebidas alcoólicas nas frentes de guerra, com destaque para o uísque, "from Scotland for the exclusive use of the Portuguese Armed Forces"). Na época o salário de um soldado-atirador (cerca de 1500 a 1800 escudos, parte dos quais depositado na metrópole) dava para comprar mais de uma garrafa de uísque (novo) no serviço de aprivisionamento militar (cerca de 40 pesos ou escudos por unidade). No entanto, a bebida mais popular entre os soldados era cerveja. Uma garrafa de cerveja de 0,6 litros chamava-se bazuca.

# posted by Luís Graça @ 15:33
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2. Comentário de CV:

Assim começou, no já longínquo dia 23 de Abril de 2004, este Blogue a dedicar-se às memórias daqueles que por serem profissionais, ou por imposição, participaram na guerra colonial em território da Guiné.

Publicados que foram 825 postes, no dia 1 de Junho de 2006, Luís Graça dá por encerrada a I Série e inaugura a II que se mantém em actividade apesar de já ter em arquivo mais de 5800.

Com as sucessivas entradas de novos tertuianos, a disponibilidade de tempo do Editor e fundador do Blogue começou a não chegar para dar resposta ao trabalho de edição que exigia já muitas horas de dedicação por dia.

Em 2007, num almoço na Tabanca de Matosinhos, Luís Graça convida-me a assumir o papel de co-editor. Não fui capaz de dizer não, e desde então aqui me têm. Porque trabalho é coisa que não falta, passado pouco tempo pedimos ao camarada Virgínio Briote para colaborar também na edição e publicação dos imensos textos e fotografias que cada vez mais camaradas faziam chegar ao Blogue.

A última e proveitosa entrada para a equipa editorial foi a de Eduardo Magalhães Ribeiro. Em boa hora, porque o camarada Virgínio por motivos particulares praticamente deixou de colaborar. Estamos já a pensar em arranjar mais um camarada que possa dispôr de algum do seu tempo para nos dar uma ajuda.

Temos que dizer que há tertulianos que de uma forma quase anónima nos ajudam, de sobremaneira, pesquisando registos de acontecimentos, Histórias de Unidades, elaborando textos que encomendamos, localização de camaradas, etc.
Neste âmbito, justíssimo salientar o nosso investigador-mor José Martins que tem sido inexcedível para connosco. Outros camaradas espontaneamente nos ajudam e/ou ajudam quem nos procura na busca de antigos companheiros de luta dos quais perderam referência há muito tempo.
A todos quantos de alguma forma trabalham connosco, o nosso muito obrigado.

Falar do Blogue e não falar dos Encontros da Tertúlia é uma falta imperdoável.

Não me lembro já quem lançou a ideia do primeiro Encontro ocorrido ma Ameira em 2006, o Luís por certo, onde aconteceu aquilo que eu chamo de magia, pois não tenho uma palavra para descrever o que todos sentimos quando cada um tentava ligar o seu interlocutor à foto existente no Blogue, atirando: - Tu és o "..." , eh pá dá cá um abraço...

Gerou-se uma empatia colectiva, fizeram-se amizades indestrutíveis e viveram-se momentos irrepetíveis.

Ameira > 2006 > Alguns dos camaradas participantes no I Encontro Nacional da Tertúlia

As nossas companheiras de uma vida, por vezes difícil pelos maus momentos psicológicos que todos nós, mais ou menos, atravessámos.

Cada ano, novo Encontro, novo renascer de amizades pois há sempre gente que aparece pela primeira vez, se deixa contagiar e não mais falta, salvo motivos pessoais imponderáveis, como é normal.

O nosso Blogue tem na blogosfera um lugar importante. Sendo um Blogue que se dedica a um assunto específico que quase só interessa a quem tem sessenta anos ou mais, que seja ex-combatente da guerra colonial, e da Guiné especificamente, tem um número de visitas que o destaca entre os demais. Sabemos hoje que serve de base de consulta a estudantes e professores de História, e tema de tese nas Universidades.

É natural que tenhamos muita vaidade no nosso trabalho, quando digo nosso, refiro-me ao dos editores e camaradas que enviam as suas memórias e fotos para publicar.

Exemplo de alguma vaidade, no bom sentido, foi a iniciativa do nosso camarada Jorge Félix, que resolveu abrir as hostilidades e lançar aquilo que se pode considerar como a primeira iniciativa para começarmos desde já a comemorar o 6.º aniversário do nosso Blogue.

O Jorge Félix já nos habituou aos seus filmes com uma montagem exemplar, mas este excede todas as espectativas.

Parabéns, Jorge, pelo teu trabalho. Recebe o nosso abraço e um agradecimento por esta homenagem ao Luís Graça e à tertúlia.


