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terça-feira, 22 de novembro de 2011

Guiné 63/74 - P9078: O nosso blogue em números (23): Mensagens dos nossos camaradas Carlos Filipe, Fernando Barata e José Barros

1. O nosso camarada Fernando Barata, ex-Alf Mil da CCAÇ 2700, Dulombi, 1970/72, em mensagem do dia 20 de Novembro de 2011, mandou-nos estes quatro "instantâneos sem truques" referentes ao nosso Blogue e particularmente ao aniversário dos nossos camaradas César Dias e Maria Arminda, e ainda aos nossos 3 milhões de visitas atingidos muito recentemente.

O nosso muito obrigado por este trabalho ao Fernando, de quem já não tínhamos notícias há uns tempos. O Barata, que é um homem de Coimbra, vem provar que a vida também é humor, brincadeira, graça,  imaginação, cordialidade... e que com estes ingredientes também se ajuda a construir o nosso blogue, que é de todos e para todos...

Eis o que escreveu: (...) Devemos todos rejubilar ao vermos espalhados pela cidade diversos 'outdoors' publicitando os '3 milhões. Até Obama se associou. Abraço. F. Barata



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2. Comentário do nosso camarada Carlos Filipe Coelho, ex-Soldado Radiomontador da CCS/BCAÇ 3872, Galomaro, 1971/74:

Caros Amigos, neste exacto momento, ainda estou indeciso se devo comentar. Mas aí vai.

(i) Um Blogue é essencialmente um local onde se publica algo (quase sempre com carácter definitivo), e um Fórum,  um local onde se comenta também, a partir de algo publicado, e que por condição de publicação (um fórum) se sujeita a todo o tipo de crítica, contra-opinião, etc.

Colocada esta minha concepção, penso que na nossa Tabanca se confunde Posts com Coments. Na realidade, os comentários no blogue, deveriam simplesmente transparacer uma opinião favorável ou não ao respectivo Poste.

Mas não é isso que muitas vezes acontece e tranformam-se em perfeitos minifóruns, desvirtuando nalguns casos o perfil deste Blogue (não entendam isto como crítica ao Blogue), principalmente para quem nos lê e não é habitual participar.

Esses minifóruns nos Comentários  criam receios, dúvidas... em quem eventualmente queira participar,  receando reacções de terceiros. (vd. ponto iii)

(ii) Sobre a estrutura do blog, partilho das opiniões do Juvenal e do António Estácio, no geral, e claro também de uma ou outra já publicada.

Agora vou azedar um pouco o meu discurso... Refiro-me ao número de visitas ao Blogue. Eu por exemplo visito no mínimo 3 a 4 vezes por dia a Tabanca. Como é isto contabilizado? Não se estará a pecar por defeito? Concerteza que como eu um número infindável de outras pessoas.

(iii) Como o António escreveu, penso haver uma necessidade de reorganizar as temáticas do Blogue.

Por outro lado queria lançar uma ideia para evitar os pseudo-fóruns no espaço dos comentários. O Blogue permitiria somente a possibilidade de gostar ou não de um Poste.
Sendo que estaria já criado um Fórum que, dividido da mesma forma temática do blogue, só publicaria para discussão (então sem condicionalismos a não ser os do próprio Blogue da Tabanca), somente os mesmos títulos e números de cada Poste publicado sem respectivo texto.

Era só isto que tinha para escrever.
Um abraço para todos
Carlos Filipe
ex-CCS/BCAÇ 3872
Galomaro/71


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3. Mensagem do nosso camarada José Ferreira de Barros (ex-Fur Mil At Cav, CCav 1617/BCav 1897, Mansoa, Mansabá e Olossato, 1966/68), com data de 21 de Novembro de 2011:

Caros amigos e camaradas:

Aqui estou, para dizer-vos que votei “Muito Melhor”. Para mim foi uma grande alegria encontrar esta grande família, porque me permitiu reviver locais e acontecimentos que há muito estavam num velho caixote de memórias esquecidas.

O blogue teve o condão de fazer o milagre de abrir o dito caixote, que pensava estar fechado para sempre.

Obrigado a todos vós, editores e co-editores,  pelo vosso trabalho e dedicação a esta ”GRANDE CASA”.

As críticas e divergências de opinião são saudáveis desde que respeitosas. Qual a família onde não há divergências?

Por isso somos a GRANDE FAMÍLIA DA TABANCA GRANDE.

Um grande abraço para todos e que Deus vos dê saúde, força e coragem para continuar e aumentar a grande FAMÍLIA que somos.

José Barros
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 21 de Novembro de 2011 > Guiné 63/74 - P9074: O nosso blogue em números (22): Foi assim que eu vos conheci, irreverentes; foi assim que vos reencontrei, controversos... (Cherno Baldé)

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Guiné 63/74 - P9012: Blogoterapia (191): Na varanda e a Guiné-Bissau (Carlos Filipe)

1. Mensagem do nosso camarada Carlos Filipe Coelho* (ex-Soldado Radiomontador da CCS/BCAÇ 3872, Galomaro, 1971/74), com data de 5 de Novembro de 2011:

Carlos Vinhal,
Mais um dos textos que tenho escrito últimamente.
Fica ao V. critério.
Depois de velho e esquecido, é que me está a dar para isto....

Cumprimentos e um abraço.
Carlos Filipe


Foto: © Carlos Filipe (2011). Todos os direitos reservados.


Na minha varanda e a Guiné

Na minha varanda e de janelas abertas, chega-me o cheiro intenso de mato queimado nas redondezas, nesta madrugada.
Sinto-me olhando o vazio, como orbitando a Guiné-Bissau em Galomaro, nesta noite sem luar.
Vejo e ouço, as pequenas fogueiras e o burburinho das vozes sentadas à entrada de cada tabanca.
A minha busca de uma delas no meio do labirinto das mesmas, o cheiro da sua palha rendado com outros cheiros, produz-me ânsia e ligeiro desnorte.

Com as estrelas da noite como testemunha e como guias, com a ténue luz das pequenas fogueiras..., procuro no burburinho das palavras de cada família as silabas que me permitam a comunicação. "Corpo de bô ?" "Manga de sibe", "Jametum", etc.

Beber um trago de álcool de cana, fraternalmente oferecida, concerteza com raivas contidas, e que eu obstinadamente não me sentia o destinatário..
Sentia-me honrado, pela hospitalidade, no meio de pessoas com rostos quase esbatidos pela escuridão.
E vezes sem conta, procurando dar melodia de esperança a curtíssimos diálogos nunca concluídos, sobre algo que estava para além de mim, outros berros de outras bocas mortíferas, se escutavam de vinte, trinta, quarenta quilómetros de distância.

Minha farda se transformava, no pano de fundo de cena, e toda a empatia se desvanecia na plateia à porta da tabanca.
Nossas bocas fechavam-se e só os olhares dialogavam interrogando o culpado.
Contudo, a cada noite nascia o dia com a alegria sofredora das gentes no cultivo, na bolanha, nos afazeres da tabanca ou simplesmente embelezando ainda mais frondosas florestas.
E eu, eu frequentemente voltava a renascer na esperança de encontrar esse trilho, para o qual não tive tempo de o percorrer, para alcançar uma floresta de onde se partia novamente em direcção a um palco onde decorria a peça da luta pela liberdade e independência.

Gosto muito de ti, Guiné-Bissau.

Carlos Filipe,
Out. 2011
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Notas de CV:

(*) Vd. poste de 6 de Novembro de 2011 > Guiné 63/74 - P9004: Estórias avulsas (117): Posto avançado ou vala comum? (Carlos Filipe)

Vd. último poste da série de 4 de Novembro de 2011 > Guiné 63/74 - P8996: Blogoterapia (190): É bom ter amigos (António Martins de Matos)

domingo, 6 de novembro de 2011

Guiné 63/74 - P9004: Estórias avulsas (58): Posto avançado ou vala comum? (Carlos Filipe)




1. Em mensagem do dia 5 de Novembro de 2011, o nosso camarada Carlos Filipe Coelho (ex-Soldado Radiomontador da CCS/BCAÇ 3872, Galomaro, 1971/74), enviou-nos esta, quase trágica, história passada em terras do Leste da Guiné:






POSTO AVANÇADO OU VALA COMUM ?

