sexta-feira, 16 de novembro de 2018

Guiné 61/74 - P19201: Álbum fotográfico de Virgílio Teixeira, ex-alf mil, SAM, CCS / BCAÇ 1933 (São Domingos e Nova Lamego, 1967/69) - Parte LI: Sentado à sombra do grande poilão...


Foto nº  1 > Arredores de Nova Lamego >  Janeiro/fevereiro de 1968. Um gigantesco poilão. Eu mais outros camaradas.


Foto nº 2  > Nova Lamego >  Janeiro/fevereiro de 196 > .Um grupo de camaradas, em dia de descanso, domingo, à civil, já em cima do poilão. 


Foto nº 7 > Nova Lamego > Outubro de 1967 > Um poilão ou outra grande árvore, com o camarada Furriel Rocha, o Algarvio.


Fpoto nº 6 > Nova Lamego > Outubro de 1967 > Dormindo a sesta, num ramo de uma grande árvore, protegendo-me do sol ameaçador.  


Foto nº 10 > Nova Lamego > Outubro de 1967 > Junto com pessoal administrativo e intendência. Da esquerda para a direita: Alferes Carneiro, eu (alferes Teixeira), o Furriel Riquito, o Furriel Paiva Matos (Vagomestre), o Cabo Seixas.  


Foto nº 8 > Nova Lamego > Novembro de 1967 > Dois meses depois de ter chegado... Eu e outros camaradas, numa mata próxima, numa tentativa de caça com lanças, como fazia a população local. Não se apanhou nada.  


Foto nº 4 > Nova Lamego > Na sombra de um arvoredo, protegendo-me do sol, em hora de sesta, na companhia do camarada Alferes (aqui ainda aspirante) Mesquita,  das Transmissões.


Foto nº 5 > Nova Lamego > Outubro de 1967 > Protegendo-me do sol, sozinho, num arvoredo dos arredores, em hora de sesta. Tínhamos chegado há pouco.


Fotos (e legendas): © Virgílio Teixeira (2018). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Virgílio Teixeira, natural do Porto,
a viver em Vila do Conde
1. Continuação da publicação do álbum fotográfico do nosso camarada Virgílio Teixeira, ex-alf mil, SAM, CCS / BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69) (*)


CTIG - Guiné 1967/69 - Álbum de Temas: 


NOS TEMPOS EM QUE AINDA NÃO SABIA QUE PASSADOS MAIS DE 50 ANOS, IRIA SENTAR-ME (VIRTUALMENTE) À SOMBRA DO GRANDE POILÃO DA NOSSA TABANCA GRANDE…


T066 – À SOMBRA DO GRANDE POILÃO 



I - Anotações e Introdução ao tema:


Esta peça faz parte de um conjunto de mais de 200 fotografias – todas a preto e branco – dos tempos em que passei no leste da Guiné – Sector L3, Gabu - Nova Lamego.

Cheguei a esta zona em 23 de Setembro de 1967, e saí juntamente com o meu batalhão, no dia 26 de Fevereiro de 1968. Fomos render o BCAV 1915, e fomos substituídos pelo BCAÇ 2835.

Tentei passar todas estas fotos para um ou dois Postes, mas eram tantas as fotos, que nunca foi editado, e ainda bem que não.

Organizei esta fase da minha estadia, isto é, as fotos, em 10 Temas mais pequenos, que estão já numerados e legendados desde o T060 a T069.

Escolhi este para dar a conhecer o que era a cidade de Nova Lamego, conhecida também como Gabu, ou Gabu-Sara, nome do dialeto Fula.

Vão ter temas sobre os arredores de NL, os passatempos, as várias colunas para diversos outros aquartelamentos, na maior zona do Leste da Guiné, o que existia para conviver, os muitos petiscos e aniversários com festas, o Natal e Ano Novo de 1967, e tantas outras variadas coisas, como esta, por exemplo que escolhi para este arranque, sob a designação que arranjei oportuna, face à primeira foto, de “À Sombra do Grande Poilão”.

Depois são outras fotos e as legendas de cada uma, alguns comentários, para quem estiver interessado, pois há vários camaradas que me pedem para mandar fotos de Nova Lamego, sitio que, par quem lá esteve, nunca vai esquecer. É preciso ter em conta, para não cair no ridículo, que são as primeiras fotos de militares periquitos, acabados de chegar a um mundo que lhes era totalmente estranho, e com o tempo a ‘endurance’ foi aparecendo.

Espero que sejam apreciadas e que lembrem a alguns as suas memórias de 50 anos. No total não irei colocar mais de 150 fotos, pois não há espaço no Blogue para mais.



II – Legendagem das fotos:



F01 – Um grande poilão e vários militares, entre eles o autor, parecendo quase formigas, face ao tamanho desta grande árvore, simbolicamente chamada de Poilão. Foto captada em Nova Lamego – arredores, entre Janeiro e Fevereiro de 1968.

F02 – Um grupo de camaradas, em dia de descanso, Domingo, à civil, já em cima do poilão. Foto captada em Nova Lamego – arredores, entre Janeiro e Fevereiro de 1968.

F03 – Sentado na sombra do arvoredo, possivelmente na hora da sesta quando a temperatura está muito alta. Ao meu lado o Furriel Rocha. Foto captada em Nova Lamego, em Outubro de 67, poucos dias depois de lá chegar.

F04 – Na sombra de um arvoredo, protegendo-me do sol, em hora de sesta, na companhia do camarada Alferes (aqui ainda aspirante) Mesquita das Transmissões.

F05 – Protegendo-me do sol, sozinho, num arvoredo dos arredores, em hora de sesta. Foto captada em Nova Lamego, em Outubro de 67, poucos dias depois de lá chegar.

F06 – Dormindo a sesta, num ramo de uma grande árvore, protegendo-me do sol ameaçador. Foto captada em Nova Lamego, em Outubro de 67, poucos dias depois de ter chegado àquelas paragens. 

F07 – Subindo a um poilão ou outra grande árvore, com o camarada Furriel Rocha, o Algarvio.
Foto captada em Nova Lamego, em Outubro de 67, poucos dias depois de ter chegado àquelas paragens. 

F08 – Junto de um grupo de soldados e camaradas, numa mata próxima, numa tentativa de caça com lanças, como fazia a população local. Não se apanhou nada. Foto captada em Nova Lamego, em Novembro de 67, dois meses depois de ter chegado àquelas paragens. 

F09 – [Não enviada.] Estou subindo uma árvore, mas só vejo a minha mão, eram as primeiras fotos que estavam a ser feitas, sem experiência, quer minha, quer do outro camarada que a tirou. Foto captada em Nova Lamego, no dia 28 de Janeiro de 1968, na véspera do meu aniversário de 25 anos. 

F10 - Junto com pessoal administrativo e intendência. Da esquerda para a direita: Alferes Carneiro, Eu (alferes Teixeira), o Furriel Riquito, o Furriel Paiva Matos (Vagomestre), o Cabo Seixas.  Foto captada em Nova Lamego, em Outubro de 67, poucos dias depois de ter chegado àquelas paragens. 

F11 – [ Não enviada.] Foto no meio de um bananal, já com uma nova carecada, e provavelmente das últimas fotos obtidas em Nova Lamego. Foto captada em Nova Lamego, em finais de Fevereiro de 1968, poucos dias antes de deixar aquelas paragens. 

