Mostrar mensagens com a etiqueta Luís Marcelino. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Luís Marcelino. Mostrar todas as mensagens

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Guiné 63/74 - P4964: Os Unidos de Mampatá, por Luís Marcelino, ex-Cap Mil da CART 6250/72 (Mampatá, 1972/74 ) (3): Onde mora o perigo

1. Mensagem de Luís Marcelino, ex-Cap Mil, CMDT da CART 6250/72, Mampatá, 1972/74, com data de 8 de Setembro de 2009:

Luís Garça e equipa editorial
Com um abraço de muita amizade, aqui deixo mais um apontamento sobre a vivência da CART 6250 em Mampatá - Guiné.
Um pequeno episódio que mostra um pouco o cenário em que se viveu.

Luís Marcelino


OS UNIDOS DE MAMPATÁ (3)

Onde mora o perigo


Como já anteriormente referi, a partir de finais de 1972 e boa parte de 1973, a actividade principal de CART 6250, foi fazer segurança à construção da estrada entre Aldeia Formosa e Nhacobá, para o que fornecia, por norma, diariamente, dois grupos de combate.

Um dos trabalhos que invariavelmente se fazia todos os dias, logo de manhã, antes da chegada dos homens e máquinas da Engenharia, era efectuar a picagem do acesso e zona de trabalhos com vista a detectar eventuais minas que pudessem ser colocadas nesses locais.

Foi o que aconteceu no dia 29 de Janeiro de 1973.

Estabelecido o esquema de segurança, como era norma naquelas circunstâncias, logo de madrugada iniciaram-se os trabalhos que consistiram em montar um dispositivo de segurança na frente e laterais da zona de trabalhos da Engenharia.
Enquanto se montava este dispositivo de segurança, o GCOMB incumbido de fazer a picagem de todo o acesso ao local onde iriam decorrer os trabalhos, procedeu à referida picagem.
A determinado momento, um dos militares picou num ponto que indiciou existir uma mina.

Dado o alerta, todo o efectivo parou adoptando a atitude adequada de segurança.
Chamado o Furriel de minas e armadilhas que fazia parte da força, examinou o local, confirmando existir ali uma mina anti-carro, colocada num local onde passaria o rodado de qualquer viatura que por ali passasse.
Como era provável que pudessem por ali existir mais minas, procedeu-se à picagem minuciosa de toda a zona envolvente.

Encontraram-se mais 12 minas anti-pessoais, colocadas junto a árvores ali existentes. Todas foram levantadas com sucesso.

Quanto à mina anti-carro, depois de devidamente descoberta, o Furriel dispunha-se a levantá-la.
Não o autorizei, dando-lhe indicações de que deveria utilizar a corda que existia para o efeito.
Respondeu-me que não a tinha trazido, que tinha ficado no quartel, e que certamente conseguia levantá-la.
Não obstante a boa vontade do militar, exigi que se fosse buscar a corda, aguardando-se o tempo necessário para isso.

Lá foi ao quartel buscar a referida corda.

Regressado, colocou o grampo existente na extremidade da corda lateralmente à mina e, depois de todo o pessoal estar a distâncias e condições de segurança, a corda foi esticada.
Logo que foi puxada, deu-se um enorme estrondo e abriu-se no local um grande cratera.
Como era evidente, a mina estava armadilhada!

Naturalmente o Furriel ficou pálido e nem queria acreditar no que via.
A sua vida podia ali ter sido ceifada bem como a de outros em paga de uma ingénua generosidade.

Curioso também foi o local onde estavam as minas anti-pessoais; colocadas junto às árvores, eram os locais naturais onde o pessoal se abrigaria para se proteger, uma vez ouvido o barulho do rebentamento da mina anti-carro, caso não fosse detectada.

Na verdade, nunca ninguém sabia onde morava o perigo.
Ele espreitava em todo o local e de muitos modos.
O que era preciso era estar atento, não confiar e... sorte.