Local: Galomaro, Guiné-Bissau 1972

Galomaro > Entrada do Quartel
Foto: © Luís Dias (2011). Todos os direitos reservados.


Fim de tarde, o ritual do jantar quase sempre composto de vianda e estilhaços (arroz e pedaços de carne mais ou menos estufada) tinha terminado.
A maior parte dos meus camaradas dirigiam-se à entrada do destacamento onde já se encontravam as talvez três dezenas de jovens (bajudas) lavadeiras.

Com o corpo algo confortado pela refeição, dava-se inicio a um baile de tentações, libertação de afectos contidos, em que dançam alguns recalcamentos, pintalgando aqui e acolá um ambiente de sonoros risos, gritinhos e curtas corridas de tentação, num desafio quase erótico entre sexos.

Enquanto isto um pequeno grupo de soldados preparam suas armas e restante equipamento, para ocuparem seus lugares nos postos de vigilância e segurança, e partirem para os patrulhamentos até alguns quilómetros de distância durante a noite. A saber, sentinelas no interior e exterior, os chamados postos avançados.

É a partir deste clima que alcanço o meu primeiro susto, passado uma ou duas semanas da minha presença em Galomaro (sector Leste da Guiné-Bissau).

Não estando eu destacado para nenhum serviço (o que muito poucas vezes aconteceu e ainda hoje não compreendo o porquê), resolvi juntar-me a um pequeno grupo de camaradas com destino aos postos avançados. Esta iniciativa não foi por qualquer tipo de valentia, mas sim porque tinha assumido conhecer tudo que possível, conforme os objectivos a que me propus e que me levaram a admitir o meu embarque com destino aquelas paragens numa guerra injusta.

Formamos um grupo de quatro homens. Incluídos um furriel mecânico (da minha Companhia), e um cabo dos ‘velhinhos’ que ainda não se tinham retirado com destino a Portugal.

Com o ritual do fim de tarde a decorrer à porta de armas, talvez mais suavizado, dirigimo-nos ao posto avançado, uma vala no solo, talvez a 400/500 metros de distância na sua direcção.

Íamos todos de G3, sendo que o furriel (o mecânico) tinha a arma municiada com um dilagrama, que é nem mais nem menos que uma granada adaptada à ponta do cano da G3.

Aparentemente tudo dentro da normalidade. Chegados ao destino saltamos para dentro da vala e encetamos uma amena cavaqueira, enquanto por vezes dirigíamos um olhar para o limite da vegetação entrepondo-se uma bolanha (terreno para cultivo de arroz) já com pouca água, pois estávamos na época seca.

Claro que o protagonista num momento, ora autor noutro das histórias, era o ‘velhinho’ que nos deliciava com um imaginário, quando para nós ainda não tinha havido um conhecimento real do cenário de uma guerra, contra um movimento de guerrilha de difícil combate, levando-nos portanto a uma expectante futurologia.
De quando em quando o ‘velhinho’ quase poetizava o seu regresso a Portugal que seria num dos próximos dias, quem sabia se no dia seguinte.

Passado talvez uma hora, temos na escuridão da noite o desenrolar de uma cena muito próxima de um teatro de marionetas.
Na quase absoluta escuridão, um número pequeno de vacas (ou bois?) desfilam em direcção à nossa direita, sem qualquer variação de percurso, nem um pequeno desvio, sempre em fila e sem paragens. Gado “inteligente”, ainda hoje estou convicto disso...

Para o ‘velhinho’ não menos astuto, perante o desenrolar da cena, explica-nos que o comportamento do gado devia-se a que estava a ser conduzido por pessoas escondidas pelo volume do corpo dos animais; colocando-se em dúvida se seria população afecta ou não ao PAIGC, ou até mesmo seus guerrilheiros.
Já quase a saírem do nosso raio de visão, que fazer? Disparar ou não? NÃO.

Reacção talvez instintiva do ‘velhinho’, eram os seus últimos dias de mato e quem sabe o seu último dia em Galomaro. A inicial expectativa (receio?) dos ‘periquitos’ (os recém-chegados ao mato) contribuíram para aquela decisão de não disparar. Além do mais não tínhamos rádio para comunicações.

Passados estes palpitantes minutos de análise e estratégia, voltamos à descompressiva conversa, para passado momentos tornar com motivos de sobra a gelar naquela amena noite tropical.

Agora o assunto era armamento, suas características e um dos tópicos foi o alcance dos dilagramas (a tal granada na ponta da arma), e consequentemente a munição a utilizar para o seu disparo.

Como um certeiro tiro, o ‘velhinho’ pergunta ao furriel (personalidade um pouco apagada naquele convívio dentro da vala) e que transportava o dilagrama na ponta da G3, que munição tinha no carregador da arma para disparar a granada.

O furriel responde, convicto, que tinha munição real. Como disse creio que gelamos sob aquela temperatura africana.

Nosso ‘velhinho’ com uma calma indesmentivel (pelo menos aparentemente) pede a ponta da metralhadora ao furriel e sacou a granada da arma, num silêncio indecifrável.

Retirado o mortífero engenho dá-se inicio a uma rajada de improprérios. “Caralh... queria matar-nos a todos ?... o que veio para aqui fazer ?....” e continuou tá tá trá.

Não vi o estado facial do furriel, porque estávamos ao lado uns dos outros e o espaço não era muito, mas sei que não pronunciou uma palavra.

Entretanto passou o tempo deste turno de vigilância e regressamos ao destacamento. Chegados, cada um foi para seu abrigo, talvez cogitando sobre o sucedido.

Por meu lado pensei: “fod... a primeira situação de perigo que se me depara é com os meus camaradas de tropa e não com o PAIGC merd.. para isto, o que virá a seguir ?”

Sob brasa, gostei de estar na vossa companhia naquela noite, quando ainda não tinha tido alguma experiência do tipo. Embora dentro de um buraco a que chamam vala, que podia ter sido “comum” não deixamos de contar anedotas e contrariar a regra do silêncio que se impunha naquele lugar e serviço.

Obs. - Um dilagrama tem que ser disparado (lançado) a partir de uma arma, com munição de salva. Composta só de pólvora sem projéctil. Se for disparado com munição real a granada rebenta de imediato a curtíssima distância.

Carlos Filipe,
2011-11-03
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Notas de CV:

(*) Vd. poste de 21 de Junho de 2011 > Guiné 63/74 - P8455: Memória dos lugares (156): Texas, o anexo do Hospital Militar Principal, na Rua da Artilharia Um, em Lisboa (Carlos Rios / Rogério Cardoso / Jorge Picado / António Tavares)

Vd. último poste da série de 10 de Setembro de 2011 > Guiné 63/74 - P8762: Estórias avulsas (116): O 400 da CART 1746 (Manuel Moreira)

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Guiné 63/74 - P8922: Parabéns a você (328): Carlos Filipe Coelho, ex-Soldado Radiomontador da CCS/BCAÇ 3872 (Galomaro, 1971/74)




Na minha varanda e de janelas abertas, chega-me o cheiro intenso de mato queimado nesta madrugada.
Sinto-me olhando o vazio, como orbitando a Guiné Bissau nesta noite sem luar.
Vejo as pequenas fogueiras e o burburinho das vozes sentadas à entrada de cada tabanca.


A minha busca de uma delas no meio do labirinto das mesmas, o cheiro da sua palha rendado com outros cheiros, produz-me ânsia e ligeiro desnorte.
Com as estrelas da noite como testemunha e como guias, com a ténue luz das pequenas fogueiras..., procuro no burburinho das palavras de cada família as silabas que me permitam a comunicação. "Corpo de bó ?" "Manga de sibe" "Jametum" etc.

