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quinta-feira, 4 de fevereiro de 2021

Guiné 61/74 - P21850: FAP (122): Memórias que o tempo não apaga ou uma crónica de bons malandros! (Mário Santos, ex-1.º Cabo Especialista MMA)

Equipa de manutenção FIAT em 1967


1. Em mensagem de 31 de Janeiro de 2021, o nosso camarada Mário Santos (ex-1.º Cabo Especialista MMA da BA 12, Bissalanca, 1967/69) fala-nos de:


Memórias que o tempo não apaga ou uma crónica de bons malandros!

A minha entrada na FAP foi registada em Maio de 1966 após rigorosa inspecção médica que me qualificou como apto para todas as especialidades da Força Aérea Portuguesa. Tinha então 17 anos de idade.
Após três meses como soldado aluno recruta, passei a integrar o GITE (Grupo de Instrução Técnica de Especialistas) que formou mais de 15.000 técnicos durante o período da Guerra do Ultramar.
A escolha de Especialidade dependia em primeiro lugar das qualificações académicas. Toda a gente tinha pelo menos o 5.° Ano do Liceu, ou o equivalente da Escola Secundária. Muitos já com o Curso Liceal concluído, o que quer dizer que em caso de "chumbo" fisico ou académico, iria tudo parar ao Exército, como Oficiais ou Sargentos Milicianos. Em caso de sonegaram habilitações académicas, era garantido que passariam ao Serviço Geral da FAP como Soldados, cumprindo apenas mais um ano de Serviço. Bastante estranho, uma vez que na FAP, todos seriam apenas e só 1.° Cabos Especialistas. A não ser que metêssem o "chico" de 1.° Cabo ninguém saía.

No meu caso, como tinha terminado recentemente o Curso Industrial na área de Tecnologia Mecânica, a escolha não foi dificil. As disciplinas eram-me quase todas familiares, exceptuando as aulas de aerodinâmica, motores, e dos sistemas hidráulicos, pneumáticos, pressurizantes etc.
Passado um ano, recebi o "meu canudo" de apto na especialidade MMA (Mecânico Material Aéreo) vulgo Mecânico de Aviões.
Como prémio pela minha boa qualificação de curso, foi-me concedida a primazia de escolher a Base Aérea onde iniciaria a minha actividade.
Como residente em Lisboa, a escolha teria que necessáriamente recair no AB1 em Figo Maduro :(Aeroporto de Lisboa)

O meu primeiro contacto com aeronaves foi assim como 3.° mecânico de bordo do DC-6.
Passados uns meses, recebi guia de marcha com destino à ZACVG (Zona Aérea Cabo Verde e Guiné)

Foi assim, que no dia 27 Setembro 1967, embarquei no DC-4 7504 Skymaster, com escala nas Ilhas Canárias e pernoita na Ilha do Sal.
A Esquadra de Tigres de Bissalanca e os Fiat's G-91 foram o meu destino a partir do inicio de Outubro 67 e até meados de 1969.
Assim, na minha curta passagem pela FAP, registei nas sucessivas décadas de operação, competentes Comandantes e Aviadores... homens de grande carácter com quem tive o privilégio de interagir.

Verificação do Pylon

Na FAP, ao contrário dos outros ramos das Forças Armadas, por força das circunstâncias, foi sempre previligiada a relação individual em detrimento do colectivo.
É, quanto a mim natural, que consoante as convivências nas diferentes décadas se tenham desenvolvido particulares simpatias e cumplicidades entre superiores e subordinados.
Nalguns casos, amizades que perduraram através dos tempos e ainda hoje se mantêm.
Como a vasta maioria, deixei a FAP, no terminus do meu contrato.
Muitos outros, com quem me cruzei, Militares de carreira por escolha e convicção prosseguiram até atingirem altas patentes e cargos de enorme relevância nos destinos do nosso país.
Mantenho contacto e amizades sólidas com alguns deles.
Cada um com a sua personalidade própria, rigorosos, todos eles! Afáveis alguns, outros nem tanto...
Afinal somos todos diferentes.

Alguns já não se encontram entre nós, como o
General Manuel Diogo Neto, por duas vezes meu Comandante na BA2 e BA12 já desaparecido.
O General Fernando Vasquez, meu Comandante de Esquadra, simbolo de correcção e tratamento tanto com os seus pares, como com subordinados, amistoso com toda a gente que com ele lidou. Um príncipe entre militares!
O General Fernandes Nico, uma amizade que perdura há mais de 50 anos. Militar e Historiador, homem rigoroso, frontal, educado e que viu sempre a FAP, como um todo, em que todos eram parte importante da instituição FAP.
Sargentos, Furriéis, 1.° Cabos Especialistas, como eu. Soldados do SG, Polícia Aérea, Enfermeiras Para-Quedistas, e Pilotos / Aviadores.



Formámos um todo, uma família unica à qual me orgulhei de pertencer!
Sentimento de contentamento, porque embora indirectamente, contribuímos com o nosso esforço para ajudar os camaradas do Exército e da Marinha, que por inerência de funções tinham a vida em risco permanente.
A todos as minhas saudações e abraço solidário.

____________

Nota do editor

Último poste de Mário Santos de 28 de setembro de 2020 > Guiné 61/74 - P21399: Efemérides (335): Cumpre-se hoje 28 de Setembro, 53 anos da minha chegada à Guiné no HC-54 Skymaster 7504. Uma memória com mais de meio século (Mário Santos, ex-1.º Cabo MMA)

Último poste da série de 8 de Outubro de 2020 > Guiné 61/74 - P21431: FAP (121): Cor pilav Gualdino Moura Pinto, comandante da BA 12 (1971/73), já falecido: "um grande líder" (Victor Barata, fundador e editor do blogue Especialistas da Base Aérea 12, e membro sénior da nossa Tabanca Grande)

segunda-feira, 16 de novembro de 2020

Guiné 61/74 - P21550: Agenda cultural (763): "A batalha do Quitafine: a contraguerrilha antiaérea na Guiné e a fantasia das áreas libertadas", de José Francisco Nico, 2ª edição, a sair no final de novembro de 2020 (António Mimoso e Carvalho)



 






1. Mensagem de Antonio Carvalho:

Date: sábado, 14/11/2020 à(s) 13:07
Subject: BATALHA DO QUITAFINE

Exmo Senhor 

Professor Luís Graça

Em nome do Tenente-general José Fernandes Nico, por indisponibilidade de contacto deste, agradeço a seu apoio para a divulgação no Blogue da segunda edição da obra "A Batalha do Quitafine", que terá lugar na última semana do corrente mês,  pelo que junto um Flyer publicitário em que se incluíram alguns comentários recebidos. 

Apesar de alguns já terem sido apresentados anteriormente no Blogue pensamos que justificam a celeridade com que a primeira edição se esgotou e reforçam este novo esforço do autor em divulgar, o mais amplamente possível, as ações da Força Aérea no cumprimento da sua Missão durante a Guerra de África, concretamente na Guiné. 

