segunda-feira, 22 de junho de 2009

Guiné 63/74 – P4563: Agenda Cultural (19): 2º Ciclo de Conferências “Memórias Literárias da Guerra Colonial”, 25 Junho (Amílcar Morais, António Brito)

CONVITE
Camaradas Tertulianos,

Trazemos ao vosso conhecimento mais este convite, para a vossa presença em mais uma intervenção, integrada no 2.º Ciclo de Conferências dedicado às "Memórias Literárias da Guerra Colonial”, desta vez proferida pelos nossos camaradas-de-armas Amílcar Ador Morais e António Brito.

Este evento vai decorrer no próximo dia 25 de Junho, pelas 19 horas, na Biblioteca-Museu República e Resistência/Grandela, em Lisboa, onde os oradores falarão sobre o tema: “Um pára-quedista em Moçambique / Um abraço a Moçambique”.

BIBLIOTECA-MUSEU REPÚBLICA E RESISTÊNCIA
ESPAÇO GRANDELLA
Estrada de Benfica, 419
1500-078 Lisboa
Telefone: 21 771 23 10

Um abraço,
José Paulo Sousa
__________

Nota de M.R.:

(*) Vd. poste anterior, desta série em:

Guiné 63/74 - P4562: IV Encontro Nacional do Nosso Blogue (7): Tocámos certinho e dobrámos o Bojador...(David Guimarães)

Quinta do Paul, Ortigosa, Monte Real, Leiria > IV Encontro Nacional do nosso blogue > 20 de Junho de 2009 > O nosso trio musical: Joaquim Mexia Alves, fadista; Álvaro Basto e David Guimarães, violas.

Quinta do Paul, Ortigosa, Monte Real, Leiria > IV Encontro Nacional do nosso blogue > 20 de Junho de 2009 > Na hora da partida: o David Guimarães e a esposa, a Lígia (Espinho), o António Pimentel (Porto) e o Hernâni Acácio Figueiredo (Ovar) ...

Fotos: © Luís Graça (2009). Direitos reservados.

Imagem do Saara Ocidental, a caminho da Guiné-Bissau, depois de passar o Cabo Bojador e o Trópico de Câncer... (*)

Foto: © José Manuel Lopes (2009). Direitos reservados.

1. Mensagem do membro nº 3 da nossa Tabanca Grande, David Guimarães, tão antigo como o Luís Graça, o Sousa de Castro, o A. Marques Lopes...


Mais um sinal forte vindo da nossa Tabanca – a unidade na amizade e a quadra que eu lia bem e ouvia bem (mas era diferente) … Ler estava errado, ouvir estava.

Quando as coisas correm bem como que se diz – que bom, e basta, e vamos partir para outra…

É evidente que me quero hoje referir ao último Sábado onde a festa foi maior ainda – efectivamente a Tabanca está cada vez mais cheia e sempre bonita e de porta aberta – que para o ano aquele espaço que se abriu onde mais convivemos com as rações de reserva (Tipo L – L de luxo) seja ocupado por mais tertulianos e acredito mesmo que vai ser...

Foi um dia, como se costuma dizer, em cheio em que, terminada a operação, cada combatente chegou a casa feliz com a missão cumprida – parabéns à Organização que como sempre esteve impecável…

Quer dizer o ex-Furriel tal tal tal que sou eu – estou feliz por Sábado e a todos por aqui quero mandar aquele abraço, um abraço.

E agora…

Bem coube-me a mim a sorte, e ao Álvaro Basto, de ter a honra de acompanhar o fado Guiné – o Fado que é nosso já e que o Mexia Alves fez o favor de o escrever, e bem, a nosso contento. E, se melhor o escreveu, melhor o diz a cantar, ao ritmo do fado Primavera, claro – é o fado da Tabanca…

E agora: quando lá atrás estávamos a ensaiar, a escolher tons, fazer transposições, a acertar com a voz… aí mesmo eu ouvia o que não está aqui escrito no fado nem deveria estar…

Dobrado o Equador,
Ficou para trás o amor
Que então em ti vivia.


