sexta-feira, 29 de outubro de 2021

Guiné 61/74 - P22668: Peter Francisco (Ilha Terceira, Açores, 1760 - Richmond, Virgínia, 1831): um herói português na América... praticamente desconhecido em Portugal (José Belo, Key West, Florida)


Peter Francisco: retrato miniatura, óleo (meados do século XIX). 
Imagem do domínio público.


New Bedford, Massachusetts: Monumento a Peter Francisco  (Porto Judeu, Ilha Terceira, Açores, 1760 - Richmond, 16 de Janeiro de 1831), "patriota americano, de origem portuguea". 


New Bedford, Massachusetts > Monumento a Peter Francisco > Na placa lê-se: "Em honra de Peter Francisco, o Hércules da Independênca Americana. '“Sem ele teríamos perdido duas cruciais batalhas, talvez mesmo a guerra, e com ela a nossa liberdade. Peter Francisco é verdadeiramente um exército de um só homem!.' General George Washington."



Outro monumento a Pedro Francisco, 
Guilford Courthouse,  National Military Park



F
Foto à direita:  José Belo, jurista, o nosso luso-sueco, cidadão do mundo, membro da Tabanca Grande, reparte a sua vida entre a Lapónia (sueca), Estocolmo e Key-West (Flórida, EUA); foi nomeado por nós régulo (vitalício) da Tabanca da Lapónia, agora jibilado; na outra vida, foi alf mil inf, CCAÇ 2391, "Os Maiorais", Ingoré, Buba, Aldeia Formosa, Mampatá e Empada, 1968/70); é cap inf ref do exército português; durante anos alimentou, no nosso blogue, a série "Da Suécia com Saudade"; tem  mais de 210 referências no nosso blogue.


1. Mensagem de J. Belo: 

Data . 24 out 2021, 14h11
Assunto - Heróis portugueses quase desconhecidos em Portugal

Caro Luís

Vou enviar-te a história do soldado de origem açoriana que foi considerado um dos maiores heróis da guerra norte-americana pela independência:  Pedro Francisco, conhecido nos Estados Unidos como Peter Francisco, nascido em Porto Judeu, Angra do Heroísmo, Ilha Terceira, Açores em 1760.

O próprio comandante-chefe das tropas americanas, George Washington, escreveu referindo-se ao Peter Francisco :

“Sem ele teríamos perdido duas cruciais batalhas, talvez mesmo a guerra,e com ela a nossa liberdade. Peter Francisco é verdadeiramente um exército de um só homem!”


Noutros e-mails segue a história e algumas fotos, que recolhi na Net.  Ainda estou na Suécia até ao fim do mês, mas gostava de levar uma boa tradução do 
poste ,que irei espalhar entre amigos e conhecidos nos States, principalmente entre os que vivem na Virgínia e Pensilvânia, locais de algumas das batalhas.


Um abraço. J. Belo



O mais famoso soldado da Guerra pela Independência 
Norte-Americana era de origem portuguesa, 
Peter Francisco (1760-1831)


Pedro Francisco, ou Peter Francisco,  como é conhecido nos Estados Unidos, nasceu em 1760 no Porto Judeu, Ilha Terceira, Açores.

Existem duas versões sobre o seu aparecimento na América.

Numa delas conta-se ter sido raptado, quando tinha cinco anos de idade, por marinheiros de passagem com vista à sua posterior venda nas Américas.

Na outra versão, terão sido os pais de Francisco que o terão entregue a um comandante de navio com vista a uma educação para a vida no mar.

De qualquer modo ele acabou por ser abandonado na enseada de City Point (hoje Hope Well) no actual Estado da Virgínia.

Foi inicialmente recolhido num hospício para órfãos e pobres de onde acabou por ser retirado por um conhecido juiz,e proprietário de plantações locais, Antony Wiston.

Aos 16 anos de idade, em 1776, apresenta-se como voluntário no 10º Regimento da Virgínia.
Passa deste modo a fazer parte do Exército Continental em luta contra os ingleses pela independência.

A sua coragem, fora do comum, aliada a um voluntarismo constante, rapidamente o fizeram notar tanto por camaradas como por superiores.

Procurou sempre o centro dos violentos combates,  tendo sido ferido nas batalhas de Brandywine, Pensilvânia,  e na de Monmouth (, travada perto de 
Monmouth Court House, que hoje fica em território do estado de New Jersey).

Em Julho de 1779 salientou-se na conquista do campo fortificado de Stony Point onde foi o segundo homem a conseguir transpor as muralhas depois de inúmeras baixas em seu redor.
Conseguiu tomar posse da bandeira inimiga e, apesar de gravemente ferido no abdómen, fez questão em ser ele a entregá-la pessoalmente ao seu comandante.

Neste período o Peter Francisco já era uma figura lendária em todo o exército. Mas foi na batalha de Camden, na Carolina do Sul,  em 16 de agosto de 1780, que a sua fama atingiu o topo.

Esta batalha correu mal para os revoltosos que foram obrigados a retirar. Sendo um dos últimos a retirar da linha da frente, Peter Francisco verificou que um canhão tinha sido abandonado pelos seus camaradas e estava meio enterrado na lama.

As tropas inglesas aproximavam-se rapidamente para se apoderar desta arma. Peter Francisco separa a peça do seu transporte e sozinho leva-a nos braços até à nova linha de defesa americana.

O canhão, então de modelo muito usado, pesava 1.100 libras (pound) ou seja...499 quilos!


Peter Francisco não era um homem pequeno. Aos vinte anos de idade tinha de altura 6  pés (feets) 6 polegadas (inches), ou seja, 1,92 metros, o que era mais de um pé  (30, 48 cm) do que a altura média na época. Pesava então 260 libras (pounds) (118 quilos).

Tendo chegado ao conhecimento do comandante-chefe, George Washington, que Peter Francisco se lamentava sempre de que a espada do seu armamento era pequena para a sua estatura, ordenou que se forjasse uma espada especial para ele com o tamanho de 6 pés  (1,83 m).

Espada que lhe foi solenemente entregue e se tornou muito útil na tropa de Cavalaria de que Pedro Francisco passou a fazer parte, alistado em 1781.
 
Foi a batalha de Guilford Courthouse que ficou especialmente ligada às proezas deste militar.
Com o seu exemplo e coragem influenciou os seus camaradas e, ele próprio, acabou por abater,  em combate corpo a corpo,  11 soldados ingleses.


A casa-museu de Peter Francisco na Virgínia


Aquando das comemorações do segundo centenário da independência norte-americana. em o serviço postal editou uma coleção de selos em que figuram os principais heróis da revolução. 

No selo dedicado a Peter Francisco (imagem à direiat) está escrito: “Lutaram pela causa…..um lutador extraordinário”. (Acompanhado pela imagem do herói, carregando ao ombro o famoso canhão referido acima.)

Recorde-se que a independência das treze colónias (os Estados Unidos da América) foi declarada em 4 de julho de 1776 e reconhecida pelos ingleses em 1783, após cinco anos de guerra. 


"Consideramos que essas verdades são evidentes por si mesmas, que todos os homens são criados iguais, que são dotados por seu Criador com certos direitos inalienáveis, que entre eles estão a Vida, a Liberdade e a busca da Felicidade."

Por sua vez, a casa de Peter Francisco, na Virgínia, foi totalmente recuperada pelos seus descendentes, sendo hoje um museu dedicado à sua vida.