Uma equipa de minas e armadilhas em plena actuação na estrada Mansabá/K3

Mina AP PMD-6, muito utilizada pelo PAIGC

Mina AC TM-46, levantada no Bironque, estrada Mansabá/K3, com auxílio de uma corda, como mandavam as regras de segurança.

Fotos de David Guimarães e Carlos Vinhal
Editadas por Carlos Vinhal

____________

Nota de CV:

Vd. último poste da série de 16 de Julho de 2009 > Guiné 63/74 - P4697: Os Unidos de Mampatá, por Luís Marcelino, ex-Cap Mil da CART 6250 (Mampatá, 1972/74 ) (2): Descuido fatal!

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Guiné 63/74 - P4697: Os Unidos de Mampatá, por Luís Marcelino, ex-Cap Mil da CART 6250/72 (Mampatá, 1972/74 ) (2): Descuido fatal!




1. Mensagem do Luís Marcelino, membro da nossa Tabanca Grande, que foi capitão miliciano da CART 6250/72 (Mampatá), 1972/74), com data de 14 de Julho.


2. Para total compreensão da história que a seguir vou contar, especialmente para aqueles que nunca lidaram com armas de guerra, e especificamente com dilagramas, convém esclarecer o seguinte:

O Dilagrama M/965 é um conjunto composto por um dispositivo apropriado, para suportar/fixar uma granada de mão defensiva M/63, que, por sua vez, é atracado no cano de uma Espingarda Automática G3.

O dispositivo é disparado/propulsionado à distância - utilizando uma Espingarda Automática G3 -, e um cartucho propulsor apropriado (diferente de todos os outros).

As suas vantagens são:

- Um grande alcance (muito acima do que é conseguido manualmente pelo melhor, e mais forte dos combatentes).

- A consequente diminuição do perigo para as tropas amigas.

- Uma boa eficácia obtida (se o atirador bem o direccionar e colocar na zona ideal de impacto).

- A possibilidade de bater ângulos mortos, sendo possível o seu emprego contra tropas inimigas entrincheiradas e, ou, abrigadas.

3. Mais convém saber que, após o dispositivo ser atracado no cano da G3, e imediatamente antes de se executar o disparo, é necessariamente obrigatório descavilhar a granada (se não se realizar esta operação obviamente a granada é expelida mas não explode), para permitir que a alavanca, que imobiliza a espoleta, salte automaticamente devido à acção de fragmentação do retentor, durante a sua trajectória.

Para mais detalhes, consultem o seguinte sítio:

Camaradas, envio um segundo apontamento da CART 6250 a que atribuí o título:

OS UNIDOS DE MAMPATÁ (2)
Descuido fatal

Na Guiné, como é do conhecimento geral, o número de baixas foi muito elevado, devendo-se, na sua grande maioria, à actividade operacional que era muito intensa e perigosa. Contudo, algumas das baixas deveram-se a negligências e distracções.

Um exemplo destas, é o caso que vou descrever. Como ficou referido no primeiro apontamento, a CART 6250, partiu para a Guiné a 27 de Junho de 1972 e chegou a Bissau nesse mesmo dia, tendo rumado para Bolama afim de fazer o IAO.

Aquela instrução decorreu entre o dia 30 de Junho e 26 de Julho, sob a dependência do BART 6520 que havia chegado também a Bolama, para frequentar o mesmo período de instrução, antes de partir para a sua ZA.

Este período de instrução deu para, por um lado, fazer uma melhor adaptação ao clima e, por outro muito especialmente, para preparar de um modo mais eficaz todos os homens à dureza da missão que a todos esperava.

Entre as áreas de preparação que ali se realizou, a instrução de tiro foi merecedora de um realce particular, por forma a transmitir confiança e rigorosas noções de segurança, a todos os militares, na utilização da principal “ferramenta” que se colocava nas mãos de todos.