3. Mensagem de Jorge Félix com data de 10 de Fevereiro de 2010:

Caro Carlos,

Já podes ver o video no endereço, http://www.youtube.com/watch?v=QpMTCApxl2s.

Se achares que vale a pena avisa o pessoal e que comecem os festejos. Estamos todos de parabéns.

Pessoalmente agradeço ao Luís pela ideia de pôr esta "malta" toda a recordar e a encontrar-se.

A ti, Carlos, pelo trabalho que diáriamente tens em editar os textos que vamos mais ou menos lendo. Ao resto do pessoal, todos, obrigado por virem aparecendo na Blogosfera, cada qual á sua maneira, mas sempre com o espirito dos tempos da Guiné.

Abraço
Jorge Félix



Vídeo 4' 18'': © Jorge Felix (2009). Direitos reservados>

__________

Nota do editor CV:

Peço desculpa aos meus camaradas editores por ter feito este poste sem lhes dar conhecimento. A ideia era fazer uma surpresa ao Luís e a toda a tertúlia, com a cumplicidade do Jorge Félix. A ele se deve esta iniciativa.

Últino poste da série > 7 de maio de  2016 > Guiné 63/74 - P16060: Na festa dos 12 anos, "manga de tempo", do nosso blogue (9): De quantas tabancas é feita a Tabanca Grande ?... Relembrando o feliz acaso do reencontro, 40 anos depois, do Zé Manel Matos Dinis com "o senhor Rosales", na Quinta do Paul, Ortigosa, em 20 de junho de 2009, por ocasião do nosso IV Encontro Nacional, e que esteve na origem da criação da Magnífica Tabanca da Linha...

sábado, 13 de fevereiro de 2016

Guiné 63/74 - P15743: Fotos à procura de... uma legenda (70): Spínola e Costa Gomes em Caboxanque, com o Cap Cav Carvalho Bicho, outros oficiais, um milícia e o chefe da tabanca (Rui Pedro Silva, ex- cap mil, CCAV 8352, Caboxanque, Cantanhez, região de Tombali, 1972/74)


Guiné > Algures > Maio de 1973 > Costa Gomes, CEMGFA (Chefe do Estado Maior General das Forças Armadas), dá início, a 25 de maio de 1973, a uma visita ao Comando Territorial Independente da Guiné (CTIG), para se inteirar do agravamento da situação militar e analisar medidas a tomar com vista a garantir o espaço de manobra do poder político em Lisboa.

Foto: © Pierre Fargeas / Jorge Félix (2009). Todos os direitos reservados. [Edição: LG]



1. Comentário, de 13 do corrente,  de Rui M. Silva ao poste P15734 (*)

[Foto à esquerda: Rui Pedro Silva, membro da nossa Tabanca Grande, ex-alf mil, CCAÇ 3347 (Angola, 1971), ex-ten mil, BCAÇ 3840 (Angola, 1971/72), e ex- cap mil, CCAV 8352 (Guiné, Caboxanque, 1972/74)]


O Gen Costa Gomes visitou a Guiné por duas vezes em 1973 (Janeiro e Maio).

Estas fotos foram tiradas em Caboxanque, Cantanhez. Julgo que a foto é de Janeiro mas sendo assim entre estes oficiais deveria estar o Ten Cor Araújo e Sá, Cmdt do BCP 12 e do Cop 4,  e/ou o Major Moura Calheiros [, 2º comandante].

No livro "A Última Missão", do agora Cor  pára ref  Moura Calheiros (**),  verificarão que a páginas 351 se encontra uma foto desta visita em que se reconhecem muitos dos presentes nas fotos agora publicadas. E nessa foto vê-se parcialmente a minha cara atrás do Gen  Spínola.

Não reconheço o militar que está atrás do Gen Costa Gomes.

A carregar a papelada, meio encoberto,  julgo ser o Cap Matos,  ao tempo comandando o destacamento de Caboxanque.

O oficial à esquerda do Gen Spínola (de boina) é o Cap Cav Carvalho Bicho,  ao tempo comandando a CCaç 4541/72,  sediada em Caboxanque,  tendo participado na operação "Grande Empresa",  de ocupação do Cantanhez.

O outro oficial por estar parcialmente encoberto não consigo identificar.

Em primeiro plano temos um milícia de Cufar e o homem grande e chefe da tabanca de Caboxanque.

Tenho que recorrer aos papeis para me recordar do seu nome que merece ser referido.