«Propriedade, Autoria, Reserva e Direitos, de Virgílio Teixeira, Ex-alferes Miliciano do SAM – Chefe do Conselho Administrativo do BATCAÇ1933/RI15/Tomar, Guiné 67/69, Nova Lamego, Bissau e São Domingos, de 21SET67 a 04AGO69».

NOTA FINAL DO AUTOR:

# As legendas das fotos em cada um dos Temas dos meus álbuns, não são factos cientificamente históricos, por isso podem conter inexactidões, omissões e erros, até grosseiros. Podem ocorrer datas não coincidentes com cada foto, motivos descritos não exactos, locais indicados diferentes do real, acontecimentos e factos não totalmente certos, e outros lapsos não premeditados. Os relatos estão a ser feitos, 50 anos depois dos acontecimentos, com material esquecido no baú das memórias passadas, e o autor baseia-se essencialmente na sua ainda razoável capacidade de memória, em especial a memória visual, mas também com recurso a outras ajudas como a História da Unidade do seu Batalhão, e demais documentos escritos em seu poder. Estas fotos são legendadas de acordo com aquilo que sei, ou julgo que sei, daquilo que presenciei com os meus olhos, e as minhas opiniões, longe de serem ‘Juízos de Valor’ são o meu olhar sobre os acontecimentos, e a forma peculiar de me exprimir. Nada mais. #

Acabadas de legendar, hoje,

Em, 2018-11-12

Virgílio Teixeira

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Guiné 61/74 - P19200: Notas de leitura (1121): Os Cronistas Desconhecidos do Canal do Geba: O BNU da Guiné (60) (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 26 de Março de 2018:

Queridos amigos,
São bem pessimistas as informações sobre a vida económica e financeira da Guiné no início da década de 1960. O gerente de Bissau envia os dois panfletos enviados aos funcionários e oficiais do Exército, a autoria teria pertencido ao Movimento de Libertação da Guiné, o seu principal ativista era Rafael Barbosa, nacionalista convicto que estabelecerá um acordo com Amílcar Cabral para a fusão de partidos, existe historiografia que ajuda a compreender este contexto, leia-se, por exemplo, António Duarte Silva ou Leopoldo Amado.
Aproveito a circunstância para lembrar que até esta data não há sinais, pelo menos documentais, do PAI que se transfigurará em PAIGC. Talvez não haja estranheza nenhuma, ao contrário do que diz a mitologia o PAIGC arranca efetivamente em 1959 e torna-se público em 1960, a presença de Amílcar Cabral em Conacri e de Rafael Barbosa na agitação interna até março de 1962, é decisiva.

Um abraço do
Mário


Os Cronistas Desconhecidos do Canal do Geba: O BNU da Guiné (60)

Beja Santos

A partir de 1960, o gerente de Bissau não mais deixará de dar notícias sobre “acontecimentos anormais”, forma adocicada de indiciar que já se vive em agitação e há iniludíveis sinais ou pré-avisos da luta armada. Mas a vida continua. Dentro desta documentação avulsa encontra-se uma carta da Procuradoria das Missões Franciscanas endereçada à Administração do BNU solicitando um crédito para a construção de biblioteca e fornecimento de livraria, como se verá, o Secretário de Estado do Vaticano, o Cardeal Tardini é favorável a que se contraia tal empréstimo. De outro lado, e com data de agosto e setembro de 1961, a Associação Comercial, Industrial e Agrícola da Guiné solicita ao BNU a concessão de créditos aos pequenos “comerciantes do mato”.
Atenda-se aos argumentos da carta expedida pelo gerente de Bissau:
“O interesse destas operações, no actual momento, reside essencialmente na utilidade de fixarmos elementos brancos no interior por forma a não darmos ao indígena a ideia do ‘abandono’, não lhe criando dificuldades ou perturbações nas suas tradicionais relações de troca.
Acrescente-se que as chamadas casas grandes, ao que parece, não têm facilitado a estes comerciantes os adiantamentos que era uso conceder-lhes e, também ao que parece, estão seguindo uma política de retracção que, a ter as cores que certas fontes me têm descrito, suscitaria amargos comentários…
Mas porque se trata de pequenos comerciantes, isolados no interior, com uma estrutura económica extremamente frágil não se vê como seria possível ao Banco conceder-lhes crédito, tanto quanto ao aspecto técnico das operações como no que se refere à sua garantia.
Analogamente ao processo que, na Metrópole, temos usado com os Grémios da Lavoura, poderá aceitar-se aqui um crédito indirecto, por intermédio do organismo que legalmente representa esta actividade. Assim e se a Associação Comercial, Industrial e Agrícola da Guiné tiver personalidade jurídica e capacidade para se obrigar, fica a Dependência autorizada a abrir a favor da mesma associação uma conta-corrente, com garantia de livrança, até ao montante de 3 mil contos”.

A Inspeção do Ultramar pronunciou-se dias depois:
“Deve escrever-se à Dependência no sentido de a instruir para que no eventual arranjo a fazer com a Associação Comercial estude uma fórmula que permita ligar mais directamente os comerciantes do interior à acção do Banco. Isto é, pretende-se que os benefícios a conceder o sejam claramente pelo Banco, embora através da Associação Comercial”.

Dirigindo-se em setembro ao Governo do BNU, o gerente da Filial de Bissau acrescenta novos dados:
“O Sr. Governador da Província, conhecedor do assunto por intermédio do nosso Exm.º Administrador confessou-nos estar bastante interessado na operação, que considera, sob o ponto de vista económico, contributo valioso para a prosperidade dos pequenos comerciantes e agricultores. Voltaremos à presença de V. Exas. logo que a Associação Comercial conclua a elaboração do sistema de funcionamento de crédito a dispensar aos pequenos comerciantes e agricultores”.

Regressemos aos “acontecimentos anormais”.
Tem inequívoco interesse o que Bissau envia para Lisboa logo em 21 de fevereiro de 1960:
“Há cerca de 10 dias todos os Directores de Serviço e Oficiais de Exército receberam, pelo correio, lançados na central desta cidade, dois miseráveis panfletos de ataque à nossa soberania na Guiné. Todos os funcionários os foram entregar a Sua Ex.ª o Governador, o mesmo fazendo os oficiais ao seu comandante. Mas conseguimos que nos emprestassem um exemplar para tirar as cópias que enviamos. Nos meios responsáveis suspeita-se que os nojentos papéis tenham vindo da Metrópole, pois o seu aparecimento nos CTT coincidiu com o dia da chegada do avião. Atribui-se a sua redacção a um advogado, pela disposição do texto.
Entretanto, a estação emissora de Conacri desencadeou um covarde ataque a algumas personalidades desta terra, ataque que tem lugar nas emissões de domingo, pelas 18 horas. Com a montagem de um posto de interferência no mesmo comprimento de onda, conseguiu-se, ao que consta, anular a recepção.
Não falta na Guiné quem aplauda, com fins nitidamente antipatrióticos, a política do Governo local. Também existe quem discorde dela. Paralelamente, a situação económica não dá indícios de melhoria. A produção de mancarra e arroz estima-se inferior à do ano passado e as três grandes firmas aqui estabelecidas desencadearam uma forte alta nos preços de aquisição ao indígena, indo ao mato competir com os pequenos comerciantes, o que causou descontentamento neste sector. O arroz é insuficiente para alimentação da população. Está em curso uma importação de 3 mil toneladas para cumprir o défice da campanha.
A situação cambial agrava-se, mais por deficiência do sistema. Urge que se adoptem regras rígidas de disciplina nas importações e promover a entrada na Província das coberturas derivantes das taxas de concessão do petróleo.
Este conjunto de acontecimentos e circunstâncias traz a população, especialmente a população europeia, alarmada e inquieta”.