Beber um trago de álcool de cana, fraternalmente oferecida, com certeza com raivas contidas, e que eu não me sentia o destinatário.
Sentia-me honrado, pela hospitalidade, no meio de pessoas com rostos quase esbatidos pela escuridão.
E por vezes sem conta, procurando dar melodia de esperança a curtíssimos diálogos nunca concluídos, sobre algo que estava para além de mim, outros berros de outras bocas mortíferas, se escutavam de vinte, trinta, quarenta quilómetros de distância.

Minha farda se transformava no pano de fundo de cena, e toda a empatia se desvanecia na plateia à porta da tabanca.
Nossas bocas fechavam-se e só os olhares dialogavam interrogando o culpado.
Contudo, a cada noite nascia o dia com a alegria sofredora das gentes no cultivo, na bolanha, nos afazeres da tabanca ou simplesmente embelezando ainda mais frondosas florestas.
E eu, eu frequentemente voltava a renascer na esperança de encontrar esse trilho, para o qual não tive tempo de o percorrer, para alcançar uma floresta de onde se partia novamente em direcção a um palco onde decorria a peça da luta pela liberdade e independência.

Gosto muito de ti, Guiné Bissau.
Carlos Filipe, Out. 2011



Mensagem de Juvenal Amado

Há umas semanas dei com este escrito do Carlos Filipe onde ele exterioriza pensamentos profundos sobre o tempo que esteve na Guiné.

Foram tempos de juventude em que ele, como todos nós pensávamos que podíamos mudar o Mundo e que este a partir desse momento, jamais retrocederia na emancipação dos povos, na erradicação do analfabetismo e da fome no terceiro Mundo.

Mas não foi assim, os nossos sonhos esbarraram na ignorância, na nossa ingenuidade os velhos fantasmas de retrocesso social, massacres, racismo e fome voltam a eclodir ciclicamente.

Senhores da guerra, corrupção e ambição desmedida deitaram por terra muitos anos de luta. Uns estão cada vez mais ricos e a miséria espalha-se pelos povos.

Mas no fundo que será da humanidade se desacreditarmos que o nosso esforço deixará de valer a pena?

O Carlos toda a vida remou contra a maré, muitas vezes madrasta, mas continua sempre com aquela chama, que anima o peito e lhe incendeia o olhar.

Não será nunca um D. Quixote trágico, nunca se vendeu, acredita da vitória final dos seus ideais e na sua justeza.

Eu que não sou tão vertical, agradeço-lhe a sua amizade e confiança, desejo-lhe um dia de aniversário feliz e boa disposição.

Esta noite beberei um copo em tua honra.

Um abraço
Juvenal Amado
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 12 de Outubro de 2011 > Guiné 63/74 - P8894: Parabéns a você (327): A nossa amiga tertuliana Cátia Félix (Tertúlia e editores)

terça-feira, 21 de junho de 2011

Guiné 63/74 - P8455: Memória dos lugares (156): Texas, o anexo do Hospital Militar Principal, na Rua da Artilharia Um, em Lisboa (Carlos Rios / Rogério Cardoso / Jorge Picado / António Tavares)


Guiné > Bissau > Hospital Militar 241 > O Carlos Filipe, radiomontador, da CCS/BCAÇ    (Galomaro, 1972/74)  esteve internado 32 dias em Bissau, antes de ser evacuado para o Hospital Militar da Estrela em Lisboa, onde esteve 173 dias. Com hepatite C... (Embora luta contra outra doença, não infectiosa, mas não menos tramada...Daqui vai, para ele, um abraço camarigo de toda a Tabanca Grande, dando-lhe coragem e esperança).


Houve homens, camaradas nossos, como Carlos Rios, que lá passaram anos, por estes sítios, alguns tenebrosos como o Texas... Esperemos que nos cheguem, ao blogue, mais testemunhos destas dolorosas estadias no back office da guerra... Em relação ao Hospital Militar Principal, em Lisboa, na Estrela, quantos anexos afinal havia ? Campolide, Artilharia Um, Graça (*)...

Foto © Juvenal Amado(2008). Todos os direitos reservados.



1. Excertos de mensagens e comentários sobre o famigerado Anexo Texas, do Hospital Militar Principal (Estrela), sito na Rua Artilharia Um (**)... Tudo começou com o António Santos a contar como foi parar ao HMP, para fazer caixões de pinho, enquanto não o mandavam para a Guiné:


Carlos Rio
Ex-Furriel Mil
CCAÇ 1420
(Fulacunda, 1965/67)

(…) Fui dos que passou pelas instalações e sofri as piores atribulações [n]aquelas miseráveis e desumanas instalações, principalmente o anexo (Texas), do Hospital Militar Principal.

Ali passei seis anos com imensas operações, vindo a ficar estropiado, de 1966 a 72. O director era um déspota bem como a maioria do pessoal ligado àquilo que deveria ser o lenitivo para as misérias que nos atingiam mas que afinal se vinha a transformar como que um castigo por termos sido feridos. De tal maneira que já no Depósito de Indisponíveis, onde se encontrava o pessoal em tratamentos ambulatórios, termos sido metidos nas escalas de serviço, como se os doentes em tratamento estivessem numa Unidade.

Imagina um Oficial de dia quase maneta e eu próprio, já coxo, a fazer o içar da bandeira na porta de armas, vindo ao exterior a comandar a guarda e dar ordens militares para o caso. Fui um espectáculo macabro, eu só consigo andar com uma bengala. Calcula o ridículo.
No decrépito anexo não havia um espaço onde pudessemos ter um bocadinho de lazer, havendo apenas uma horrorosa cantina pequena para largas centenas de todo o tipo de doentes, cegos, amputados, loucos, etc...tudo á mistura. Não podiamos estar nas camas depois das nove horas nem sair para o exterior antes das catorze, exceptuando os acamados. Era-nos sugerido, quase obrigado, que não andássemos fardados. Enfim atribulações e peripécias dos pobres que eram arrancados às familias para servir alguém. 


Rogério Cardoso 
Ex-Fur Mil 
Cart 643, Águias Negras
(Bissorã, 1964/66)


(…) Também eu passei as passas do Algarve no chamado Texas, [na Rua da Artilharia 1]. Estive lá de Fevereiro de 1966 a meados de 1967.

De facto o Director era uma pessoa intragável, assim como muito do pessoal lá destacado. Voltando ao director, assisti uma vez, ele dar uma bofetada num 2º Sarg Enf por ele não ter chamado á atenção de um Fur Mil que estava deitado em cima da cama, pelo meio da manhã. O homem até chorou, pela humilhação sofrida. (…)

 (…) Estou lembrado de mais uma cena humilhante. Nós, sargentos, instalados no anexo Texas, frequentemente tíonhamos consultas no HMP Estrela, estou a falar no ano 1966. A deslocação era feita numa carrinha Mercedes, salvo erro de 18 lugares. Até aqui tudo bem, mas a nossa vestimenta era pior do que a de um recluso. Calças de cotim com dezenas de carimbos com uma estrela, com os dizeres HMP, camisa branca sem colarinho tipo moço de estrebaria, também com carimbos, casaco cinzento de golas largas (capote cortado a 3/4) e barrete branco de algodão, igual aos que os velhotes usavam para dormir no século XIX, além de sapatilhas brancas.A nossa vestimenta era mais do que ridícula, os reclusos eram uns "pipis" comparando. Era o tratamento a que os combatentes que tiveram azar, eram sujeitos. (…) 


Jorge Picado
Ex-Cap Mil na CCAÇ 2589/BCAÇ 2885,
 Mansoa, na CART 2732, Mansabá e no CAOP 1, Teixeira Pinto, 1970/72


(...) No Hospital, Anexo ou Texas, existente na Rua de Artilharia 1, tive as primeiras visões horríveis, do que me poderia esperar, qualquer que fosse o TO que me saísse na rifa. Isto aconteceu talvez nos finais de Setembro de 1969, quando estava a frequentar o CPC em Mafra. Aí funcionavam, não sei se outras, as consultas de Ortopedia, para onde fui encaminhado pelo Oficial Médico Mil da EPI, face aos problemas da coluna lombar de que já padecia.

