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terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Guiné 63/74 - P7835: Álbum fotográfico de Vasco da Gama (ex-Cap Mil, CCAV 8351, Cumbijã, 1972/74) (1): Um ternurento Tigre de Cumbijã, padrinho da Fatmata Gama

Foto 14 >  Com uma menina, Cadi, de seu nome, filha  do Demba Baldé (milícia ou artilheiro ?)



Foto 11 >  No dia 12 de Maio de 1974, que alívio sinto ao escrever esta data, com a minha afilhada que nasceu no Cumbijã  e a quem foi dado o nome de Fatmata Gama.





Foto 3 > Pai, Mãe, Madrinha, Padrinho e o nosso caçador que veio para o Cumbijã com o Padé Nambatcha.



Foto 4 >  Quando cheguei ao Cumbijã, um deserto cheio de minas,  em Abril de 1973 a levantar uma das trinta e tal minas que encontrámos


 Fotos (e legendas): © Vasco da Gama (2011) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados.


1. Lembre-se aqui o percurso do nosso camarigo Vasco da Gama mais os seus Tigres do Cumbijã (CCAV 8531, por terras de África:



(...) A minha Companhia teve o percurso seguinte na Guiné (1972/74):


(i) Cumeré,  desde 27 de Outubro a 15 de Novembro de 1972;  


(ii) Aldeia Formosa,  desde Novembro de 1972 até inícios de 73; 


(iii) a partir daqui dormíamos no mato na zona de Colibuía (desértica), quatro vezes por semana;


(iv) ocupámos o Cumbijã,  em Março de 1973, e ficámos lá até finais de Junho de 1974;


(v) estive ainda em NHACOBÁ, depois de ter assaltado este local em 17 de Maio de 1973, dia sim dia não, recebendo ordens para aí me fixar em definitivo a 23 de Maio, e tendo abandonado esse local  às 22h00 do dia 24 de Maio após ordens superiores; 


(vi) finalmente,  em Bissau,  em Julho e Agosto de 1974.(...)




1. Primeiras fotos de um conjunto (centrado na figura do Cherno Rachide) que o Vasco da Gama nos mandou, a nós e ao Pepito (que quis fazer uma surpresa ao seu amigo Califa Aliu Djaló, filho do falecido Cherno Rachide) (*).


Vasco da Gama, o grande Tigre do Cumbijã, ex-Cap Mil da CCAV 8351 (Cumbijã, 1972/74), é merecedor do nosso reconhecimento público pela sua resposta "just in time" (**).
__________________


Notas de L.G.:

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Guiné 63/74 - P3366: PAIGC - Docs (2): O grande marabu Cherno Rachide, de Aldeia Formosa: um agente duplo ? (Luís Graça)



Pasta: 07197.164.011
Assunto: Relatório da viagem a Hamedalaye e Sansalé
Termos de referência: Relatório da viagem a Hamedalaye e Sansalé: encontro com Daouda Camara, missão a Cacine, dificuldades em contactar Pedro Duarte, informações sobre os elementos de confiança do partido e elementos da PIDE, dados militares de Cacine, Gadamael e Catió.
Data: s/d
Observações: Doc. incluído no dossier intitulado Relatórios XIII.
Nível 2: 04.PAI/PAIGC Nível 3: Relatórios/Directivas
Fundo: Relatórios/Directivas

formato .pdf 07197.164.011

Fonte: Fundação Mário Soares > Dossiês > Guiledje · Simpósio Internacional · Bissau, Guiné-Bissau · 1 a 7 de Março de 2008 > Arquivo Amílcar Cabral > PAI/PAIGC > Relatórios/Directivas



______________

PAIGC > Docs (2) > Relatório da viagem (*)
Tr. do francês: L.G. (**)

Chegados a Hamedalaye [Amedalai, na Guiné-Conacri], recebemos instruções do camarada Secu Na Bayo para nos encontramos em Sansalé e contactar as organizações militares e administrativas [do Partido], afim de nos conduzirem até ao pé da fronteira.

Em Sansalé, depois das formalidades, obtivemos instruções respeitantes à nossa estadia.

Em Tanéné fomos recebidos pelo camarada Tomás Queta, chefe da aldeia. Por seu intermédio, conseguimos falar com o camarada do Partido, Daudá Camará, de Cacoca. Depois de uma longa sessão informativa sobre a vida do Partido no chão dos nalús e mais particularmente sobre a sua organização do interior da região, o camarada Daudá Camará mereceu a nossa confiança. E foi assim que nós o encarregámos de uma missão junto do camarada Pedro Duarte, em Cacine.

No regresso, recebemos as seguintes informações:

(i) É difícil contactar o Duarte, é vigiado dia e noite por um Alferes Indiano, que trabalha no mesma repartição com o seu adjunto, um caboverdiano de nome Carvalho, que é um grande inimigo da nossa causa, juntamente com o régulo de Cacine, de seu nome Tomás Camará, igualmente nefasto.

(ii) A casa do Duarte é guardada dia e noite por soldados africanos; já não tem jipe de serviço, desloca-se agora num jipe do exército. A sua mulher, que o denunciou, regressou a 7/12/1961;

(iii) Todos os régulos nalus foram convocados a Cacine, para receber as seguintes informações: Supressão do sistema de registo de denominação indígena; deixa de haver distinção entre brancos e negros, tanto os grandes como os pequenos devem passar a possuir um bilhete de identidade de cidadão português; este bilhete de identidade deve ser pago, mas ainda não foi fixado o respectivo preço. Supressão do imposto indígena. O preço dos produtos agrícolas passam a ser fixados pelos proprietários (sic). As regiões convocadas foram Catió, Cacine, Buba, Fulacunda, Gadamael, Bedanda, Cacoca, Quitafine, Sanconhá, Camissoro, etc.,

(iv) Que é preciso ter muito atenção a Álvaro Queta, de Sanconhá, Munini Camará (Lumba jodo), de Cacoca, que são elementos muito perigosos da PIDE. Circulam por todas as regiões (do sul).

(v) Os elementos de confiança do Partido são: em Cacoca, Daudá Camará, Abdulai Conté, Mbadi Bonhequi ; em Cacine, Laminé Camará, o relojoeiro, e Cassamá, motorista; em Missidé (Quebo), Aliu Embaló, e o grande marabu Cherno Rachid. [Negritos de L.G.] (**)

Informações de carácter militar:

A entrada da Cacoca é guardada por elementos da polícia administrativa [cipaios] dos quais 8 são africanos e um europeu. Entre os africanos, figuram: Lopes (Malagueta), Lassana Turé, Alséni Jaló, Samba Sanhá e José, que são muito violentos,

(i) Em Cacine encontram-se estacionados 140 portugueses, com o seguinte equipamento: 2 jipes, 2 anti-aéreas, 1 grande canhão (sic), 2 cargas de napalm; a pista de aviação é alcatroada, pode receber aviões modernos e é guardada, dia e noite, por saoldadoa europeus;

(ii) Gadamael: 50 soldados equipados com 2 canhões, 1 jipe e 1 anti-aérea.

(iii) Catió: aqui encontra-se a sede da PIDE. Os soldados são em pequeno número.

(iv) Missidé (Quebo): 80 soldados europeus, equipados com 1 camião, 1 jipe, 1 antiaérea, 1 canhão (*).

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Notas de L.G.:

(*) Vd. primeiro poste desta série > 19 de Outubro de 2008 > Guiné 63/74 - P3330: PAIGC - Docs (1): Comunicado de 27 de Abril de 1964 sobre a vitória na batalha do Como (Amílcar Cabral)

(**) O documento, dactilografado, é redigido em francês, com errros ortográficos e de dactilografia. Julgo que às vezes o autor do relatório usa o sistema francês de registo de nomes (Nom + prénom). Nalguns casos, alterei, sendo o apelido (nom) antecido do nome próprio (prénom): por ex., Dauda Camará (no relatório, Camara Daouda)...