Um dos dias de instruções ocorreu em 10 de Julho de 1972. De acordo com o plano estabelecido, a Companhia seguiu para o local de tiro, em marcha, como era hábito.

Estava previsto, para aquele dia, que a instrução era o lançamento de dilagrama.

A instrução era ministrada pelo Oficial de tiro do BART6520.

Uma vez no local, a companhia posicionou-se a cerca de 10 metros, atrás do local onde estava o oficial de tiro, o atirador em exercício e o comandante da companhia. Na frente do local onde se procedia aos lançamentos e os militares estavam estacionados, havia um desnível de terreno e uma bolanha.

Depois do Oficial de tiro ter dado as instruções específicas sobre o tipo de engenho que se ia manusear, os procedimentos que deveriam ser adoptados e uma demonstração das atitudes a tomar, iniciou-se o treino individual.

A determinada altura, chegou a vez do Soldado Mata fazer o seu exercício. Posicionado junto do Oficial de tiro e do Comandante da Companhia, iniciou os procedimentos para o lançamento: introduziu a munição específica para dilagrama na culatra e o dispositivo dilagrama/granada no cano da G3, mas ao retirar a cavilha de segurança da granada, a alavanca desta saltou prematura e acidentalmente, por se ter partido o perno de segurança que deveria reter a alavanca (cuja função era impedia o accionamento da granada antes do lançamento).

Incompreensivelmente, o Alferes tentou repor a cavilha no sítio em vez de lançar a arma, com o dispositivo, para o buraco que havia à sua frente.

Vendo a eminência da explosão, só tive tempo de gritar para que todos se deitassem. No momento em que chegava ao chão, ouvi um estrondo! Naquele mesmo instante vi a meu lado o Oficial e o Soldado mortos. Houve apenas mais uns poucos soldados ligeiramente feridos por estilhaços.

Foram momentos dramáticos os que se viveram ali.

Mesmo assim, foi possível refrear os ânimos. Respeitosamente recolheram-se os corpos para um unimog e procedeu-se à sua escolta por toda a companhia até ao aquartelamento.

De realçar a dignidade com que todos os militares encarara este acontecimento, que mereceu uma referência elogiosa por parte do Comandante Chefe General António de Spínola.

Com cerca de 10 dias sobre a nossa chegada à Guiné e já este grande desaire nos marcava definitivamente.

Não foi fácil gerir no plano psicológico este desaire e demonstrar que aquele equipamento era seguro!

Foi necessária uma acção conjunta de todos, a começar pelos graduados, demonstrando-se que, a serem respeitadas as normas de segurança, nada havia a temer.

Esta terrível situação foi um aviso muito sério, que todos os militares acolheram com muito afinco e que terá servido de lição para todo a comissão.

Com um abraço do,
(Luís Marcelino)
____________

Nota de M.R.:

(*) Vd. também o anterior poste desta série em:

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Guiné 63/74 - P4604: Os Unidos de Mampatá, por Luís Marcelino, ex-Cap Mil (1): O novo imposto... de palhota!

1. Mensagem de Luís Marcelino, novo membro a nossa Tabanca Grande, que foi capitão miliciano da CART 6250/72 (Mampatá, 1972/74) (*):

Com um abraço, junto um primeiro apontamento sobre a CART 6250


OS UNIDOS DE MAMPATÁ (1)

O novo imposto de Palhota


Após ter feito a preparação militar no RAP 2, em Vila Nova de Gaia, a CART 6250, que adoptou como lema UNIDOS, a 27 de Junho de 1972, rumou para a Guiné, a bordo do Boing 707 da FAP.

Fez o IAO em Bolama durante quase um mês, findo o qual se deslocou para MAMPATÁ, povoação do sul da Guiné, próximo de Aldeia Formosa.

Tratava-se de uma companhia independente que ficou responsável pelo sub-sector de Mampatá e adida ao batalhão sediado em Aldeia Formosa, responsável pelo sector com o este nome.

