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terça-feira, 6 de abril de 2010

Guiné 63/74 - P6113: Convívios (212): Pessoal da CART 2412 - "Sempre Diferentes", no dia 15 de Maio de 2010, em Fátima (Jorge Teixeira)

1. Mensagem do nosso camarada Jorge Teixeira (ex-Fur Mil Art da CART 2412, Bigene, Guidage, Barro, 1968/70), com data de 1 de Abril de 2010:

Caro Carlos Vinhal
Amigo e camarada

Não querendo sobrecarregar o teu meritório trabalho, agradeço que dentro das possibilidades,
publiques no blogue da Tabanca Grande o seguinte comunicado/convocatória:




CONVOCATÓRIA

Convocam-se todos os ex-combatentes da CART 2412 "SEMPRE DIFERENTES" que estiveram na Guiné em 68-70 em Bigene - Guidage - Binta - Barro, a estarem presentes no encontro / convívio anual que se realiza a 15 de Maio em Fátima e a relembrarem, comemorando, os 40 anos do nosso regresso a Lisboa no fim da comissão, que viajando (de lado!!!) no Carvalho Araújo, atracou no Cais de Conde de Óbidos, em 14 de Maio de 1970.


A concentração será às 10:00 horas no recinto do Santuário (Hotel Fátima).

O almoço de confraternização está previsto para o Restaurante "PÉROLA DO FÉTAL" em Celeiro a 10 Kms (+ou-) de Fátima na estrada Fátima/Batalha.




Para quem estiver interessado e para facilitar o transporte, está previsto um autocarro que sairá de Santo Tirso.

Para mais informações e marcações contactar os organizadores do evento:
Moura 22 415 30 87 e 96 924 03 61
Godinho 252 852 325 e 91 750 82 92

...e é só

Obrigado pela atenção e pelo trabalho.

Um abraço
cumprim/jteix
__________

Nota de CV:

Vd. último poste da série de 5 de Abril de 2010 > Guiné 63/74 - P6111: Convívios (125): 6.º Almoço Convívio do Pel Mort 4574 em Penacova, dia 22 de Maio de 2010 (António Santos)

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Guiné 63/74 - P4724: Controvérsias (32): Ainda e sempre os Cabos Milicianos (Jorge Teixeira)

1. Mensagem de Jorge Teixeira (*), ex-Fur Mil Art da CART 2412, Bigene, Guidage, Barro, 1968/70, com data de 15 de Julho de 2009:

Caro Carlos Vinhal
Camarada

Os meus respeitosos cumprimentos.

Ainda a propósito dos milicianos, neste caso os ditos cabos, deixo um texto à vossa consideração para ser publicado ou não, se acharem que tem interesse.

Fica à vossa atenção.
Um abraço



2. Camaradas

Vamos voltar aos milicianos... e não só. Parece que, como sempre, a coisa está a descambar.

O que iniciamente foi posto em causa, foi o porquê da existência, e sua invenção, de um posto no Exército com a designação de CABOS MILICIANOS e não saber se os bons eram os milicianos, ou os maus os permanentes no quadro, ou vice-versa, até porque a medalha tem duas faces e os bons e os maus estão nos... três lados, ou já se esqueceram que também havia o lado chamado IN?

Por este andar qualquer dia chega-se à conclusão que afinal quem fez a guerra foram os marcianos e a culpa foi dos lunáticos.

Mas voltemos aos cabos milicianos que foi assim que começou a polémica. Não há dúvida nenhuma que fomos roubados, ou alguém tem dúvidas? Senão vejamos:

Os cadetes do COM frequentaram o Curso de Oficiais Milicianos e foram promovídos a Aspirantes a Ofícial Miliciano (classe de Ofíciais)

Os instruendos do CSM frequentaram o Curso de Sargentos Milicianos e foram promovídos a Cabos Milicianos (classe de Praças)

Ah, mas estes são diferentes porque são cabos milicianos. Então, e os outros não eram todos milicianos?

Foi algum inteligente da altura, como alguns que há agora, que teve esta brilhante ideia para poupar uns cobres e cair nas boas graças do Salazar.

Normalmente um cabo miliciano era formado, de base, em 6 meses. Os atiradores eram colocados em unidades de recrutamento e eram, eles, chefiados pelos aspirantes do mesmo curso, que ministravam uma, duas, três ou mais recrutas, conforme eram ou não mobilizados.

Alguns eram colocados a fazer serviços administrativos, como foi o meu caso que fui colocado na "Torre de Controle" do GACA3 (o quartel tem partes do aeroclube local e as casernas são nos hangares) a dar os pareceres para o "Amparo de Pais". Também mandei ou ajudei a mandar alguns para casa mais cedo. Livraram-se da guerra?

Todos faziamos serviços à unidade como se de Sargentos se tratasse, mas éramos cabos para todos os efeitos, e pagos como tal, e aqui é que está o "busílis da questã" (como diz o meu primo d'aldeia).

Já agora, estive de Sargento de Dia à unidade no Natal 67. Foi para me habituar.
As outras especialidades que não atiradores, tinham também o seu tempo de treino devido ao estágio especial.

Mas não se pense que os atiradores ficavam por aqui. Aquando da mobilização tinhamos mais três meses ou de Minas e Armadilhas, ou de Operações Especiais (no duro, não era brincadeira, então quando era no inverno em Lamego, era a habituação ao clima da Guiné).

Alguns conseguiam safar-se das especializações e voltavam às recrutas aos soldados.

Com isto já se passou quase um ano de tropa, e o graveto continua na mesma.

Bom!!! (diz o professor Marcelo) agora, aspirantes e mais uma vez os cabos milicianos estavam prontos para formar a companhia para ir p'ra guerra. Têm 5 meses para isso.

Com a ajuda de altos cargos, diga-se patentes? Especialistas habituados à guerra de guerrilha? NÃO!!! Nem por lá se viam. O aspirante e os cabos que dizem ser milicianos que se desenrasquem, que a isso manda a tropa.

Nem o capitão que também era miliciano, sabia que existiam cabos milicianos, foi preciso o sargento da Companhia chamar-lhe à atenção.
- Oh meu Capitão, olhe que aqueles rapazes com umas divisas esquisitas são cabos, mas chamam-se cabos milicianos.
- No meu tempo não havia nada disso, eram Cabos e Prontos.
- Pois, o meu Capitão já é antigo.
- Antigo não, só sai da tropa há 10 anitos, ainda estou aqui p'rás curvas.
- Pois, mas passe a chamar a esses cabos: Oh nosso Cabo Miliciano... (só para não haver chatices)
- Está bem, mas podia-se poupar nas palavras e na saliva. Complicados!!!

Também não admirava, milicianos? Cabos milicianos? Então e os outros cabos não são? Até parecem milícias, ou pertencemos à milicia?

A Companhia está pronta, passaram-se 16 meses e até aqui o pilim continuava na mesma.

Não é, nosso Cabo Miliciano.

Já se fez o desfile da despedida e há que embarcar, rumo não se sabe a quê.
Antes do desfile e só no dia do desfile fomos promovidos (**), ou por outra trocamos as divisas de cabo miliciano pelas de furriel, e os aspirantes fizeram a mesma coisa para alferes, lógico, sem cerimónias, presidentes ou primeiros-ministros, até porque à época não compareciam nestas manifestações.

Agora sim estava tudo direitinho, apesar de na Caderneta Militar dizer que tinha condições para ser promovido a "Furriel Milº", 10 meses antes, ou seja e sito: "Escola de Recrutas, por equivalência a dois períodos completos de instrução básica", o que quer dizer que inventaram mais um cabo miliciano, e esqueceram-se do furriel.

Agora digam lá se fomos ou não, como se diz: roubados, enganados, vigarizados por um espertinho Salazarento?

Mas a vigarice não fica por aqui, não acabou. Já estou há 6 meses na Guiné.
Na mesma caderneta diz que tinha condições para ser promovido a 2º Sargento Miliciano, (mais um das milicias) e volto a sitar: "Escola de Recrutas, por equivalência a seis meses de serviço consecutivo em Unidade Operacional".

Ora isto também ficou esquecido e nunca se verificou nem mesmo quando passei à peluda passados 15 meses.

Nunca e era tão simples, era só virar as divisas ao contrário. Os carcanhóis é que seriam diferentes, o que era uma chatice, porque iria estragar o orçamento aos gandulos, agora já na era Marcelistas/Salazaristas.

Finalmente passam 21 meses (aí tivemos alguma sorte, outros fizeram 24 ou mais) chega o descanso do guerreiro, e o miliciano que outrora tinha sido cabo, vai deixar de o ser. Agora...feitas as contas deveria ser:

- Instruendo do CSM durante - 6 meses
- Fur Mil - 16 meses
- 2.º Srgt Mil - 15 meses

...mas foram:

- Instruendo - 6 meses, sem cheta
- 1.º Cabo Mil - 10 meses
- Fur Mil - 21 meses

Total de Tropa - 37 meses (16 na Metrópole e 21 na Guiné)... e ainda se queixam, os de agora, coitadinhos, de fazerem 6 meses lá fora como voluntários, heróis a ganhar bem e na maior.

FUI ROUBADO!!!

Isto não era só comigo, passava-se com a generalidade dos ditos cabos milicianos, mais mês, menos mês.

Resta-nos a consolação que, no presente, emendar os erros do passado está fora de questão, ou a gente não estivesse já habituda a isso e muito mais, basta ver a consideração, e principalmente o respeito, que os governos e os políticos têm por nós.

Apesar de tudo, tal como diz o meu amigo,(o outro Jorge Teixeira, o Portojo) bons foram os tempos de amizade e camaradagem que passámos em Espinho no GACA3, como CABOS MILICIANOS, eramos uns Senhores.

Por essa razão ainda agora nos encontramos às segundas Quartas-feiras do mês no café Progresso no Porto para continuar essa amizade e camaradagem. Falta o Canhão... e não só, paciência, só aparece quem quer e quem pode, temos o Bioxene que também é maluco, mas há mais... malucos, claro.

Bando dos Furriéis, assim se chama, a tertúlia/conspiração no café. Designação utilizada muito antes do outro, um tal AB, chamar bando a tudo e a todos. Não tem arame pode aparecer quem quiser. E não se esqueçam da Barreta (tinha que falar nela).

Um abraço a todos os Tertulianos
cumprimento
teix-veterano de guerra
ex-Furriel Mil Art
CART 2412 68/70
Bigene-Guidage-Barro
__________

Notas de CV:

(*) Vd. poste de 26 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4417: Tabanca Grande (148): Jorge Teixeira, ex-Fur Mil da CART 2412, Bigene, Guidage e Barro (1968/70)

(**) Na data de embarque fui graduado em Furriel Miliciano e só em 21 de Outubro de 1971, exactamente ao fim de 18 meses de tropa, fui efectivamente promovido.

