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segunda-feira, 14 de outubro de 2019

Guiné 61/74 - P20239: Consultório militar do José Martins (45): Das leis do Reino e da República, às leis da Igreja, com influência nas Forças Armadas (1)

 

Damos hoje início uma série de cinco postes com mais um trabalho do José Martins (ex-Fur Mil TRMS, CCAÇ 5, Gatos Pretos, Canjadude, 1968/70), desta vez dedicado aos Capelães Militares, com um enquadramento histórico, como só ele sabe fazer, fruto de muita pesquisa e paciência.

Desde já o nosso obrigado ao Zé Martins por mais esta preciosa colaboração que vem enriquecer o espólio deste Blogue.
 




(Continua)
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Nota do editor

Último poste da série de 14 de agosto de 2019 > Guiné 61/74 - P20057: Consultório militar do José Martins (44): as medalhas que não foram entregues: o caso da CCAÇ 1439 (Enxalé, Porto Gole, Missirá, 1965/67)

quarta-feira, 12 de junho de 2019

Guiné 61/74 - P19884: Efemérides (304): O meu dia de Portugal, 10 de junho de 2019 (Virgílio Teixeira, Vila do Conde)


Foto nº 9

Foto nº 8


Foto nº 3

Foto nº 1 

Foto nº 4


Foto nº 10


Foto nº 6


Foto nº 11

Vila do Conde > 10 de Junho de 2019 > Homenagem aos vilacondenses, ex-combatentes da guerra do ultramar

Fotos (e legendas): © Virgílio Teixeira (2019). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



O MEU DIA DE PORTUGAL – 10 DE JUNHO DE 2019

por Virgílio Teixeira


Ontem, como de costume todos os anos, nestes últimos, como habitante desta terra que me foi adoptando – Vila do Conde – comecei o dia a ver na TV as comemorações oficiais do Dia de Portugal, este ano, em Portalegre.

Fiquei logo totalmente ‘pregado’ no discurso de João Miguel Tavares, indigitado para ser o mandatário das comemorações na sua terra. Segundo ele, ficou muito admirado e agradado por este PR escolher ‘Um Zé Ninguém – segundo as suas palavras – ‘para levar a cabo tão grande tarefa. E saiu-se muito bem, o seu discurso foi diferente de tudo o que se tem visto por aí fora. Portanto se me perguntarem qual é o meu Curriculum, respondo apenas que ‘sou Português’, e com muito orgulho, nada mais.

Mas o dia ainda estava no inicio:

1 - Por volta do meio dia, saímos de casa, coloquei a minha medalha na lapela e fui ao fim da missa que antecede as comemorações, aqui, nesta terra tão pequena. Juntei-me ao cortejo na direcção do monumento ao Combatente e seu Anexo, uma Estátua daquela mãe que espera junto ao Rio, o seu filho ‘vindo do outro lado do mar…’ [Foto nº 10]

A cerimónia, organizada pela Associação dos Combatentes cá do sitio [, Associação Social e Cultural dos Vilacondenses Ex-Combatenets do Ultramar, com págin ano Facebook,] presidida pelo já cansado Nascimento Rodrigues, foi mais do mesmo, e cada vez mais pobre e com menos gente. Antes havia uma força militar com uma secção, para fazer as honras militares, agora nem um Bombeiro lá temos. Uma tristeza.

Alguma gente da Politica, Presidente da Camara, Vereadores, uns convidados, o nosso Padre Bártolo [Paiva Gonçalves Perereira] – com 83 anos, ainda trabalha, foi capelão militar nos 3 cenários de guerra, com 3 comissões - e pouco mais. [Foto nº 3]

As flores, os discursos cada vez mais sem um fundo novo, esgotados, até fazer sono. Mas pelo menos fazem alguma coisa e eu não faço nada. Bem hajam.

Leite Rodrigues e Virgílio Teixeira, na Tabanca
de Matosinhos em 5/9/2018 (*)
Tirei umas fotos, encontrei lá um dos nossos camaradas , ‘Capitão',  não me lembro o nome, esteve no almoço em Matosinhos de homenagem a um camarada falecido [, o Joaquim Peixeoto], ele tem uma foto comigo no almoço, mas não encontro o Poste para ver o nome dele.  [Leite Rodrigues] [Foto nº 1] (*)

Ainda o cumprimentei, mas percebi que ele não me reconheceu, porque me tratou por senhor. Ele foi apanhado de surpresa para fazer um discurso e lá se safou, eu nem isso faria.