Foi render uma Companhia de Açorianos com quem fez o treino operacional durante duas semanas, para tomar conhecimento da ZA de que iria ficar responsável.

Em Mampatá, além de estar a Companhia, havia também em reforço: um pelotão de africanos, uma secção do pelotão de armas pesadas e uma companhia de milícias, que estavam adidos à Companhia.

Quando chegámos, fomos logo confrontados com uma realidade inimaginável: um quartel que de instalações militares apenas havia uma cozinha, uma enfermaria, instalações sanitárias para praças, um bar e um tosco edifício de comando.

Não havia energia eléctrica e não havia qualquer instalação para alojamento das praças. Perante a admiração geral, foi-nos transmitido que o alojamento eram as casas (palhotas) dos africanos residentes que alugavam os respectivos alojamentos em troca do respectivo pagamento por parte dos residentes.

Um tanto ou quanto escandalizados, lá se distribuiu o efectivo pela sanzala [tabanca], conscientes de que ali o direito ao alojamento gratuito não existia pelo que o pessoal tinha que pagar!

Passado pouco tempo da nossa chegada ali, fomos visitados pelo Governador da Guiné, há data o Sr. General Spínola; é claro que o assunto das rendas lhe foi colocado, deixando-o deveras admirado com aquela realidade, pelo que de imediato deu instruções para que fosse pocessada a verba para pagamento do alojamento e fosse devolvido o dinheiro a todos os militares. E assim se fez justiça. Mas... pensar que antes ali tinha estado uma companhia naquelas condições!... Soldados que tinham de pagar, retirando do seu miserável pré uma importância para o alojamento.

A ZA era de difíceis acessos, havendo, para além de vários trilhos, duas picadas: uma que ligava Aldeia Formosa a Buba e outra que ligava Mampatá a Cumbijã.

A Companhia, para além dos patrulhamentos que fazia no espaço que lhe estava reservado, a partir de finais de 1972, empenhou-se, sobretudo, em acções de segurança à engenharia que a partir de finais de 1972 construiu uma estrada em asfalto de Aldeia Formosa até Buba, passando por Mampatá e depois outra de Mampatá a Nhacobá.

Eram estradas estratégicas, já que a primeira fazia a ligação do porto fluvial [,Buba, ]à sede do Batalhão, onde havia uma pista de aviação e a segunda, fazia a ligação até à proximidade da principal base do PAIGC a sul, o UNAL.

De acordo com os testemunhos dos nossos antecessores, a ZA não era muito complicada sob o ponto de vista militar. Começou-o a ser a partir da construção das referidas estradas, que praticamente coincidiu com a nossa chegada. Era um trabalho árduo, diário, que consistia na picagem de todo o itinerário antes da chegada das máquinas da engenharia e correspondente montagem de esquemas de segurança na frente de trabalhos.

[Continua]
__________

Nota de L.G.:

(*) Vd. poste de 6 de Junho de 2009 > Guiné 63/74 - P4472: Tabanca Grande (150): Luís Marcelino, ex-Cap Mil, CMDT da CART 6250, Mampatá, 1972/74


Vd. também postes de:

29 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4437: O Nosso Livro de Visitas (65): L.J.F. Marcelino, ex-Cap Mil da CART 6250, Mampatá, 1972/74

2 de Junho de 2009 >Guiné 63/74 - P4451: Poemário do José Manuel (28): Matar ou morrer ? Não...