Vd. último poste da série de 3 de Julho de 2009 > Guiné 63/74 - P4631: Controvérsias (24): Os Milicianos, combatentes de primeira, cidadãos de segunda (Vasco da Gama)

terça-feira, 26 de maio de 2009

Guiné 63/74 - P4417: Tabanca Grande (148): Jorge Teixeira, ex-Fur Mil da CART 2412, Bigene, Guidage e Barro (1968/70)

1. Mensagem de Jorge Teixeira, um outro Jorge Teixeira e novo tertuliano que quer atabancar na nossa Caserna Virtual, com data de 24 de Maio de 2009:

Caro Carlos Vinhal,
Camarada

Sou Jorge Teixeira, (jteix- veterano de guerra), ex-Furriel Milº Art da CART 2412 -1968/70, em Bigene - Guidage - Barro, no CTIG.

Para não me confundirem com o outro Jorge Teixeira, membro das duas Tabancas, me intitulo sómente por J.TEIXEIRA. Esse outro Teixeira é do meu curso e fizemos praticamente o mesmo trajecto até à Guiné, ou seja RI5 - EPA - GACA3 - CTIG.

Já que falo em Teixeira's, ainda há um outro, o Zé fermero como ele diz, que fomos e espero continuar a ser, amigos, (e camaradas), mas do tempo em que éramos adolescentes, jovens e bons rapazes, na mesma freguesia, aqui na Invicta cidade do Porto, de que me orgulho pertencer.

Vem esta conversa toda a propósito, de que aqui há tempos ao ver o vosso/nosso blogue, me apareceram escarrapachadas as fotos destes dois meliantes, que já não via há 40 anos. Vai daí pus-me a pesquisar, e até ir almoçar ao Milho Rei, foi um passo.

Nesse almoço, ostentava como habitualmente, na lapela do casaco (vidé foto), uma barreta que representa a medalha atribuída aos ex-combatentes no fim da comissão, nas campanhas, neste caso no Ultramar.

Quando me perguntaram o porquê, expliquei-lhes que era a melhor forma que tinha encontrado para me identificar perante desconhecidos e a quem interessar, como um ex-combatente, veterano de guerra e dar-me a conhecer como tal.

Alguns, acharam a ideia interessante e o Portojo (Teixeira) até sugeriu que elaborasse um texto para ser publicado no blogue da Tabanca de Matosinhos, o que de facto veio a acontecer no P134 (*). O dito Teixeira, o outro, que o publicou, achou que poderia ter mais impacto e divulgação, se fosse publicado na Tabanca Grande.

Que o levasse à vossa apreciação e consideração, disse.

É o que agora estou a fazer, se acharem que tem algum interesse publicar para divulgar.

Então o texto dizia assim:

Quantas vezes nos cruzamos na rua com alguém que julgamos conhecer,
ou nos faz lembrar algum camarada dos tempos da guerra já longínqua, mas sempre presente?

Passados 30/40 anos, é natural a dúvida, já temos uma barriguinha a mais, uns cabelos brancos, quando os há, etc,etc... estamos diferentes, mas... quase, quase parecidos.

Quantas vezes temos vontade de o abordar para esclarecer, mas faltou-nos a coragem?
A dúvida persiste e... subsiste e perde-se a oportunidade.
Mas, e se o contactamos e é engano? Pode haver má interpretação e até desconfiança.
Nunca vos aconteceu? A mim já.

É frequente ver na roupa dos homens (e das mulheres também), emblemas, (agora diz-se pin's) do clube a ou b, até do partido y ou z, emblemas quadrados, redondos, assim, assim, laços, fitas e até a marca da camisa ou da camisola e que pagamos para fazer propaganda... de borla.

E vem esta lenga-lenga toda, a propósito de quê, perguntam vocês? Vá lá, perguntem?

O que é que isto tem a ver com VETERANOS DE GUERRA, ex-Combatentes?
Este gajo já está apanhado do clima, é o stress pós... qualquer coisa, querem ver.

Vá lá, então, perguntem?

Pronto, pronto eu digo:

Porque não haver algo, que nos identifique como VETERANOS de GUERRA, para que quando nos cruzamos com alguém e nos faça lembrar algum dos nossos, não haver dúvidas?

-Olha ali vai mais um camarada (já há poucos), ex-combatente... e já é veterano.

-Olá estás bom? Então, a que BANDO pertencias? Em que Bu...rako... o que fazias...?

Lembram-se da estória publicada no P4368 Raízes (**), que mete tatuagens? Nem de propósito.

-É pá, estiveste no mesmo sitio que eu, só que...
Ou simplesmente... bom dia camarada, ou boa tarde muito prazer. Bô note, dá-me lume se faz chavor?

Eureka!!!

Mas nós temos uma identificação, e práticamente só nós, que estivemos no Ultramar, a conhecemos.
Lembram-se das "barretas" (parece que é assim que se chamam, vidé foto) que recebemos no fim da comissão e que são representativas das medalhas(que não recebemos) atribuídas aos militares que estiveram em campanha, neste caso em África?

Pois bem, e porque não usá-las? Assim era fácil sabermos quem somos e quantos ainda somos.

Assim até facilitava aos políticos saberem de nós, para nos darem caneladas mais certeiras.

Quanto mais não seja para que saibam que ainda cá vamos andando,... só para chatear.

Olha e já agora me lembrei doutra:

O senhor general assim, já podia desabafar:

- Cambada, mais um que pertencia ao BANDO do arame

Eu, já a uso há algum tempo (vidé foto) e curiosamente já fui abordado por vários camaradas desconhecidos e até por alguns amigos, que já não se lembravam que além de amigos também temos em comum ser ex-Combatentes, embora nalguns casos, em sítios, províncias e alturas diferentes.
Por isso "CAMARAADASS" é só ir à caixinha das lembranças (todos temos uma, ou não, se calhar sou o único, querem ver?) e USÁ-LA. Se porventura já não sabem onde está, no Costa Braga, no Porto (passe a publicidade), custa 1,95€. Só para quem tiver orgulho em a exibir.

USA-A - IDENTIFICA-TE


... e é só, (só???), fica à vossa consideração o que acharem por bem.


2. Já agora aproveito para pedir a minha inscrição na Tabanca Grande, se acharem que mereço.

Já tenho participado com alguns comentários no blogue, só falta a história, (ou mais uma estória?).

Para o caso de ser aceite, aí vão os meus dados e respectivas fotos:

J.TEIXEIRA (só) para não me confundirem com o outro o dito cujo, meu/nosso camarada e amigo

ex-Fur Mil Art - veterano de guerra
Nascido a 26 Novembro 1945
Natural de CERVA - Ribeira de Pena - Vila Real (com dupla naturalidade, sou do PORTO)

A morar no PORTO (querido, como diz o Portojo) há mais de 63 anos, ou seja quase nasci aqui, por isso sou portuense de alma e coração, não confundir com portista (mas gosto), na Rua da Alegria

Casado (Gina), pai de dois filhos (Filipe e Daniela)
Técnico de Vendas (há 38 anos)
Reformado
...e que mais?...

Serviço Militar Obrigatório
Obrigatório e comprido, 37 mesitos (só?)

- Recruta: CSM, RI5, Caldas Rainha, 2.º Turno de 1967, dia 11 de Abril de 1967
- Especialidade, EPA, Vendas Novas, dia 25 de Junho de 1967

- 1.º Cabo Mil.º no GACA3, Espinho, dia 25 de Setembro de 1967
- Curso CIOE Lamego, dia 02 de Janeiro de 1968

- Formar CART 2412 no RAP2 Vila Nona de Gaia (Março de 1968)
- Embarque para Guiné no Uige, no dia 11 de Agosto de 1968
- Desembarque em Bissau, no dia 16 de Agosto de 1968

No CTIG a CART 2412 (e eu) esteve colocada em:

- Brá, de 16 a 29 de Agosto de 1968
- Bigene (TO/COP3), de 31 de Agosto a 14 de Outubro de 1968
- Guidage, com destacamento em Binta, de 15 de Outubro de 1968 a 08 de Março de 1969
- Barro, de 09 de Março de 1969 a Maio de 1970

- Embarque para regresso no Carvalho Araújo (ia de lado) em 05 de Maio de 1970
- Desembarque em Lisboa no dia 14 de Maio de 1970

- Passagem à peluda em 06 de Junho de 1970

...e esta é a história da minha ida à guerra, 1968/70.

Um abraço... e desculpa qualquer coisinha.
Cumprimentos
jteix-veterano de guerra
ex-Fur Mil Art
CART 2412-68/70
Bigene-Guidage-Barro


3. Comentário de CV:

Caro Jorge Teixeira, outro, o novo, o não Portojo.
Bem-vindo à Tabanca

Ficamos radiantes quando contribuímos para o reencontro de camaradas e mais ainda quando se trata de amigos de longa data, separados neste caminhar pela vida.

Quando foste ao Encontro das quartas-feiras da Tabanca de Matosinhos, foste, como dizer... à catedral. Esta tertúlia é impar, contagiando tudo e todos. Ninguém fica indiferente àquele ambiente genuíno e informal, onde quem chega, se sente em minutos, como fazendo parte da família há muito tempo.

Vamos ao que importa, porque a Tabanca de Matosinhos não precisa de elogios.
Quanto à tua ideia, sim senhor, é de apresentar à tertúlia e, por que não, de seguir. Eu, zeloso dos meus farrapitos, só ponho um senão que é o alfinete estragar o casaco do fatinho de marujo, ou como também se diz, da comunhão ou ainda de ir ver a Joana. A barreta que tenho exibe cá um alfinete que até assusta. Há algum meio menos destrutivo para fixar a dita, à roupa. E se pedíssemos conselho ao AB que é um expert na matéria?

Quanto à tua integração na nossa Tabanca Grande, está oficializada, a partir de hoje. Podes e deves é começar a trabalhar já, enviando as tuas histórias e as tuas fotografias legendadas. Andaste lá por cima pelo Norte da Guiné, relativamente perto dos locais por onde eu também andei. Bons ares, boas instalações, que mais queríamos nós? Paz e sossego que até aborrecia. Era mesmo intediosa aquela vida dentro do arame farpado, tirando algumas escaramuças, quando eles, os outros, se lembravam de nos ir despejar em cima, munições que tinham além do stock estabelecido.

Não pode faltar o abraço de boas-vindas em nome dos editores e tertúlia em geral. Não esqueças poderás conhecer alguns dos camaradas do Blogue no dia 20 de Junho no nosso próximo Encontro. Vamos ter muita gente nova presente.