Mais uma vez obrigado
António Mimoso e Carvalho 
___________

Nota do editor:

sexta-feira, 6 de novembro de 2020

Guiné 61/74 - P21522: FAP (124): A batalha das Colinas de Boé, ou a tentativa (frustrada) dos cubanos de fazerem de Madina do Boé o seu pequeno Dien Bien Phu (Abril-julho de 1968) - III (e última) Parte (José Nico, ex-ten pilav, BA 12, Bissalanca, 1968/70)






Fotogramas do filme "Madina Boe" (Cuba, 1968, 38'), do realizador José Massip (1926-2014), obtidas a partir da função "print screening" do teclado do PC e da visualização de um resumo, em vídeo (28' 22'') , disponibilizado no You Tube, na conta "José Massip Isalgué".

O documentário foi carregado no You Tube no dia da morte do cineasta (ocorrida em Havana, em 9/2/2014): é narrado em espanhol, tem subtítulos em espanhol, mas também pequenos diálogos em crioulo e em português (por ex., com o médico dr. Mário Pádua, angolano branco, oficial do exército português, de que desertou, tendo saído de Angola para se juntar mais tarde ao PAIGC). 

Há sequências de cenas que vão da preparação militar a saídas para atacar o quartel de Madina do Boé, em novembro de 1967,   da caça às refeições, das jogatanas de futebol ao quotidiano do hospital de Boké, do outro lado da fronteira, na Guiné-Conacrinfim, até a uma visita de Amílcar Cabral às "tropas em parada"...

Enfim, Cuba não mandou, para o PAIGC, apenas instrutores, conselheiros militares e médicos, mandou também cineastas com o talento de um José Massip. Até nisso Amílcar Cabral foi hábil, soube pôr o cinema e os cineastas de vários países ao seu lado, contrariamente aos políticos e generais portugueses do Estado Novo... que escondiam ao povo a guerra que se travava em África, nomeadamente na Guiné. Para vergonha nossa, o cinema português não tem um único filme com a assinatura de um cineasta de prestígo sobre a guerra na Guiné (1961/74).

Edição e legendagem; Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2020)


Fundação Mário Soares > Casa Comum > Arquivo Amílcar Cabral > Pasta: 07057.011.002 Material chegado da URSS no barco Kardla (armamento). Inventário do material com data de 24 de Agosto de 1967. Camiões Gaz 66, metrelhadoras pesadas, canhões sem recúo B-10, morteiros, balas, obuzes, miras telescópicas para espingardas. Data: Terça, 18 de Julho de 1967.

Citação:
(1967), "Material chegado da URSS no barco Kardla", Fundação Mário Soares / DAC - Documentos Amílcar Cabral, Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_41012 (2020-11-6)



1. Continuação da publicação de um notável texto, da autoria do José Nico, em que se conta É a guerra, na primeira pessoa no singular, tendo como cenário Madina do Boé e as suas colinas circundantes, entre abril e julho de 1968.

Esse texto apareceu originalmente no nosso blogue, em 30 de abril de 2018 [e foi parcialmente reproduzido no seu livro "A Batalha do Quitafine", lançado em plena pandemia de Covid-19: esgotada a 1ª edição, tem já 2ª edição à vista (*)].

Por ser demasiado extenso e ter surgido num único poste (**), decidimos reeditá-lo agora, por partes, com a expressa autorização do autor. Hoje publicamos a terceira (e última) parte (**).

É uma homenagem também aos bravos de Madina do Boé, tanto do Exército como da FAP. Madina do Boé que, como se sabe, viria depois a ser retirada, no ano seguinte, em 6 de fevereiro de 1969, por decisão do Com-Chefe, gen Spínola.

[Título, revisão e fixação de texto, para efeitos de publicação neste blogue, em três partes, da responsabilidade do editor LG]



A batalha das Colinas de Boé, ou a tentativa (frustada) dos cubanos de fazerem de Madina do Boé o seu pequeno Dien Bien Phu (Abril-julho de 1968) 

III (e última) Parte  (***)


A infantaria da Força Aérea [, o BCP 12, ] também lá esteve 
(Operação Diana)


A continuação das flagelações e depois os tiros com armas de precisão [, equipadas com miras telescópicas],  procurando causar baixas na guarnição de Madina do Boé,  sugeriu também, na fase que se seguiu às acções atrás descritas, a utilização de meios terrestres da Força Aérea. 

O comandante do batalhão de paraquedistas n.º 12, na altura o ten cor pqdt Fausto Marques, deslocou-se a Madina do Boé para perceber melhor a natureza do problema e engendrar um plano de acção. 

Com base nos elementos colhidos concluiu que só a surpresa poderia garantir resultados, visto que tudo apontava para que o aquartelamento estivesse sob observação permanente a partir da vizinha encosta do Dongol Dandum.

Por essa razão foi iniciado o transporte diário em DO-27, directamente de Bissalanca para Madina, de equipas de 4 paraquedistas, simulando voos de rotina. Para encobrir a chegada deste pessoal, o avião aterrava de Este para Oeste e, quando dava a volta no fim da pista para se dirigir à entrada do aquartelamento (a meio da pista), parava por momentos para deixar sair os quatro homens que se embrenhavam na mata próxima. 

Estes voos começaram no dia 11 de Julho e terminaram no dia 15 de Julho de 1968 quando o efectivo do grupo de combate comandado pelo tenente pqdt José Manuel Gomes chegou aos 20 elementos.

A missão que lhes foi atribuída rezava assim:

1 - Reconhecer com efectivos reduzidos, evitando a todo o custo o contacto com elementos inimigos ou população, os trilhos que levam às posições de flagelação inimigas.

2 - Efectuar emboscadas nos pontos que o inimigo costuma ocupar para flagelar com armas ligeiras a população de Madina e os movimentos na pista de aterragem.

3 - Emboscar o inimigo nos itinerários de acesso às suas posições, aniquilando-o e capturando o material.

4 - À ordem armadilhar as pontes do rio Capege e Mael Bane
.

A orientação táctica foi para efectuar o reconhecimento nas imediações do aquartelamento, na medida em que o grupo de combate fosse engrossando. As saídas deviam ser executados principalmente à noite, aproveitando a fase da lua, e durante o dia o pessoal devia manter-se escondido e em repouso. 

Depois de reconhecidos os trilhos que o inimigo utilizava nos seus movimentos,  deviam então ser montadas emboscadas nos locais mais prováveis de passagem.

Logo no segundo dia [, sexta-feira, 12 de julho de 1968,] foi efectuado um reconhecimento ao alvorecer em que foram empenhados os primeiros quatro paraquedistas que haviam chegado no dia anterior, apoiados por um grupo de combate da CCaç 1790. 

Nesta saída o inimigo, atento a todos os movimentos, bem instalado no balcão do Dongol Dandum, flagelou o grupo de três direcções, com um efectivo estimado em cerca de vinte elementos, tendo ferido um guia nativo. 

A intenção era reconhecer a área no topo Oeste da pista mas por causa deste ataque tiveram de inflectir para Este, depois prosseguiram para Norte e a seguir voltaram para Oeste atravessando a picada para o Che-Che em direcção a uma pequena elevação conhecida como “Colina de Madina” [vd. carta de Sabiá, 1959, escala 1/50 mil: circundava Madina do Boé, a noroeste].