No que diz respeito, ao armamento identificado nos nossos quartéis, é bem possível que o autor se queira referir ao obus quando fala de canhão grande, e possivelmente a canhão sem recuo quando fala simplesmente de canhão... Também é possível que tenha confundido a metralhadora pesada e antiaérea...

(***) É um pouco surpreendente, pelo menos para mim, esta confissão do autor do relatório. Não sei se estamos a falar da mesma figura, do dignatário religioso que vivia em Aldeia Formosa, que eu conheci, em Bambadinca, e que no meu tempo (Junho de 1969/Março de 1971) era tido como um dos poderosos aliados dos portugueses, ouvido amiudadas vezes pelo Spínola (dizia-se)...

Havia, por ooutro lado, a lenda de que Aldeia Formosa (Quebo) nunca era atacada pelo PAIGC por deferência, respeito ou temor da figura do Cherno Rachide, ou- segundo outra versão, mais popular entre os meus soldados fulas - devido ao poder (mágico-religioso) do Cherno Rachide, que com os meus mezinhos fazia gorar todas as tentativas de ataque dos turras... Nunca estive em Quebo nessa altura, não posso confirmar ou infirmar nenhuma das versões (ou lendas).

Sobre o Cherno Rachid, vd. postes de:

2 de Abril de 2008 > Guiné 63/74 - P2714: Antropologia (5): A Canção do Cherno Rachide, em tradução de Manuel Belchior (Torcato Mendonça)

4 de Junho de 2007 > Guiné 63/74 - P1815: Álbum das Glórias (14): o 4º Pelotão da CCAÇ 14 em Aldeia Formosa e em Cuntima (António Bartolomeu)

18 de Abril de 2006 > Guiné 63/74 - DCCX: O Cherno Rachid da Aldeia Formosa (Antero Santos, CCAÇ 3566 e CCAÇ 18)16 de Dezembro de 2005 > Guiné 63/74 - CCCLXXVIII: Um conto de Natal (Artur Augusto Silva, 1962)

18 de Abril de 2006 > Guiné 63/74 - DCCX: O Cherno Rachid da Aldeia Formosa (Antero Santos, CCAÇ 3566 e CCAÇ 18)

15 de Junho de 2005 > Guiné 69/71 - LVII: O Cherno Rachid, de Aldeia Formosa (aliás, Quebo) (Luís Graça).

Sobre o Islão e a Guiné Portuguesa, vd. também o texto de Francisco Garcia:FRANCISCO PROENÇA DE GARCIA > Os movimentos independentistas, o Islão e o Poder Português (Guiné 1963-1974)

quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Guiné 63/74 - P13822: (In)citações (71): Djarama (obrigado) a este "santástico" blogue por nos proporcionar um espaço de diálogo e de (re)encontro entre o passado, o presente e o futuro (Djuli Sal, neto do Cherno Rachide Djaló)


1. Comentário, de hoje (*), do nosso leitor, Djuli Sal, neto do Cherno Rachide [Djaló], do Quebo (ex-Aldeia Formosa), que morreu em 1973 ) (**):

[De acordo com o seu perfil no Google +,  "trabalhou em DGCI, fequentou a Universidade Colinas de Boe/Washinton State Uviversity; vive em Hafia,Bissau] [foto à esquerda]

Grato pela adopçao do termo "SANTÁSTICO" (*), agradeço a vossa amabilidade.

Ao meu ver,  este blog representa um veículo de divulgaçaã e contextualização da rica história da Guiné-Bissau.

Aos mais velhos proporciona uma autêntica nostalgia... Para os mais novos (como é o meu caso) é um meio de aprendizagem e de reencontro com as nossas verdadeiras raízes... 

E a todos faculta uma outra face da história, com possibilidades de fazer comparação com o passado recente e o presente, com intuito de projetar um futuro melhor... Um futuro liberto dos erros do passado, através de um novo raiar de sol da esperança de dias melhores rumo ao tão falado desenvolvimento do pais.

Mas para que tudo isso aconteça, os herdeiros da pátria do Cabral têm que enveredar pelo verdadeiro diálogo, perdão e reconciliação entre todos.

O meu obrigado do fundo do coração vai para a direção deste blog, por nos ter proporcionado um espaço de diálogo e encontro com a nossa histria.´

Djarama  (***)
Djuli Sal
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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 21 de abril de  2011 > Guiné 63/74 - P8149: (Ex)citações (138): Sou o neto do Cherno Rachide (Djuli Sal)

(...) Olá, amigos, estou muito grato por esse santástico trabalho realizado por essa equipa de emprendedores que conseguiram reavivar a esperança de um povo esquecido no tempo.... o povo de Quebo (ex-Aldeia Formosa).

Sou neto do Tcherno Rachid Djaló [assinalado na foto, em rectângulo verde, tendo atrás, enquadrado por rectângulo a vermelho, o Cap Mil Vasco da Gama, Aldeia Formosa, Janeiro de 1973 ], e estou muito contente por essa iniciativa.(...) 


(...) O termo santástico deve ser lido como santo e fantástico (...)


(**) Al-Hajj Cherno Rachid Djaló parece ser a designação correta... Cito o especialista Francisco Proença de Garcia, oficial superior do exército português [, autor de  Guiné-Bissau 1963-1974: Os movimentos independentistas, o Islao e o poder português / Francisco Miguel Gouveia Pinto Proença Garcia. -Porto, 1996. -  (Texto policopiado) 283 f. : il. ; 30 cm. - Bibliografia, f. 268-283. - Tese de mestrado em Relaçoes Internacionais, Universidade  Portucalense, 1996]. Está disponível no sítio Triplov.com

(...) "Os dignitários islâmicos mais proeminentes eram Al-Hajj Cherno Rachid Djaló (futa-fula) de Aldeia Formosa (rebaptizada Quebo, após a independência), o Xerife Secuna Haydara (de linhagem xerifina) de Ingoré e, em Cambor, o Al-Hajj Cherno Mamagari Djaló (futa-fula).

(,,,) Sabe-se que foi disponibilizada uma verba de 200 mil dólares pela Presidência do Conselho de Estado para custear as despesas com a peregrinação a Meca para diversas personalidades destacadas da Comunidade. Na Guiné-Bissau, assim como em toda a África Ocidental, realiza-se a designada “peregrinação por procuração”, ou seja, emerge de uma comunidade um elemento para efectuar a peregrinação. Este elemento executa a peregrinação e obtem, na viagem, a bênção para toda aquela comunidade que suporta as despesas de tão honrosa missão. A comunidade em questão encarrega-se da família do peregrino, enquanto ele está ausente. O valor da peregrinação também envolve este procedimento. Se, por outro lado, o grupo social não realizar aquele esforço, podemos dizer que a peregrinação é afectada.

A peregrinação desempenha um importante papel político, uma vez que une muçulmanos de todo o mundo. Ao regressarem, os peregrinos são portadores do título honorífico de “Al-Hajj” (peregrino), o qual confere um estatuto aristocrático no plano sócio-religioso. De acordo com o Supintrep nº.11, entre 1959 e 1972, sob o patrocínio do Governo da antiga Província Portuguesa, visitaram Meca 230 peregrinos.(...)