Para chegar à zona das consultas tinha de percorrer vários corredores (ou seria só um muito comprido, mas dividido por várias portas?), atulhados com macas ocupadas por estropiados brancos e negros, meio ao "Deus dará". Da primeira vez fiquei meio "zonzo" com aquelas cenas e nas seguintes procurava chegar rapidamente ao local olhando par o ar...Quanto ao Cap Med do QP, chefe da Ortopedia, fiquei com as piores recordações, respondendo-lhe "torto" e chamando-lhe a atenção que não estava a falar para um analfabeto, mas sim para
um licenciado como ele, mas isso são outros contos. (...)






António Tavares
Ex-Fur Mil 
CCS/BCAÇ 2912
(Galomaro, 1970/72)

 Em Janeiro de 1969 estive internado no anexo do HMPrincipal, R Artilharia 1, onde vi e assisti a episódios sem classificação...Impossível a sua descrição.
________________


Notas do editor:


(*) Último poste da série > 8 de Maio de 2011 > Guiné 63/74 - P8243: Memória dos lugares (155): Bedanda 1972/73 - A Mulher, Menina, Bajuda de Bedanda (2) (António Teixeira)

(**) 18 de Junho de 2011 > Guiné 63/74 - P8438: (Ex)citações (141): Hospital Militar Principal: Sofri as piores atribulações naquelas miseráveis e desumanas instalações, principalmente o anexo, o Texas (Carlos Rios, ex-Fur Mil, CCAÇ 1420, Fulacunda, 1965/67)

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Guiné 63/74 - P7604: Facebook...ando (7): A terrível emboscada sofrida por uma coluna da CCS/BCAÇ 2912 (Galomaro) e CCAÇ 2700 (Dulombi) em 1 de Outubro de 1971, às 20h30, na estrada Galomaro - Duas Fontes (Bangacia)... (António Tavares / Carlos Filipe / Juvenal Amado / Américo Estanqueiro)



Guiné > Zona Leste > Sector L5 > Galomaro > BCAÇ 2912 (1970/72) > Em 1 de Outubro de 1971, duas secções da CCS do BCAÇ 2912, sediado em Galomaro, reforçadas por uma secção da CCAÇ 2700 (Dulombi), sofreram uma violenta emboscada, na estrada Galomaro-Duas Fontes (Bangacia), por ocasião de um patrulhamento nocturno.


Fonte:  © António Tavares (2011). Todos os direitos reservados




1. Esta foto, de uma viatura Mercedes calcinada,  foi colocada no Mural da Tabanca Grande, no Facebook, pelo nosso camarigo António Tavares (ex-Fur Mil SAM, CCS/BCAÇ 2912, Galomaro, 1970/72), membro do nosso blogue desde Junho de 2009 (*) e que ainda recentemente reencontrei e abracei na Tabanca de Matosinhos, em 29/12/2010.


"Este infortúnio aconteceu na emboscada em Bangacia/Duas Fontes (Zona Leste do TO da Guiné) às 20h30 de 1 de Outubro de 1971 com feridos e 5 mortes no local e outra em Bissau": é a legenda do António... 


Por sua vez o Carlos Filipe (CCS/ BCAÇ 3872, Galomaro, 1972/74), acrescenta: "Em Janeiro de 1972 o acontecimento ainda era descrito, como se tivesse acontecido no dia anterior".



2. De facto, ficaram ecos desta terrível emboscada na memória dos vindouros. Leia-se por exemplo este excerto do poste nosso camarada Juvenal Amado (também da CCS/BCAÇ 3872, Galomaro, 1972/74):


"Duas Fontes: local onde abastecíamos de água perto de Bangacia. Era um local que inspirava confiança, mas não podemos esquecer que essa mesma confiança custou a vida a seis camaradas do Batalhão antigo [, BCAÇ 2912, Galomaro, 1970/72,] que ali foram emboscados.

"Bangacia foi também destruída por um ataque durante a nossa comissão. Nós reconstruímos a povoação com ordenamento tipo Baixa Pombalina, com escola, posto médico e o PAIGC nunca mais atacou. Deve ter considerado que era uma coisa boa a manter para quando a paz chegasse. E tinham toda a razão".





Guiné > Zona Leste > Sector L5 > Galomaro > Dulombi > CCAÇ 2700 / BCAÇ 2912 (1970/72) >   Dos cinco mortos, no local, dois eram da CCAÇ 2700 (Dulombi): Sold José Guedes Monteiro, natural de Vila Real, mas sepultado em Marco de Canaveses, e 1º Cabo Rogério António Soares, natural de Nelas.

Na foto,  alinham-se os caixões que hão-de levar os restos mortais das vítimas... Mortos da CCS / BCAÇ 2912 (Galo): 1º Cabo Alfredo Tomás Laranjinha, de Lisboa; Sold Leonel José da Conceição Barreto, natural do concelho de Allbufeira; Sold Trms José Peralta de Oliveira, natural do Fundão; e ainda um quarto camarada, cujo nome não consegui apurar, que veio a falecer no hospital, em Bissau. (Informações recolhidas através da preciosa ajuda da lista dos mortos do ultramar, por concelho de naturalidade, constante do portal Ultramar Terraweb, criada e mantida pelo nosso camarada António Pires,  Ex- Furriel Mil Mec Auto, da CSM/QG, Região Militar de Moçambique, 1971/1973, a quem envio um Alfa Bravo).

Foto do álbum de fotografias do Américo Estanqueiro, ex-Fur Mil da CCAÇ 2700 (Dulombi, 1970/72), com a devida vénia ao autor e à editora, a Fundação Mário Soares (**).


Fonte:  © Américo Estanqueiro (2007) /
Fundação Mário Soares  (***).

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Notas de L.G.:
(...) Em 1970/72 estive em Galomaro, dentro e fora do arame farpado tendo viajado por Bafatá, Bambadinca, Nova Lamego, Saltinho e muitas tabancas.


Tive sorte de nunca ter dado um tiro apesar de ter estado sob fogo e tido muitos sustos!


Amiga G3,  saíste da minha mão virgem e limpa conforme te recebi e com toda a certeza que me agradeceste o descanso que te dei durante 23 meses embora muitas vezes estivesses engatilhada para me ajudar!

Amiga G3,  foi desumano o transporte para Bambadinca dos nossos amigos defuntos caídos na emboscada da noite de 01-10-1971... e no regresso trazer 6 urnas para reserva...
(*)



Amiga G3,  vamos pertencer a uma Tabanca Grande, diferente das outras onde estiveste mas é bom recordar a História e Estórias dos ex-combatentes.(...)

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Guiné 63/74 - P7189: Blogoterapia (164): O Blogue está a sofrer uma mutação evolutiva de qualidade / Sinal de maturidade é virmos aqui contar o que nos vai na alma (Carlos Filipe / Luís Graça)

Dois textos à consideração e reflexão da nossa Tertúlia sobre o nosso Blogue e seus intervenientes, nós todos e cada um à sua maneira.


1. Mensagem de Carlos Filipe Coelho (ex-Soldado Radiomontador da CCS/BCAÇ 3872, Galomaro, 1971/74), com data de 28 de Outubro de 2010:

Caros Amigos
Não imagino se este email, será oportuno ou não.
Mas não quero deixar de manifestar o que considero neste momento sobre a 'Tabanca Grande'.

Creio que, sem desvalorizar sentimentos, sofrimentos de qualquer ordem, concepções não alteradas com o decorrer do tempo por razões desconhecidas, dos seus Tertulianos; o Blogue está a sofrer actualmente uma mutação evolutiva de qualidade (diferente).

Apraz-me constatar, depois da minha já muita "exploração de textos" no Blogue, que a malta está a ganhar vontade (coragem?) para novas abordagens, sobre aquilo que de alguma forma nos moldou, alterou, ou influenciou nossas vidas. E até nos atormentou, mesmo antes, da condição de militar.

Causas, fundamentos e consequências da Guerra Colonial, foi e continua sendo, algo "sigiloso" porque alguns dos seus mentores, estrategas e/ou dirigentes políticos, ainda andam pela nossa praça (activos e influentes próximos da classe dirigente do país). O que constitui ainda uma restrição e inibição, no mínimo psicológica, à livre manifestação de opinião ou sentimentos.

Considero também salutar este pequeno 'salto' no Blogue porque, já há muito tempo, sob o conceito 'politicamente correcto', a sociedade não aborda temas ou assuntos que determinaram nossas vidas, enquanto ex-combatentes e a sociedade em geral. Enfim... transformando-se desta forma em tabu, a guerra colonial, em consequência de uma concepção política/económica da época, que agora geneticamente igual e global.

Sendo de todo saudável que quebremos aquelas barreiras, porque estou convencido que existe ainda muitos ex-combatentes que transportam montes de dúvidas na compreensão, tendo sido por vezes protagonistas de uma determinada característica de guerra, e por outro lado serem conhecedores de outros desenvolvimentos com parâmetros absolutamente diferentes ou até antagónicos. Levando à não compreensão e à perda da percepção de conjunto da guerra colonial, nas diversas frentes, e mesmo no próprio território para onde foi mobilizado.

Sei que o Blogue, não é um fórum de discussão... porém devo reconhecer publicamente que meu objectivo tem sido através dos Comments, (permitam-me a expressão) acicatar a discussão e o acto de expressar nos mesmos comments, muitas vezes de forma relâmpago, a dúvida mais profunda sobre o assunto que por vezes está disfarçada de uma "afirmação indesmentível".

Amigos a picada já vai longa.

Um abraço para vocês
P.S. - Utilização livre deste email para C.Vinhal e Luís Graça

Carlos Filipe
ex-CCS/BCAÇ3872
Galomaro


2. Comentário que o nosso Editor Luís Graça deixou no Poste 7190:

Sinal de maturidade deste blogue (ou das gentes que nele escrevem e comentam) é o facto de virmos aqui contar o que nos vai na alma, descrever as emoções associadas a grandes momentos da nossa história de vida ou da nossa história colectiva, trazer as nossas reflexões sobre os acontecimentos do passado, expor as nossas memórias, seguramente reconstruídas...

O nosso blogue, enquanto tal, não tem uma orientação político-ideológica, não é monárquico nem republicano, não é colonialista nem anti-colonialista, não é pró nem contra, enfim, recusa ter "adesivos"... O que importa é a capacidade (logística e metodológica) de reunir à volta do poilão da Tabanca Grande gente que fez a guerra colonial (do ultramar para uns, de libertação, para outros...) e que pensa pela sua cabeça. E sem tabus. De há muito que combatemos o "politicamente correcto", o "seguidismo", o "conformismo", mas também o "bota-abaixismo", o "revanchismo", e demais imos...

O nosso único limite é o do "bom senso e bom gosto" e a tolerância, o respeito uns pelos outros: não tenho que GRITAR as minhas convicções à frente dos outros, muito menos os meus ódios de estimação, por exemplo... Há outros espaços para isso, que não este.

Dito isto, saúdo os quatro intervenientes, o autor do poste e os três camaradas que o comentaram. O meu aplauso vai, em primeiro lugar, para o Zé Corceiro que nos deixou uma magnífica peça sobre esses já longínquos tempos do 25 de Abril de 1974, com preciosas fotos de autor, inéditas, e com apontamentos deliciosos, e que escreveu sobre esses acontecimentos marcantes com inteligência emocional, com elegância, com saudade mas também com distanciamento crítico... Enfim, uma nota de apreço também para os três comentadores do poste, o António Barbosa, o Carlos Filipe e o Zé Dinis, que vieram enriquecer o texto do Zé Corceiro...

Ainda temos poucos testemunhos sobre esta efeméride, o 25 de Abril de 1974, que, quer se queira quer não, mexeu com todas as nossas vidas (e as vidas dos povos que viviam sob a administração portuguesa na África e na Ásia)...

Seria bom, por exemplo, que o António Barbosa nos contasse, com mais detalhe, o que se passou em Cabuca, por essa altura, indo ao encontro da sugestão do Filipe... É pena que, com o tempo, as "imagens" e as "emoções" (positivas, negativas ou neutras) desses dias se desvaneçam, quanto mais não seja pelo efeito da usura (física e mental...) do tempo.

Um Alfa Bravo.
Luís
__________

Nota de CV:

Vd. último poste da série de 23 de Outubro de 2010 > Guiné 63/74 - P7166: Blogoterapia (163): Recordações da infância (Felismina Costa)

OBS:- Negritos da responsabilidade do editor

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Guiné 63/74 - P7145: Parabéns a você (165): Carlos Filipe Coelho, ex-Soldado Radiomontador da CCS/BCAÇ 3872 (Juvenal Amado / Tertúlia / Editores)

PARABÉNS A VOCÊ
CARLOS FILIPE COELHO

1. Neste dia 19 de Outubro de 2010, estamos a celebrar a vida, a força nos mantém nesta dimensão terrestre que vale pelo amor, amizade, fraternidade, partilha de emoções, aquilo que não sendo material é essencial à humanidade.

O nosso camarada e amigo Carlos Filipe Coelho (ex-Soldado Radiomontador da CCS/BCAÇ 3872, Galomaro, 1971/74), não vai defraudar quem tem por ele estima e admiração. Vamos todos torcer para que aquela brincadeira habitual dos dias de aniversário, chegar aos 100, se aplique a ele.

Caro Carlos, a tertúlia, por intermédio dos editores, está aqui a dar o seu testemunho de solidariedade e a desejar-te uma vida longa, feliz e com a melhor saúde possível, sempre rodeado dos teus familiares e amigos próximos.





2. Neste dia de aniversário, o teu particular amigo Juvenal Amado quis deixar-te as palavras que se seguem:

Meu caro Carlos Filipe
Longo caminho cheio de curvas e obstáculos desde aquela madrugada de Dezembro.
O rio naquela madrugada cinzenta levou-nos, mas não lavou as nossas mágoas.

Mal nos conhecíamos quando foste evacuado, 38 anos depois encontramo-nos aqui neste espaço e é um prazer que renovo a cada email, cada telefonema.

Não é fácil o teu percurso, mas aí tens demonstrado uma força e uma coragem que denúncia de que fibra és feito.

Nunca baixaste os braços, encaras a vida de frente, pegas a desgraça pelos cornos e isso não é para todos acredita.

Só tínhamos a Guiné (Galomaro) em comum, mas hoje temos uma amizade construída de conhecimento e respeito mútuo.

Meu caro, recebe um abraço deste teu amigo que te admira, deseja muitos anos de vida se não com muita saúde, com a que for possível, e muita força para levares a tua luta para a frente.

Parabéns
Juvenal Amado

__________

Notas de CV:

(*) Vd. postes de:

28 de Novembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3539: Tabanca Grande (100): Carlos Filipe Coelho, Radiomontador da CCS/BCAÇ 3872, Galomaro 1971/74
e
19 de Outubro de 2009 > Guiné 63/74 - P5130: Parabéns a você (36): Carlos Filipe Coelho da CCS/BCAÇ 3872, Galomaro, 1971/74 (Editores)

Vd. último poste da série de 12 de Outubro de 2010 > Guiné 63/74 - P7114: Parabéns a você (164): Jovem tertuliana Cátia Félix (Miguel Pessoa / Tertúlia / Editores)

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Guiné 63/74 - P6912: Controvérsias (104): O caso António Lobo Antunes: Apesar de um pouco de todos nós ter morrido na guerra... que haja paz! (JERO)

A1.  Mensagem do JERO [, foto à direita], com data de ontem:

Caro Comandante



Ainda de São Martinho do Porto envio-te, em fim de férias, uma "actualização" do caso António Lobo Antunes [, ALA]. A versão é minha feita com o auxílio de algumas "peças" do nosso blog a que darás o destino que entenderes.