Por informação da CCaç 1790,  esta zona era por vezes utilizada pelos guerrilheiros que até já teriam sido atingidos por uma salva de morteiros e sofrido baixas. De facto, descobriram os impactos das granadas de morteiro e raminhos partidos com vestígios de sangue. 

Para além disso, o terreno amplo e aberto tinha boas condições para se montar uma emboscada. Depois de reconhecerem toda a zona subiram a vertente Oeste do Dongol Dandum, desceram pela vertente contrária e acabaram por regressar ao aquartelamento vindos de Este.

No terceiro dia [, sábado, 13 d3 julho de 1968,] foram empregues os oito paraquedistas que já estavam disponíveis. Para efeitos de dissimulação integraram-se novamente num grupo de combate da CCaç 1790 que ia apanhar lenha nas imediações da picada para o Che-Che. 

Depois seguiram para Leste até ao rio Barquege (a 1,5 Km) tendo encontrado posições de morteiro a cerca de 1 Km do aquartelamento. Nesta e nas restantes saídas houve problemas com os guias [7] porque eles sabiam perfeitamente por onde os guerrilheiros andavam, tinham medo e também tinham um grande receio do escuro da noite.


O truque de falha do gerador


No quarto dia [, domingo, 14 de julho de 1968,] saíram, às 02h00, 12 paraquedistas que foram montar a primeira emboscada junto às posições de flagelação que tinham sido reconhecidas no dia anterior. Por recomendação do pessoal da CCaç 1790,  foi simulada uma falha do gerador eléctrico para encobrir a saída. 

Em Madina, quando falhava o gerador ficava tudo às escuras até que a iluminação voltasse a ser reposta. O mais preocupante era a perda da iluminação do perímetro de segurança, balizado com arame farpado, e por isso era usual os sentinelas dispararem algumas rajadas para o exterior no sentido de dissuadir eventuais tentativas de infiltração. 

Como havia necessidade de encobrir a saída dos paraquedistas,  foi sugerido ao ten pqdt Gomes que fosse simulada a falha do gerador para confundir os olheiros do PAIGC. E foi assim, com as luzes apagadas e os sentinelas ao tiros para o Dongol Dandum, que os 12 homens do ten Gomes afastaram o cavalo de frisa que dava acesso à pista e esgueiraram-se para a direita na direcção Leste. 

Pouco depois chegaram ao local pretendido onde montaram uma emboscada mas o inimigo não se revelou até ao alvorecer. No regresso, já dia claro, foram flagelados com armas ligeiras a partir da encosta do Dongol Dandum quando entravam no aquartelamento. 

Até esse momento, dado que nos primeiros dois dias as saídas foram feitas juntamente com pessoal de Madina e desta vez fora aplicado o “truque do gerador”,  o inimigo nunca se terá apercebido da presença de outras forças pelo que a vantagem da surpresa ainda se mantinha.

No quinto dia [, segunda feira, 15 de julho de 1968,] a acção anterior repetiu-se, desta vez com dezasseis paraquedistas, e o local escolhido para a emboscada foi entre o topo da pista e a Colina de Madina na zona que tinha sido reconhecida no segundo dia. No entanto, dessa vez também não houve contacto e o grupo regressou a Madina já o sol ia alto.


Finalmente a surpresa resultou


No sexto dia [8], 16 de Julho de 1968 [, terça feira,]  sairam pelas quatro horas da manhã dezoito paraquedistas que rodearam o Dongol Dandum por Leste, seguiram depois pelo vale do rio Barquege e foram aquietar-se na encosta Sul, um pouco a Norte da antiga tabanca de Sebere Dandum [, vd. carta de Madina do Boé, 1958, escala 1/50 mil]

Foi nessa posição que às oito horas da manhã ouviram o tiroteio de uma flagelação a partir da encosta Leste. O ten pqdt Gomes deu então instruções para o grupo abandonar a posição e subir para Norte até encontrar o carreiro da guerrilha que levava à vertente Leste. 

A deslocação foi inicialmente complicada pela reacção do guia nativo que os acompanhava dessa vez e que, transido de medo, se recusou a prosseguir. Teve que ser deslocado para o fim da coluna onde ocupou a última posição e na prática passou a ser rebocado pelo último paraquedista.

Ao chegarem ao trilho, a meia encosta, procuraram rapidamente uma zona que proporcionasse um campo de tiro e montaram um dispositivo em L invertido em que a perna maior, com dez paraquedistas, se estendia a subir ao longo do trilho e a menor 90º à direita, de frente a uma pequena clareira. Numa posição recuada em relação à perna maior ficaram o 1.º Cabo Enfermeiro Giroto e o homem do rádio.

Poucos minutos depois avistaram os primeiros guerrilheiros que desciam a encosta completamente descontraidos e na galhof
a [9] mas apenas cinco entraram na zona de morte que era pequena. Os paraquedistas viram-se obrigados a abrir fogo porque o guerrilheiro que seguia à frente já estava apenas a quatro metros de distância. 

Como este trazia a Kalashnikov em bandoleira, não foi o primeiro a ser abatido, foi o segundo da fila que trazia binóculos ao pescoço [10] e a arma em posição de fogo. Só depois o fur pqdt Capucho atingiu o primeiro homem da fila. 

A disciplina de fogo,  que era um dos pontos fortes das tropas paraquedistas, ao contrário do que sucedia com a generalidade das nossas forças na Guiné, funcionou aqui em pleno mais uma vez. O terceiro homem da fila, abatido pelo soldado José Santos, caíu a cerca de seis metros da emboscada. O quarto também foi atingido e foi nessa altura que o quinto guerrilheiro o tentou auxiliar,  tendo chegado a arrastá-lo de nível na clareira, vários metros para Oeste, ao mesmo tempo que os restantes elementos do grupo,  que ainda se encontravam encobertos pela mata, abriram fogo ao longo do trilho na direcção dos paraquedistas. 

No entanto esses dois guerrilheiros não conseguiram escapar porque o 2.º srgt pqdt  Lança movimentou rapidamente a sua equipa de modo a conseguir posição de fogo e acabaram abatidos também mas não conseguiram alcançar os corpos para lhes retirar as armas. 

Do lado dos paraquedistas,  a reacção cega do inimigo provocou duas baixas: o ten Gomes foi ferido numa perna assim como o apontador da MG 42, 1.º cabo Cabaço, que se encontrava ao seu lado.

 
Guiné > Região de Gabu > Setor de Boé > Madina do Boé > 16 de Julho de 1968, terça feira,  emboscada pós-ataque do PAIGC a Madina, levada a cabo por um Gr Cm do BCP 12, comandado pelo ten pqdt José Manuel Gomes

Infografia: José Nico / José Aparício (2018)


Com dois feridos,  e com um número indeterminado de guerrilheiros em posições mais elevadas,  não foi possível explorar melhor o sucesso mas a equipa do 2.º srgt Lança encontrou rastros de sangue ao longo da mata de onde o grupo inimigo tinha surgido. 

Nas circunstâncias foi necessário quebrar o contacto para trazer os feridos imediatamente para Madina e evacuá-los. No entanto o grupo ainda foi flagelado sem consequências, desta vez de um ponto mais para Sudoeste da zona. A retirada fez-se para Este, mantendo o nível da meia encosta e foi protegida com alguns disparos para as matas mais acima. 

