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terça-feira, 2 de abril de 2019

Guiné 61/74 - P19642: E as nossas palmas vão para... (19): A. Marques Lopes, cor art ref, DFA, ex-alf mil, CART 1690 (Geba) e CCAÇ 3 (Barro) (1967/68) cujo livro "Cabra-Cega" vai ser publicado no Brasil, em edição revista e aumentada, com a chancela da Paperblur, de São Paulo


Foto (e legenda): © A. Marques Lopes (2019). Todos os direitos reservados. [Edição:: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

Capa da edição de 2015 (Chiado Editora,
 Lisboa, agira Chiado Books)
1. É um amigo e camarada, um histórico da nossa Tabanca Grande, com cerca de 240 referências no blogue: A. Marques Lopes , lisboeta, filho de pais alentejanos, que vive em Matosinhos,  cor art DFA, na reforma, ex-alf mil art, CART 1690, Geba, e CCAÇ 3, Barro (1967/68)]; foi ferido em combate e evacuado para o Hospital Militar Principal, na Estrela, onde este em tratamento durante nove meses, voltando depois ao TO da Guiné para completar a sua comissão de serviço;  em abril de 2006, (re)visitou Guiné-Bissau, num viagem de grupo organizada pelo Xico Allen; é autor de "Cabra-cega: do seminário para a guerra colonial" (Lisboa, Chiado Editora, 2015,  582 pp. ). (*)

Acabámos de saber que este livro de memórias vai ser publicado no Brasil, São Paulo,  sob a chancela da Paperblur, editora ligada, ao que parece,  ao grupo Amazon Brasil. Trata-se de um edição revista e aumentada, em que o António assume a autoria da sua obra, editada em Portugal com pseudónimo literário (João Gaspar Carrasqueira). Pela experiência do António, os custos de edição através da Paperblur, para os autores, seriam mais baixos do que em Portugal, em editoras como a Chiado Books.

O livro está no prelo. Deve sair no início de maio de 2019, diz-me o António ao telefone. O evento merece ser divulgado. Na Tabanca Grande, congratulamo-nos todos com o sucesso dos nossos amigos e camaradas.(**)
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8 de maio de 2015 > Guiné 63/74 - P14586: Notas de leitura (710): "Cabra Cega - Do seminário para a guerra colonial", por João Gaspar Carrasqueira, Chiado Editora, 2015 (3) (Mário Beja Santos)

4 de maio de 2015 > Guiné 63/74 - P14564: Notas de leitura (709): "Cabra Cega - Do seminário para a guerra colonial", por João Gaspar Carrasqueira, Chiado Editora, 2015 (2) (Mário Beja Santos)

1 de maio de 2015 > Guiné 63/74 - P14552: Notas de leitura (708): "Cabra Cega - Do seminário para a guerra colonial", por João Gaspar Carrasqueira, Chiado Editora, 2015 (1) (Mário Beja Santos)

sábado, 8 de dezembro de 2018

Guiné 61/74 - P19265: E as nossas palmas vão para... (18): O Arquivo Geral do Exército pela excecional colaboração prestada na pesquisa, de 5 anos, para o meu Livro dos Heróis Limianos... apesar das tremendas dificuldades em instalações e pessoal: 10 milhões de fichas individuais e 20 quilómetros de prateleiras todos os dias em risco, está lá toda a Guerra do Ultramar! (Mário Leitão)


Mário Leitão e o Director do Arquivo-Geral do Exército, tenente-coronel Fernando Felício



Capa do livro "Heróis Limianos da Guerra do Ultramar", de Mário Leitão (Ponta de Lima, ed. autor, 2018, 272 pp.) (*)

[O Mário Leitão, hoje farmacêutico reformado, foi fur mil, na Farmácia Militar de Luanda, Delegação n.º 11 do Laboratório Militar de Produtos Químicos e Farmacêuticos (LMPQF), no período de 1971 a 1973; é natural de (e residente em) em Ponte de Lima, é membro da nossa Tabanca Grande, e já tem 3 livros publicados: "Biodiversidade das Lagoas de Bertiandos e S. Pedro d´Arcos" (2012), "História do Dia do Combatente Limiano" (2017) e, agora, "Heróis Limianos da Guerra do Ultramar" (2018)].


Fotos: © Mário Leitão  (2018). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
1. Mensagem do nosso amigo e camarada limiano, António Mário Leitão: 

Data: sexta, 7/12/2018 à(s) 12:23
Assunto: Livro dos Heróis Limianos

Caro Luís, um grande abraço!

Como não podia deixar de o fazer, entreguei pessoalmente um livro ao Sr. Director do Arquivo-Geral do Exército, tenente-coronel Fernando Felício, a quem devo a minha gratidão pelos serviços extraordinários que a sua instituição me prestou durante 5 anos de pesquisa.

É claro que na ocasião também agradeci ao seu adjunto, major dr. Marcelo Borges, e ao sargento-ajudante Fonseca, que foram incansáveis no fornecimento de processos para análise!

A propósito deste meu agradecimento devo denunciar as tremendas dificuldades de pessoal e de instalações com que esta unidade militar se debate, as quais tardam a ser solucionadas pelos governantes da nossa praça!

Aqueles 10 milhões de fichas individuais e os 20 quilómetros de prateleiras não podem continuar a correr os riscos actuais! A Guerra do Ultramar está lá toda, à espera de digitalização e de tectos seguros, e as calamidades dos incêndios não acontecem só em Terras de Santa Cruz! (Que o diabo seja surdo!)

Agradeço a publicação no nosso blogue!

Outro abraço e até breve! 
Mário Leitão 

2. Poste publicado, em 5 do corrente, na página do Facebook de António Mário Leitão:

Missão cumprida!

As biografias dos 53 Rapazes da minha terra que morreram na tropa durante a Guerra Colonial só puderam ficar registadas para a História porque este cidadão, tenente-coronel Fernando Felício, compreendeu, logo que iniciei as minhas pesquisas, a grande importância dessa missão de cinco anos.

Como Director e Comandante do Arquivo Geral do Exército (**), e no estrito cumprimento da sua missão, facultou-me todo o apoio e todas as facilidades para escrever este livro, o qual, sem disso eu ter consciência, catapultou Ponte de Lima para o primeiro dos concelhos a escrever a história da vida de cada um dos seus filhos mortos ao serviço da Pátria naquele conflito.

A par desta figura, uma outra se destaca como grande destinatário da minha gratidão: o forjanense coronel dr. Luís Coutinho de Almeida, que partilhou comigo muitos dias de pesquisa no Convento de Chelas.

Aqui deixo, com garantia de perenidade, um grande abraço de amizade e gratidão para esses dois senhores Oficiais Superiores!

Não vos admireis, pois, por no dia de hoje me sentir particularmente feliz. (***)
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terça-feira, 24 de julho de 2018

Guiné 61/74 - P18868: E as nossas palmas vão para... (17): as nossas mulheres que muito sofreram e ainda sofrem por causa daquela guerra... Uma flor de São Domingos para elas! (Virgílio Teixeira, ex-alf mil SAM, CCS / BCAÇ 1933, Nova Lamego e São Domingos, 1967/69)


Foto nº 1


Foto nº 2

Guiné > Bissau > São Domingos > CCS/BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69 > 1968 > Uma foto da Guiné para as nossas mulheres...

Fotos (e legendas): © Virgílio Teixeira (2018). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Mensagem de Virgílio Teixeira, com data de 20 do corrente: 

Assunto - Uma flor para as nossas mulheres

Luís, como a vida não é só guerra, aqui vai uma oferta minha para todas as mulheres de todos os combatentes de todas as frentes de combate que lutaram por um Portugal melhor.

Uma Flor da Guiné Portuguesa  (foto nº 1)

Julgo que foi tirada na foto abrigo (foto nº 2), junto a uma árvore com essas flores.

Foi no ano de 1968, não sei que mês.

Andavam perdidas no meu Álbum.

Oferece neste dia, em meu nome e de todos, este Poste àquelas mulheres que também muito sofreram e ainda sofrem...

Um abraço e obrigado,
Virgílio

[ex-alf mil SAM, CCS/BCAÇ 1933, Nova Lamego e São Domingos, 1967/69)

2. Comentário do editor

Mais duas fotos do álbum do Virgílio Teixeira, ex-alf mil, SAM, CCS / BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, set 1967/ ago 69). Natural do Porto, vive em Vila do Conde, sendo economista, reformado, casado, pai e avô... Tem já perto de 7 dezenas de referências no nosso blogue.  
E acabou de me escrever, começando por me dizer:

"Bom dia Luís, estou 'triste' pois podias postar pelo menos aquela flor e mensagem no fim de semana. Mas, já perdeu a sua oportunidade, talvez acredito que tenhas tanta escolha e seja difícil a decisão, mas era um pequeno poste sem muita conversa. Paciência."(...)

E acabei de lhe explicar, com bonomia, que estive de "fim de semana", na Lourinhã. com amigos, não deu para trabalhar muito... Ao mesmo tempo, tenho outras tarefas, que me consomem tempo e que não posso adiar (um livro em curso, por exemplo...)... Além disso, o nosso querido coeditor Carlos Vinhal está, com a sua Dina, de férias, de resto bem merecidas!... 

Virgílio, não percebi que era um pedido especial, talvez uma data querida para ti e a tua querida esposa... Mas, eu continuo a ter-te sempre na máxima consideração... Não te chateies, se a gente aqui às vezes não consegue estar à altura de satisfazer todos os teus pedidos e expetativas... Bom, tentei  dar a volta à coisa... Com atraso de quatro dias, aqui tens o poste... E faço minhas as tuas palavras: é uma bela foto, uma bela flor para as nossas queridas mulheres que muito sofreram e ainda sofrem com aquela guerra (e as suas memórias doridas)... Elas bem merecem as nossas palmas... e esta tua flor!...

PS - Virgílio, não querendo ser desmancha-prazeres, assim, de repente, a tua árvore parece uma acácia... E já não me lembro da flor da acácia... Já não vou a Angola há uns anos... Mas, feita uma pesquisa na Net, é capaz de ser mesmo uma flor da acácia vermelha... Os nossos entendidos que digam da sua justiça...

domingo, 20 de maio de 2018

Guiné 61/74 - P18655: E as nossas palmas vão para... (16): João Crisóstomo, nosso camarada da diáspora lusitana, por 3 razões: (i) foi homenageado pelos correios de Israel; (ii) continua solidário com Timor Leste; e (iii) convida-nos a todos para a sua festa do próximo dia 16 de setembro, em Paradas, A-dos-Cunhados, Torres Vedras


Foto: Cortesia de LusoAmericano, 19 de janeiro de 2018



Recorte do jornal LusoAlericano, 19 de laneiro de 2018



Timor Leste > Foto nº 1



Timor Leste > Foto nº 2


Timor Leste > Foto nº 3


Fotos (e legendas): © João Crisóstomo  (2018). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça / Camaradas da Guiné]


1. Mensagem de nosso amigo e camarada da diáspora, João Crisóstomo (Nova Iorque), ativista de causas sociais, ex-alf mil, CCAÇ 1439 (Enxalé, Porto Gole e Missirá, 1965/67):


Data: 2 de maio de 2018 às 20:37
Assunto: Verão 2018...

Caro Luis Graça, e… todos os meus caríssimos amigos e suas respectivas queridas,

Este é longo, mas...

Quisera mas não dá para mencionar os nomes da tanta gente boa que fazem o favor de me conceder a sua amizade. Vou fazer o possível para ligar pelo telefone a tantos quantos puder, bem consciente porém de que agora com estes "facebook, "linkedins", e tantas redes ( que eu quase não uso porque são labirintos para mim) é muito difícil encontrá-los…enfim!


(i) Estão todos convidados, caros amigos e camaradas, para a festa dos Crispins & Crisóstomos, no próximo dia 16 de setembro, em Paradas, A-dos-Cunhados, Torres Vedras


Mas vamos primeiro ao mais importante: Eu e a minha querida [, Vilma,]   vamos passar umas semanas na Eslovénia e a seguir vamos a Portugal (, fins de Agosto até meados de Setembro) e como não vou poder ir visitar toda a gente individualmente como gostaria, estou a organizar maneira de nos encontrarmo.nos: é que estamos ainda celebrando o nosso quinto aniversário… e assim aproveito para convidar os meus amigos e familiares para uma tarde de amizade…

Portanto a todos vocês que me fazem o favor da vossa amizade que eu tanto aprecio: camaradas da Guiné, camaradas de tempos de seminário, e tantos outros que ao longo dos meus (já!) 74 anos de vida,  foram aparecendo para com a sua amizade fazerem de mim um felizardo… e evidentemente aos meus familiares Crispins e Crisóstomos… ponham na vossa agenda :

"Domingo Dia 16 de Setembro , na Associação para o Desenvolvimento das Paradas, Rua José Fereira, 5,  Paradas- A-dos-Cunhados, Torres Vedras (, junto à estrada de Santa Cruz para A-dos-Cunhados) a partir das 13.00 pm."

Será ocasião para desfrutar a nossa amizade,  revivendo tempos e experiências, bons uns e outros até menos bons, mas que foram talvez ocasião e início das relações de amizade que agora nos unem.


(ii) Emissão de selo, pelos correios de Israel, de homenagem aos meus esforços para o reforço do diálogo interreligioso

O Luís Graça pediu-me para dar notícias actualizadas e quis que lhe enviasse algo sobre um "reconhecimento" por parte da autoridade postal de Israel pelos meus esforços que foram considerados benéficos para o relacionamento entre o cristianismo e judaísmo. (*)

Francamente ninguém pode ficar mais surpreso do que eu fiquei; quando me falaram num selo pensei que era brincadeira. Mas depois ele "apareceu". Não quero estar a pretender fingida modéstia, mas acho que isto revela mais a generosidade de quem isto sugeriu do que o valor do recipiente. Mas está feito. E porque o Luís Graça assim me pediu, junto notícia que sobre o assunto saiu num jornal comunitário nestas paragens.

(iii) Notícias da minha recente estadia em Timor-Leste

Na mesma conversa telefónica,   o Luís Graça pediu-me para enviar também algo sobre a minha ida a Timor Leste… Mas isso,  meus caros,,  por mais que eu quisesse nunca poderia descrever cabalmente o que isso foi: na verdade foi uma experiência extraordinária que francamente sinto que apenas sou capaz de descrever quando o faço em conversa pessoal, um a um.

Tudo o resto é muito insuficiente,não chega. Mas a título de info, envio um "Comunicado" que, como Presidente da LAMETA,  enviei aos órgãos de informação especialmente sobre uma recente diligência efectuada com êxito naquele território e à qual este movimento pró-timorense esteve associado com êxito.

Juntamente também incluo 3 fotos e legendas sobre esse acontecimento e outros relacionados [Vd. ponto 2].

Desculpem o comprimento deste, que ser conciso é qualidade que infelizmente não possuo. Espero que a vossa paciência e compreensão compensem as minhas faltas.(**)

Um abraço com amizade,

Até 16 de setembro se Deus quiser!.

João

2. “Press Release” > Exposição na Universidade de Dili recorda apoio  das comunidades luso-americanas a Timor-Leste e inauguração de escola São Francisco de Assis em Boebau

LEGENDA DAS 3 FOTOS [Vd. acima]

Foto 1 > Uma das alas da exposição LAMETA na Escola Rui Cinatti em Dili. Esta exposição estará patente a partir de 5 de Maio na Universidade Nacional de Timor-Leste em Dili no âmbito das celebrações do 16º aniversário da independência nesta instituição de ensino superior.

Foto 2  > A população recebe o Embaixador de Portugal em Timor-Leste José Pedro Machado Vieira e outros convidados durante a cerimónia da inauguração da nova Escola S. Francisco de Assis, que a população de Boebau chama agora “sua”.

Foto 3 > Quando as pessoas sonham, a obra nasce. Alguns dos responsáveis pela ideia e pela obra da nova escola de Boebau: Rui Chamusco, João Crisóstomo e Gaspar Sobral.


O 16º aniversário da independência de Timor-Leste vai ser assinalado pela Universidade Nacional timorense com uma exposição sobre o papel das comunidades luso-americanas no apoio à independência daquele país.

Os 120 documentos, que ficarão expostos a partir de 5 de Maio na Universidade Nacional de Timor-Leste (UNTL), reproduzem em formato alargado páginas do livro “LAMETA, MOVIMENTO LUSO-AMERICANO PARA A AUTODETERMINAÇÃO DE TIMOR-LESTE” publicado em 2017 e no qual o activista João Crisóstomo dá conta do que foi o esforço pro-Timor da organização LAMETA e de muitos líderes comunitários luso-americanos partir de 1996 e até à independência timorense em 20 de Maio de 2002.

Os documentos a expor na UNTL estiveram já patentes em Março na “Escola Portuguesa” Rui Cinatti, em Dili, e na chamada “Escola dos Jesuistas” Amigos de Jesus, onde atrairam a atenção da população docente e discente de Dili bem como um importante sector da população da capital.

Esta exposição mereceu a atenção dos meios académicos da Universidade timorense que também quis dar a conhecer os documentos no seu estabelecimento de ensino superior. Esta exposição terá como curadora a professora Dra. Sabina da Fonseca.

“Tive algum papel influente na organização das exposições nas escolas Rui Cinatti e na Escola dos Jesuitas, mas a notícia de que a Universidade Nacional de Timor-Leste ia repetir a exposição dos documentos na suas instalações já a recebi depois de ter chegado aos Estados Unidos” – disse João Crisóstomo que esteve em Março em Timor-Leste para participar na inauguração da nova Escola S. Francisco de Assis, que ajudou a construir na zona montanhosa de Boebau-Manati.

Escola está inaugurada

A inauguração da Escola S. Francisco de Assis teve lugar em 19 de Março de 2018 como resultado da confluência de boas vontades e do envolvimento directo de três pessoas determinadas que fizeram questão de se deslocar a Timor para a cerimónia da inauguração: o professor reformado Rui Chamusco do Sabugal; Gaspar Sobral, timorense natural de Boebau e também residente no Sabugal, e o activista luso-americano João Crisóstomo, residente em Queens, NY.

O activista luso-americano tinha estado em Timor-Leste em Maio de 2017, quando da celebração do 15º aniversário da independência. Durante a estadia teve oportunidade de visitar algumas das áreas mais afastadas da capital entre as quais a região montanhosa de Boebau-Manati. Foi nesta aldeia de Boebau que Crisóstomo, rodeado de dezenas de crianças dessa aldeia e de outras vizinhas sem acesso à educação por falta de escolas, resolveu associar- se a Rui Chamusco e Gaspar Sobral que, já com alguns tijolos e vigas na aldeia, esperavam melhor altura para concretizar o seu sonho de construir uma escola para a população local.

De regresso aos Estados Unidos, Crisóstomo tentou obter o apoio de diversas pessoas para lançar uma campanha a favor da construção desta e de muitas outras escolas nas regiões montanhosas de Timor-Leste. O projecto, contudo, chocou quase sempre com a resposta de que Timor-Leste era rico em petróleo e que dispunha dos meios financeiros para alargar a rede escolar.

“ Lembrei-me do caso de Portugal de há cinquenta anos , com abundantes reservas de ouro, enquanto o país carecia de escolas e infra-estruturas básicas… Com ou sem petróleo, a verdade é que o país tem ainda imensos fogos a apagar e as vidas de centenas ou milhares de crianças do interior não podem ser, entretanto, hipotecadas ao analfabetismo; e decidi por isso dar eu própio o primeiro passo em frente, juntando-me à generosidade do professor Chamusco. O chefe da aldeia deu o terreno e o professor Chamusco e eu colocamos no projecto algumas das nossas poupanças. A escola foi inaugurada em Março!” – disse João Crisóstomo, que fez questão de ir a Timor assistir à inauguração.

A inauguração contou com a presença do embaixador de Portugal José Pedro Machado Vieira, de Mons. Mario Godamo, da Nunciatura Apostólica e representando a Santa Sé, e de outras figuras da vida timorense, que se submeteram às agruras de uma longa viagem por estradas térreas do interior timorense. Também teve ampla participação popular já que o dia de festa fez com que todos os trilhos fossem dar a Boebau.

Com as dificuldades que a língua portuguesa ainda conta em Timor-Leste, há agora mais uma escola onde se ensina em português.

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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 18 de dezembro de 2017 > Guiné 61/74 - P18103: (De)Caras (102): O nosso João Crisóstomo em estampilha comemorativa da Fundação Internacional Raoul Wallenberg, emitida pelos correios postais do estado de Israel

(**) Último poste da série > 21 de abril de 2018 > Guiné 61/74 - P18545: E as nossas palmas vão para... (15): Diamantino Varrasquinho, ex-fur mil, Pel Caç Nat 52 (Mato Cão, 1971/73), alentejano de Ervidel, Aljustrel, que, não sendo ainda nosso grã-tabanqueiro, volta a vir ao nosso Encontro Nacional da Tabanca Grande, em Monte Real, em 5 de maio de 2018, depois de se ter inscrito seis vezes em anos anteriores (2008, 2011, 2012, 2013, 2014 e 2016)

Vd. também postes de:


quarta-feira, 7 de fevereiro de 2018

Guiné 61/74 - P18296: E as nossas palmas vão para... (14): José Claudino da Silva, nosso grã-tabanqueiro, que teve a ideia de criar o "Bosque dos Avós" na serra do Marão, com o apoio da União das Freguesia de Aboadela, Sanche e Várzea, do concelho de Amarante




Cartaz do projeto "Bosque dos Avós". O autor da ideia é o nosso camarada José Claudino da Silva. E tem o apoio da união das freguesia de Aboadela, Sanche e Várzea, do concelho de Amarante. Cortesia de José Claudino da Silva.


José Claudino da Silva
 1. Com a devida vénia à agência Lusa e ao Jornal de Negócios, de 2 do corrente, publicam-se aqui alguns excertos da notícia sobre a criação do "Bosque dos Avós":



"Avós de vários países criam bosque no Marão com árvores baptizadas com nomes dos netos"


Lusa / Jornal de Negócios , 2 de fevereiro de 2018 às 19:22

"José Claudino Silva, de 67 anos, de Amarante, explicou que, actualmente, estão inscritos dezenas de avós residentes na Austrália, Suíça, França, Espanha e Moçambique, entre outros países, que representam cerca de 180 netos, mas esse número, previu, deverá aumentar nas próximas semanas.

"Por cada neto, o avô aderente à ideia plantará uma árvore, anotou, referindo haver casos de avós com 10 netos e que, por isso, terão de plantar uma dezena de exemplares na serra do Marão."

A ideia do "Bosque dos Avós",  surgiu na sequência de um passeio que o nosso camarada e membro da Tabanca Grande (, conhecido por Dino, entre os amigos),  deu pelo Marão. "Na época de fogos andei a visitar o Marão, vi aquilo tão despido e achei que poderia fazer algo", contou à agência Lusa.

E acrescenta a Lusa:

"José Claudino deseja 'criar um bosque, num terreno baldio', que 'toque nas pessoas', que 'possa ser visitado e que não permita que alguém lhe chegue o fogo', daí a ideia de se batizar cada árvore com o nome de um neto, para se criar uma maior ligação à comunidade.

"A campanha em curso para dar corpo à ideia chama-se 'Vamos plantar o Bosque dos Avós, porque os nossos netos merecem um mundo + verde' e tem envolvido cada vez mais pessoas.

"As redes sociais têm ajudado a promover a ideia e a permitir o contacto entre os que desejam associar-se à dinâmica do projecto. (...)

"As árvores vão ser sinalizadas com um número e registadas por sistema GPS. 'Os meus netos e os netos de outros participantes vão saber onde está a respectiva árvore', explicou.

"A acção de plantação vai decorrer a 24 de Março e conta com o apoio da União de Freguesias de Aboadela, Sanche e Várzea [, do concelho de Amarante], que irá coordenar a atribuição das árvores e o seu ordenamento no baldio. As árvores serão disponibilizadas pelo Parque Florestal de Amarante.

"José Claudino Silva deseja que ações de plantação ocorram todos os anos no 'Bosque dos Avós', porque o terreno baldio tem espaço para muitas árvores. 'Pretendemos que todos os anos haja avós, pais, tios, padrinhos, para plantar árvores com nomes dos familiares', concluiu."


2. O nosso camarada tem página no Facebook. E estamos a publicar no blogue a sua série "
"Ai, Dino, o que te fizeram!... Memórias de José Claudino da Silva, ex-1.º cabo cond auto, 3.ª CART / BART 6520/72 (Fulacunda, 1972/74)

O "Bosque dos Avós" já tem também página no Facebook.

Para participar, ligar para:

Telef 255 425 009

Telem 965 804 597


https://www.facebook.com/bosquedosavos/



Merece também as nossas palmas o avô Dino. E os nossos leitores merecem também conhecer uma das tunas do Marão que tocam e cantam a Serra do Marão [clicar no tema 2:
Tunas do Marão,  por José Alberto Sardinha, Sons da Tradição,  Vol. 2, 2005]
Bravo, Dino!!!... Juntos vamos fazer a serra do Marão outra vez linda...ou ainda mais linda!...

Como diz a Tuna de Ansiães, "A nossa serra é linda, / Como ela não há igual! / Ela é a quarta serra / Mais alta de Portugal!"
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Nota do editor:

Último poste da série > 1 de abril de  2017 >  Guiné 61/74 - P17235: E as nossas palmas vão para... (13): Mário Leitão, farmacêutico reformado, ex-fur mil, Farmácia Militar de Luanda, delegação nº 11 do Laboratório Militar, autor de "Biodiversidade das Lagoas de Bertiandos e S. Pedro d´Arcos" (2012, 295 pp, mais de 500 fotografias), um homem de causas, agora empenhado em resgatar da "vala comum do esquecimento" os 52 bravos do concelho de Ponte de Lima que morreram na guerra do ultramar, 11 dos quais no CTIG

(**) Postes anteriores da série >

10 de junho de 2016 > Guiné 63/74 - P16189: E as nossas palmas vão para ... (12): Patrício Ribeiro, o "pai dos tugas", empresário em Bissau, português com P grande, que esperamos um dia destes ver condecorado no 10 de junho pelo presidente da República Portuguesa de todos os portugueses

1 de fevereiro de 2016 > Guiné 63/74 - P15694: E as nossas palmas vão para... (11): Catarina Gomes, a nossa amiga jornalista do "Público" que venceu o Prémio Rei de Espanha, na categoria imprensa escrita, com o trabalho "Quem é o filho que António deixou na Guerra?"... (Trata-se da segunda parte de um trabalho, iniciado em 2013, sobre os "Filhos do Vento")

30 de março de 2015 > Guiné 63/74 - P14420: E as nossas palmas vão para... (10): João Crisóstomo e António Rodrigues, amigos da causa de Aristides de Sousa Mendes (Parte II)

30 de março de 2015 > Guiné 63/74 - P14419: E as nossas palmas vão para... (9): João Crisóstomo e António Rodrigues, amigos da causa de Aristides de Sousa Mendes (Parte I)

17 de junho de 2014 > Guiné 63/74 - P13299: E as nossas palmas vão para... (8): Nuno [José Varela] Rubim, autor de vasta obra sobre a nossa história militar, com destaque para "A organização e as operações militares portuguesas no Oriente, 1498-1580"

7 de junho de 2014 > Guiné 63/74 - P13252: E as Nossas Palmas Vão para... (7): José Carmino Azevedo, autarca de Vila Frechoso, Vila Flor, que quis doar à Tabanca Grande 0,5% do seu IRS de 2013... Que gesto magnânimo!!!... Infelizmente não temos estatuto jurídico...nem sequer número de identificação fiscal (NIF) e, como tal, não existimos face ao Estado Português...

26 de março de 2013 > .Guiné 63/74 - P11315: E as Nossas Palmas Vão Para... (6): A banda musical portuguesa "Melech Mechaya", nomeada para os "Independent Music Awards" (IMA), 12ª edição anual, para a categoria de "Melhor Álbum Instrumental"

1 de março de 2013 > Guiné 63/74 - P11176: E as Nossas Palmas Vão Para... (5): Daniel Rodrigues, 25 anos, português, fotojornalista, que ganhou o "óscar" da melhor fotografia, na categoria "Vida Quotidiana", do concurso de 2013 da "Word Press Photo", com um belíssima foto de uma jogatana de futebol entre miúdos de Dulombi, março de 2012 (Luís Dias)

18 de maio de 2010 > Guiné 63/74 - P6424: E as Nossas Palmas Vão Para... (4): O Município de Vila Nova de Famalicão no Dia Internacional dos Museus, a que se associaram dez museus, públicos e privados, incluindo o Museu da Guerra Colonial

24 de Setembro de 2009 > Guiné 63/74 – P5005: E as Nossas Palmas Vão Para... (3): Medalha de Prata de Serviços Distintos, com Palma (José Martins)

30 de Novembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2316: E as Nossas Palmas Vão Para... (2): Os que lutam, na Guiné-Bissau, contra a Mutilação Genital Feminina (MGF)

17 de novembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2273: E As Nossas Palmas Vão Para... (1): Sara Peres Dias e o seu microfilme Dizer a Guiné-Bissau em Três Minutos

terça-feira, 11 de abril de 2017

Guiné 61/74 - P17235: E as nossas palmas vão para... (13): Mário Leitão, farmacêutico reformado, ex-fur mil, Farmácia Militar de Luanda, delegação nº 11 do Laboratório Militar, autor de "Biodiversidade das Lagoas de Bertiandos e S. Pedro d´Arcos" (2012, 295 pp, mais de 500 fotografias), um homem de causas, agora empenhado em resgatar da "vala comum do esquecimento" os 52 bravos do concelho de Ponte de Lima que morreram na guerra do ultramar, 11 dos quais no CTIG

 

Capa do livro


Dedicatória manuscrita ao editor do nosso blogue


Ficha técnica












Contracapa


Dedicatória de Mário Leitão ao nosso editor:


"Ponte de Lima, 28/3/2017: Ao prof doutor Luís Graça com a minha homenagem pelo seu incansável trabalho pela conservação das memórias da guerra do Ultramar! Com um abraço do Mário Leitão".



1. Mensagem do António Mário Leitão, um limiano de alma e coração, com data de 6 do corrente:

Caro Luís:

As minhas renovadas felicitações pelo V. magnífico trabalho! São incontáveis as buscas bem sucedidas que realizo no vosso  Blog para os meus livros. Obrigado!

Como não encontro o teu nº telefónico, queria saber se recebeste o meu livro sobre as Lagoas de Bertiandos e S. Pedro d'Arcos, que enviei para a tua Universidade.

Um abraço!

Mário Leitão


2. Resposta do nosso editor LG, na volta do correio:

Querido amigo e camarada, recebi (e estou maravilhado com) o teu trabalho. Obrigado pela dedicatória. Prometo fazer uma recensão do livro, agora nas "férias" da Páscoa, que vou passar ao Norte, como de costume.

Quando voltar a Ponte de Lima, apito. Amanhã, telefono-te. O meu nº de telemóvel é o (...).

Tínhamos combinado, há uns tempos atrás,  se bem me recordo, que irias integrar a nossa Tabanca Grande (*). Acho que só faltavam as tuas duas fotos da praxe, uma do antigamente e outra atual. O convite continua de pé. Será uma honra ter-te cá, ao pé dos camaradas da Guiné, sentado sob o poilão mágico e sagrado da nossa Tabanca Grande.

Um, alfabravo, Luís


3. Comentário de LG:

O Mário Leitão já me mandou, entretanto,  todos os elementos para eu o poder apresentar, condignamente,  à Tabanca Grande como o grã-tabanqueiro nº 741.

O Mário Leitão não esteve na Guiné, esteve em Angola. Tem três ou quadro referências no nosso blogue. É  farmacêutico reformado. Foi furriel miliciano na Farmácia Militar de Luanda, delegação n.º 11 do LMPQF - Laboratório Militar de Produtos Químicos e Farmacêuticos, Angola, 1971/73.

O que é que ele tem feito, em prol da nossa causa comum, que justifique a sua entrada, pela porta grande da Tabanca Grande, honra essa que só é devida aos combatentes que passaram pelo TO da Guiné, de 1961 a 1974 ?

Muito simplesmente, o Mário Leitão é um homem de grandes causas: tem estado empenhado nestes últimos anos em honrar e preservar a memória dos 52 camaradas limianos que morreram (em combate, acidente ou doença) nos três teatros de operações, em África, seis dos quais ainda por resgatar (*).

Este homem, este camarada, farmacêutico reformado, antigo director técnico da Farmácia Lopes, em Barroselas, Viana do Castelo (, à frente da qual estão agora os seus dois filhos), podia estar quietinho nas suas tamanquinhas,  a "viver dos rendimentos", na sua bela terra, Ponte de Lima... Mas não, não é dessa têmpera, é um minhoto, é um limiano, é um poço de energia, tendo-se abalançado agora a resgatar da vala comum do esquecimento os seus camaradas que morreram na guerra do ultramar.... Ele está a recolher elementos para um livro e é, no que respeita ao TO da Guiné, um leitor apaixonado do nosso blogue... Quer, em outubro próximo, fazer uma grande homenagem aos bravos limianos, entre os quais se contam os nossos malogrados camaradas da Guiné:

António da Silva Capela (que morreu no decurso da Op Ostra Amarga),
Armando Ferreira Fernandes,
Celestino Gonçalves de Sousa,
Damásio Manuel Fernandes Cervães,
João Alves Aguiar,
João da Costa Araújo,
João Fernandes Caridade,
João Vieira de Melo,
José Pereira Durães,
José Rodrigues Barbosa,
Júlio de Lemos Pereira Martins.

Last but not the least, por fim e não menos importante, o Mário  Leitão é autor de um  livro  de referência, "Biodiversidade das Lagoas de Bertiandos e S. Pedro d´Arcos" (Ponte de Lima: Lions Clube de Ponte de Lima, 2012, 295 pp.), de que se fizeram mil exemplares, e está hoje praticamente esgotado. Ele teve a gentileza de mandar um exemplar autografado, sabendo da minha admiração por esse rincão maravilhoso da nossa terra que é o concelho de Ponte de Lima e a Área Protegida das Lagoas de Bertiandos e S. Pedro d' Arcos

O que muita gente não sabia (incluindo eu próprio) é que o nosso camarada Mário Leitão foi um dos pioneiros (se não mesmo o mais antigo) dos estudiosos daquela que é hoje uma Paisagem Protegida,
reconhecida nacional e internacionalmente como um importante zona húmida, rica pela sua biodiversidade, "ponto de partida para o lançamento de um grande projeto de conservação da natureza, de construção social, desenvolvimento rural e territorial, que nasceu das possibilidades dum espaço singular, mas também da visão e do esforço coletivo de diversos agentes, na sua relação próxima com a população e proprietários locais"...

O Mário Leitão teve, neste projeto, uma quota-parte do grande mérito, eu acho que ele merece uma estátua, na sua terra, pelo trabalho excecional que fez, ao longo de duas décadas e meia, e ele toda um equipa de gente jovem, apaixonada pela ciência e pela natureza, incluindo o levantamento, a a identificação e a caracterização da fauna e flora, bem como a educação ambiental das populações.

Por tudo isso, e não é pouco, o Mário Leitão merece que a gente lhe tire o quico!... As nossas palmas desta vez vão para ele! (**)... Num próximo poste iremos apresentá-lo como o nosso novo grã-tabanqueiro, como o nº 741.

__________________

Notas do editor:

(*)  Vd. postes de:

26 de março de 2017 > Guiné 61/74 - P17180: In memoriam (281): João Vieira de Melo, 1.º Cabo Auxiliar de Enfermeiro da CCAV 1485, falecido, vítima de ferimentos recebidos em combate, no dia 20 de Fevereiro de 1966, um herói limiano que tarda em ser homenageado (Mário Beja Santos / Mário Leitão)

15 de fevereiro de  2016 > Guiné 63/74 - P15749: (De)Caras (29): Tentativa, frustrada, de criação do Dia do Combatente Limiano... Assembleia Municipal de Ponte de Lima chumbou a proposta (Mário Leitão, farmacêutico, ex-furriel mil na Farmácia Militar de Luanda, Delegação n.º 11 do LMPQF - Laboratório Militar de Produtos Químicos e Farmacêuticos, Luanda, 1971/73)



(**) Postes anteriores da série >

10 de junho de 2016 > Guiné 63/74 - P16189: E as nossas palmas vão para ... (12): Patrício Ribeiro, o "pai dos tugas", empresário em Bissau, português com P grande, que esperamos um dia destes ver condecorado no 10 de junho pelo presidente da República Portuguesa de todos os portugueses

1 de fevereiro de 2016 > Guiné 63/74 - P15694: E as nossas palmas vão para... (11): Catarina Gomes, a nossa amiga jornalista do "Público" que venceu o Prémio Rei de Espanha, na categoria imprensa escrita, com o trabalho "Quem é o filho que António deixou na Guerra?"... (Trata-se da segunda parte de um trabalho, iniciado em 2013, sobre os "Filhos do Vento")

30 de março de 2015 > Guiné 63/74 - P14420: E as nossas palmas vão para... (10): João Crisóstomo e António Rodrigues, amigos da causa de Aristides de Sousa Mendes (Parte II)


17 de junho de 2014 > Guiné 63/74 - P13299: E as nossas palmas vão para... (8): Nuno [José Varela] Rubim, autor de vasta obra sobre a nossa história militar, com destaque para "A organização e as operações militares portuguesas no Oriente, 1498-1580"

7 de junho de 2014 > Guiné 63/74 - P13252: E as Nossas Palmas Vão para... (7): José Carmino Azevedo, autarca de Vila Frechoso, Vila Flor, que quis doar à Tabanca Grande 0,5% do seu IRS de 2013... Que gesto magnânimo!!!... Infelizmente não temos estatuto jurídico...nem sequer número de identificação fiscal (NIF) e, como tal, não existimos face ao Estado Português...


1 de março de 2013 > Guiné 63/74 - P11176: E as Nossas Palmas Vão Para... (5): Daniel Rodrigues, 25 anos, português, fotojornalista, que ganhou o "óscar" da melhor fotografia, na categoria "Vida Quotidiana", do concurso de 2013 da "Word Press Photo", com um belíssima foto de uma jogatana de futebol entre miúdos de Dulombi, março de 2012 (Luís Dias)

18 de maio de 2010 > Guiné 63/74 - P6424: E as Nossas Palmas Vão Para... (4): O Município de Vila Nova de Famalicão no Dia Internacional dos Museus, a que se associaram dez museus, públicos e privados, incluindo o Museu da Guerra Colonial

24 de Setembro de 2009 > Guiné 63/74 – P5005: E as Nossas Palmas Vão Para... (3): Medalha de Prata de Serviços Distintos, com Palma (José Martins)

30 de Novembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2316: E as Nossas Palmas Vão Para... (2): Os que lutam, na Guiné-Bissau, contra a Mutilação Genital Feminina (MGF)

sexta-feira, 10 de junho de 2016

Guiné 63/74 - P16189: E as nossas palmas vão para ... (12): Patrício Ribeiro, o "pai dos tugas", empresário em Bissau, português com P grande, que esperamos um dia destes ver condecorado no 10 de junho pelo presidente da República Portuguesa de todos os portugueses


Guiné-Bissau > Região do Oio  > Farim,  2014 > O Patrício Ribeiro,com o o filho, os dois rostos da empresa Impar Lda  

Fotos: © Patrício Ribeiro (2014). Todos os direitos reservados. [Edição: LG]

1. O nosso grã-tabanqueiro Patrício Ribeiro, de 68 anos de idade, português de Águeda, vivido, crescido, educado e casado em Angola, Nova Lisboa / Huambo, antigo fuzileiro naval, que retornou ao "Puto" depois da descolonização, fixando-se entretanto na Guiné-Bissau, há 3 décadas, país onde fundou a empresa Impar Lda, líder na área das energias alternativas, é daqueles portugueses da diáspora que nos enchem de orgulho e nos ajudam a reconciliarmo-nos com nós mesmos e afugentar o mau agoiro dos velhos do Restelo como aquele que acabei de ouvir em Belém, esta manhã, no XXIII Encontro Nacional de Combatentes. (Diga-se, de passagem, contrastando, no conteúdo, no espírito e na forma, com os discursos positivos, portadores de esperança no futuro e de afirmação da capacidade dos portugueses, tanto do prof João Caraça como do presidente da República, no Terreiro do Paço, nas cerimónias oficiais do 10 de junho).

O Patrício Ribeiro é um homem discreto, que cultiva o "low profile", não precisando de se pôr em bicos de pés para mostrar que é alto e grande.  A diplomacia (política e económica) portuguesa ainda não o descobriu. E se calhar ele já fez mais por Portugal e pela Guiné-Bissau do que muitos diplomatas de carreira para quem ir parar a Bissau não é uma honra, ´é antes um percalço, senão mesmo um castigo...

Desconheço se as autoridades portuguesas alguma vez reconheceram e agradeceram o seu papel (heróico!) durante a guerra civil guineense de 1998/99,  quando o Patrício se meteu numa canoa, 30 km pelo mar dentro, à procura da fragata Vasco da Gama!..,

A epopeia deste navio de guerra (e  de outros meios navais envolvidos) tem vários heróis, um deles chama-se Patrício Ribeiro e ao fim de quase duas décadas está na altura do palácio de Belém se dar conta da existência deste "obscuro" empresário português que, antes de ser um empresário, de resto, de sucesso, é um, português com P grande. (Acrescente-se que foi uma das operações mais bem sucedidas, das nossas Forças Armadas, a do resgate de cerca de 3500 refugiados, portugueses, guineenses e de outras nacionaldiades (**). Era embaixador de Portugal na Guiné-Bissau o nosso camarada e grã-tabanqueiro Francisco Henriques da Silva, que teve um papel de relevo na ligação com os militares portugueses. Esta operação faz agora 18 anos!).

Patrício, senhor futuro comendador, espero poder abraçar-te, feliz e com lágrimas, no próximo 10 de junho de 2017. A ti, e ao João Crisóstomo, o "nosso agente em Nova Iorque".


2. A história de vida deste bairradino, herdeiro dos nossos melhores de antanho, está aqui resumida numa recente reportagem da RTP Notícias, e do seu correspondente em Bissau, Luís Fonseca,  que, "na contagem decrescente para o 10 de Junho encontrou um português que ajuda a resolver os constantes problemas de falta de eletricidade", enquanto "a Guiné-Bissau vive um período de instabilidade política com consequências no dia a dia da população"-

http://www.rtp.pt/noticias/mundo/portugues-resolve-problemas-de-eletricidade-na-guine_v924011

Obrigado, Patrício, aqui ficam os teus contactos;

Patricio Ribeiro
IMPAR Lda
Av. Domingos Ramos 43D - C.P. 489 - Bissau , Guiné Bissau
Tel,00245 966623168 / 955290250
www.imparbissau.com
impar_bissau@hotmail.coma
______________

Notas do editor:

(*) Último poset da série > 1 de fevereiro de 2016 > Guiné 63/74 - P15694: E as nossas palmas vão para... (11): Catarina Gomes, a nossa amiga jornalista do "Público" que venceu o Prémio Rei de Espanha, na categoria imprensa escrita, com o trabalho "Quem é o filho que António deixou na Guerra?"... (Trata-se da segunda parte de um trabalho, iniciado em 2013, sobre os "Filhos do Vento")

(**) Vd. Guiné em Tróia a ferro e fogo A operação que levou a Marinha à Guiné, em 1998, é mais do que uma memória: é um exercício militar para testar a capacidade de reacção rápida. Correio da Manhã, 18/02/2007.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

Guiné 63/74 - P15694: E as nossas palmas vão para... (11): Catarina Gomes, a nossa amiga jornalista do "Público" que venceu o Prémio Rei de Espanha, na categoria imprensa escrita, com o trabalho "Quem é o filho que António deixou na Guerra?"... (Trata-se da segunda parte de um trabalho, iniciado em 2013, sobre os "Filhos do Vento")

1. Mensagem da nossa amiga Catarina Gomes
jornalista do "Público", com data de hoje:

 Professor,


A minha história do furriel e do filho em Angola ganhou recentemente o Prémio de Jornalismo Internacional Rei de Espanha: https://www.publico.pt/sociedade/noticia/publico-vence-premio-rei-de-espanha-1719968

Por causa disso, há uma jornalista brasileira que quer fazer uma peça sobre este tema dos filhos do vento, a ver se damos visibilidade ao tema. Falei-lhe em si e do blogue e em como há quem, entre os ex-militares, defenda que estes filhos devem ter nacionalidade e queira fazer por isso. Posso dar-lhe o seu número? Chama-se Marana Borges e trabalha para o maior site de conteúdos do Brasil, o UOL, que é como se fosse o nosso Sapo.

Abraço

Catarina

2. Recortes de imprensa > Jornalista do PÚBLICO vence Prémio Rei de Espanha

PÚBLICO 12/01/2016 - 15:50 [reproduzido com a devida vénia]


Catarina Gomes é a vencedora com o trabalho Quem é o filho que António deixou na guerra. Há 23 anos que um português não era premiado na categoria de imprensa escrita.



O encontro do pai (António Graça Bento, 63 anos) e do filho (Jorge Paulo
Bento, conhecido por o "Pula",na Unidade de Intervenção Rápida,
de Luena, a que pertence; tem agora 40 anos e 4 filhos; a mãe,
Esperança, já morreu em 2005). Foto de Manuel Roberto, fotojornalista
do Público, reproduzida com a devida vénia.
A jornalista do PÚBLICO Catarina Gomes é a vencedora do Prémio de Jornalismo Rei de Espanha na categoria Imprensa com o trabalho Quem é o filho que António deixou na Guerra?, a segunda parte de um trabalho iniciado já em 2013 sobre os filhos nascidos de relações entre ex-combatentes da guerra colonial e mulheres africanas, os Filhos do Vento. Ambos os trabalhos foram publicados na Revista 2.

A reportagem conta a história do ex-furriel António Bento, que viveu durante a guerra com uma angolana chamada Esperança Andrade e que sempre soube que tinha deixado um filho para trás. A reportagem acompanhou este reencontro. Mas a maior parte dos filhos de ex-combatentes na Guiné-Bissau não teve a mesma sorte. Até hoje, continuam sem saber quem é o seu "pai tuga", revelou a primeira parte deste trabalho que ganhou em 2014 o prémio Gazeta Multimédia, na primeira vez que foi atribuído a um órgão de comunicação social.

O trabalho de Catarina Gomes, que é jornalista do PÚBLICO desde 1998, mereceu a unanimidade do júri dos Prémios de Jornalismo Rei de Espanha 2015, organizados pela agência de notícias espanhola EFE e pela Agência Espanhola de Cooperação Internacional, que esteve reunido entre segunda-feira e hoje em Madrid. Em acta, o júri menciona "uma reportagem que narra com uma linguagem emocionante a história de António Bento e da sua busca pelo filho que teve juntamente com uma angolana durante a guerra. É uma história que ilustra a proximidade entre dois povos e o sarar de feridas passadas.” A história de António Bento foi fotografada pelo fotojornalista do PÚBLICO Manuel Roberto e filmada pelo videojornalista Ricardo Rezende. A última vez que um jornalista português tinha sido distinguido com este galardão na categoria imprensa escrita foi em 1993, um trabalho de Maria Augusta Silva para o Diário de Notícias.

Os Prémios de Jornalismo Rei de Espanha receberam 185 trabalhos de 18 países, entre os quais seis trabalhos de jornalistas portugueses (dois na categoria imprensa escrita, dois em televisão, um na categoria rádio e outro na de jornalismo ambiental). Os países que mais trabalhos apresentaram foram a Colômbia (44), seguido do Brasil (39) e de Espanha (32).

O mesmo júri — que este ano integrou jornalistas espanhóis, um peruano e um português — também deliberou sobre o Prémio Don Quixote de Jornalismo 2015 (12.ª edição), tendo decidido atribuí-lo à crónica Cusco en el tiempo, do peruano Mario Vargas Llosa, publicada no diário espanhol El País.

Cada premiado receberá uma escultura em bronze do artista Joaquín Vaquero Turcios e uma verba de 6000 euros. O Prémio Don Quixote ascende a 9000 euros e uma escultura comemorativa. Os prémios serão entregues pelo rei de Espanha em data ainda a definir.

Catarina Gomes recebeu o prémio Gazeta Multimédia (2014), com a reportagem Filhos do Vento, juntamente com Manuel Roberto e Ricardo Rezende, que veio dar a conhecer as histórias de filhos de ex-combatentes de militares portugueses com mulheres africanas, deixados para trás nos tempos da guerra colonial. O interesse por este tema começou durante a pesquisa do livro que escreveu em 2014, Pai, tiveste medo?, editado pela Matéria-Prima, que reúne 12 histórias sobre a experiência da guerra colonial vista por filhos de ex-combatentes.

Com a reportagem Infâncias de Vitrine, que conta histórias de vidas de filhos separados à nascença de pais doentes com lepra, adultos que passaram as suas infâncias a vê-los através de um vidro, recebeu em 2015 o Prémio AMI-Jornalismo contra a Indiferença – a par com a reportagem Perdeu-se o pai de José Carlos – trabalho que foi também um dos finalistas mundiais, na categoria do texto, do Prémio de Jornalismo Iberoamericano Gabriel García Márquez. Foi argumentista do documentário Natália, a Diva Tragicómica, produzido pela RTP2 e pela Real Ficção.

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Nota do editor:

Último poste da série > 30 de março de 2015 > Guiné 63/74 - P14420: E as nossas palmas vão para... (10): João Crisóstomo e António Rodrigues, amigos da causa de Aristides de Sousa Mendes (Parte II)

segunda-feira, 30 de março de 2015

Guiné 63/74 - P14420: E as nossas palmas vão para... (10): João Crisóstomo e António Rodrigues, amigos da causa de Aristides de Sousa Mendes (Parte II)



Título da reportagtem feita pelo jornal "Defesa da Beira", 1/10/2004




S/l> S/d > O presidente da República Jorge Sampaio, tendo à sua esquerda o João Crisóstomo e á sua direita o António Rodrigues




1. Segunda parte da mensagem de 31 de janeiro último, enviada pelo João Crisóstomo (*) [, aqui na foto com a sua esposa, Vilma, do lado esquerdo, com outro casal amigos da causa de Aristides Sousa Mendes; foto: cortesia da Fundação Aristides de Sousa Mendes]


Em 2004 eu queria que o nosso herói Aristides [de Sousa Mendes] fizesse parte da Galeria dos Heróis no prestigioso Museum of Jewish Heritage em Nova Iorque ─ depois de ter lançado a ideia de lembramos com relevância o dia 17 de Junho. o que foi feito com uma série de acontecimentos do Vaticano à China, de Portugal a Timor Leste , num total de 22 países durante essa semana…

Abrindo aqui um parênteses: para isto foi importante a ajuda do Secretariado do Ministério dos Negócios Estrangeiros, na altura sob a direção do Sr. Embaixador Rocha Páris em Lisboa, e da Fundação Internacional Raoul Wallenberg em Nova Iorque, que muito me facilitaram os necessários contactos: nessa semana houve 34 missas, muitas delas celebradas por cardeais e outras eminentes figuras da Igreja Católica; serviçøs religiosos em sinagogas, e outros acontecimentos em colégios, universidades e outras instituições de cultura e ensino…

Ao 17 de Junho eu chamava "dia de Acção de Graças”, mas depois, por sugestão da dra Mariana Abrantes, começamos a chamar " O dia de Consciência", nome com que ficou a ser chamado desde então.

Consegui, entretanto, convencer o director do supracitado Museu [“Museum of Jewish Heritage"] a aceitar a ideia, mas ficou condicionada a que eu conseguisse trazer para Nova Iorque por um ano ou dois, para ficar em exposição, o livro do "Registo de Bordéus" e o carimbo com que Aristides carimbava os passaportes.

Consegui que o MNE [Ministério dos Negócios Estrangeiros] aceitasse deixar vir o livro, mas faltava o carimbo (que no fim teve de ser substituído pela caneta de Aristides, já que não foi possível encontrar o carimbo). Mas na altura nós pensávamos que o carimbo existia em qualquer parte em Portugal. Aproveitei as minhas férias e, com o António Rodrigues, que sempre tinha sido o meu braço direito em todas as minhas campanhas e que tinha regressado de vez a Portugal, resolvemos procurá-lo.

Pedi o auxílio de Mariana Abrantes, de Luís Fidalgo e de António Moncada, neto do César (irmão gémeo de Aristides) em cuja casa suspeitávamos se encontrava esse carimbo. E lá andámos umas duas ou três horas, sem encontrarmos o carimbo.



No fim resolvemos "visitar" a casa de Aristides, que fica bem perto. Aí o António Moncada disse-nos que não, pois a casa não estava em condições de ser visitada por ninguém, pelo perigo que isso representava: havia um grande buraco no teto que havia caído (com uns quatro a cinco metros de diâmetro), e os "beams" (barrotes, é assim que se chamam, não é?), alguns deles ao caírem, fizeram buraco enorme em todos os andares até ao chã e outros barrotes, de todos os tamanhos, alguns enormes, estavam dependurados, numa imagem dantesca de ameaça e perigo.

Mas nós (eu e o António), que tínhamos vindo de tão longe, queríamos ver a casa de que tanto tínhamos ouvido falar ( a foto dela até fazia parte num artigo que escrevi em 1998 e que foi publicado em vários jornais) e insistimos com o Moncada e o Luis Fidalgo (que também como o Moncada era membro director da Fundação).

Finalmente acederam ao nosso pedido, mas que tudo seria por nossa conta e risco. Assim aceitámos. E lá entrámos, pés de mansinho, um após outro, olhando para o alto e para os lados com todo o cuidado. Verificámos que o enorme buraco estava situado mais ou menos no meio da casa, logo à entrada, mas com cuidado havia maneira de ver o resto da casa sem grande perigo.

Para nosso espanto apercebemo-nos que a casa parecia nunca ter sido sujeita a qualquer cuidado ou limpeza. E por respeito ao nosso herói nós resolvemos que a casa teria de ser limpa imediatamente e não sairíamos de Cabanas de Viriato sem que a casa de Aristides recebesse pelo menos uma limpeza geral.




Mais: começámos a pensar se não seria possível contratar um empreiteiro para consertar o telhado. Pensamos nós: se este buraco continuar assim, com as chuvas e ventos de inverno etc., a casa não vai aguentar mais do que dois ou três invernos… Viemos para fora para pedir autorização do que queríamos fazer e averiguar sobre empreiteiros locais, etc. Sucede que entretanto a nossa visita tinha despertado a curiosidade de alguns residentes de Cabanas; e, quando falámos sobre a ideia de reparar o telhado, falámos sobre orçamentos e viabilidades, etc.

Entre os presentes que tinham chegado ou estavam por perto foi-nos apresentado um empreiteiro, logo seguido de outro que também podia estar interessado e que nos podiam dar ideias sobre o que estávamos falando, dum possível conserto da Casa. Que era impossível reparar o buraco e não era possível fazer nada a não ser cobrir o telhado com uma "umbrella" de metal, até que fosse possível fazer uma reparação à casa toda. Essa cobertura de metal custaria pelo menos 20.000 dálares ( isto em 2004!), o que nós não podíamos dispender nem tínhamos disponível!