Vejamos agora o teor dos panfletos distribuídos na circunstância:



A 8 de março, o gerente de Bissau volta a informar o governo do BNU sobre essas ocorrências:
“Informamos V. Exas. que já foi preso pela PIDE um dos comparticipantes da miserável manobra do chamado Movimento de Libertação da Guiné.
A máquina de escrever onde foram dactilografados os papéis pertencem à Alfândega de Bissau e o dactilógrafo foi um mestiço, aspirante daquela repartição.
E fora de dúvida que o autor não foi ele, mas alguém de maior envergadura intelectual.
É possível que o malandrim já tenha confessado o nome de quem o incumbiu da tarefa, mas, ou por conveniência da polícia ou por outras razões, o certo é que não se sabe ter sido preso alguma das pessoas julgadas capazes de redigir o triste documento”.

(Continua)


Clicar nas imagens para as ampliar


Imagem esclarecedora do papel que desempenhava a Sociedade Comercial Ultramarina, a grande rival da Casa Gouveia (CUF), que, a partir dos anos 1950 passara a pertencer maioritariamente ao BNU.
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Notas do editor

Poste anterior de 9 de novembro de 2018 > Guiné 61/74 - P19178: Notas de leitura (1119): Os Cronistas Desconhecidos do Canal do Geba: O BNU da Guiné (59) (Mário Beja Santos)

Último poste da série de 12 de novembro de 2018 > Guiné 61/74 - P19187: Notas de leitura (1120): “Lineages of State Fragility, Rural Civil Society in Guinea-Bissau”, por Joshua B. Forrest; Ohio University Press, 2003 (1) (Mário Beja Santos)

Guiné 61/74 - P19199: Notas de leitura (1121): "Tatuagens da guerra da Guiné", de Capitão Luís Riquito [, cmdt, CCAÇ 818, Bissorã, Olossato e Mansoa, 1965/66) ("Elo", jornal da ADFA, novembro de 2018)


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Recorte que nos acaba de ser enviado pelo nosso camarada A. Marques Lopes , lisboeta que vive em Matosinhos [, cor DFA, na reforma, ex-alf mil,  CART 1690,  Geba, e  CCAÇ 3, Barro (1967/68)], e  que reproduzimos, para divulgação, com a devida vénia ao jornal ELO, órgão de informação, de periodicidade mensal, da ADFA - Associação dos Deficientes das Forças Armadas.


Nota do portal Wook sobre o autor, Luís F. G. Riquito:

 (i) nasceu em Parada de Gonta, no concelho de Tondela;

(ii) fez o curso liceal em Braga, Évora, Coimbra e Viseu; (iii)

(iii) ingressou em 1957 na Escola do Exército, onde se formou no Curso de Infantaria;

(iv) mobilizado para o Ultramar, cumpriu comissões em Timor, Guiné e Moçambique, onde montou e comandou a segurança da construção da barragem de Cabora Bassa;

(v) em 1975, foi considerado Deficiente das Forças Armadas (DFA), por abate do helicóptero onde seguia quando apoiava as populações a realojar pelo enchimento da albufeira da barragem de CB;

(vi) é condecorado com a Ordem Militar de Avis – Grau de Cavaleiro, com a Medalha de Prata de Valor Militar com Palma, com três Medalhas de Prata de Serviços Distintos com Palma e a Medalha de Mutilados e de Inválidos de Guerra;

(vii) licenciou-se no ISCTE em OGE (Organização e Gestão de Empresas);

(viii) em 1980, assessorou o Serviço Nacional de Protecção Civil no apoio a Angra do Heroísmo, atingida pelo sismo;

(ix) continuou nos fogos florestais de 1981 e na seca de 1982- -1983;

(x) dirigiu o CCDPC (Centro de Coordenação Distrital de Protecção Civil) de Viseu, intervindo na seca, nos fogos florestais e nos acidentes rodoviários;

(xi) regressou em 1992 ao Serviço Nacional como Vice-Presidente com o pelouro dos estudos dos Riscos Naturais que promoveu;

(xii) de 1985 a 1992, foi Presidente da Câmara e da Assembleia Municipal de Tondela, onde organizou e implementou a actividade autárquica; definiu o plano de desenvolvimento para o Concelho, assente em projectos de candidatura a apoios do Governo e da CEE, que elaborou; empenhou as Juntas de Freguesia na resolução dos problemas locais, para quem transferiu meios económicos, técnicos e humanos
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Nota do editor:

Último poste da série > 12 de novembro de 2018 > Guiné 61/74 - P19187: Notas de leitura (1120): “Lineages of State Fragility, Rural Civil Society in Guinea-Bissau”, por Joshua B. Forrest; Ohio University Press, 2003 (1) (Mário Beja Santos)

Guiné 61/74 - P19198: Parabéns a você (1526): José António Viegas, ex-Fur Mil Art do Pel Caç Nat 54 (Guiné, 1966/68) e Ten-Coronel Art Ref José Francisco Robalo Borrego, ex-Fur Art do 9.º Pel Art (Guiné, 1970/72)


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Nota do editor

Último poste da série  de 15 de novembro de 2018 > Guiné 61/74 - P19195: Parabéns a você (1525): António Inverno, ex-Alf Mil Op Esp do BART 6522 e Pel Caç Nat 60 (Guiné, 1972/74); Orlando Pinela, ex-1.º Cabo Reabast Mat da CART 1614 (Guiné, 1966/68) e Coronel Cav Ref Pacífico dos Reis, ex-Cap Cav, CMDT da CCAÇ 5 (Guiné, 1968/70)

quinta-feira, 15 de novembro de 2018

Guiné 61/74 - P19197: Agenda cultural (659): O António Martins de Matos ,"Voando Sobre um Ninho de Strelas", sente-se agora totalmente realizado por, depois de ter plantado duas árvores, e dado o seu contributo para fazer dois filhos, acaba de publicar um livro, que é muito da sua história de vida, e em especial como piloto da FAP, mas também um bocado das nossas vidas de ex-combatentes...


Alfragide, Amadora > Estado-Maior da Força Aérea  (EMFA) > 13 de novembro de 2018 > O ten gen pilav ref António Martins de Matos, membro da nossa Tabanca Grande, a autografar o seu livro "Voando Sobre um Ninho de Strelas"... Não temos fotos da mesa que foi presidida pelo Chefe do EMFA, gen Manuel Teixeira Rolo, sendo a obra apresentada pelo maj gen Campos Almeida, que foi colega de curso na Academia Militar, do autor (tal como outros colegas ilustres, o Virgílio Varela, do 16 de Março, e o Salgueiro Maia, do 25 de Abril,  sem esquecer o 'strelado' Miguel Pessoa).

Foto (e legenda): © Luís Graça (2018). Todos os direitos reservados [Edição: Blogue Luís Graça &  Camaradas da Guié]



Capa do livro de António Martins de Matos




Ficha técnica do livro




Nota curricular do autor


Dedicatória manuscrita ao editor do nosso blogue



Índice do livro


Nova Lamego, 1 de fevereiro de 1974. Ao autor no cockpit do Fiat G-91 (pag. 245)

Imagens reproduzidas do livro, com a devida vénia ao autor e ao editor

1. Decorreu ontem, como noticiámos, a sessão de lançamento do livro do ten gen pilav ref António Martins de Matos (AMM). "Voando sobre um ninho de Strelas", no edifício do Estado-Maior da Força Aérea (EMFA), em Alfragide, no Auditório General Lemos Ferreira.