O ten Gomes teve que ser amparado por outro paraquedista e o 1.º cabo Cabaço,  que estava em pior estado, foi carregado por dois companheiros. Ao aproximarem-se de Madina começaram a avistar pessoal da CCaç 1790 que tinha saído do aquartelamento e se dirigia ao seu encontro na tentativa de dar apoio.

José F. Nico
Gen Pilav



Guiné > Zona Leste > Região de Gabu > Setor de Boé > Madina do Boé > 16 de julho de 1968 > "Coube-me a mim efectuar a evacuação dos dois feridos. Comigo viajou o ten cor pqdt Fausto Marques [, cmdt do BCP 12], e por um feliz acaso alguém fez uma foto do DO-27 3460 aterrado na pista de Madina onde eu, o ten pqdt Gomes e um soldado da CCaç 1790 aparecem. É a única prova que ainda tenho de que alguma vez estive no "Algarve na Guiné”.


Fotos (e legendas): © José Nico (2018). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

____________
 
Notas do autor: 

[6] - Testemunho do ex-comandante da Ccaç 1790, actual ten cor inf (R) José Aparício,  após uma visita à Guiné em 1994:

(...) “Regressados a Madina,  visitámos os montes circundantes de onde éramos atacados. Constatei que a quadrícula alfa numérica que utilizávamos estava correcta, e os vários pontos eram efectivamente as bases de fogo que referenciámos na quadrícula.

Um dos elementos que nos acompanhava, e que desempenhava as funções de governador do Gabu, mas que nos tempos da nossa permanência pertencia às forças do PAIGC estacionadas na zona, pediu-me para o seguir sozinho, que me queria mostrar um local; pediu-me para não tirar fotografias e não falar do assunto aos jornalistas e operadores de imagem que nos acompanhavam, o que cumpri, 
naturalmente. 

Chegados ali, na contraencosta de um dos montes à volta de Madina, na direcção (E), mostrou-me o local onde foram enterrados os mortos do PAIGC na zona, descrevendo-me a maneira como enterraram os corpos. Quem ficou constrangido e embaraçado pela situação, fui eu, e por respeito não ousei voltar a olhar com insistência para o espaço e estimar o número de sepulturas, mas que eram muitas. 

Na longa conversa que ali mantivemos, referiu-me os ataques aéreos de 9 e 10 de Abril de 1968 confirmando o juízo que ao tempo tínhamos formulado das circunstâncias de então. Falou-me também das dificuldades que tinham nas evacuações de feridos, já que os hospitais de que o PAIGC dispunha na região com médicos cubanos, se encontravam longe, em Boké a (S) e Kundara a (N). As forças do PAIGC à volta de Madina tinham enfermeiros cubanos, que nos dias dos citados ataques se viram ultrapassados pela situação, passando toda noite a pedir auxílio para transportar os muitos feridos existentes, o que foi ouvido em Madina.” (...)

[7] - Os guias nativos eram soldados do recrutamento local que estavam agregados às companhias metropolitanas. Eram necessários não só porque conheciam o terreno mas também porque eram os intérpretes quando eram feitos prisioneiros ou se encontrava população.

[8] - 16 de Julho de 1968, terça feira.

[9] - Faziam aquilo praticamente todos os dias.

[10] - O homem dos binóculos (e com um relógio russo) era um cabo-verdiano que declarou ser o chefe de um grupo de sete elementos que efectuava as flagelações com armas ligeiras a Madina. Faleceu alguns minutos depois.
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Notas do editor:

(*) Vd. postes de:

23 de maio de 2020 > Guiné 61/74 - P21003: Agenda cultural (748): "A Batalha do Quitafine", de José Francisco Nico, Ten-General PilAv. O livro pode ser adquirido através do endereço "batalhadoquitafine@sapo.pt" (Mário Santos, ex-1.º Cabo Especialista MMA)

30 de maio de 2020 > Guiné 61/74 - P21023: Notas de leitura (1286): "A batalha do Quitafine: a contraguerrilha antiaérea na Guiné e a fantasia das áreas libertadas", edição que acaba de sair do antigo ten pilav José Nico, BA 12, Bissalanca, 1968/70

3 de novembro de 2020 > Guiné 61/74 - P21512: Agenda cultural (761): dentro em breve, a 2ª edição de "A Batalha do Quitafine" (2020, 384 pp.). Aceitam-se encomendas "on line" (José Nico, ten gen pilav)


(**) Vd. poste de 30 de abril de 2018 > Guiné 61/74 - P18585: FAP (103): Pedaços das nossas vidas (3): Madina do Boé, "O Algarve na Guiné", por TGeneral PilAv José Nico (José Nico / Mário Santos)

(***) Vd. postes anteriores da série:

4 de novembro de 2020 > Guiné 61/74 - P21514: FAP (123): A batalha das Colinas de Boé, ou a tentativa (frustrada) dos cubanos de fazerem de Madina do Boé o seu pequeno Dien Bien Phu (Abril-julho de 1968) - Parte II (José Nico, ex-ten pilav, BA 12, Bissalanca, 1968/70)

3 de novembro de 2020 > Guiné 61/74 - P21510: FAP (122): A batalha das Colinas de Boé, ou a tentativa (frustrada) dos cubanos de fazerem de Madina do Boé o seu pequeno Dien Bien Phu (Abril-julho de 1968) - Parte I (José Nico, ex-ten pilav, BA 12, Bissalanca, 1968/70)

quarta-feira, 4 de novembro de 2020

Guiné 61/74 - P21514: FAP (123): A batalha das Colinas de Boé, ou a tentativa (frustrada) dos cubanos de fazerem de Madina do Boé o seu pequeno Dien Bien Phu (Abril-julho de 1968) - Parte II (José Nico, ex-ten pilav, BA 12, Bissalanca, 1968/70)


Guiné > Região de Gabu > Setor e Noé > Madina do Boé: vista aérea, tirada de DO 27, c. 1967. As tão faladas colinas do Boé... "O resto era deserto", diz o fotógrafo...

Foto (e legenda): © Manuel Coelho  (2018). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Guiné > Guiné > Zona Leste > Região de Gabu > Setor de Boé > Madina do Boé  > CCAÇ 1790 >  1968 > Desenho com a quadrícula alfanumérica de referenciação que se sobrepunha às cartas 1:50.000 que todos os pilotos. Era da autoria do comdante da CCAÇ 1790, o cap inf José Aparício. um Um exemplar desta quadrícula [4] foi entregue a um piloto de DO-27 que passou por Madina e depois passou a ser utilizada como elemento de coordenação entre a CCaç 1790 e os pilotos dos Fiat G-91 nas acções aéreas de apoio de fogo.


Guiné > Bissau > Bissalanca > BA 12 > 1966 >  A nova pista 


Guiné > Zona Leste > Região de Gabu > Setor de Boé > Madina do Boé  > 16 de julho de 1968 > "Coube-me a mim efectuar a evacuação dos dois feridos. Comigo viajou o ten cor pqdt Fausto Marques [, cmdt do BCP 12],  e por um feliz acaso alguém fez uma foto do DO-27 3460 aterrado na pista de Madina onde eu, o ten pqdt Gomes e um soldado da CCaç 1790 aparecem. É a única prova que ainda tenho de que alguma vez estive  no "Algarve na Guiné”.