J. Belo

(Fotos rec9lhidas na Net, e reproduzidas com a devia vénia aos seus autores)

PS - Pedro Francisco Machado foi homenageado na sua terra natal, Porto Judeu, concelho de Angra do Heroísmo, Ilha Terceira, Açores,  com nome de rua e  estátua em bronze, da autoria de Rui Goulart (fundição Lage, 2015). A estátua representa um menino, de 5 anos, de pé, perscrutando o horizonte, o mar. Foi inaugurada no 25oº aniversário da chegada de Pedro à América, Fotos podem ser ser vistas aqui. O escultor, açoriano da ilha do Pico, tem página no Facebook, aqui. (LG)

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quinta-feira, 28 de outubro de 2021

Guiné 61/74 - P22667: Convívios (920): XI Encontro dos "Ilustres TSF", levado a efeito no passado dia 20 de Outubro em Lisboa (Hélder Valério de Sousa, ex-Fur Mil TRMS)

Lisboa, 20 de Outubro > XI Encontro dos Ilustres TSF > Foto de família > Sentados: Marques, Miguel, Martinho, Cruz e Eduardo. De pé: Lã e Hélder


1. Em mensagem de 26 de Outubro de 2021, o nosso camarada Hélder Valério de Sousa (ex-Fur Mil de TRMS TSF, Piche e Bissau, 1970/72), dá.nos conta do XI Encontro dos Ilustres TSF levado a efeito no passado dia 20.

XI ENCONTRO DOS “ILUSTRES TSF”

Caros amigos

Nestes tempos mais recentes fomos surpreendidos pelo falecimento inesperado de pessoas com que interagimos aqui no nosso Blogue: foi o Torcato Mendonça, foi o Zé Dinis, foi o Victor Barata. Já outros também nos deixaram, mas referi estes por serem os mais próximos e também porque com eles tive um relacionamento mais aprofundado.

Para contrariar sentimentos negativos e/ou angustiantes derivados desses funestos eventos, e depois de ultrapassados diversos obstáculos, 7 dos elementos a que me costumo referir como sendo os “Ilustres TSF” conseguiram promover um Encontro, o XI Encontro, no passado dia 20.

Esse Encontro ocorreu em Lisboa, num restaurante na Avenida Almirante Reis e depois dele ainda houve tempo para uma visita pedonal, desde o Martim Moniz, passando pela “Manteigaria Silva” para apreciar (e obter) “o melhor bacalhau do mundo”, percorrendo depois alguns locais da Baixa Pombalina, utilizando os chamados “elevadores de Lisboa” até ao Miradouro do Chão de Loureiro, descendo à Mouraria e percorrendo a Rua do Capelão. Visita a locais históricos e de cunho cultural. Já várias vezes, quando dou notícia destes eventos deste Grupo, costumo também escrever que “um dia”, falarei de todos e cada um do “Ilustres TSF”. Não é hoje, não é aqui.

Por hoje apenas deixo nota deste XI Encontro, do gosto e alegria manifestados pelos participantes, das dificuldades e esforços que foram necessários efetuar para que fosse uma realidade. Os “Ilustres” foram 15. Neste Encontro estiveram 7, aqueles que conseguiram resolver os obstáculos com que agora quase todos nos deparamos: responsabilidades e ocupações familiares, problemas de saúde, com consultas médicas, intervenções cirúrgicas, problemas com maior ou menos gravidade.

Na foto ilustrativa que envio temos então, em baixo e da esquerda para a direita, Fernando Marques, de Alhandra a viver em Lisboa e que foi um dos dois dos “Ilustres” que não foi mobilizado, Mário Miguel, de Barcelos que esteve em Moçambique, Manuel Martinho, de Vila das Aves, que esteve na Guiné, Fernando Cruz, do Porto, que esteve em Moçambique e Eduardo Pinto, de Viseu a viver em Lisboa, que esteve na Guiné. Em cima, pela mesma ordem, Carlos Lã, de Faro, que esteve em Angola e Hélder Sousa que vive em Setúbal e esteve na Guiné.

Hélder Sousa
Fur. Mil. Transmissões TSF

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Nota do editor

Último poste da série de 21 DE OUTUBRO DE 2021 > Guiné 61/74 - P22649: Convívios (919): Convívio do pessoal da 35.ª C. Comandos, dia 27 de Novembro de 2021, em Ançã, Coimbra (Ramiro Jesus, ex-Fur Mil CMD)

Guiné 61/74 - P22666: Bom dia, desde Bissau (Patrício Ribeiro) (19): ilha de Soga, arquipélago dos Bijagós, junho de 2021: II (e última) Parte: Os fantasmas da Op Mar Verde (invasão de Conacri, em 22/11/1970)


Foto nº 13
>Guiné-Bissau > Arquipélago dos Bijagós > Ilha de Soga >  Junho de 2021 > Etamburo > O Patrício Ribeiro lendo o livro  "Operação Mar Verde", de António Luís Marinho.


Foto nº 11 >Guiné-Bissau > Arquipélago dos Bijagós > Ilha de Soga >  Junho de 2021 > Restos fantasmagórivos do  Quartel de Soga... Ainda existem alguns pavilhões que poderão ser recuperados.  Aaqui partiram os militares portugueses para Conacri em 20.11.1970 às 20,00 h, para a Operação Mar Verde. E no final da operação, para aqui voltaram.


Foto nº 11.1 > 
>Guiné-Bissau > Arquipélago dos Bijagós > Ilha de Soga >  Junho de 2021 > Restos fantasmagórivos do  Quartel de Soga (1)


Foto nº 11.2 > Guiné-Bissau > Arquipélago dos Bijagós > Ilha de Soga >  Junho de 2021 > Restos fantasmagóricos do  Quartel de Soga (2)


Foto nº 11.3 > 
Guiné-Bissau > Arquipélago dos Bijagós > Ilha de Soga >  Junho de 2021 > Restos fantasmagóricos do  Quartel de Soga (3): estrtutura de uma viatura


Foto nº 12 > 
Guiné-Bissau > Arquipélago dos Bijagós > Ilha de Soga >  Junho de 2021 > No interior da ilha, a norte, houve um acampamento militar a cerca de 3 km da rampa e do quartel, onde se deu formação aos opositores de Sékou Touré. Visitei o local, é uma lala, onde já não há vestígios do acampamento. Até há poucos anos, havia algumas palmeiras cravejadas de balas, agora só há cajueiros.


Foto nº 12.1 > 
Guiné-Bissau > Arquipélago dos Bijagós > Ilha de Soga >  Junho de 2021 > Antigo acampamento militar (1)


Foto nº 12.2 > Guiné-Bissau > Arquipélago dos Bijagós > Ilha de Soga >  Junho de 2021 > Antiho acampamento militar (2)


Foto nº 12.3 > 
Guiné-Bissau > Arquipélago dos Bijagós > Ilha de Soga >  Junho de 2021 > No interior da ilha, a norte, houve um acampamento militar a cerca de 3 km da rampa e do quartel, onde se deu formação aos opositores de Sékou Touré. (3


Foto nº 10 >Guiné-Bissau > Arquipélago dos Bijagós > Ilha de Soga >  Junho de 2021 >
Rampa Cais de Ancanquê, junto ao antigo quartel... Em frente a ilha de Bubaque


Foto nº 10.1 >Guiné-Bissau > Arquipélago dos Bijagós > Ilha de Soga >  Junho de 2021 >
Rampa Cais de Ancanquê, junto ao antigo quartel... Em frente a ilha de Bubaque (1)


Foto nº 10.2  >Guiné-Bissau > Arquipélago dos Bijagós > Ilha de Soga >  Junho de 2021 >
Rampa Cais de Ancanquê, junto ao antigo quartel... Em frente a ilha de Bubaque (1)

Fotos (e legendas): © Patrício Ribeiro (2021). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1
. Continuação da publicação das fotos da ilha de Soga, visitada em junho de 2021 pelo Patrício Ribeiro (português, natural de Águeda, da colheita de 1947, criado e casado em Nova Lisboa, hoje Huambo, Angola, ex-fuzileiro em Angola durante a guerra colonial, a viver na Guiné-Bissau desde meados dos anos 80 do séc. XX, fundador, sócio-gerente e director técnico da firma Impar, Lda; membro da nossa Tabanca Grande, com mais de 110 referências no blogue) (*)

Data - 17 out 2021, 13:40

Assunto - Fotos da ilha de Soga

Junto mais umas fotos, da Ilha de Soga: “quem lá vai, já não sai”...