Presidiu à mesa o Chefe do EMFA, gen Manuel Teixeira Rolo, sendo a obra apresentada pelo maj gen Campos Almeida, que foi colega de curso na Academia Militar, do autor.  Houve três intervenções, por esta ordem: i) Chefe do EMFA; (ii) apresentador; e (iii) autor.

O auditório estava muito composto, atendendo à hora da sessão (17h00), a maioria dos participantes eram pares e/ou  amigos e familiares do autor, com destaques para os militares, no ativo ou na reforma, da Força Aérea. Havia igualmente representantes do  Exército e da Marinha. O nosso blogue marcou presença, através do editor Luís Graça  e do casal Miguel e Giselda Pessoa. (O Miguel, como se sabe, é o editor do blogue da Tabanca do Centro e da sua revista digital "Karas".)

O Chefe do EMFA abriu a sessão, começando por dar os parabéns ao  autor pelo seu livro, um "história na primeira pessoa", e ao mesmo tempo pelo seu 73.º aniversário, ocorrido há dias, a 3 de novembro. Considerou igualmente este livro de memórias como uma homenagem a todos os militares, em geral, e aos da FAP, em particular que se bateram na guerra de África, de 1961 a 1975.

Por sua vez, o maj  gen Campos Almeida fez um brilhante e longo improviso, com uma apresentação detalhada da obra, que ele enquadrou na literatura da guerra do ultramar. onde a FAP também tem os seus, não muitos, representantes. E mencionou, entre outros, o nosso amigo e camarada cor pilv ref Miguel Pessoa, que tem escritos (, incluindo no nosso blogue,) sobre a  sua experiência sob os céus da Guiné: como se sabe, ele foi o primeiro piloto da FAP que viu o seu Fiat G-91 ser abatido por um Strela, em 25 de março de 1973, sendo o AMM o seu asa... Felizmente foi recuperado, com vida, no dia seguinte e, depois de umas "férias forçadas" no Hospital Militar Principal, voltou para o seu posto de combate  (Vd. AMM,  cap. 23 . O míssil Strela, pp. 145-158).

O apresentador  não deixou de chamar a atenção para o título, deveras sugestivo, do livro do AMM, parodiado deliberadamente do aclamado filme de Milos Forman, "Voando sobre um Ninho de Cucos" (1975).

Procedeu depois a uma análise pormenorizada da obra, balizando as memórias do AMM,  em termos de espaço e tempo: (i) a situação no TO da Guiné, e na BA 12 (1972/74); (ii) as questões técnicas do "aair power"; e (iii) as interrogações a nível político-militar... Para cada uma destas áreas, o autor soube utilizar  linguagem diferente mais apropriada; por exemplo, o jargão militar, quando fala da adaptação à Guiné e ao quotidiano da BA 12; a linguagem mais técnica quando discorre sobre o "air power" e as missões operacionais; e por fim, uma abordagem mais interrogativa e crítica no que respeita ao 25 de Abril  e o fim da guerra.

É um livro  onde se apanha,  com humor, os "flagrantes da vida real", em situações de guerra que eram muito menos conhecidas dos portugueses da metrópole do que a das guerra do Vietname. O regime de então, socorrendo-se da censura à imprensa, procurava dar uma "visão idealizada da Guiné". Mas a pressão interna e a escalada da guerra obrigam a algumas cedências: por exemplo, a fotografia do ten cor pilav José de Almeida Brito, comandante da esquadra de Fiat G-91,  atingido mortalmente por um Strela, em 28 de março de 1973, aparece na primeira página dos jornais... Infelizmente, os seus restos mortais só foram encontrados, identificados e recuperados 15 anos depois (!), em 1988 (pp. 149/151).

O apresentador faz ainda referência  às mais de 60 páginas de anexos ao livro e, em nota final, não quis deixar de valorizar a contribuição da filha do autor, a drª Teresa Matos, psicóloga clínica, com a sua abordagem sobre o problema do medo e do stresse  em combate (vd. cap 42. O sabor do medo, pp. 277-285). Não se esqueceu também o apresentador de destacar um tema que é caro ao AMM, justamente "os esquecidos", os ex-combatentes, os que sobreviveram e os militares que morreram, com ênfase para os da FAP (mais de 4 dezenas, entre 14 de outubro de 1961 e 20 de julho de 1975: 12 em Angola; 12 na Guiné; 19 em Moçambique).

Esse tema vai ser recuperado pelo autor, o AMM, quando encerrou a sessão, com a sua intervenção... Começou por dizer que se sentia um homem plenamente realizado, a partir de agora, porque, parafraseando o Eça de Queiroz, já tinha plantado 2 árvores, contribuído para o nascimento de 2 filhos e acabava  de escrever um livro (com outro já na forja, se bem percebi).

Seguiu-se a tradicional e sempre calorosa e gratificante sessão de autógrafos. Obrigado ao AMM, pelo exemplar do livro que nos ofereceu com uma  tocante dedicatória: não somos os "responsáveis morais"... do crime de ele ter passado a escrito um bom pedaço dos seus  73 anos de vida... Seguramente que outros, a começar pela família, merecem mais esta dedicatória e este epíteto. Pela nossa parte, ficamos felizes por passar a haver mais um título na nossa coleção... "Tabanca Grande"...  E já são tantos, os títulos,  que eu lhes perdi a conta. (LG)
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Vd. também pste de 30 de outubro de 2018 > Guiné 61/74 - P19149: Agenda cultural (655): lançamento oficial do livro do ten gen ref António Martins de Matos, Voando sobre um Ninho de 'Strelas' , no dia 13 de novembro de 2018, terça-feira, às 17h00, no Estado Maior da Força Aérea, Alfragide... Membro da nossa Tabanca Grande, o autor foi ten pilav, BA12, Bissalanca, 1972/74, tem mais de 80 referências no nosso blogue. Uma sessão de apresentação da obra, aberta ao público em geral, e aos amigos e camaradas da Guiné, em particular, será realizada em Lisboa, em data a anunciar, no princípio de dezembro próximo.

Guiné 61/74 - P19196: O nosso blogue como fonte de informação e conhecimento (58): os reordenamentos populacionais (Francesca Vita, doutoranda em arquitetura, Faculdade de Arquitetura, Universidade do Porto)


Guiné > Região de Bafatá >  Setor L1 (Bambadinca) > Nhabijões > CCS/BCAÇ 2852 (Bambadinca, 1968/70) > Um grande aglomerado populacional, de maioria balanta, com parentes no "mato" (, isto é, nas fileiras do PAIGC; como guerrilheiros, ou elementos da população civil, sob a adinistração do PAIGC).