Fotos (e legendas): © José Nico (2018). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. É um texto notável, da autoria do José Nico, aqui publicados no nosso blogue, em 30 de abril de 2018 [e só parcialmente reproduzido no seu livro "A Batalha do Quitafine", lançado em plena pandemia de Covid-19:  esgotada a 1ª edição, tem já 2ª edição à vista (*)]. 

É a guerra, na primeira pessoa no singular, tendo como cenário Madina do Boé e as suas colinas circundantes, entre abril e julho de 1968.

Por ser demasiado extenso e ter surgido  num único poste (**),  decidimos reeditá-lo agora, por partes, com a expressa autorização do autor. 

É uma homenagem também aos bravos de Madina do Boé, tanto do Exército como da FAP. Madina do Boé que, como se sabe, viria depois a ser retirada, no ano seguinte, em 6 de fevereiro de 1969, por decisão do Com-Chefe, gen Spínola.

[Título, revisão e fixação de texto, para efeitos de publicação neste blogue, em três partes, da responsabilidade do editor LG]


A batalha das Colinas de Boé, ou a tentativa (frustada) dos cubanos de fazerem de Madina do Boé o seu pequeno Dien Bien Phu (Abril-julho de 1968) 

Parte II (***)

por José Nico (ex-ten pilav, BA 12, Bissalanca, 1968/70)



Como apoiámos Madina do Boé em Abril de 1968 


Por todos os motivos já indicados, o apoio de fogo a Madina do Boé pela Força Aérea, era fundamental. No entanto, a nossa eficácia nessas situações era, na generalidade, muito limitada. Isso acontecia tanto no caso de Madina do Boé como no dos outros aquartelamentos apoiados. 

É certo que,  quando os aviões chegavam ao local, os ataques terminavam porque o inimigo tinha receio de ser localizado e não se revelava mas, por outro lado, era muito difícil infligir-lhe danos dada a dificuldade de referenciar com precisão os alvos. As indicações dadas pelas forças terrestres em termos de direcção e distância eram apenas estimativas e, do ar, mesmo que a direcção fosse uma indicação satisfatória,  já a distância era impossível de medir a olho, com alguma precisão, sobre o manto verde da mata. 

 Em Madina, nas curtas visitas dos DO-27 e em conversa com os comandantes de companhia,  fomo-nos apercebendo que o inimigo utilizava repetidamente bases de fogos que já estavam bem identificadas o que correspondia às características de campo de treino de tiro que a zona tinha para o PAIGC. Foi por isso que em 10 de Novembro de 1966 a reacção da companhia CCaç 1416 fora tão certeira. (*)

No início de Janeiro de 1968,  a CCaç 1790 que na altura se encontrava em Bissau como unidade de intervenção do Comando Militar, iniciou a sua deslocação para Madina do Boé onde assumiu a responsabilidade de todo o Boé, com uma pequena guarnição destacada em Béli.

O ex-comandante da CCaç 1790 descreveu-me assim a posição que foi ocupar:

“Madina do Boé é uma pequena povoação com características físicas específicas. É rodeada por pequenas elevações (com cerca de 300 m de cota média), que são a continuação na Guiné da cordilheira do Futa Djalon da Guiné Conacri. 

Madina fica num vale fértil com muita água, tem um clima agradável, a ponto de em brincadeira os militares que ocuparam anteriormente a posição terem ali colocado uma tabuleta com a expressão “Madina do Boé, o Algarve na Guiné”, e que ali permaneceu até ao fim da presença portuguesa. 

Não havia um aquartelamento militar propriamente dito, mas antes uma dezena e meia de abrigos enterrados dispostos em círculo com um diâmetro de cerca de 1,5 kms e ocupados, cada um, por 5 a 7 militares. 

No centro da povoação havia três casas edificadas. A população que ali vivia também dispunha de abrigos junto das suas tabancas. Por razões óbvias os abrigos estavam ocupados em permanência; era ali, e em cada um, que se tomavam as refeições e se fazia a rotina dos dias. 

Os montes em redor davam comandamento e capacidade de observação contínua sobre as nossas posições. Evitávamos, por isso, ajuntamentos de pessoas que constituíssem alvos fáceis; mesmo quando se jogava futebol, fazíamo-lo junto de valas a céu aberto onde nos podíamos rapidamente abrigar em caso de ataque.

O PAIGC atacava Madina do Boé quase diariamente, normalmente com armas pesadas, morteiros de 82 mm e canhões sem recuo de 75 e de 82 mm. 

A partir dos meados de 1968 passou também a utilizar atiradores especiais ["snippers"] que,  embora fazendo tiro a grande distância, e sempre à mesma hora, acertaram algumas vezes; nunca causaram mortes, mas provocaram alguns feridos graves, e criaram uma enorme instabilidade emocional. 

O desencadear das longas flagelações com armas pesadas tinha características próprias: ocorria normalmente aos crepúsculos, especialmente no vespertino, por razões de segurança das unidades do PAIGC que realizavam o ataque. É que durante a noite não havia operações aéreas na Guiné; por isso após o pôr-do-sol, estavam seguros que só na madrugada seguinte poderiam aparecer os Fiat G91; quando atacavam ao raiar da aurora faziam-no muito rapidamente sendo esses ataques intensos, mas terminando logo de seguida para evitarem qualquer ataque aéreo de resposta.

[...] Está hoje completamente comprovado que o PAIGC teve sempre nos arredores de Madina oficiais e sargentos cubanos que regulavam o tiro das suas armas pesadas com muita eficácia; como nos montes em redor tinham excelentes postos de observação de tiro, e meios adequados para o efeito, escolhiam facilmente as zonas a bater, e faziam correr as salvas por todo o aquartelamento.”



Guiné > Zona Leste > Região de Gabu > Setor de Boé > Carta de  Jabiá (1959) > Escala 1/50 mil > Posição relativa da colina Felo Gorlige (cota 192), que circundava o quartel de Madina do Boé, a norte, enquanto Dongol Dandum (cota 171) ficava a sul.

Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2020)


Quando se chegou ao final de Março de 1968,  o PAIGC começou a aumentar novamente a pressão sobre Madina do Boé mas dessa vez houve três novos factores que jogaram um papel fundamental.

O primeiro foi que face à rotina dos ataques,  o comandante da CCaç 1790 desenhou uma quadrícula alfa numérica de referenciação que se sobrepunha às cartas 1:50.000 que todos utilizavam. [Vd. imagem acima].

Quando a situação começou a ficar complicada,  um exemplar desta quadrícula [4] foi entregue a um piloto de DO-27 que passou por Madina e depois passou a ser utilizada como elemento de coordenação entre a CCaç 1790 e os pilotos dos Fiat G-91 nas acções aéreas de apoio de fogo.

O segundo factor era uma vulnerabilidade dos cubanos, que utilizavam emissores-receptores nas frequências da banda FM dos 80 Mhz que podiam ser escutadas nos rádios (transistores) do pessoal. Por essa razão, era normalmente possível ouvir-se em Madina as comunicações do inimigo, em castelhano, e por vezes deduzir onde iria caír a próxima salva, e também conhecer os resultados dos ataques aéreos quando estes se realizavam.