Aqui está escrito uma coisa que não foi escrita pelo Mexia Alves e que urge corrigir – e eu lá nos pormenores… É que nenhum de nós para a Guiné teve de fazer esse percurso – o Equador ficava bem mais abaixo, não muito mas um pedaço mesmo – e lendo dá a impressão que o Mexia foi dar essa volta toda – quando ele diz e muito bem e que além de certo é bem diferente claro.

Dobrado o Bojador,

E assim é que fica o Fado Guiné tal qual o autor o fez – é que do Bojador ao Equador vai então mais um pedaço que da Guiné lá mesmo também… E o que tenho receio é que alguém se acredite que passámos mesmo o Equador.

Vamos lá emendar a letrinha que o Mexia escreveu bem e cantou sempre bem, e quem o transcreve continua a passar mal o dito verso Dobrado o Equador que deve ser Dobrado o Bojador.

Desta vez estive mesmo atento – é que por norma quando tocamos queremos saber o tom e a música e estar com atenção ao andamento e aquele momento em que o fadista faz sinal que vai acabar….

E desculpem qualquer coisinha mas duas violas afinadas, uma em si e outra em lá (Álvaro Basto e eu) a acompanhar o Mexia que se tentava fazer ouvir e o coral das vozes à mistura – até esteve tudo muito certinho e acabou certo…

E quando é o Quinto Encontro?

Um abraço

David Guimarães

2. Comentário de L.G.:

Meu caro David:

Também dei conta do erro (de palmatória), mas não o corrigi logo... Não há dúvida que o J. Mexia Alves diz taxativamente BOJADOR, mas na letra do Fado da Guiné consta, de facto erradamente, o termo EQUADOR...

É um erro grosseiro, sistemático, resultante destas facilidades do Copy & Paste... Obrigado por estares atento, obrigado pela tua prestação musical (tua e do Álvaro), obrigado pelos teus comentários, obrigado pelo teu optimismo...

Perguntas-me pelo V Encontro... Ainda não fizemos o balanço do IV, mas posso dar-te a minha opinião: o mês de Abril é provavelmente o mais indicado para a realização do nosso evento... A partir de Maio, há inúmeros convívios do pessoal de unidades que passaram pela Guiné... De qualquer modo, ainda é cedo para tomar uma decisão... Vamos consultar a Tabanca Grande. Espero que para o ano tenhamos já a dimensão de um batalhão (500/600)...e possamos atingir a cifra dos dois milhões de páginas visitadas... Megalomania ? Não, estamos só a criar resiliência contra a crise...

Até lá, muita saúde e longa vida, mesmo se Deus não nos dá tudo...LG

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Notas de L.G.:

(*) Vd. postes de:

15 de Março de 2009 > Guiné 63/74 - P4033: De regresso a Mampatá (Zé Manel Lopes) (1): Da Tabanca de Matosinhos ao Cabo Bojador

15 de Março de 2009 > Guiné 63/74 - P4034: De regresso a Mampatá (Zé Manel Lopes) (2): Do Trópico de Câncer à Mauritânia

(...) Continuação da publicação do diário de bordo do nosso camarada e amigo José Manuel Lopes, ex- Fur Mil, CART 6250, > CART 6250 , Os Unidos de Mampatá (Mampatá 1972/74)

(...) 23 de Fevereiro de 2009, domingo:

Partida pela manhã, após visita ao Cabo Bojador, pois quem o quiser passar terá de o fazer para além da dor. Não foi o caso e a viagem prosseguia com agrado de todos. E lá seguimos numa estrada paralela ao Atlântico, do outro lado o deserto, aqui e ali com muitos camelos. Uma vegetação muito pobre, que comem as cabras e bois que vimos pelo caminho? Um aspecto muito negativo, a quantidade de lixo que se encontra nas bermas da estrada.Passamos Dakla e em seguida cruzamos o Trópico de Câncer, justamente quando passavamos ao lado de Elargoub. Por aí o almoço, atum, enchidos e queijo. (...)


O Cabo Bojador, no Saara Ocidental, foi dobrado, pela primeira vez, pelo navegador português, em 1434, e por um grupo de 15 valentes marinheiros portugueses que assim desfizeram o mito do Cabo Não ou do Medo.

A Guiné-Bissau fica no hemisfério norte, portanto a norte da linha do equador...