A dispersão das diversas tabancas (1 mandinga e 4 balantas: Cau, Bulobate, Dedinca e Imbumbe), sua proximidade ao Rio Geba, fazendo ponto de cambança para a margem direita (Mato Cão, Cuor...) e as duas grandes bolanhas (um delas a de Samba Silate, uma enorme tabanca destruída e abandonada no início da guerra), foram motivos invocados para começar a construir, a partir de novembro de 1969, um dos maiores reordenamentos da Guiné no tempo de Spínola. A aposta era também a conquista da população, fugida no mato e sob controlo do PAIGG, vivendo ao longo da margem direita do Rio Corubal (desde a Ponta do Inglês até Mina/Fiofioli)

Foto: © José Carlos Lopes (2013). Todos os direitos reservados. [Edição  e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Guiné > Região de Bafatá >  Setor L1 (Bambadinca) > Nhabijões > CCS/BCAÇ 2852 (Bambadinca, 1968/70) e CCAÇ 12 (Bambadinca, 1969/71) >  Uma pausa nos trabalhos do reordenamento de Nhabijões (1970). Foto gentilmente cedida por Luís R. Moreira, ex-slf mil sapador,  CCS / BART 2917 (Bambadinca, 1970/72), e membro da equipa técnica de construção do reordenamento.

Foto )e legenda): © Luís R. Moreira (2005). Todos os direitos reservados. [Edição  e legendagem: complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Fotococópia da capa da brochura Os reordenamentos no desenvolvimento sócio-económico das populações. Província da Guiné, Bissau: Comando-Chefe das Forças Armadas da Guine. Quartel General. Repartição AC/AP. s/d.

Foto: © A. Marques Lopes / António Pimentel (2007). Todos os direitos reservados. [Edição  e legendagem: complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Capa do livro "A Engenharia Militar na Guiné - O Batalhão de Engenharia". Coord. Gabinete de Estudos Arqueológicos da Engenharia Militar. Lisboa : Direcção de Infraestruturas do Exército, 2014, 166 p. : il. ; 23 cm. PT 378364/14 ISBN 978-972-99877-8-6.  Cortesia de Nuno Nazareth Fernandes.


1. Mensagem da nossa leitora Francesca Vita, italiana, a fazer um doutorame em arquitetura (FAUP):

Data: terça, 30/10/2018 à(s) 10:28
Assunto: Guerra Colonial Guiné-Bissau | encontro conversa

Bom dia,  Sr. Prof. Luís Graça,

Chamo-me Francesca Vita, sou professora na Escola Superior de Artes e Design de Matosinhos e doutoranda em Arquitectura na FAUP do Porto com uma investigação sobre a transformação do espaço doméstico na Guiné-Bissau.

Venho com este meio contactá-lo de seguimento a um email que enviei ao sr, Eduardo Magalhães Ribeiro. Este último sugeriu-me que era melhor entrar em contacto consigo para algumas questões que estou a investigar.  

Estou a realizar uma pesquisa sobre os reordenamentos populacionais durante os últimos anos da Guerra Colonial na Guiné-Bissau: 

(i) quando começaram a ser construídos;

(ii) de que forma;

(iii) quais foram os aldeamentos prioritários;

(iv) como se chegou a sua construção no campo;

(v) eventuais problemas encontrados etc.

Tenho algum material encontrado no Arquivo Histórico Militar em Lisboa, nos Arquivos de Bissau e no Arquivo Histórico Ultramarino sobre o qual queria conversar: fotografias aéreas, plantas, relatórios, etc.. 

Se estaria disponível gostaria muito de conversar consigo sobre estes assuntos.

Agradeço desde já a sua disponibilidade e atenção,

Aguardando uma sua resposta

Os meus melhores cumprimentos

Francesca Vita
____________

Francesca Vita
PhD student in Architecture at FAUP
FCT PhD studentship
PT / IT
(Port) +351 915544599
(Ita) +39 3312831235

francesca.vita0@gmail.com


2. Uma primeira resposta do nosso editor LG;

Francesca, terei muito gosto em ajudá-la... Conheci o grande reordenamento de Nhabijões, no setor de Bambadinca, região de Bafatá.... Bem como o de Bambadincazinho, Posso pô-la em contacto com alguns camaradas meus que  trabalharam em Nhanijões. Eu caí numa mina A/C à saída do reordenamento. Não tenho por isso as melhores recordações do lugar... Tenho escritos sobre isso no blogue... Há 20 referências no blogue com o descritor "reordenamentos".

Já falámos, enretanto, ao telefone. Para além de uma entrevista comigo, a agendar para a semana, há para já dois contactos que lhe vou dar, de dois camaradas que são profundos conhecedores da temática dos reordenamentos, por terem trabalhado nas suas equipas técnicas:


Tem 31 referências no nosso blogue. Engenheiro Técnico de Construções Civis no Ministério das Obras Públicas, prestou serviço na Guiné como Capitão Miliciano de Artilharia, entre 1970 e 1972, no BENG 447, com sede em Bissau. É autor, entre outras obras, do   livro "Memórias da Guiné", Edições Polvo, Lda, 2005 [, vd. capa à direita,]  de que publicámos diversos excertos. (*)

No BENG 447, e dadas as qualificações da vida civil, chefiou os Serviços de Reordenamentos Populacionais.

(,,,) "Tratava-se de um serviço dirigido por militares que era essencialmente destinado às populações civis. Tinha em vista proceder ao agrupamento de diversas pequenas "tabancas" com o fim de constituir aldeamentos médios onde fosse rentável dotá-los com algumas infraestruturas tais como escolas, postos sanitários, fontanários, tanques de lavar, cercados para o gado, mesquitas ou capelas. Além disso tinha-se também em vista, com a execução dos reordenamentos, a defesa e o controle das populações." (...)

Nessa qualidade, a sua actividade não estava por isso circunscrita à cidade de Bissau;

(...) "Tinha por vezes que me deslocar ao interior do território para resolver localmente problemas que surgiam durante as obras dos reordenamentos populacionais. Fiz, por isso, algumas viagens para o interior da Guiné em helicóptero ou em avião militar (Dornier). Essas viagens tinham alguns riscos devido aos independentistas, a certa altura, se terem apetrechado com mísseis terra-ar [, s´a partir do 1º trimestre de 1973,] e devido aos tornados que por vezes se formavam e que eram perigosos principalmente para as pequenas aeronaves." (,,,(

(...) Comigo as deslocações ao interior da Guiné correram sempre sem perigo, mas para outros militares não foi sempre assim. O Batalhão de Engenharia 447 tinha como funções dar apoio às tropas aquarteladas na Guiné no âmbito de garantir o regular funcionamento dos quartéis, promover o fornecimento de geradores eléctricos, orientar e apoiar as obras de reordenamentos populacionais, fornecer material de manutenção, construir estradas, pontes e portos de atracagem, quartéis e abrigos subterrâneos, etc." (,..)

Há uma página no Facebook sobre o BENG 447, Brá, Guiné - Comunidade (sem movimento desde há um ano...). No nosso blogue há cerca de 7 dezenas de referências ao BENG 447. E temos vários camaradas da engenharia militar na nossa Tabanca Grande.


Tem 23 referência no nosso blogue. Foi alf mil sapador,  CCS / BART 2917 (Bambadinca, 1970/72), e membro da equipa técnica de construção do reordenamento de Nhabijões (**). Foi gravemente ferido numa mina A/C, à saída do reordenamento.  Completará a sua comissão de serviço militar no BENG 447, depois de tratado e recuperado no Hospital Militar 241, em Bissau. É hoje DFA - Deficiente das Forças Armadas.

Vou pôr a Francesca em contacto com estes camaradas.

Leia também este documento: Os reordenamentos no desenvolvimento sócio-económico das populações. Província da Guiné, Bissau: Comando-Chefe das Forças Armadas da Guine. Quartel General. Repartição AC/AP. s/d.

O documento em causa foi reproduzido, julgo que na íntegra, no nosso blogue em 2007: aqui tens os dois postes (***) 

Boa saúde, bom, trabalho. Luís Graça (****)

PS - Veja também o livro "A Engenharia Militar na Guiné - O Batalhão de Engenharia".
Coord. Gabinete de Estudos Arqueológicos da Engenharia Militar. Lisboa : Direcção de Infraestruturas do Exército, 2014, 166 p. : il. ; 23 cm. PT 378364/14 ISBN 978-972-99877-8-6.
 _________________

Notas do editor;

(*) Vd. poste de 18 de setembro de 2013 > Guiné 63/74 - P12057: "Memórias da Guiné", por Fernando Valente (Magro) (9): Os reordenamentos populacionais

(**) Vd. poste de 21 de setembro de 2005 > Guiné 63/74 - P182: O reordenamento de Nhabijões (1969/70) (Luís Graça)

(***) Vd. psotes de:


 16 de setembro de  2007 > Guiné 63/74 - P2108: A Política da Guiné Melhor: os reordenamentos das populações (2) (A. Marques Lopes / António Pimentel)

Vd. também poste de 26 de janeiro de 2015 > Guiné 63/74 - P14189: História do BART 3873 (Bambadinca, 1972/74) (António Duarte): Parte XXI: outubro de 1973: Flagelação, pela primeira vez, do reordenamento de Nhabijões, de maioria balanta, com parentes no mato...

(****) Último poste da série > 1 de novembro de 2018 > Guiné 61/74 - P19157: O nosso blogue como fonte de informação e conhecimento (57): Contactos de fotocines precisam-se para documentário sobre o seu papel na guerra colonial (Hélder Sousa/ Marisa Marinho)

Guiné 61/74 - P19195: Parabéns a você (1525): António Inverno, ex-Alf Mil Op Esp do BART 6522 e Pel Caç Nat 60 (Guiné, 1972/74); Orlando Pinela, ex-1.º Cabo Reabast Mat da CART 1614 (Guiné, 1966/68) e Coronel Cav Ref Pacífico dos Reis, ex-Cap Cav, CMDT da CCAÇ 5 (Guiné, 1968/70)



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Nota do editor:

Último poste da série > 14  de novembro de  2018 > Guiné 61/74 - P19191: Parabéns a você (1524): César Dias, ex-Fur Mil Sap Inf do BCAÇ 2885 (Guiné, 1969/71); Jacinto Cristina, ex-Soldado At Inf da CCAÇ 3546 (Guiné, 1972/74) e Maria Arminda Santos, ex-Enfermeira Paraquedista (1961/70)

quarta-feira, 14 de novembro de 2018

Guiné 61/74 - P19194: Em busca de... (291): Fotocines que tenham feito a guerra do ultramar,,,Contactos, precisam-se, de António Heleno (Lisboa) e Vicente Batalha (Pernes, Santarém) (Marisa Marinho, telem 969 321 386)


Guiné > Região de Bafatá > Contuboel > 1969 > CART 2479 / CART 11 (1969/70) > O cinema ambulante do sr. Manuel Joaquim dos Prazeres: o filme da semama: Riffi em Paris, película francesa, de 1966, dirigida por Denys de La Patellière e com Jean Gabin no principal papel... Filme de gangsters, popular na época... Chegava à Guiné três anos depois...Melhor do que nada...

[Também havia os "fotocines" que levavam algum cinema aos quartéis do mato... Pessoalmente nunca vi nenhum, em carne e osso,  "embebded" nas nosssas forças, como a minha CCAÇ 12, que andavam na porrada, no mato] (LG)

Foto (e legenda): © Valdemar Queiroz (2014). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Mensagem da nossa leitora Marisa Marinho  [Pesquisa & Conteúdos]

Assunto: Ainda os FOTOCINES

Data: 9 nov 2018


Olá,  Luís & Hélder,

Muito obrigada pela ajuda que nos deram, conseguimos informação realmente útil! (*)
Estou agora a agendar algumas conversas informais, como ponto de partida para a construção do tal filme sobre Fotocines [, ex-militares dos Destacamentos de Fotografia e Cinema]

Como em todas a pesquisas, uma cereja puxa a outra, e há duas pessoas, que surgem no seguimento de comentários do blog, mas com quem me está a ser difícil chegar à fala:

António Heleno e Vicente Batalha


Conseguem, por ventura, fazer-lhes chegar a informação de que há uma moça, de boas famílias , que lhes quer falar?  Telem 969321386

Posso deslocar-me até eles, caso não estejam na capital.

É que, hoje em dia, nem me atrevo a pedir telemóveis, porque os 'dados pessoais' são uma flor de cristal numa redoma intocável, e é preciso ter cautelas adicionais, para que ninguém se ofenda.

Muito grata por qualquer ajuda, (**)

Bem hajam,

Marisa Marinho
Telem 969321386

2. Comentário do editor LG;

Nenhum dos nossos camaradas que procura é membro da Tabanca Grande, sendo pouco provável, de resto, que leiam o nosso blogue...

Sabemos, por pesquisa na Net, que o ex-cap mil Vicente Batalha, comandente do Destacamento de Fotografia e Cinema 3011, na Região Militar de Angola (1972/74), é natural de Pernes, Santarém.  Esteve antes, na Guiné,  como  alf mil cav da CCAV [, Companhia de Cavalaria,] 1483 (1965/67).

Desta CCAV 1483, temos um contacto, de um camarada que organizou, em 2013,  um convívio do pessoal, em Moita do Ribatejo, Palmela... Pode ser que ele tenha o telemóvel do ex-al mil cav Vicente Batalha, comandante do 2º pelotão. Eis os elementos de contato que pediu para publicar no nosso blogue há 5 anos atrás:

Albino Marques dos Santos
Rua 25 de Abril – CCI: 25910 Venda do Alcaide
2950-234 PALMELA
Telm. 960 406 819 / 963 039 105

Foi o Vicente Batalha que criou, em Angola, a revista Fotocine, entretanto suspensa. Sugiro que contacte o Correio do Ribatejo, semanário de Santareém,  que publicou um extenso testemunho geracional, da autoria deste nosso camarada. Julgo também, pelo que me recordo, do seu currículo, que terá sido também programador cultural, na cidade de Santarém, depois do 25 de Abril. O realizador de cinema Fernando Matos Silva deve conhecê-lo, já que foi seu instrutor na tropa.

O Vicente Carlos Flor Batalha tem página no Facebook e tempelo menos 11 amigos em comum com a nossa página Tabanca Grande Luís Graça. Já lhe pedimos amizade...

Quanto ao António Heleno, de Lisboa,  não temos mais elementos do que aqueles, escassos, que constam do seu blogue: Fotocines.

Apelamos à boa (e muitas vezes frutuosa)  colaboração dos nossos leitores, com destaque para os amigos e camaradas da Guiné.

(**) Último poste da série > 20 de setembro de  2018  > Guiné 61/74 - P19030: Em busca de... (290): Mais elementos informativos sobre o memorial em Bachile, na região do Cacheu, com os nomes dos fur mil op esp José Duarte Franco Verde, e sold Humberto dos Santos Aires, da CCAÇ 2572, "Os Sem Pavor", mortos por acidente com arma de fogo em 26/11/1969 (António Salvada, CCAÇ 2584 / BCAÇ 2884, Có, 1969/71)

Guiné 61/74 - P19193: Agenda cultural (658): sessão de apresentação, ao público, em geral, e aos ex-camaradas do CTIG, em particular, do livro do ten gen ref António Martins de Matos, "Voando sobre um Ninho de Strelas", no dia 11 de dezembro de 2018, terça-feira, às 18h00, no Hotel Travel Park Lisboa, Av. Almirante Reis 64.