Já agora vamos combinar que o Jorge Teixeira mais velhote fica a ser conhecido por Jorge Teixeira (Portojo) e tu só por Jorge Teixeira. Assim evitam-se as confusões.

Recebe um abraço do camarada
Carlos Vinhal
__________

Notas de CV:

(*) Vd. poste da Tabanca de Matosinhos com data de 2 de Abril de 2009 > P134-Uma ideia...com pernas para andar

(**) Vd. poste de 18 de Maio de 2009 >
Guiné 63/74 - P4368: Estórias de Mansambo (Torcato Mendonça, CART 2339) (17): Raízes...

Vd. último poste da série de 24 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4406: Tabanca Grande (147): António Rodrigues, ex-Soldado Condutor Auto Rodas do BCAV 8323, Copá, 1973/74

segunda-feira, 14 de abril de 2008

Guiné 63/74 - P2761: Convívios (53): CART 2412, no dia 17 de Maio de 2008 em Paços de Ferreira (Afonso Sousa)

1. Conforme informação do nosso camarada Afonso M. F. Sousa, ex-Fur Mil Trms, damos notícia do Convívio da CART 2412, (Bigene, Binta, Guidage e Barro) a realizar no dia 17 de Maio em Paços de Ferreira


CART 2412 > Sempre Diferentes

Porto, 27 de Março de 2008

Caros Companheiros
É com a maior satisfação que temos a honra de organizar o nosso Convívio Anual, que se realiza no dia 17 de Maio próximo, na Freguesia de Ferreira, no Concelho de Paços de Ferreira; em homenagem ao nosso companheiro falecido, Brandão. (Último companheiro - 2007)

A chegada está marcada para as 11 horas no Mosteiro de Ferreira (Monumento Nacional) e daí se fará uma romagem ao Cemitério, ao túmulo do nosso companheiro.

O Almoço realizar-se-á na Quinta das Palmeiras em Figueiró, Paços de Ferreira; terá o preço de 25€ por pessoa

Agradecemos a confirmação até ao dia 9 de Maio para os telefones:

António Machado - 917 508 280
Bento Machado - 914 067 463
Godinho - 917 508 292

Um grande abraço, até lá!

quinta-feira, 10 de abril de 2008

Guiné 63/74 - P2748: Para o estimado Jorge Picado (Afonso Sousa)


1. Mensagem do nosso camarada Afonso M. F. Sousa (ex-Fur Mil TRMS da CART 2412, Bigene, Binta, Guidage e Barro, 1968/70) enviada ao ex-Cap Mil Jorge Picado, com conhecimento ao nosso Blogue:

Para o estimado Jorge Picado, em Ílhavo.

...e nós que andámos muitos meses na procura de testemunhos para fundamentar as crónicas de dois momentos de saliente infortúnio para as nossas hostes!

Um que ocorreu na zona do Pelundo, em Abril de 1970, e outro na região de Mansoa (Infandre), em Outubro do mesmo ano.

Quem havia de dizer que aqui tão perto, na região aveirense, estava alguém que, pela sua responsabilidade e experiência alicerçada nos muitos locais de tensão que suportou, entre os quais os acima referidos, poderia, provavelmente, ter dado qualificadas e objectivas achegas para a redacção da memória desses acontecimentos.

Que seja bem-vindo à Tabanca Grande, o ilustre ilhavense Jorge Picado.

Peço-lhe que quando estiver no interior desta tabanca não deixe, também, de dar uma olhadela a esse espaço memorial e fazer, caso queira, alguma objecção, aprofundamento ou complemento de narração, pois pressuponho avalizado o seu testemunho.

Um abraço
Afonso Sousa
(um ex-militar na Guiné - 1968/1970)

Nota:
Para visualizar as crónicas em referência, poderá o Jorge, no espaço em branco (campo superior esquerdo), escrever, um a um, como termos de pesquisa, os seguintes: P2162 - P1641 - P1642 - P1643 - P2004 - 1436 - P1445 - P1446 - P1500 - P1549 - P1566 - P1603.


2. Comentário de Carlos Vinhal

Caro Jorge Picado, para lhe facilitar a vida, deixo em rodapé os endereços das postagens a que se refere o Afonso. Basta que clic em cima de cada endereço.

Vale o esforço de ler toda esta informação, analisar e, se achar conveniente, dar alguma achega para aumentar o conhecimento colectivo. São muitas as pessoas que nos lêem, nem todas ex-militares, o que muito nos orgulha.

Aproveito para reforçar o desafio do nosso camarada Afonso, para que nos conte as suas estórias que serão imensas face ao número de aquartelamentos por onde passou.
CV
________________

Notas dos editores:

(1) Vd. postes de:

17 de Janeiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1436: Dossiê O Massacre do Chão Manjaco (Afonso M.F.Sousa) (1): Perguntas e respostas

18 de Janeiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1445: Dossiê O Massacre do Chão Manjaco (Afonso M.F.Sousa) (2): O papel da CCAÇ 2586 (Júlio Rocha)

19 de Janeiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1446: Dossiê O Massacre do Chão Manjaco (Afonso M. F. Sousa) (3): O depoimento do 1º sargento da CCAÇ 2586, João Godinho

6 de Fevereiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1500: Dossiê O Massacre do Chão Manjaco (Afonso M.F. Sousa) (5): Homenagem ao Ten-Cor J. Pereira da Silva (Galegos, Penafiel)

25 de Fevereiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1549: Dossiê O Massacre do Chão Manjaco (Afonso M.F. Sousa) (8): O contexto político-militar (Leopoldo Amado) - Parte I

6 de Março de 2007 > Guiné 63/74 - P1566: Dossiê O Massacre do Chão Manjaco (Afonso M.F. Sousa) (9): O contexto político-militar (Leopoldo Amado) - Parte II

17 de Março de 2007 > Guiné 63/74 - P1603: Dossiê O Massacre do Chão Manjaco (Afonso M.F. Sousa) (10): O contexto político-militar (Leopoldo Amado) - Parte III (Fim)

3 de Abril de 2008 > Guiné 63/74 - P1641: A morte do 1º Cabo José da Cruz Mamede, do Pel Caç Nat 58 (1): Onde e em que circunstâncias ? (Afonso M. F. Sousa)

na mesma data > Guiné 63/74 - P1642: A morte do 1º Cabo José da Cruz Mamede, Pel Caç Nat 58 (2) : Em Infandre, a 13 km de Mansoa (Afonso M. F. Sousa)

e ainda > Guiné 63/74 - P1643: A morte do 1º cabo José da Cruz Mamede, do Pel Cacç Nat 58 (3): 10 mortos em emboscada com luta corpo a corpo (César Dias)

27 de Julho de 2007 > Guiné 63/74 - P2004: Dossiê O Massacre do Chão Manjaco (Afonso M.F. Sousa) (Anexo A): Depoimento de Fur Mil Lino, CCAÇ 2585 (Jolmete, 1970)

7 de Outubro de 2007 > Guiné 63/74 - P2162: O fatídico dia 12 de Outubro de 1970 - Emboscada no itinerário Braia/Infandre (Afonso M. F. Sousa)

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Guiné 63/74 - P2450: Álbum das Glórias (38) : O rádio AN/GRC-9 (Sousa de Castro / Afonso M.F. Sousa)

e Guiné > Zona Leste > Sector L1 (Bambadinca) > Xime > Sousa de Castro, ex-1º cabo radiotelegrafista, da CART 3494 (1972/74), aquartelada no Xime (1972/73) e depois em Mansambo (1973/74), pertencente ao BART 3873 (1972/1974), com sede em Bambadinca.


Guiné > Zona Leste > Sector L1 (Bambadinca) > Xime > CART 3494 (1972/74) > O Sousa de Castro no seu posto de trabalho, operando o Rádio AN/GRC-9 (1) > "O AN/GRC-9 foi o rádio com que trabalhei durante toda a comissão na Guiné em grafia... Não é para me gabar, mas eu achava-me um craque nesta matéria, trabalhar em código morse era comigo, ou não tivesse na minha caderneta a menção de TE (telegrafista especial)" (2).



O Rádio AN/GRC-9, muito usado no CTIG. Foto gentilmente disponibilizada pelo nosso camarada Afonso M. F. Sousa, que vive actualmente em Maceda, Ovar. Foi Furriel Miliciano de Transmissões da CART 2412 (Bigene, Binta, Guidaje e Barro) (Agosto de 1968 / Maio de 1970) (2).

Fotos: © Afonso M. F. Sousa (2007). Direitos reservados.

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Notas dos editores:


(2) Vd. post de 2 de Julho de 2005 > Guiné 69/71 - XCIV: Um alfa bravo para os nossos Op TRMS

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

Guiné 63/74 - P2416: Unidades que passaram por Barro, na região do Cacheu (A. Marques Lopes)

Guiné > Região de Cacheu > Barro > CCAÇ 3 (1) > 1968 > O nosso camarada A. Marques Lopes, na altura Alf Mil da CCAÇ 3. O seu grupo de combate eram os Jagudis.

Guiné > Região do Cacheu > CCAÇ 3 > Barro > 1968> Espaldão do morteiro 81, guarnecido por dois jagudis, de etnia balanta.

Guiné > Região do Cacheu > CCAÇ 3 > Barro > 1968> Os jagudis emboscados

Guiné > Região do Cacheu > CCAÇ 3 > Barro > 1968> Uma equipa de futebol. O A. Marques Lopes é o terceiro, de pé, a contar do lado esquerdo.

Guiné > Região do Cacheu > CCAÇ 3 > Barro > 1968> Jagudis reparando a cerca de arame farpado.

Guiné > Região do Cacheu > CCAÇ 3 > Barro > 1968> Uma bulldozer da engenharia militar...



Guiné > Região do Cacheu > CCAÇ 3 > Barro > 1968> Uma aspecto da povoação de Barro, ao tempo em que lá esteve o Alf Mil A. Marques Lopes, nosso camarada, hoje coronel, DFA, na reforma.

Fotos: © A. Marques Lopes (2007). Direitos reservados.


1. Texto do A. Marques Lopes, ex- Alf Mil At Inf, CART 1690 (Geba) / CCAÇ 3 (Barro) (1968/69).


1ª Companhia de Caçadores

Início: anterior a 1 de Janeiro de 1961. Extinção: 1 de Abril de 1967 (passou a designar-se CCAÇ 3)

Síntese da Actividade Operacional

Era uma unidade da guarnição normal, com existência anterior a 1 de Janeiro de 1961 e foi constituída por quadros metropolitanos e praças indígenas do recrutamento local, estando enquadrada nas forças do CTIG então existentes.