O terceiro factor foi a decisão de pôr uma parelha de Fiat G-91 no ar ao fim do dia e tentar o contacto rádio em rota para Madina. Se o inimigo não se tivesse manifestado, a parelha entrava em espera, por alturas de Bambadinca, na esperança de poder intervir imediatamente se o PAIGC entretanto desencadeasse alguma flagelação. 

A espera era efectuada alto para reduzir o consumo de combustível e depois, se tudo corresse de feição, bastavam apenas 6 minutos de voo a 400 KIAS [5] para atingir um alvo na zona de Madina do Boé. 

Quando os aviões iam armados com foguetes e metralhadoras (caso da parelha de alerta) o tempo de espera podia atingir cerca de 40 minutos mas, nessas condições, com tão baixa capacidade letal, era difícil provocar danos sérios no inimigo. Com bombas nas estações internas, dada a curta autonomia do Fiat G-91 sem tanques externos, a espera tinha uma janela muito estreita, no máximo 20 minutos, e portanto era necessário muita sorte.

Foi com estes preparos já em força que ao fim da tarde de 9 de abril de 1968, o PAIGC desencadeou uma flagelação com armas pesadas. Logo após caírem as primeiras salvas,  o comandante da companhia [, a CCAÇ 1790, o cap inf José Aparício ] conseguiu contacto rádio com os Fiat G-91, na frequência do apoio aéreo (FM 49.0 Mhz), e utilizando a quadrícula de coordenação indicou a localização da base de fogos do inimigo. 

Os aviões apareceram rapidamente sobre o local e atacaram com foguetes 2,75” e metralhadoras as posições indicadas o que fez parar imediatamente o ataque ao aquartelamento. 

Logo a seguir o pessoal do Exército começou a ouvir nos “transistores” vozes cubanas pedindo macas e enfermeiros para socorrerem as muitas baixas que tinham sofrido. Estes resultados foram divulgados de imediato através de uma mensagem “relâmpago” que não chegou ao meu conhecimento.

Lembro-me, no entanto, que na manhã do dia seguinte, 10 de Abril de 1968, fui escalado para uma missão com o Cap Pilav Vasquez que era na altura o comandante da Esquadra 121. A caminho da linha da frente disse-me que íamos ver se Madina do Boé precisava de apoio e que os aviões iam armados com bombas incendiárias e foguetes, para além das metralhadoras, é claro. Percebi depois que ele estava ciente do resultado do ataque no dia anterior e pretendia tentar uma segunda oportunidade.

Nem sonhava o que o destino me tinha reservado quando levantei a tampa que escamoteava o botão vermelho do STARTER e o cartucho de arranque do motor disparou. Depois, a rotina das operações aéreas não exigia grandes explicações e, que me lembre, não houve praticamente quaisquer comunicações entre os dois pilotos. 

Descolámos e eu segui o n.º 1 em escalão de combate a cerca de 300 mts de distância. O comandante da parelha voava o Fiat G-91 5403 e eu o 5427.

Ainda estávamos a subir, acompanhando o Rio Geba, quando o n.º 1 tentou o contacto rádio com Madina do Boé:

- Madina, Madina, Tigres chamam!

Mal terminara a chamada,  ouvimos imediatamente a voz do Capitão Aparício, sinal de que estava à espera que aparecessem aviões na frequência de apoio ar-solo:

- Tigres, aqui é Madina! Informo que o inimigo está a instalar-se a meio da encosta no ponto 2! - disse isto muito de seguida como se tivesse a informação presa na garganta e estivesse em pulgas para a soltar.

Acho que, embora bem sentado e amarrado, até estremeci. É desta que levam, pensei logo eu. Na quadrícula verifiquei que o ponto 2 era uma pequena elevação chamada Felo Gorlige [vc
carta de  Jabiá (1959)] que ficava mais ou menos no enfiamento da pista de Madina. 

Conhecia perfeitamente o local. A resposta do Cap Vasquez, no seu estilo peculiar que mais parecia um sussuro, foi extraordinariamente pausada e lacónica,  não deixando transparecer a emergência que subitamente nos caíra no colo:

- Madina, entendi que estão no ponto 2 a meio da encosta. Confirme!

- Afirmativo Tigres, afirmativo!

Depois destas comunicações nenhum de nós disse qualquer palavra. Cada um ficou a pensar com os seus botões. Eu pensava que,  apesar da situação parecer favorável a indicação de “a meio da encosta”,  deixava em aberto uma grande margem de erro. Além disso, se a vegetação na zona fosse relativamente densa,  a cobertura ia ser reduzida e, em consequência, a margem de erro aumentava.

Vi o avião da frente voltar ligeiramente á direita porque baixou a asa desse lado durante uns momentos e a seguir começou a descer e a afastar-se, indicação de que estava a acelerar. Calculei que fosse adquirir à volta de 400 KIAS e foi isso que aconteceu.

Estávamos nessa altura a cerca de 60 Kms em linha recta e nessas condições era impossível descortinar a zona onde se localizava Madina. Na trajectória que seguíamos passámos praticamente sobre a confluência do rio Corubal com o rio Geba e foi sempre a descer suavemente que fomos perdendo altitude. 

Aproveitei para ir ligando o armamento e certifiquei-me, por diversas vezes, que tinha os “pylons” internos ligados e os externos, que suportavam as calhas dos foguetes, desligados. Faltava apenas armar as espoletas o que normalmente se fazia já muito perto do alvo mas dessa vez resolvi deixar tudo pronto para o ataque. Não queria falhar. No visor seleccionei 140 milésimos que era a minha referência pessoal para as incendiárias em voo rasante a 400 KIAS.

Quando cruzámos novamente o rio Corubal, a cerca de 15 kms de Madina, começámos a perceber os contornos do terreno e pensei então que o melhor seria largar as bombas no seguimento do impacto das do n.º 1 para tentar aumentar a extensão da zona coberta. Estas conjecturas foram interrompidas porque entrámos em voo baixo e deixámos de ver a zona do alvo. 

De Madina, no prolongamento da pista, o terreno eleva-se ligeiramente para Oeste e os aviões vinham a voar abaixo dessa lomba. Foi bom porque isso iria garantir uma surpresa total e, apesar de por alguns momentos não vermos o objectivo, sabíamos que os aviões voavam alinhados com ele. 

A partir desse momento entrámos numa final longa e alucinante, característica dos ataques a muito baixa altitude, em que o terreno parecia escorregar freneticamente por debaixo da barriga do avião. Só quem passou por situações como esta poderá entender o que senti naqueles momentos porque eu não sou capaz de o reproduzir por palavras com a eficácia merecida. Os dados estavam lançados e a expectativa do que estava prestes a acontecer devia estar a injectar-me “toneladas” de adrenalina no sangue.

Concentrado no controlo do voo e no seguimento do avião da frente,  vi de repente o n.º 1 desaparecer quando passou a pequena lomba antes da pista e continuou rente ao solo. Segundos depois foi a minha vez e nessa altura já vi o outro avião parecendo trepar a encosta do Felo Gorlige  [vd. carta de Jabiá, 1959, escala 1/50 mil]. De repente vi o clarão das bombas a explodir mas, à distância, pareceu-me que o espalho não tinha sido grande coisa.