3 de Junho de 2009 > Guiné 63/74 - P4458: Bem-vindo, Comandante Marcelino! Obrigado por ter tomado conta de mim na Guiné (José Eduardo Alves)

28 de Junho de 2009 > Guiné 63/74 - P4600: Convívios (148): Convívio da CART 6250 (Mampatá 1972/74) & Todos os Camaradas que quiserem aparecer, 4 Julho (António Carvalho)

sábado, 6 de junho de 2009

Guiné 63/74 - P4472: Tabanca Grande (150): Luís Marcelino, ex-Cap Mil, CMDT da CART 6250/72, Mampatá, 1972/74

1. Mensagem de Luís Marcelino (*), ex-Cap Mil, Comandante da CART 6250/72, Mampatá, 1972/74, com data de 4 de Junho de 2009:

Assunto: Para começar

Na sequência do convite recebido, que muito agradeço, aqui estou para a todos saudar e manifestar o desejo de participar no convívio desta grande família.

Junto as duas fotos, uma antiga e outra recente, aproveitando para lhes juntar mais duas referentes a momentos vividos na Guiné.

Antes de mais, quero apresentar-me:

Sou Luís Marcelino, a viver em Leiria.
Fiz o meu serviço militar, entre Janeiro de 1971 e Agosto de 1974.
No primeiro Trimestre de 1972, em Vila Nova de Gaia, foi formada a CART 6250 que comandei ali fazendo a preparação para a comissão na Guiné.

Em Junho desse ano, partimos para a grande aventura, que terminou em Agosto de 1974.

Fizemos o treino Operacional em Bolama, durante cerca de um mês, findo o qual partimos para Mampatá, em rendição de uma Companhia de Infantaria.
A nossa Companhia era independente e estava adida ao Batalhão sediado em Aldeia Formosa, a cerca de 7 Kms de Mampatá.

Após o regresso da Guiné entrei para a GNR, onde prestei serviço em Leiria, Évora, Santarém e Lisboa. Estou actualmente aposentado.

A experiência vivida na guerra da Guiné marcou profundamente a minha vida, pelas ocorrências sentidas e, de um modo especial pela solidariedade e grande amizade partilhadas em todo o tempo com todos os componentes da Companhia.

Na verdade, se humanamente não estava preparado para a responsabilidade que assumi, tive muita sorte nos homens que me calharam, tornando-me mais suave uma missão absolutamente desconhecida, conseguindo fazer-se justiça ao nosso lema "UNIDOS".

Ali se criaram verdadeiros laços de amizade que perduram até hoje, bem expressos nos convívios anuais que realizamos.

A todos os camaradas um gande abraço, na certeza de que já estou acolhido nesta grande família, em boa hora constituída.


2. Lembremos o primeiro contacto do nosso camarada Luís Marcelino com o Blogue:

Assunto: Testemunho

Tenho visitado regularmente este espaço, que considero de convívio, recordação e expressão de muita amizade.
Aqui tenho encontrado algumas pessoas que conheci ou conheço, com quem experimentei a vida difícil na Guiné. Algumas tenho visto em encontros que fazemos, outras, nunca mais..

Estive na Guiné entre 1972 e 1974, na CART 6250,em Mampatá. Fui o comandante, na altura, um jovem Capitão miliciano, graduado, de nome Marcelino. Vivo em Leiria.

Muito gostaria de estar presente no almoço do dia 20. Tenho outro compromisso que me impede. Contudo, estarei atento para que em encontros futuros possa ter o prazer de participar.

Ao fundador do blogue, à equipa editorial e a todos os participantes, as minhas saudações amigas e com todo o gosto também poderei participar neste espaço, com alguns episódios ou vivências da Guiné.

Um abraço







************

3. Comentário de CV:

Caro Luís Marcelino, estás oficialmente apresentado à Tertúlia.

Bem-vindo a esta grande família de ex-combatentes, fundada por Luís Graça há cerca de 4 anos, que felizmente não pára de crescer. És o 339.º membro oficialmente registado.

Terás, como ex-comandante de Companhia, conhecimentos da guerra, que na época não deveriam ser do conhecimento geral. Passados todos estes anos, poderás divulgá-los e contribuir assim para aumentar este repositório histórico da guerra colonial na Guiné, em que estamos todos, e cada um a seu modo, empenhados em levar por diante.