2ª Parte


Seguem fotos da rampa Cais de Ancanquê, junto ao antigo quartel. A rampa está a ser reparada pela ONG AIDA, com financiamento da UE.

Uns metros mais à frente da rampa no mar, o meu GPS marcava um canal com 10 mt de profundidade.

Poucas milhas à frente, está a Ilha de Bubaque, que pode ser vista nas fotos nºs 10, 10.1, 10.2


Guiné > Arquipélago dos Bijagós > Carta de Bubaque (1057) > Escala 1/50 mil > Posição relativa das ilhas de Soga, Bubaquie, Rubane e Formosa.

Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2021)


Do Quartel de Soga, ainda existem alguns pavilhões que poderão ser recuperados. A ONG SOGA, está a pensar fazê-lo, mas com são terrenos militares, por vezes encontram muitos obstáculos… (Fotos nºs  11, 11.1, 11.2, 11.3).

Daqui partiram os militares portugueses para Conacri em 20 de novembro de 1970 às 20,00 h, para a Operação Mar Verde. E no final da operação, para aqui voltaram.

No interior da ilha, a norte, houve um acampamento militar a cerca de 3 km da rampa e do quartel, onde se deu formação aos opositores ao regime de Sékou Touré.

Visitei o local, é uma lala, onde já não há vestígios do acampamento. Até há poucos anos, havia algumas palmeiras cravejadas de balas, agora só há cajueiros. (Fotos nºs  12, 12.1, 12.2).

Nesta viagem para a Guiné, tinha levado alguns livros de Lisboa para ler; para a ilha de Soga, fui acompanhado pelo “Operação Mar Verde”, 2ª Edição (Foto nº 13).

Nota: para esta ilha, não há transportes públicos. Só se lá chega através de canoas, ou com os pescadores, nas suas pirogas.

Abraço
Patrício Ribeiro 

IMPAR Lda
Av. Domingos Ramos 43D - C.P. 489 - Bissau, Guin+e Bissau
Tel 00245 966623168 / 955290250
www.imparbissau.com
impar_bissau@hotmail.com

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Nota do editor:

(*) Último poste da série > 23 de outubro de 2021 > Guiné 61/74 - P22653: Bom dia, desde Bissau (Patrício Ribeiro) (18): ilha de Soga, arquipélago dos Bijagós, junho de 2021 (Parte I)

(...) Comentário de Patricio Ribeiro ao poste P22653:

(...) Tive curiosidade de ler tudo o que foi possível sobre a Operação "Mar Verde", quando praticamente no mesmo dia, eu já ouvia a Rádio Moscovo e a Rádio Brazzaville do MPLA a falar no ataque.

E depois de um camarada, da Escola de Fuzileiros de Vale do Zebro me aparecer em Luanda (, uns dias depois da operação), a contar que tinha saído de Bissau para Luanda, pois o Spínola mandara sair de Bissau todos os que tinham estado em Conacri. E que ele lá não morreu, porque a bala entrou no carregador!!!

Mais tarde, tive a possibilidade de ler o que o Comandante Alpoim escreveu sobre a operação, depois a 1ª edição da Operação Mar Verde, assim como a 2ª edição do livro do António Luís Marinho.

Não li tanto como o historiador José Matos, que há 2 dias me assinou o livro "Ataque a Conacri", na sessão de lançamento do livro. Tive oportunidade de assistir ao debate do lançamento do livro, em que a plateia estava dividida ...

Conforme se pode ler nos diversos livros, "quem entrava na Ilha de Soga, já não saía", para manter a operação secreta.

Convivi e conversei muito, com o Comandante Alpoim Calvão em Lisboa, Bissau e em Bolama, nos últimos anos da vida dele. Ele era o comandante da Escola de Fuzileiros em 1968, quando eu para lá fui aprender a caminhar no lodo diariamente, atividade que ainda hoje pratico profissionalmente. Vi muitos colegas meus a fazer pistas de lodo de madrugada à chuva, de "castigos que ele atribuía",  e de combates de boxe, no gabinete dele, em que a outra parte tinha direito a defender-se, quando o assunto era mais grave. (...)

 
23 out 2021 12:23

Guiné 61/74 - P22665: Parabéns a você (1997): Coronel Ref Luís Marcelino, ex-Cap Mil, CMDT da CART 6250/72 (Mampatá e Colibuia, 1972/74)

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Nota do editor

Último poste da série de 11 DE OUTUBRO DE 2021 > Guiné 61/74 - P22618: Parabéns a você (1996): Patrício Ribeiro, ex-Fuzileiro Naval (Angola, 1969/72) - Residente na Guiné-Bissau

quarta-feira, 27 de outubro de 2021

Guiné 61/74 - P22664: Historiografia da presença portuguesa em África (287): A história turbulenta da delimitação das fronteiras franco-portuguesas da Guiné (2): "A questão do Casamansa e a delimitação das fronteiras da Guiné", por Maria Luísa Esteves; edição conjunta do Instituto de Investigação Científica Tropical e do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisa, Lisboa, 1988 (Mário Beja Santos)


1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 11 de Janeiro de 2021:

Queridos amigos,
Este livro de Maria Luísa Esteves devia ser cuidadosamente lido por quem procura esclarecimento sobre as permanentes rebeliões no Casamansa, onde há um movimento independentista que recusa viver dependente do Senegal, é uma história que envolve a definição de uma fronteira que separou etnias, maltratou uma coesão territorial que perdurava há séculos. A autora disseca com imenso cuidado toda a questão do comércio do Casamansa e a nossa presença em Ziguinchor, relativa indiferença com que o governo de Cabo Verde e sobretudo em Lisboa apreciavam a crescente influência francesa no rio, passou a ser determinante na estratégia da presença francesa na África Ocidental. Seguiu-se um quebra-cabeças da delimitação das fronteiras e é bom que o leitor olhe para as duas cartas que acompanham este texto e atenda ao pormenores com que a autora vai tratando as sucessivas missões, as trocas de terreno e as sucessivas pressões da França para ganhar mais espaço. Os historiadores da Guiné-Bissau também devem estar atentos ao zelo e à dignidade que diferentes delegados portugueses manifestaram em manter fronteiras que separassem ao mínimo populações que viviam em comunidade há séculos. Mas a saga continua, aguardem novas surpresas.

Um abraço do
Mário



A história turbulenta da delimitação das fronteiras franco-portuguesas da Guiné (2)

Mário Beja Santos


A definição de fronteiras da colónia da Guiné, as sucessivas operações de delimitação ocupam um relevo muito significativo no importante trabalho de Maria Luísa Esteves intitulado A Questão do Casamansa e a Delimitação das Fronteiras da Guiné, Instituto de Investigação Científica Tropical, 1988. 

A autora colheu corretamente uma grande angular que permite ir aos bastidores da importância que atribui ao rio Casamansa como espaço de influência portuguesa, dá-nos conta da gradual infiltração da presença francesa e como ao longo do século XIX se foram amontoando conflitos, nunca se descurando o papel de Honório Pereira Barreto comprando e contratualizando o território. Numa posição de grande fragilidade, e numa expetativa política de obter apoio francês nas nossas pretensões na África Austral, assinou-se a Convenção de 12 de Maio de 1886, desistindo os negociadores portugueses de todos os direitos sobre o Casamansa, em troca da região de Cacine, a fronteira a Sul tirava-nos a presença no rio Nuno e a França desistia a nosso favor, no Zaire, do território de Massabi.