Focado na encosta onde ia largar o armamento e com a velocidade que levava, não via mais nada. Não vi sequer as casas e abrigos do aquartelamento que ficaram á minha direita, mesmo ali ao lado.

Naqueles poucos segundos de acção o meu Mundo encolhera-se espantosamente e resumia-se ao Felo Gorlige.

Foi então que passei por uns momentos de confusão porque, de repente, apercebi-me que não era seguro entrar na fumarada que alastrava sobre a zona do alvo. Não podia largar mais acima como queria e só me restava a possibilidade de largar mais curto e foi o que fiz. Foi tudo muito rápido. Depois entrei na nuvem de fumo do lançamento anterior e limitei-me a puxar o nariz do avião para cima para ter a certeza que não colidia com o solo.

Ainda estava a subir voltando apertado pela direita, todo torcido e comprimido na cadeira de ejecção, a tentar localizar visualmente o avião do Cap Vasquez, quando a voz do Cap Aparício me encheu o capacete:

- Em cheio,  Tigres, em cheio. Era mesmo aí!

De seguida detectei o n.º 1 já a voltar sobre o Dongol Dandum numa trajectória que só podia ser para lançar os foguetes no alvo. Armei também os meus e executámos depois 4 circuitos de tiro em que fomos disparando os foguetes aos pares procurando bater a zona envolvente ao redor da mancha de fogo. 

Depois, como o combustível não dava para mais, o n.º 1 entrou em contacto rádio com Madina para nos despedirmos ao mesmo tempo que iniciámos uma subida para os 20.000´ de regresso a Bissalanca. 

Ainda me parece, ao recordar este episódio, estar a sentir a intensa calma que, depois daqueles minutos esfusiantes, pareceu inundar-me o espírito. Como de costume nestas missões entrámos numa inicial curta com o COLLECT TANK a debitar e o respectivo indicador a mostrar menos de 250 lbs de combustível remanescente.

Duas horas depois, descolei numa segunda parelha de G-91, armada com foguetes e metralhadoras, que bateu outros pontos nas imediações do aquartelamento, segundo a orientação dada pelo comandante da CCaç 1790. Dessa vez levei o G-91 5401 mas já não consigo determinar quem foi o outro piloto.



O que disseram os cubanos naquele dia


As comunicações rádio dos cubanos escutadas em Madina, na sequência deste ataque, prolongaram-se por várias horas. No essencial pediam apoio para a evacuação da enorme quantidade de feridos que tinham sofrido e referiam também a existência de cerca de 30 mortos. O tom de aflição e a insistência nos pedidos de socorro reflectiam claramente uma situação de extrema gravidade. 

Foi um apanhado dos indicadores recolhidos nessas escutas que o capitão Aparício plasmou pormenorizadamente numa nova mensagem “Relâmpago” e que eu tive oportunidade de ler no dia seguinte de manhã. Foi com alguma surpresa que tomei conhecimento dos resultados pois nada me indicava com segurança que tinhamos atingido o alvo e que as consequências tinham sido tão devastadoras para o PAIGC  [6]. 

A única informação que podia ter algum significado fora a dada pelo comandante de Madina quando largámos as bombas no Felo Gorlige mas essa era uma avaliação visual a uma distância de 3 Kms, portanto pouco fiável.

Não é pois de estranhar que este momento me tenha marcado e se tenha somado aos instantâneos que, passados quarenta e seis anos, ainda perduram na minha memória.

Nos dias 12, 14, 16 e 17 de Abril continuámos a efectuar saídas com os G-91 em apoio de Madina de Boé. 

A partir de 16 de Abril desistimos da configuração com foguetes e metralhadoras e passámos a levar os aviões armados com duas bombas de 200 kgs nos “pylons” internos e mais duas de 50 Kgs nos “pylons” externos. Só não os levámos à carga máxima (2 bombas de 200 Kgs e 4 de 50 Kgs por avião) por causa da resistência ao avanço provocada pelos suportes que tinham de ser montados nos “pylons” externos com o consequente aumento do consumo de combustível e redução da autonomia.

A actividade da Força Aérea em apoio da CCaç 1790, durante o período mencionado, e que na prática se manteve com menor intensidade até à desactivação de Madina [, em 6 de fevereiro de 1969], acabou por dar resultado e o inimigo,  se não “encolheu as unhas”,  teve que passar a empregar tácticas menos favoráveis. 

Mais do que isso não seria nunca possível, nem em Madina do Boé, nem em qualquer outra posição periférica dado que o PAIGC e os seus reforços internacionalistas beneficiavam do santuário proporcionado pelas Repúblicas da Guiné-Conacri e do Senegal. Nunca abandonou a zona mas as flagelações diminuíram de frequência e de intensidade. 

Foi certamente para compensar esta quebra nas suas acções ofensivas que passaram a utilizar uma táctica que escapava completamente à acção punitiva dos aviões: os franco-atiradores [, "snippers"], como referiu o ex- comandante da CCaç 1790 no seu testemunho, atrás reproduzido.

(Continua)



Guiné > BIssau > Bissalanca > BA 12 > 1968 > A Frente dos "Tigres", os Fiat G-91.

Foto (e legenda): © Mário Santos (2020). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
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 Notas do autor

[4] - Esse exemplar da quadrícula para o apoio aéreo a Madina do Boé ainda existe.

[5] - KIAS – Knots Indicated Air Speed (velocidade ar indicada em milhas náuticas por hora)

[6] - Testemunho do ex comandante da Ccaç 1790, actual Tcor Inf (R) José Aparício após uma visita à Guiné em 1994:

“Regressados a Madina visitámos os montes circundantes de onde éramos atacados. Constatei que a quadrícula alfa numérica que utilizávamos estava correcta, e os vários pontos eram efectivamente as bases de fogo que referenciámos na quadrícula.

Um dos elementos que nos acompanhava, e que desempenhava as funções de governador do Gabu, mas que nos tempos da nossa permanência pertencia às forças do PAIGC estacionadas na zona, pediu-me para o seguir sozinho, que me queria mostrar um local; pediu-me para não tirar fotografias e não falar do assunto aos jornalistas e operadores de imagem que nos acompanhavam, o que cumpri, 
naturalmente. 

Chegados ali, na contraencosta de um dos montes à volta de Madina, na direcção (E), mostrou-me o local onde foram enterrados os mortos do PAIGC na zona, descrevendo-me a maneira como enterraram os corpos. Quem ficou constrangido e embaraçado pela situação, fui eu, e por respeito não ousei voltar a olhar com insistência para o espaço e estimar o número de sepulturas, mas que eram muitas. 

Na longa conversa que ali mantivemos, referiu-me os ataques aéreos de 9 e 10 de Abril de 1968 confirmando o juízo que ao tempo tínhamos formulado das circunstâncias de então. Falou-me também das dificuldades que tinham nas evacuações de feridos, já que os hospitais de que o PAIGC dispunha na região com médicos cubanos, se encontravam longe, em Boké a (S) e Kundara a (N). As forças do PAIGC à volta de Madina tinham enfermeiros cubanos, que nos dias dos citados ataques se viram ultrapassados pela situação, passando toda noite a pedir auxílio para transportar os muitos feridos existentes, o que foi ouvido em Madina.”
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Notas do editor;


terça-feira, 3 de novembro de 2020

Guiné 61/74 - P21512: Agenda cultural (761): dentro em breve, a 2ª edição de "A Batalha do Quitafine" (2020, 384 pp.). Aceitam-se encomendas "on line" (José Nico, ten gen pilav)

edição de autor, 2020, 384 pp.