Alfagride, Amadora > Estado Maior da Força Aérea > 13 de novembro de 2018 > O António Martins de Matos a autografar o seu livro "Voando sobre um ninho de Strelas"


Alfagride, Amadora > Estado Maior da Força Aérea > 13 de novembro de 2018 > O Miguel e a Giselda Pessoa, na assistência, no autório gen Lemos Ferreira, na sessão de de lançamento do livro do António Martins de Matos "Voando sobre um ninho de Strelas"  (Lisboa: BooksFactory, 2018, 375 pp.)

Fotos (e legendas): © Luís Graça (2018). Todos os direitos reservados [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

1. Mensagem do nosso camarada António Martins de Matos, ten gen ref, 73 anos feitos há dias, em 3 do corrente, ex-ten pilav, BA 12, Bissalanca, 1972/74,  membro da Tabanca Grande, de longa data, com mais de 80 referências no nosso blogue, em especial na série FAP: 

Data: quinta, 8/11, 16:08


Assunto:  apresentação de livro

Caros amigos:

Conforme já devem ter tido conhecimento, acabei de escrever um livro sobre a Guerra Colonial e a Guiné, a que chamei: “Voando sobre um ninho de Strelas”.

Sendo um livro que interessa essencialmente os que passaram por aquelas terras, achei que seria importante fazer uma apresentação dedicada a todos esses antigos combatentes.

Para essa Apresentação gostaria de ter na Mesa de Honra os Representantes dos 3 Blogues que se têm dedicado a este tema, a saber:

- Luís Graça & Camaradas da Guiné;

- Tabanca do Centro;

- Especialistas da Base Aérea 12


Em princípio o livro irá ser apresentado no Hotel TRAVEL PARK, Av. Almirante Reis 64, no dia 11 de Dezembro, pelas 18 horas, o hotel tem parque subterrâneo, com acesso directo ao interior do mesmo.

Proponho-me desde já oferecer-vos um exemplar do livro, para tal preciso que me indiquem uma morada CTT. Conto com a vossa ajuda para uma “publicidade” ao evento.

Também gostaria que, no dia da apresentação, cada um dos “Representantes dos Blogues” tomassem a palavra para um eventual comentário ao livro, entre 5 e 10 minutos (facultativo).

Aguardo as vossas respostas e\ou comentários

Cumprimentos

AMM

2. Comentário do editor LG:

Estive ontem no lançamento oficial do livro, aqui ao meu lado, em Alfragide, no Estado Maior da Força Aérea (*), evento de que farei uma notícia, noutro poste, e que foi presidido pelo Chefe do EMFA, gen Manuel Teixeira Rolo. A esposa e a filha do autor estiveram presentes bem como numerosos amigos e camaradas da FAP, do Exército e da Marinha. Do nosso blogue, estive pelo menos eu, o Miguel e a Giselda Pessoa.

Posso desde já confirmar a data e o local, acima referidos, para a sessão de apresentação do livro ao público em geral e aos amigos e camaradas da Guiné, em particular, num ambiente menos formal e mais descontraído do que o de ontem, ni então já referid o Hotel Travel Park Lisboa,  sito na Av. Almirante Reis 64, Lisboa.

Por minha parte e em representação do nosso blogue, aceitei logo de bom grado o convite que me foi feita, para estar na mesa de honra. ao lado do autor.

Então até 3ª feira, dia 11 de dezembro. (**)

PS - A edição do livro é da BooksFactory. Página no Facebook: aqui.
_________________

Notas do editor:

(*) Vd. poste de 30 de outubro de  2018 > Guiné 61/74 - P19149: Agenda cultural (655): lançamento oficial do livro do ten gen ref António Martins de Matos, Voando sobre um Ninho de 'Strelas' , no dia 13 de novembro de 2018, terça-feira, às 17h00, no Estado Maior da Força Aérea, Alfragide... Membro da nossa Tabanca Grande, o autor foi ten pilav, BA12, Bissalanca, 1972/74, tem mais de 80 referências no nosso blogue. Uma sessão de apresentação da obra, aberta ao público em geral, e aos amigos e camaradas da Guiné, em particular, será realizada em Lisboa, em data a anunciar, no princípio de dezembro. próximo.

(**) Último poste da série >  11 de novembro de 2018 > Guiné 61/74 - P19186: Agenda cultural (657): Convite para o lançamento do livro "O Homem do Cinema", por Lucinda Aranha Antunes; editora Alfarroba, 2018, a levar a efeito no próximo dia 18 de Novembro na FNAC do CC Vasco da Gama, em Lisboa

Guiné 61/74 - P19192: Historiografia da presença portuguesa em África (137): Crenças e costumes dos indígenas da ilha de Bissau no século XVIII - Revista "Portugal em África" (Mário Beja Santos)

Imagem de uma Festa da Luta Felupe (Eran-ai), tirada em Sucujaque, em 8 e 9 de Abril de 2012, enquanto em Bissau decorria o golpe de Estado. 
Fotografia cedida por Lúcia Bayan, investigadora do povo Felupe, a quem agradecemos a gentileza.


1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 16 de Maio de 2018:

Queridos amigos,
Estamos sempre a aprender, por feliz acaso encontrei a publicação "Portugal em África, Revista de Cultura Missionária", tem duas séries, aquela em que ando a remexer data da década de 1940.
Num número de 1945, encontrei este saboroso documento, um ex-Vigário Geral da Guiné, Padre António Joaquim Dias Dinis, franciscano, trabalhou um autógrafo inédito do cronista Frei Francisco Santiago, documento que data de 1697. Por esta época, os franciscanos tinham a seu cuidado os hospícios de Cacheu, Bissau e Geba. Neste manuscrito até então inédito ficamos com um relato dos Papéis, as suas crenças e práticas religiosas, o régulo e os cerimoniais do seu enterro, o que era então a povoação de Bissau e a enternecedora devoção a Nossa Senhora da Candelária.