A investigadora releva exaustivamente o acervo das negociações, e assim chegamos ao texto da Convenção e ao importantíssimo Artigo 1.º:

Na Guiné, a fronteira que há de separar as possessões portuguesas das possessões francesas seguirá conforme o traçado indicado na carta que se mostra neste artigo: ao Norte, uma linha que, partindo do Cabo Roxo, se conservará, tanto quanto possível, seguindo as indicações do terreno, a igual distância dos rios de Casamansa e de S. Domingos de Cacheu até à interceção do meridiano de 17º e 30’ de longitude Este com o paralelo de 12º40’ de latitude Norte. Entre este ponto e o meridiano de 16º de longitude Oeste de Paris a fronteira confundir-se-á com o paralelo de 12º40’ de latitude Norte. A Leste, a fronteira seguirá o meridiano de 16º de longitude Oeste de Paris, desde o paralelo de 12º40’ de latitude Norte até ao paralelo de 11º40’ de latitude Norte. Ao Sul, a fronteira seguirá uma linha que partirá da foz do rio Cajet, situado entre a ilha Catack (que ficará para Portugal) e a ilha Tristão (que ficará para a França) e, conservando-se tanto quanto possível, segundo as indicações do terreno, a igual distância do rio Componi e do rio Cassini, depois do braço setentrional do rio Componi e do braço meridional do rio Cassini a princípio, e do rio Grande por fim, virá terminar no ponto de interseção do meridiano de 16º de longitude Oeste de Paris ou paralelo de 11º40’ de latitude Norte. Ficarão pertencendo a Portugal todas as ilhas compreendidas entre o meridiano do Cabo Roxo, a costa, e um limite meridional formado por uma linha que seguirá o talvegue do rio Cajet e se dirigirá depois para Sudoeste, seguindo o canal dos pilotos até atingir o paralelo de 10º40’ de latitude Norte com o qual se confundirá até ao meridiano do Cabo Roxo”. Outros dados relevantes do texto da Convenção era o reconhecimento que Portugal fazia do protetorado da França sobre os territórios do Futa-Djalon. 

Do Artigo 4º constava a promessa de o governo francês reconhecer a Portugal o direito de exercer a sua influência soberana e civilizadora nos territórios que separam as possessões portuguesas de Angola e Moçambique, sob reserva dos direitos anteriormente requeridos por outras potências".

E começou assim a saga da determinação das fronteiras da Guiné. Primeiro, a missão de 1888. Na fronteira Sul não se levantaram problemas de maior na execução do acordo. Houve resistência em abandonar a praça de Ziguinchor, os residentes retardaram até 22 de abril de 1988. E surgiram divergências no traçado da fronteira Norte, a delegação francesa insistia que, sendo o Casamansa agora um rio francês, deveriam pertencer à França todos os territórios por ele banhados e propunha-se a substituição do Cabo Roxo por Ponta Varela como ponto de partida da linha de fronteira. A delegação portuguesa recusou, o Ministro dos Negócios Estrangeiros Português, Hintze Ribeiro, não cedeu, entretanto os conflitos nas zonas fronteiriças faziam sentir que era indispensável encontrar uma solução. 

E eram conflitos que obrigaram a intervenção militar: o régulo de Firdu, no Casamansa, Mussá Maló, súbdito francês, invadiu territórios pertencentes ao distrito de Geba, ameaçou outros pontos como Farim. Em março de 1893, de novo Mussá Maló transpôs a fronteira portuguesa e pretendia atacar Geba. As populações viviam numa permanente agitação, até porque andava um oficial francês que dizia ter recebido instruções do governo do Senegal para levantar plantas nas circunscrições de Farim e Geba. 

Era inadiável concluir a delimitação, procurar reconciliar os régulos desavindos e acabar com os desentendimentos entre Mussá Maló e os comandantes de Geba e Farim. Mas surgiram igualmente problemas na Fronteira Sul, na região de Cacine, houvera um conflito em Catak, território português por se encontrar ao norte da Ponta Cagete. Havia cenas lamentáveis de arrear e hastear a bandeira francesa, igualmente o comandante francês de Kantiafara atravessara a fronteira e ameaçara alguns chefes dizendo que aqueles territórios pertenciam à França.

E assim se chegou à missão de 1900. Os obstáculos estavam detetados, fundamentalmente a Norte. Mas sabia-se também que os franceses pretendiam estabelecer um posto militar no Componi. Aceitava-se a pretensão francesa de mudar a fronteira do Cabo Roxo para o Cabo Varela. Informava-se França de que estavam a ser colocados marcos na fronteira Sul. Como aumentavam as dificuldades por parte dos franceses e a missão portuguesa não tinha diretrizes nem poderes para tomar decisões, suspenderam-se as operações de delimitação. O governo francês apresenta uma proposta surpreendente: dar autorização aos delegados para fazerem cedências recíprocas do território que seriam depois sancionadas ou não pelos governos respetivos. 

Passa-se para a missão de 1901, demarca-se a fronteira sul e sudoeste, os ministros do Ultramar e dos Negócios Estrangeiros concordam que se dê validade à demarcação da parte Sul e Sudoeste da fronteira da Guiné. Estamos já numa outra missão, que decorreu de 1902 a 1903, os franceses levantavam dificuldade ao traçado na região Leste, procurava-se negociar um sistema de compensações territoriais recíprocas. E chega-se à aprovação das fronteiras Leste e Sul. 

Tudo vai continuar na missão de 1904 e vale a pena aqui registar uma nota curiosa, Oliveira Muzanty (será mais tarde governador da Guiné) chega a Lisboa e elogia o procedimento do régulo de Gabú, fora muito atencioso com a comissão portuguesa, propõe que se cimente a amizade com o povo do Gabú e o diretor-geral do Ultramar aprova um presente constituído por um conjunto de artigos onde não faltava um talim de seda e ouro, uma espada antiga, uma caixa de guerra e baquetas, seis caixas de vinho espumoso, lenços de cor e de seda e até cobertores de algodão e de lã. O objetivo principal desta missão era a demarcação da fronteira entre o rio Cacheu e o Casamansa. Nesta fase dos trabalhos, ambas as missões concluem haver hostilidade das povoações Balantas da região do Casamansa e Cacheu, era preciso levar tropa. Sucede que o chefe Balanta não levantou qualquer obstáculo às missões e o chefe Balanta veio pedir a bandeira portuguesa que foi entregue durante uma cerimónia que causou admiração aos franceses.

Vamos ver seguidamente a missão de 1904 a 1905.

(continua)

Carta da delimitação franco-portuguesa da Guiné, 1886, por E. Desbuissons, Paris
Carta da Colónia da Guiné, 1933
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Nota do editor

Último poste da série de 20 DE OUTUBRO DE 2021 > Guiné 61/74 - P22647: Historiografia da presença portuguesa em África (286): A história turbulenta da delimitação das fronteiras franco-portuguesas da Guiné (1): "A questão do Casamansa e a delimitação das fronteiras da Guiné", por Maria Luísa Esteves; edição conjunta do Instituto de Investigação Científica Tropical e do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisa, Lisboa, 1988 (Mário Beja Santos)

Guiné 61/74 - P22663: "Diário de Guerra, de Cristóvão de Aguiar" (texto cedido pelo escritor ao José Martins para publicação no blogue) - XI (e última) Parte: Leiria, 27/1/1970: "Faz hoje exactamente três anos que cheguei da guerra e o relógio psíquico interior acusou a efeméride e quis condignamente celebrá-la".


LIsboa > Benfica > Biblioteca-Museu República e Resistência – Espaço Grandella  > 27 de novembro de 2008 > O Cristóvão de Aguiar,  à esquerda, na  na apresentação da nova edição do seu livro Braço Tatuado (2008). Foto:  cortesia de Alberto Branquinho (2008)



Capa do romance "Braço Tatuado - Retalhos da Guerra Colonial, 2ª ed Editora: Dom Quixote, Lisboa Colecção: Autores de Língua Portuguesa Ano de edição: 2008- Preço com IVA: 12,00 €

 
1. Continuação da (re)publicação do "Diário de Guerra", do nosso camarada açoriano e escritor Cristóvão de Aguiar (1940-2021), que faleceu na passada dia 5, aos 81 anos (*).  

Organização: José Martins; revisão e fixação de texto (para efeitos de publicação no nosso blogue): Virgínio Briote (,a partir da parte VI, Carlos Vinhal).