Cumprimentos a tua mulher e um abraço para ti do tamanho da Baía.


JERO


A2. Lobo Antunes e as “metáforas”… “Os factos não interessam nada”…
por JERO

Finalmente parece que está encontrado um caminho para a paz na “guerra” entre Lobo Antunes e os ex-militares (Expresso, de 28 de Agosto de 2010).

Recordamos resumidamente algumas das “peças” desta história da vida real, que incomodou sobremaneira o mundo dos ex-combatentes onde nos incluímos.

1- O tenente-coronel do Exército Carlos Matos Gomes, que escreve sob o pseudónimo de Carlos Vale Ferraz, classificou recentemente como «fantasias e delírios» as declarações do escritor e ex-combatente António Lobo Antunes sobre a guerra colonial.

Lobo Antunes descreveu um cenário de barbárie causado pelos militares portugueses na zona de Angola onde cumpriu comissão de serviço na guerra, numa das entrevistas que integram o livro Uma Longa Viagem com António Lobo Antunes.

Descontente, um grupo de ex-combatentes, oficiais na reforma, quis processar o escritor por «atentado à honra e dignidade dos militares», tendo apresentado ao chefe do Estado-Maior do Exército uma petição nesse sentido.

A possibilidade de se avançar para um processo-crime foi rejeitada, por se tratar de uma «obra de ficção», noticiou recentemente o semanário Expresso, segundo o qual os militares admitem dar «um par de murros em público» ou «ir ao focinho» do escritor, a quem chamam ainda «bandalho» e «atrasado mental».

2- Uns meses antes -18 de Novembro de 2009- o comentário do meu “irmão de armas” Mexia Alves no blog do nosso “Luís Graça e Camaradas da Guiné” (P 5292) começava assim «…apenas vos digo que isto deve ter sido das coisas que mais me insultou como ex-combatente da guerra do Ultramar.

«Eu tinha talento para matar e para morrer. No meu batalhão éramos seiscentos militares e tivemos cento e cinquenta baixas. Era uma violência indescritível para meninos de vinte e um, vinte e dois ou vinte e três anos que matavam e depois choravam pela gente que morrera. Eu estava numa zona onde havia muitos combates e para poder mudar para uma região mais calma tinha de acumular pontos. Uma arma apreendida ao inimigo valia uns pontos, um prisioneiro ou um inimigo morto outros tantos pontos. E para podermos mudar, fazíamos de tudo, matar crianças, mulheres, homens. Tudo contava, e como quando estavam mortos valiam mais pontos, então não fazíamos prisioneiros».

(…) Mas são sobretudo estas duas frases que me indignam, «E para podermos mudar, fazíamos de tudo, matar crianças, mulheres, homens. Tudo contava, e como quando estavam mortos valiam mais pontos, então não fazíamos prisioneiros», porque faz dos militares portugueses um bando de assassinos frios e sem piedade, o que nós sabemos nem de longe nem de perto corresponde à verdade.

(…) Abraço camarigo para todos. Joaquim Mexia Alves

3- Aconteceram muitos e variados comentários de outros ex-combatentes.

Pela sua importância destacamos o comentário do nosso Editor Luís Graça que, entre várias considerações, referia então:

«As infelizes frases ditas, no estrangeiro, por um escritor de que eu sou leitor(…), reportam-se à sua condição de médico militar durante a guerra colonial e, nessa qualidade, não nos podem deixar indiferentes, dizem-nos também respeito... Em todo caso, não podem ser usadas como título de caixa alta, postas entre parênteses, fora de contexto, muito menos como libelo de acusação para linchamento do homem e do escritor em praça pública... Há que ler o livro e inserir essas e outras frases no contexto da experiência do autor que era, antes de mais, um oficial miliciano e só depois médico e só mais tarde escritor (em 1985, torna-se escritor profissional, abandonando a psiquiatria)... Deixo aqui outras frases do livro, o qual resulta - é bom não esquecê-lo! - de uma longa conversa com o Lobo Antunes, mantida pelo jornalista João Céu e Silva (que é, de facto e de jure, o AUTOR DO LIVRO!), entre Setembro de 2007 e Maio de 2009:


(...) [JCS] Dessa guerra há um dia que o tenha marcado mais do que todos os outros ?


[ALA] Há o dia 13 de Outubro de 1972, mas não posso dizer porquê. Foi uma violência, nunca vou esquecer esse dia! (p. 111)... (...) Eu nunca quis falar nem nunca escrevi sobre a guerra! (p. 110)... Há dias, tive uma conversa com um amigo... e recordei algumas coisas da tropa, o resultado foi que passei uma noite má. Acho que não há quem não tenha vindo de lá afectado (p. 111)...


Qual é esse terrível segredo que o escritor tem guardado, até hoje, só para si? E que não quis compartilhar com o João Céu e Silva (p. 391) ?... Aliás, essa "declaração inédita", esse terrível parágrafo que começa pelas terríveis palavras "Eu tinha talento para matar e para morrer"... podem ser "parte da solução do mistério sobre um certo episódio em África que se recusou a revelar-me" (sic) ... E, se for de facto assim, é um daqueles segredos que o homem leva para a cova , e não apenas uma manifestação da imaginação delirante do autor de "Memória de Elefante" (1979) ?

De resto, as declarações do veterano da guerra colonial de Angola podem levantar (levantam, seguramente) uma questão ética, que tem ver com ambiguidade, confusão e conflito de papéis a que o Lobo Antunes também não escapa, como ser social: onde acaba a consciência moral do homem, do militar e do médico e começa a liberdade criativa do escritor ? (…) Não sou advogado do escritor, muito menos do homem. E quero sobretudo reafirmar aqui um dos nossos princípios fundamentais, a (ix) liberdade de expressão (entre nós não há dogmas nem tabus), princípio esse que tem que ser compatível com o (i) respeito uns pelos outros, pelas vivências, valores, sentimentos, memórias e opiniões uns dos outros (hoje e ontem)...

4 - Voltando à actualidade (e ao Expresso de 28 de Agosto) a divulgação da troca de cartas entre António Lobo Antunes e o General Chito Rodrigues (Presidente da Liga dos Combatentes) somos surpreendidos pela novidade de que o escritor só se apercebeu da polémica – que dura há meses - durante o último fim de semana. E porquê ?

Porque não é um homem do seu tempo... A responsabilidade da afirmação é nossa e resulta do facto do próprio escritor reconhecer que «…não compro jornais, não tenho computador, não vejo televisão, nem vou à Internet».

E finalmente admite uma falha no relato que faz nas suas memórias de guerra. «Deveria ter dito que cada companhia teve 150 baixas e que cada batalhão teve 600 baixas”, porque, explica,«um pouco de todos nós, no melhor dos casos, morreu na guerra».

Aqui entendemos e subscrevemos.

«…Falou (fala) da guerra como fala da sua vida pessoal” de maneira completamente metafórica”, porque “os factos não interessam nada” e é preciso ver “a natureza e a verdade mais profunda das pessoas”.

Fica por esclarecer «…o sistema por acumulação de pontos entre os soldados ganhos com a morte dos velhos e crianças…».

Será com certeza mais uma metáfora que, na nossa opinião de ex-combatente, é, no mínimo, de extremo mau gosto…

Lobo Antunes não está acima da crítica… e os ex-combatentes merecem respeito, consideração e tranquilidade na reminiscência das suas memórias.

Apesar de um pouco de todos nós ter morrido na guerra…que haja paz!