Em 1 de Janeiro de 1961, estava colocada em Bissau, com um pelotão destacado em Nova Lamego, onde foi transitoriamente instalada, na totalidade, em 3 de Abril de 1961, com pelotões destacados em Sedengal e Cacheu e depois em S. Domingos. Após a reorganização do dispositivo de 23 de Agosto de 1961, foi substituída em Nova Lamego, por troca, pela 3ª CCAÇ, regressando a Bissau, tendo destacado efectivos para várias localidades da zona Oeste, nomeadamente em Ingoré, Enxalé, Susana, Mansabá e Bigene e também, na zona Sul, em Cabedú.

A partir de 1 de Julho de 1963, foi colocada em Farim, ficando integrada no dispositivo e manobra do BCAÇ 239, com pelotões destacados em S. Domingos e Ingoré e secções em Susana, Mansoa, Mansabá, Bigene e Barro, tendo depois ainda deslocado efectivos para Bissorã, Cuntima, Olossato, Binta, Guidage, Canjambari, Porto Gole e Enxalé, sucessivamente integrada no dispositivo e manobra dos batalhões que assumiram a responsabilidade do sector de Farim.

Em 27 de 0utubro de 1966, foi colocada em Barro, onde assumiu a responsabilidade do respectivo subsector, então criado na área do BCAÇ 1887 e transferido, em 3 de Novembro de 1966, para a zona de acção do BCAÇ 1894, mantendo, no entanto, dois pelotões destacados no anterior sector, em Binta e Canjambari, este último deslocado para Jumbembém, a partir de meados de Janeiro de 1967.

Em 1 de Abril de 1967, passou a designar-se CCAÇ 3.
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Companhia de Caçadores n.° 3

Divisa: "Amando e Defendendo Portugal"

Início: 1 de Abril de 1967 (por alteração da anterior designação de 1ª CCAÇ) (2)Extinção: 31 de Agosto de 1974

Síntese da Actividade Operacional

Em 1 de Abril de 1967, foi criada por alteração da anterior designação de 1ª CCAÇ. Era uma companhia da guarnição normal do CTIG, constituída por quadros metropolitanos e praças indígenas do recrutamento local.

Continuou instalada em Barro, mantendo-se então integrada no dispositivo e manobra do BCAÇ 1894, com dois pelotões destacados em reforço do BCAÇ 1887 e estacionados em Binta e Jumbebém, este depois em Canjambari a partir de finais de Setembro de 1967. Ficou sucessivamente integrada no dispositivo manobra dos batalhões e comandos que assumiram a responsabilidade da zona de acção do subsector de Barro.

Após recolha dos pelotões instalados em Binta e Canjambari em 20 de Julho de 1968, destacou, em meados de Outubro de 1968, um pelotão para Guidage, tendo assumido, em 9 de Março de 1969, a responsabilidade do subsector de Guidaje por troca com a CART 2412 e destacando então dois pelotões para Binta, sendo especialmente orientada para a contrapenetração no corredor de Sambuiá, onde em 21 e 22 de Janeiro de 1969 tomou parte na Operação Grande Colheita, realizada pelo COP 3.

Em 22 de Fevereiro de 1972, rendida em Guidaje pela CCAÇ 19, assumiu a responsabilidade do subsector de Saliquinhedim, onde substituiu a CCAÇ 2753 e ficou integrada no dispositivo e manobra do COP 6 e depois do BART 3844.

Em 8 de Dezembro de 1972, foi substituída, transitoriamente, por forças da CART 3358 no subsector de Saliquinhedim e foi colocada em Bigene para onde se deslocou, por escalões, em 26 de Novembro de 1972 e 8 de Dezembro de 1972 e onde assumiu a responsabilidade do respectivo subsector em substituição da CCAÇ 4540/72, ficando então novamente integrada no dispositivo de contrapenetração no corredor de Sambuiá.

Em 31 de Agosto de 1974, as praças africanas tiveram passagem à disponibilidade e, após desactivação e entrega do aquartelamento de Bigene ao PAIGC, o restante pessoal recolheu a Bissau, tendo a subunidade sido extinta.
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Companhia de Caçadores n.° 91

Partida: Embarque em 27 de Abril de 1961; desembarque em 3 de Maio de 1961. Regresso: Embarque em 12 de Abril de 1963

Síntese da Actividade Operacional

Inicialmente, ficou colocada em Bissau, tendo destacado dois pelotões para Mansoa e Piche em 13 de Maio de 1961. Em 8 de Junho de 1961, foi transferida para Mansoa, sendo integrada no dispositivo e manobra do BCAÇ 239, a partir de 6 de Julho de 1961, tendo dois pelotões destacados em Piche e Bissorã.

De 23 de Agosto a 1 de Novembro de 1961, também na dependência do BCAÇ 239, foi deslocada para Farim, com os seus efectivos disseminados pelas localidades de Bissorã, Barro, Bigene e, por um curto período, em Cuntima, Jubembém e Mansabá. Em seguida, a sede da subunidade voltou a Mansoa, mantendo-se, entretanto, os destacamentos atrás referidos e orientando a sua actividade para a segurança e controlo das populações, com a missão de impedir a instalação do inimigo na área.

Em 10 de Abril de 1963, foi substituída em Mansoa pela CCAÇ 413, a fim de recolher a Bissau para efectuar o embarque de regresso.
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Batalhão de Caçadores n.° 239

Partida: Embarque em 28 de Junho de 1961; desembarque em 6 de Julho de 1961 Regresso: Embarque em 24 de Julho de 1963

Síntese da Actividade Operacional

Inicialmente constituiu apenas um comando reduzido, sendo-lhe atribuída a responsabilidade da zona Oeste, desde Varela ao meridiano de Cuntima e ate aos rios Mansoa e Geba. Em 8 de Maio de 1963, passou a comando completo, com a chegada dos respectivos elementos de recompletamento: 2.° comandante, CCS, Pelotão de Reconhecimento e Pelotão de Sapadores.

Desde logo instalado em Bula, assumiu a responsabilidade da referida zona de acção, comandando e coordenando a actividade das companhias estacionadas em Teixeira Pinto, Mansoa e Bula (esta a partir de 16 de Agosto de 1961, depois colocada em S Domingos em 12 de Janeiro de 1963) e dos pelotões atribuídos em reforço, cujos efectivos se encontravam disseminados por Ingoré, Bissora, Mansaba, S Domingos, Cuntima, Farim, Bigene, Barro, Cacheu, e sucessivamente, a partir de finais de Outubro de 1963 por Susana, Jumbembém, Varela, Caio. Em meados de Junho de 1963, foi, entretanto, instalada outra companhia, em Farim, com a consequente reformulação das respectivas zonas de acção.

Inicialmente, desenvolveu intensa actividade de patrulhamento, de reconhecimento e de contactos com as populações com vista à sua segurança e protecção, tendo coordenado ainda a acção das suas forças na reacção a primeira acção armada na Guiné, efectuada na noite 20/21 de Julho de 1961 em S. Domingos. A partir de Janeiro de 1963, a sua actividade incidiu na contrapenetraçao contra actos de terrorismo.

Em 20 de Julho de 1963, foi rendido pelo BCAÇ 507, para o qual transitaram os elementos recebidos no recompletamento para comando completo.
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Companhia de Caçadores n.° 413

Partida: Embarque em 3 de Abril de 163; desembarque em 9 de Abril de 1963. Regresso: Embarque em 29 de Abril de 1965.

Síntese da Actividade Operacional

Após o desembarque, substituiu a CCAÇ 91 em Mansoa, ficando integrada no dispositivo e manobra do BCAÇ 239 e depois do BCAÇ 507, e após remodelação do dispositivo, em 01Set63, na dependência do BCAÇ 512. Destacou efectivos para guarnecer, por períodos variáveis, diversas localidades da zona de acção até à chegada ou substituição por outras forças, nomeadamente em Mansabá, até 28 de Julho de 1963, em Barro e Bigene, até 1 de Agosto de 1963, em Enxalé e Porto Gole, de Agosto de 1963 a 8 de Dezembro de 1963 e em Farim, até 5 de Dezembro de 1963.

Em 19 de Janeiro de 1964, após a reunião dos seus efectivos em Mansoa, destacou um pelotão para reforço da guarnição de Olossato, onde se manteve até 20 de Abril de 1964. Actuou ainda em diversas operações realizadas nas regiões de Binar, Mores e Cutia, entre outras.

Em 1 de Julho de 1964, por rotação com a CART 564, foi transferida para o subsector de Nhacra, ficando integrada no dispositivo e manobra do BCAÇ 600, com vista a colaborar na segurança e protecção das instalações e das populações da área; desde essa altura, um pelotão passou a estar destacado em Encheia, até 13 de Abril de 1965, na dependência do BCAÇ 512 e depois do BART 645.

Em 28 de Abril de 1965, foi substituída no subsector de Nhacra pela CCAÇ 799, a fim de efectuar o embarque de regresso.
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Companhia de Caçadores n.° 461

Partida: Embarque em 14 de Julho de 1963; desembarque em 20 de Julho de 1963

Regresso: Embarque em 7 de Agosto de 1965

Síntese da Actividade Operacional

Em 28 de Julho de 1963, seguiu para Mansabá e assumiu a responsabilidade do respectivo subsector, então criado, com pelotões destacados em Olossato, até 26Dez63 e Cuntima, ficando integrada no dispositivo e manobra do BCAÇ 507 e após reformulação dos sectores, do BCAÇ 512.

Em 23 de Dezembro de 1963, substituída no subsector de Mansabá pela CCAÇ 594 e foi transferida para Bigene onde assumiu a responsabilidade do subsector, com um pelotão destacado em Barro, desde 21 de Dezembro de 1963 e mantendo o outro pelotão destacado em Cuntima, onde permaneceu até 23 de Julho de 1964, depois deslocado para Guidage, de 8 de Agosto de 1964 a 13 de Maio de 1965. A subunidade manteve-se na zona de acção do BCAÇ 512 e depois do BCAV 490.

Inicialmente, desenvolveu intensa actividade de reconhecimento, de patrulhamento e de contacto com as populações da área e executou algumas acções ofensivas contra elementos inimigos infiltrados na região de Mores. A partir de 2 de Março de 1964, mantendo a anterior actividade de patrulhamento e de contacto com as populações, passou também a realizar acções ofensivas e emboscadas na região de Bigene e Barro, com especial incidência na região de Sambuiá.