(**) Vd. último poste de 22 de Junho de 2009 > Guiné 63/74 - P4560: IV Encontro Nacional do Nosso Blogue (6): De São Miguel, Açores, com emoção e amizade (Tomás Carneiro, CCAÇ 4745, 1973/74)

Guiné 63/74 - P4561: Blogpoesia (49): História de Portugal em sextilhas (Manuel Maia) (VI Parte): IV Dinastia (Brigantina) (até 1755)

Guiné-Bissau > Região de Tombali > Cantanhez > Cadique > Destacamento da 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4610 (1972/74) > O novo cais de Cadique... Guiné-Bissau > Região de Tombali > Cantanhez > Cafal Balanta > Destacamento da 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4610 (1972/74) > "Foto tirada à partida de Sintex para Cufar ou Cadique em busac de correio e uns frescos... Estava vestido com a minha farda mais usual (fora do regulamento) e, para não destoar, as botas eram dos Fuzas (trpa extraordinariamente especial) a quem troquei (um sargento) por um par meu".

Guiné-Bissau > Região de Tombali > Cantanhez > Cafal Balanta > Destacamento da 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4610 (1972/74) > "Parte da frota da Marinha de Guerra do PAIGC, algures no Cantanhez"...

Guiné-Bissau > Região de Tombali > Cantanhez > Cafal Balanta > Destacamento da 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4610 (1972/74) > "Eis-me aqui devidamente uniformizado com fardamento do Exército Português, ams pago por mim, e onde até as divisas de bico para baixo lá estavam... Mais tarde, já depois do 25, haveriam de fazer com fizeram com tudo, virando-as do avesso, de bico para cima, ainda a propósito das ditas...

"Felizmente não sou desse tempo embora tivesse apanho um episódio cariacto que relatarei depois noutro local...

"E digo-as que as coloquei para não ser confundido com algum major general. Eram modestinhas mas merecidas"...

Fotos (e legendas): © Manuel Maia (2009). Direitos reservados.

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VI parte da História de Portugal em Sextilhas, escritas pelo Manuel Maia, licenciado em História (ex-Fur Mil da 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4610, Bissum Naga, Cafal Balanta e Cafine, 1972/74) (*).


QUARTA DINASTIA ("BRIGANTINA")


168-A nova Brigantina dinastia
qu´el rei D.João IV inicia,
de todos mereceu a confiança.
Em Cortes de Leiria se reitera
o apoio que o bom povo já lhe dera
por ser oitavo duque de Bragança...


169-Espanha instiga a lusa fidalguia,
usando o suborno como via
p´ra torpe e vil real conspiração.
Tramóia detectada, a forma achada
foi cepo e gume frio de uma espada,
salvou-se,apenas, bispo, com prisão...


170-É urgente defender a lusa terra,
daí preparativos para a guerra
que el-rei D.João IV impõe agora.
Matias de Albuquerque, indigitado
fronteiro-mor do reino restaurado,
arranca muito firme,sem demora...


171-Em Campo Maior cria um baluarte,
muralhas d´Olivença faz com arte,
prepara armada com mais caravelas.
Dez naus,quatro navetas,três fragatas,
com pinhos,cedros,destas lusas matas,
vilacondense é o pano cré das velas...


172-Empreender depressa a ofensiva,
ficar na rectaguarda à defensiva,
opiniões divergem, cada dia...
Fronteiro-mor avança,peito rijo,
bem junto a Badajoz,até Montijo
que cede ante a surpresa da ousadia.


173-Optou então Matias p´lo regresso
-garante não havia p´ro sucesso-
do ataque a Badajoz, com poucas gentes...
Molligen emboscou seus batalhões
que atacam furiosos,quais leões,
armados totalmente, até aos dentes...


174-Foi grande o dizimar no corpo luso,
deixando em euforia,mas confuso,
o imprudente Paco, distraído...
Reservas que esquecera, o luso tinha,
p´ra usar no seu avanço em toda a linha,
vencendo o que parecia estar perdido...


175-Urgia agora pois recuperar
perdidos territórios d´além-mar
que gentes holandesas usurparam.
D´Angola e S.Tomé se expulsou
piratas que o Brasil também expurgou,
e as terras ao pendão luso voltaram...