(***) Último poste da série > 24 de outubro de 2014 > Guiné 63/74 - P13795: (In)citações (70): África meteu-se-nos debaixo da pele (Juvenal Amado)

segunda-feira, 2 de janeiro de 2023

Guiné 61/74 - P23938: Notas de leitura (1539): "Noites de Mejo", por Luís Cadete, comandante da CCAÇ 1591; edição de autor, com produção da Âncora Editora, 2022 (2) (Mário Beja Santos)


1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá, Finete e Bambadinca, 1968/70), com data de 21 de Dezembro de 2022:

Queridos amigos,
É inequívoco que o coronel Luís Cadete não incorre na prosápia de escrever memórias para as candeias da História, o que ele nos lega é uma diversidade de situações que ajudam a iluminar uma importante região da Guiné em guerra, num período que vai de 1966 a 1968. Creio que é a primeira vez que temos uma água-forte de Mejo e a sua importância no chamado corredor de Guileje onde, igualmente, se irá implantar, no final da governação de Schulz, o octógono de Gandembel; dá-nos o conhecimento das etnias ali conviventes, nesta vasta região onde ele fala de Aldeia Formosa, de Fulacunda, de Buba, das operações de reabastecimento e das singularidades do dia-a-dia. Confessa abertamente que nutria um certo desdém por certas chefias, faz brilhar gente valorosa, heróis anónimos, e sabe prender a nossa atenção em descrições manifestamente dolorosas, como veremos mais adiante, com o incêndio de Contabane, não poupa críticas ao então comandante-chefe, Spínola, pelo abandono daquela posição. Ainda há muito mais para dizer. Teimo que este livro merece muito mais do que a curtíssima edição que lhe destinaram.

Um abraço do
Mário



Muita atenção, há aqui páginas que passarão à posteridade, temos Mejo na literatura! (2)

Mário Beja Santos
Coronel Luís Carlos Loureiro Cadete, ontem e hoje

A
obra intitula-se "Noites de Mejo", o autor assina Luís Cadete, viremos a saber que de seu nome completo é Luís Carlos Loureiro Cadete, foi comandante da CCAÇ 1591, a quem também dedicou o livro, conjuntamente com os seus soldados guineenses. Escreveu estas histórias em 2016 e publicou-as em 2022, edição de autor com produção da Âncora Editora. Deu algum trabalho chegar ao livro, que não está no circuito comercial, o que é profundamente de lamentar, há aqui páginas admiráveis, não faltam tiradas bem urdidas de tragicomédia, revelando ternuras da aculturação, a vida dura num dos pontos mais ásperos que a guerra da Guiné ofereceu aos militares portugueses.

São histórias soltas, como diz o autor, “fruto das minhas recordações e de conversas tidas com camaradas em volta da mesa”, e não será por acaso que se cita Eça de Queiroz: “Sobre a nudez forte da verdade o manto diáfano da fantasia”, isto para recordar que nem sempre estamos em Mejo, saltitamos por vários lugares, aliás a estadia em Mejo não chegou aos 9 meses, e vale a pena recordar que muito mais tarde (1988-1991) Luís Cadete desempenhou funções como Adido de Defesa junto das embaixadas de Portugal em Bissau, Dacar e Conacri.

Privilegio algumas das suas descrições, pelo rigor e luminosidade. Um exemplo:
“É Buba uma quase península nas cabeceiras do Rio Grande de Buba, vasta massa de água salgada que ali chega, em sucessivas e intricadas ramificações, vinda do mar.
Sede do comando do Batalhão, tinha anexa uma tabanca com numerosa população que vivia da pesca e de serviços prestados à tropa ali aquartelada.
Militarmente, estava exposta à observação e ao tiro direto do inimigo, facto assombroso que constituía um violentíssimo pontapé nas normais mais elementares da Tática.”


Não esconde juízos implacáveis a comportamentos de seus superiores, como escreve a propósito da visita do General Schulz a Aldeia Formosa, sai do helicóptero e conversa com a figura grada da população civil, o Cherno Rachide Djaló, este apresenta-se imponente na sua elevada estatura, de balandrau e solidéu imaculadamente brancos, o governador pergunta a esta entidade espiritual o que é que o povo da Aldeia Formosa precisa, Rachide Djaló responde em Fula: “Havia aqui, antes da guerra, um posto sanitário e uma maternidade que foram fechados sem o povo perceber qual a causa. Precisamos muito do posto e da maternidade a funcionarem e precisamos também de escola para os meninos. Queremos que nos mandem professores, mas não padres, porque já temos religião. A tropa desta companhia fez um posto médico na tabanca, com camas da tropa, mas não chega; precisamos de médico. É isto que nós precisamos.”

É igualmente preciso a falar da topografia de Mejo e vizinhança:
“Sobe-se para o planalto a partir da bolanha do lado de Mejo, por uma rampa curta, mas íngreme, que dá acesso a uma reta que desemboca diretamente na pista da tabanca e aquartelamento de Guileje.
Daqui desce-se, suavemente para o entroncamento desta estrada com a que vem de Gadamael Porto e segue para a chamada Ponte do Balana, nome do curso superior do rio Cumbijã, a Norte; do topo da pista oposto a Guileje, que se desenvolve num esporão do planalto, desce-se para as numerosas e labirínticas ramificações do rio Cacine de densa vegetação, a Sul; para Norte, coberto de mato denso, estende-se o planalto cortado pelo Cumbijã do qual se sobe, de novo, para outra zona planáltica onde se situam Contabane, Aldeia Formosa (Quebo) e Mampatá.
À esquerda de quem desce para o cruzamento, a cerca de 300 metros, encontra-se uma nascente onde a Companhia de Guileje se abastecia de água e que também dessedentava grupos de terroristas que por ali passavam.”


As suas memórias, inevitavelmente, também se orientam para aqueles episódios burlescos que mais ou menos quem esteve no mato provou, caso do aparecimento repentino da cobra, a bravura anónima de um bazuqueiro, o desespero de se chegar ao quartel e se descobrir que falta uma secção, o caricato de certas reuniões com o corpo do Estado-Maior, com as suas ninharias e inequívoca falta de conhecimento do terreno, a chegada de um oficial do quadro permanente que vinha confortado com gira-discos e canções da moda, os desastres do fornecimento, em que se pedia x de uma quantidade de carne de vaca e apareceram 50 quilos de queijo flamengo, as teimosias do régulo Sambel Baldé, de Mampatá Bacirgo que não tinha problemas de passar a fronteira e punir quem lhe vinha beliscar a vida no regulado. Histórias muito bem contadas que deliciarão não só os antigos combatentes.

Mas vê-se que o autor tende prescrever águas-fortes de locais por onde passou, e dá-nos informações cuidadas, extremamente úteis para quem vier a fazer a historiografia de todos estes locais por onde a guerra grassou e como cada um se posicionou:
“[Quebo] Região eminentemente Fula há vários séculos, nela pontificava o velho régulo Baró Baldé cujo irmão, Leonel, era professor primário, lecionando na residência a expensas suas. Era também sede do chefe espiritual da nação Fula, o famoso e muito respeitado Cherno Rachide Djaló, homem entendido nas coisas do Corão. Quanto mais não fosse, só por isto, Quebo era terra importante, até do ponto de vista estratégico, na guerra que se travava na Guiné.
Naquela vasta e importante região que se estendia, a Sul do rio Corubal, entre os limites ocidentais do regulado de Mampatá e a fronteira com a República da Guiné, vivia-se, nessa altura, em paz. Dizia-se, lá pelos QG de Bissau, e não só, que essa se situação se devia à presença de tão prestigiada figura, mesmo além-fronteiras, como era o Cherno Rachide Djaló. Dizia-se que atuar na citada região seria prejudicial à estratégia do PAIGC. Ou seja, o Cherno era um dos elementos da estratégia do comandante-chefe para a região. Daí, quiçá, os fracos meios atribuídos. De resto, os quadrilheiros do PAIGC só atuavam, ocasionalmente, no regulado de Cumbijã, mais próximo do rio do mesmo nome, a Sul.

Mas nem todos acreditavam naquela interpretação, e com razão como se viu em finais de 1968, durante o consulado do general Spínola. E os primeiros a não acreditarem naquela interpretação eram os régulos, nomeadamente o de Contabane.
E tinham razão para tal.
Como muito bem sabiam as altas-chefias, porquanto as informações fluíam dos régulos e do Cherno para o comando de Companhia e deste para os escalões superiores, há muito que os terroristas, ao mais alto nível político-militar, rondavam a zona para lá da fronteira, reconhecendo o terreno em busca do melhor sítio para se instalarem.”