Em 28 de Maio de 1965, foi rendida no subsector de Bigene pela CCAÇ 762 e foi transferida para Bissau, onde foi integrada no dispositivo de segurança e protecção das instalações e das populações da área, em substituição da CCAÇ 787, tendo ficado integrado nos efectivos do BCAÇ 600 e depois do BCAÇ 513, até ao seu embarque de regresso. Entretanto, ainda, dois pelotões estiveram temporariamente deslocados em Bula, a partir de 13 de Junho de 1965, em períodos de 10 a 15 dias, em reforço do BCAV 790, com vista à realização de patrulhamentos e contactos com a população, na região de S. Vicente.
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Companhia de Caçadores n.° 508

Partida: Embarque em 14 de Julho de 1963; desembarque em 20 de Julho de 1963

Regresso: Embarque em 7 de Agosto de 1965

Síntese da Actividade Operacional

Em 1 de Agosto de 1963, assumiu a responsabilidade do subsector de Bissorã, então criado, com pelotões destacados em Barro, até 23 de Dezembro de 1963 e Bigene, até 26 de Dezembro de 1963, ficando integrada no dispositivo e manobra do BCAÇ 507 e, após remodelação dos sectores, no do BCAÇ 512. Em 26 de Dezembro de 1963, passou a ter um pelotão destacado em Olossato.

Em 4 de Setembro de 1964, já então na dependência do BART 645, e depois da chegada da CART 566, foi substituída no subsector de Bissorã pela CART 643, do antecedente ali colocada em reforço, tendo seguido para o sector de Bissau, a fim de se integrar no dispositivo de segurança e protecção das instalações e das populações da área, com um pelotão destacado em Quinhamel, ficando na dependência do BCAÇ 600.

Em 7 e 23 de Março de 1965, por troca com a CCAÇ 526, deslocou-se, por fracções, para Bambadinca, assumindo a responsabilidade do respectivo subsector, com pelotões destacados em Xime e Galomoro e ficando integrada no dispositivo e manobra do BCAÇ 697. Em 16 de Abril de 1965 foi substituída pela CCAÇ 678 e foi deslocada para Xime, tendo assumido a responsabilidade do respectivo subsector, então criado, com pelotões destacados em Ponta do Inglês e Galomaro.

Em 6 de Agosto de 1965, após a chegada da CCAÇ 1439 para treino operacional, foi rendida no subsector de Xime por forças da CCAV 678 e recolheu imediatamente a Bissau, a fim de efectuar o embarque de regresso.

A CCAÇ 1547 seguiu em 13 de Maio de 1966 para Fá Mandinga, a fim de efectuar instrução de adaptação operacional sob orientação do BCAÇ 1888, substituindo a CCAV 702 na função de intervenção e reserva daquele sector, tendo tomado parte em operações na região de Xitole e no baixo Corubal. De 27 de Maio de 1967 a 7 de Junho de 1966, foi entretanto deslocada, temporariamente, para Nova Lamego, em reforço do BCAÇ 1856, em virtude de um previsível agravamento da pressão inimiga neste sector, tendo efectuado acções na região de Pataque e outras.

Em 13 de Setembro de 1966, recolheu a Bissau , a fim de seguir para Bula, para realização de uma operação na região de Joi, sob dependência do BCAV 790.

Em 27 de Setembro de 1967, foi colocada em Bigene, tendo assumido a responsabilidade do respectivo subsector, com um pelotão destacado em Barro, em substituição a CCAÇ 762 e ficando então integrada no dispositivo e manobra do seu batalhão.

Em 29 de Outubro de 1967 foi rendida no subsector de Bigene pela CART 1745 e seguiu para Bissau, a fim de substituir a CCAÇ 1497 a partir de 2 de Novembro de 1967 no dispositivo de segurança e protecção das instalações e das populações daquela área, sob dependência do BART 1904 e depois do BCAÇ 2834. Manteve-se em Bissau até ao embarque de regresso, tendo, entretanto, destacado um pelotão para Nhacra, em reforço da guarnição local.

A CCAÇ 1590 ficou colocada inicialmente em Bissau, como subunidade de intervenção e reserva do Comando-Chefe e foi prioritariamente atribuída em reforço do BCAÇ 1857, tendo-se deslocado para Mansoa a fim de actuar em diversas operações realizadas nas regiões de Date, Bará, Bissorã e Olossato, entre outras, de 23 de Agosto de 1966 a 1 de Setembro de 1966, de 19 de Setembro de 1966 a 10 de Outubro de 1966 e de 21 a 24 de Outubro de 1966.

Em 3 de Dezembro de 1966, foi integrada no dispositivo do seu batalhão instalando-se em Ingoré, com vista à realização de operações nos corredores de Canja e Sano e mantendo um pelotão destacado, ora em Barro, ora em S.Domingos, ora em Susana.

Após deslocamento para S. Domingos, desde 4 de Maio de 1967, para realização de acções de contrapenetração naquela área, com destaque para a operação Drambuie I, regressou a Ingoré, a fim de, em 13 de Julho de 1967, em substituição da CCAV 1482, assumir a responsabilidade do respectivo subsector, com um pelotão destacado em Sedengal.

Em 23 de Abril de 1968, foi rendida no subsector de Ingoré pela CCAÇ 1801 e recolheu seguidamente a Bissau, a fim de efectuar o embarque de regresso.
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Companhia de Artilharia n.° 2412

Divisa: "Sempre Diferentes"

Partida: Embarque em 11 de Agosto de 1968; desembarque em 16 de Agosto de 1968

Regresso: Embarque em de 4 de Maio de 1970

Síntese da Actividade Operacional

Em 28 de Agosto de 1968, seguiu para Bigene, a fim de efectuar o treino operacional com a CART 1745, sob orientação do COP 3 e seguidamente actuar nesta zona de acção em operações realizadas nas regiões de Talicó e Farajanto, entre outras.

Em 14 de Outubro de 1968, rendendo a CART 1648, assumiu a responsabilidade do subsector de Binta, com um pelotão destacado em Guidage, ficando integrada no dispositivo e manobra do COP 3. Em 17 de Outubro de 1968, a sede do subsector passou para Guidaje, ficando então com dois pelotões destacados em Binta, sendo a subunidade especialmente orientada para a contrapenetração no corredor de Sambuiá; a partir de 8 de Fevereiro de 1969, após troca de sectores, passou à dependência do BCAÇ 1932.

Em 9 de Março de 1969, por troca com a CCaç 3, assumiu a responsabilidade do subsector de Barro, ainda com um pelotão em Binta em reforço da guarnição local até finais de Abril, mantendo-se integrada no dispositivo e manobra do BCAÇ 1932, mas agora orientada para a contrapenetração nos corredores de Canja e Sano; em 1 de Agosto de 1969, após novo reajustamento das zonas de acção dos sectores, passou à dependência do BCAV 2876 até 7 de Fevereiro de 1970, data em que o subsector de Barro foi incluído na zona de acção do COP 3.

Após deslocamento de dois pelotões para Bissau, em 17 de Abril de 1970, a fim de substituírem, transitoriamente, a CART 2411 no dispositivo de segurança e protecção das instalações e das populações da área, foi rendida no subsector de Barro pela CCAÇ 2725 e recolheu seguidamente a Bissau, a fim de efectuar o embarque de regresso.
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Companhia de Caçadores n.° 2527

Divisa: "Nunca tão poucos valeram tanto"

Partida: Embarque em 24 de Maio de 1969; desembarque em 30 de Maio de 1969

Regresso: Embarque em 17 de Março de 1971

Síntese da Actividade Operacional

Seguiu imediatamente para Bigene, a fim de assumir a responsabilidade do referido subsector de Bigene, rendendo a CART 1745 em 2 de Junho de 1969 e ficando integrada no dispositivo e manobra do BCAÇ 1932 e depois do COP 3, com vista à realização de emboscadas no corredor de Samoge e de patrulhamentos nas regiões de Nenecó e Capai.

De acordo com a manobra e necessidades operacionais, destacou pelotões para reforço das guarnições de Guidaje, de 10 de Outubro de 1969 a 2 de Dezembro de 1069, de Barro, de 6 de Abril de 1970 a 10 de Maio de 1970, de Binta, de 13 a 30 de Abril de 1970 e novamente de Guidaje, de 3 de Julho de 1970 até finais de Out de 1970.

Em 3 de Março de 1971, foi rendida no subsector de Bigene pela CART 3329 e recolheu seguidamente a Bissau, a fim de aguardar o embarque de regresso.
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Companhia de Caçadores n.° 2725

Partida: Embarque em 4 de Abril de 1970; desembarque em 11 de Abril de 1970

Regresso: Embarque em 26 de Fevereiro de 1972

Síntese da Actividade Operacional

Em 16 de Abril de 1970, instalou-se em Barro, a fim de efectuar o treino operacional e a sobreposição com a CART 2412. Em 27 de Abril de 1970, assumiu a responsabilidade do subsector de Barro, ficando integrada no dispositivo e manobra do COP 3, com vista ao esforço de contrapenetração nas linhas de infiltração inimigas e a garantir a segurança e protecção dos itinerários e das populações da área.

Em 8 de Fevereiro de 1972, foi rendida no subsector de Barro pela CCAÇ 3519 e recolheu seguidamente a Bissau, a fim de aguardar o embarque de regresso.
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Companhia de Caçadores n.° 3519

Divisa: "Lutamos pela Paz"

Partida: Embarque em 20 de Dezembro de 1971; desembarque em 24 de Dezembro de 1971

Regresso: Embarque em 28 de Março de 1974

Síntese da Actividade Operacional

Após realização da IAO, de 27 de Dezembro de 1971 a 22 de Janeiro de 1971, no CMI, em Cumeré, seguiu em 23 de Janeiro de 1972 para Barro, a fim de efectuar o treino operacional e a sobreposição com CCAÇ 2725. Em 8 de Fevereiro de 1972, assumiu a responsabilidade do subsector de Barro, ficando integrada no dispositivo e manobra do COP 3, com vista ao reforço de contrapenetração nas linhas de infiltração inimigas de Canja e Sano e a garantir a segurança e protecção dos itinerários e das populações.

Colaborou ainda em operações efectuadas fora da sua zona de acção, nomeadamente em acções de contrapenetração no corredor de Sambuiá e na região de Cossé. Em princípios de Fevereiro de 1974, destacou um pelotão para Bigene, em reforço da guarnição local.

Em 12 de Março de 1974, foi substituída no subsector de Barro pela CCAÇ 4942/72 e recolheu a Bissau, a fim de aguardar o embarque de regresso.
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Companhia de Caçadores n.° 4942/72

Partida: Embarque em 27 de Dezembro de 1972; desembarque em 2 de Janeiro de 1973

Regresso: Embarque em 4 de Setembro de 1974

Síntese da Actividade Operacional

Após a realização da IAO, de 5 de Janeiro de 1973 a 1 de Fevereiro de 1973, no CMI, em Cumeré, seguiu em 2 de Fevereiro de 1973 para Mansoa, a fim de efectuar o treino operacional e depois reforçar o BCAÇ 4612/72, a partir de 19 de Fevereiro de 1973, com vista à protecção e segurança dos trabalhos da estrada Jugudul-Bambadinca, e onde se manteve até 23 de Março de 1973, após o que recolheu, temporariamente, a Bissau.