Não havia corneteiro para o toque a finados, apenas um som da rádio, no final com o Hino Nacional e fecho das cerimónias, muito pouco, mesmo pouquinho…. (**)

Ainda falei com o Nascimento, ele queria que eu fizesse parte da Associação, porque falta lá, segundo ele, gente mais letrada, com outras ‘patentes’, mas eu não sirvo para isso, e como sempre lhe disse, eu não pertenço a esta terra, estou por cá de passagem, a ver o tempo a passar.

Ele em 1973, juntamente com outros irmãos, abriu em Vila do Conde, a primeira coisa fora de série, Restaurante – Snack Chez Nous. Andava há tempos para lhe perguntar se o nome foi importado da Guiné adaptado ao Chez Toi, mas não, foi um irmão que lhe deu o nome, mas este importado de Angola. Fiquei desiludido, pois ainda lhe ia perguntar mais sobre o Chez Toi, ele diz que ouviu falar disso, mas nunca lá foi, é da geração de 68-70, na Guiné.

2 – Como estamos na época de São João, as festas da Vila fazem-se por aí muitos ‘eventos’

À frente de quase tudo, anda a minha Nora, directora dos Museus, Ivone, que é ‘pau para toda a colher’, uma mulher de garra nestas coisas da sua terra, e no final quem paga a factura é o meu filho.

- Havia uma concentração, ou passagem, de motards sob a sigla de ‘lés a lés’, com paragem obrigatória na nossa Nau,  na doca do Rio. Mais umas fotos e vamos almoçar, que está na hora.

- De tarde, e junto à Nau, houve fado pela Tuna académica, não sei de onde, talvez do Porto, foi bonito, porque a minha mulher gosta, e levou-me a velhos tempos, mas acabou cedo. [Foto nº 6]

O dia sempre frio, vento gelado, a minha mulher não aguenta, andamos vestidos como no Inverno, apesar do Sol espreitar, mas esta terra não me serve, já disse.

- Enquanto estivemos ali, já no final, eu ia olhando para o céu, e contava os aviões que passavam, vindos do aeroporto do Porto – Pedras Rubras. De dois  em dois minutos passava um, no final já ia quase em 20, então lembrei-me de outro programa.

- Vamos então ver os aviões no aeroporto de Pedras Rubras - agora chamam de Sá Carneiro, mas para mim é sempre o velho nome, daquele barraco que eu nos anos 50 vi a construir naquele descampado chamado então de Pedras Rubras, e assim ficou. Depois ergueu-se novo edifício e pista, e já lá aterrei quando vim de férias em 1969, era já um aeroporto, mas hoje, é um Super-Aeroporto, o mais belo de todo o mundo, que também assisti à sua construção, bem como a todas as grandes obras realizadas neste Milénio.

- Para quem não saiba, assisti à construção de raiz do Hospital São João do Porto, ainda a Asprela era um enorme campo cheio de nada, e hoje não cabe lá mais nada.

- Assisti à construção do Estádio das Antas, à sua inauguração, lá vi muitos jogos, quer nacionais quer internacionais, e por fim à sua demolição.

- Assisti, já neste milénio a todas as grandes obras que se fizeram no Porto, palmilhei a pé as linhas do metro em construção, estive nas profundezas das linhas subterrâneas, vi com alguma tristeza á demolição do Museu do elétrico na Rotunda da Boavista, e depois à construção da Casa da Musica nesse local.

- E tanta coisa, eu era um perfeito ‘fiscal de obras’ seria esta a minha tendência profissional, meto o nariz em tudo que está a ser demolido e a ser construído, especialmente as grandes obras. Posso dizer que não havia Auto Estrada, IC, IP e outras, onde eu não estivesse lá a ver, e a inauguração era imprescindível.

- Fui dos primeiros a fazer a viagem inaugural do Metro do Porto, em finais de 2001, com um bilhete oferecido, ainda sem valor, uma amostra do que seria o futuro ‘andante’.

- E fico por aqui, o resto da história está nas minhas memórias, que agora vou passar a fotografias, ainda não sei bem como, mas vou arranjar uma forma.

- Li nas minhas andanças pelo Google, na procura dos meus icónicos Cafés do Porto, que o antigo Café Imperial na Praça da Liberdade, por onde andei nos passados anos 60, hoje mais uma loja da cadeia McDonald’s, foi considerado ‘O mais bonito do Mundo’ de toda a cadeia da McDonald’s, e fiquei surpreendido e feliz por isso.

- Chegados mais uma vez ao nosso maior e mais bonito aeroporto do país – tenho de dizer isto senão fica tudo lá para outros locais -, fica-se impressionado com a quantidade enorme de pessoas e malas, os Metros de 2 carruagens chegam carregados de Turistas, e logo vão cheios com aqueles que chegam.