JERO
 
B.  Outros comentários recentes de camaradas nossos que não chegaram a ser "postados":
 
B1. Do Torcato Mendonça,com data de 24 do corrente:
 
Camarada Amigo [C.V.]:

O Gen Chito Rodrigues, Presidente da Liga de Combatentes,  mostrou o seu desagrado pela entrevista do A. Lobo Antunes. Uma tal Liga dos Combatentes do Ultramar quer ouvir o escritor, isto no DN de hoje. Deve ser no seguimento da notícia da contra capa do último Expresso. Agora anda tudo a ver se chega primeiro.

Fui ver os recortes mas não encontrei.Tenho é o livro/entrevista Uma longa viagem com ALA do J. Céu e Silva. Sei que saiu aqui, e de que maneira, a condenação ao ALA. O sujeito estava (está?) louco quando disse aquilo e não venham com ficções...um fulano que é psiquiatra há tantos anos...

Porque escrevo? Só para te alertar que, provavelmente, vai aparecer aí Bernarda...deve ser só granada de fumos... das outras já se gastaram todas...

Um abraço, C.Vinhal,

do Torcato


B2. Do Carlos Filipe, com data de 25 do corrente:
 
UM LIVRO V/S UM (EX)-COMBATENTE

Lobo Antunes, com mérito próprio, escritor com todo o direito de criar suas obras literárias, com mais ou menos ficção, com histórias baseadas ou não em maiores ou menores verdades. Ninguém lhe pode tirar esse direito. E muito menos impôr-lhe o que deve ou não escrever. O que seria uma aberração da inteligência humana.

O que podemos nós, leitores, é aceitá-lo ou não, fazer a leitura dos seus livros ou não. Embora se lermos os seu livros, tenhamos o direito de estudar e criticar, sem dúvida alguma.

Já escrevi num comentário ao P6878,  "nuito mal vai a liberdade de expressão e de pensamento neste país, com a agravante de se tratar da interpretação de factos já com tempo suficiente de neutralizar barreiras de convivio intelectual". Também fiz referência à obra do escritor.

Porque volto ao assunto ? Partindo dos pressupostos acima, nada dá o direito aos "combatentes" de castigar quem quer que seja, pelo conteúdo do seu trabalho literário.

Isto faz-me lembrar o tempo da censura, da recolha (roubo) de livros das livrarias pela PIDE/DGS, etc. Ou ainda a detenção de alguém que tivesse publicado um trabalho com alguma distribuição. Para já não falar nas buscas a casas a onde a mesma suspeitasse haver pequenas bibliotecas de livros ditos subversivos.

Bem!... o principal motivo deste texto não é exactamente porque os "combatentes " estejam zangados ou não com o Sr. Escritor. De nenhuma forma me afecta, a não ser a preocupação do lento, mas contínuo aferrolhar da liberdade, em nome de valores muito discutiveis.

O principal motivo é a intervenção (declarações) de um sr. Tenente-Coronel de nome Morais [qualquer coisa] à televisão (SIC).

Sabendo-se que o próprio Chefe do Estado Maior do Exército, não patrocionou uma queixa contra o escritor Lobo Antunes, creio que, por considerar uma obra de ficção, o sr Ten Cor começou por afirmar que os "combatentes" tinham muita razão para estarem zangados com o escritor. Porque no seu entender do escritor "de certa maneira" chamou-os de assassinos. Chamou??

A seguir acrescenta "eram combatentes fizeram tanto quanto possivel uma guerra limpa". Afinal há guerras limpas e sujas e tambem outras com algumas nódoas, digo eu. E o sr Ten Cor não tem a certeza.

Reconhecendo que houve excessos por parte das forças armadas portuguesa (pouco claros,  digo eu) como em todas as guerras, chegamos ao verdadeiro DETONADOR da questão.

Garante o sr. Tenente Coronel Morais [Qualquer Coisa], que, " esses excessos praticados pelas F. Armadas, não foram planeados, não foram excessos projetas pelos Estados Maiores " estes "...nunca planearam nenhuma chacina, nenhum morticinio...as coisas aconteceram pelo chamado ruído, nevoeiro da guerra".

Há aqui qualquer coisa que não bate certo, que me coloca a seguinte interrogação: Não havia Cadeias de Comando? Então de Alferes até aos Soldados, que eram os que iam para o mato, seriam eventualmente os potenciais elementos que sujavam a guerra toda, porque a guerra limpa era a nível superior. Raios, afinal quem se sujou ou quem sujou ??

Não havia meios de comunicação (mesmo deficientes)? Grande parte das operações não eram planedas mesmo a nivel de Batalhão? E tantas outras ainda a nivel mais superior, mesmo ministrial ?? Então de quem foi e quais foram as directivas para as grandes operações que deram tanto burburinho a nivel internacional? Tudo isto, mesmo considerando os imponderáveis.

Sendo por aqui que o Sr.Ten Cor começa, vai agora ao encontro do texto do Lobo Antunes que tanto incomodou as nossas "praças"!!!

A questão dos "prémios", que parece ser o extrato da obra do escritor, para mim tambem é uma absoluta parvoíce e ridícula.

Diz o sr Ten Cor Morais [Qualquer Coisa]"...que nunca teve conhecimento" de tais prémios. Acredito até me ser razoavelmente demonstrado o contrário.

Mas mais uma vez , suporta-se em uma pequena parte do texto (já referenciado) do romance, do livro, da ficção, ou até eu posso chamar-lhe desvario literário do escritor Lobo Antunes, para deixar claro o seguinte: "...os combatentes têm razão para estarem fortemente zangados e para quererem castigar o escritor Lobo Antunes, por uma falsidade que ele cometeu",  esclareceu-nos o sr. Ten Cor.

Novas perguntas se me colocam: Quem são exactamente estes "combatentes" que querem castigar o escritor e como se revestia o castigo, de que tipo ??? Ainda estão de alguma forma no activo estes "combatentes" ???

Será que estão estes "combatentes" a acelarar para a frente, na esperança de chegarem a uma grandiosa parada, a que se faça a apologia da mordaça e outros desvios democráticos, tão em voga ???

Por último, o Sr. Tenente Coronel Morais [Qualquer Coisa] é apresentado como membro da Comissão Executiva do Encontro Nacional de Combatentes, por isso tinha socialmente o dever moral de tentar apaziguar a situação e não falar sobre ela como um "grito de guerra" sendo perentório de que " ...zangados...e quererem castigar o escritor Lobo Antunes... "

Por outro lado tendo sido (com certeza) oficial na guerra colonial, chefiando homens em situação hostil, deveria saber, no meu entender, desviar as "sinergias" dos combatentes (estou a falar de ex-combatentes e no meu entender) para os problemas que se lhe colocam hoje com idades que rondam os 60 anos, como a saúde, pensões, tratamentos, cuidados hospitalares e outros.

Sou anti-militarista, anti-colonialista. Andei por lá como os outros e repudio solenemente o que se passou nas as ex-colónias, mas não aceito que se venha atribuir a "sujidade" da guerra aos Soldados e/ou a Graduados de pequena patente. A HISTÓRIA NÃO SE APAGA.

P.S. - Actualmente que se saiba não estamos em guerra, em lado nenhum, portanto não existem combatentes, designação que deriva de condição de guerra ou outra similar. O que existem são ex-combatentes ou ex-militares. Salvo que ainda se tenha algures o sentimento de que se esteja em algum tipo de guerra surda.

E assim se vai lançando as "Sementes do Diabo".

http://sic.sapo.pt/online/video/informacao/noticias-pais/2010/8/ex-combatentes-do-ultramar-indignados-com-declaracoes-de-livro-de-lobo-antunes24-08-2010-23399.htm

Carlos Filipe
1º Cabo Radiomontador,
CCS/BCAÇ 3872,
Galomaro, 1971/74

B3. Este outros mails anteriores do Carlos Filipe (que está em tratamento por motivo de doença oncológica) mereceu o seguinte comentário da minha parte (LG):

Meu caro Filipe:  Sei que o momento que estás a passar, na tua vida, é penoso, doloroso, e eu não quero contribuir em nada para que o teu fardo ainda seja mais pesado... Pelo contrário, desejo-te rápidas melhoras e sobretudo muita força, física e mental, para venceres esta "má onda"... Quero estar contigo neste momento difícil que seguramente há-de passar...