Em princípios de Abril de 73, seguiu para Cadique, na zona de acção do COP 4, a fim de tomar parte na operação Caminho Aberto, com vista à instalação de uma subunidade em Jemberém. Em 20 de Abril de 73, após o desembarque e ocupação daquela área, assumiu a responsabilidade do subsector de Jemberém,então criado, iniciando a construção do respectivo aquartelamento e ficando integrada no dispositivo e manobra do COP 4 e depois do BCAÇ 4514/72, e ainda, após reformulação dos limites dos sectores, do COP 5.

Depois de ser substituída no subsector de Jemberém pela CCAÇ 4946/73, instalou-se em Barro, a partir de 23 de Fevereiro de 1974, a fim de efectuar a sobreposição e render a CCAÇ 3519. Em 12 de Março de 1974, assumiu a responsabilidade do respectivo subsector de Barro, ficando integrada no dispositivo e manobra do COP 3 e depois do BART 6522/72 e ainda do BART 6521/74. Destacou ainda um pelotão para Bigene, em reforço da guarnição local.

Em finais de Agosto de 74, foi substituída por forças do BART 6521/74, tendo recolhido seguidamente a Bissau, a fim de efectuar o embarque de regresso.
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Notas dos editores:

(1) Vd. post de 22 de Maio de 2007 > Guiné 63/74 - P1776: Convívios (9): CCAÇ 3 (Barro, Binta, Guidaje, 1967/74) (A. Marques Lopes)

(2) Esclarecimento do AML: O José Pereira (3) não esteve na CCAÇ 3 mas, sim na 3.ª CCAÇ, que foi, depois, CCAÇ 5, a partir de 1 de Abril de 1967... Isto é, 3.ª CCAÇ não é a mesma coisa que CCAÇ 3...

(3) Vd. post de 4 de Janeiro de 2008 > Guiné 63/74 - P2405: Tabanca Grande (49): José Pereira, ex-1º Cabo da 3ª CCAÇ e da CCAÇ 5 (Nova Lamego, Cabuca, Cheche e Canjadude, 1966/68)

quarta-feira, 20 de dezembro de 2006

Guiné 63/74 - P1386: Um homem de Guidaje (Barreto Pires, CART 2412)

Texto do José Barreto Pires, que vive em Alenquer e pertenceu à CART 2412 (Bigene, Binta, Guidaje e Barro, 1968/70) (1)

Amigos e Camaradas;

Tertuliano desde de alguns meses a esta parte, tenho me remetido quase ao silêncio, não obstante de ter apreciado bastante os duelos estabelecidos e as notícias transmitidas.Entre os imensos temas trocados,impressionaram-me sobre maneira os de alguns dias atrás sobre Telegrama e Guidaje, não fosse eu um homem de Guidaje, ou melhor dito, que não tivesse andado efectivamente por essas bandas...

De facto, integrei a CART 2412, que comandei mais de 50% do tempo que permaneceu em terras de Guiné. Fomos alcunhados como Os sempre diferentes e de facto eramos, pelo que indo ao desafio do Telegrama, porque existem imensas coisas para contar, julgando-me, de certa forma, apresentado, passarei a colaborar, semanalmente, com um episódio dos imensos vividos nessa experiência que, de facto, não é minha...nem é tua...mas foi de todos nós...Segue para a semana...

Com um grande abraço
Barreto Pires
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Nota de L.G.:

(1) Vd. post de Maio de 2006 > Guiné 63/74- DCCCII: Um novo tertuliano, o José Barreto Pires (CART 2412)

domingo, 4 de junho de 2006

Guiné 63/74 - P844: Ouvir as 'costureirinhas' a bordo de uma LDG (Afonso M.F. Sousa)

Texto do Afonso M. F. Sousa (ex-furriel miliciano de transmissões, CART 2412, Bigene, Binta, Guidage e Barro, 1968/70)

Caro senhor e amigo Lema Santos (1):


A propósito deste seu interessante descritivo: "...os RPG (lança-granadas do IN) no Cacheu, a montante de Barro (Porto Coco, Jagali, Tancroal) e antes de Binta, também eram aperitivos a evitar..."

Deixe-me transmitir-lhe isto:

Quando ainda periquitos (Agosto de 1968), subimos o Cacheu, de LDG (2), rumo a Bigene. Lembro-me que antes de chegarmos a esse ancoradouro que servia Ganturé, com a lancha a navegar quase encostada à margem esquerda (tecnicamente não sei o porquê), fomos saudados por rajadas de armas que alguém apelidava de costureirinhas que vinham (suponho) dos lados da densa mata do Oio.

Foi o nosso primeiro contacto com o som de armas de fogo do IN. Dentro da LDG, o silêncio imperou e quase continhamos a respiração.

Um abraço.

Afonso Sousa

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Notas de L.G.

(1) Meu caro Afonso: Desculpa fazer-te o reparo mas o tratamento por tu é, à boa maneira romana, uma das regras de convívio na nossa caserna...

(2) Vd post de 4 de Maio de 2006 > Guiné 63/74 - DCCXXXI: A Marinha, as LDG e as LFG (Lema Santos)

domingo, 28 de maio de 2006

Guiné 63/74 - P810: Barro e Guidage, no tempo da CART 2412 (Afonso M.F. Sousa)

Guiné > Região do Cacheu > Barro > 1969 > CCAÇ 2412 (1968/70) > Edifício do comando e casernas
Guiné > Região do Cacheu > Guidage > 1969 > CART 2412 (1968/70) > Edifício do comando e casernas

Texto e Fotos: © Afonso M.F. Sousa (2006)

Caro Albano

Estiveste lá em 1973 [, em Gudiage, ] e nessa altura creio que a própria Guidage (depois de quase desmantelada) estava já recontruida com implantação algo diferente. Confirmas ?

Foi precisamente em zona desta picada Bigene-Genicó que um nosso Grupo de Combate foi atacado e tivemos o nosso único morto, o cabo enfermeiro João Silva (ao qual prestámos a nossa homenagem com o monumento que erigimos em Barro, como sabes).

A zona fatídica foi junto a Talicó, não longe do então corredor de Samoje.

Creio que já na nossa altura essa picada não era utilizada ou era-o raramente. Mas como envio cópia deste mail para o ex-alferes Pires, talvez ele possa dar a sua informação avalizada sobre isto.

Quanto à picada Binta-Guidage, o alferes Pires confirmou-me, ontem, que na altura era a única que existia. Não havia outra alternativa.

Poderás pormenorizar qual era a outra picada que a substituiu, no teu tempo ?

Também em anexo te envio uma foto de Guidage para tentar clarificar o seguinte: Ao lado do mastro com a bandeira nacional localizava-se o edificio onde tínhamos o comando, centro cripto, messe e instalações de oficiais e sargentos. Ao lado havia um abrigo onde, precariamente, faziamos funcionar o posto rádio. Eu não consigo visualizar esse edifício nas fotografias que tiraste em 2000.

Será que também foi derrubado, na grande operação de 8 de Maio a 8 de Junho de 1973 ?

Um abraço para ti.
Afonso Sousa

sexta-feira, 26 de maio de 2006

Guiné 63/74 - P804: Saudações ao Barreto Pires (Afonso M. F. Sousa, CART 2412, 1968/70)

Guiné-Bissau > Binta > Novembro de 2000 > Companhia que passou por Binta em 1966. Lema: Justiça e Glória... Alguém sabe o número desta unidade ? Outra que por lá passou foi a CART 2412 (1968/70), do Afonso Sousa e do Barreto Pires.

Foto: © Albano M. Costa (2005)

Texto do Afonso M. F. Sousa , ex-furriel miliciano de transmissões da CART 2412 (Bigene, Binta, Guidage e Barro, 1968/70)

Olá, José Pires!

Fico satisfeito por saber que teve uma boa viagem desde a Trofa até à Rua Dr. Sá Carneiro, em Penedos de Alenquer (Ventosa).

Obrigado pelo seu testemunho, que é importante e essencial num conjunto de subsídios para a história da guerra colonial.

Deduzo que, através da sua caixa de correio electrónico, esteja a ser assediado por muita informação. Mas como se trata de um tertuliano recém-chegado, será para obter uma rápida endurance e para entrar neste forum, sempre que ache oportuno. A história da guerra colonial na Guiné fica muito mais enriquecida com o testemunho daqueles que foram os seus protagonistas.

Permita-me sugerir-lhe a visita ao maior repositório existente na Net, sobre a Guerra Colonial, na Guiné: o Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné > Blogue-fora-nada, um espaço já visitado por quase 80.000 internautas.

Dê uma vista de olhos nos conteúdos. Uma atenção ao mapa de Barro - Bigene (com a localicalização de quase todas as tabancas e sítios que calcorreou) e à galeria fotográfica memória dos lugares

Não sei se já falou com o ex-alferes Gonçalves, da CCAÇ 3, que esteve connosco em Guidage.

Um abraço, caro José Pires.
Afonso Sousa

Guiné 63/74- P803: Tabanca Grande: José Barreto Pires (CART 2412)

Mensagem de José Barreto Pires, da CART 2412, dirigida ao Afonso M.F. Sousa, com conhecimento ao editor do blogue (entre outros) :


Amigos Tertulianos, é com grande satisfação que, doravante, me considero aderente à nossa Congregação e, em sequência, recebo e darei todas as informações possíveis e disponíveis.

Na sequência do almoço-confraternização [do pessoal da CART 2412] de sábado p.p. [20 de Maio último], após ter vadiado algum tempo por terras transmontanas, viajei para Alenquer, onde resido, e a viagem foi agradável, porquanto a boa disposição, decorrente de algum descanso e boas recordações, dificilmente poderia ter outro desfecho.

Obrigado pelas demais informações, que confirmo na sua generalidade. De facto, de Binta para Guidage apenas conheci a picada mencionada. Julgo estar certo que se outra existiu e/ou existia, corresponderia aos designados corredores que os Nativos ( dos quais, alguns... ditos Turras...) utilizavam para o transporte das suas mercadorias, essencialmente no sentido
Norte-Sul.

Quanto à célebre península do Sambuiá, porque as pisei, sempre em circunstâncias especiais, porquanto tratava-se de terreno considerado deles (Nativos), não subsiste dúvida da existência das picadas referenciadas.