Estes excertos, que o autor selecionou e cedeu amavalmente ao José Martins, para divulgação no blogue, fazem parte do seu livro "Relação de Bordo (1964-1988)" (Porto, Campo das Letras, 1999, 425 pp). (**). São onze ao todo os postes publicados no blogue, este será o último. 



Cristóvão de Aguiar.
Foto: Wook (com a devida vénia...)



Diário de Guerra

por Cristóvão de Aguiar


Coimbra, 18 de Maio de 1968

Não merecia tanto. Há mais de um ano que regressei da guerra e não há maneira de me sentir inteiro. Ando por aí, caindo aos bocados, vomitando pelas ruas, agarrado às grades de ferro de certos muros, cheio de pânico no futuro, que o presente, estou-o desperdiçando, por isso me agarro doentiamente ao passado, que bem sei que nunca foi um paraíso e a prova visível sou eu próprio. 

As dores de cabeça são por vezes terríveis e prolongam-se por mais de um dia. Dizem-me os médicos que tenho de ajudar-me, caso contrário a vida deixa de me ter sentido. Já deixou. Pelo menos em certas ocasiões, que se estão multiplicando e tornando cada vez mais frequentes. 

Tenho feito exames e passado com classificações muito razoáveis, até fiz mais do que eu próprio esperava, talvez por pressentir que ninguém acreditava nas minhas possibilidades. Faltam-me apenas quatro cadeiras, três das quais de envergadura, para concluir o plano de estudos do meu curso. Por este andar ainda me formo em menos de um ano. Bem entendido que pago alto preço por cada disciplina que arrecado. Sempre que faço um exame, fico uns dias acrescentados de cama, desfalecido, pele e osso, o cérebro vazio, tentando reconstruir-me para enfrentar outro [...].

Tomar, 17 de Dezembro de 1968

Vim esperar meu irmão Artur. Chegou hoje de Moçambique. Quando me abraçou, disse-me à queima-roupa que eu parecia um esqueleto ambulante. Respondi-lhe que era do estudo intenso a que me tinha submetido, já que me estava preparando para concluir o curso dentro de pouco tempo. Menti-lhe. Nunca o meu estudo teve uma intensidade por aí além. E nunca a teve, não porque não desejasse, mas porque nunca tive tempo. O que me sobra, depois das preocupações que tenho comigo, pouco ou nada representa. 

De oficial de dia ao Regimento de Infantaria 15 estava o capitão da minha Companhia da Guiné, o que não veio connosco por ainda lhe faltar algum tempo para terminar a comissão de serviço. Enquanto meu irmão foi tratar da sua desmobilização, fui para o gabinete do oficial de dia, onde também eu já estivera algumas vezes de serviço, conversar um pouco com o velho capitão. Parecia que estávamos os dois na tropa. Quando o cabo de transmissões lhe veio trazer uma mensagem confidencial vinda do QG, leu e depois passou-ma, para que a lesse também. Tal qual como na Guiné. 

Valeu meu irmão, já desmobilizado, ter vindo buscar-me, caso contrário ainda me metia de novo na pele de alferes. Magreza quase igual à que trazia quando desembarquei, tenho-a também agora. De forma que só me faltava a farda. Meu irmão vem tão ansioso por embarcar para a América que me disse que vai já começar quanto antes a tratar dos papéis.

Gerês, 21 de Julho de 1969

Vim para as termas em cata de alívio. Perguntei ao Louzã Henriques se fazia bem em vir. Disse-me que sim, que mal não me faria. Vai sempre ao meu jeito e não sei se isso me faz bem. Estou aqui há mais de uma semana. Saiu o Doutor Quintela e vim eu para o seu lugar. Ficou combinado em Coimbra. Ele costuma dizer que vem limpar a isca. Não me queixo do fígado, mas a função que exerce está alterada. Deve ser dos nervos. 

Estou todo alterado. Enquanto aqui esteve o Doutor Paulo Quintela, enviei-lhe todos os comunicados da crise académica produzidos durante a sua ausência. Sem remetente, que nunca se sabe. Rebentou em 17 de Abril, dia em que se inaugurou o edifício das Matemáticas. Houve greve geral aos exames, que foi um êxito, o que abalou o regime primaveril de Marcelo. 

Cumpro à risca a dieta prescrita. Bebo as águas com fé, como a comida sem sal, tomo banho de agulheta. Ao princípio tomava apenas um. Dois dias mais tarde, queixei-me ao médico de que não dormia. Receitou-me mais um banho de agulheta, à tarde. Um de manhã e outro ao fim da tarde. De tal maneira me desceu a tensão arterial, que ando aos tombos e nem sequer consigo ler.

 O resto do tempo, que é quase todo, ouço as asneiras dos africanistas em férias. Vieram tratar da figadeira e encontram-se aqui na Pensão da Ponte. E entro em ebulição, porque não posso ficar calado. Suspiram por Salazar e ainda têm esperança num milagre que o reponha no poder. Quem há meses lhe sucedeu na Presidência do Conselho é ainda demasiado liberal para tal gente habituada a lidar com pretos, como se fossem animais de estimação. Bem lhes conheço a crónica. 

Mas hoje houve tréguas. O homem poisou na Lua. Vi tudo pela televisão com o coração nas mãos. E à noite fui passear para a ver com outros olhos boiando no mar do céu .

Leiria, 27 de Janeiro de 1970

Fui hoje a mais um consultório médico. Já tenho percorrido vários. O costume. Sou um doente crónico. Tenho bem a quem sair, isto é, a mim mesmo ou ao outro que coabita em mim. Mas, hoje, sentia-me terrivelmente angustiado. Tinha comprado ontem um livro intitulado Viva sem Medo. Li-o de uma assentada, mas fiquei na mesma ou com mais medo ainda. 

E há pouco resolvi ir a um médico para ver como se comportava comigo. Escolhi-o pela tabuleta. E gostei. Fez-me perguntas e mais perguntas sobre o meu passado. Até que eu próprio cheguei à raiz e à razão da minha redobrada angústia neste dia sentida - faz hoje exactamente três anos que cheguei da guerra e o relógio psíquico interior acusou a efeméride e quis condignamente celebrá-la.


[ Revisão / fixação de textos / imagem e legenda / links / notas entre parêntesis rectos / subtítulo, paar efeitos de publicação deste poste: LG ]
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Postes anteriores:

22 de outubro de 2021 > Guiné 61/74 - P22651: "Diário de Guerra, de Cristóvão de Aguiar" (texto cedido pelo escritor ao José Martins para publicação no blogue) - Parte IX: Bissau e Contuboel. Consulta de psiquiatria. Poema "O Menino de Sua Mãe". Nascimento do primeiro filho. Exame em Bafatá de militares sem a instrução primária. Sedução da senhora professora, cabo-verdiana... (Set - dez 1966)

20 de outubro de 2021 > Guiné 61/74 - P22646: "Diário de Guerra, de Cristóvão de Aguiar" (texto cedido pelo escritor ao José Martins para publicação no blogue) - Parte VIII: Contuboel , Fajonquito e Sonaco. Gravidez da Otília (Jan - ago 1966)

16 de outubro de 2021 > Guiné 61/74 - P22634: "Diário de Guerra, de Cristóvão de Aguiar" (texto cedido pelo escritor ao José Martins para publicação no blogue) - Parte VII: Contuboel e Dunane (entre Piche e Canquelifá) (Out - dez 1965)

14 de outubro de 2021 > Guiné 61/74 - P22628: "Diário de Guerra, de Cristóvão de Aguiar" (texto cedido pelo escritor ao José Martins para publicação no blogue) - Parte VI: Contuboel (mai-set 1965), com gozo licença de férias nos Açores (de 24/8 a 25/9/1965) onde se foi casar...