- Fui ver se filmava a pista, mas é difícil agora, tem várias paredes de vidros e nem o som se consegue ouvir, só a pista e eles a chegarem e levantarem. Fiquei ali 10 minutos, e contava pelo relógio, cada minuto estava preenchido, levantava um, e atrás aterrava outro, minuto a minuto, era impressionante, bem como as filas para o check-in.

- Lanchamos qualquer coisa a preços de turista, dava quase para um jantar aí numa tasca, e comia-se e ali só se cheirava, mas bom e eficiente serviço, limpeza quanto baste, eficácia por todos os lados, nada de confusões nem discussões, um bom lugar para passar um Domingo chato de chuva ou trovoada.

- Ainda fiz umas fotos minúsculas aos aviões, pois a minha máquina não dá para mais, reparei que são todos pequenos aviões dessas empresas de Low Cost. Lá chegam os novos turistas que se dirigem logo para a Estação do Metro, sabem disto melhor que a maioria dos moradores lá do sitio, que só andam de carro.

Às 8 horas fomos embora, o frio cada vez apertava mais, já nem as roupas de inverno chegam, mas parece-me que, segundo me disse a minha filha, que já noite o vento amainou e já puderam sair um pouco à rua a passear o cão. Eu andava em casa vestido à inverno.

- Como a minha mulher já deixa tudo adiantado, quando chegamos a casa, passado meia hora já tínhamos um ‘bom cozido à Portuguesa’ pois não como muito ao almoço, prefiro ao jantar.

As fotos:

Foto 1 – O discurso do Capitão  Falta-me o nome, mas acho que está ligado à equitação, e representante da Liga dos Combatentes. [Trata-se do capitão da GNR, reformado, o cavaleiro Leite Rodrigues, que tem uma escola de equitação em Leça da Palmeira (e que esteve na Guiné, como alferes miliciano, onde foi gravemente ferido em combate, em Sinchã Jobel),  O Leite Rodrigues sabe dar valor à solidariedade na dor e na perda, uma vez que já pssou por isto: em 2006, perdeu a sua filha, Filipa, de 14 anos, num trágico acidente com um dos seus cavalos.. A Filipa era uma promissora atleta da equitação portuguesa, tal como o pai (que foi atleta olímpico) vd. poste de

Foto 2 [Não incluída] – Estátua, a gravação dos nomes dos mortos do concelho de Vila do Conde, e agora também as fotos de cada um, os locais, as datas, de nascimento e morte.

Foto 3 – O Presidente da Associação, ao lado o Padre Bártolo, e a Presidente da Camara [, draª Maria Elisa de Carvalho Ferraz], de branco, o de boina é um elemento da associação.

Foto 4 – Eu, como assistente da cerimónia, fotografado pela minha filha

Foto 5  [Não reproduzida[ – As motas de parte dos mil Motards que passaram por Vila do Conde.

Foto 6 – A Tuna académica junto à Nau a tocar e cantar os seus fados

Foto 7 [Não reproduzida] – Aeroporto de Pedras Rubras. A chegada de um dos imensos aviões que por ali passaram, acho que está longe demais, mas não dá para chegar mais perto.

Foto 8 – O Cortejo, finda a missa, com as suas bandeiras, já em direcção ao local das cerimónias

Foto 9 – A estátua do combatente, tem cerca de 10 anos. Para o meu gosto não me agrada, mas não fui eu que a projectei.

Foto 10 – A ‘Menina dos olhos tristes’ a receber um ramo de flores. Este nome é de minha autoria, passei a designar assim, em homenagem à canção de Adriano Correia de Oliveira [, Porto, 1942 - Avintes, 1982],  chamada ‘a menina dos olhos tristes’ e a sua letra que nunca esqueci.

Foto 11 – Uma vista geral de uma das salas interiores do aeroporto, de grande luxo. [Do lado esquerdo, a esposa do autor. ]

Direitos reservados. Texto e imagens legendadas hoje, dia

2019-06-11

Virgilio Teixeira

[ ex-alf mil SAM, chefe do conselho administrativo, CCS / BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69); é economista e gestor, reformado; é natural do Porto; vive em Vila do Conde; tem mais de 130 referências no nosso blogue]
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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 7 de setembro de  2018 > Guiné 61/74 - P18994: Convívios (873): Tabanca de Matosinhos, 4ª feira, dia 5, com 35 camaradas e amigos/as: Joaquim Peixoto (1949-2018), presente ! (Parte II)

(**) Último poste da série >  10 de junho de 2019 > Guiné 61/74 - P19877: Efemérides (303): a Tabanca Grande marca presença, hoje, 10 de junho de 2019, às 12h00, em Belém, Lisboa, junto ao Monumento aos Combatentes do Ultramar, debaixo do "poilão" mais frondoso que lá houver... Juntamo-nos todos, os que puderem aparecer, para uma "foto de família"...