O autor, quando necessário, não deixa de referir o horror e os padecimento da guerra, caso daquele furriel B, dotado de espírito de missão que fora apanhado em cheio pela deflagração das granadas e projetado de costas alguns metros de distância: “A calote craniana saltara-lhe da cabeça, deixando entrever a massa encefálica; no trono eviscerado, apenas o coração teimava em pulsar pendurado da aorta; dos braços, apenas os úmeros, descarnados, recordavam terem existido ali os membros superiores, enquanto as artérias femorais, meio desbridadas, esguichavam qual repuxo num filme de terror.”


O capitão Nuno Rubim, nosso confrade, comandante de Companhia em Guileje, 1966
Aldeia Formosa em tempos de guerra, com a pista de aviação ao fundo. Com a devida vénia a José da Mota Vieira
Cherno Rachide, Aldeia Formosa, 1973, festa Fula da matança do carneiro, fotografia do nosso estimado confrade Vasco da Gama, ele está perto dessa grande figura espiritual

(continua)
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Nota do editor

Poste anterior de 26 DE DEZEMBRO DE 2022 > Guiné 61/74 - P23917: Notas de leitura (1536): "Noites de Mejo", por Luís Cadete, comandante da CCAÇ 1591; edição de autor, com produção da Âncora Editora, 2022 (1) (Mário Beja Santos)

Último poste da série de 30 DE DEZEMBRO DE 2022 > Guiné 61/74 - P23930: Notas de leitura (1538): "O Santuário Perdido: A Força Aérea na Guerra da Guiné, 1961-1974 - Volume I: Eclosão e Escalada (1961-1966)", por Matthew M. Hurley e José Augusto Matos, 2022 (10) (Mário Beja Santos)

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Guiné 63/74 - P4679: Memórias do Chico, menino e moço (Cherno Baldé) (6): Uma gesta familiar, de Canhámina a Sinchã Samagaia, aliás, Luanda

1. Mensagem de 8 de Julho , enviada pelo nosso Cherno Baldé, membro da nossa Tabanca Grande (*):


Caro amigo Luís,

Na continuação das estórias que chamei de 'memórias de infância' (**) envio mais dois excertos. O primeiro fala da minha família. Não queria enviá-la mas apercebi-me que faz falta para uma melhor compreensão das partes seguintes sobre as origens da família e alguns factos ligados com a fuga do irmão do meu pai e patriarca da família, o Sambagaia. O segundo fala do meu pai[, Aliu Tambá Baldé, ] e da encenação de um Marabú tradicional.

Obrigado e um forte abraço,

Cherno Baldé


2. Memórias do Chico, menino e moço (6)

DE CANHAMINA A SINCHÃ SAMAGAIA

Uma família a procura de estabilidade

A minha família, descendente de Fulas originários de Macina, no espaço territorial do antigo Sudão Ocidental (actual Mali), e que se consideram a si mesmos de Fulbhê Arábbhê, cujo significado se deve ter perdido na noite dos tempos e que, no entanto, tem uma similitude muito próxima da palavra Árabe, vivia em Kerewane (uma deformação de Kairuan?), localidade situada entre Kumakara (Senegal) e Saré Bacar (Guiné-Bissau), mesmo na linha da fronteira entre os dois países.

Dessa época não sei quase nada que possa transmitir. Mais tarde, a familia mudou-se para Canhámina, capital do regulado de Sancorlã, [a nordeste de Fajonquito, carta de Tendinto, ainda não disponível 'on line' ,] o que aconteceu após a morte do nosso avô paterno, Morô Baldé (Morseide), ocorrida, provavelmente, entre os anos de 1922/23.

Os seus descendentes eram sobrinhos directos da casa reinante de Sancorlã (Soncoia?), através da mãe, nossa avó paterna, Eguê Mariama Baldé, facto que certamente terá pesado na decisão de se mudar para esta localidade. 

Em Canhámina, durante muito tempo, a nossa família viveu sob protecção da casa do régulo, tendo beneficiado de algumas regalias daí inerentes, encabeçada pelo mais velho dos irmãos, Naor, que foi pajem de seu tio Braima Djame Baldé, mais conhecido por Burandjame (ou Brandjame?), o régulo de Sancorlã, e era colega e amigo íntimo de Abdu Buram, o príncipe herdeiro do trono, que encontrou a morte na última guerra de Canhabaque entre 1935/36 [, nas Ilhas Bijagós, referência à repressão de uma das últimas revoltas dos habitantes locais] .

O Naor terá morrido logo a seguir após uma doença prolongada (dizem que por desgosto pela morte do seu primo e amigo inseparável) e, com a morte prematura deste, acedeu ao lugar de patriarca da família, o Sambagaia, o irmão mais novo que lhe seguia segundo a linhagem.

Decorridos alguns anos após a morte de Naor, a nossa família saiu de Canhámina. Não consegui obter informações certas sobre as razões que motivaram esta mudança, todavia, algumas vozes especulam que estaria ligada a morte do Régulo Brandjame Baldé, cujo desaparecimento teria provocado uma luta de sucessão bastante perigosa no seio da família reinante.

De qualquer modo, a transferência para a zona de Farimbali, marca o início da liderança de Sambagaia na família e abre uma nova era, marcada por grandes dificuldades materiais de existência, alguma turbulência no seio da família e guerra política.

Para uma família que já estava, de certo modo, habituada a viver não muito longe da sombra do poder e das suas facilidades, a provação foi dura. As dificuldades do duro trabalho agrícola que era a principal actividade da família se juntou a desastrosa gestão do patriarca Sambagaia que utilizava os magros recursos da família (colheita de cereais e gado) para granjear reputação e mobilizar apoios, votando a família à fome e miséria contínuas.

As suas mãos largas e suas frequentes deslocações e viagens para o centro do poder e da administração colonial em Bolama onde servia de agente policial, e também procurava alianças, permitiu-lhe entrar, assim, nos meandros das intrigas e das guerras pelo poder, que eram suportadas pelo esforço da família, obrigando-a a vender tudo que existia, inclusive as vacas de seguro (teguê) das mulheres que normalmente não se vendiam, em obediência às regras de uma tradição secular.

A família estava sem posses, sem segurança para as calamidades naturais, bastante frequentes na época e junte-se a isso mudanças constantes de uma aldeia à outra de forma sucessiva e por períodos muito curtos, provocando a erosão dos poucos recursos disponíveis abalando com isso a coesão social preexistente no seio da familia.

Primeiramente saíram de Canhámina para Saré Saliu, lado norte da bolanha de Berécolom (onde encontraram e conheceram a família de um caçador profissional, originário de Forrea, chamado Samba Candé, vulgo Samforrea, pai da minha futura mãe, Cadi Candé), tendo aí permanecido por pouco tempo.

Nesta aldeia faleceu Paté (Pareru), o quarto dos cinco irmãos, após alguns anos de doença psíquica. Contam as más-línguas que ele ousara desafiar o patriarca Sambagaia ao pretender em herança a mais jovem das mulheres do falecido Naor, a Nhama Aua, filha de Brandjame, pelo que este o teria feito guerra através de forças ocultas para o enlouquecer. Outros afirmam que a jovem viúva teria escolhido do seu livre arbítrio o jovem e bonito Patê, provocando desta forma a desgraça deste.

Esta história ilustra, independentemente do que teria acontecido na realidade, que os vínculos de dependência e/ou obediência aos costumes e a tradição, na reprodução e manutenção das práticas culturais ancestrais, se faziam também por diversos meios, inclusive a difusão de falsas informações a fim de paralizar e/ou neutralizar o(s) adversário(s).

De Saré Saliu passaram para Solambuntô, aldeia situada junto a fronteira com o Senegal, a oeste de Cambajú. Por aqui, viveram uns poucos anos. O que estaria o Sambagaia a procura? Certamente uma base de apoio para as suas ambições politicas. Após Solambuntô, fizeram meia volta regressando para Saré Coba, aldeia vizinha de Sare Saliu. Foi aqui que os filhos de Naor, Baciro e Ioba foram circuncisados. Teriam vivido nesta aldeia perto de 3 anos.