1. Mensagem de José Nico, gen pilav ref, ex-ten pilav (BA 12, Bissalanca, 1968/70):
 
De: José Nico <BatalhadoQuitafine@sapo.pt>
Date: segunda, 2/11/2020 à(s) 14:14
Subject: 2ª edição de "A Batalha do Quitafine"
 

Caros senhores

Na sequência de contactos anteriores venho informar o seguinte:

1. A primeira edição da Batalha do Quitafine esgotou-se no princípio de Setembro.

2. O interesse demonstrado por todos os que tiveram conhecimento da 1ª edição, esgotada em pouco tempo (três meses e poucos dias) sem que tenha sido precedida de qualquer ação de divulgação na comunicação social ou cerimónia de lançamento público e ao merecer comentários altamente favoráveis dos leitores, levaram a uma conjugação de esforços de diversas entidades para se conseguir uma 2ª edição.

3. Julgo que estão agora reunidas condições suficientes para avançar com essa 2ª edição, tendo como meta a época do Natal.

4. Dos 500 exemplares dessa 2ª edição 200 ficarão com o autor e poderão ser adquiridos através deste e-mail: BatalhadoQuitafine@sapo.pt

5. Avisarei os destinatários assim que a edição ficar disponível e agradeço a todos que divulguem esta informação a outros eventuais interessados.

Melhores cumprimentos

J. Nico

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ÍNDICE GERAL 

Nota  Introdutória

Agradecimentos

Lista de Fotografias,

Lista de Infografias e Mapas

PARTE I. Contraguerrilha Antiaérea na Guiné

  Confronto de Assimetrias

            Desequilíbrios versus desequilíbrios

            Vantagens do PAIGC

            Génese das guerras de libertação nos territórios ultramarinos

            Assimetrias favoráveis ao PAIGC

O Cripto-Império dos Cavalos de Tróia

            Portugueses aliados do inimigo sempre os houve e haverá

            Oposição, uma aventura chique e romântica

            A Nação não contava, o importante era o regime

            Responsabilidade de ter feito muito melhor

Primeiros anos da Defesa Antiaérea do PAIGC

            Um passado de conflitualidade

            Primeiras baixas em voo

            Conflitualidade endémica naquela área de África

            Evolução da guerrilha antiaérea após 1964

Guerrilha Antiaérea e o Know-how Cubano

            Amílcar Cabral hipnotiza os cubanos

            As DShK nas flagelações aos aquartelamentos

            Assessoria antiaérea cubana no Quitafine

            Obséquios e afectos em honra de um agressor

PARTE II.  Especificidades da Contraguerrilha Antiaérea

Detecção das AA

            Os pilotos raramente se apercebiam do fogo antiaéreo

            Detecção das munições tracejantes

Adversários atípicos

            Um espaço aéreo partilhado

Eficácia do Poder Aéreo na Guiné

As diferentes formas de combater

A Manutenção e a Prontidão das aeronaves

Limitações funcionais da Força Aérea

Descobrindo a guerrilha antiaérea

PARTE III.  Primeiros Meses da Batalha do Quitafine          

Situação no Quitafine no Final de 1967

Projecto da operação Apocalipse

A táctica antiaérea altera-se radicalmente

Capacidade de contraguerrilha antiaérea

Dameol, Banir, Cassumba e Cassequelã 

Acossando o Inimigo

Deram-nos uma missão

Alguma sorte num mar de contrariedades

PAIGC decide defender o terreno

“Sentados nos pelos do cú”

Cassebeche, o Cavalo de Batalha

Construção dos primeiros espaldões no Cassebeche

As incursões nocturnas

Operação Regar o Prestígio

Eclosão nas Cuevas del Vasquez

PARTE IV.  Momentos Marcantes da Batalha do Quitafine 

Uma Grande Surpresa

Uma organização do terreno notável

Operação Martelada III

Ataque no dia 7 de Março de 1968

O rosto do inimigo

Operação Tempestade Betelgueuse

Heli-assalto no Quitafine

A guerrilha evita o contacto, evade-se e dispersa

Deixem-nos Engordar, Vamos Apanhá-los à Mão

Ingredientes e contornos de uma decisão

Construindo mais uma estrada para a “Guiné Melhor”

Aterragem inopinada no Cassebeche

O Comandante do Grupo 1201 torce o nariz

Operação Vulcano

O comandante-chefe à noite no Quitafine

Detalhes da operação Vulcano

A máquina aérea de contraguerrilha em acção

Ataque inicial e colocação da primeira vaga de assalto

O inimigo resiste e mantém a capacidade antiaérea

Lições aprendidas mas ignoradas

A reacção do inimigo intensifica-se

Reconhecer o erro em prosseguir com a operação

Finalmente a decisão de retirar

Ressaca e Lições da Operação Vulcano

Contabilização dos danos para ambos os lados

O que sobrou da operação

Ensinamentos da operação Vulcano

Um ensaio prévio teria revelado as fragilidades do plano

O Final da Batalha do Quitafine

            Derradeiras acções contraguerrilha antiaérea

            Última quádrupla no Cassebeche

PARTE V.  Outras Acções Antiaéreas do PAIGC

O Abate do Comandante do Grupo 1201

            Reconhecimento visual ao corredor do Guilege

            Um reconhecimento fotográfico que correu mal

            Gandembel, um presente para o PAIGC

            Afinal não era o inimigo, mas “à noite todos os gatos são pardos”…

            Reacção do Grupo Operacional

            Briefing no COMCHEFE

            A tese da armadilha e a manipulação da DGS pelo PAIGC

 Um Ataque com Olhos Azuis

            Do ideal missionário à ajuda humanitária

            A decisão

            Era impossível falhar aquele alvo

            Reconhecimento pós-ataque

            Uma razão para o suicídio do PAIGC

Último Suspiro da Artilharia Antiaérea do PAIGC

            Canhões AA 37 mm no corredor do Guilege

            Operação Pérola Azul

            A melhor arma dos G-91 contra-guerrilha

PARTE VI. Epílogo

Resiliência da Força e a Contribuição Vital do Poder Aéreo

Defesa Antiaérea e Antiaérea Ofensiva

A Guerrilha em Posições Fixas

Os “Santuários” do PAIGC Mesmo Ali ao Lado

Missões Assimétricas e a Declaração Unilateral da Independência

Resultados da Batalha do Quitafine

Benefícios da “Guerra de Libertação” 

Abreviaturas

Bibliografia

Indice Remissivo

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Nota do editor:

Último poste da série >30 de outubro de  2020 > Guiné 61/74 - P21495: Agenda cultural (760): lançamento original, "on line", a partir do Jardim Constantino, ontem 5ª feira, do livro do Jorge Cabral, "Estórias Cabralianas" , 1º volume. Disponível na Livraria Leituria.