segunda-feira, 17 de setembro de 2018

Guiné 61/74 - P19021: Os nossos capelães (8): Adelino Apolinário da Silva Gouveia, do BCAÇ 506: "Os filhos da p... matam-me!"... (Alcídio Marinho, ex-fur mil, CCAÇ 412, Bafatá, 1963/65)


Lista dos capelães militares que serviram no CTIG, de 1961 a 1974: excerto, os primeiros vinte nomes da lista (de 1961 a 1966), de um total de 102 (Exército) (a Força Aérea e a Armada tiveram 7 e 4, capelões militares, no CTIG, respetivamente) (*)


1. Texto de Alcídio Marinho, inserido como comentário ao poste P16636:

[Foto à esquerda: Alcídio [José Gonçalves] Marinho, ex-fur mil inf, CCAÇ 412 (Bafatá, 1963/65): vive no Porto; é membro da nossa Tabanca Gande; tem cerca de 20 referências no nosso blogue; foto atual, à direita]



Na lista [, dos capelães militares que serviram no CTIG, de 1961 a 1974], está o Padre Adelino Apolinário da Silva Gouveia, que eu conheci: pertenceu ao BCAÇ 506.

Acompanhou o pessoal da CCAÇ 412 em muitas operações e deslocava-se aos vários destacamentos no mato, para rezar missa e dar apoio religioso e psicológico a todo  o pessoal. Era como um irmão nosso. Tive algumas conversas com ele.

Era madeirense. Mais tarde, saiu de padre e casou, morava em Lisboa. [Foi assesssor da Estação Agronómica Nacional.] O episódio mais caricato a que assisti, passado com ele, foi o seguinte:

A 27 de fevereiro de 1964, foi lançada a "Operação Marte" à Ponta de Inglês [, subsetor do Xime], onde a nossa companhia sofreu três emboscadas. Na primeira ficou ferido um soldado da minha secção, com um tiro de pistola, pelas costas. Ele que seguia pelo interior do mato, deu a correr para a estrada [Xime-Ponta do Inglês], apesar de lhe ter recomendado que,  em caso de ataque, enfrentasse o mesmo que eu iria socorrê-lo. Quando olho para o lado, está ele deitado, dizendo:
– Marinho, estou ferido.

Verifiquei onde estava ferido e sosseguei-o, dizendo:
– Ó pá,  isso não é nada, tem calma, eu vou chamar o enfermeiro.

Tinha levado um tiro de pistola. Só se via nas costa do seu lado esquerdo, na direcção do baço, uma pequena roseta, por onde tinha entrado o projéctil e veio alojar-se na frente, onde se via uma pequena mancha escura. Nunca foi retirada e ainda, actualmente, se apalpa o projéctil, na sua barriga.

Na segunda emboscada eles atacaram mesmo junto á estrada, e um dos turras viu o capelão Apolinário meter-se atrás da roda traseira dum Unimogue e toca de fazer fogo com uma PPSH (costureirinha).

Então só se ouvia uma voz que gritava:
–  Filhos da pu...ta, mer...da, cara..lho! Quem me acode? Os filhos da puta... matam-me!

Começamos a atacar o local donde vinha o fogo, afastando o perigo do Unimogue. Eis, quando vimos sair,  debaixo do Unimogue, o Padre Apolinário, branco como a cal, com a pistola Walther na mão, tremendo todo como varas verdes. Começamo-nos todos a rir.

Diz ele:
– Se alguém disser o que ouviu e viu, eu juro, a pés juntos, que é tudo calúnias e participo do engraçadinho.

A malta ainda mais se riu. ontinuamos a marcha, e sofremos a terceira emboscada. Fomos atacados por enxames de abelhas.

Naquele pedaço de estrada, nas árvores das bermas, tinham colocado, lá no alto, uma espécie de cortiços, pareciam melões, feitos de barro, onde estavam as abelhas. Quando começou a emboscada, atacaram-nos e, ao mesmo tempo, atiraram aos cortiços, que caíram e partiram, destruindo o habitat das abelhas.

Estas, furiosas, atacavam tudo e todos. Um motorista, o Cândido, caiu e as abelhas atacaram-no e. coitado, acabou por falecer. Tinha em cima dele mais de um palmo de abelhas.

Tirei do meu bornal um volume de tabaco , que distribui pelo pessoal, indicando que metessem nos lábios três ou quatro cigarros e os acendem-se e soprassem para fora, fazendo fumo. Também cortamos capim e toca a fazer archotes para fazer fumo e afastar as abelhas, pois elas eram aos milhares.

Fui picado por uma abelha, na orelha direita que,  passado pouco tempo, ficou dura como uma tábua e do tamanho duma mão.