176-Colonos não respeitam liberdade
dos índios do Brasil,valha a verdade,
é urgente informar rei do incumprimento.
Do alto do seu púlpito, Vieira,
o padre Jesuíta, vê maneira
de criticar colonos no momento...

177-Com peixes vai fazer analogia
p´ra crítica mordaz que se pedia,
difícil e perigosa, impõe coragem...
Modelo de oratória foi então
de S.tº António aos peixes,um sermão,
colonos entenderam a mensagem...

178-Na teia das palavras a excelência,
é urdida com rigor e minudência,
Vieira quer sedosa e viva a escrita...
Estudo jesuítico é bagagem
do brilhantismo ímpar na linguagem
que o padre em seus sermões sempre exercita...

179-Passavam quatro anos sobre a data
do sacudir do jugo e malapata
do filipino mando em Portugal...
Marquês de Torrecusa vai cercar
a praça d´Elvas,p´ra fazer vergar,
mas lusos resistiram no local...


180-E quando D.João enfrenta a morte,
já o filho Teodósio, mesma sorte
tivera anos antes tão maldita.
Sucede-lhe Afonso, algo incapaz,
feitio airado,um jeito contumaz,
a ter por fado vida de desdita...


181-Catorze anos volvidos e de novo
a ideia de domarem este povo,
assalta os maus vizinhos cá da Ibéria...
Luis de Haro agora é o comandante
da numerosa força sitiante,
disposta a levar Elvas à miséria...


182-Cidade vê colinas ocupadas,
nascerem linhas bem fortificadas,
cercando o velho burgo, totalmente...
Durante o dia bombardeios vários,
co´a peste engrossam óbitos diários,
espectro do desaire é eminente...


183-Seria D.António de Meneses
a agrupar milhares de portugueses
p´ra ajuda aos elvenses, sitiados.
Vitória esmagadora lusitana
obriga Haro a fuga algo temprana,
total a humilhação dos derrotados...


184-Estrondosa esta vitória ganha asinha,
(marquês o fez depois, sua rainha...)
de Cantanhede é conde este Meneses.
D.Sancho Manuel é agraciado
de conde Vila Flor foi titulado
por infligir à Espanha tais revezes...


185-Castela, com João de Áustria, agora,
reverte a seu favor, e sem demora,
vitórias no contexto desta guerra...
Tomando Juromenha,Alter do Chão,
Monforte,Crato,Évora,acha então,
que é tempo de ocupar toda esta terra...


186-Do lado luso surge uma mudança,
pois Marialva deixa a liderança,
ignoram-se as razões do afastamento.
O conde Vila Flor vai p´ro comando
com Jacques Magalhães acolitando
ao lado de Schomberg e seu talento...


187-Caíram eborenses sitiados,
vem tarde Magalhães com seus soldados
bem como Vila Flor,Sancho Manuel.
Ameixial sorriu às lusa gentes,
fazendo os castelhanos mais descrentes
que largam cerco e fogem em tropel...


188-Bem junto a Borba,lá p´ra serra d´Ossa,
Castela,em Montes Claros, sofreu mossa,
pesada e decisiva,a derradeira.
Sete horas foi o tempo da peleja
que mostra um Marialva que deseja
provar supremacia da bandeira...


189-Marquês de Caracena,derrotado,
fugiu p´ra Badajoz, bem humilhado,
largando os presos feitos na jornada.
Os mortos que abandona, são milhares,
cavalos,asnos,centos de muares,
derrota fez ditar a paz selada...


190-Castelo Melhor logo se insinua
na vida do monarca que actua
de forma ao seu cognome fazer juz.
Nas linhas d´Elvas ou Ameixial,
em Montes Claros com vitória tal
que à paz definitiva,isso conduz.


191-El-rei Vitorioso ora retoma
a anglo aliança e paga soma
doando Tanger,também Mombaím.
Pesado dote p´ra irmã Catarina
a quem rumo da Albion determina,
casar-se com rei Carlos foi seu fim...


192-Afonso da cabeça era doente,
não tendo sucessor,por impotente (?),
daí medida imposta p´lo conselho.
O trono lhe é cassado e passa então
p´ras mãos de Pedro que era seu irmão,
p´ra este o conservar até ser velho...


193-A Pedro a força inglesa impõe tratado,
que obriga o reino luso a ser mercado
como absorsor da lã e seus tecidos...
E p´ro vinho do Porto há no momento,
promessa de um mesmo tratamento,
consumidores ingleses garantidos...


194-A Espanha luta pela sucessão,
inglese usam Pedro a peão
no jogo de xadrez que põe a nú,
que apoio ao austríaco intento,
apenas foi manobra de momento
pois ...já lhes serve mais Filipe Anjou...


195-Perdura impasse até surgir o dia
das partes requererem acalmia,
que UTRECHT desenhou em boa hora...
Mudança aconteceu em Portugal,
D. Pedro teve morte natural,
p´ro seu lugar o filho vem agora.

196-Seu nome era João,Quinto na História,
ufano peito tão prenhe de glória
que quer cumprir missão de Portugal.
Combate ao Otomano se sucede,
e entrando em Matapã, ao Papa acede,
destroça turcos em luta naval...


197-Magnânimo explora os diamantes
seguindo o pai que usara os bandeirantes
no avanço do Brasil, por terra adentro.
De Vera Cruz virá grande riqueza
p´ra dar à capital rara beleza
que a impõe na velha Europa,como centro...


198-Partiu então o rei p´ro eterno sono,
ficando D.José,filho, no trono,
sujeito à pombalina influência.
Impõe governação,dura,absoluta,
imprime a violência na conduta,
que aos Távoras tirou a existência.


199-Foi obra de Pombal a atrocdade
révanche ineludível,vil maldade,
manchando obra importante que deixou.
Sentida rejeição de amor sem sorte
gerou,para a família,ódio de morte,
que a História,horripilada, registou ...


200-Um forte abalo arrasaa capital
Lisboa vê ruir,para se mal,
as casas que se esvaem,por sumiço...
Desgraça vai mostrar à evidência
capacidade,engenho,inteligência,
do homem que o rei tinha ao seu serviço...


© Manuel Maia (2009)

[Fixação / revisão de texto: L.G.]

_________


Nota de L.G.


(*) Vd. postes anteriores desta série:

2 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4274: Blogpoesia (43): A história de Portugal em sextilhas (Manuel Maia)

3 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4278: Blogpoesia (44): A história de Portugal em sextilhas (II Parte) (Manuel Maia)

6 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4290: Blogpoesia (45): História de Portugal em Sextilhas (Manuel Maia) (III Parte): II Dinastia, até ao reinado de D. João II

15 de Maio de 2009 >Guiné 63/74 - P4351: Blogpoesia (47): História de Portugal em sextilhas (Manuel Maia) (IV Parte): II Dinastia (De D.Manuel, O Venturoso, até ao fim)

3 de Junho de 2009 > Guiné 63/74 - P4456: Blogpoesia (48): História de Portugal em sextilhas (Manuel Maia) (V Parte): III Dinastia (Filipina)

Guiné 63/74 - P4560: IV Encontro Nacional do Nosso Blogue (6): De São Miguel, Açores, com emoção e amizade (Tomás Carneiro, CCAÇ 4745, 1973/74)


Quinta do Paul, Ortigosa, Monte Real, Leiria > IV Encontro Nacional do nosso blogue > 20 de Junho de 2009 > Dois camaradas da CCAÇ 4745/73 - Águias de Binta (1973/74) que caiem nos braços um do outro ao fim de 35 anos!!!... O Tomás Carneiro (aqui à direita) veio expressamente da sua terra, São Miguel, para reencontrar-se com o seu amigo José Pedro Neves (e esposa, Ana Maria, primeira foto de cima) (*)

Fotos: © Eduadro Magalhães Ribeiro (2009). Direitos reservados

1. Mensagem do novo membro da nossa Tabanca Grande, Tomás Carneiro, residente em São Miguel - Região Autónoma dos Açores, e que pertenceu à CCAÇ 475/73:


Olá, amigos de ontem, de hoje e para sempre: neste momento ainda sinto um nó na garganta, mas estou teimoso, vou continuar a escrever. O ir [à Ortigosa], com a garantia de encontrar o meu amigo Pedro, deu-me uma força que não resisti, fui por aí fora, no sábado estava com os nervos à flor da pele, porque só conhecia o Pedro, e como falar com os amigos desconhecidos?