13 de outubro de 2021 > Guiné 61/74 - P22626: "Diário de Guerra, de Cristóvão de Aguiar" (texto cedido pelo escritor ao José Martins para publicação no blogue) - Parte V: Do Tejo ao Geba (17 de Abril de 1965/25 de Maio de 1965)

10 de outubro de 2021 > Guiné 61/74 - P22617: "Diário de Guerra, de Cristóvão de Aguiar" (texto cedido pelo escritor ao José Martins para publicação no blogue) - Parte IV: Mafra e Tomar (Julho 1964/Abril 1965)

9 de outubro de 2021 > Guiné 61/74 - P22612: "Diário de Guerra, de Cristóvão de Aguiar" (texto cedido pelo escritor ao José Martins para publicação no blogue) - Parte III: Mafra, maio-junho de 1964

8 de outubro de 2021 > Guiné 61/74 - P22611: "Diário de Guerra, de Cristóvão de Aguiar" (texto cedido pelo escritor ao José Martins para publicação no blogue) - Parte II: Mafra, fevereiro-março de 1964

8 de outubro de 2021 > Guiné 61/74 - P22609: "Diário de Guerra, de Cristóvão de Aguiar" (texto cedido pelo escritor ao José Martins para publicação no blogue) - Parte I: Mafra, janeiro de 1964

terça-feira, 26 de outubro de 2021

Guiné 61/74 - P22662: Fichas de unidades (21): CCAÇ 2592 / CCAÇ 14 (Bolama, Contuboel, Cuntima, Farim, Binta, Jumbembem, Canjambari, Saliquinhedim / K3, 1969/71)



Companhia de Caçadores nº  2592

Identificação: CCaç 2592

Unidade Mob: RI 16 - Évora

Crndt: Cap Inf José Luís de Sousa Ferreira

Divisa: -

Partida: Embarque em 24Mai69; desembarque em 30Mai69 | Extinção em 18Jan70

Síntese da Actividade Operacional

A subunidade foi constituída com quadros e especialistas metropolitanos e enquadrou pessoal natural das etnias Mandinga e Manjaca e ainda um pelotão da etnia Felupe, tendo efectuado a 2ª fase da instrução de formação no CIM, em Bolama [e em Contuboel, o pelotão de mandingas] e sido seguidamente utilizada em patrulhamentos, reconhecimentos e contactos com as populações da região.

Em 6Nov69, foi colocada em Cuntima [região do Oio, sector de Farim], a fim de substituir a CCaç 2529 como força de intervenção e reserva do BCaç 2879, tendo sido empregada em várias acções, patrulhamentos e emboscadas na linha de infiltração de Sitató.

Em 18Jan70, a subunidade passou a designar-se CCaç 14, sendo considerada subunidade da guarnição normal a partir daquela data.

Observações - Não tem História da Unidade.


Companhia de Caçadores nº 14


Identificação: CCaç 14

Cmdts: 

Cap Inf José Luís de Sousa Ferreira | Cap Inf José Augusto da Costa Abreu Dias | Cap QEO Humberto Trigo de Bordalo Xavier | Cap Inf José Clementino Pais | Cap Inf Mário José Fernandes Jorge Rodrigues | Cap Inf Vítor da Silva e Sousa | Alf Mil Inf Silvino Octávio Rosa Santos |  Cap Art Vítor Manuel Barata

Início: 18Jan70 (por alteração da anterior designação de CCaç 2592) | Extinção: 2Set74


Síntese da Actividade Operacional

Em 18Jan70, foi criada por alteração da sua designação anterior, integrando quadros e especialistas metropolitanos, e pessoal da Guiné, das etnias Mandinga e Manjaca e ainda um pelotão da etnia Felupe, que constituíam anteriormente a CCaç 2592.

Continuou instalada em Cuntima, nas funções de subunidade de intervenção e reserva do sector de Farim, com vista à actuação prioritária sobre a linha de infiltração de Sitató.

Após ter deslocado um pelotão para Farim, a partir de finais de Dez70, foi transferida para Farim em 20Fev71, depois de ter sido substituída, por troca, pela CArt 3331. 

Rendeu, na função de intervenção e reserva do sector, a CCaç 2533, com vista a realizar acções de contrapenetração no corredor de  Lamel. 

Destacou ainda pelotões para reforço temporário de outras guarnições, nomeadamente de Binta, de 25Abr71 a 12Jun71, Jumbembém e Canjambari.

A partir de 10Fev73, mantendo no entanto a sede em Farim e continuando orientada para a sua anterior missão assumiu, cumulativamente, a responsabilidade do subsector de Saliquinhedim, para onde deslocou um pelotão.

Em 2Set74, foi desactivada e extinta.

Observações - Tem História da Unidade a partir de Jan72 (Caixa n." 117 - 2ª Div/4ª Sec, do AHM).

Fonte: Excertos de: CECA - Comissão para Estudo das Campanhas de África: Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África (1961-1974) : 7.º Volume - Fichas das Unidades: Tomo II - Guiné - 1.ª edição, Lisboa, Estado Maior do Exército, 2002, pp. 382 e 634
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Nota do editor: 

Último poste da série > 7 de outubro de 2021 > Guiné 61/74 - P22607: Fichas de unidades (20): Batalhão de Comandos da Guiné (Brá, 1972/74), incluindo 1ª CCmdsAfr (1969/74), 2ª CCmdsAfr (1971/74) e 3ª CCmds (1972/74)

segunda-feira, 25 de outubro de 2021

Guiné 61/74 - P22661: Tabanca Grande (527): António G. Carvalho, a viver em Ponta Delgada, ex-fur mil op esp, CCAÇ 2592 / CCAÇ 14 (Bolama e Cuntima, 1969/70). É Deficiente das Forças Armadas. Senta-se no lugar nº 853, à sombra do nosso poilão



Foto nº 1 > Guiné > Bolama >  Centro de Instrução Militar > CCAÇ 2592 / CCAÇ 14 > 1969 > Da esquerda para a direita, os furriéis milicianos Eduardo Estrela, o Manuel Ramos Marques Cruz (, de Vila Real de Santo António, já falecido) e o  António G. Carvalho.


Foto nº 2 > Guiné > Região do Oio > Sector de Farim > Cuntima  > CCAÇ 2592 / CCAÇ 14 > 1969 > "Eu e dois soldados da etnia Felupe (esta etnia era canibal, mas estes diziam que já tinham deixado de ser), que faziam parte da nossa companhia. No mês de Novembro de 1969 (penso), fizeram queixa ao gen Spinola, dizendo que tinham ido para o exército, para aprender armas de branco para defender as suas famílias que estavam em S. Domingos, por isso não queriam ficar em Cuntima e realmente foram logo transferidos.


Foto nº 3 > Guiné > 
Região do Oio > Sector de Farim > Cuntima  > CCAÇ 2592 / CCAÇ 14 > Em Cuntima. Eu e o vagomestre Germano (do Porto). A inscrição que está no pedestal é de uma das  companhias que  esteve  aqui, a  CCAÇ 1789, do BCAÇ 1932 (1967/69), mobilizado pelo RI 15 (Tomar). A CCaç 2592 (futura CCAÇ 13) foi colocada  em 6 de novembro de 1969, em Cuntima, a fim de substituir a madeirense CCaç 2529 como força de intervenção e reserva do BCaç 2879,

Este vagomestre mandava fazer muitas vezes bife com batatas fritas, e sempre servia uísque, quando estavámos em Portalegre, no IAO. Grande Germano.

Fotos (e legendas): © António G. Carvalho (2021). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Mensagem de António Manuel Gaspar de Carvalho, novo membro da Tabanca Grande, nº 753:


Data - domingo, 24/10, 21:10 (há 16 horas)
Assunto - Blogue 


Olá, boa noite,  Camaradas.

Terei muito gosto em pertencer como elemento activo na tertúlia.

Pertencia à CCAÇ 2592, ao que depois se veio a formar a CCAÇ 14, não foi rendição individual

Como diz o Estrela (eu já não me lembrava), pertencia ao 3.º pelotão, cujo alferes era o Azevedo.