Entretanto, na refrega da emboscada, ouvimos e vimos o capitão Braga, descalço, tinha tirado as botas e tentava despir-se, parecia um louco e berrava muito.

Os pés já estavam todos queimados, eram duas horas e meia da tarde, o sol queimava e as areias da estrada torravam, de quentes que estavam (52º,  ao sol).

O furriel enfermeiro Silva teve que sedar o capitão. Aí acabou a operação. Toca a voltar para Xime e Bambadinca. (**)

Abraços

Alcídio Marinho
CCaç 412

[Revisão / fixação de texto: LG]

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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 25 de outubro de 2016 > Guiné 63/74 - P16636: Os nossos capelães (5): Relação, até à sua independência, dos Capelães Militares que prestaram serviço no Comando Territorial Independente da Guiné desde 1961 até 1974 (Mário Beja Santos)

(**) Último poste da série >  15 de setembro de  2018 > Guiné 61/74 - P19018: Os nossos capelães (7): o 1º curso de formação de capelães militares foi em 1967, na Academia Militar

sábado, 15 de setembro de 2018

Guiné 61/74 - P19018: Os nossos capelães (7): o 1º curso de formação de capelães militares foi em 1967, na Academia Militar


Lisboa > Academia Militar > 23 de outubro de 2017 > Comemoração  dos 50 anos do 1º curso de formação de capelães militares. Foto: Agência ECCLESIA/HM (reditada pelo Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné, com a devida vénia...)






1º Curso de Formação de Capelães Militares, realizado na Academia Militar, de 23 de agosto a 17 de setembro de 1967. Lista  dos sacerdores, graduados em aspirante a oficial, que o frequentaram, por ramos das Forças Armadas (Marinha, Força Aérea e Exército).

Fonte: Ordinariato Castrense  (sítio da Diocese das Forças Armadas e das Forças de Segurança)


1. Entre os 58 participantes deste 1º curso de formação de capelães militares estão dois membros da nossa Tabanca Grande:

(i) Mário de Oliveira (ex-alf mil capelão, CCS/BCAÇ 1912, Mansoa, entre novembro de 1967 e em março 1968);

(ii) e Horácio Fernandes.(ex-alf mil capelão, BART 1913, Catió, 1967/69).

Outro dos participantes foi deste histórico curso foi padre Carlos Augusto  Leal Moita, entretanto já falecido, segundo informação do nosso camarada Virgílio Teixeira. Em 1988, tinha o posto de major capelão.

50 anos depois, em 2017, o Ordinariato Castrense celebrou este histórico curso de formação de capelães militares. Ver aqui vídeo da Agência Ecclesia. Ver também aqui a notícia escrita, de 23 de outubro de 2017.

Antes de 1967, já havia capelães militares no TO da Guiné, mas sem formação específica (que passou a ser prevista no art. 10º do decreto-lei nº 47188, de 8 de setembro de 1966)..

O nosso blogue tem 80 referências com o descritor capelães. Temos ainda a série Os Nossos Capelães, com 13 referências.

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Nota do editor:

Útimo poste da série > 25 de outubro de 2016 > Guiné 63/74 - P16638: Os nossos capelães (6): Libório [Jacinto Cunha] Tavares, o meu Capelini, capelão dos "Gatos Negros", açoriano de São Miguel, vive hoje, reformado, em Brampton, AM Toronto, província de Ontario, Canadá (José Martins, ex-fur mil trms, CCAÇ 5, Canjadude, 1968/70)

Vd. postes anteriores da série:

25 de outubro de 2016 > Guiné 63/74 - P16636: Os nossos capelães (5): Relação, até à sua independência, dos Capelães Militares que prestaram serviço no Comando Territorial Independente da Guiné desde 1961 até 1974 (Mário Beja Santos)

17 de setembro de 2014 > Guiné 63/74 - P13616: Os nossos capelães (4): O bispo de Madarsuma, capelão-mor das Forças Armadas, em Gandembel, no natal de 1968 (Idálio Reis, ex-alf mil, CCAÇ 2317, Gandembel / Balana, 1968/69)

5 de setembro de 2014 > Guiné 63/74 - P13577: Os nossos capelães (3): O capelão do BCAÇ 619 ia, de Catió, ao Cachil dizer missa... Creio que era Pinho de apelido, e tinha a patente de capitão (José Colaço, ex-sold trms, CCAÇ 557, Cachil, Bissau e Bafatá, 1963/65)

5 de setembro de 2014 > Guiné 63/74 - P13576: Os nossos capelães (2): Convivi com o ten mil Gama, de alcunha, "pardal espantado"... Muitas vezes era incompreendido, até indesejado por alguns, pois tinha coragem para denunciar os abusos, quando os presenciava (Domingos Gonçalves, ex-allf mil, CCAÇ 1546 / BCAÇ 1887, Nova Lamego, Fá Mandinga e Binta, 1966/68)

5 de setembro de 2014 > Guiné 63/74 - P13575: Os nossos capelães (1): Conheci em Bedanda o ten mil Pinho... Ia visitar-nos uma vez por mês para dizer missa... E 'pirava-se' logo que podia (Rui Santos, ex-alf mil, 4.ª CCAÇ, Bedanda, 1963/65)

quinta-feira, 5 de julho de 2018

Guiné 61/74 - P18814: Efemérides (287): O 10 de junho em Ponte de Lima: vibrante homenagem aos Limianos mortos na Grande Guerra e na Guerra Colonial (Mário Leitão)


Foto nº1


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Foto nº 5


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Foto nº 7


Foto nº 8

Ponte de Lima > 10 de junho de 2018 > As cerimónias organizadas pelo Núcleo de Ponte de Lima da Liga dos Combatentes.

Fotos, texto e legenda: © Mário Leitão (2018). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar; Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Mensagem, de 12 de junho p.p.,  de Mário Leitão 

[ hoje farmacêutico reformado, ex-fur mil, Farmácia Militar de Luanda, Delegação n.º 11 do Laboratório Militar de Produtos Químicos e Farmacêuticos (LMPQF), 1971 a 1973; residente em Ponte de Lima, membro da nossa Tabanca Grande, escritor, autor de livros como "História do Dia do Combatente Limiano" (2017) e "Biodiversidade das Lagoas de Bertiandos e S. Pedro d´Arcos" (2012) e, mais recentemente (2018), "Heróis Limianos da Guerra do Ultramar"]


Camarada Luís, voltei!

Um abraço para a tua equipa e todos os Grão-Tabanqueiros!

A Homenagem aos Limianos falecidos na Grande Guerra e na Guerra Colonial, ontem promovida pelo Núcleo de Ponte de Lima da Liga dos Combatentes [Foto nº 4], correu muito bem, com uma grande afluência de familiares [Fotos nºs 5 e 8], entidades oficiais e veteranos. 

O Capelão Aspirante a Oficial Ricardo Barbosa, celebrante da missa de sufrágio pelos 80 Heróis do nosso concelho, proferiu um vibrante discurso [Fotos nº 7 e 78. Foi uma pena não ter sido gravado, porque nunca ouvi nada igual sobre a temática dos deveres da nossa sociedade para com as memórias dos que por ela morrem!

Foi uma homilia soberba! Insurgiu-se contra a insolência dos que ignoram o sacrifício dos Heróis da Pátria! Denunciou a ausência daqueles que deviam estar naquela igreja e não estavam! Consolou os familiares dos Mortos! Leu, um por um, todos os oitenta nomes, referindo as suas freguesias! Desafiou os presentes para fazerem ainda mais e melhor no próximo ano! Foi lindo!

Os Escuteiros de Arcozelo e da Correlhã [Fotos nº 1, 2, 5, 6 e 7] apareceram em força, assumindo o início de uma saudável transmissão de tarefas, de conhecimento histórico e de emoções!

Está foi a primeira actividade da Liga dos Combatentes, recentemente criada em Ponte de Lima. Está a nascer em força, com adesão de muitos combatente e simpatizantes. 

No Memorial dos Combatentes, uma Força Militar do Regimento de Cavalaria 6, de Braga [ Fotos nºs 1, 2 e 3]  prestou as honras militares, sob a saudação devida ao oficial mais graduado presente, o Coronel Agostinho Cruz, comandante da GNR de Viana do Castelo [Foto nº 3]. O Núcleo de Monção da Liga dos Combatente [Foto nº 4] também se associou a esta Homenagem, na qual participou o Presidente da Câmara e o Presidente da Assembleia Municipal.[

Várias personalidades proferiram discursos, entre eles o Tenente-coronel Ribeiro Leitão e o veterano Dr. [Manuel] Oliveira Pereira [, nosso grã-tabanqueiro]

Teve particular impacto a presença da Alferes Enfermeira Paraquedista Rosa Serra [, nossa grã-tabanqueira], que se deslocou propositadamente desde Lisboa. Ao usar da palavra cativou a assistência com a descrição da sua experiência militar.

No final da Homenagem foi apresentado o meu livro Heróis Limianos da Guerra do Ultramar, numa sessão presidida pelo Presidente da Canara Municipal.

Nessa sessão foi dedicado um minuto de silêncio em memória do Coronel Ranger António Feijó de Andrade Gomes, recentemente falecido. Aliás, a sua memória foi referida durante a missa e na cerimónia de Homenagem.

Aqui te envio algumas fotografias!

Um grande abraço!
Mário Leitão
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terça-feira, 11 de outubro de 2016

Guiné 63/74 - P16587: O cruzeiro das nossas vidas (25): O meu regresso a casa, no N/M Uíge (Manuel Resende (ex-alf mil art, CCAÇ 2585/BCAÇ 2884, Jolmete, Pelundo e Teixeira Pinto, 1969/71)


Foto nº 1 > N/M Uíge > Regresso a Lisboa > Março de 1971 > Jantar de Gala, onde estou eu (de óculos), à direita da foto o alf Marques Pereira, da minha Companhia, vive em Maputo. À esquerda da foto o alf José Alves Calado e o último creio que se chama Miranda, não tenho a certeza




Foto nº 2 > Uma foto do médico da meu Batalhão, dr. Dinis Martins Calado. Na viagem de ida para a Guiné, a bordo do Niassa [em 1969].




Foto nº 3 > E mais uma do nosso capelão Pe. António Gameiro, na mesma viagem, para a Guiné, no Niassa [1969]


Fotos  (e legendas): © Manuel Resende (2016) Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Comentário ao poste P16576 (*), inserido na página do Facebook do Manuel Resende (ex-alf mil art, CCAÇ 2585/BCAÇ 2884, Jolmete, Pelundo e Teixeira Pinto, 1969/71).


Parabéns por estares na Magnífica [Tabanca da Linha]. Caro Luís, eu tenho esse folheto do meu regresso no Uíge, digamos que em óptimas condições. 

Tenho uma vaga idéia do tenente Barata, lembro-me perfeitamente das crianças que vinham na viagem, mas não posso identificar ninguém. 

Quanto aos camaradas alferes conheço muitos. O meu Batalhão 2884 e o 2885 fomos e viemos juntos. Além do mais, os alferes dos dois Batalhões andaram em Mafra na mesma incorporação e alguns foram meus camaradas em Vendas Novas.

Tenho uma foto desse Jantar de Gala, onde estou eu (de óculos), à direita da foto o alf Marques Pereira, da minha Companhia, vive em Maputo. À esquerda da foto o alf José Alves Calado e o último creio que se chama Miranda, não tenho a certeza (Foto nº1). Fomos todos colegas em Mafra e Vendas Novas.

Em relação a outros nomes, conheço o Raúl Godinho, da minha Companhia; o médico Diniz Calado, médico do meu Batalhão 2884, presentemente director clinico das Termas da Curia, ainda estive com ele há pouco tempo (Foto nº2); e o nosso capelão Pe. António Gameiro (Foto nº 3) que não encontro em lado nenhum, já fui a Fátima, de propósito, ao Seminário a que eu penso que ele pertencia, e nada.

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sexta-feira, 1 de abril de 2016

Guiné 63/74 - P15925: Memória dos lugares (337): Cancolim, subsetor de Galomaro (Rui Baptista, ex-fur mil, CCAÇ 3489 / BCAÇ 3872, 1972/74) - Parte II: "Passei lá alguns maus bocados, com duas idas ao hospital, mas também lá tive alguns bons bocadinhos"...



Foto nº 10 A > "Os Vingadores", o meu pelotão  (2.º Pelotão da CCaç 3489),  prontos para uma patrulha. Ficámos com este nome porque quase sempre nos tocava ir em busca do IN após os ataques ao aquartelamento


Foto nº 10 B > "Os Vingadores", o meu pelotão  (2.º Pelotão da CCaç 3489)...


Foto nº 8 > Um posto de sentinela em Cancolim


Foto nº 11 > Mais uma partida para o mato de "Os Vingadores" em 15 de  abril de 1972, após uma flagelação a Cancolim à hora do almoço... Não gostávamos que o Juvenal Amado lá levasse o capelão... Não sei porquê, o homem dava-nos azar... Sempre que lá ia, Cancolim embrulhava"...


Foto nº 13 > Segurança à picada entre Cancolim e Sangue Cabomba


Foto 14 > Preparação para uma coluna a Bafatá (parte do 2.º Pelotão)


Foto nº  15 > O estado em que ficou a viatura (Unimog 404) que caiu numa mina em 14 de agosto de 1972 na picada,  no regresso de Bafatá a Cancolim (deixou-me 40 dias, todo partidinho, no HM 241 de Bissau – além de mim tivemos mais 16 feridos,  entre eles dois camaradas que tiveram de ser evacuados para o HMP de Lisboa)


Foto nº 3 A > Vista aérea de Cancolim: ao fundo do lado esquerdo, o heliporto... Além das instalações, veem-se alguns troços do perímetro de valas, abrigos e espaldões... Não havia artilharia, só morteiro 81...


Foto nº 3 B > Outra vista aérea de Cancolim: em segundo plano, a tabanca, anexa ao quartel...

Fotos (e legendas): © Rui Baptista (2009) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados.


1. O Rui Batista (ex-fur mil, CCAÇ 3489 / BCAÇ 3872, Cancolim, 1972/74)  mora em Póvoa de Santo Adrião, Loures, com 65 anos de idade, está reformado, é lisboeta, sendo os pais oriundos de Arganil. e é nosso grã-tabanqueiro desde 9/12/2009.
 

Já aqui nos contou parte das andança e desandanças pelo TO da Guiné (*)... A primeira parte da comissão são mais intranquila.  Cancolim era um buraco lá no sector de Galomaro...
 

"O resto da comissão, principalmente os últimos 7 ou 8 meses de 1973, foi bem mais calmo. O último ataque a Cancolim foi em 20 de Janeiro de 1974. Nesse dia o IN veio de manhã, quase junto ao arame, mas apesar de muitos de nós andarem a jogar futebol, conseguimos fazer com que batessem em retirada deixando um morto no terreno".

Foi parar ao hospital duas vezes:

"A primeira vez que fui parar ao Hospital Militar de Bissau foi devido a uma febre que ninguém conseguiu identificar. Cheguei lá a 6 de Junho de 1972 e saí quase um mês e meio depois". (...)

"A segunda vez foi pouco tempo depois da primeira, foi logo na coluna seguinte a me irem buscar a Bafatá, dia 14 de Agosto de 1972. Não era a vez do meu Pelotão fazer a coluna. Quem estava na escala era o 1.º Pelotão,  comandado pelo Capitão;  este alegando que não se sentia bem e como eu tinha estado fora da Companhia algum tempo, conseguiu convencer-me a substituí-lo dessa vez".

O Rui confessa que não gostou  muito da ideia mas lá foi, contrariado... E tinha razões para temer que aquele fosse um dia aziago...

"Após a saída de Bafatá,  comecei a sentir que algo não ia correr bem. Ao chegarmos a Sangue Cabomba fui colocar o saco do correio (a mais sagrada das coisas para nós) na última viatura, e dei algumas indicações aos condutores de como iríamos proceder à passagem das zonas mais perigosas do resto do percurso até Cancolim.

"Foi exactamente no último bocadinho do troço onde nos podiam emboscar que deflagrou a mina colocada na picada. A partir desse momento não me lembro de muita coisa, sei que ainda dei instruções ao homem do rádio para pedir o batimento da zona e também de pedir uma arma e água a um elemento da população e deste me dizer que a mina não era para mim ("Furriel desculpa a mina não era para ti" – foi o que me ficou gravado na mente)."...

A seguir o Rui foi evacuado de heli para Bafatá...

"Recordo ainda de desmaiar sempre que me agarravam no ombro partido e de me terem posto numa maca dentro de numa DO. Acordei em Bissau quando me estavam a cortar o camuflado e voltar a desmaiar quando me agarraram no ombro para radiografar, acordei ao fim de três dias todo ligado e entubado na sala de observações. Estive hospitalizado 40 dias"...
Balanço da explosão da maldita mina: 17 feridos, dois deles evacuados para Lisboa.

"Até aqui só escrevi sobre coisas menos boas, mas também existiram algumas bem divertidas como, por exemplo,  aquela de eu ter pedido uma ZUP em vez de 7UP na primeira vez em que entrei na messe de sargentos no Cumeré, foi um "salta, pira!", geral.

Outras de que se lembra:
(i) "as corridas de arcos com gancheta que fazíamos na parada de Cancolim";

(ii) "um ou dois festivais da canção de Cancolim: uma das canções vencedoras,  "Rio Chancra" era cantada pelo Rodinhas (Furriel Mecânico Correia)";

(iii) "as caçadas às galinhas e cabras da população, e a fisgadas as pombos do nosso pombal para os petiscos";

(iv) "os campeonatos das mais variadas jogatinas de cartas";

(v) "as missivas que escrevíamos aos ratos para não nos roerem as roupas dentro dos armários – quando vim de férias da primeira vez, dei com o meu saco de viagem todo desfeito e no meio dos farrapos uma ninhada de 7 ratinhos"...

"E mais, muito mais", diz ele, "que eu não sei contar aqui"!... A gente acha que ele sabe e tem jeito para contar histórias... Esperamos que nos visite muito proximamente, agora que lhe fomos reeditar (e para melhor!) algumas fotos do seu álbum...
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Nota dos editores:

(*) Último poste da série > 27 de março de  2016 > Guiné 63/74 - P15907: Memória dos lugares (336): Cancolim, subsetor de Galomaro (Rui Baptista, ex-fur mil, CCAÇ 3489 / BCAÇ 3872, 1972/74) - Parte I