Um abraço do
Mário


Crenças e costumes na ilha de Bissau no século XVIII

Beja Santos

Causa-me uma certa incompreensão não ver referenciada na principal bibliografia sobre a colónia da Guiné a revista "Portugal em África", Revista de Cultura Missionária, teve duas séries em épocas distintas, vamos agora referir um trabalho do franciscano Padre António Joaquim Dias Dinis, ex-Vigário Geral da Guiné, intitulado “Crenças e costumes dos indígenas da ilha de Bissau no século XVIII”, segundo manuscrito inédito, publicado no Volume II de 1945. Começa por dizer que os missionários franciscanos tinham adquirido, dois anos antes, numa biblioteca particular de Braga, o segundo volume da "Crónica da Província Franciscana de Nossa Senhora da Soledade", autógrafo inédito do cronista Frei Francisco de Santiago. Àquela província pertenceram, depois de 1673, os hospícios de Cacheu, Bissau e Geba. Da Metrópole, os missionários seguiam para a Ribeira Grande, na ilha de Santiago de Cabo Verde, de onde se dispersavam por aquele arquipélago e pelas terras guineenses. Este Frei Francisco de Santiago dedicou algumas páginas aos costumes e crenças dos indígenas, que o autor transcreve dados relativos aos indígenas da ilha de Bissau, têm valor histórico indesmentível por mostrarem costumes dos Papéis, os gentios da ilha de Bissau.
E assim escreve:
“Quadra-lhes bem o nome; porque, com facilidade se dobram, por serem de natural mais dócil e brando que os outros de sua cor, que é negra, o cabelo torcido, como todos os mais daquela Etiópia ocidental. E aos portugueses têm particular inclinação, de tal sorte que, ainda que as outras nações excedam à portuguesa na alvura do corpo, só aos portugueses denominam com apelido de Brancos; ou por ser a primeira nação em que notaram esta cor, para eles estranha no corpo humano, ou porque, com esta antonomásia mostram reconhecer aos portugueses pelos primogénitos da sua veneração.
A sua crença é num Deus, superior a todas as criaturas e essências. Não adoram ídolos, nem os têm. Não crêem na imortalidade da alma racional. Acresce que, supondo que há espíritos diabólicos e que estes lhes podem revelar o futuro e prosperar os seus desejos, lhes fazem sacrifícios, nas suas chamadas ‘Chinas’, que são na forma de um chapéu-de-sol, coberto de palha. Há entre eles feiticeiros chamados Mandingas, etíopes negros, estrangeiros, do interior de África, os quais, feitos missionários do Alcorão, procuram transfundir o veneno da sua diabólica doutrina na singeleza dos naturais daquelas terras.
Porém, é geral a propensão para a religião católica, não somente consentindo que os filhos, sobrinhos e todos em quem têm poder, a recebam, mas ainda algumas vezes espontaneamente os entregam aos missionários para os baptizarem. O motivo que ordinariamente tomam os gentios para consentirem e ainda oferecerem os filhos e filhas ao baptismo é para depois de baptizados se casarem e ainda amancebarem com os cristãos, o que têm por grande honra e crédito. E a isto chamam cunhadio ou parentesco com branco, por ser costume, naquelas partes, sendo todos negros, chamarem brancos aos que são cristãos, sendo pretos, por diferença dos gentios”.

O missionário orienta agora a sua atenção para as guerras e alimentação:
“Quando vão à guerra, chegando à terra dos outros gentios onde têm posto o fito, se escondem nas praias e matos deles, e aí esperam que deles apareçam homens ou mulheres descuidados, e os apanham e amarram com cordas, que para isto levam, e os trazem para vender. Embarcam em canoas feitas de um só tronco de árvore, que tão grandes e grossas são que cada uma delas leva de vinte pessoas para cima. Para se alimentar, levam uma botija com água e fundo, milho ou arroz, esta é a sua vianda comum de toda a vida, com algum peixe seco, mal cheiroso, ou azeite vermelho de palma, que tudo chamam Mafé. Podem também comer uns caranguejos que acham nas covas da terra, na borda das praias, a que chamam Cáquere.
As armas que levam para a guerra são traçados e zagaias. Armas de fogo rara vez as levam. Se acontece matarem a algum ou alguns dos contrários, têm um mais que diabólico costume, que é, podendo havê-los à mão, cortar-lhes as cabeças e as partes pudendas. E, trazendo uma e outra coisa, as cabeças metem em troncos de árvores e as partes vergonhosas as assam ao fogo e, depois de tudo bem torrado, o pisam fazendo-o em pós que todos bebem em vinho de palma. E dizem eles que é para os defuntos não poderem entrar nos seus corpos”.

Frei Francisco Santiago descreve a ilha de Bissau e quem a habita:
“Tem esta ilha de Bissau 28 léguas de circunferência, pouco mais ou menos. É de clima o mais salutífero de toda aquela costa, assim pela pureza dos ares como pela frescura e bondade das águas. O número de seus familiares se estima em 20 mil famílias. Além do rei principal, que se intitula de Bissau, tem a ilha mais outros sete reis inferiores, que são os de Quixete, Cumeré, Safim, Tor, Biombo, Bijamita e Antula.
É esta ilha a mais vistosa e aprazível de toda aquela costa, e os habitantes deles negros bem-parecidos, com dentes e beiços delgados. Tem rei, a respeito do qual é de notar que não herdam o reino os filhos de tal rei; mas, para o ser, vão buscar o filho da irmã do rei. Porque, como este tenha muitas mulheres, duvidam se será o filho seu. Mas o filho da irmã é certo ser parente dele".

Frei Francisco Santiago demora-se nos comentários quanto ao local e cerimonial do enterro do régulo:
“Tanto que o rei se acha mal e se presume que morrerá, poucas pessoas, ainda das suas, entram a vê-lo. Vendo que não tem melhor, prendem a todos os cativos e cativas que ele tem; e apenas morre, se levanta tal alarido de vozes e gritos ao som de tambores, que parece um inferno. E dura este, que chamam choro, muitos dias. Neste choro há de haver muito de comer e beber; e, quanto mais há, mais solene. Nos três dias imediatos à morte do rei, têm todos liberdade para matar, ferir e roubar, sem que por isso se forme crime algum.
Morto o rei, embrulham o corpo em panos e depois em um couro de boi. Põe-no em uma casa de barro, coberta de palha, sobre areia; e aí está até passarem nove dias. Aí o vêm prantear todos os seus amigos. E, se algum não vem, dizem os parentes que o que não vem lhe faz mal; por isso, vêm todos, ainda que saibam que os hão de matar. Nesse tempo, se ajuntam quantidade de ferreiros a fazer-lhe o leite de ferro. Ao terceiro dia da morte do rei, determinam os escravos que o hão de servir na outra vida, e a todos os que se hão de enterrar com o rei dão uma bebida que os faz alegrar excessivamente, e, com esta alegria, bailar de contentes, por irem acompanhar o seu rei, até que, de cansados, caem como mortos. E, dando-lhe garrote, atados ao tronco de uma árvore, os põem de parte, para os meterem na cova com o rei”.

O franciscano faz uma referência à povoação de Bissau e à sua defesa:
“A povoação dos cristãos nesta ilha fica junto ao porto dela, que é à parte do Sul, perto da ponta de Leste. E tem hoje de 500 a 600 pessoas. Já teve mais, e, ainda as tivera se os brancos do reino e das ilhas não fugissem de viver ali, pelas muitas e grandes vexações que lhes fazem o rei e gentios.
Para se defenderem deles os cristãos e portugueses, mandou o rei D. Pedro II levantar ali fortaleza no ano de 1686, com artilharia e munições de guerra”. 

E refere igualmente que foi necessário no reinado de D. José I ali ir um corsário de guerra que travou grande refrega com o gentio, se reedificou a fortaleza, mas praticamente tudo ficou na mesma.
Para finalizar, fala na imagem de Nossa Senhora da Candelária existente na Igreja Paroquial de Bissau, a que dão muita devoção não só os cristãos mas ainda os gentios.
E fala dessa devoção:
“No tempo em que aquela igreja era coberta de palha – que hoje é de telha – costumavam gentios, por devoção, levar dela umas palhinhas para serem bem-sucedidos. E ainda hoje, nas ocasiões de negócio grande, de guerra ou de perigo, invocam a Senhora dizendo em crioulo: Candelária vou-me embora.
Tanta experiência têm já no seu favor e patrocínio em sucessos felizes, que daqui procedia antigamente armarem-se com as palhinhas da sua casa, e hoje procede o invocá-la nas necessidades e perigos”.
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Nota do editor

Último poste da série de 7 de novembro de 2018 > Guiné 61/74 - P19173: Historiografia da presença portuguesa em África (135): Dois mapas da Guiné, 1948, 1951: quantas dúvidas, quantas interrogações (Mário Beja Santos)