Mas, sobre esta problemática, gostaria de questionar: Como será hoje? Circular-se-à, embora com dificuldade, claro, entre as diversas localidades, através das referidas picadas? Como seria interessante ver e saber como se apresentam esses locais e os respectivos meios de circulação, nos dias que correm!!!

Estou certo, por razões óbvias, que o momento certo e adequado já expirou há muito tempo...De qualquer forma, eis-me totalmente disponível para, integrando um grupo fixe, dar umas voltas por essas bandas.

Com saudações tertulianas.

Um grande abraço.
Barreto Pires

segunda-feira, 13 de março de 2006

Guiné 63/74 - P606: Barro, CART 2412, 1968/70 (Afonso M. F. Sousa)

Guiné > Região do Cacheu > Barro > CART 2412 (1968/70) > O Furriel Miliciano de Transmissões Afonso M. F. Sousa junto ao centro cripto, cuja entrada é galhardamente protegida por bidões de areia, pintados de branco... Na realidade, o centro cripto era uma espécie de cofre forte dos nossos aquartelamentos, o santos dos santos, o mais misterioso recôndito da pátria lusa naquele pedaço de terra onde flutuva a bandeira das quinas... Neste caso onde só entrava o Afonso e o seu cabo cripto... (LG) © Afonso M.F. Sousa (2006)

Guiné > Região do Cacheu > Barro > CART 2412 (1968/70) > Localização do monumento de homenagem ao 1º Cabo Enfermeiro Silva, morto em combate em Bigene, a 21 de Setembro de 1968... Sob a sombra tutelar do enorme mangueiro que sinalizava © Afonso M.F. Sousa (2006)

Guiné > Região do Cacheu > Barro > CART 2412 (1968/70) > Um monumento erigido à memória do 1º Cabo Enfermeiro Silva e que terá sido destruído a seguir à independência .
© Afonso M.F. Sousa (2006)


Texto enviado ao A. Marques Lopes (que em Abril próximo deverá revisitar a região do Cacheu e muito em especial Barro, onde foi alferes miliciano da CCAÇ 3), com conhecimento ao resto da tertúlia:


Caríssimo Coronel !

Conforme lhe havia prometido, aqui lhe envio uma fotografia de Barro, onde pode ver o local onde estava implantado o monumento que erigimos em memória do nosso cabo-enfermeiro, morto em Bigene (e que já enviei em separado, noutra ocasião).

Como vai estar lá, poderá ver o que agora aí existe e eventualmente auscultar (de forma cautelosa) o porquê da sua destruição.

É de crer que todos os vestígios da nossa passagem tenham sido eliminados (1).

Também o edificio que se vê à esquerda, que era a caserna de soldados e o depósito de géneros, já não existe.

O espaço estará já ocupado ?

Para os restantes tertulianos chamo à atenção para aquela enorme mangueira cuja ramagem, à esquerda, atingia toda a largura da estrada (Barro-Bigene), e à direita camuflava todo o edifício da secretaria, comando, oficiais e centro cripto).

Já agora envio também uma fotografia deste jovem de então que, como responsável pelo centro cripto, aqui se apresenta de vigília (!) a esse espaço restrito e de seguras (?) confidencialidades ou secretismos.

Afonso M.F. Sousa (2)
__________

Notas de L.G.

(1) Vd post de 2 de Julho de 2005 > Guiné 69/71 - XCIII: Barro, trinta anos depois (1968-1998)

(2) Obrigado, Afonso! Fico a conhecer o artista quando jovem... Espero, por outro lado, que o Marques Lopes, quando lá voltar dentro em breve, desvenda o mistério da destruição do vosso monumento... Simples vandalismo ? Revanchismo ? Incúria ? Estupidez ? Maldade ? Iconoclastia ? ... É sempre lamentável: são marcas da história, quer se goste ou não se goste... E que hoje podiam ter alguma mais-valia turística, museológica, cultural, para a própria Guiné-Bissau... Há tugas a fazer milhares de quilómetros só para redescobrir uma simples pedra de um monumento como este...

Creio que na Guiné ainda estão pior do que nós, quanto à(s) memória(s) do passado recente da guerra colonial (ou da guerra de libertação, como se queira)... Não há arquivos, não há escritos, tudo tem sido pilhado, destruído ou branqueado (que às vezes ainda é bem pior)... E os que fizeram a guerra - a geração dos guerrilheiros - estão a desaparecer sem deixar testemunhos, registados em suporte de papel, digital ou áudio... Alguma coisa está a ser feita em Guileje, pela AD - Acção para o Desenvolvimento, pelo nosso amigo Pepito e pelos seus colaboradores... Nós, também, à nossa modesta escala, no nosso blogue, com o contributo de magníficos e generosos blogadores como tu e o Marques Lopes... Um grande abraço, camarada.

sábado, 31 de dezembro de 2005

Guiné 63/74 - P388: Em perigos e guerras esforçados... (Afonso Sousa)


Guiné > Barro > 1970 (?) > Monumento em homenagem ao 1º Cabo Enfermeiro João Baptista da Slva, da CART 2412, morto em combate, em Bigene, em 21 de Setembro de 1968.

Mandado erigir, em Barro, pela CART 2412 (1968/70)

© Afonso M. F. Sousa (2005)

1. Achei bonito o gesto do nosso camarada Afonso Sousa (ex-furriel miliciano de transmissões da CART 2412, que andou por Bigene, Binta, Guidage e Barro, nos já longínquos anos de 1968/70) de se lembrar de um camarada morto em combate, em Bigene, e que os seus camaradas não quiseram esquecer, erigindo-lhe um singelo monumento de homenagem... (Será que resistiu ao tempo e às intermitências da guerra e da paz, do ódio e do amor ? Será que ainda hoje pode ser fotografado em Barro ?).

Raramente falamos deles, dos nossos mortos, dos mais de dois mil camaradas que não voltaram connosco, na viagem de regresso à pátra, a casa (e dos quais cerca de 1240 cairam em combate).
No final do ano de 2005, no ano da fundação da nossa tertúlia de amigos e camaradas da Guiné, é bonito, e mais do que bonito, é justo que nos lembremos dos nossos mortos. Há muitas maneiras de os evocar, pela imagem e pela palavra. E quem souber rezar, que reze (sempre) por eles. Eu, que não sou crente, também rezo por eles, à minha maneira, trazendo aqui, e por sugestão do Afonso Sousa, as duas primeiras estrofes do Canto I dos Lusíadas, do nosso genial (e às vezes tão mal amdado...) Luís de Camões:

As armas e os barões assinalados
Que, da ocidental praia Lusitana,
Por mares nunca dantes navegados
Passaram ainda além da Taprobana,
Em perigos e guerras esforçados
Mais do que prometia a força humana
,
E entre gente remota edificaram
Novo Reino, que tanto sublimaram;

E também as memórias gloriosas
Daqueles Reis que foram dilatando
A Fé, o Império, e as terras viciosas
De África e de Ásia andaram devastando,
E aqueles que por obras valerosas
Se vão da lei da Morte libertando;
Cantando espalharei por toda a parte,
Se a tanto me ajudar o engenho e arte.

Os Lusíadas (I, 1-2)

A presente foto também foi inserida na página do nosso camarada Jorge Santos, sobre A Guerra Colonial, na secção "Monumentos", por sugestão do Afonso Sousa, iniciativa de um e outro que eu sou o primeiro a aplaudir. L.G.

2. Mensagem do Afonso Sousa:

Obrigado ao "grande" Luis Graça pela gentileza das palavras que teve a amabilidade de inserir como moldura desta lembrança singela.

Para o fim a que nos propusemos não poderiamos ter tido melhor sorte. O Luis é o homem certo no lugar certo ! ...e reparem que estes trabalhos já são referência na WIKIPÉDIA !...

Já agora aproveitava para pedir ao querido amigo A. Marques Lopes se poderia confirmar-nos se na sua última estada em Barro pôde verificar se este monumento ainda lá existia (situava-se junto à picada Bigene-Barro, a cerca de 50 m do edifício da secretaria e comando, para o lado de Bigene e logo a seguir à enorme mangueira contígua ao edifício).

3. Resposta do A. Marques Lopes:

Amigo Afonso Sousa

Não, esse monumento já não estava lá em 1998, quando estive em Barro. Na altura não deu para falar sobre essas coisas (eu desconhecia, aliás, a existência desse monumento). Mas estou a projectar voltar lá em Março deste ano de 2006, desta vez com mais calma, assim espero. Hei-de perguntar ao Cacuto Seidi (se é que ainda está vivo...) ou a quaisquer outros como é que ele desapareceu e hei-de tirar fotografia do local.

Abraços
A. Marques Lopes

sexta-feira, 8 de julho de 2005

Guiné 6374 - P97: Op Mar Verde (invasão de Conacri) (1) (Afonso Sousa)

1. Pergunta o Afonso Sousa (CART 2412, Bigene, Binta, Guidage, Barro, 1968/70) ao Carlos Fortunato (CCAÇ 13, Bolama, Bissorã, Encheia, Biambi, Binar, 1969/71) (que recentemente nos disse ter participado na Op Mar Verde, mas que não chegou a desembarcar em Conacri porque entretanto a operação fora abortada):

A Op Mar Verde foi abortada? Então não foi com esta operação que se conseguiu a libertação dos prisioneiros portugueses que estavam em Conacri? Até comentámos aquela foto [do álbum de fotografias do Amílcar Cabral, que foi oferecido à Fundação Mário Soares] onde são vistos alguns a jogar futebol e alguém terá lembrado que foram posteriormente libertados na Op Mar Verde.

Aliás, sobre isto, o Marque Lopes esclareceu-nos: "Sobre a fotografia de prisioneiros a jogar à bola em Conacri, é natural que algum seja da CART 1690 [Geba, 1967/69], pois eram os que estavam lá em maior número. No entanto, é difícil distingui-los nessa fotografia. Para saberem o que foi a vida deles em cativeiro leiam o livro Memórias de Um Prisioneiro de Guerra, publicado pela editora Campo das Letras em Outubro de 2003 (...). O seu autor é o ex-alferes miliciano António Júlio Rosa (agora professor de Educação Física), que foi aprisionado pelo PAIGC na zona de Tite, no dia 1 de Fevereiro de 1968. Lá esteve até ao dia da libertação da Op Mar Verde. É um relato simples, sem literatura. Vale a pena ler, sobretudo nós que compreendemos tudo aquilo".

Desculpem a ignorância, mas o Carlos Fortunato poderia deixar algum esclarecimento sobre isto. Afonso Sousa

2. Resposta do Carlos Fortunato:

A Operação Mar Verde foi uma invasão de um país [Guiné-Conacri]com o objectivo de tomar o poder, que não foi levada até ao fim. A primeira fase da invasão não foi bem sucedida, apesar de se terem atingido alguns dos objectivos, como a libertação de prisioneiros.