Para não ficar pesado irei enviando fotos com algumas legendas. A foto n.º 1  foi tirada em Bolama, alguns dias antes de termos sido atacados (com mísseis) a partir de S. João, cujo comandante do IN (soube-se depois) era o 'Nino' Vieira, que certamente sabem, tinha sido cabo do exército Português.

Sou António Manuel Gaspar de Carvalho. (agora escolham o nome que pretendem usar). Actualmente sou 2.º Sarg. DFA

Na altura do embarque no navio Niassa, penso que a 24 de Maio de 1969,  era Furriel Miliciano com a especialidade de Operações Especiais (Ranger), 1.º Classificado do 3.º turno de 1968, o 2.º Classificado foi o Humberto Reis, penso que da CCAÇ 2590 / CCAÇ12

No dia 2 de Março de 1970, por volta das 9 da manhã, em Cabele Uale caí numa mina antipessoal, com amputação abaixo do joelho), depois contarei a história.

Regressei a 11 de Abril de 1970, por evacuação, com destino ao HMP, após 38 dias de férias no HM 241, em Bissau

Abraço
AC

PS - Seguem também as fotos n.ºs 2 e 3


António Manuel Gaspar Carvalho (foto gentilmente cedida pelo seu amigo e camarada da CCAÇ 2592 / CCAÇ 14,  Edurado Estrela, ex-fur mil at inf (que esteve em Bolama e Cuntima, 1969/71) 


2. Através do Formulário de Contacto do Blogger,  o nosso camarada António G. Carvalho tinha-nos mandado a seguinte mensagem, sucinta, com data de sábado, 23/10, 17:23


"Estive na CCaç 14, furrriel, ferido em combate, tenho algumas fotos, como faço?
Cumprimentos,
António G. Carvalho"

3. Resposta do nosso editor LG, na mesma data, às 17h23:


António: Sê bem vindo. Gostaria de te ter aqui ao lado do teu camarada Eduardo Estrela, que é do meu tempo (eu sou da CCAÇ 12, Contuboel e Bambadinca, 1969/71). Manda duas fotos tipo passe, uma atual e outra do tempo da Guiné. Diz mais qualquer sobre ti. Terei muito gosto em apresentar-te à Tabanca Grande: somos já dois batalhões...

As fotos têm que vir digitalizadas (passas-as pelo scan), com legendas (data, local, etc.). E com boa resolução... Mantenhas. Um alfabravo. Luis Graça

4. Logo a seguir o Carlos Esteves Vinhal escreveu-lhe (e ele respondeu logo, na volta do correiro, vd. ponte 1, acima):

Data - Sábado, 23/10, 20:03
Assunto - Contacto com o Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné

Caro camarada António Carvalho: Uma vez que já temos na tertúlia um camarada António Carvalho, por favor diz-nos o teu nome do meio. 

Entretanto, muito obrigado pelo teu contacto. Se aceitares a nossa proposta, teríamos muito gosto em receber-te como elemento activo da tertúlia do nosso Blogue.

Para o efeito, manda-nos uma foto actual e outra do tempo de Guiné (fardado), diz-nos o teu nome, posto, especialidade, data de ida e de regresso. Poderás ter ido integrado na CCAÇ 2592 que mais tarde passou a designar-se CCAÇ 14, ou mais tarde em rendição individual, depois confirma.

E finalmente diz-nos os locais onde usufruiste das férias que o governo de então te proporcionou nos melhores "resorts" da Guiné. Terás andado pelo Norte (Farim), não muito longe de Mansabá, onde estive entre 1970 e 1972.

Podes começar a mandar-nos as tuas fotos, com as respectivas legendas (à parte) que indicarão, se te lembrares, o local, a data, a situação e quem está retratado.

Também nos podes mandar memórias escritas, em forma de estórias, com acontecimentos que ainda retenhas.

Para contactares connosco, utiliza este meu endereço (carlos.vinhal@gmail.com) e o do editor Luís Graça: luis.graca.prof@gmail.com

Ficamos na espectativa da tua resposta.

Em nome da tertúlia e dos editores segue um abraço e os votos de boa saúde.
Carlos Vinhal

Ex-Fur Mil da CART 2732
Mansabá/Guiné/1970-72

Co-Editor dos Blogues:
Luís Graça & Camaradas da Guiné
https://blogueforanadaevaotres.blogspot.pt

CART 2732
https://cart2732.blogspot.pt

 5. Entretanto, o Eduardo Estrela, nosso amigo e camarada, da CCAÇ 14, deu-nos mais informação sobre o António G. Carvalho, em mensagem de sábado, dia 23, às 2oh33:

Boa noite Luís!

O António Carvalho era o outro furriel do meu grupo de combate da CCAÇ 14. (3.º  Pelotão). Era um grupo só com 2 furriéis, eu atirador de infantaria e ele de operações especiais. Grande companheiro e amigo com o qual temos mantido, não obstante ele viver há muitos anos em Ponta Delgada, um relacionamento que se traduz nalgumas presenças físicas em almoços onde o António faz questão de participar.

Ainda hoje estivemos a falar ao telefone e voltei a falar-lhe do blogue.

Lamentavelmente no dia 2 de Março de 1970 por volta das 9 da manhã, em Cabele Uale, a caminho do corredor de Sitató, foi vítima duma mina A/P e perdeu um pé.

Ele tem coisas e histórias para contar e fá-lo-á tenho a certeza. É mais um a engrossar as tropas desmobilizadas mas activas.

Grande abraço
Eduardo


6. Nova mensagem do Eduardo Estrela:

Data - 24/10/2021, 23:11

Olá Luís,  boa noite!

Na fotografia que o Carvalho mandou (Foto n.º 1), o da esquerda sou eu, ainda sem o bigode que me tem acompanhado até hoje.

Ao centro está o saudoso Manuel Ramos Marques Cruz, bom amigo que nos deixou há vários anos. Era natural de Vila Real de Santo António. À direita, está o António Carvalho.

Julgo não estar enganado se disser que a fotografia foi tirada no dia do juramento de bandeira e do desfile a seguir, das CCaç 13 e 14. Em Bolama.

Abraço, 
Estrela


7. Comentário final do editor LG:

António, és recebido de braços abertos. Tens aqui um lugar, o n.º 853, para te abrigares à sombra do nosso polião, árvore sagrada para os nossos amigos guineenses, guarmecendo e protegendo as suas tabancas. Para nós tem um grande simbolismo.

Há mais de um mês que não entrava, pelo seu prório pé, nenhum novo membro da Tabanca Grande. O último foi o Manuel Oliveira (n.º 850) (*). Os dois últimos entraram, infelizmente, a título póstumo: o  Celestino Bandeira (1946-2021) e Manuel Dias Sequeira (1944-2008), respetivamente os n.ºs 851 e 852.

Temos então mais um "ranger" na Tabanca Grande, um bravo "ranger" que felizmente sobreviveu à explosão de uma mina A/P, que lhe custou a amputação de uma perna (abaixo do joelho). É uma recordação dolorosa da Guiné que carregas toda a vida. 

Mas deixa-me confirmar que fostes connosco para o CTIG (CCAÇ 2590, CCAÇ 2591, CCAÇ 2592, etc. incluindo o hoje secretário geral do PCP, Jerónimo Sousa, soldado condutor auto da da CPM 2537, além de  outras unidades...) no Niassa, a 24 de maio de 1969, conforme podes verificar aqui, nesta ordem de transporte, constante do poste P19839.

Estás devidamente apresentado ao resto da malta. Conheces as nossas regras de convívio, que deves reler. Só espero que fiques connosco ainda por muitos e bons anos. 

A tua entrada ajuda-nos a mitigar a dor da perda recente de vários camaradas que faziam (e fazem) parte da história deste blogue. Como sabes, aqui partilhamos memórias (boas e más), mas também afectos. 