De seguida, regressaram, de novo, para o lado sul da bolanha, e instalaram-se em Farimbali, na altura uma povoação enorme, situada perto de Canhámina (ver recenseamento de 1950), onde a minha mãe Cadi se juntou à família casando com o meu pai, Aliu Tambá (provavelmente entre 1949/50) e onde também nasceram os seus primeiros filhos, Aua (1951/52), Cumba (nome da esposa de Cherno Abdulai Shall, almane da mesquita de Farimbali)(1953/54), Ibraima (1955/56-), Carlos Bubacar (1957/58), hoje farmacêutico formado na Faculdade de Farmácia de Lisboa, e eu, Cherno Abdulai (entre 1959/60).

A partir desta localidade, Sambagaia lançou-se na corrida à conquista do poder da casa reinante de Sancorlã, fazendo frente aos seus primos de Canhámina. Tendo conseguido mobilizar para a sua causa um grande número de aldeias à custa de alianças fortuitas em terreno movediço num contexto social e político bastante atribulado, minado por ambivalências e sobreposição de poderes de naturezas diversas: colonial, tradicional, religioso etc.




Capa do livro de Manuel Dias Belchior, editado no início da década de 1960, A Grandeza Africana – Lendas da Guiné Portuguesa. (***)

Foto: © Torcato Mendonça (2008). Direitos reservados


No momento decisivo, só ficaram ao seu lado as chefias e as aldeias de etnia Mandinga, nomeadamente de Sumbundo e Tendinto [ vd. carta de Tendinto, ainda não disponível 'on line'], um número claramente insuficiente quando foram confrontados, no posto administrativo de Contuboel, perante a situação de escolher o futuro régulo de Sancorla.

Conforme já se referiu mais acima, a vida e situação em Farimbali não eram fáceis de suportar. A pobreza extrema, conflitos permanentes com os vizinhos, o mal-estar resultante da humilhação sofrida com a derrota de Sambagaia na luta pela sucessão do seu tio Brandjame tornava inviável a continuação da família numa aldeia minada por intrigas, encomendadas a partir de Canhámina em conluio com alguns representantes das autoridades administrativas de Contuboel e Bafatá.

Foi devido a esta situação, no mínimo embaraçosa, e a chacota que dela resultaram, segundo explicou a minha mãe, é que justificou a fundação, entre 1959 a 1960 de uma nova aldeia no lado norte da bolanha, a menos de 2 km de Sare Coba, na confluência de Berekolóm (antigo feudo mandinga do Séc. XIX), que recebeu o nome do chefe da família, Sinchã Samagaia, que literalmente quer dizer a aldeia de Samba Gaia. Para agradar aos seus amigos da administração de Bolama, Sambagaia deu-lhe o nome de Luanda (porquê Luanda e não Lisboa?...).

Esta mudança de residência coincidiu com o meu nascimento. Eu nasci em Farimbali mas fui baptizado, sete dias depois, na nova aldeia. Deram-me o nome de Cherno Abdulai em honra ao chefe religioso e almane da mesquita de Farimbali, originário de Futa Toro, do Senegal, que conduziu a cerimónia do baptismo.

Cherno não é propriamente um nome mas um título a que se dá aos homens letrados, que orientam a comunidade durante as orações, sobre aspectos da vida social/religiosa e ensinam o Alcorão às crianças. O seu apelido era Shall, que faz pensar nos acompanhantes do célebre homem de letras e também chefe de guerra, El-hadj Cheik Omar Saidou Tall que marcou profundamente o então Sudão Ocidental da época pré-colonial com a suaDjihad e que teria feito uma passagem discreta pelos actuais territórios da Casamança e da Guiné-Bissau antes de se estabelecer no Futa Djalon.

O meu pai, Aliu Tambá Baldé (ou Tambá Maudô, como lhe chamava a Mãe), era o mais novo dos irmãos que formavam a família. Trabalhador intrépido e fiel à disciplina familiar, esteve muito ligado ao Naor que, praticamente, conduziu a sua educação após a morte do pai. Esta mesma dedicação faria dele o preferido de Sambagaia. Na verdade, ele estava destinado a liderar a família após a fuga de Sambagaia pois, com a morte de Patê, o belo, ficavam ele e o Dembaro. Este último era mais velho que ele, todavia, não oferecia aos olhos de todos o carisma e as capacidades requeridas para isso.

Mas, as diferenças de pontos de vista entre Sambagaia e Tambá eram também conhecidas de todos e não raras vezes vinham à superfície. De referir que este último, descontente com a maneira como Sambagaia geria os destinos da família, tinha feito uma aliança com Dembaro a fim de formarem um fogão à parte (núcleo familiar restrito no seio da família alargada), separando-se de Sambagaia e seus filhos, embora continuassem a viver juntos.

Este facto, todavia, não impediu que este o tivesse indicado para trabalhar no posto de auxiliar de comércio que lhe tinham oferecido (primeiro em Farim e depois em Cambajú), entre os comerciantes lusos que faziam o negócio de compra e venda local de borracha e outros produtos agrícolas, talvez, no intuito de acalmar o seu apetite pelo poder que seus primos da casa real não viam com bons olhos. Aliás, mesmo assim, [Tambá] ver-se-ia obrigado, mais tarde, com o início da guerra contra a ocupação colonial na zona norte (1963/64), a exilar-se no Senegal para fugir da conspiração dos herdeiros directos de Brandjame e seus seguidores.

Tudo levava a pensar que viveríamos para sempre em Sinchã Samagaia, aliás Luanda, onde, finalmente, tínhamos encontrado um pouco de paz e sossego, para se tentar reorganizar e construir as bases de uma família normal para a época. Aqui nasceu a minha irmãzinha Ramatulai e foi aqui onde comecei a descobrir o mundo, a minha família (**).

Desde cedo ganhei o gosto da aventura acompanhando o meu irmão Ibraima na pastorícia dos poucos animais (gado bovino e caprino) que, entretanto, os nossos pais tentavam reunir. As deambulações atrás dos animais, as brincadeiras junto dos poços de água, locais onde davam de beber aos animais (Bidal), constituíam a minha única ocupação. Não tendo ainda idade para a iniciação à vida adulta, aqui tudo estava em aberto, a minha liberdade e curiosidade não tinham limites. Tudo acabou com o rebentar da guerra que pouco a pouco se alastrou a partir de Cola-Carresse (Oio) e atingiu o Sancorlã em cheio.

A desmoralização e o abandono que se seguiram no seio do Regulado, não condiziam com a epopeia da guerra de pacificação com o Graça Falcão ou Teixeira Pinto. Nós acabámos por fugir para Cambajú (**).

(Continua)


Bissau, Novembro de 2006

[Revisão / fixação de texto / bold / cores: L.G.]


2. Comentário de L.G.:

Meu caro amigo e irmão: Obrigado por teres tido a coragem de abrir, para nós, o álbum de memórias de família... É uma verdadeira saga... Ajuda-nos muito a entender o que foi a história do Séc. XX na tua terra, nomeadamente no chão fula. Mas também da nossa história, dos portugueses e dos europeus na época da expansão colonial, e do choque (cultural e não só) que isso representou para os povos africanos...
É, da tua parte, um gesto de grande hospitalidade, na melhor tradição fula, e de da grande apreço e amizade por nós, portugueses e guineenses, aqui reunidos na Tabanca Grande, debaixo do velho poilão... Percebo as tuas hesitações: revisitar o passado é sempre abrir a caixinha de Pandora... Estás, além disso, a expor-te e a expor a tua família, mostrando nesta aldeia global é que a Internet que afinal a tua família, tirando o contexto histórico, geográfico e cultural, é igualíssima a todas as outras nossas famílias, incluindo as nossas, do Minho ao Algarve, com as suas alegrias e tristezas, os seus altos e baixos, os seus amores e os seus ódios, as suas alianças e os seus conflitos, com os seus exemplos, bons e maus, de liderança, mas sempre com a mesma vontade e tenacidade na luta pela dignidade, liberdade e justiça...
É atravésa dessa instância de socialização que é a a família, que aprendemos, em primeiro lugar, a falar, a comunicar, a conhecer o que nos rodeia, a perceber o outro, o diferente, o estrangeiro... Mas é também, para o pior e o para o melhor, o lugar onde o aprendemos e imitamos os exemplos dos nossos maiores. Felizmente tiveste um pai e uma mãe que passaram o melhor das suas famílias, que são a memória, os valores, os princípios, a ética, o conhecimento, o nosso verdadeiro kit de sobrevivência. Vê-se que tens orgulho e ternura por eles... Obrigado, irmãozinho, em meu nome e em nome de todos nós. Um AB (Alfa Bravo), abraço. Luís

PS - Por azar, não tenho agora à mão a carta de Tendinto... Depois mando-ta... Está digitalizada mas ainda não disponível 'on line'...

__________

Notas de L.G.:

(*) Vd. poste de 18 de Junho de 2009 >Guiné 63/74 - P4550: Tabanca Grande (153): Cherno Baldé (n. 1960), rafeiro de Fajonquito, hoje engenheiro em Bissau...

Vd. também poste de 7 de Julho de 2009 > Guiné 63/74 - P4650: (Ex)citações (32): A Tabanca Grande ou... Global: de Contuboel, Fajonquito e Bissau com amizade (Cherno Baldé)


(**) Vd. postes aneriores da série:

19 de Junho de 2009 >Guiné 63/74 - P4553: Memórias do Chico, menino e moço (Cherno Baldé) (1): A primeira visão, aterradora, de um helicanhão

24 de Junho de 2009 > Guine 63/74 - P4567: Memórias do Chico, menino e moço (Cherno Baldé) (2): Cambajú, uma janela para o mundo

25 de Junho de 2009 >Guiné 63/74 - P4580: Memórias do Chico, menino e moço (Cherno Baldé) (3): A chegada dos primeiros homens brancos a Cambajú em 1965: terror e fascínio

30 de Junho de 2009 > Guiné 63/74 - P4611: Memórias do Chico, menino e moço (Cherno Baldé) (4): O ataque dos meus primos a Cambajú e o meu pai que foi um herói

6 de Julho de 2009 >Guiné 63/74 - P4646: Memórias do Chico, menino e moço (Cherno Baldé) (5): A família extensa, reunida em Fajonquito, em 1968

(***) Vd. poste de 2 de Abril de 2008 > Guiné 63/74 - P2714: Antropologia (5): A Canção do Cherno Rachide, em tradução de Manuel Belchior (Torcato Mendonça)

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Guiné 63/74 - P8149: (Ex)citações (138): Sou o neto do Cherno Rachide (Djuli Sal)

1. Comentário do nosso leitor Djuli Sal, com data de 19 do corrente, ao poste P7948 (*)
Olá, amigos,  estou muito grato por esse santástico (1) trabalho realizado por essa equipa de emprendedores que conseguiram reavivar a esperança de um povo esquecido no tempo.... o povo de Quebo (ex-Aldeia Formosa).

Sou neto do Tcherno Rachid Djaló [assinalado na foto, em rectângulo verde, tendo atrás, enquadrado por rectângulo a vermelho, o Cap Mil Vasco da Gama, Aldeia Formosa, Janeiro de 1973 ], e estou muito contente por essa iniciativa.

Gostaria que aprofundassem mais a história e que publicacem mais fotos do Tcherno, a sua família, companheiros,  para que um dia essa matéria sirva de suporte e germe do resgate da verdadeira história do meu povo.

A todos um forte abraço. Do fundo de coração, estou simplesmente orgulhoso por esse trabalho...e obrigado.

(1) O termo santástico deve ser lido como santo e fantástico (**).
______________

Notas do editor:
(*) Vd. poste de 15 de Março de 2011 > Guiné 63/74 - P7948: (In)citações (30): O Cherno Aliu Djaló, actual Califa de Quebo-Forreá, agradece aos nossos camaradas Vasco da Gama e Arménio Estorninho as fotografias do Cherno Rachide, seu pai e antecessor (Pepito)

(**) Último poste da série > 17 de Abril de 2011 > Guiné 63/74 - P8114: (Ex)citações (137): Mansambo, a emoção do Torcato Mendonça, o memorial da CART 2339 (1968/69)...

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Guiné 63/74 - P3398: Pensar em voz alta (Torcato Mendonça) (16): O veterano e o Macaquinho

O Veterano e o Macaquinho

Meus Caros

Estava por aqui e, de um texto antigo apaguei, acrescentei, falei com o Macaquinho e anexei. Se o fulano (macaquinho) falasse diria estar o "dono" e amigo com problemas de "cuca".

Não sabe que existem pessoas que vão, em estupidez, muito para além do egoísmo. Curiosamente chocamos com eles no nosso quotidiano e já pensamos ser a normalidade. Devia dizer antes: eu e não nós.

Aconteceu-me, escrevi e aí vai o escrito.Desabafos numa noite Outonal...



Torcato Mendonça

ex-Alf Mil da CART 2339 (1968/69)

A tarde envelhece rápida, cada vez mais rápida, à medida que este Outono avança.
Ouvi-te atentamente.
Desligaste sem acabarmos a conversa.
Talvez por isso, ia sair mas parei. Sentei-me a pensar. Fico calado, nada digo? Mas, pensando melhor, porque não o faço?

Diz, na esquerda do blog sermos uma espécie em extinção. Não vou tão longe ou não quero ir. Penso é que há muita gente a "borrifar-se" nos antigos Combatentes. Depois a geração dos nossos filhos tem outros problemas e a que se instalou, entre nós e eles, quer é tratar da sua vidinha.
Por isso resolvi alinhar umas palavras e enviar-te. Preciso fazê-lo.

Também eu envelheço, neste Outono de vida, cada vez mais curta, mais enrugada em cada dia que passa. Por isso e não só, respondo-te, pois, escrevendo.

Perguntaste-me porque nunca mais escrevi no Blogue. Não és o primeiro a fazê-lo. Posso responder-te de várias formas. Depois juntas tudo, agitas e terás, possivelmente, a resposta. Assim:
- Tive um Julho quase parado. Idem em Agosto e um Setembro igual. Claro que andei por aqui e ali. Pouco, é certo, e, muito menos que o habitual. O Outubro voou ou quase nem o senti, tal a voragem dos dias.
- Posso acrescentar que me faltou a vontade, inspiração e preferi ler a escrever. Gosto de o fazer. Música em fundo e apago-me, ou, se preferires, vou caminhando conforme o tema da leitura.
- Mas se acrescentar os montes de leituras e trabalhos atrasados, muitos ainda assim permanecem, para pena minha, já estás mais perto.
- Posso ainda acrescentar algo que me levou muito tempo e deu um imenso prazer. Porventura prazeres de jovem ou de homens com rugas de mil sóis.

Bem aí tens quase tudo. Agitas então e zás sai a resposta…Acrescenta ainda o hábito quebrado ou interrompido. Mas África, a Guiné está sempre presente.

Isto sem falar de assuntos que me transcendem. O blog não é meu e os Editores são soberanos. Ponto final.

Olha, aí por fim de Agosto e Setembro estive quase um mês, menos, sem ler o blog. Fi-lo depois ao correr da “rodinha” do rato. Estive “fora” e sem Net.Gostei de uns escritos e nem tanto de outros. Fiz dois ou três comentários em “mata insónia”. Caminhar pela noite é a normalidade. Hábitos e gostos ou a necessidade do silêncio, da solidão, do encontro connosco.

Ao ler aqueles escritos todos, verifiquei um ponto comum: a saudade, o gosto pela Guiné e pelas suas gentes. Feitiço, não de mulher, mas daquela Terra.

