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terça-feira, 31 de dezembro de 2019

Guiné 61/74 - P20517: In Memoriam (359): Carlos Marques dos Santos (1943-2019), um camarada afável e generoso, um "viriato" da CART 2339 (Fá Mandinga e Mansambo, 1968/69), um veterano, "futrica", da Tabanca Grande, e a quem dizemos "adeus, camarada, até qualquer dia!"


Coimbra > Santo António dos Olivais > Aguarela da igreja paroquial. Autoria: Sofia Santos, s/d, filha do Carlos Marques dos Santos (1943-2019), com formação superior em pintura.

Foto ( e legenda): © Carlos Marques dos Santos (2006). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

O CMS no destacamento do rio Udunduma
(c. junho/julho de 1969)
1. Alguns depoimentos / comentários de camaradas nossos, no Blogue e no Facebook, que conheciam e estimavam o Carlos Marques dos Santos (1943-2019), ex-fur mil, CART 2339, "Os Viriatos" (Fá Mandinga e Mansambo, 1968/69) (*)


(i) Luís Graça:

Bolas!, o Carlos ia fazer os 77 anos no próximo dia 2 de janeiro... Há já uns anos que eu não tinha
notícias dele... Sabia, sim, que tivera em tempos uns problemas de saúde, de coração, que o afastaram do nosso convívio... Depois da Ameira, de Pombal, da Ortigosa...

É um duro golpe para todos nós, camaradas da Guiné, em geral, e para os camaradas, em particular, que o conheceram em Bambadimca e em Mansambo (em 1968/69)... Para mim, que convivi algumas vezes como ele quando ia Coimbra, sua terra natal, em trabalho, na Faculdade de Ciências e Tecnologia... Conheci-o, de resto, na Ameira, em 14/10/2006: foi ele quem organizou, com o Paulo Raposo, o nosso I Encontro Nacional... E também ajudou o Vitor Junqueiro a organizar o segundo, em Pombal, no ano seguinte.

Tinha um grande amor pela sua terra, Coimbra, e em especial pelo seu "chão", a freguesia  de Santo António dos Olivais. Os nossos camaradas Victor David (CCAÇ 2405) e o Carlos Marques Santos (CART 2339) eram primos, nados e criados em Santo António dos Olivais onde tradicionalmente havia uma rua dividida pelo famoso "paralelo 98": uma linha imaginária que nenhum estudante podia transpôr, sob pena de sofrer as devidas consequências...

Era, por outro lado,  um homem de grande afabilidade. E eu posso testemunhar o carinho ele que tinha pela família (a esposa Teresa, as filhas Inês e Sofia...). Que dizer-lhes, neste grande momento de dor ? Que o nosso coração está com elas... e que o Carlos não ficará na vala comum do esquecimento... Luís Graça

(ii)  Carlos Vinhal:

Tenho, como data de nascimento do Carlos,  o dia 2 de Janeiro de 1943, embora ele tenha embarcado para a Guiné em 1968, portanto um pouco tarde. Talvez tenha pedido algum adiamento.Já contactei via mail a sua filha Inês a quem, em nome da tertúlia e dos editores, apresentei as nossas condolências.

(iii) Jorge Picado:

A todos os familiares deste nosso camarada Carlos Marques Santos, mais um que nos deixa, os meus sinceros pêsames.

E assim vão acabando os ex-combatentes da Guerra Colonial, para descanso de quem nos (des)governa.

Até um dia, camarada!

(iv) Jorge Cabral:

Os meus mais profundos sentimentos! Conheci-o ainda na Guiné. Piriquito, fui render o seu Pelotão na Ponte do Udunduma, no fim de Junho de 1969. A minha total solidariedade com a Família e com os Amigos!

(v) José Martins:

É com tristeza, mas infelizmente sem surpresa, [que damos conta]  da partida dos camaradas que presamos e com quem, mesmo à distância, convivemos.

Foi aqui, neste espaço virtual, que nos conhecemos, nos respeitámos e passamos a ser camaradas e, mais que tudo isso, AMIGOS.

Vivemos na mesma terra lá longe e foi isso que nos uniu. Em breve voltaremos a encontrar-nos.

Condolências à família, amigos e camaradas.

(vi) Jorge Araújo:

À família e amigos do nosso camarada Carlos Marques envio as minhas sentidas condolências pela sua morte.

Descansa em paz, camarada.

(vii) Juvenal Amado:

É sempre difícil saber que partiu mais um elemento desta grande família e mais difícil quando parte alguém com quem privamos nalgumas ocasiões. Estive com ele à conversa na Tabanca do Centro onde ouvi as suas estórias da sua comissão. Lamento saber que se calou para sempre. à família enlutada envio os meus mais sinceros sentimentos.

(viii) Hélder Sousa:

É com tristeza que agora mesmo tomei conhecimento do falecimento do Carlos Marques Santos
O meu contacto com ele foi logo que me apresentei aqui na "Tabanca",  para o Encontro em Pombal [, em 2007]. Foi com ele que me "mandaram" contactar para poder integrar esse Encontro.

Portanto, em pessoa, foi ele o primeiros "rosto" deste local de memórias. E agora é de memórias que estamos falando. Que a memória do Carlos não se perca!

Sentidos pêsames.

(ix) Virgínio Briote:

Que é que se há-de dizer quando se perde um Camarada?

Condolências á Família.

(x) Albano Costa:

Encontrei-me com ele através do basquete e comunicamos também através do nosso blogue. Foi uma surpresa esta triste notícia. Os meus sentimentos à sua família.


2. Reprodução de um dos textos, mais antigos,  do Carlos Marques dos Santos (**)

Sendo o meu berço de nascimento [, Santo António dos Olivais, Coimbra]  e porque na altura almoçámos juntos lá perto (eu, tu e o Victor David) envio a título pessoal uma imagem real da Igreja  [, foto à esquerda,] e uma aguarela feita pela minha filha Sofia, licenciada em Pintura. Esta aguarela tem alguns anos e foi realizada ainda antes de entrar em Pintura [, vd imagem acima].

Tenho lido tudo o que se tem escrito [, no blogue]. É imparável e riquissimo o teu / nosso  blogue, mas tal como tu, já quase não consigo organizar ideias e novos documentos. Vou vêr se consigo participar, ponto por ponto, com algo de interesse.

A minha história militar - que é de 41 meses de tropa (hoje falava-se de no mínimo 36 meses), pois fui mobilizado no último dia possível e a minha classificação indiciava que iria para Timor ou S. Tomé - é talvez algo diferente, como já te disse, porque nós vivemos no mato, em Mansambo, dentro de arame farpado, sem populações, sem água, sem luz, picando a estrada para irmos a Bambadinca durante 17 kms, muitas vezes com o apoio dos obuses 105 mm.

Recordo que um dia, numa coluna de reabastecimento de materiais para a edificação de Mansambo, foram precisos 2 (dois) dias... Era na época das chuvas...

17 kms em 2 dias? Quem, a não ser nós, acreditaria nisto?!

Ficámos abrigados numa tabanca no meio do percurso, com toda a coluna atascada. Transportávamos 30.000 kgs de diverso material de construção.

Apanhámos, com o consentimento dos nativos, os frangos disponíveis e fizemos churrasco, temperado com as pastilhas de desinfecção da água (seria Sal?).

Digo com o consentimento, porque houve alturas em que não havia consentimento nenhum. Com os Balantas, de Fá de Baixo, era correr atrás dos leitões, apanhá-los e largar para um churrasco.

Enfim, experiências de vida.

Um abraço, Luís,
CMS

3. Comentário de Luís Graça:

Escrevi em 7 de fevereiro de 2006: 

(...) "Estive hoje em Coimbra, nos Olivais, com o nosso camarada Carlos Marques dos Santos, ex-furriel miliciano atirador de artilharia, da CART 2339 (Mansambo, 1968/69), bem com o seu primo, o Vitor David, que foi alferes miliciano da CCAÇ 2405 (Galomaro, 1968/69).

"Este último prometeu entrar para a nossa tertúlia e esclarecer alguns pontos (polémicos) da travessia do Corubal, no Cheche, que esteve na origem na tragédia do dia 6 de Fevereiro de 1969, já aqui ontem evocada. O Vitor não participou na Op Mabecos Bravios, ficou no aquartelamento com o seu grupo de combate, mas assistiu, com a angústia na alma, à recepção, na sala de cripto, das mensagens com a lista dos mortos...

"Proporcinou-se estar com estes dois camaradas, que tiveram a gentileza de me ir buscar e levar ao comboio, estação de Coimbra-B (...)  Almoçámos juntos, matámos saudades, juntos, dos tempos da Guiné e até mandámos vir rancho (!) para o almoço.

"Prometi voltar aos Olivais onde, nos bons velhos tempos, os futricas impunham a lei aos estudantes, impedindo-os de ultrapassar o famoso paralelo 98... Por sorte o serviço (académico) que eu tinha a fazer era para aqueles lados, na Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra. Espero lá voltar mais vezes, até por que fiquei com enorme pena de não poder visitar a belíssima igreja de Santo António dos Olivais. Tanto o Carlos como o Vitor são excelentes cicerones e têm o privilégio de continuar a viver no chão que nos viu nascer e criar. "(...)

 PS - "Futrica" era o nome que os estudantes de Coimbra davam a todos aqueles que não eram estudantes...

segunda-feira, 30 de dezembro de 2019

Guiné 61/74 - P20513: In Memoriam (358): Carlos Marques Santos (Coimbra, 1943-2019), ex-Fur Mil Art da CART 2339 (Mansambo, 1868/70)

IN MEMORIAM

Carlos Marques Santos (1943-2019)


 Carlos Marques Santos
Ex-Fur Mil Art da CART 2339 (Mansambo/Guiné, 1968/1970)


Soube do falecimento do nosso amigo e camarada de armas Carlos Marques Santos no facebook, e confirmei através da sua filha Inês Santos que prontamente respondeu a uma mensagem que lhe enviei no sentido de confirmar o triste acontecimento.

O Corpo do Carlos estará a partir das 15 horas de hoje em Câmara Ardente na Capela de Santo António dos Olivais, em Coimbra, onde amanhã, pelas 11 horas, será celebrada Missa de Corpo Presente, seguindo-se o funeral.

Em nome da tertúlia e dos editores deste Blogue, apresento à família do nosso amigo Carlos Marques Santos, especialmente à sua esposa Teresa, filhas, netos e demais familiares, as mais sentidas condolências.

O Carlos apresentou-se à tertúlia em Dezembro de 2005 - P380 de 28 de Dezembro. Foi, portanto, um dos primeiros membros da nossa Tabanca Grande. Tem mais de 9 dezenas de referências no nosso blogue.  Foi também um dos históricos do nosso I Encontro Nacional, na Ameira, em Montemor-o-Novo, em 2006, de que ele foi o organizador.

Bambadinca, 1969 > Carlos Marques Santos, à esquerda, na fila de trás.

Bambadinca, 1969 > Carlos Marques Santos em primeiro plano

Mansambo > Cumprimentando o Régulo da Tabanca

Penafiel, 2008 > Convívio da CART 2339 > Carlos Marques Santos, ao centro, na segunda fila.

Encontro da Tabanca Grande, Ortigosa, 2008 > Carlos Marques Santos e Mário Beja Santos
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Nota do editor

Último poste da série de 30 de novembro de 2019 > Guiné 61/74 - P20397: In Memoriam (357): Eduardo Jorge Pinto Ferreira (1952-2019): missa do 7º dia, na igreja do Vimeiro, Lourinhã, domingo, 1 de dezembro, às 11h00... Testemunhos do filho Rui Ferreira (Inglaterra) e dos amigos Rui Chamusco (Malcata, Sabugal; e Lourinhã) e João Crisóstomo (A-dos-Cunhados, Torres Vedras; e Nova Iorque)

quinta-feira, 7 de novembro de 2019

Guiné 61/74 - P20321: Recordações da CART 2520 (Xime, Enxalé, Mansambo e Quinhamel, 1969/71) (José Nascimento) (15): Mudança para Quinhamel

1. Em mensagem do dia 24 de Julho de 2019, o nosso camarada José Nascimento (ex-Fur Mil Art, CART 2520, Xime, Enxalé, Mansambo e Quinhamel, 1969/71) fala-nos do "Reguila", o 1.º Cabo Cordeiro do 3. Pelotão da 2520.


RECORDAÇÕES DA CART 2520

MUDANÇA PARA QUINHAMEL

Doze meses são passados sobre a permanência da CART 2520 no Xime. É chegada a hora da abalada para Quinhamel.

Enquanto a CART 2520 esteve sediada no Xime, houve dois pelotões que estiveram fora da zona operacional da Companhia; o 3.º pelotão fez o treino operacional em Mansambo e o 4.º pelotão actuou em Galomaro por cerca de quatro meses.

O destacamento da Ponte do Udunduma, localizado entre o Xime e Bambadinca também esteve à guarda da CART 2520, bem como o destacamento do Enxalé, situado na margem direita do Geba a cerca de dois quilómetros do Xime. As tabancas de Amedalai, Taibatá e Dembataco que estavam em auto-defesa também tiveram a protecção da CART 2520.

Foi um ano de grande actividade operacional para CART 2520 com um sem número de operações militares no mato, de montagem de emboscadas e de patrulhamentos ao longo dos diversos trilhos e picadas existentes na zona. Foram montadas dezenas de seguranças aos barcos que navegavam pelo rio Geba e um elevado número de colunas do Xime a Bambadinca e também algumas deslocações a Bafatá para a compra de mantimentos, nomeadamente algum gado vacum. Estas deslocações a Bafatá também serviam para descontrair e aliviar algumas tensões acumuladas. A estrada entre Bambadinca a Bafatá já era alcatroada.

Assim que souberam que a mudança ia acontecer, os "músicos" da Companhia fizeram uma canção dedicada a Quinhamel baseada numa música do Duo Ouro Negro e que versava ou rimava mais ou menos assim:

Dizem que vou pra Quinhamel
Uma praia bonita pra me banhar
Pra Quinhamel pra Quinhamel
Pra Quinhamel eu vou lá ficar

Pra Quinhamel pra Quinhamel
Pra Quinhamel eu vou lá ficar
E à noitinha quando o sol se pôr
Do Pelicano ou do Grande Hotel eu vou voltar

 Preparando a recepção aos periquitos

Rio Geba - Adeus Xime

Mas, quando chegados a Quinhamel os operacionais foram apanhados por algumas surpresas. Os pelotões seriam dispersos por vários destacamentos; Biombo, Ilondé, Ome e Safim. Só um pelotão e mais alguns atiradores é que tiveram o privilégio de permanecer o tempo restante da comissão em Quinhamel, além dos elementos da chamada Formação, condutores, mecânicos e outras especialidades.

Safim coube ao 3.º pelotão e lá vamos nós, nem tivemos tempo de saborear o belo clima e a praia de Quinhamel. Chegados a Safim ainda havia outra surpresa, um pequeno destacamento que dava pelo nome de João Landim situado na margem esquerda do rio Mansoa. O comando deste sub-destacamento era feito por um furriel, a nível de secção.
Mal tínhamos postos os pés em Safim e sabendo da necessidade de avançar com uma secção para outro destino, o alferes Marques diz-me:
- Nascimento, vais tu - depositando em mim a sua confiança.
- Só vou com voluntários - respondi-lhe.

De seguida perguntei quem queria ir comigo para o desconhecido. Avançaram os elementos necessários, pouco depois estávamos a caminho.

E assim eis-nos chegados a João Landim à beira do Rio Mansoa plantado.

 João Landim depois de uma tempestade - Junho/Julho de 1970

 João Landim - Jangada no Rio Mansoa - Foto obtida em plena noite com o flash de um relâmpago

João Landim - Junho/Julho de 1970 - Visto do Rio Mansoa

Era composto por um barracão onde nós militares do 3.º pelotão da CART 2520 havíamos de permanecer e por um outro barracão onde "moravam" os militares da Engenharia e da Marinha, responsáveis pela manobra e cambança das duas jangadas que operavam entre margens do Mansoa, para o transporte de viaturas militares e civis, bem como de população.

Aqui permaneci nos meses de Junho e Julho de 1970. Ao escurecer era posto a funcionar um pequeno gerador que nos iluminava durante a noite, mas o seu barulho era de tal forma infernal, que passado quase meio século, parece que ainda ouço o seu roncar dentro da minha cabeça.
A casa de banho era composta por uma estrutura de madeira, com um ou dois bidons no seu cimo, que diariamente os elementos vindos de Safim os abasteciam de água potável, também nos traziam as nossas refeições, que para não variar quase sempre chegavam fora do horário que seria normal para o almoço ou para o jantar. Para as necessidades fisiológicas, existia uma pequena estrutura de madeira já meio apodrecida. Quando a maré do Mansoa subia, as águas do rio exerciam as funções de estação de tratamentos. Curiosamente, a algumas dezenas de quilómetros da foz, a água aqui era salgada, que quando a maré enchia, quase nos entrava pelo barracão adentro.

Apesar das enormes dificuldades foi um aliviar de tensões e uma fuga ao perigo constante que representou a nossa estada no Xime. A noite é que era passada com alguma apreensão devido às precárias condições e ao reduzido número de militares para fazermos a nossa própria segurança.
Durante o dia controlávamos as viaturas, tanto civis como militares, que atravessavam de uma margem para outra do rio, fazendo o registo em folhas de papel próprias.
A permanência em João Landim também permitiu que algumas vezes embarcasse no "machimbombo" que vinha de Teixeira Pinto ou de Bula com destino a Bissau. Aproveitava para ter um almoço diferente do que era habitual (bianda com bianda) e para fazer umas compras de pequenas recordações que traria até à Metrópole quando em Agosto de 1970 vim abraçar os meus familiares. Terminava a minha pequena aventura em João Landim, para lá não voltaria mais.

Em João Landim recordo um pequeno episódio, quando o militar que estava de controle chegou ao pé de mim e me disse que havia um nativo que ia para Bissau e não tinha documento de transporte de alguns produtos hortícolas que levava para venda e me perguntou o que havia de fazer. Eu respondi-lhe para o deixar seguir. Passados alguns minutos, para surpresa minha apareceu-me o militar com um ananás como gratidão, oferecido pelo nativo. Soube a pouco.

Para todos os camaradas da Tabanca Grande aqui vai um grande abraço.
José Nascimento
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Nota do editor

Último poste da série de 30 de julho de 2019 > Guiné 61/74 - P20020: Recordações da CART 2520 (Xime, Enxalé, Mansambo e Quinhamel, 1969/71) (José Nascimento) (14): "O Reguila"

terça-feira, 29 de janeiro de 2019

Guiné 61/74 - P19452: Estou vivo, camaradas, e desejo-vos festas felizes de Natal e Ano Novo (13): António Eduardo Ferreira, ex-1.º Cabo Condutor da CART 3493


Cobumba - António Eduardo Ferreira - Saída do abrigo, local que servia de sala de refeições.


1. Mensagem do nosso camarada António Eduardo Ferreira (ex-1.º Cabo Condutor Auto da CART 3493/BART 3873, Mansambo, Fá Mandinga e Bissau, 1972/74) com data de 23 de Janeiro de 2019:

Amigo Carlos Vinhal

Faço votos para que te encontres de boa saúde junto dos que te são queridos, e que o novo ano te corra o melhor possível.
Apesar de continuar a ser leitor assíduo do blogue há já algum tempo que não dava notícias, mas um sonho e a data que foi marcante para mim levaram-me a escrever aproveitando para dizer que estou vivo

Recebe um Abraço
António Eduardo Ferreira

********************

As voltas que vida dá

Hoje tenho algumas dúvidas, se é o tempo que passa depressa ou se somos nós que passamos pelo tempo sem reparar na velocidade a que seguimos, e algumas vezes, sem saber muito bem por onde. Isto para vos dizer que faz amanhã, dia 24 de janeiro, quarenta e sete anos que viajei pela primeira vez de avião. Cerca das seis horas da manhã partimos de Figo Maduro rumo a essa terra desconhecida, para mim, e para quase todos os que seguíamos a bordo, a então província da Guiné. Estava muito frio, cerca de quatro graus em Lisboa, depois de uma breve paragem no aeroporto dos Pargos, em Cabo Verde, tinham passado cerca de nove horas quando chegámos a Bissau onde a temperatura rondava os trinta graus. Se o desnorte já era grande, é fácil de imaginar como fiquei, eu e os que pela primeira vez faziam aquela viagem.

Quando ouvimos algumas pessoas agora acharem estranho como as coisas aconteciam, assim com normalidade, entre os jovens da nossa geração no que diz respeito à nossa ida para a guerra, por vezes dá que pensar. Mas a esta distância no tempo, não admira que assim pensem. Embora, por vezes, nos custe a aceitar o desconhecimento que a esmagadora maioria demonstra em relação àquela época.

Também eu chego a dar comigo a pensar como era diferente a vida da nossa gente naquele tempo. O meu primeiro filho nasceu no dia vinte e dois de Janeiro, ficou no hospital com a mãe e, dois dias depois eu parti para a guerra…

Todos sabemos como é importante arrumar o passado de forma a não lhe tropeçar, sobretudo, naquilo que menos desejamos. Levei muito tempo a arrumar o meu, não foi fácil, mas consegui, o que não significa que por vezes não lhe tropece. Foi que aconteceu na noite passada, quando dei comigo a percorrer quase todos os sítios por onde andei na Guiné, e foram muitos, ao mesmo tempo a ver todos os ex-camaradas que me eram mais próximos e muitas das situações que por lá tivemos de viver… Fiquei triste ou aborrecido por ter feito essa viagem? Não! Antes pelo contrário. Foi a oportunidade de rever a imagem de alguns amigos que já não estão connosco, e ficar com a certeza que esse tempo já não me causa perturbações como durante muito tempo aconteceu.

Serve também este texto para fazer a minha prova de vida, e desejar a todos, um novo ano com tudo de bom, o que nem sempre acontece, mas isso também é normal. Já agora, quero desejar também o melhor tempo possível a todos os que estão a contas com a chamada doença prolongada, como muita gente gosta de lhe chamar, eu por mim prefiro chamar-lhe oncológica, talvez por estar habituado à sua companhia há já quinze anos…

Um abraço a todos
António Eduardo Ferreira

********************

2. Comentário do editor

Caro António Eduardo, muito obrigado pelo teu contacto, pois há bastante tempo que não sabíamos nada de ti.

Sabemos que desde há alguns anos tens lutado contra a doença, esperamos que estejas "por cima", o mesmo que dizer, que estejas bem tanto quanto é possível, já que o inimigo é difícil de combater.

Ficas intimado a, pelo menos de vez em quando, dares sinal de ti com ou sem os teus contributos para o Blogue.

Em nome dos editores e da tertúlia, deixo-te um abraço com os melhores votos de saúde.
CV
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Nota do editor

Último poste da série de 25 de janeiro de 2019 > Guiné 61/74 - P19436: Estou vivo, camaradas, e desejo-vos festas felizes de Natal e Ano Novo (12): António Paulo Bastos, que andou em viagem pelas arábias, ex-1.º Cabo do Pel Caç Ind 953 (Teixeira Pinto e Farim, 1964/66)

sexta-feira, 8 de junho de 2018

Guiné 61/74 - P18724: Tabanca Grande (464): Fernando Maria Neves Teixeira, ex-1.º Cabo Aux-Enfermeiro da CCAÇ 2404/BCAÇ 2852, Teixeira Pinto, Binar e Mansambo, 1968/70

1. Mensagem do nosso camarada Fernando Maria Neves Teixeira (ex-1.º Cabo Auxiliar de Enfermeiro da CCAÇ 2404/BCAÇ 2852, Teixeira Pinto, Binar e Mansambo, 1968/70), com data de 3 de Junho de 2018:

Boa tarde caro amigo Carlos Vinhal
Desde já agradeço o seu email de resposta.

Envio os dados que me solicitou para ser apresentado no site Luís Graça & Camaradas da Guiné.


- Chamo-me Fernando Maria Neves Teixeira
- Nasci a 27 de Junho de 1946
- Fui incorporado em 1967 no GACA 3, em Paramos, Espinho, para fazer a Escola de Recrutas
- Em 24 de Fevereiro de 1968 terminei a Escola Cabos na Especialidade de Auxiliar de Enfermeiro com a classificação de 13,02
- Em 25 de Fevereiro de 1968 fui promovido a 1.º Cabo Auxiliar de Enfermeiro
- No dia 27 de Fevereiro de 1968 fui para o RI 3 e
- No dia 5 de Junho para o RI 2 para formar Batalhão
- Embarquei para a Guiné em 24 de Julho de 1968 integrado na CCAÇ 2404/BCAÇ 2852
- Fui louvado pelos serviços prestados como Auxiliar de Enfermeiro, pelo Comandante do Batalhão de Caçadores 2852. O.S. 96/70
- Terminada a Comissão de Serviço, desembarquei em Lisboa a 25 de Junho de 1970 

Depois de uma operação

 Com a farda n.º 2

********************

2. Comentário do editor:

Caro Fernando
Se não te importas, seguindo as regras da tertúlia, vamo-nos tratar por tu.
Existe já um marcador Fernando Teixeira, pelo que não te vou considerar como novo tertuliano, mas sim com a "antiguidade" desde 10 de Junho de 2008, quando dirigiste esta mensagem[1] ao Blogue:

Caro companheiro Luís
Parabéns pelo site e tertúlia que você deve ser o cérebro deste feito.
Está muito bom. E ainda não me de debrucei em pormenor. Ler com calma e perceber coisas que eu mesmo já tinha esquecido. Aliás, consegui esquecer-me de muitas coisas que passei. Nem me interessa, para já, recordar.
Apresento-me: Fernando Maria Neves Teixeira, 1.º Cabo Enfermeiro.
Desembarquei em Bissau em 30 de Julho de 1968, passei por Teixeira Pinto, Binar, Bambadinca e desembarquei em Lisboa no dia 25 de Junho de 1970.
Pertenci à CCAÇ 2404/BCAÇ 2852.

Como estou reformado, vou conseguindo algum tempo e irei consultar mais em pormenor a Tertúlia através do seu blogue.
Enviei um email ao colega Carlos Fortunato a solicitar-lhe informações de contactos do meus colegas de Companhia. Se souber alguns contactos desde já agradeço.

As minhas saudações fraternas;
Fernando Teixeira


Nem te lembrarás já que há precisamente 10 anos nos escreveste prometendo voltar.

Se portanto bem reaparecido, instala-te, lê o conteúdo da nossa página e se quiseres contribuir para aumentar as memórias escritas ou fotográficas do nosso Blogue, manda o teu material que o publicaremos com prazer.

Agora sim, estás formalmente apresentado à tertúlia.

Recebe em nome da tertúlia e dos editores um abraço.
Carlos Vinhal
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Notas do editor

[1] - Vd. poste de 17 de junho de 2008 > Guiné 63/74 - P2957: O Nosso Livro de Visitas (18): Fernando Teixeira, 1.º Cabo Enf da CCAÇ 2404/BCAÇ 2852 (Guiné 1968/70)

Último poste da série de 3 de maio de 2018 > Guiné 61/74 - P18599: Tabanca Grande (463): Luís Encarnação (1948-2018), nosso grã-tabanquieiro nº 773, a título póstumo (Francisco Palma / Hélder Sousa)

segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

Guiné 61/74 - P18357: Efemérides (269): 30 de julho de 1969, quando o famigerado comandante Mamadu Indjai (, um dos carrascos de Amílcar Cabral), quis pôr Candamã, a última das duas tabancas do regulado do Corubal, a ferro e fogo... Recordando um raro e precioso vídeo sobre uma tabanca fula em autodefesa, da autoria de Henrique Cardoso, ex-alf mil da CART 2339 (Mansambo, 1968/69), que vive hoje na Senhora da Hora, Matosinhos


Vídeo (13' 55'') > You Tube / Luís Graça... Há um trecho sobre Candamã, a chegada do pelotão do alf mil Henrique Cardoso (na vésepra do ataque...) e o reforço do sistema de autodefesa da tabanca, a vida na  aldeia depois do ataque, o quotidiano da tropa e da população, as chuvas de agosto... (de 1' 11' a 7' 09''). (Ligar o som, o vídeo tem um fundo musical)


1. A CART 2339, Os Viriatos, foi uma subunidade que esteve na zona leste da Guiné, região de Bafatá, setor L1 (Bambadinca), ao tempo do BCAÇ 2852 (1968/70) e da CCAÇ 2590/CCAÇ 12 (1969/71), subunidade de intervenção ao serviço daquele batalhão.

Os Viriatos, unidade de quadrícula, construíram de raiz o aquartelamento de Mansambo, entre Bambadinca e o Xitole. E participaram em grandes operações como a Lança Afiada (Março de 1969). 

Esta sequência de cenas (a história da CART 2339, e em especial do pelotão do Henrique Cardoso) foi originalmente filmada em 8mm. O filme foi depois convertido para o formato digital. O vídeo é do ex-alf mil Henrique J. F. Cardoso  (que era o 2º comandante da CART 2339):  vive hoje em Custóias, Matosinhos, e gostaríamos muito que se juntasse à nossa Tabanca Grande. Reforço aqui o convite que já lhe fiz em 2012.

Uma cópia do vídeo foi gentilmente cedida pelo seu camarada Torcato Mendonça para divulgação no Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Mais uma vez, fica aqui o nosso reconhecimento ao autor (e ao seu camarada e nosso colaborador permanente Torcato Mendonça).

Trata-se de um documento, raro e precioso, sobre o quotidiano de uma unidade de quadrícula no TO da Guiné. O vídeo está dividido em duas partes (*), com a duração de cerca de 50 minutos, abarcando toda a comissão da CART 2339 no CTIG. O nosso leitor tem aqui a Parte I (35´33'').

Na Parte II (13' 44'') interessa-nos sobretudo destacar  a  estadia do pelotão do Henrique Cardoso em Candamã, em uljho e agosto de 1969, resumida em cerca de 6 minutos.

Diz-me agora o Henrique Cardoso que as NT esgotaram as munições na resposta ao ataque de 30/7/1969,  a sorte foi o clarear do dia e a retirada da força atacantes com os seus mortos e feridos. No vídeo, mostram-se alguns sinais do ataque (incluindo cápsulas de munições espalhadas pelo chão e algumas granadas por utilizar). É na sequência deste  ataque que é feita a reparação do arame farpado, que já existia. Como s rádios não funcionaram, não foi possível pedir o apoio da artilharia de Mansambo (obus 10.5). O Henrique Cardoso lembra-se ainda de lá estar vários a comer conversas de cavala, que era os únicos mantimentos que possuíam.


 2. O nosso camarada Luís Branquinho Crespo, presidente da ONGD Resgatar Sorrisos, quer erguer   uma escola em Candamã (**).

Este topónimo obrigou-me logo a relembrar factos passados, há quase 50 anos, no TO da Guiné, que ainda estão bem presentes na minha memória, associados às primeiras idas para o mato e ao contacto com a brutalidade da guerra, logo nos primeiros dias da minha chegada a Bambadinca, em julho de 1969.

Candamã, tabanca fula em autodefesa do regulado do Corubal, é atacada durante mais de duas horas até ao amanhecer do 30 de julho desse ano. Esse brutal ataque (o PAIGC utilizou dois bigrupos, reforçados, e armamento pesado) surgiu na sequência do recrudescimento da actividade IN no tradicional triângulo Xime-Bambadinca-Xitole, após a Op Lança Afiada (8 a 18 de março de 1969).

Não resisto a "repescar" o vídeo,  já aqui publicado, do Henrique Cardoso (*), que, segundo informação que ele me transmitiu ao telefone, tinha acabado de chegar de véspera, a Candamã. Um dos objetivos do pelotão era, para além do reforço do sistema de autodefesa, construir mais uns abrigos para a população.

Constato, pela história do BCAÇ 2852 (Bambadinca, 1968/70), que já em dezembro de 1968, Candamã, no subsetor de Mansambo, tinha um pelotão destacado, pertencente à CCAÇ 2401, pelo menos até março de 1969 (***).

A partir de junho, a CART 2339 destaca um pelotão para Candamã (duas secções) e Afiá (uma secção). O vídeo do Henrique do Cardoso não é de junho, como eu pensava,mas sim de julho e agosto..

A partir de 18 de julho, a minha CCAÇ 2590/CCAÇ 12, entra em cena, como subunidade de intervenção no subsetor L1 (e outros), tendo logo o seu batismo de fogo em 24 desse mês (em Madina Xaquili)... Foi um mês alucinante, o de julho de 1969, para as NT e as populações sobre a nossa proteção no setor L1,

Recordo-me de ter chegada a Candamã, nessa madrugada de 30 de julho de 1969, vindo de Afiá (op Guita), quando as  armas dos defensores da tabanca ainda fumegavam... (****).

A tabanca em audodefesa de Candamã (, já no limite leste da ZA da unidade de quadrícula de Mansambo, entre Mansambo e Galomaro,)  tinha acabado de conhecer o inferno: às 3h40, um numeroso grupo IN (80 a 100 elementos) ataca a tabanca, até de madrugada, durante 2 horas e 20 minutos, utilizando 2 Canhões s/r, Mort 82, 3 Mort 60, LGFog, Metralhadora Pesada, Pistolas-Metralhadoras e Granadas de Mão Defensivas.

O ataque  causou 5 feridos às NT (dos quais 1 grave) e 2 mortos, 3 feridos graves e vários ligeiros à população civil, além da destruição de moranças e outros bens da população. O arame farpado foi cortado em vários pontos.

Valeu o comportamento heróico da população da tabanca e dos homens de Mansambo  (o 1º Gr Comb da CART 2339, comandado pelo alf mil Henrique Cardoso) - menos de um pelotão (já que uma secção estava na vizinha Afiá)!... Homens, que eu conheci e abracei, nessa mesma madrugada, quando a aldeia ainda fumegava, na sequência de incêndio de várias moranças.

Saberíamos mais tarde que: (i) as forças do PAIGC eram comandadas pelo tristemente célebre  Mamadu Indjai (*****); e (ii) tiveram 2 mortos e 6 feridos (relatório apreendido na Op Nada Consta).




Guiné > Região de Bafatá > Setor L1 (Bambadinca) > CART 2339 (1968/69) > Reconstrução de moranças, presumivelmente em Candamã, depois do ataque de 30/7/1969. Fotogramas de "slides", do Henrique Cardoso, retiradas, com a devida cortesia,  do seu vídeo, disponível aqui, no You Tube / Henrique Cardoso.

Fotos: © Henrique Cardoso (2012). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
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Notas do editor:

(*) Vd. postes de:


6 de julho de 2012 > Guiné 63/74 - P10124: Vídeos da guerra (9): Vida e obra dos Viriatos - CART 2339 (Fá Mandinga e Mansambo, 1968/69) (Parte I) (Henrique Cardoso)

(**) Vd. poste de  24 de fevereiro de  2018 > Guiné 61/74 - P18351: Ser solidário (210): A ONGD Resgatar Sorrisos apresenta-se à Tabanca Grande e agradece desde já quaisquer apoios para poder construir a escola de Candamã (, no antigo subsetor de Masambo) (Luís Granquinho Crespo)

(***) Vd.  poste de  22 de julho de 2014 > Guiné 63/74 - P13431: Memória dos lugares (271): Candamã, 19-9-69... Subsetor de Mansambo, setor L1 (Bambadinca): por lá passaram a CART 2339, a CCAÇ 2404, a CCAÇ 2590 / CCAÇ 12, etc.

(****) Último poste da série > 24 de janeiro de 2018 > Guiné 61/74 - P18248: Efemérides (268): Faz 51 anos que chegámos a Bissau, no T/T Uíge, partindo depois numa LDM e num Batelão BM-1 para Gadamael (Mário Gaspar, ex-fur mil, CART 1659, Gadamael, 1967/68) - Parte II

(*****) Vd. poste de 4 de setembro de 2016 >  Guiné 63/74 - P16444: Manuscrito(s) (Luís Graça) (95): Por aqui passou Mamadu Indjai, o terrível

(...) Saberei apenas,
muito anos depois,
que, julgado e condenado em Conacri,
fuzilaram o Mamadu Indjai,
no Boé,
que diziam ser região libertada da Guiné…

O mesmo Mamadu Indjai,
acrescente-se,
fero e bravo comandante,
que ferimos gravemente
no decurso da operação Nada Consta,
o mesmo Mamadu Indjai,
que, três anos e meio depois,
chefe das "secretas",
será o Judas de Amílcar Cabral. (...)


Vd. também poste de 7 de julho de 2010 > Guiné 63/74 - P6686: A minha CCAÇ 12 (5): Baptismo de fogo em farda nº 3, em Madina Xaquili, e os primeiros feridos graves: Sori Jau, Braima Bá, Uri Baldé... (Julho de 1969) (Luís Graça)

quarta-feira, 14 de junho de 2017

Guiné 61/74 - P17472: Convívios (811): Operação na cidade de Tondela pela CART 3494 (Sousa de Castro)



1. O nosso camarada Sousa de Castro (ex-1.º Cabo Radiotelegrafista, CART 3494/BART 3873, Xime e Mansambo, 1971/74), enviou-nos a seguinte reportagem do Encontro/Convívio do pessoal da sua Companhia, que decorreu no dia 11 de Junho, em Tondela – Viseu.


CONVÍVIO DA CART 3494


No passado dia 11 de junho de 2017 realizou-se o 32º encontro/convívio da CART 3494 do BART 3873 na Cidade de TONDELA (cidade dos Besteiros¹) junto da Associação dos Combatentes do Ultramar, onde fomos recebidos por alguns membros da direcção.


Decorreu com o brilho que já nos habituou ao longo dos anos. Esta Op com nome de código:

“XXXII encontro/convívio”, pautou pela boa disposição e muita alegria, obviamente.

Três novos camaradas que pela primeira vez se apresentaram ao serviço, nomeadamente o homem do Clarim (peço desculpa por não me recordar do nome), o ex. Sol. NM 14203071 - Jaime da Costa Latada e o ex. 1º cabo NM 14008971 Joaquim da Silva Oliveira. Para além destes, também um camarada da CCS/BART 3873 que fez questão de participar neste e nos próximos eventos, de seu nome: Ex. Fur. Milº Alim. NM 00832271 – Américo da Silva Santos Russa. 


Junto ao monumento dos Combatentes do Ultramar, seguiram-se actos de homenagem com a colocação de um ramo de flores na base daquela memória, guardamos um minuto de silencio aos que desencarnaram da vida terrena e fizemos a foto de família.

Rumamos de seguida em caravana auto para Quinta do Barreiro onde foi servido um excelente repasto.

Finalmente procedeu-se à nomeação do próximo organizador. Depois de alguns contactos com vários camaradas, o nosso camarigo das transmissões, José do Espírito Santo Vicente decidiu aceitar o desafio para a realização do “XXXIII encontro/convívio”, é pela 3ª vez que fica com esta responsabilidade de levar o pessoal até OLIVEIRA DO HOSPITAL ou
arredores. Avançou de imediato a data de 09 de junho de 2018 para o referido evento.

¹Tondela (Cidade de Besteiros); História

O actual concelho de Tondela compreende as freguesias que constituíam o antigo concelho de Besteiros, ao qual vieram a anexar-se, com o andar dos tempos e depois de múltiplas reformas administrativas, os antigos coutos, depois concelhos da Serra do Caramulo - S. João do Monte e Guardão. Também terra chã, os de Mouraz, Sabugosa, Canas de Santa Maria, S. Miguel de Outeiro e algumas freguesias que pertenciam ao termo de Viseu e a outros pequenos concelhos, Barreiro e Treixedo. Segundo documentos dos séculos X, XI e XII designava-se esta região por Terra de Balistariis. Esta designação tem por origem a palavra balista ou besta, máquina de guerra usada pelos besteiros na idade média. Fonte: Wikipédia

FOTOGALERIA 









Sousa de Castro
Junho 2017 
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Nota de M.R.:

Vd. último poste desta série em:

13 DE JUNHO DE 2017 > Guiné 61/74 - P17463: Convívios (810): STM - Almoço dos velhos com novos à mistura, assim foi no dia 3 de Junho de 2017, no Porto, no antigo Quartel de Arca d'Água (Belarmino Sardinha)

sábado, 1 de abril de 2017

Guiné 61/74 - P17195: In memoriam (282): Subsídio histórico da Guiné, em homenagem ao camarada Carola Figueira [1950-2017] - Consequências de uma visita ao Xime em 1972 (Jorge Araújo / Luciano Jesus)

1. Mensagem de Jorge Araújo (ex-Fur Mil Op Especiais da CART 3494/BART 3873, Bambadinca, 1971/74), nosso colaborador permanente, com data de 27 de Março de 2017, trazendo até nós um trabalho elaborado por Luciano Jesus, também ele ex-Fur Mil da 3494, dedicado ao seu amigo e camarada Carola Figueiredo, recentemente falecido[1].

Luís e Carlos.
Reencaminho o texto que me foi enviado pelo Luciano de Jesus relacionado com a sua homenagem ao camarada Carola Figueira, recentemente falecido.

Com um forte abraço.
Jorge Araújo


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Notas do editor:

[1] - Vd poste de 13 de março de 2017 > Guiné 61/74 - P17134: In Memoriam (279): Inácio José Carola Figueira (1950-2017), ex-Fur Mil Art da CART 3494/BART 3873 (Xime e Mansambo, 1972/74) (Jorge Araújo)

Último poste da série de 26 de março de 2017 > Guiné 61/74 - P17180: In memoriam (281): João Vieira de Melo, 1.º Cabo Auxiliar de Enfermeiro da CCAV 1485, falecido, vítima de ferimentos recebidos em combate, no dia 20 de Fevereiro de 1966, um herói limiano que tarda em ser homenageado (Mário Beja Santos / Mário Leitão)

segunda-feira, 13 de março de 2017

Guiné 61/74 - P17134: In Memoriam (279): Inácio José Carola Figueira (1950-2017), ex-Fur Mil Art da CART 3494/BART 3873 (Xime e Mansambo, 1972/74) (Jorge Araújo)

1. Mensagem do nosso camarada Jorge Araújo (ex-Fur Mil Op Especiais da CART 3494/BART 3873, Bambadinca, 1971/74), com data de hoje, 13 de Março de 2017, trazendo a notícia do desaparecimento de mais um camarada, engrossando assim a já longa lista de combatentes que terminaram a sua missão na Terra.

Caro Luís,
Já passa da meia-noite...
Mas, como a minha agenda de amanhã vai ser difícil de gerir, tive de fazer horas extras para concluir esta notícia, que anexo, referente à morte de mais um camarada do contigente da CART 3494 - o ex-fur mil art Inácio José Carola Figueira.

Grato pela atenção.
Ab.
Jorge Araújo.




Nota dos editores:

Jorge: é uma bela e emocionada homenagem, a tua, a um alentejano do Redondo, a um camarada da Guiné, o  Inácio J. Carola Figueira, que acaba de pagar a sua "dívida à terra":

Eu sou devedor à terra,
E a terra me está devendo,
A terra paga-me em vida,
Eu pago à terra em morrendo.


https://www.youtube.com/watch?v=tnrsNh0wnX4

Tendo em conta a sua "presença" no nosso blogue, em vários postes e fotos, achamos que é justo que ele entre diretamente para a nossa Tabanca Grande, a título póstumo, como aconteceu com outros casos, e nomeadamente da CCAÇ 12 e outras subunidades, que nunca foram em vida "ativos grã-tabanqueiros": estamos a lembrar-nos, por exemplo, dos também alentejanos António Manuel Martins Branquinho (1947-2013) e do José Manuel P. Quadrado (1947-2016)... Foram todos eles camaradas que interagiram connosco, conviveram connosco, apareceram nas nossas histórias...

Nem todos, infelizmente, têm o dom da escrita... ou perícias informáticas, como tu e outros grã-tabanqueiros ativos... Cabe-nos a nós não deixar que estes bravos camaradas vão parar à "vala comum do esquecimento".

Doravante, a memória do Inácio J. Carola Figueira passará a conviver connosco no simbólico e sagrado poilão da Tabanca Grande, sob o nº 738.

PS - As únicas referências que há na Net, no Google, ao seu nome ("Inácio José Carola Figueira"), são as do nosso blogue, do blogue da CART 3494 e do portal UTW - Ultramar TerraWeb
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Nota do editor

Poste anterior da série de 13 de Março de 2017 > Guiné 61/74 - P17132: In Memoriam (278): Carlos Filipe Coelho (Porto, 1950 - Lisboa, 2017), ex-Sold Radiomontador, CCS/BCAÇ 3872 (Galomaro, 1971/74), sepultado no dia 9 de Março, praticamente um mês depois do seu falecimento (Juvenal Amado)