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quinta-feira, 15 de agosto de 2019

Guiné 61/74 - P20061: Memória dos lugares (393): Ainda os memoriais de Buruntuma e Camajabá (Abel Santos, ex-Soldado At Art da CART 1742)

1. Mensagem do nosso camarada Abel Santos, (ex-Soldado Atirador da CART 1742 - "Os Panteras" - Nova Lamego e Buruntuma, 1967/69), com data de 9 de Agosto de 2019:


Ainda os memoriais de Buruntuma

Estando eu navegando no nosso blogue, resolvi pesquisar postes relacionados com Buruntuma, onde permanecemos algum tempo, deparando com o poste P17867 que fala sobre os memoriais daquele aquartelamento.

Começo por dizer que na foto do memorial da CCAÇ 3546 que presta homenagem aos seus mortos, que ainda está na Ponte Caium, e que vai resistindo à erosão dos tempos, se vê à esquerda, os restos de um pedestal onde existia um pequeno oratório, tipo capelinha, com a imagem de Nossa Senhora de Fátima. Já lá se encontrava quando a CART 1742 tomou conta do sector que tinha sede em Buruntuma.
Ao tempo, era enviado um grupo de combate para Camajabá, que por sua vez deslocava uma secção para a Ponte Caium a fim de manter a segurança da mesma.

Envio foto minha junto desse oratório. O pedestal não tinha a inscrição que se vê na foto do Patrício Ribeiro. Olhando para semelhança das letras e  dos números inscritos no memorial, dá a ideia de que tenha sido a malta da 3456 a fazer tal inscrição, e muito bem.

Ponte Caium - Memorial da CCAÇ 3546
Foto: Eduardo Campos

Ponte Caiun - Abel Santos junto ao oratório
Foto: Abel Santos

Ponte Caium - Restos do oratório
Foto: Patrício Ribeiro

********************

Em Camajabá ainda resiste um memorial pertencente à CCAÇ 1418. Envio foto minha e, para comparação, uma foto mais recente do mesmo, tirada pelo camarada Patrício Ribeiro.

Camajabá - Abel Santos junto ao Memorial da CCAÇ 1418
Foto: Abel Santos

Camajabá - Memorial da CCAÇ 1418 - Actualmente
Foto: Patrício Ribeiro


Envio um abraço aos camaradas da CCAÇ 3546 pelo bonito memorial que deixaram em terras da então Guiné Portuguesa, perpetuando assim a sua e nossa passagem por África.
Ao meu amigo Eduardo Campos a minha vénia pelas excelentes fotos, tiradas aquando da sua visita em 2010 à Guiné-Bissau.
Também uma referência ao Patrício Ribeiro que palmilha a Guiné-Bissau de lés-a-lés e que nos vai revelando a arqueologia da passagem das Unidades Militares naquele país.

Um abraço para a Tabanca Grande e camaradas da Guiné.
Abel Santos.
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Notas do editor

Último poste da série de 21 de maio de 2019 > Guiné 61/74 - P19811: Memória dos lugares (392): Memoriais da zona de Buruntuma e Camajabá (Abel Santos, ex-Soldado At Art da CART 1742)

sábado, 30 de junho de 2018

Guiné 61/74 - P18796: Convívios (864): VIII Encontro da CCAÇ 1586, "Os Jacarés" (Piche, Ponte Caium, Nova Lamego, Béli, Madina do Boé, Bajocunda, Copa, Canjadude, 1966/68): os cinquenta anos do regresso, comemorados em 19 de maio p.p., em Abrantes (Jorge Araújo)



(1966) - Destacamento da Ponte do Rio Caium - militares da CCAÇ 1586 (Foto do camarada ex-furriel Aurélio Dinis, com a devida vénia).

Guiné > CCAÇ 1586 (1966-1968) «Os Jacarés» [Piche - Ponte Caium - Nova Lamego - Béli - Madina do Boé - Bajocunda - Copá - Canjadude]


- VIII ENCONTRO -

ALMOÇO/CONVÍVIO COMEMORATIVO DOS CINQUENTA ANOS DO REGRESSO

– Abrantes, 19 de Maio de 2018 –

[Texto do editor Jorge Araújo]


1. – INTRODUÇÃO

Os ex-combatentes da CCAÇ 1586 [Companhia de Caçadores 1586 «Os Jacarés»] reuniram-se no passado dia 19 de Maio, na cidade de Abrantes, para concretizarem mais um Encontro/Convívio entre camaradas que cumpriram o seu Serviço Militar no TO da Guiné, nos já longínquos anos de 1966/1968.

Este Encontro – o VIII consecutivo – juntou também familiares do colectivo mobilizado no Regimento de Infantaria n.º 2 [RI 2], com relevância para as duas gerações mais novas (filhos e netos), onde se recuperaram e cruzaram memórias desses tempos difíceis, de alto risco físico e psicológico, em que era obrigatório conviver com todas as incertezas, tensões e emoções produzidas por cada uma das diferentes missões que lhes foram sendo atribuídas ao longo dos cerca de vinte e dois meses de guerra.

Para além do objectivo supra, este VIII Encontro/ Convívio anual da CCAÇ 1586 tinha, ainda, um significado muito especial para todos, pois estava associado a uma efeméride: as comemorações do «cinquentenário» do regresso da Unidade à Metrópole (Lisboa), ocorrido a 15 de Maio de 1968, após cumprida a sua missão no CTIGuiné (1966-1968), conforme testemunha a imagem postada acima.

Quanto à minha participação neste Encontro, ela resultou de um convite muito sentido feito pela Comissão Organizadora, na medida em que me voluntariei para ajudar à (re)constituição da sua História, pois no volume 7.º da CECA [Comissão para o Estudo das Campanhas de África], consta que [da CCAÇ 1586] “não existe História da Unidade”.



2. – BREVE SÍNTESE HISTÓRICA DA CCAÇ 1586 NO CTIGUINÉ

A Companhia de Caçadores 1586 [CCAÇ 1586] foi formada e mobilizada no Regimento de Infantaria n.º 2 [RI 2], em Abrantes, tendo embarcado no Cais da Rocha, em Lisboa, a 30 de Julho de 1966, sábado, zarpando rumo à PU da Guiné [Bissau] a bordo do N/M “UÍGE”.

Concluída a viagem iniciada em Lisboa, que demorou seis dias, este contingente metropolitano desembarca em Bissau a 4 de Agosto de 1966, quando o conflito armado registava já três anos e meio.

É destacada para o sector do Batalhão de Caçadores 1856 [BCAÇ 1856], assumindo quatro dias depois [dia 8] a responsabilidade do subsector de Piche [Região Leste do território], substituindo dois GrComb da Companhia de Caçadores 1567 [CCAÇ 1567], e guarnecendo o Destacamento da Ponte do Rio Caium [imagem abaixo] com um GrComb, até 21 de Setembro desse ano.

A partir desta data assumiu, ainda, funções de Unidade de Intervenção na Zona de Nova Lamego, reforçando diversas localidades, nomeadamente: Nova Lamego, Béli e Madina do Boé, entre Outubro 1966 e Maio 1967.

Em 6 de Abril de 1967 foi rendida no subsector de Piche, assumindo o subsector de Bajocunda no dia seguinte [7Abr1967], rendendo a Companhia de Caçadores 1417 [CCAÇ 1417] e guarnecendo Copá com um GrComb, mantendo-se integrada no dispositivo de manobra do Batalhão de Caçadores 1933 [BCAÇ 1933] e posteriormente do Batalhão de Caçadores 2835 [BCAÇ 2835].

Entre 28 de Outubro e 4 de Dezembro de 1967, integrou com um GrComb o sector temporário de Canjadude. Foi rendida no subsector de Bajocunda a 27 de Abril de 1968 pela Companhia de Caçadores 1683 [CCAÇ 1683], embarcando em Bissau, de regresso ao continente, a 9 de Maio de 1968, 5.ª feira, a bordo do N/M “NIASSA”, com a chegada a acontecer a 15 de Maio de 1968, 4.ª feira [vidé P18518].



3. – O PROGRAMA SOCIAL DO VIII ENCONTRO/CONVÍVIO - ABRANTES


A Comissão Organizadora deste ano esteve a cargo de uma dupla de camaradas – o Eduardo Santos, de Lisboa, e o Manuel Casimiro, de Tomar, que delinearam um programa social adequado à efeméride.

De modo a sinalizar a presença da CCAÇ 1586, em Abrantes, o Encontro iniciou-se com a concentração dos ex-combatentes – Oficiais, Sargentos e Praças – a ter lugar na Porta d’Armas do Regimento de Infantaria 2 [RI 2]. De seguida, no interior do Quartel, em cerimónia plena de grande significado, o então Cmdt da CCAÇ 1586, Cap António Marouva Cera [hoje, Coronel aposentado], procedeu ao descerrar de uma placa alusiva ao acto, onde constam as datas que balizam a sua Missão Ultramarina – a da partida e a da chegada da Guiné.

Concluída a primeira parte do programa, seguiu-se a organização do cortejo automóvel até ao Restaurante «Quinta d’Oliveiras», onde decorreu o almoço. Para dar sentido ao convívio, este foi reforçado com a degustação de diferentes alimentos colocados à disposição dos presentes, combinados com alguns líquidos e muitas histórias num itinerário de episódios com mais de meio século. A ementa, que se apresenta ao lado, foi preparada para uma centena de participantes, os quais não deixaram de dar o seu contributo para aquela que foi a opinião geral: – A FESTA ESTEVE ÓPTIMA.

Por último, e antes das despedias até ao IX Encontro, a realizar em Maio de 2019, cantou-se os PARABÉNS por este aniversário “redondo”, brindando com espumante a um ano de muitas felicidades e saúde para todos, acompanhado com uma fatia do bolo.


Bolo comemorativo dos cinquenta anos do regresso da CCAÇ 1586 do CTIG, principal efeméride deste VIII Encontro – Abrantes 2018.


4. – HISTÓRICO DOS ENCONTROS

Os Encontros anuais da CCAÇ 1586 foram iniciados no ano de 2011 em Abrantes, cidade onde a Unidade foi mobilizada no Regimento de Infantaria 2 [RI 2]. Desde esse ano até ao presente estão já gravados oito eventos, organizados sempre no mês de Maio, opção fundamentada em relação à data do seu regresso à Metrópole [Lisboa].

Eis, a sequência cronológica dos encontros realizados.










Até ao próximo Encontro… até 18 de Maio de 2019.

Com um forte abraço de amizade
Jorge Araújo
14JUN2018.

[Mensagem de 17 do corrente; Caro Luís, espero que tenhas feito uma óptima viagem.

Na sequência do amável convite formulado pela Comissão Organizadora do VIII Encontro/Convívio da Companhia de Caçadores 1586 (CCAÇ 1586), que aceitei, realizado no passado dia 19 de Maio de 2018 em Abrantes, assumi a responsabilidade pela elaboração de um pequeno relatório alusivo à sua Festa, que anexo para publicação.

De referir que este Encontro anual, o VIII consecutivo, coincidiu com a comemoração do cinquentenário do regresso desta Unidade à Metrópole, depois de cumprida a sua Missão Ultramarina no CTIGuiné (1966/1968).

Aproveitei, ainda, para fazer o seu "Histórico de Encontros" já organizados.

Boa semana. 


Um abraço, 
Jorge Araújo.]
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Nota do editor:

Último poste da série > 26 de junho de 2018 > Guiné 61/74 - P18781: Convívios (863): Encontro do pessoal da CCAÇ 2701, com homenagem ao seu Comandante, Capitão Clemente, ocorrido no passado dia 16, em Braga (Mário Migueis da Silva, ex-Fur Mil Rec Inf)

quarta-feira, 11 de abril de 2018

Guiné 61/74 - P18512: CCAÇ 1586, "Os Jacarés" (Piche, Ponte Caium, Nova Lamego, Beli, Madina do Boé, Bajocunda, Copá e Canjadude (1966-1968): Subsídios para a reconstituição da sua história (Jorge Araújo) - Parte I





Guiné > Bissau> Cais > 9 de Maio de 1968 > Preparativos para o regresso à metrópole da CCAÇ 1586 a bordo do T/T Niassa (fotos gentilmente cedidas pelo camarada ex-fur trms Aurélio Dinis, da mesma unidade).


Jorge [Alves] Araújo, ex-Fur Mil Op Esp/Ranger, CART 3494 

(Xime-Mansambo, 1972/1974); coeditor do blogue desde março de 2018; 
criador da série "D(o) outro lado do combate"




Companhia de Caçadores 1586, "Os Jacarés"  (Piche, Ponte Caium, Nova Lamego, Beli, Madina do Boé, Balocunda, Copá e Canjadude ((1966-1968):  Subsídios para a reconstituição da sua história - Parte I



1. INTRODUÇÃO

Com algum atraso, mas ainda a tempo de cumprir com os objectivos de partida, o presente trabalho surge na sequência da publicação no blogue de dois postes: o P18149 e o P18158, ambos em memória do Alferes QPAugusto Manuel Casimiro Gamboa [, foto à esquerda, cortesia da Academia Militar[, pertencente à CCAÇ 1586 (1966/1968), e da referência à emboscada que o vitimou, em 14 de dezembro de 1967, na estrada entre Canjadude e Nova Lamego.

Ele é também, por um lado, um modesto contributo escrito (subsídio) visando ajudar na reconstituição da História desta Unidade (a possível) e, por outro, a concretização da promessa feita em comentário ao segundo texto, uma vez que, de acordo a informação dada pelo nosso colaborador permanente José Martins, especialista em Arquivo Histórico Militar do Exército (Guerra do Ultramar), "no volume 7.º da CECA [Comissão para o Estudo das Campanhas de África], consta que [da CCAÇ 1586] não existe História da Unidade".

Não estando expressas as razões da ausência documental da sua História no AHM, não é difícil presumir como uma forte possibilidade, , quiçá a mais provável, que ela teve como principal causa a divisão física e logística permanente dos seus efectivos e as responsabilidades que lhes foram atribuídas em cada um dos locais onde esteve instalada, num total de oito, como se indica em título e como se assinala no mapa abaixo.

Para além desta probabilidade (suspeita), que naturalmente não podemos comprovar, uma outra variável poderá ter influenciado também a sua não transcrição para o papel, na justa medida em que estamos perante um colectivo militar metropolitano que muito sofreu ao longo dos vinte e um meses da sua comissão (de agosto de 1966 a  maio de 1968), fazendo fé nos factos que conseguimos apurar, entre eles os seus mortos e feridos.

Será que foram estas as principais causas?

Ainda assim, admitimos a hipótese de terem existido outras razões/causas para além das que acima presumimos. Mas só o saberemos, em definitivo, se algum elemento da CCAÇ 1586 tiver a resposta certa a esta questão. Vamos esperar que tal aconteça ou que no aprofundamento deste projecto de investigação possamos chegar lá.

Porém, perante a caracterização sumária do quadro supra, compreende-se (compreendo) perfeitamente as dificuldades em se estruturar/organizar as suas memórias, pois foram, certamente, muitos os factos e ocorrências que mereceriam ficar gravadas como testemunhos históricos da sua presença na região do Gabu, situada a Leste do território da Guiné, e que não foi possível centralizá-las ou juntá-las, passando-as a escrito, devido à dispersão dos seus efectivos nas diferentes frentes das muitas missões.

Lamentamos que assim tenha sido.

Porque não fazemos parte desse colectivo de camaradas (ex-combatentes), estes sim fiéis depositários das suas memórias durante aquele período ultramarino, enquanto principais personagens fazedores da sua história, esta narrativa não podia deixar de não ser corolário da consulta realizada a diferentes fontes de informação, escrita e oral, onde cada referência encontrada e relato obtido dos directamente envolvidos, se considerou relevante para a concretização do objectivo geral, ou seja, o início de um processo de reconstituição da História da CCAÇ 1586.

Dessa análise global e da sua triangulação, como metodologia da investigação, procurou-se caminhar na busca do que considerámos fidedigno, idóneo, exacto ou válido, enquanto sinónimos do mesmo valor, deixando à reflexão de cada leitor o que se pode considerar, inquestionavelmente, genuíno ou, pelo contrário, uma trapalhice (propaganda), uma vez que circulámos por ambos os lados do combate.

Em função do já pesquisado e dos resultados obtidos, decidimos dividir o trabalho em diferentes partes, sendo esta a primeira, onde se divulgam aspectos relacionados com a sua mobilização, locais das principais actividades operacionais e quadro das baixas em combate.


2. MOBILIZAÇÃO E LOCAIS DAS MISSÕES NO CTIG


Mobilizada no Regimento de Infantaria n.º 2 [RI 2] , em Abrantes, a Companhia de Caçadores 1586 [CCAÇ 1586] embarcou no Cais da Rocha, em Lisboa, a 30 de julho de 1966, sábado, zarpando rumo a Bissau a bordo do N/M Uíge, numa altura em que a cronologia da guerra registava já três anos e meio.

Aí desembarcou a 4 de agosto, 5.ª feira, sendo destacada para o sector do Batalhão de Caçadores 1856 [BCAÇ 1856], assumindo a 8 do mesmo mês a responsabilidade do subsector de Piche, substituindo dois pelotões da Companhia de Caçadores 1567 [CCAÇ 1567], e guarnecendo o destacamento da Ponte do Rio Caium com um pelotão, até 21 de setembro de 1966.

A partir desta data assumiu, também, funções de unidade de intervenção na zona de Nova Lamego, reforçando diversas localidades, entre elas:

(i)  Nova Lamego, de 10 de outubro de 1966 até princípios de dezembro desse ano;

(ii) Béli, de 25 de janeiro a 15 de abril de 1967;

(iii)  e Madina do Boé, de 10 de fevereiro a 1 de maio de 1967.


A 6 de abril de 1967 foi rendida no subsector de Piche, assumindo o subsector de Bajocunda no dia seguinte [7abr1967], rendendo a Companhia de Caçadores 1417 [CCAÇ 1417] e guarnecendo Copá com um pelotão, mantendo-se integrada no dispositivo de manobra do Batalhão de Caçadores 1933 [BCAÇ 1933] e posteriormente do Batalhão de Caçadores 2835 [BCAÇ 2835].

Entre 28 de outubro e 4 de dezembro de 1967, integrou, com um pelotão, o sector temporário de Canjadude.

Foi rendida no subsector de Bajocunda a 27 de abril de 1968 pela Companhia de Caçadores 1683 [CCAÇ 1683], embarcando em Bissau, de regresso à metrópole, a 9 de maio de 1968, 5.ª feira, a bordo do N/M Niassa, com a chegada a Lisboa a acontecer a 15 de maio, 4.ª feira, ou seja, seis dias depois [adap. do P3797, José Martins, ex-Fur Trms CCAÇ 5 (1968/1970), nosso colaborador permanente].


 3. MAPA DOS LOCAIS ONDE A CCAÇ 1586 DESEMPENHOU AS SUAS DIFERENTES ACTIVIDADES OPERACIONAIS


No mapa abaixo, sinalizadas no interior de elipses, encontram-se os locais onde a CCAÇ 1586 desempenhou as suas diferentes actividades operacionais.


Infografia: Jorge Araújo (2018)



4. QUADRO DE BAIXAS DURANTE A COMISSÃO


No âmbito da pesquisa realizada, foram identificadas e agrupadas por datas as baixas contabilizadas pela CCAÇ 1586 durante a sua comissão, cujo quadro se apresenta de imediato.

A organização do quadro, segundo esta metodologia, corresponde à ordem da descrição dos factos conhecidos sobre cada causa ou ocorrência, e que daremos conta ao longo das próximas narrativas.


Infografia: Jorge Araújo (2018)

Sitografia consultada:

https://blogueforanadaevaotres.blogspot.pt/

http://www.apvg.pt/

http://ultramar.terreweb.biz/ (com a devida vénia)

(Continua)
______________

Obrigado pela atenção.
Com forte abraço de amizade,
Jorge Araújo.
16JAN2018.

PS - Este é o primeiro dos textos que estavam em atraso, o da CCAÇ 1586, na medida em que me comprometi a dar uma ajuda na reconstituição da sua HU, que não existe. Entretanto, fui convidado para participar no seu Convívio Anual que se realiza em Abrantes, a 19 de maio de 2018. Já lhes pedi um cartaz para fazer a sua divulgação na «Tabanca».

quarta-feira, 29 de novembro de 2017

Guiné 61/74 - P18026: Estórias avulsas (88): Recordações da minha passagem por terras da Guiné, vaca morta junto ao arame farpado (Abel Santos, ex-Soldado Atirador Art.ª)

Camajabá, 1968 - Abel Santos junto ao memorial à CCAÇ 1418/BCAÇ 1856


 

1. Em mensagem do dia 20 de Novembro de 2017, o nosso camarada Abel Santos, (ex-Soldado Atirador da CART 1742 - "Os Panteras" - Nova Lamego e Buruntuma, 1967/69), enviou-nos esta memória da sua passagem por terras da Guiné, mais propriamente por Camajabá.




Recordações da minha passagem por terras da Guiné Portuguesa

Depois de uma imensa actividade operacional na zona Leste 1 - Nova Lamego, a qual calcorreamos de Norte a Sul, Leste a Oeste, a CART 1742, a partir de 23 de Abril de 1968, foi deslocada para Buruntuma, ficando com a responsabilidade da vigilância do subsector de Camajabá e Ponte do rio Caiúm.

De Camajabá guardo algumas recordações, umas boas outras menos boas.
Estando eu a chegar ao aquartelamento, ido da Ponte Caiúm onde passei um mês destacado, surge um convite do responsável do subsector, Furriel Miliciano Amaro, do qual guardo gratas recordações, para gerir o depósito de géneros, mas com uma condição, fazer um reforço por semana, o que aceitei de imediato.

Foi uma experiência enriquecedora para mim, pois teria de saber dosear os géneros disponíveis para alimentação dos meus camaradas, tinha uma outra responsabilidade acrescida, que se baseava no apoio à população, em Camajabá havia um pelotão de milícia, homens recrutados na própria tabanca, e treinados pela tropa Portuguesa, aos quais éramos obrigados a fornecer os géneros alimentícios para sua alimentação. Este contacto directo com a população levou-me a perceber o que aquela gente pretendia, e não era a guerra, sentiam segurança junto da tropa, trabalhavam as suas terras, semeando e colhendo o fruto do seu trabalho, mas também sabiam que de um momento para o outro podiam ficar sem nada, sendo surripiado o esforço do seu trabalho, por aqueles que se diziam seus defensores.

Localização da Camajabá, estrada Buruntuma-Piche

Recordo um facto do qual fui protagonista, acontece que um dia os géneros alimentícios já eram escassos, a refeição do jantar era bianda (arroz) com salsicha, mas insuficiente para alimentar os meus camaradas, que todos os dias tinham serviços a desempenhar, como a ida à água e à lenha, e patrulhar a área envolvente ao destacamento. Eu e o furriel Amaro achámos por bem comprar na tabanca frangos para complemento do jantar, que depois de assados na brasa pelo cozinheiro Silva, foram degustados pela malta, e eu como responsável da cantina, ofereci meio barril de vinho que desapareceu pelas gargantas sequiosas, ainda hoje alguns camaradas me recordam esse dia.

Mas nessa noite fiz reforço como estava combinado, e lá fui cumprir o meu dever de militar para o posto de vigia que me estava destinado, e aqui é que foram elas, eu que já estava um pouco toldado pelo néctar do barril, ouvi barulho junto ao arame farpado e, não estou com meias medidas, faço fogo gritando ao mesmo tempo: "são eles, são eles", provocando o caos no destacamento.

Camajabá, 1968 - Abel Santos, de cócoras, com o Cabo Costa, filtrando água

De manhã, quando acordo, reparo que estou todo enlameado, não me lembrando do que tinha acontecido, mas fui logo informado que o inimigo era, “tinha sido”, uma vaca. Eu retorqui: "Ainda bem, pois o almoço vai ser melhorado, bifes com batata frita, com um copo de vinho para cada um".

Escusado será dizer que a tropa milícia também teve direito à metade do animal, cuja morte veio mesmo na altura ideal, devido à escassez de géneros.
Esta é uma das muitas peripécias passadas aquando da minha passagem por terras de África.

Um abraço para todos os combatentes.
Abel Santos
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Nota do editor

Último poste da série de 7 de fevereiro de 2017 > Guiné 61/74 - P17030: Estórias avulsas (87): Tudo começou a 9 de Janeiro de 1967 (Abel Santos, ex-Soldado Atirador Art.ª)

segunda-feira, 16 de outubro de 2017

Guiné 61/74 - P17867: (Ex)citações (324): os memoriais de Buruntuma (CART 1742, 1967/69) e Ponte Caium (3º Gr Comb, CCAÇ 3546, Piche, 1972/74): Abel Santos, António Rosinha, Carlos Alexandre e Valdemar Queiroz



Guiné > Região de Gabu > Buruntuma > CART 1742, "Os Panteras" (1967/69) > Guiné > Região de Gabu > Buruntuma > Memorial, sob a forma de lua em quarto crescente, desenhado por João Fernando Lemos dos Santos, ex-Soldado Condutor Auto> "Que os vivos mereçam os nossos mortos"... Ao fundo, à esquerda a capelinha, cujo desenho é da  autoria do José Mota Tavares, ex-alferes mil capelão, CCS/BCAÇ 1856, Nova Lamego, 1965/67) (*)

Foto (e legenda): © Abel Santos (2015). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Guiné > Região de Gabú > Piche > Destacamento de Caium > CCAÇ 3546 (Piche, Ponte Caium e Camajabá, 1972 / 1974) > 1973: monumento construído pelo pessoal destacado na ponte, do 3º Gr Comb, localizado no tabuleiro da ponte, no lado esquerdo, no sentido Piche-Buruntuma. O desenho é da autoria de Carlos Alexandre e, originalmente, tinha a forma de lua em quarto minguante.

Na foto, vê-se em primeiro plano, sentado na base do monumento, o Teixeira, de barbas; em segundo plano, e da esquerda para a direita, o Florimundo Rocha (condutor, natural da Praia da Rocha, Portimão); o Carlos Alexandre (radiotelefonista, natural de Peniche, que estava e está ligado à construção naval, com a profissão de carpinteiro naval), do qual só se vê a cara; e o Manuel da Conceição Sobral (natural de Cercal do Alentejo, Santiago do Cacém, ajudante de padeiro do Jacinto Cristina no destacamento). Ao lado do Rocha, à sua esquerda, vê-se o pequeno oratório tendo, na sua base, inscrita a legenda "Nem só de pão vive o homem"...

Foto (e legenda): © Carlos Alexandre (2010). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]. 



Guiné-Bissau > Região de Gabú  > Ponte Caium > Abril de 2010 > Monumento de homenagem aos bravos de Caium, os mortos do 3º Gr Comb da CCAÇ 3546 (1972/74): "Honra e Glória: Fur Mil Cardoso, 1º Cabo Torrão, Sold Gonçalves, Fernandes, Santos, Sold Ap Can [Apontador de Canhão s/r ] Silva. 3º Gr Comb, Fantasmas do Leste, Guiné, 72/74".

É espantoso como, 37 anos depois, o nosso camarada Eduardo Campos, ao passar por lá, tenha conseguido captar esta imagem do memorial ainda quase intacto (falta-lhe a cruz que o encimava) e em razoável estado de conservação... Noutros sítios, estes monumentos funerários deixados pelas tropa portuguesa foram vandalizados ou destruídos (pela ação humana, incúria, inclemência do tempo, etc.).

O memorial da Ponte Caium é mais recente (1973) do que o de Buruntuma, da CART 1742 (1967/69). À primeira vista, parece haver  algumas semelhanças na forma e elementos decorativos (a meia lua, o sol...) dos dois monumentos. Não sabemos se o Carlos Alexandre, que desenhou o monumento da ponte de Caium,  conhecia o de Buruntuma, de visita ou de fotografia. É um pormenor um dia a esclarecer por ele. O de Buruntuma é seguramente mais antigo, são quatro anos de diferença.

Em tempos o Carlos Alexandre deu-nos a seguinte a informação sobre o desenho e a construção do memorial: 

 "O monumento foi desenhado e realizado com a participação de quase todo o grupo [,3º  Gr Comb, da CCç 3546, sediada em Piche] e todo ele foi construído com areia, cimento e ferro. Foi desenhado e recortado no chão, forrado a papel para não colar e cheio de cimento, ferro e pedras. Ao ser levado para o sítio onde ainda hoje está, partiu-se a ponta que fazia o seguimento da meia lua. Como não podia ser reparado, optamos por fazer uma pequena escadaria e uma cruz." (**)

Foto (e legenda): © Eduardo Campos (2010) .Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].




Guiné > Zona Leste > Região de Gabú > Setor de Piche > Carta de Piche > Localização (assinalada a amarelo) da Ponte do Rio Caium, na estrada Piche (a sudoeste)-Buruntuma (a nordeste, junto à fronteira com a Guiné-Conacri), sensivelmente a meio entre as duas localidades. O Rio Caium corre para sul, sendo um afluente do Rio Coli (que separa os dois países, num largo troço da fronteira leste).

Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2015)

1. Comentários ao poste P17862 (***)

(i) Abel Santos:

O memorial da Ponte Caium terá sido a peça "mais artística" que nós deixámos na Guiné, de homenagem aos nossos mortos ?

Há uma mais acima da Ponte Caium, em Buruntuma, que é uma peça arquitectónica que pede meças com qualquer outra deixada por nós na Guiné Portuguesa.

(ii) António Rosinha:

Já se passaram vários anos, palmilhei de jipe, pelo menos duas vezes, aquele percurso desértico da Ponde Caium até Buruntuma [, na fronteira,]  e lembro-me que os restos das instalações lá continuavam e não estavam totalmente abandonadas.

Tenho ideia que nalguma das instalações ou ao redor delas, fazia-se a feira à maneira dos muçulmanos...tabaco, limões, mancarra, óleo, etc.

Corri aquilo tudo numa altura em que não era nadinha simpático, aos olhos de Luís Cabral e de 'Nino' Vieira, andar de máquina a tiracolo,  de maneira que tudo o que guardo, é de memória.

No meio daquela tristeza de terras e gente semi-abandonadas, por volta de 1991/92/93, até davam nas vistas aqueles restos de instalações junto à fronteira, mas não me lembro que o que restava, chamasse tanto atenção como a ponte de Caium.


(iii) Valdemar Queiroz:

Só de ouvir falar, neste caso de ler, sobre a Ponte Caium me arrepio todo. Vejam as várias fotos publicadas no nosso blogue. É de arrepiar.

Um quartel, ou um destacamento edificado em cima de uma ponte não lembra ao diabo. O meu Pelotão, agora não me lembro quando e porquê, foi ao destacamento da Ponte Caium, talvez levar mantimentos e munições.

Julgo que seriam mais ou menos 40 homens dentro duns pequenos casebres de bidões com brita nos lados laterais da Ponte e em todo o seu comprimento. Quase todos em tronco nu, com um olhar turvo, magros e com cara e corpo de cor amarelada. Quase todos tinham este aspecto. Fiquei muito impressionado e nunca mais me vou esquecer.

Este memorial é duma grande nota artística e felizmente que ainda permanece em pé e de boa saúde. Valha-nos isso, todos aqueles homens que estiveram destacados na Ponte Caium bem o merecem. (****)

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Notas do editor:

(*) Vd. poste de maio de 2016 > Guiné 63/74 - P16049: Na festa dos 12 anos, "manga de tempo", do nosso blogue (8): A bonita e original capelinha de Buruntuma, de estética modernista (José Mota Tavares, ex-alferes mil capelão, CCS/BCAÇ 1856, Nova Lamego, 1965/67)


domingo, 15 de outubro de 2017

Guiné 61/74 - P17862: Caderno de notas de um mais velho (Antº Rosinha) (52): Das pequenas recordações dos vários quartéis a mais artística que ficou lá a "apodrecer", foi o memorial na ponte de Caium


Guiné-Bissau > Região de Bafatá > Ponte Caium > Abril de 2010 > Dois monumentos de homenagem aos bravos de Caium, constituídos por: (i) Memorial aos mortos da CCAÇ 3546 (1972/74): "Honra e Glória: Fur Mil Cardoso, 1º Cabo Torrão, Sold Gonçalves, Fernandes, Santos, Sold Ap Can [Apontador de Canhão s/r ]Silva. 3º Gr Comb, Fantasmas do Leste. Guiné- 72/74"; (ii) Pequeno oratório com a legenda "Nem só de pão vive o homem. Guiné, 1972-1974". A foto é do Eduardo Campos que por lá passou em Abril de 2010.

Na altura (em novembro de 2010), escrevemos  o seguinte:

 "É espantoso como, 37 anos depois, o memorial p.d. esteja ainda quase intacto (falta-lhe a cruz que o encimava) e em razoável estado de conservação... Noutros sítios, estes monumentos deixados pelas tropa portuguesa foram vandalizados ou pura e simplesmente destruídos. Hoje, pelo contrário, há uma tentativa para os recuperar. Estamos no nordeste, em pleno chão fula, próximo da fronteira com a Guiné-Conacri, a meio caminho entre Piche e Buruntuma".

Foto: © Eduardo Campos (2010) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados


1. Comentário de Antº Rosinha (*), a propósito do memorial aos mortos da CART 1525 (Bissorá, 1966/67), entretanto "canibalizado" em data recente (enter 2011 e 2017):

[António Rosinha, foto à esquerda, Angola, 1961

(i) beirão, tem acaba mais de 100 referência no nosso blogue, 

(ii) é um dos nossos 'mais velhos' e continua ativo, com maior ou menor regularidade, a participar no nosso blogue, como autor e comentador;

(iii) andou por Angola, nas décadas de 50/60/70, do século passado;

(iv) fez o serviço militar em Angola, foi fur mil, em 1961/62;

(v) diz que foi 'colon' até 1974 e continua a considerar-se um impenitente 'reacionário';;

(vi) 'retornado', andou por aí (, com passagem pelo Brasil), até ir conhecer a 'pátria de Cabral', a Guiné-Bissau, onde foi 'cooperante', tendo trabalhado largos anos (1987/93) como topógrafo da TECNIL, a empresa que abriu todas ou quase todas as estradas que conhecemos na Guiné, antes e depois da 'independência';

(vii) o seu patrão, o dono da TECNIL, era o velho africanista Ramiro Sobral;

(viii) é colunista do nosso blogue com a série 'Caderno de notas de um mais velho'';

(ix) pelo seu bom senso, sensibilidade, perspicácia, cultura e memória africanistas, é merecedor do apreço e elogio de muitos camaradas nossos, é profundamente estimado e respeitado na nossa Tabanca Grande, fazendo gala de ser 'politicamente incorreto' e de 0chamar os bois pelos cornos';

(x) Ao Antº Rosinha poderá aplicar-se o provérbio africano, há tempos aqui citado pelo Cherno Baldé, o "menino e moço de Fajonquito": "Aquilo que uma criança consegue ver de longe, empoleirado em cima de um poilão, o velho já o sabia, sentado em baixo da árvore a fumar o seu cachimbo". ] (**)


Tenho que emitir a opinião daquilo que vi e senti e pressenti sobre o assunto.

Ou seja, porque ficou mais ou menos tudo intocado e abandonado, ou aproveitado para qualquer utilidade das poucas coisas que restaram da presença das tropas que foram da metrópole para as ex-colónias?

Não sei se sabem que todos os quarteis de Bissau foram aproveitados na integra, e com os mesmos nomes:Artilharia, Força Aérea, Engenharia, etc,

Em Gabu, Catió, Cufar e noutros lugares ou para quarteis ou para armazens ou para moranças, fez-s algum aproveitamento, deixando tudo intocado até o pau da bandeira foi aproveitado.

Apenas as estátuas foram derrubadas, e porque foi Luís Cabral a ordenar, caso contrário ainda hoje estariam lá com capim à volta e criar musgo e verdete.

Para mim, reacionário, quase tanto como muitos velhos régulos que foram fuzilados, a apatia e o negativismo e a decepção que aquela "vitória" do PAIGC trouxe à Guiné foi tão grande, que toda a gente ficou anos e anos de braços caídos sem energia para fazer qualquer coisa daquelas lembranças coloniais, ou ao menos faze-las desaparecer de vez.

Até porque para fazer qualquer coisa monumental ou não, era preciso "patacon" e para isso os suecos, os soviéticos e cubanos, ou mesmo alguns kamaradas lusos, para essas coisas não havia peditório.

A muito custo lá foram as estátuas para o forte de Cacheu, talvez alguem da velha metrópole terá aguentado os custos.

Em Luanda porque havia dinheiro, foi destruir e fazer à maneira do MPLA, não à vontade dos angolanos ou de outros partidos.

Das pequenas recordações dos vários quarteis a mais artística que ficou lá a "apodrecer", foi o memorial na ponte de Caium, que já mis que uma vez apareceu em foto neste blog. (***=
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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 12 de outubro de 2017 >  Guiné 61/74 - P17856: (De) Caras (98): os três antigos bravos comandantes de pelotão da Companhia de Milícias nº 17, de apelido Camará, o Quebá, o Sitafá e o Bacai, recordados no memorial aos mortos da CART 1525, Bissorã, 1966/67 (Rogério Freire / Adrião Mateus)

(**) Último poste da série > 17 de fevereiro de 2017 > Guiné 61/74 - P17056: Caderno de notas de um mais velho (Antº Rosinha) (51): Pelo mundo, ninguém aprecia os nossos Generais, só os nossos Santos... (A propósito do bisavô materno do escritor e nosso camarada Antónioo Lobo Antunes, o gen José Joaquim Machado, 1847-1925)

(***) Vd. poste de  1 de novembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7203: Memória dos lugares (108): A Ponte Caium e o monumento, construído por nós, e dedicado aos nossos mortos: Cardoso, Torrão, Gonçalves, Fernandes, Santos, Silva (Carlos Alexandre, radiotelefonista, natural de Peniche, 3º Gr Comb, CCAÇ 3546, 1972/74)

Vd. também  postes de:

3 de fevereiro de 2012 > Guiné 63/74 – P9438: Memória dos lugares (173): Ponte Caium e o seu monumento, em ruínas (Pepito / Magalhães Ribeiro)

terça-feira, 23 de maio de 2017

Guiné 61/74 - P17388: Álbum fotográfico de Luís Mourato Oliveira, ex-alf mil, CCAÇ 4740 (Cufar, dez 72 / jul 73) e Pel Caç Nat 52 (Mato Cão e Missirá, jul 73 /ago 74) (17): Uma farra "açoriana" em Cufar.. ou o "universo concentracionário" em que viviam as NT


Foto nº 1 


Foto nº 2 A


Foto nº 2


Foto nº 3


Foto nº 4A


Foto nº 4


Foto nº 5


Foto nº 6


Foto nº 7A


Foto nº 7B

Guiné > Região de Tombali > Cufar > CCAÇ  4740 >  1973 > "Uma farra das NT"... O fotógrafo é o segundo, na foto nº 1, a contar da esquerda para a direita


Fotos (e legendas): © Luís Mourato Oliveira (2016). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].


O Luís Mourato Oliveira na Praia da Areia Branca,
Lourinhã.  É bancário reformado, lisboeta.

1. Continuação da publicação do álbum fotográfico do Luís Mourato Oliveira, nosso grã-tabanqueiro, que foi alf mil inf da CCAÇ 4740 (Cufar, 1973) e do Pel Caç Nat 52 (Mato Cão e Missirá, 1973/74). (*)


De rendição individual, foi o último comandante do Pel Caç Nat 52. Irá terminar a sua comissão no setor L1 (Bambadinca), em Missirá, depois de Mato Cão, e extinguir o pelotão em agosto de 1974.

Até meados de 1973 esteve em Cufar, a comandar o 3º pelotão da CCAÇ 4740, no 1º semestre de 1973. Tem bastantes fotos de Cufar, que começámos a publicar no penúltimo poste  da série (**).

Hoje mostra-se uma sequência de fotos (7) a que o fotoógrafo chamou "farra das NT". Sem mais legendas, as fotos falam por si, sendo muito reveladores do universo concentracionário em que se vivia na Guiné, nos aquartelamentos e destacamentos das NT. É a caserna na sua intimidade...

Recorde-se que esta subunidade, a CCAÇ 4740, era constituída por pessoal açoriano. Centena e meia de homens, na flor da idade, partilhavam espaços reduzidos, geralmente sob a  forma de  toscos "bunkers", semi-enterrados, construídos de troncos de palmeira, chapa, bidões, terra e argamassa, e  onde coabitavam  com os bichos (mosquitos e demais insector, roedores, répteis) e a atmosfera  era muitas vezes irrespirável, devido aos cheiros, à humidade, ao calor, à  semi-obscuridade, à sujidade, ao pó ou à lama (conforme a estação do ano: época das chuvas ou época seca)... Noutros casos, eram verdadeiros armazéns de depósito de material humano, com cobertura de chapa de zinco (foto nº 2)...

A ventoínha (fotos nº 4 e 6)  era um luxo, só para alguns, e só durante escassas horas da noite, quando se ligava o gerador... Nestas casernas do mato, os homens  viviam, conviviam, comiam e dormiam quase sempre em tronco nu, de calções e chanatas (fotos nºs 2,3, 5, 6, 7). O álcool, o tabaco e as cantorias, além das jogatanas de cartas, eram dos poucos escapes que a malta tinha nas "horas vagas"... Os dias sucediam-se aos dias, perdia-se a noção do tempo... Deiixa-se crescer o bigode, contra os regulamentos, para se pparecer mais bravo e macho (fotos nºs 3, 4 e 7).

No meio de toda esta promiscuidade, salvava-se a amizade, a solidariedade, a camaradagem... E cada companhia que chegava procurava melhorar, para si e para os vindouros, as condições de vida que encontrava... Se a guerra tivesse durado 100 anos, como alguns queriam, estou ciente que em Cufar já haveria hoje painéis solares, ar condicionado e bar aberto...

Temos, no nosso blogue,  uma série sobre "Os Bu...rakos em que vivemos" que pode ser revisitada. Na realidade, não eram "bunkers" de cimento armado à prova de canhão s/r ou morteiro 120  (com raras exceções, como Guileje), mas verdadeiros "buracos" a que os nossos chefes chamavam pomposamente "abrigos"... De Cafal Balanta a Mato Cão, de  Mampatá a Banjara, da Ponte do rio Udunduma a Ponte Caium, de Sare Banda a Missirá, de Madina do Boé a Copá..., a Guiné era, toda ela, uma terra "esbu...rakada".

Camaradas, estas fotos merecem a vossa atenção, os vossos comentários! (LG)

PS - A CCAÇ 4749 (Cufar, 1972/74) tem um sítio na Net. Ver aqui. E vai realizar o seu XI Encontro Nacional, em Fátima, no dia 10 de junho de 2017.
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Notas do editor


quarta-feira, 30 de março de 2016

Guiné 63/74 - P15915: Fotos à procura de... uma legenda (72): Três anos e meio separam estas duas fotos, tiradas no mesmo lugar, no destacamento da ponte do Rio Udunduma, estrada Xime-Bambadinca... Ou melhor, num sítio de nenhures... (Jorge Araújo, 1973 / Humberto Reis, 1970)



Foto nº 1 

Guiné > Zona leste > Setor L1 > Estrada Bambadinca-Xime > Ponte do Rio Udunduma > Destacamento da CART 3494, Xime e Mansambo, 1972/1974) > Julho de 1973 > O fur mil op esp Jorge Araújo à entrada do abrigo (?) (*)...

(...) "Imagem de um buraco aberto no chão, coberto de troncos de palmeira, terra e chapas de zinco a cobri-los, protegido no exterior com bidões de gasóleo cheios de terra, com uma pequena abertura, tendo no seu interior uma cama de ferro, especial do mobiliário militar, com colchão adequado …a um sono tranquilo [que enorme ironia] (...)


Foto (e legenda): © Jorge Araújo (2014). Todos os direitos reservados



Foto nº 2

Guiné > Zona leste > Setor L1 > Estrada Bambadinca-Xime > Ponte do Rio Udunduma > Destacamento da CCAÇ 12 > 2º Grupo de Combate > 1970 > O fu mil op esp Humberto Reis, à entrada do abrigo (?) (**)...


(...) "Com este destacamento passou-se um episódio que diz bem do carácter que presidia à união de todos os operacionais (operacionais eram aqueles que iam para o mato e as sentiram assobiar e não os que viviam no bem bom dentro dos arames farpados e que nunca sentiram o medo de levar um tiro).

"Um domingo à noite estávamos a jantar na messe [, em Bambadinca], nesse dia calhou-me estar dentro do arame, e de repente começámos a ouvir rebentamentos para os lados da ponte. Pensámos que era o destacamento que estava a embrulhar e automaticamente nos levantámos (eu e mais alguns até estávamos vestidos à civil), fomos a correr aos respectivos quartos buscar as armas e quando chegámos à parada já lá estavam alguns Unimog com os respectivos condutores à espera (ninguém lhes tinha dito nada mas a ideia foi a mesma - é a malta da ponte a embrulhar, temos de os ir socorrer ). Até um dos morteiros 81 levámos e aí vai o fur mil. do Pel Mort com uma esquadra, o Lopes que era natural de Angola (tão bem organizada que era a nossa administração militar, que o colocaram na Guiné!).

"Felizmente, quando chegámos à ponte, verificámos que não era aí, mas sim 2 km mais à frente, na tabanca de Amedalai, pelo que seguimos até lá. Escusado será dizer que quando o IN notou que chegaram reforços fechou a mala e foi embora" (...)

Foto (e legenda): © Humberto Reis (2006). Todos os direitos reservados




Guiné > Zona Leste > Setor L1 (Bambadinca) > Localização da Ponte sobre o Rio Udunduma (e não Undunduma...), afluente do Rio Geba (ou Xaianga), a meio caminho entre Bambadinca e Xime...

A ponte foi dinamitada e parcialmente destruída por acção do PAIGC, na noite de 28 parta 29 de Maio de 1969, por ocasião do ataque a Bambadinca (quatro/cinco km a nordeste), levado a cabo por 2 bigrupos (cerca de 100 homens)... A partir desse ataque, passou a ser destacado um grupo de combate para defender este ponto nevrálgico... Durante anos, até à construção da nova estrada (alcatroada) Xime-Bambadinca, milhares e milhares de homens e viaturas, desembarcados em LDG no Xime passaram por aqui a caminho do leste (e vice-versa)...

O nosso camarada Carlos Marques Santos (ex-fur mil, CART 2339, Fá e Mansambo, 1968/69) diz que foi o primeiro a avançar, para a Ponte do Rio Udunduma, logo no dia 29 de Maio de 1969, com o 3º Gr Comb da sua companhia, vindo em marcha forçada de Mansambo...

Infogravura: Pormenor da carta de Bambadinca (1955), escala 1/50000.



1.  Três anos e meio, pelo menos,  separam, estas duas fotos (***)... Era muito tempo, ou pelo menos o tempo suficiente para passarem três batalhões distintos por Bambadinca, sede do setor L1, desde que foi montado, em finais de maio de 1969, à pressa,  um destacamento na ponte do Rio Udunduma, afluente do Rio Geba, importante ponto estratégico na ligação do porto fluvial do Xime com Bambadinca e o resto da zona leste... 

Referimo-nos ao BCAÇ 2852 (1968/70), ao BART 2917 (1970/72) e o BART 3873 (1972/74).

Houve outros destacamentos não menos célebres no TO da Guiné, como o da ponte Caium ou ponte do Rio Caium, também no leste, na região de Gabu, subsetor de Piche... Ou de ponte Balana, na região de Tombali, perto de Gandembel.

Se calhar, já está tudo dito... sobre estes sítios de nenhures! Ou talvez não, há sempre um leitor, novo, que chega,,, e que tem alguma curiosidade pelos sítios do mundo a que nós podemos chamar "de nenhures"...

O destacamento do ponte do rio Udunduma nunca existiu ou nunca existiu para a história... COmo nunca existiu Caium ou Balana... Só existe emquanto formos vivos, e se mantiver no nosso imaginário o topónimo e o nosso blogue se mantiver ativo...  Era um sítio de nenhures, como a grande maioria dos bu...rakos onde nos meteram ou nós nos metemos.

Acham,  os nossos queridos leitores, que as duas fotos ainda merecem uma legendagem complementar ?

Já nos faltam as forças, a pachorra, o tempo, a imaginação, a curiosidade, a paixão...  Doze anos a blogar é muito tempo, confesso... E o tempo (e a saúde, o patação, a lucidez,,, ) é a coisa que sentimos que nos está a (ou vai) faltar...

De qualquer modo, amigos e camaradas da Guiné,  vai continuar a ser preciso alimentar o blogue, todos os dias... O blogue é um ser vivo, que precisa de comer e beber todos os dias. Obrigado àqueles que o alimentam... LG. (***)

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