O que eu referi é que a minha companhia [CCAÇ 13 - Os Leões Negros] fazia parte da segunda onda de assalto, que não chegou a avançar, e que esta história ainda tem muito para contar, e eu não a conheço totalmente, mas gostaria de conhecer, pois penso que foi a missão mais espetacular realizada.

O pouco que sei sobre itso está sucintamente descrito no site da companhia, que foi elaborado por mim, e que fala do assunto, quando se refere à nossa permanência em Bissau.

Se quiserem dar uma vista de olhos, cliquem:

CCAÇ 13 - Os Leões Negros

Carlos Fortunato

3. Se quiserem saber mais sobre a Op Mar Verde, há aqui uma sugestão do Jorge Santos:

Associação Nacional de Cruzeiros (ANC) > Batalhas e Combates da Marinha Portuguesa > Conakry, 22 de Novembro de 1970

sábado, 2 de julho de 2005

Guiné 63/74 - P94: Um alfa bravo para os nossos Op TRMS (1) (Afonso Sousa)

1. O Afonso Sousa [exz-furriel miliciano de transmissões da CART 2412, Bigene, Binta, Guidage, Barro, 1968/70) vem trazer para nossa tertúlia o tema dos "nossos rádios na Guiné". Teve, além disso, a gentileza de nos mandar imagens desses equipamentos de cuja existência e importância só dávamos conta em momentos de grande aflição: (i) quando, no mato, debaixo de fogo do IN, chamávamos pela mãezinha e pelo apoio da Força Aérea; ou (ii) quando tínhamos um camarada gravemente ferido, e era preciso uma evacuação Y para o hospital militar de Bissau...

Diz o Afonso Sousa: "Quanto do nosso isolamento foi atenuado e protegido com estes aparelhos de resistência singular, em terreno e flora tão adversos" ! (28 de Junho de 2005).

O Rádio AN_PRC 10 © Afonso Sousa (2005)

Além disso, "quem não se lembra daqueles livrinhos (secretos) de descodificação criptográfica (chaves periódicas de decifração de mensagens - criptografia de substituição de palavras) ? Com que expectativa e alguma sofreguidão, iniciávamos, por vezes, eu e o cabo cripto, a decifração de certas mensagens !

"... E saber que, hoje, tudo é tão simples com a criptografia computacional !... Coisa dos tempos !...


2.O Marques Lopes também se lembra bem "do AN-PRC 10, que o radiotelegrafista do meu grupo de combate levava às costas. Mas usávamos também em Geba um pequeno rádio para comunicação entre as secções do grupo de combate a que chamávamos SHARP. Era uma espécie de walkie-talkie. Conhecem ?"


3. O Humberto Reis diz que se lembra bem desse rádio: "Usei-o enquanto estive em Lamego pois cabia no bolso do dolman camuflado. Na Guiné não me lembro de o ter visto. Julgo que na minha CCAÇ 12 nunca houve desses luxos. Enfim, não se podia ter tudo".


4. O Sousa de Castro (29 de Junho de 2005), esse, também fala de cátedra, acerca das nossas transmissões e dos seus operadores:

"O AN-GRC 9 foi o rádio com que trabalhei durante toda a comissão na Guiné em grafia... Não é para me gabar, mas eu achava-me um craque nesta matéria, trabalhar em código morse era comigo, ou não tivesse na minha caderneta a menção de TE (telegrafista especial).

"Convém dizer que o [Luís] Carvalhido da APVG [Associação Portuguesa dos Veteranos de Guerra] não ficava atrás, antes pelo contrário, era um bom adversário.

"Aproveito para dizer que aquilo a que chamam de Banana é o AVP-1 que era usado no meu tempo nas operações para comunicação entre pelotões e nomeadamente com o Quartel, mas o rádio com mais alcance que os OP (operadores] de TRMS [transmissões] de Infantaria levavam às costas era o conhecido RACAL (TR-28)... Conheceram este? Vou procurar nos meus papéis e digitalizar este rádio para mandar para a tertúlia".

Nota de L.G. - As imagens enviadas pelo Afonso Sousa estão, para já, na página de Barro / Cacheu.

Guiné 63/74 - P93: Barro, trinta anos depois (1968-1998) (Afonso Sousa)

Texto de Afonso M. F. Sousa, ex-furriel miliciano de transmissões da CART 2412 (Bigene, Binta, Guidage e Barro, 1968/70), a propósito do post Guiné 69/71 - LIV: Cacuto Seidi, chefe da tabanca de Barro (15 de Junho de 2005)


Caro António Marques Lopes:

Recordo-me muito bem dele [o Cacuto Seidi]. As cinco mulheres !... Falávamos nisso. Alternavam a dormir com o Seidi.

Quanto à pequena e rudimentar pista de meios aéreos pequenos, ficava aí a 100m da fachada Norte do edifício do comando e secretaria. Havia um pequeno carreiro descendente, para Leste, que entroncava no caminho Barro-Bigene, próximo da cozinha do aquartelamento. De certeza que conhece.

Neste mesmo edifício ficava também o aquartelamento dos oficiais e o centro cripto.
Uma vez (era meia-noite), eu e o cabo cripto (que estávamos a descodificar umas mensagens) fomos surpreendidos com forte ataque vindo de zona próxima do arame farpado junto à referida pista. Como estávamos em posição frontal e a uns escassos 150/200 metros, a nossa primeira reacção foi atirar-nos para baixo da nossa mesa de trabalho.

Logo ao lado, do abrigo contíguo ao edifício, sentimos a pronta reacção do nosso morteiro, de imediato acompanhada por toda a companhia. Foi quase meia hora de intenso tiroteio, felizmente sem consequências. Apenas a lamentar a perda de uma perna por parte de um nativo, na manhã seguinte, quando se procedia ao reconhecimento da zona imediatamente a Norte da pista. Deixaram minas anti-pessoais e foi uma delas que o vitimou.

Já agora permita perguntar-lhe: e em frente ao edifício de comando/secretaria onde funcionava o depósito de géneros, a área dos mecânicos-auto e o dormitório dos praças, isso já não existia [em 1998, quando lá voltou, trinta anos depois] ?

E aquelas duas altas mangueiras, logo a seguir (para Sul), entre as quais tínhamos instalada a antena horizontal dípolo (elas funcionavam como mastro) ? Ao lado ficava o posto rádio e a enfermaria.

A sua constatação foi a de que aquela terra, tal como quase todas, não sofreu ainda os ventos da libertação, da democracia e do progresso. É assim ?

Um abraço (mais sentido por termos, longe da pátria, calcorreado os mesmos caminhos, algures na Guiné)

Afonso Sousa

Guiné 63/74 - P92: A zona tampão de Barro, Bigene, Binta, Guidage e Farim Afonso Sousa)

Texto de Afonso M. F. Sousa , ex-furriel miliciano de transmissões da CART 2412 (Bigene, Binta, Guidage e Barro, 1968/70)


1. A nossa Companhia chegou a Bigene, vinda de Bisssau, em 31 de Agosto de 1968, para fazer o treino operacional (com a CART 1745, e integrada no COP3, cujo comandante era o major de cavalaria Correia de Campos).

Nos primeiros contactos com o IN apanhámos uma emboscada num trilho à saída de uma bolanha. Aí faleceu (com tiro de bazooka) o nosso 1º cabo enfermeiro João Batista da Silva (talvez reconhecido pelo IN pela sua saca de medicamentios, a tiracolo) (1).

Na reacção as NT conseguiram (também como descreve o coronel A. Marques Lopes) neutralizar um guerrilheiro (talvez o que terá abatido o nosso militar) que estava empoleirado numa árvore. Levou uma rajada no baixo ventre e ficou com os testículos praticamente desfeitos. Foi trazido para o aquartelamento. Estava vivo, mas não sei se, posteriormente, veio a safar-se. Pelo seu estado, julgo que não.

Até chego a pensar se desta tão grande coincidência, entre o meu relato e o do coronel, na neutralização deste turra, não estamos a falar do mesmo. Era sinal de que a CCAÇ 3 estava, na ocasião, em Bigene, juntamente com a minha companhia.

Mas talvez não, porque na altura o Correia de Campos era major e o António Marques Lopes reporta-se a ele como sendo tenente-coronel, o que indicia ter este caso ocorrido posteriormente.

2. Esta Zona (Barro - Bigene - Binta - Guidage - Farim) correspondia como que a uma zona-tampão, visando neutralizar os corredores de Tanaf e Samine (Senegal), de grande importância nos abastecimentos do PAIGC e na estratégia de conquista territorial a partir do Senegal.

Repare-se que estes corredores estabeleciam a ligação Senegal-Morés (Óio) (2). Por isso esta zona era vital tanto para as nossas pretensões como para as do PAIGC. O futuro haveria de demonstar isso (leia-se o que ocorreu em Guidage em Maio de 1973).

Por exemplo, o percurso Binta-Guidage era frequentemente emboscado por grupos itinerantes apeados ao longo do trajecto (sobretudo no baixo do Cufeu, alagado por cursos de água superficiais). O objectivo era isolar a tabanca de Guidage que ficava mesmo em cima da fronteira com o Senegal.

Toda esta zona era assim, percorrida frequentemente por estes barrotes queimados do e para o Senegal. Este país quase funcionava como rectaguarda do PAIGC (embora algumas vezes negasse esse apoio, por estratégia concertada com eles).

Foi por isso que, a partir de Barro, bombardeámos o Senegal com potentes obuses. Resultado: este país apresentou queixa na ONU contra Portugal por violação do seu território. Vocês devem-se lembrar disso (1969), pois, na altura, foi noticiado na rádio.

Depois, nos dias seguintes recebemos, dos habituais informadores (nativos) as mais interessantes informações sobre os resultados destes bombardeamentos.
____

(1) Quando mais tarde (trocando com a CCAÇ 3), viemos de Guidage para Barro (onde cumprimos a parte final da nossa missão), aqui erigimos um memorial a este nosso companheiro, morto em Bigene, logo no início da nossa missão.

Hei-de perguntar ao coronel A. Marques Lopes se em 1998, quando voltou a visitar Barro, ainda viu por lá esse memorial (em betão), mesmo em frente ao então depósito de géneros. Penso que não. Pelo menos não o vislumbro naquela fotografia que, gentilmente, me enviou o ano-passado - a Este do edífício do comando, secretaria e centro cripto, logo a seguir àquela enorme mangueira, à face do caminho Barro-Bigene.

(2) Morés: Grande base de comando do PAIGC, para a zona Centro-Norte.