Depois pensei:
– Então não é preferível ler tal diversidade de opiniões e de memórias, a escrever? Ou, se for escrevendo, vou arquivando. Claro que tenho aqui uma resma para teclar, uma série de escritos que já foram. Outros terão que ser cortados aqui e acolá – género trabalho de alfaiate do antigamente – e depois ver o que deles fazer.
Acrescento ainda que os ventos não sopram de feição. Outras vidas.

Falei de comentários. Fiz alguns. Um ou dois viraram post. Não queria comentar ou intrometer-me tanto. Um, há muito tempo, era sobre um dos mais conhecidos Pilotos da FAP. Conheci-o. O Capitão Neto, nascido no ex-Congo Belga, creio eu amigo do Jean… tratava o Piloto Honório por irmão. Aliás tratavam-se por irmãos. O Cap. Neto, antes ou quando regressamos à Metrópole no Uíge, contou-me o que se passou no desastre do Cheche. Não te vou contar agora, pois disso já muito se falou. Merecia um dossier.

Cherno Rachide

Comentei vários escritos ou posts. Poucos? Muitos? Nem sei que te diga. Um, que era mail virou post também. Era sobre a hipotética duplicidade da actuação de Cherno Rachide.

Claro que, forçosamente, a sua actuação tinha que estar de acordo com as duas forças beligerantes. Era um homem africano, profundamente conhecedor do seu Povo. Outros, não africanos, não fariam jogo duplo? Só que agente duplo pressupõe uma “arregimentação”. Ora se aplicada ao Cherno talvez seja forte demais. Se aplicada a outros nada tem de anormal ou pejorativo. Não se faz nenhuma guerra sem serviços de informação capazes. Perdem-se sempre sem eles…adiante!

Um comentário, talvez mais um cumprimento, um abraço, foi sobre o tratamento que o Estado continua a dar aos antigos combatentes, ao abandono dos militares africanos que connosco trabalharam, aos que por lá ficaram sepultados e aos que, após a “libertação” foram, cobardemente, fuzilados.


O meu macaquinho

Devo comentar menos. Quando leio e, caso não me agrade ou agradando, sinta vontade de dizer algo, por vezes não posso nem devo falar para não levantar polémicas, falo com o meu Macaquinho.

Não conheces o meu macaquinho? Bem, tenho vários e variados. Um é especial e acompanha-me há muitos anos. Senta-se sobre a secretária. Baixo, talvez dez ou doze centímetros, pelo negro e macio, cara marota de tom acastanhado. Tinha um apito. Com o tempo ou, se preferires, a idade, estragou-se. Antes, se abanado apitava. Agora só se ouve o barulho do rolar do apito.

É o meu confidente. Zango-me com ele, questiono-o sobre todos os temas. Como felizmente não fala, se o fizesse que problema tínhamos, ajuda a descarregar o bom ou mau humor, os problemas que um tipo tem e por aí fora. Ora falar mais com o macaquinho é menos problemático e ele logo me “diz” os caminhos a percorrer.

Aí tens um monte, uma mão cheia de motivos para nada de préstimo escrever. Repara que, caso tenhas lido o blogue, terás tido ocasião de sentir textos de forma e conteúdo diferente. Gente nova a arejar, a fazer pensar e sentir que, posso estar enganado, mas é bola de neve – rola e engrossa no tempo. Disse isso ao Luís Graça há muito tempo. Parece-me ter razão.


Para pensar

Mas não esqueçamos os “velhos”. Um colocou cinco questões que me têm feito pensar. Já escrevi e risquei. Voltei a pensar. Difíceis as questões. Tu que criticas sempre. Tu, que para lá da crítica, tenho que to dizer, nada ou pouco fazes a não ser em teu proveito ou que te traga algo… pensa nelas, medita e diz-me. Podes ficar aborrecido por te ter chamada egoísta, no mínimo. Pára, pensa e diz-me. Eu atrevo a repetir a questões:

(i) O heroísmo do soldado Português;
(ii) A confiança que os soldados depositavam em nós, os quadros;
(iii) A nossa passagem por África, que beneficio social e económico trouxe para Portugal;
(iv) A nossa religiosidade, de então e actual, e o porquê da diferença;
(v) As nossas famílias, que amarguras passaram por cá aquando da nossa ausência.

Então? Difíceis? Pois eu meditei, escrevi, risquei, voltei a reflectir e a escrever. Falta muito para chegar onde quero.
Serás tu capaz de, depois de pensar bem nelas, ou numa ou noutra somente, escreveres a dizeres-me o que pensas?

Já me mandaste “passear”. Fazes mal. Se reflectisses e escrevesses algo, fazia-te bem.

Olha, eu “falei” com o macaquinho, em troca de conversa de louco e peluche, mas isto é assunto sério demais. Pensa e diz algo, a mim claro. Eu continuo a reflectir e a escrever. Não mostro a ninguém. Se um dia o fizesse, enviaria primeiro a uma ou duas pessoas…

Até…

Torcato Mendonça

Um alentejano que vive hoje no Fundão
__________

Notas: artigos relacionados em

2 de Novembro de 2008 >
Guiné 63/74 - P3394: Blogoterapia (68): Amnésia, vergonha, denegação ou ocultação dos próprios nossos mortos (Luís Graça)

terça-feira, 15 de março de 2011

Guiné 63/74 - P7948: (In)citações (27): O Cherno Aliu Djaló, actual Califa de Quebo-Forreá, agradece aos nossos camaradas Vasco da Gama e Arménio Estorninho as fotografias do Cherno Rachide, seu pai e antecessor (Pepito)


1. Mensagem acabada de chegar do nosso amigo Pepito, juntamente com a foto que se publica acima, do Cherno Aliu Djaló:

Assunto: Fotografias do Tcherno Rachid


Amigo Luís


Mando-te uma foto do Tcherno Aliu Djaló, filho do Tcherno Rachid, o qual é o actual Califa de Quebo-Forréa. No momento desta foto entregava-lhe as fotografias que os nossos amigos Vasco da Gama e Arménio Estorninho me deram quando eu aí passei, [, em Lisboa,] em Fevereiro.

Ficou muito sensibilizado e pediu que lhes transmitisse que teria muito prazer e honra em recebê-los em sua casa e na terra do Tcherno Rachid.

Aqui fica o convite, e a certeza de que tudo farei para que eles se desloquem para o ver, quando regressarem a Bissau.

Um grande obrigado para eles.
pepito   
____________

Nota de L.G.:


Último poste da série > 22 de Fevereiro de 2011 >  Guiné 63/74 - P7836: (In)citações (29): A morte de Salifu Camará, rei dos nalús, e pai espiritual adoptivo do nosso amigo Pepito

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Guiné 63/74 - P4894: Parabéns a você (23): Torcato Mendonça, ex-Alf Mil da CART 2339 (Os Editores)

De qualquer parte do mundo onde se lê o nosso Blogue, para o Fundão, vai uma saudação especial para o nosso camarada Torcato Mendonça (*), ex-Alf Mil da CART 2339, (Mansambo, 1968/69), neste dia 4 de Setembro de 2009, quando completa mais um ano de vida.

Todos nós que gostamos de o ler, desejamos-lhe muitos e bons anos de vida na companhia de sua esposa Ana de Lourdes, filhos e demais familiares e amigos.

IV Encontro da Tertúlia > Junho de 2009 > O elegante casal Maria de Lourdes e Torcato Mendonça

Torcato Mendonça está presente e colaborante no nosso Blogue desde 15 de Maio de 2006. Dizia-nos ele no poste DCCLIII da I Série:

O [Carlos] Marques dos Santos deu-me a conhecer este blogue. Há muito que a guerra acabou para mim, só que quase diariamente ela aparece…! Não resisti, fui à Net e tenho navegado pelo blogue.