Ficamos  então a aguardar que nos envies  mais fotos e histórias da tua CCAÇ 14. Da Tabanca Grande também faz parte outro camarada da CCAÇ 2592 / CCAÇ 14, do teu/nosso  tempo, o António Bartolomeu: vê aqui. (O Bartolomeu esteve comigo em Contuboel,  a dar instrução de especialidade a um pelotão de mandingas, na mesma altura, em junho e Julho de 1969, em que eu, o Humbero Reis e outros estávamos a formar a CCAÇ 12, oriunda da CCAÇ 2590). 

Sei que tu e o Estrela estiveram no CIM de Bolama. Sobre Cuntima temos cerca de 60 referências. Sobre a vossa CCAÇ 14 só temos três dezenas de referências, enquanto sobre a CCAÇ 12 há 425. Espero que nos ajudes a encurtar as distâncias...

Ficas registado na Lista Alfabética da Tabanca Grande (vd. coluna estática do lado esquerdo) como António G. Carvalho, para te distinguir do António Carvalho, que chegou primeiro que tu, e que é de Medas, Gondomar.

Espero um dia destes poder conhecer-te pessoalmente. Um grande alfabravo para ti e para o Eduardo Estrela (que tem 18 referências no blogue). 
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Guiné 61/74 - P22660: In Memoriam (416): Victor Barata (1951-2021), ex-1.º Cabo da FAP, Especialista de Instrumentos de Bordo, BA 12, Bissalanca, 1971/73; membro da Tabanca da Grande desde maio de 2006 e fundador, em junho de 2007, do blogue Especialistas da BA 12... Era um "Zé Especial", tratado com muito carinho por "Vitinho"... Velório: hoje, a partir das 16h00 em Campia; Vouzela; missa de corpo presente às 15h00 de amanhã, seguindo depois o féretro para a Casa Crematória de Viseu


Victor Barata (1951-2021). Foto odo blogue Especialistas da Base Aérea 12, Guiné 65/74 (com a devida vénia...)



Victor Barata, camarada da FAP:

(i) foi especialista de Instrumentos de Bordo, 
esteve na BA 12, Bissalanca (1971/73), na linha da frente das DO 27
(ii) terrou em tudo o que era bocado de pista;  

(iii) membro da Tabanca Grande desde maio de 2006;




1. Acabámos de saber, por telefonema de há uma hora e picos, do Jorge Narciso (ex-1.º Cabo MMA, FAP, BA 12, Bissalanca, 1969/70), de mais uma funesta notícia, a morte do nosso histórico membro da Tabanca Grande, e fundador do Blogue Especialistas da Base Aérea 12, Guiné 65/74), Victor Barata. (*)

A dolorosa notícia é também confirmada por poste, de hoje, às 10h02, no blogue que ele criou e tanto acarinhou. Eis um excerto:

Blogue Especialistas da Base Aérea 12, Guiné 65/4 > segunda-feira, 25 de outubro de 2021 > Voo 3600 - Victor Manuel Barata - O Nosso Comandante "Vitinho"




VICTOR MANUEL GONÇALVES BARATA
Nasceu em Lisboa a 19 de Abril de 1951


O nosso Comandante "Vitinho" partiu hoje 25 de Outubro de 2021

Em nome dos ajudantes do nosso Comandante, Companheiro e Amigo, apresentamos aos familiares, filho, irmão e restante família o nosso sentido pesar.

O corpo vai para a capela de Campia, Vouzela,  às 16h00, de hoje, 25 de Outubro. O funeral realiza-se amanhã, dia 26 de Outubro, com missa de corpo presente às 15h00, segundo depois o corpo para a Casa Crematória de Viseu.


2. O Victor Barata tem 35 referências no nosso blogue. Entrou para a nossa tertúlia em 10 de maio de 2006, quando o blogue ainda era conhecido  simplesmente como o Blogue Fora Nada e Vão Três... 

Ao seu pedido de entrada, respondi-lhe nestes termos (**):

Victor: A pista pode ser curta mas é toda tua... Na nossa caserna cabem todos os camaradas, sejam eles terrestres, voadores ou ambífios. A FAP, tão dignamente representada por ti, é bem especialmente bem vinda à nossa tertúlia e ao nosso blogue... 

Por mim, sempre tive uma especial admiração pelos 'malucos' dessas máquinas voadoras que eram os DO 27 e que nos traziam notícias do mundo, do outro do mundo... Já não gostava tanto quando eles, em vez do carteiro, transportavam o senhor major de operações ou do senhor comandante de qualquer coisa... Ou sejam, quando de frágil caranguejola eram promovidas a um coisa que pomposamente se chamava o PCV (Posto de Comando Volante).

Um reparo: o blogue chama-se Luís Graça & Camaradas da Guiné > Blogue-fora-nada. Eu sou apenas o editor. A partir de hoje o blogue também é teu, de pleno direito. Vou publicar o texto adicional que me mandaste, e que é um bonito testemunho de solidariedade em tempo de guerra, ou seja, de camaradgem. Se tiveres fotos desses tempos que já lá vão, manda, que os tertulianos têm ainda a ilusão de que recordar é viver...

Depois tivemos oportunidade de nos conhecermos pessoalmente (no I Enconro Nacional da Tabanca Grande, na Ameira, Montemor-O-Novo, em outubro de 2006), mas a vida não nos proporcionou muitas ocasiões de convívio, tirando um ou outro 10 de Junho. Guardo dele a imagem de um homem sensível, afável e solidário, que tinha pela FAP (e pela Guiné) uma grande paixão.

 Infelzmente, a sua pista da vida foi curta, morre aos 70 anos de doença crónica degenerativa. Saibamos honrar a sua memória. É um ano trágico, este de 2021, em que a gadanha da morte está a ceifar muitos de nós. (*)

 Até sempre, camarada!... 

PS - Os meus votos de pesar, em nome de toda a Tabanca Grande, vão para a sua família, amigos mais próximos e camaradas do Blogue Especialistas da Base Aérea 12, Guiné 65/74. 

3. Adenda: a última vez que nos vimos, se não erro, foi no lançamento do livro  ("Voando sobre um ninho de Strelas" , 1ª ed.), do gen pilav ref António Martins de Matos (ex-ten pilav, BA 12, Bissalanca, 1972/74), em Lisboa, em 11 de dezembro de 2018. Depois meteu-se  a pandemia, a partir de março de 2019... e deixou de haver convívios das nossas tabancas e sessões de lançamento de livros.

Esteve também, que me lembre, no V Encontro Nacional da Tabanca Grande, em Monte Real, em 23 de junho de 2010. Veio de Vouzela, onde vivia e trabalhava como empresário. Também esteve no VI Encontro Nacional, também em Monte Real, 4 de junho de 2011.
 

Lisboa > Hotel Travel Park > 11 de dezembro de 2018 > Sessão de apresentação do livro "Voando sobre um ninho de Strelas"  >  Da esquerda para a direita, o autor, António Martins de Matos, e os editores dos blogues Especialistas da B12 Guiné 65/74, Tabanca do Centro e Tabanca Grande, respetivamente, Victor Barata, Joaquim Mexia Alves e Luís Graça, que fizeram curtas intervenções de 5 minutos sobre o autor e o livro. Segiu-se depois uma discussão aberta ao público, composto essencialmente por antigos militares da FAP e do exército, que passaram pelo TO da Guiné, incluindo o casal mais 'strelado' do mundo, os nossos queridos amigos e camaradas Miguel e Giselda Pessoa. "Este livro foi escrito, não para vós, mas para os vossos filhos e netos", disse o autor.

Foto: © Miguel Pessoa (2018). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem; Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Monte Real > Palace Hotel > 4 de Junho de 2011 > VI Encontro Nacional da Tabanca Grande > De que estarão a falar o Jaime Brandão (Monte Real / Leiria) e o Victor Barata (Vouzela)? Só pode ser do blogue Especialistas da Base Aérea 12, Guiné 65/74 de que o Victor é o fundador e comandante... 

Foto: © Manuel Resende (2011). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem; Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné] 
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Notas do editor: