domingo, 6 de janeiro de 2019

Guiné 61/74 - P19374: Estou vivo, camaradas, e desejo-vos festas felizes de Natal e Ano Novo (16): Prometo dar mais uma volta ao meu baú... (António Ramalho, ex-fur mil at cav, CCAV 2639, Binar, Bula e Capunga, 1969/71)





Lisboa > MNAA - Museu Nacional de Arte Antiga > 6 de janeiro de 2019 > Detalhes do "Presépio dos Marqueses de Belas" > Sala do Presépio Português, que dá acesso à  famosa Capela das Albertas. A peça central é o "Presépio dos Marqueses de Belas", com cerca de 3 centenas de figuras, um dos maiores presépios portugueses a seguir ao da Basílica da Estrela.

Aqui não faltam os Reis Magos, incluindo o Baltasar, o negro que passou a representar a África, para mostrar a "universalidade" do cristianismo... Neste presépio,  ele aparece dentro de uma tenda, "a espreitar", montado num elefante!... Deliciosa iconografia!... Dizem que foi Machado de Castro (1731-1822) o primeiro escultor a fazer um rei mago negro, uma ousadia para a época...

O "Presépio dos Marqueses de Belas" é uma  encomenda  de finais do século XVIII,  feita pelo colecionador José Joaquim de Castro ao escultor e presepista Barros Laborão (1762-1820). Foi acabada em inícios do séc. XIX sob a direção deste. Sofreu recentemente um complexo trabalho de restauro de cerca de 6 meses. envolvendo uma meia dúzia de técnicos. Assisti hoje, embevecido a uma visita guiada orientada para crianças... E fiquei rendido ao nosso presépio português barroco (sec. XVII e XVIII) e grato à dedicação e competência dos trabalhadores do MNAA, agora renovado mas sempre a lutar com inúmers dificuldades (a começar pela falta de recursos humanos e financeiros)... Enfim, uma boa notícia,  em dia de Reis, a (re)abertuda sala do Presépio Português e da Capela das Albertas... Tive igualmente o privilégio de ver "ao vivo"  o célebre quadro a óleo, "Adoração dos Magos", de Domingos Sequeira (1768-1837), recentemente adquirido pelo MNAA por "crowdfunding"... Trata-se de uma obra-prima da pintura portuguesa que estava nas mãos de privados...

Enfim, amigos e camaradas, o MNAA é um espaço nobre da cidade que merece ser melhor e conhecido e acarinhado por todos nós!...E tem um ótimo restaurante com esplanada e um belo jardim  com vista para o Tejo e para o nosso "saudoso" Cais da Rocha Conde de Ódibos... Tomem boa nota, camaradas e amigos, partilhem a informação... e deem mais corda aos sapatos em 2019!

È também uma forma do nosso blogue agradecer a todos os amigos e camaradas da Guiné que nesta longa quadra festiva quiseram honrar-nos com os seus votos de Bom Natal e Feliz Ano Novo... Não vamos citá-los a todos, porque corríamos o risco de deixar sempre alguém de fora. De grande parte parte publicámos as suas mensagens em duas séries (vd. marcador Boas Festas 2018/19). O último texto a ser publicado, em princípio, será o do António Ramalho.

Fotos de Luís Graça (2018), com a devida vénia ao MNNA, detentor da obra e dos seus direitos de imagem...

1. Mensagem de António Ramalho, ex-fur mil at cav, CCAV 2639 (Binar, Bula e Capunga, 1969/71), natural da Vila de Fernando, Elvas, membro da Tabanca Grande, com o nº 757:


Date: sábado, 5/01/2019 à(s) 15:57

Subject: Um excelente 2019 para todos!

Caro Luís, boa tarde.

Consulto diariamente o nosso blogue, todavia não tinha a noção que tinham decrescido os "postes". (*)

Presumo haver imenso material interessante nos baús, irei dar mais uma volta ao meu! Presumo que algum desapareceu ou foi destruído.

Acho interessantíssimos os textos publicados, cada um em seu estilo, leio-os todos.

Também noto que da minha Companhia [, a CCAV 2639,]  além de mim, do Mário [Lourenço] e do Vitor Garcia não aparece mais ninguém, mas há Net em todo o país!

O meu tempo continua escasso pelos compromissos assumidos e com a chegada de mais uma neta, contudo conto estar presente num próximo almoço da Tabanca da Linha.

Não sei se por lapso ou esquecimento deveria ter informado da data do meu nascimento - 3 de Janeiro de 1948 - o mesmo dia de Michael Schumacher, sou um fã da F1.

A foto com que me identificam com o ontem e hoje tem uma história, no próximo almoço eu conto-te.

Façam favor de continuar e progredir pois há por aí gente muito capaz!


Renovo os meus votos de um Bom Ano Novo para todos.

Um forte abraço

António Fernando Rouqueiro Ramalho (membro da Tabanca Grande nº 757)
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Guiné 61/74 - P19373: Notas de leitura (1138): "Voando sobre um ninho de Strelas": o autor dá-nos a dimensão do esforço dos bravos da Força Aérea, desde o piloto ao cabo mais simples, passando pelas enfermeiras paraquedistas, mostrando-nos toda a sua disponibilidade e entrega, mau grado as condições adversas em que viviam e, obviamente, o enorme risco de vida que corriam (Joaquim Mexia Alves, régulo da Tabanca do Centro)


Lisboa > Hotel Travel Park > 11 de dezembro de 2018 > Sessão de apresentação do livro "Voando sobre um ninho de Strelas" > O autor, António Martins de Matos, à esquerda, tendo a seu lado o Joaquim Mexia Alves, "régulo" da Tabanca do Centro e um dos três apresentadores do livro... Os outros dois foram   os editores dos blogues Especialistas da B12 Guiné 65/74,  e  Luís Graça & Camaradas da Guiné, respetivamente Victor Barata e Luís Graça (*).

Foto: © Miguel Pessoa (2018). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem; Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Por amável cortesia do autor, Joaquim Mexia Alves, reproduz-se a seguir o texto (ou "nota de leitura") que o nosso camarada e amigo leu na sessão de apresentação do livro do António Martins de Matos, no passado dia 11 de dezembro (*):

Escuso-me de fazer cumprimentos formais.
Capa do livro do António Martins
de Matos, "Voando sobre um ninho
de Strelas"  (Lisboa, BookFactory, 2018,
 375 pp.) 
Pode ser omprado online.
  através da loja "Pássaro de Ferro":
preço de capa com portes incluidos: 20 €;
  para saber  mais, carregar aqui
Uma palavra apenas de cumprimentos aos meus colegas de mesa, muito especialmente ao António Martins Matos, autor do livro e meu amigo, o que com orgulho afirmo.

O António Martins Matos é um homem desassombrado, frontal, sincero, honesto, consigo próprio e com os outros, (especialmente com os seus amigos), e que não se preocupa, nem tem receio do “politicamente correcto”, dizendo sempre aquilo que são os factos e a sua opinião sobre eles, sem medo de que possa “ficar mal”.

Por isso mesmo, este é um livro que apresenta todas essas qualidades, quanto a mim, claro, pois é um livro desassombrado, sincero, frontal, onde o autor não se coíbe de apresentar factos, emitir opiniões e, como se costuma dizer em português corrente, “chamar os bois pelo nome”, sejam eles do passado ou do presente.

E é um livro que se lê num só folego, porque o António não escreve, fala connosco e conta-nos a sua história, as suas histórias, no tom coloquial directo que quem o conhece, lhe reconhece.

Mas não se pense no entanto que, por causa do atrás afirmado, o António não se deixa levar pelos sentimentos, pela emoção, pela delicadeza, o que está bem presente no episódio que conta sobre a enfermeira paraquedista Maria Celeste Costa, que ele termina com uma frase cheia de significado: «O hélice continuava a rodar…»

Para além de tudo o que esta frase significa de sentimento e delicadeza, tem também um ensinamento, que a nós vulgarmente chamados “tropa do chão”, não nos deve passar desapercebido e que é a referência ao hélice no masculino.

Com efeito o António ao longo do livro vai-nos ensinando os termos da Força Aérea e não só, que a alguns de nós, “tropa do chão”, são desconhecidos e por isso mesmo por vezes causam pequenas irritações nos Pilotos da Força Aérea, o modo como nos expressamos em relação aos aviões, avionetes e outros mimos como estes.

Eu por acaso até tenho alguma formação na coisa, dados os muitos fins de tarde passados na Esquadra dos Falcões em Monte Real, em alegres convívios, (para não dizer mais), em que volta e meia lá me diziam que eu já devia ter aprendido tais nomenclaturas.

Esses fins de tarde até deram origem a um vôo de A7P, pilotado pelo “Fininho”, não o citado no livro, mas outro que também esteve na Guiné, e que é uma das coisas da minha vida que nunca esquecerei.
Mas continuemos no livro.

Se esperam de mim uma recenção literária de fino recorte e saber, desiludam-se, porque para tal não tenho engenho nem arte e este livro é, pelo menos para mim, demasiado terra-a-terra, no bom sentido, claro, e como tal merece muito mais que fale do coração do que do intelecto. (**)

Uma das muitas coisas que retiro deste livro é a forma como o mesmo se vai desenvolvendo, a mobilização, a chegada, o ajustamento às circunstâncias, o tirar partido do pouco ou muito que se tem à disposição, a experiência que o vai tornando veterano e a partida e chegada ao ponto de origem.

É que ao lê-lo também eu fui sendo conduzido pelo mesmo caminho e a atravessar memórias que estavam guardadas há muito cá dentro, na cachimónia.

E o António vai-nos brindando com expressões de humor, do melhor humor português, aquele que se faz de subentendidos, de tiradas maliciosas sem o serem verdadeiramente, aquele humor tão bem identificado nos velhos filmes portugueses, e que hoje se perdeu, para se transformar em rebaixaria e outras coisas que tais.

Claro que o António nos fala da guerra, não só da sua, mas da de todos nós, e não se coíbe de apresentar factos e deles tirar ilações lógicas, opiniões fundamentadas, não tendo receio de afirmar o que muitos sabem, mas têm medo de afirmar porque não estão em consonância com o pensamento uniformizador que hoje em dia, (e já do anterior tempo), se pretende instalar nas cabeças entorpecidas pela apatia e o comodismo individualista.

Por causa da minha ligação à Força Aérea atrás referida, (até tenho um irmão que foi Piloto no tempo da famosa Base de Sintra), sempre tive por aquela gente uma grande admiração e sempre soube e percebi da sua generosidade e disponibilidade para os outros, mas a verdade é que ainda hoje em dia, (e naqueles tempos também), para muitos a Força Aérea pouco ou nada fazia, não chegava quando era precisa e, mais ainda, protegiam-se, não se colocando em risco demasiado.

Neste livro o António dá-nos a dimensão do esforço dessa gente da Força Aérea, desde o Piloto ao Cabo mais simples, passando pelas enfermeiras paraquedistas, mostrando-nos toda a sua disponibilidade e entrega, mau grado tantas condições adversas que viviam, e, obviamente o enorme risco de vida que corriam.

Nós, “tropa do chão”, temos que reconhecer todo o trabalho que esta gente do ar nos prestou na Guiné, e não só, e percebermos que muitos de nós, provavelmente estamos vivos, porque alguém da altura dos céus da Guiné nos protegeu e ajudou.

Fala-nos também do Ten Cor José Almeida Brito, primeiro Piloto a falecer por causa do míssil Strela, com a voz repassada de orgulho, mas também de indignação, pelo modo como foi tratado todo aquele processo, para não lhe chamar outra coisa.

E mais à frente volta ao tema, (que quem me conhece sabe que piso e repiso, infelizmente sem grande sucesso), do abandono dos corpos dos militares falecidos por terras de África, e também ao abandono dos militares africanos que juraram a mesma Bandeira Portuguesa, como nós e foram abandonados à sua sorte madrasta, que culminou para uma grande parte deles no fuzilamento pelos novos senhores dos novos países.