Fui alferes miliciano na CART 2339 [Fá Mandinga e Mansambo, 1968/69](1). Li certos eventos que os vivi: por exemplo, o Malan Mané estava vivo em Novembro de 1969 e recebia tratamento no Hospital Militar de Bissau. Abracei-o, causando espanto ao fuzo que o guardava. Só que eu estive na mata com o Malan Mané, soube que foi ferido

(... Eu usava como arma, quando se justificava, o dilagrama)... Meu caro, há escritos que não tinha deles essa recordação. Vou ter que ir á História da Companhia.

Agradeço-lhe este blogue, o fazer-me relembrar certas vivências e questionar-me sobre outras. A Mansambo da foto não era a do meu tempo. O Zacarias Saiegh [da 1.ª Companhia de Comandos Africanos] foi meu amigo. Era um homem extraordinário, ele e outros que foram meus camaradas e foram fuzilados. Nunca os esqueço e não sei perdoar.

Vou reler a história da CART 2339 e talvez um dia faça um escrito e lho envie.

Em Madina Xaquili o meu Grupo de Combate fez escolta a uma CCAÇ… seria a 12? Estávamos no Cop 7, em Galomaro. É a memória a abrir-se.

Paro aqui.
Um abraço do
Torcato Mendonça


Daí para cá foi, e é, o que se pode ver pela quantidade e qualidade dos postes de sua autoria, divididos por três séries, mais o seu "Pensar em voz alta" integrado na série Blogoterapia.

Aconselho os camaradas mais recentes a perderem (ganhando) algum tempo a ler os textos do Torcato e a verem as suas fotos, que são um contributo muito valioso para o espólio do nosso Blogue. Aproveitem a listagem, que não estará completa porque a pesquisa no Blogue começa a ser um um problema.


Deixo uma pequeníssima parte das suas fotos ao acaso.

Guiné >Zona Leste > Sector L1 > Mansambo > CART 2339 (1968/69)



Guiné > Mansambo > CART 2339 (1968 / 69)

Guiné > Zona Leste > Sector L1 > Fá Mandinga > CART 2339 (1968/69)


Guiné > Zona Leste > Subsector de Galomaro > 2º Gr Comb da CART 2339 (Julho/Agosto de 1969





Guiné > Zona Leste > Sector L1 > Mansambo > 1968 > CART 2339 (1968/69) > O nosso Alf Mil Torcato Mendonça, de peito feito às balas dos guerrilheiros do PAIGC

Torcato Mendonça em Mansambo

Torcato Mendonça nos dias de hoje.
__________

Notas de CV:

(*) Vd. poste de 15 de Maio de 2006 >
Guiné 63/74 - DCCLIII: O Malan Mané estava vivo em Novembro de 1969 e eu abracei-o (Torcato Mendonça)


(1) Da série Estórias de Mansambo, vd. postes n.ºs

P1594, P1666, P1785, P1892, P1929, P2055, P2122, P2139, P2353, P2527, P2960, P3310, P3741, P3757, P4171, P4368


(2) Da série Estórias de Mansambo II, vd. postes n.ºs:

P3474, P3538, P4435, P4459, P4618, P4633, P4683, P4809


(3) Da série fotos falantes, vd. postes n.ºs

P1116, P1124, P1152, P1167, P1219, P1257, P1295, P1372, P1459, P1626, P1694


(4) Ainda de e sobre Torcato Mendonça, incluindo "Pensar em voz alta", vd. postes de:

14 de Novembro de 2006 >
Guiné 63/74 - P1278: Estórias de Bissau (3): éramos todos bons rapazes (A.Marques Lopes / Torcato Mendonça)

31 de Janeiro de 2007 >
Guiné 63/74 - P1476: Blogoterapia (15) : Mulher tua (Torcato Mendonça)

28 de Fevereiro de 2007 >
Guiné 63/74 - P1554: As mulheres que ficaram na rectaguarda (Luís Graça /Paulo Raposo / Paulo Salgado / Torcato Mendonça)

18 de Outubro de 2007 >
Guiné 63/74 - P2189: A nossa Tabanca Grande e As Duas Faces da Guerra (2): Febre de guerra ? Espero pelo filme em DVD (Torcato Mendonça)

1 de Fevereiro de 2008 >
Guiné 63/74 - P2497: O dossiê António da Silva Batista: um caso de indignidade humana (Torcato Mendonça)

19 de Fevereiro de 2008 >
Guiné 63/74 - P2558: Blogoterapia (44): Pensar em voz alta (Torcato Mendonça)

1 de Março de 2008 >
Guiné 63/74 - P2597: Blogoterapia (45): Pensar em voz alta (Torcato Mendonça)

2 de Abril de 2008 >
Guiné 63/74 - P2714: Antropologia (5): A Canção do Cherno Rachide, em tradução de Manuel Belchior (Torcato Mendonça)

14 de Abril de 2008 >
Guiné 63/74 - P2758: Blogoterapia (47): Pensar em voz alta... O tédio que às vezes nos invade (Torcato Mendonça / Carlos Vinhal / Virgínio Briote)

17 de Abril de 2008 >
Guiné 63/74 - P2768: Blogoterapia (48): Pensar em voz alta... A nossa por vezes difícil mas sempre boa con(v)ivência (Torcato Mendonça)

7 de Maio de 2008 >
Guiné 63/74 - P2817: Blogoterapia (51): O Alentejo do Casadinho e do Cascalheira, o Tura Baldé, a Op Gavião... (Torcato Mendonça / Beja Santos)

16 de Maio de 2008 >
Guiné 63/74 - P2851: Blogoterapia (52): Pensar em voz alta... De quantas mentiras é feita a verdade ? (Torcato Mendonça)

9 de Junho de 2008 >
Guiné 63/74 - P2925: Blogoterapia (55): Pensar camarada...! (Torcato Mendonça)

23 de Junho de 2008 >
Guiné 63/74 - P2978: Blogoterapia (57): A Guerra estava militarmente perdida...o 10 de Junho. (Torcato Mendonça)

21 de Julho de 2008 >
Guiné 63/74 - P3080: Blogoterapia (58): Pensar em voz alta... Que vidas, que merda! (Torcato Mendonça)

17 de Agosto de 2008 >
Guiné 63/74 - P3136: Blogoterapia (61): Pensar em voz alta... À noite...

28 de Outubro de 2008 >
Guiné 63/74 - P3374: Controvérsias (8): Cherno Rachide Djaló: um agente duplo ? ( José Teixeira / Manuel Amaro / Torcato Mendonça)

3 de Novembro de 2008 >
Guiné 63/74 - P3398: Blogoterapia (69): Pensar em voz alta (Torcato Mendonça)

25 de Novembro de 2008 >
Guiné 63/74 - P3517: Blogoterapia (77): Pensar em voz alta (Torcato Mendonça)

18 de Dezembro de 2008 >
Guiné 63/74 - P3648: Blogoterapia (82): Pensar em voz alta: Guileje ainda é cedo, Saiegh 18/12/78: foi há trinta anos...(Torcato Mendonça)

19 de Dezembro de 2008 >
Guiné 63/74 - P3652: Blogoterapia (83): Voltamos a pôr a Ana (e o José...) a sorrir, na nossa fotogaleria (Luís Graça)

27 de Fevereiro de 2009 >
Guiné 63/74 - P3949: Ser solidário (28): Dar Vida Sem Morrer, com a Catarina Furtado no Gabu (Torcato Mendonça)

2 de Março de 2009 >
Guiné 63/74 - P3960: Nuvens negras sobre Bissau (3): O insólito... e a fraternidade na aldeia global (Torcato Mendonça)

7 de Março de 2009 >
Guiné 63/74 - P3992: Nuvens negras sobre Bissau (18): Um povo afável e generoso que ainda nos recebe com um sorriso... (Torcato Mendonça)


(5) Vd. último poste da série de 27 de Agosto de 2009 >
Guiné 63/74 - P4868: Parabéns a você (22): Jaime Machado, ex-Alf Mil Cav, CMDT do Pel Rec Daimler 2046 (Os Editores)