Peço-te o favor de quando nos mandares fotografias a acompanhar os teus textos, não te esqueceres de as legendares.

Já que quiseste dar-nos o gosto de contarmos com a tua participação, podes desde já começar a trabalhar.

Recebe, em nome da tertúlia um grande e fraterno abraço.

Pela tertúlia
Carlos Vinhal
__________

Notas de CV:

(*) Vd. postes de 29 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4437: O Nosso Livro de Visitas (65): L.J.F. Marcelino, ex-Cap Mil da CART 6250, Mampatá, 1972/74
e
3 de Junho de 2009 > Guiné 63/74 - P4458: Bem-vindo, Comandante Marcelino! Obrigado por ter tomado conta de mim na Guiné (José Eduardo Alves)

Vd. último poste da série de 5 de Junho de 2009 > Guiné 63/74 - P4464: Tabanca Grande (149): Armandino Alves, ex-1.º Cabo Aux de Enfermeiro da CCAÇ 1589, Guiné 1966/68

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Guiné 63/74 - P4458: Bem-vindo, Comandante Marcelino! Obrigado por ter tomado conta de mim na Guiné (José Eduardo Alves)

1. Mensagem de José Eduardo Alves, (Leça) (*), ex-Condutor da Cart 6250/72, Mampatá, 1972/74, com data de 29 de Maio de 2009:

Camaradas editores
Venho pela presente, dar as boas-vindas, ao blogue do meu ex-Comandante de Companhia, CART 6250, Os Unidos de Mampatá. (**)

Não é demais, saudá-lo, pois é uma pessoa que eu sempre admirei, e já lhe agradeci pessoalmente por ter tomado conta de mim na Guiné, pois eu era tão revoltado com a tropa que às vezes me portava mal, mas graças a ele, tenho a Caderneta Militar limpa. É um homem com um grande coração, pois conduziu muito bem os homens que lhe foram confiados, não é por acaso que vem dar a cara em todos os convívios que se realizam anualmente, e é de realçar o carinho que toda gente tem por ele.

Não posso deixar de dizer que há três anos lhe falei desta família, embora só agora tenha aparecido. Seja bem-vindo a esta casa. Devo dizer que por este amarelo sempre tive apreço, só gostava que ele me explicasse porque é que na minha caderneta militar está que eu fui transferido para a 1.ª Rep do QG, em Bissau, e eu nunca saí de Mampatá. Eu era para ser transferido, para ser condutor do Carlos Fabião, que era o Comandante das Milícias da Guiné, ou coisa parecida, porque o condutor dele tinha acabado a comissão. Numa passagem por Bissau orientei-me, mas o meu Comandante deixou que todos os papéis fossem feitos, acabando eu por ficar em Mampatá. Muito obrigado.

Como estou à vontade, aqui vai uma pequena estória.

Estava eu de serviço à agua, porque inicialmente nós íamos buscar a agua a Aldeia Formosa, eram oito da noite, já estava a dormir, chega o sargento de ronda e chama:
- Oh Leça, você está de reforço.
- Mas eu não estive de serviço de dia, logo não posso estar à noite. Façam entrar a reserva.
- Já entrou, portanto você tem que ir para o posto 8.

Lá me convenceu. Cheguei ao posto, e pensei:
- Está bem.

Afinei o ouvido e da messe dos sargentos e oficiais vinha o toque da viola.
- Então é aquele que para os senhores não podia estar onde estou.

Que faço? Pego na G3 e dou duas rajadas. De imediato veio o sargento de ronda:
- Eh pá, que foi?
- Fique aqui, que eu venho já.

Fui à tabanca levar a arma e dizer ao Comandante Marcelino para mandar o da viola para o posto 8. Não vale a pena explicar a confusão que aquilo deu, mas eu é que não fui para o posto.