Quanto aos documentos que nos tens enviado [ nomeadamente um artigo do El Correo de la Unesco, em espanhol, sobre as colónias portuguesas, de 1973], confesso que, por motivo de férias e menor disponibilidade de tempo para o blogue, ainda não os apreciei em detalhe... Mas já percebi o seu interesse documental. Oportunamente dir-te-ei a minha opinião. Até lá conto com a tua activa colaboração. Mas, deixa-me acrescentar, que no nosso blogue privilegia-se os textos "inéditos", incluindo documentos policopiados, da época, oriundos das NT ou do PAIGC, de circulação restrita, com interesse historiográfico, etc. É sempre necessário alguma relação, directa ou indirecta,com a temática na Guerra Colonial na Guiné...


PS - Em relação ao texto, corajoso, contra a maré, que escreveste em defesa do ALA [, António Lobo Antunes,], estou indeciso em voltar à polémica que começou, de resto, no nosso blogue... Por um lado, considero o assunto encerrado; por outro,  "aquela guerra não é nossa"... O ALA (que aprecio mais como escritor do que como homem e médico) não precisa deste "ruído" (...). É confrangedor ler certos comentários, que não gostaria de voltar a (re)ler no nosso blogue [...]. Se leres o blogue não oficial do ALA, por ele está tudo esclarecido...


http://www.alawebpage.blogspot.com/

[ Revisão / fixação de texto / bold a cor / título: L.G.] (*)
____________

Nota de L.G.:

(*) Último poste da série > 22 de Agosto de 2010 > Guiné 63/74 - P6880: Controvérsias (103): O BCAÇ 237, a CCAÇ 153, o Coronel Bessa, o Major Pina, o início da guerra... (Carlos Silva / José Pinto Ferreira)

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Guiné 63/74 - P5130: Parabéns a você (36): Carlos Filipe Coelho da CCS/BCAÇ 3872, Galomaro, 1971/74 (Editores)

1. Hoje, dia 19 de Outubro de 2009, está de parabéns, por completar mais um ano de vida, o nosso camarada Carlos Filipe Coelho, Radiomontador da CCS/BCAÇ 3872, Galomaro, 1971/74.

Toda a Tabanca deseja ao Carlos um dia de aniversário com alegria e boa disposição junto dos que lhe são mais chegados, família e amigos.

O nosso camarada Carlos Filipe já nos acompanha desde Dezembro de 2005 como se pode constatar no poste CDIV da primeira série.

Apresentou-se oficialmente à nossa Tabanca em Novembro de 2008 (**).
Recordemos as sua palavras:

Caros Srs e Amigos.
Em Dezembro de 2005, contactei o Blog. Ver por favor o Post com a data de 31 Dezembro 2005.

Contactei mais uma ou outra vez, entretanto acontecimentos graves com a saúde de minha esposa me tiraram todo o tempo e agora tenho-o todo do mundo infelizmente.

Recentemente o meu ex-camarada Juvenal, Post 3067 (***), teve a gentileza de escrever sobre a minha pessoa, o que provocou o entusiasmo para participar (embora o meu espólio de recordação seja reduzido) de qualquer forma... estou cá.

Assim sendo gostaria que os amigos me considerassem tertuliano do nosso Blog Camaradas da Guiné.

Envio esta foto actualíssima (7 meses) e para outra militar, poderão talvez extrair do post 3067 com algum pequeno redimensionamento.

Obrigado pela atenção. E bom trabalho (de preferencia pouco complicado)


Aqui ficam algumas fotos do aniversariante

O Filipe com o Esofe que se juntou à Resistência

O Filipe com a lavadeira

O Filipe no HM 241 de Bissau

O Filipe em Galomaro

O Filipe na esplanada do Regala com dois camaradas do STM e Centro de Operações
__________

Notas de CV:

(*) Vd. poste de 31 Dezembro 2005 > Guiné 63/74 - CDIV: Batalhão de Caçadores 3872 (Galomaro, 1971/74)

(**) Vd. poste de 28 de Novembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3539: Tabanca Grande (100): Carlos Filipe Coelho, Radiomontador da CCS/BCAÇ 3872, Galomaro 1971/74

(***) Vd. poste de 17 de Julho de 2008 > Guiné 63/74 - P3067: Estórias do Juvenal Amado (12): O longo abraço (Juvenal Amado)

Vd. último poste da série de 12 de Outubro de 2009 > Guiné 63/74 - P5097: Parabéns a você (35): À nossa jovem tertuliana Cátia Félix (Editores)

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Guiné 63/74 - P5100: Em busca de... (96): Procuro Radiomontador, Sousa ou Santos, que esteve comigo em Galomaro (Carlos Filipe Coelho, CCS/BCAÇ 3872)

1. Mensagem do nosso camarada Carlos Filipe Coelho, Radiomontador da CCS/BCAÇ 3872, Galomaro, 1971/74, com data de 11 de Julho de 2009:

Amigo Luís Graça,

Acredito que com a azáfama do Encontro da malta e mais agora as escaramuças no blog, andes super-absorvido. Embora sem pressa, mas com receio que a minha mensagem tivesse passado despercebida, permito-me reenviar-te novamente como anexo a esta. Poderás 'moldá-la' como desejares.

Um abraço, bom fim-de-semana e o desejo que que tudo volte a bom caminho.

Carlos Filipe
ex-CCS/BCAÇ 3872
Galomaro 71


Procura-se de preferência com boa saúde, um Radiomontador.

De seu nome já não tenho a certeza, se era Santos ou Sousa. Após a nossa formação na EMEL, Escola Militar de Electromecânica, em Paço D’Arcos, cada um de nós foi para outras unidades militares. A mim coube-me ir para a Guarda, um velho, mas belíssimo Convento.

Mais tarde demos de caras, um com outro, em Abrantes, aquando a formação do Batalhão de Caçadores 3872. Embarcámos com destino à Guiné onde desembarcámos a 24 Dezembro de 1971.

Ficámos juntos durante alguns dias em Bissau para estagiarmos nas oficinas de manutenção de equipamentos de rádio, mas passados poucos dias este indígena radiomontador como eu, desapareceu novamente, vindo a encontrá-lo em Galomaro passado um mês quando lá cheguei.

Novamente o Sousa - ou será que era o Santos (?)- , passados dois ou três dias, desaparece novamente, agora do destacamento da CCS em Galomaro, não tendo tido oportunidade de falar mais com ele e ficar a saber de alguma coisa sobre o seu destino.

Éramos bons amigos, embora rivalizando um pouco entre nós na base dos conhecimentos de electrónica. Não era muito extrovertido, quase enigmático. É actualmente uma das boas recordações de amigos do período militar.

Posto isto, gostaria de saber do seu paradeiro e conseguir estabelecer contacto com ele.

Algum camarada, terá algum indício ou pista ?

Já agora, desejava que algum colega me informasse se havia especificação para o número de radiomontadores num Batalhão.

Foto 1 > Os dois Radiomontadores a bordo do navio que nos transportou para a Guiné

Foto 2 > Também a bordo, na piscina, um colega Sapador, o Fugitivo ao centro, e eu à direita
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Notas de CV:

OBS -Queremos publicamente pedir desculpa ao Carlos Filipe pelo extravio desta sua mensagem. O exemplo dele deve ser seguido. Em caso de demora na publicação de qualquer texto, por favor contactem-nos alertando para o efeito. Nós agradecemos.


(*) Vd. poste de 28 de Novembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3539: Tabanca Grande (100): Carlos Filipe Coelho, Radiomontador da CCS/BCAÇ 3872, Galomaro 1971/74

Vd. último poste da série de 8 de Outubro de 2009 > Guiné 63/74 - P5074: Em busca de... (95): Informações sobre o meu pai, Malan Sanhá (Nero), natural de Gamol, Fulacunda (Fode Sanhá)