Um abraço a todos,

Rui Pedro Silva
Ex-Cap Mil,  CCav 8352/72,
Caboxanque
(Dezembro de 1972 / Junho de 1974)



 Angola, Zemba >  Dezembro 1971 > Visita do Gen Costa Gomes (em segundo plano, á esquerda, de camuflado e óculos escuros). Em primeiro plano,do lado direito,  o oficial de dia, o então alf mil da CCAÇ 3347 (Angola, 1971), Rui Pedro Silva. (***)

Foto (e legenda): © Rui Pedro Silva (2014). Todos os direitos reservados [Edição: LG]

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Notas do editor;

(**) Vd. poste de > 5 de dezembro de 2010 >  Guiné 63/74 - P7385: A última missão, de José Moura Calheiros, antigo comandante pára-quedista: apresentação do livro (4): "A História, tal como a ficção, não pode ficar em suspenso sem um epílogo que a justifique e lhe dê um sentido" (António-Pedro de Vasconcelos)

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

Guiné 63/74 - P15734: Fotos à procura de... uma legenda (69): o CEMGFA, gen Costa Gomes, no CTIG, em 25 de maio de 1973 (Foto de Pierre Fargeas / Jorge Félix)


Foto nº 1 A


Foto nº 1 B


Foto nº 1

Guiné > Algures > Maio  de 1973 > Costa Gomes, CEMGFA (Chefe do Estado Maior General das Forças Armadas), dá início, a 25 de maio de 1973, a uma visita ao Comando Territorial Independente da Guiné (CTIG), para se inteirar do agravamento da situação militar e analisar medidas a tomar com vista a garantir o espaço de manobra do poder político em Lisboa. Creio que foi nesta visita que ele disse que a Guiné era defensável, se o PAIGC não viesse a utilizar os MiG que se dizia que tinha ou poderia vir a ter...

Foto: © Pierre Fargeas / Jorge Félix (2009). Todos os direitos reservados. [Edição: LG]


1. Uns dias antes, a 22, Spínola tinha mandado um telegrama ao Ministro da Defesa,  gen Horácio José Sá Viana Rebelo (1910-1995), com o seguinte teor: 

"Conforme seu pedido telefónico informo que sob pressão IN comandante local mandou evacuar Guileje e destruir acampamento sem ordem deste comando. Trata-se de lamentável estado de pânico perante manifesta superioridade inimigo,  o que em caso algum justifica tal decisão. Esclareço Guileje estava sem comunicações Bissau virtude destruição antena pelo inimigo. Mandei levantar auto corpo de delito comandante responsável. Insisto pedido reforços" (Fonte: Carlos Matos Gomes e Aniceto Afonso - Os anos da guerra: volume 14: 1973: perder a guerra e as ilusões. Matosinhos: QuidNovi, 2009. p.46).

 Na foto (, por nós editada), vê-se o CEMGFA,  Gen Costa Gomes à direita de Spínola, falando com milícias guineenses (ou um mílicia e um civil). É a única foto que temos dos dois, juntos, Spínola e Costa Gomes, no CTIG... É a única foto, aliás, que temos do Costa Gomes no CTIG...

A foto é do francês Pierre Fargeas (técnico que fazia a manutenção dos helis AL III, na BA 12, Bissalanca, em representação do fabricante), gentilmente enviada pelo nosso camarada Jorge Félix (ex-alf mil pil heli, BA12, Bissalanca, 1968/70). Presumimos que o Pierre Fargeas tenha acompanhado, por razões de segurança, a comitiva militar...

2. De acordo com o documento do CEMGFA que reproduzimos no poste P15731, o gen Costa Gomes deslocou-se novamente à Guné, passados uns dias, numa visita de 4 dias, com início a 6 de junho de 1973, acompanhado do cor Ramires de Oliveira: "Durante os quatro dias que ali permanecemos, tivemos ocasião de observar, auscultar e conversar com muitas pessoas". No dia 8, teve  a tal renião com os comandos do CTIG...

Pergunta-se: não haverá aqui uma troca de datas ? Fazia sentido duas visitas do CEMGFA à Guiné no espaço de suas semanas (uma a 25 de maio e outra a 6 de junho) ?  É verdade que ele fez mais do que uma visita à Guiné...

3. De qualquer modo, fica aqui o desafio aos nossos leitores: para além do Spínola e do Costa Gomes, quem serão os outros oficiais ?

(i) Quem é oficial que está por detrás do Costa Gomes ? (Foto nº 1 A)

(ii) E o que carrega um coleção de papelada, provavelmente mapas, e que está entre o Costa Gomes e o Spínola ? (Foto nº 1 A)

(iii) Quem são os dois oficiais que estão  à esquerda de Spínola ? (Foto nº 1 B)

(iv) Quem seria este milícia e este civil ? (Foto nº 1)

(v) Onde é que a foto foi tirada ? (Foto nº 1)...

... Dão-se "alvíssaras" a quem responder e acertar!