O Comandante Marcelino demorou dois dias a chamar-me e a convencer-me a aceitar um castigo, que foi sete dias a supervisionar a abertura de uma vala para nos abrigar em caso de ataque. Deu-me dois africanos para o trabalho, só que eu era tão querido na população que apareceram aí uns para me ajudar. Tive que explicar que o meu castigo eram os sete dias e não abrir a vala até ao fim, mas o sétimo dia foi perdoado.

Falta aqui dizer que convidei o Comandante Marcelino a ir comigo e com a minha esposa à Guiné, mas como o convite foi feito muito em cima da hora, não deu para aceitar. Acho que cumpri o meu dever, porque eu gostava que ele fosse. Talvez para o ano.

Eu sei que o trabalho no blogue tem sido intenso, por isso deixo ao vosso critério. Já mandei as fotografias para a adesão e perguntei se a minha esposa também pode fazer parte do blogue, porque ela diz que também foi militar, já que éramos casados quando fui para tropa.

Confirmo a nossa presença no Encontro em Ortigosa, s/dormida, José Eduardo Alves e Maria da Conceição M. Alves, afinal havia amarelos bons.

Sem mais por hoje, um grande abraço deste camarada de armas
J. Eduardo Alves
__________

Notas de CV:

(*) Vd. último poste da série de 30 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4442: Blogoterapia (105): Falando de camaradagem, de brancos e pretos (José Eduardo Alves)

(**) Vd. poste de 29 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4437: O Nosso Livro de Visitas (65): L.J.F. Marcelino, ex-Cap Mil da CART 6250, Mampatá, 1972/74

sexta-feira, 29 de maio de 2009

Guiné 63/74 - P4437: O Nosso Livro de Visitas (65): L.J.F. Marcelino, ex-Cap Mil da CART 6250/72, Mampatá, 1972/74

1. Mensagem de L.J.F. Marcelino, ex-Cap Mil, Comandante da CART 6250/72, Mampatá, 1972/74, com data de 27 de Maio de 2009:

Assunto: Testemunho

Tenho visitado regularmente este espaço, que considero de convívio, recordação e expressão de muita amizade.
Aqui tenho encontrado algumas pessoas que conheci ou conheço, com quem experimentei a vida difícil na Guiné. Algumas tenho visto em encontros que fazemos, outras, nunca mais..

Estive na Guiné entre 1972 e 1974, na CART 6250, em Mampatá. Fui o comandante, na altura, um jovem Capitão miliciano, graduado, de nome Marcelino. Vivo em Leiria.

Muito gostaria de estar presente no almoço do dia 20. Tenho outro compromisso que me impede. Contudo, estarei atento para que em encontros futuros possa ter o prazer de participar.

Ao fundador do blogue, à equipa editorial e a todos os participantes, as minhas saudações amigas e com todo o gosto também poderei participar neste espaço, com alguns episódios ou vivências da Guiné.

Um abraço


2. Comentário de CV:

Caro Marcelino, muito obrigado pelo contacto.

Temos pena que não possa estar presente no nosso próximo Encontro em Ortigosa.

Muito obrigado também pelas palavras amáveis dirigidas ao nosso Blogue, reconhecimento de que o trabalho da Tertúlia é reconhecido pelos leitores. Quando quiser aderir à nossa Tabanca, poderá também contribuir com o seu testemunho como militar e CMDT da CART 6250, Unidade que tem representação no nosso Blogue através do António Carvalho, ex-Fur Mil Enf, Eduardo Alves, ex-Soldado Condutor Auto e José Manuel Lopes, ex-Fur Mil.

Aguardamos o seu próximo contacto desta feita a dizer-nos que quer fazer parte desta grande família em volta do Timoneiro Luís Graça.

Um abraço deste camarada que o cumprimenta
Carlos Vinhal
__________

Nota de CV:

Vd. último poste da série de 27 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4428: O Nosso Livro de Visitas (64): Carlos Valentim, 1.º Tenente da Armada Portuguesa