E depois leva-nos a pensar nesta coisa de sermos combatentes, do tal Dia dos Combatentes, permanentemente enxovalhados por uns sujeitos que fazem uns discursos, (tipo palmadinha nas costas), para nos adormecer e manter caladinhos, até porque já faltam poucos anos para todos desaparecermos da história dos vivos e assim tudo fica resolvido: “Tudo como dantes, quartel general em Abrantes”!

Chama a sua filha para nos falar dos medos, das ansiedades, das recordações da guerra e nos lembrar que ainda há tantos que sofrem na pele, no seu dia-a-dia todos esses problemas, abandonados a maior parte das vezes por um Estado que nem quer ouvir falar deles, mas que tem recursos, pelos vistos, bastos e disponíveis para aqueles que, perdoem-me a nota humorística, dele se servem, perdão, queria dizer, ou talvez não, o servem.

A sua filha diz mesmo que um “dos factores determinantes para a capacidade de resiliência mental do ser humano é sentir-se amado".

Se aqueles que sofrem ainda a guerra poderão ser amados pelos seus familiares, não o são com certeza pelo Estado que serviram, aliás, não só não são amados como nem sequer reconhecidos.

Mais uma vez peço perdão pelas minhas palavras, mas quando nos recordam a guerra e os nossos camaradas de armas como tão bem o António nos faz neste livro, também eu parto para a frontalidade e não me consigo calar.

Por isso, obrigado, António!

Para finalizar uma nota de humor!
Ao chegar ao fim do livro e perante os anexos não pode deixar de sorrir ao ver nos documentos ali retratados o carimbo de Muito Secreto!!!

E eu que pensava que secreto era secreto, mas pelos vistos, também há o muito secreto!

Termino contando-vos um segredo, mas este classificado como pouco secreto:

O António Martins Matos tem neste livro uma obra acabada, mas que não acaba, porque continua viva dentro de nós combatentes.

Por isso mais uma vez: Obrigado, António!


Guiné 61/74 - P19372: Blogues da nossa blogosfera (107): Jardim das Delícias, blogue do nosso camarada Adão Cruz, ex-Alf Mil Médico da CCAÇ 1547 (24): Palavras e poesia


Blogue Jardim das Delícias, do Dr. Adão Cruz, ex-Alf Mil Médico da CCAÇ 1547/BCAÇ 1887, (Canquelifá e Bigene, 1966/68), com a devida vénia, reproduzimos esta publicação da sua autoria.

OUARZAZATE (Secreta ironia)

ADÃO CRUZ

© Adão Cruz

As franjas da memória abrem-se na manhã fria da solidão
como torvelinho de água nas despojadas pedras do tempo.
Eis que nos damos conta de uma longa viagem
a qualquer cidade para lá do horizonte
quando um mar de cal viva queima os sentimentos
no estribo de um velho comboio sem princípio nem fim.
Eis que nos damos conta das lágrimas contidas num mar de cinza
cobrindo a alegria de viver
quando se apaga o sol que brilha entre as mãos.
Eis que no crescer da angústia uma infinda tristeza afoga a razão
entranhando no sangue a sombra espessa da desilusão.
O coração tomba perdido na poeira da cidade
preso à orla do deserto de Ouarzazate como criança sem asas.
Na terra sem trilhos e sem regresso aos olhos
onde se abre o sorriso de todas as manhãs
eis que nos damos conta de não fazermos parte do mundo.
E cai o sofrimento
no profundo silêncio das noites sem nome suspensas das estrelas.
E resta a saudade
ardendo em fogo lento como ramo seco da primeira folha verde.
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Nota do editor

Último poste da série de 25 de novembro de 2018 > Guiné 61/74 - P19231: Blogues da nossa blogosfera (106): Jardim das Delícias, blogue do nosso camarada Adão Cruz, ex-Alf Mil Médico da CCAÇ 1547 (23): Palavras e poesia

Guiné 61/74 - P19371: Blogpoesia (602): "Desespero das flores", "Olhares enviezados" e "Pontes de Lisboa", da autoria de J. L. Mendes Gomes, ex-Alf Mil da CCAÇ 728

Ponte de Vila Franca de Xira
Com a devida vénia a XIRA.PT


1. Do nosso camarada Joaquim Luís Mendes Gomes (ex-Alf Mil da CCAÇ 728, Cachil, Catió e Bissau, 1964/66) estes belíssimos poemas, da sua autoria, enviados, entre outros, ao nosso blogue, que publicamos com prazer:


Desespero das flores

Vêem-se espelhadas
nas estrelas do céu,
luzindo de noite.

Acordadas de dia.
Pintadas de cores.
Fenecem paradas.
Presas às hastes.
Baloiçam ao vento.
Sua vontade é voar.

Regalam os olhos
De quem vai a passar.
Sabem a mel,
Não podem beijar.

Vegetam caladas.
Ouvem zumbidos,
Soletrando cantigas.
Não sabem cantar.

Recebam visitas.
Expostas ao sol.
Exalam perfumes.
Não podem cheirar.

Lamentam a sorte
Que a beleza lhes deu.
Afinal para quê?
Não podem amar...

Berlim, 30 de Dezembro de 2018
8h10m
Jlmg

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Olhares enviezados

A linha recta nunca une os olhares enviezados.
São tortos aqueles olhos que tudo distorcem a seu jeito.
Não brilha neles o sol da verdade.
Calculistas. Elitistas.
Interesseiros.
Só o que lhes dá lucro.

Se desculpam sempre se chamados a participar.
Pesos mortos.
Sem eles tudo gira melhor.

E se tropeça neles em cada esquina.
Obstáculos ao nosso progresso.
Mas, também nos torna mais ágeis.
Mais atentos.
E isso é bom.
A facilidade é terreno fértil para os ociosos.
Sem arestas ou asperezas, escorregar é um risco certo.

Berlim, 2 de Janeiro de 2019
8h45m
Jlmg

********************

Pontes de Lisboa

Duas de ferro outra de massa, unem as duas margens do Tejo.
Dois laços que abraçam o norte e o sul.
Três faxas que vão e vêm.
Longe e perto.

Vila Franca.
Vinte e cinco de Abril.
Vasco da Gama.

Cada uma tem sua história.

A primeira.
Tantos anos única.
Passagem firme em ferro.
Das lezírias e do gado bravo.
Às matas densas de pinheiros mansos,
Das azinheiras e dos sobreiros.
Um ermo verde.
Do Alentejo até ao Algarve.

A segunda.
Mais a sul.
Também em ferro.
Colossal para as nossas forças.

Vi-a nascer.
Suspensa em cordas.
Desde o paquete Timor que nos levou para a guerra.
Estava aberta quando voltei para casa.
1966.
Se realizara um sonho.
Lisboa e Almada. Duas irmãs.
Se abateu de vez, a fronteira entre o sul e o norte.

A terceira.
Ponte sem fim.
Rentinha à água.
Lisboa ao longe.
Se calhar, errou.
De pouco serviu...

Se navega nela como se no mar.

Berlim, 5 de Janeiro de 2019
14h32m
Jlmg
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Nota do editor

Último poste da série de 1 de janeiro de 2019 > Guiné 61/74 - P19351: Blogpoesia (601): "Fantasias", "Sementeira" e "Tédio", da autoria de J. L. Mendes Gomes, ex-Alf Mil da CCAÇ 728

Guiné 61/74 - P19370: Manuscrito(s) (Luís Graça) (149): O último pôr do sol... nas Azenhas do Mar














Sintrra > Azenhas do Mar > 31 de  dezembro de 2018 >  O último pôr do sol do ano...


Fotos (e legenda): © Luís Graça (2018). Todos os direitos reservados. [Edição : Blogue Luís Graça & Canaradas da Guiné]



Um gajo não é uma merda, camarada!

por Luís Graça

Um gajo tem de acreditar que amanhã não é outro ano, 
mas apenas um outro dia,
mais um outro dia.

Um gajo tem de ter fé nos gajos que inventaram o calendário
e que dizem que amanhã é terça-feira,
dia 1 de janeiro de 2019.

É bom seres circadiano,
para não andares zonzo todo o ano,
e para poderes pensar que amanhã é outro dia.

Um gajo tem de poder vislumbrar uma nesga de luz
por entre as persianas da janela
do quarto escuro.

Um gajo tem de poder negar a visão do mundo 
como um quarto escuro.
Ou vermelho, quando tinhas sarampo, sarampelho,
que sete vezes vinha ao pelo.

Um gajo, mesmo sem fé,
agnóstico, não-crente, desalinhado, desformatado, 
tem de saber lidar contra a claustrofobia
do mundo feito quarto escuro como breu.

Um gajo, até mesmo ateu,
tem de alimentar a secreta esperança
de que o vento da infelicidade dos povos
vai mudar de direção.
Não rezes mais ao teu irã, Guiné!

Afinal, por que é haverias de soprar sempre na mesma direção,
ó grande irã ?!
No alto do poilão da nossa tabanca, 
não passas afinal de um catavento,
tanto te viras para Seca como para Meca.

Um gajo não é de ferro,
mas aguenta com raios e coriscos.
Como aguentou com a metralha da guerra.

Um gajo até pode ser de ferro, como os "rangers",
mas também oxida.
E pode ficar louco
só de pensar que amanhã não é outro dia,
ou pode não ser outro dia!

Um gajo, camarada, não é uma merda
como te queria fazer crer 
o sacana do teu instrutor militar em Tavira.
E como às vezes te segreda
o parasita do  irãzinho mau que se aloja no teu cocuruto.

Um gajo não é um herói, muito menos um deus.
Afinal, és melhor, camarada: 
és um homem, 
que tens de saber dar corda  aos sapatos e ao coração, 
e que és capaz de parar um segundo frente ao pôr do sol,
e tirar um autorretrato instantâneo
e, como um bom franciscano, 
dizer ao deus-sol:
-Até amanhã, camarada, amigo, irmão!

Azenhas do Mar, 31 de dezembro de 2018.

Luís Graça
v3


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Guiné 61/74 - P19369: Parabéns a você (1554): Paulo Santiago, ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 53 (Guiné, 1970/72)

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Nota do editor

Último poste da série de 5 de Janeiro de 2019 > Guiné 61/74 - P19364: Parabéns a você (1553): João Meneses, ex-2.º Tenente FZE do DFE 21 (Guiné, 1971); Ricardo Figueiredo, ex-Fur Mil Art do BART 6523 (Guiné, 1973/74) e Valentim Oliveira, ex-Soldado Condutor da CCAV 489 (Guiné, 1963/65)

sábado, 5 de janeiro de 2019

Guiné 61/74 - P19368: Os nossos seres, saberes e lazeres (301): Viagem à Holanda acima das águas (6) (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 4 de Outubro de 2018:

Queridos amigos,
É uma despedida nostálgica, houvesse meios, e voltava no dia seguinte, é um quase absurdo comprimir num dia de visita a contemplação de arte tão bela, em pintura, em escultura, em desenho, com ambiente de jardins soberbo, a serenidade total, a possibilidade de entrar e sair, ver esculturas de Barbara Hepworth e reentrar no museu para ver Van Gogh, Corot, Fantin-Latour, Millet, Renoir, Gauguin, Picasso ou Mondriaan.
A fatia de leão cabe a Van Gogh. Mas é consabido que a viagem nunca acaba, o que acaba são os viajantes, e se tudo é assim tão belo, se está tão firmada a vontade de voltar, é tudo uma questão de criar uma nova viagem, seguramente que se irá ver com outros olhos aquela beleza que tanto nos encadeou.

Um abraço do
Mário


Viagem à Holanda acima das águas (6) 

Beja Santos 

O Museu Kröller-Müller tinha patente uma exposição intitulada “Odillon Redon, a literatura e a música”, um amplo olhar sobre a extensa obra deste artista francês (1840-1916), nas interseções da literatura e da música na vida e obras de Redon. Extensa obra: no pastel, no desenho, na pintura e na litografia. Desde a juventude, entusiasmou-se pela música, aprendeu violino e piano enquanto desenvolvia uma verdadeira paixão pela literatura. Fez amizades com numerosos escritores e compositores. No seu modo de pensar, a música, os assuntos literários e a arte plástica formavam um todo indissociável. Daí a singularidade reconhecida a Odillon Redon pela maneira como combinava estas forças expressivas na sua obra.

“O Ciclope”, 1914.

“A arte celeste”, 1894.

O motivo das suas obras decorre de fontes literárias e musicais, é um extensíssimo arco que vai da Antiguidade até Richard Wagner: Pégaso, o cavalo alado, passando por Salomé e Brünnhilde, de Orfeu a Ofélia. Redon reutiliza incessantemente estes motivos, fá-los mudar de aparência e dá-lhes novos significados, como se fossem variações sobre o mesmo tema num trecho musical.



Na exposição do Museu Kröller-Müller, releva-se o desempenho de Redon tanto como escritor como ilustrador, podem-se observar séries litográficas que ele realizou para acompanhar os textos de escritores que ele profundamente admirou, caso de Gustave Flaubert, Edgar Allan Poe e Charles Baudelaire. Ele associa igualmente as suas litografias aos seus próprios textos para criar poemas visuais e textuais – palavra e imagem formam um todo.





A exposição é composta por quase 170 peças provenientes de uma coleção privada, de obras de Redon do Museu Kröller-Müller e de outras obras emprestadas de diferentes coleções. A literatura e a música revelam assim um grande leque e uma grande variedade de temas inéditos na obra de Redon, desde as suas poderosas litografias a branco e preto à técnica do pastel luminoso e colorido. Grande oportunidade para conhecer este mundo de imaginação e de fantasia, a marca de água de Odillon Redon.



Quando começou a II Guerra Mundial, Barbara Hepworth deixou Londres e instalou-se na Cornualha, mais propriamente em St Ives, mudança que teve uma influência determinante na evolução da sua obra. A paisagem da Cornualha iria ser uma fonte de inspiração inesgotável: formas de conchas, pedras, colinas, novas simbioses entre as formas e os fenómenos da Natureza. Ela mesmo confessou que este contacto lhe deu uma confiança na indestrutibilidade das forças positivas. Numa obra autobiográfica, escreveu: “Não existe paisagem sem figura humana: é-me impossível sonhar com a Pré-História em abstracto. Sem a relação do Homem e a sua Terra, a imagem mental torna-se um pesadelo. Uma escultura poderá ser colocada num vazio; mas não se passa nada antes que o homem vivo nela reencontre a sua imagem”.
O viandante está feliz, Barbara Hepworth que há muito é a sua escultora preferida, um espelho do mundo em pedra, em madeira, em metal.
Amanhã, o dia começa com um passeio pelo Reno, viagem pelos pólderes, ver moinhos, um pouco da Holanda submersa intercalando com a imersa. É muito belo, a luta constante entre o homem e a água, para que a terra seja fértil, como é.

(Continua)
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Nota do editor

Último poste da série de 29 de dezembro de 2018 > Guiné 61/74 - P19344: Os nossos seres, saberes e lazeres (300): Viagem à Holanda acima das águas (5) (Mário Beja Santos)

Guiné 61/74 - P19367: O nosso blogue como fonte de informação e conhecimento (63): Fotos áreas do reordenamento de Nhabijões, precisam-se (Francesca Vita, doutoranda em arquitetura, Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto)


Guiné > Região de Baftá > Setor L1 > Bambadinca > 1970 > CCS/BCAÇ 2852 (1968/70) Vista aérea do aquartelamento e posto administrativo de Bambadinca (que pertencia ao município de Bafatá) > Vista aérea, obtida de helicóptero,Em primeiro plano o edifício do comando e as instalações de oficiais e sargentos. Bambadinca (em mandinga, "cova do lagarto") ficava numa pequena elevação ou morro, sobranceiro à extensa bolanha (a leste, à direita da imagem) e ao rio Geba (a norte), e de que vê uma nesga, ao fundo do lado esquerdo. Nesta altura, por volta do 1º trimestre de 1970, Bambadinca albergava mais de 700 militares (incluindo a CCS/BCAÇ 2852, prestes a terminar a sua comissão, mais um companhia de intervenção, a CCAÇ 12, 1 pelotão de morteiros, 1 pel rec daimler, 1 pel caç nat, mais 1 pelotão de intendência (embora este tivesse instalações próprias, junto ao porto fluvial de Bambadinca, na margem esquerda do Rio Geba Estreito). Estava em curso o grande reordenamemto de Nhabijões.

O Humberto Reis, que tem as melhores fotos aéres  da região de Bafatá (incluindo Bambadinca) não tem nenhuma foto (aérea) de Nhabijões e do seu reordenamento em construção.

Foto (e legenda)s: © Humberto Reis (2006). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Mensagem de Francesca Vita, doutoranda italiana  em arquitetura pela Universidade do Porto:

 Date: sábado, 5/01/2019 à(s) 10:59
Subject: Nhabijoes | fotos
Bom dia Prof. Luís Graça,

Antes de mais espero tenha passado boas festas de paz e sossego. 

Peço desculpa se nunca mais houve minhas notícias, mas andei em deslocações e regressei de Itália apenas ontem. 

Nos últimos tempos, estive a trabalhar num artigo sobre o plano de reordenamentos na Guiné durante o Governo de Spínola. Entreguei um abstract (que quando terei autorização irei partilhar com muito gosto consigo) para o congresso "Colonial and Post Colonial landscapes", que terá lugar na Fundação Gulbenkian de 16 a 18 de janeiro. 

Deixo-lhe aqui em baixo o link no caso lhe interessasse: https://www.colonialandpostcoloniallandscapes.com

Venho com este meio contactá-lo enquanto queria lhe perguntar se tiver, ou se sabe quem poderia ter ou em qual arquivo encontrar, fotografias aéreas do reordenamento de Nhabijões. Pareceu-me um caso exemplificativo para mostrar a atuação da politica dos reordenamentos. Infelizmente no site https://blogueforanadaevaotres.blogspot.com não consegui encontrar fotografias de vista de cima. 

Como sempre agradeço a sua disponibilidade e apoio,

Desejo-lhe um ótimo começo de 2019

Melhores Cumprimentos,

Francesca
___________

Francesca Vita

PhD student in Architecture at FAUP
FCT PhD studentship

PT // IT
(port) +351 915544599
(ita) +39 3312831235
francesca.vita0@gmail.com
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Guiné 61/74 - P19366: O nosso blogue em números (57): de 2012 a 2018, entraram em média, por ano, cerca de 27 novos membros para a Tabanca Grande: somos agora 783, dos quais 70 já faleceram.


Fonte: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2019)

1. No final de 2018, a Tabanca Grande contava com 783 membros, também designados como "grã-tabanqueiros" ou "tertulianos",  sentados simbolicamente à volta de um sagrado e protetor poilão...

No final de 2017, eram 765 membros. Entraram, portanto, durante o ano de 2018,  18 novos membros (Gráfico nº 5).

No final de 2016, éramos 731... Em junho de 2006, éramos 111... De abril de 2004 a maio de 2006, entram em média, 5,3 novos membros por mês (!)...  

Mais do que triplicámos em pouco mais do que três anos e meio (de junho de 2006 a dezembro de 2009), passando a ser 390 membros da Tabanca Grande: crescimento médio mensal = 6,5.

De 2009 (n=390) a 2012 (n=595), o crescimento médio mensal continuou alto (5,7). De então para cá, esse indicador tem vindo a diminuir: é agora de apenas 1,5 por mês. Foi de 2,8 em 2017 e  1,7 em do que em 2016. (*)

Comparando os últimos 7 anos (2012-2018), tivemos um média anual de c. 26,9 entradas para a Tabanca Grande.

Em 176 meses, ou seja, em  quase 15 anos da nossa história (que vamos comemorar em abril de 2019),  tivemos em média, 4,4 novos membros por mês, o que é notável. (**)


2. No ano de 2018  tivemos 9 "baixas" (por falecimento),  o mesmo número de  2017.

Lembremos aqui, por ordem alfabética, os nomes dos 9 camaradas, inscritos formalmente na Tabanca Grande, que "da lei da morte se foram libertando":

António Manuel Sucena Rodrigues (1951-2018)
Armando Teixeira da Silva (1944-2018)
Carlos Cordeiro (1946-2018)
Gertrudes da Silva (1943-2018)
João Rebola (1945-2018)
João Rocha (1944-2018)
Joaquim Peixoto (1949-2018)
Luís Encarnação (1948-2018)
Manuel Carneiro (1952-2018)

São agora já 70 os camaradas e amigos já falecidos nestes 14 anos e 8 meses  de existência do nosso blogue. Mas podem eventualmente ser mais. Há membros da nossa Tabanca Grande que não têm feito a "prova de vida"  nos últimos anos, contactando-nos, escrevendo-nos, telefonando-nos, aparecendo nos convívios das diversas tabancas, etc. É o caso, por exemplo, do António Paiva, que estava doente e pode infelizmente já não estar entre nós. (Foi soldado condutor auto rodas, Bissau, HM 241, 1968-70.)

De qualquer modo, connosco ninguém fica na "vala comum do esquecimento"...  É esse um dos objetivos deste blogue, que é, ao fim de 15 anos, a maior rede social de ex-combatentes da Guiné (1961/74).

3. Não confundir, no entanto,  membros da Tabanca Grande, formalmente registados (n=783), com amigos do Facebook, da nossa página Tabanca Grande Luís Graça (n=2813).  

O processo de adesão de uns e outros é diferente: o blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné acolhe essencialmente ex-combatentes que estiveram no TO da Guiné, entre 1961 e 1974, e que querem partilhar memórias do tempo da sua comissão de serviço (fotos, histórias, depoimentos, etc.).

Por outro lado, o blogue tem um conjunto regras editoriais que os membros da Tabanca Grande têm de respeitar. No entanto, há uma série de "amigos do Facebook", ex-camaradas da Guiné, que bem poderiam integrar o nosso blogue... Para isso basta, contactar os editores por email, pedindo expressamente a sua entrada no blogue da Tabanca Grande [leia-se: como membros do Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]. Junto com o pedido, exige-se duas fotos (uma atual, à paisana,  e outra do "antigamente", fardado) e duas linhas de apresentação: sou o fulano tal, estive na companhia tal, no período tal, passei pelos sítios tais e tais...

Em 2019 queremos ultrapassar as 8 centenas de amigos e camaradas da Guiné. Já faltam poucos: só 17!
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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 10 de janeiro de  2018 > Guiné 61/74 - P18199: O nosso blogue em números (49): em c. de 14 anos (164 meses) entraram 4,7 novos membros, por mês, para a Tabanca Grande: éramos 111, em junho de 2006, somos agora 765 (em dezembro de 2017)... Neste último ano tivemos 9 "baixas", por falecimento.

Guiné 61/74 - P19365: O nosso blogue em números (56): Em 2018 publicámos 1189 postes, em média 3,3 por dia... A nossa produção tem vindo a baixar desde 2010 (, ano em que atingimos o recorde, com 1955 postes)


Fonte: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2019)


1. O número de postes publicados  entre 1/1 e 31/12/2018, segundo o apuramento feito pelo nosso coeditor Carlos Vinhal, foi de 1189. Em 2017, publicaram-se 1262 postes... O número de postes anuais tem vindo a decrescer desde 2010, ano em que foi atingido o recorde (n=1955) (Gráfico 4).

Em 2018, os 1189 postes publicados foram assim distribuídos pelos 3 editores em efetividade de funções:

Luís Graça  / Tabanca Grande- 566
Carlos Vinhal - 611
Magalhães Ribeiro - 12

Entre os postes publicados por Luís Graça e Tabanca Grande, estão seguramente algumas dezenas, da autoria do Jorge Araújo, coeditor que, por razões técnicas, ainda não está a "postar" com o seu nome... É o principal animador da série "(D)outro lado do combate"...

Em 2017 publicaram-se 1262 postes o que se traduz em menos 1,4 postes por semana em 2018. Média diária: cerca de 3,3 postes... Foi de 3,45/dia, em 2017...

"Nada de grave. É natural este ciclo de diminuição do número de postes publicados, uma vez que estará quase tudo dito pela tertúlia" (Carlos Vinhal dixit)...

Por outro lado, "graças à preciosa colaboração do confrade Mário Beja Santos, estamos numa fase de conhecimento de documentação e bibliografia, publicadas na nossa série Historiografia da Presença Portuguesa em África, que na Guiné que nos interessa particularmente." (**)
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Nota do editor:

Guiné 61/74 - P19364: Parabéns a você (1553): João Meneses, ex-2.º Tenente FZE do DFE 21 (Guiné, 1971); Ricardo Figueiredo, ex-Fur Mil Art do BART 6523 (Guiné, 1973/74) e Valentim Oliveira, ex-Soldado Condutor da CCAV 489 (Guiné, 1963/65)



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Nota do editor

Último poste da série de 2 de janeiro de 2019 > Guiné 61/74 - P19354: Parabéns a você (1552): Carlos Marques Santos, ex-Fur Mil Art da CART 2339 (Guiné, 1968/69)

sexta-feira, 4 de janeiro de 2019

Guiné 61/74 - P19363: O nosso blogue em números (55): em nove anos (de 2010 a 2018) temos em média cerca de um milhão de visualizações de páginas / visitas por ano



Fonte: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2019)



1. O nosso blogue atingiu, no final do ano de 2018, cerca de de 10,9 milhões de visualizações de páginas (grosso modo, de "visitas", o que não é exatamente igual a "visitantes"...), segundo as estatísticas do nosso servidor, o Blogger:  9,1 milhões, desde maio de 2010, a que acrescem mais 1,8 milhões desde o início do blogue, em 23/4/2004. (Gráfico 2).

Em relação ao ano passado (2017), são pois mais cerca de 800 mil. De 2010 a 2018, temos um média anual de cerca de um milhão. (*)

Importa recordar que, nesse período de abril de 2004 a maio de 2010, tínhamos um outro contador; o saldo acumulado de visualizações de páginas não transitou automaticamente; a partir de maio de 2010, quando o Blogger disponibilizou um contador, começou a contagem no zero....

Em 2018, tivemos portanto cerca 800 mil visualizações de páginas / visitas (, em rigor, 760 mil), o que dá uma média diária de 2080 (menos 110 por dia do que em 2017).

 Não podemos desagregar este número pelos meses do ano. Mas sabemos que o movimento é variável conforme os meses, as semanas, os dias e as... horas.




Gráfico 3 - Nº de visualizções de páginas de 6/12/2018 a 5/1/2018, às 14h40  (Fonte: Blogger) (com a devida vénia...)


Interpretando o gráfico nº 3: no mês de dezembro de 2018,  o dia com mais visualizações  foi o 12/12/2018, quarta-feira (n=5032) e o dia com menos visualizações (n=849)) foi o final do ano, 31/12/2018, segunda-feira. 

Sabemos, pela experiência passada, que os dias com menor movimento são ao fim de semana (sábado e domingo)  e  aos feriados e os dias com mais movimento são os do início da semana (segunda e terça-feira).

Por exemplo: a contagem (automática) de hoje, às 14h40 era a seguinte:

Visualizações de páginas de hoje: 619 
Visualizações de página de ontem: 1093 
Visualizações de páginas no último mês  50486
Histórico total de visualizações de páginas: 9,06 milhões (8, 3 milhões, em finais de 2017)

O nº total de seguidores é agora  de  644 (602, em finais de  2017). (Não confundir com membros da Tabanca Gande, que esses são 783). (**). Os seus nomes e fotografias constam da coluna do lado esquerdo da págna estática do bloggue-
 
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Notas do editor:

Guiné 61/74 - P19362: Álbum fotográfico de Virgílio Teixeira, ex-alf mil, SAM, CCS / BCAÇ 1933 (São Domingos e Nova Lamego, 1967/69) - Parte LVIII: Sala de cinema do Clube do Gabu, Nova Lamego


Foto nº 1 > Nova Lamego > Dezembro de 1967 >  Na sala de cinema local de NL, onde passavam alguns filmes para divertir a malta. Na primeira fila a esposa do nosso médico Tenente Miliciano Cortez.


Foto nº 2 > Nove Lamego > Clube do Gabu > 18 de fevereiro de 1968 > Um grupo de militares e civis na porta do Cinema local, para assistir ao filme que parece chamar-se ‘Papoila … Flor’  [... Ampliando a foto, vê-se que o cartaz, ao fundo, na parede,  anuncia o filme "A Papoila Também É Uma Flor", um filme de Terence Young, de 1966...] (LG)



Foto nº 2a  > Nove Lamego > Clube do Gabu > 18 de fevereiro de 1968 > O filme, em exibição, segundo o cartaz, era "A Papoila também é uma flor", realizado por Terence Young, em 1966 (LG).


Foto nº 4 > Nova Lamego > Cinema  Local > 18 de fevereiro de 1968 > Um grupo maioritariamente de população civil na porta do cinema  para assistir ao filme do dia. 


Foto nº 3  > Nova Lamego > Cinema local > Janeiro de 1968 > Vista do interior da sala de cinema do Gabu, cadeiras de madeira, corridas e numeradas, o camarada ao meu lado não está interessado no filme, antes prefere ficar na fotografia.


Foto nº 5 > Nova Lamego > Cinema local > Fevereiro de 1968 > Interior da sala de cinema, chão de terra batida, pode ver-se pelos sapatos, eu, ao centro, assistindo ao filme do dia, numa sala abafada, quente, sem ar condicionado, nem ventoinhas.


Foto nº 6 > Nova Lamego > Janeiro de 1968 >Cinema local;  foto tirada por mim, só sendo visível – e muito mal – as costas do pessoal, os números das cadeiras, e o ecrã quase não se vê. Mas dá para ver que é apenas um pano de lona talvez, esticado por cordas. 

Guiné > CCS / BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69) > Nova Lamego, cinema local

Fotos (e legendas): © Virgílio Teixeira (2018). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



1. Continuação da publicação do álbum fotográfico do nosso camarada Virgílio Teixeira, ex-alfmil,SAM, CCS / BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69) (*)

[Foto à esquerda , o Virgílio e a esposa Manuela, na Tabanca de Matosinhos, Restaurante Espigueiro (ex-Milho Rei), 5 de setembro de 2018 (Foto: LG, 2018]


CTIG - Guiné 1967/69 - Álbum de Temas:

T062 – A SALA DE CINEMA DE NOVA LAMEGO
INTEGRANDO O COMPLEXO DO CLUBE DO GABU



I - Anotações e Introdução ao tema:

Na sequência de um Poste recente sobre o senhor Manuel Joaquim dos Prazeres  que passava filmes por toda a Guiné, assim aproximando culturas ocidentais e africanas, dando às crianças a conhecer um pouco do outro mundo, e ao mesmo tempo proporcionando às NT e famílias uma boa oportunidade de passar uma – das muitas – noite diferente esquecendo um pouco a nossa terra e os nossos entes queridos.

Diz o outro Poste que este Cinéfilo percorria a Guine toda na sua velha Carrinha Ford como mostra a fotografia do Poste.

Não me lembro de ver esta cena, nem o homem nem o camião Ford, pois ficaria certamente na minha mente e pelo menos uma foto eu lhe tirava, a não ser que lá estivesse numa das minhas ausências de Nova Lamego.

Retirei apressadamente esta meia dúzia de fotos, todas péssimas em geral, mas é o que tenho, estava nos meus princípios de vida, de fotógrafo amador, talvez não tivesse ainda o flash, e depois as piores são aquelas que os outros me tiravam com a minha máquina.

Sem acrescentar muito mais, o Cinema existia, está aí à vista, estava integrado num complexo de lazer, digamos assim, de café, esplanada, bilhares, cinema e muita música e bebida à mistura [, o clube do Gabu]. Um escape naquela terra que não deixo de recordar.

A maioria já tem mais de 50 anos, e pelo menos uma tem 51 anos, uma vida!


II - Legendas das fotos:

F01 – Na sala de cinema local de NL, onde passavam alguns filmes para divertir a malta.

Na primeira fila a esposa do nosso médico Tenente Miliciano Cortez, com várias crianças que deduzo são filhas do Administrador da Circunscrição local. Na segunda fila e da esquerda para a direita, Tenente do SGE, Albertino Godinho, e Alferes milicianos, Carneiro, Teixeira e Mesquita.

Foto captada em Nova Lamego, na sala de cinema local, provavelmente perto do Natal no mês de Dez de 1967.

F02 – Um grupo de militares e civis na porta do Cinema local, para assistir ao filme que parece chamar-se ‘Papoila … Flor’. Estávamos a dar as últimas na despedida daquela terra que ainda hoje me deixa grandes saudades. Passado uma semana já estávamos a caminho, Geba abaixo.

Foto captada em Nova Lamego, junto à sala de cinema local, No Clube do Gabu, em 18 Fevereiro 1968.

F03 – Vista do interior da sala de cinema do Gabu, cadeiras de madeira, corridas e numeradas, o camarada ao meu lado não está interessado no filme, antes prefere focar a Camara, não se vislumbra que filme passava, a foto está muito fraca.

Foto captada em Nova Lamego, dentro da sala de cinema local, No Clube do Gabu, num dia de Janeiro 68.

F04 – Um grupo maioritariamente de população civil na porta do Cinema local, para assistir ao filme do dia.  Estávamos a uma semana de dar as despedidas daquela terra deserta, árida, quente.

Foto captada em Nova Lamego, junto à sala de cinema local, No Clube do Gabu, em 18 Fevereiro 1968.

F05 – Foto dentro do cinema, chão de terra batida, pode ver-se pelos sapatos, assistindo ao filme do dia, numa sala abafada, quente, ser ar condicionado, nem ventoinhas.

Foto muito fraca de origem, e depois muito mal tratada, já com algum bolor.

Foto captada em Nova Lamego, dentro da sala de cinema local, No Clube do Gabu, em Fevereiro 1968.

F06 – Foto tirada por mim, só sendo visível – e muito mal – as costas do pessoal, os números das cadeiras, e o ecrã quase não se vê. Mas dá para ver que é apenas um pano de lona talvez, esticado por cordas. Foto muito fraca mesmo, mas ainda interessante para quem não conhece.

Foto captada em Nova Lamego, dentro da sala de cinema local, No Clube do Gabu, em Janeiro de 1968.


NOTA FINAL DO AUTOR:

# As legendas das fotos em cada um dos Temas dos meus álbuns, não são factos cientificamente históricos, por isso podem conter inexactidões, omissões e erros, até grosseiros. Podem ocorrer datas não coincidentes com cada foto, motivos descritos não exactos, locais indicados diferentes do real, acontecimentos e factos não totalmente certos, e outros lapsos não premeditados. Os relatos estão a ser feitos, 50 anos depois dos acontecimentos, com material esquecido no baú das memórias passadas, e o autor baseia-se essencialmente na sua ainda razoável capacidade de memória, em especial a memória visual, mas também com recurso a outras ajudas como a História da Unidade do seu Batalhão, e demais documentos escritos em seu poder. Estas fotos são legendadas de acordo com aquilo que sei, ou julgo que sei, daquilo que presenciei com os meus olhos, e as minhas opiniões, longe de serem ‘Juízos de Valor’ são o meu olhar sobre os acontecimentos, e a forma peculiar de me exprimir. Nada mais. #

«Propriedade, Autoria, Reserva e Direitos, de Virgílio Teixeira, Ex-alferes Miliciano do SAM – Chefe do Conselho Administrativo do BATCAÇ1933/RI15/Tomar, Guiné 67/69, Nova Lamego, Bissau e São Domingos, de 21SET67 a 04AGO69».

Acabadas de legendar, hoje,

Em, 2018-12-19
Virgílio Teixeira
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