O António Rodrigues porém não se conformava, arguindo que se podia consertar o telhado, que a casa não precisava de cobertura nenhuma e que não era preciso gastar tanto dinheiro.

Perante a posição bem clara e declarada de que nada se podia fazer, o António Rodrigues, meio nervoso, deu-me um toque no braço de maneira a não ser ouvido por mais ninguém e diz-me: “Se eles não o podem fazer, então faço eu!”...

Eu, habituado a muitas outras ocasiões em que o António tinha feito "milagres" aqui nos EUA, apenas disse: “Eh pá, tu tens a certeza? Então estes que são profissionais acham que não há nada a fazer, tu achas que vais conseguir alguma coisa?!”… Ao que ele respondeu: “Deixa comigo. Eles estão a dizer que para consertar o teto têm de consertar a casa toda... Ora eu posso escorar tudo, partindo do chão até chegar ao teto e aí, depois de chegar ao teto, o telhado é fácil de consertar... Deixa comigo”.

Foi difícil de convencer, mas depois não só concordaram em nos deixar a "limpar a casa” que era tudo o que dizíamos ia acontecer, como toda a gente começou a oferecer os seus préstimos e ajudas: (i) um trator e um camião para levar as madeiras, pedras, tijolos, terra e lixo; (ii) além de virem eles próprios (e elas, pois se me lembro bem o trator pertencia a uma senhora que quando podia nos vinha ajudar) ao fim do dia para conduzir os mesmos; (iii) os escuteiros da escola queriam ajudar, o que tivemos de recusar pelo perigo de que não podiamos assumir a responsabilidade; (iv) o irmão da Mariana Abrantes, professor António Abrantes e sua esposa Ivone vieram-nos ajudar e connosco permaneceram até altas horas da noite para o que trouxeram holofotes para pudermos trabalhar de noite, como nós pedimos.




Os que não puderam ficar foram-se, mas o Luís Figalgo (advogado, e director da Fundação) nos garantiu, e cumpriu!, arranjar-nos um seguro contra acidentes, para o caso de nos acontecer algo (o que bem podia ter acontecido, dado a nossa coragem e entusiasmo em fazer o que estávamos a fazer).

Foi durante essa primeira noite, conforme depois saiu em todos os jornais e na própria RTP que também fez cobertura do acontecido, debaixo de grossa camada de terra e estrume de ovelhas e de galinhas, tudo misturado com caliça das paredes, pedras e tijolos, que nós viemos a encontrar o que os media chamaram de "tesouro na casa de Aristides": "documentos inéditos "encontrados"; "documentação encontrada surpreende investigadora", etc etc.; cartas de Aristides à sua mulher, de seus filhos para outros que já tinham emigrado para o Canadá; uma cópia de um livro, escrito por A. S. Mendes ainda por abrir ( à maneira antiga, tinha de se cortar as páginas com um "abridor de cartas"); e muitos outros pedaços de documentos, alguns ainda intactos, mas a maioria que se desfaziam em pó nas nossas mãos ao simples tocar, revistas e jornais do tempo...

Tudo foi entregue no dia seguinte em dois sacos de plástico à Fundação na pessoa do dr. Luis Fidalgo na presença da dra Lina Madeira, uma autoridade em A. S. Mendes que veio de Coimbra a correr, e de vários correspondentes presentes.

Voltando à "ad hoc" reparação do telhado e dos buracos nos andares até ao chão... Eu fiquei com o António Rodrigues três ou quatro dias comendo na cantina do lar para idosos, de que o Luis Fidalgo era diretor, e dormindo as primeiras noites na casa do Antnio e Ivone Abrantes, e depois num pequeno hotel local (ainda hoje não sei quem pagou a nossa estadia; o Luis Fidalgo disse-nos que estava tudo pago e não nos devíamos preocupar com isso). Tive de deixar o António sozinho e voltei aos EUA.


Fotos do jornal  "Defesa da Beira", 1/10/2004. Inmagens digitalizadas e enviadas pelo João Crisóstomo


O que o António fez e conseguiu depois, muitas vezes trabalhando sozinho, viajando todos os dias num camião bastante "usado" que um amigo dele lhe pôs ao serviço e onde trazia de sua casa ferramentas, materiais de construção como madeiras, barrotes, e tudo o mais que tinha e ele achava ser preciso para consertar a casa e o telhado... é coisa quase impossível de imaginar, não se tivessem visto os resultados.

A sua imaginação de arquiteto “ad hoc” - entre outros apelidos chamavam-lhe o "arquiteto sem canudo", "o milagreiro ambulante", "o americano maluco"...porque às cinco da manhã ele já estava, vindo de Aljubarrota, encarrapitado no telhado ou a trabalhar sozinho como um desalmado para remendar o que ele achava imperioso ser feito para que a casa aguentasse mais uns anos até se encontrar uma solução definitiva - levou-o a procurar nos arredores eucaliptos, telhas para o telhado ( iguais às outras do telhado, já difíceis de encontrar), materiais de construção, sobretudo barrotes e madeiras que precisava.

A sua franqueza e simplicidade desarmavam toda a gente que não podia negar o que ele queria, "para consertar a casa de Sousa Mendes"... Os troncos dos eucaliptos, não sei quantos, mas numa visita que fiz à Casa anos depois deparei com um bem grosso, barrando o meu caminho, escorando o andar superior, depois de rusticamente despojados dos seus braços/ramos, serviram para escorar os andares começando pelo chão...

E, um por um, cada andar foi escortado e consertado até chegar ao teto.... era preciso "ter a certeza” de que os barrotes originais no telhado å volta do buraco "ficassem bem ligados" para que tudo não fosse parar ao chão outra vez. E o António de vez em quando me falava nos anos seguintes nuns bons cabos que lhe faziam muita falta e que ainda estavam a escorar e segurar o telhado da casa de Sousa Mendes: “Quando consertarem de vez a casa, vou lá buscá-los, que eles ainda me fazem boa falta de vez em quando”…

E assim foi o que sucedeu. O António, acabado o teto, estava esgotado e só desejava e sonhava poder descansar. Faltava tapar as janelas com madeira para proteger um pouco mais da chuva e vento e ter a certeza de que as portas permaneciam fechadas. Assim pediu, como eu antes de me ir embora de volta aos EUA tinha já falado seria preciso fazer. Mas tal parece não ter sucedido.

A Casa ficou durante alguns anos em condições de ser visitada sem perigos dum barrote a cair na cabeça. Mas com o tempo e sem um "António'" a preocupar-se pela sua saúde, sujeita às intempéries, o telhado e o resto começou outra vez a cair aos bocados até que finalmente, quase no último minuto, a desesperada reconstrução das paredes, telhado e janelas, finalmente aconteceu..
Bem hajam quantos trabalharam e contribuíram para o que agora finalmente e felizmente vai já em bom progresso. Bem merecem uma placa em lugar de destaque. Mas nesta não se esqueçam de mencionar também o nome de António Rodrigues!

Não fora a intervenção "ad hoc", mas que veio a ser providencial, em 2004, deste apaixonado "arquiteto sem canudo" de Aristides de Sousa Mendes, não haveria nada a consertar mais, pois o que ainda restava e foi possível salvar, teria sem dúvida desmoronado completamente e tudo teria de ser reconstruido à base de fotos e memórias.


Nova Iorque, 31 de janeiro, 2015.

PS - Em anexo dois "recortes" de jornais : "Diário de Coimbra", de 8 de outubro de 2004; e "Defesa da Beira" 1 de Outubro 2004. As imagens [do jornal "Defesa da Beira"] parecem deixar muito a desejar, mas dão uma ideia do estado da casa com o seu enorme buraco, do teto ao chão;  e nos outros recortes, tens comentários do “Diário de Coimbra” sobre o que foram encontrar. 



António Rodrigues, ao "Diáriod e Coimbra, 8/10/2004.


Recorte do "Diário de Coimbra", 8/10/2004




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