Mas estava seguro da minha muleta que era o Pedro,e aquele momento, que jamais esquecerei... u chego ao pé,ele olha-me, eu fico estático, dois palavrões e abraço, choro, tremideira sem articular palavra... Com a Ana foi o mesmo, não sei,fiquei atordoado, passaram-se 35 anos sem nos vermos depois relaxámos com o passar do tempo.

Pois é, meus amigos, aqui estou a agradecer todo o carinho que demonstraram por mim, fico agradecido pela atenção, e que eu possa corresponder às expectativas ontem criadas.

Um abraço para todos os camaradas, obrigado Vinhal pela persistência junto do Pedro, em ela não sei o que sentiria hoje.

telf. 296298757 (casa)
mail: tomascarneiro@sapo.pt

2. A Ana Maria acaba, por sua vez, de lhe mandar o seguinte mail:

Olá, Amigo Tomás.

Posso tratar-te assim?

Hoje quem escreve sou eu, Ana.

Obrigada por teres proporcionado um dia muito feliz ao meu marido.

Também gostei muito de te conhecer, és tal e qual a pessoa que o Zé Pedro me descrevia, pessoa simples e genuína, o Magalhães Ribeiro mandou as nossas fotos,
o que muito agradeço ao amigo de longa data, M.R.

Espero que haja muitos encontros desta natureza, foi um momento muito bonito, agradeço também ao amigo Vinhal, ele sabe o porquê...

Um beijo muito grande para ti, Tomás.
Da amiga Ana.

3. Comentário de L.G.:

No meio de tudo, não fora a insistência do Carlos Vinhal, o Tomás e José Pedro (e já agora, a Ana) ter-se-iam desencontrado... Enfim, tudo está bem quando acaba em bem... Foi uma feliz coincidência e o mínimo que se pode dizer é que o mundo é pequeno e o nosso blogue... é grande.

Quando cheguei a Monte Real, por volta das 11h de sábdo, fui directo à Pensão Rita, para estar com os elementos da Comissão Organizadora do nosso encontro (Carlos Vinhal, J. Mexia Alves e Miguel Pessoa), tendo-me deparado com o Tomás Carneiro que eu não conhecia pessoalmente e que confundi com...o pessoal de serviço na recepção... Imaginem!... Com o seu ar tímido, só mais tarde é que ele se deu a conhecer.... Em suma, uma das muitas histórias de emoção, amizade e camaradagem que aconteceram no sábado passado, no âmbito do nosso IV Encontro... Esta fica aqui sumariamente contada, para mais tarde... recordar. (**)

Vou só pedir ao Tomás mais alguns elementos informativos a seu respeito, e mais a concretamente algumas fotos da época em que esteve na Guiné (1973/74), para que a sua apresentação à Tabanca Grande fique completa. Para, para a o José Pedro e para a Ana (e para o fotógrafo de ocasião), um Alfa Bravo.
______

Notas de L.G.:

(*) Vd. poste de 21 de Junho de 2009 > Guiné 63/74 - P4556: IV Encontro Nacional do Nosso Blogue (2): Os meus agradecimentos (José Pedro Neves, CCAÇ 4745, Águias de Binta )

(...) "Após 36 anos, rencontrar o Tomás Carneiro, que veio de propósito dos Açores - S. Miguel, sem me avisar, e que se colocou junto de mim, quando eu trocava umas palavras com outros camaradas e reconheci de imediato, como sendo um dos elementos da nossa CCaç 4745- Águias de Binta... O Tomás quis fazer-me esta surpresa e conseguiu, uma vez que ele sabia que eu ia ao Encontro Nacional e inscreveu-se à última da hora, para eu não ver o nome dele na lista de presenças e assim conseguir proporcionar o efeito surpresa. Obrigado por esta surpresa, Tomás!!!" (...)



(**) Vd. os outros postes anteriores desta série :

22 de Junho de 2009 >Guiné 63/74 - P4559: IV Encontro Nacional do Nosso Blogue (5): Esse nobre sentimento..., na voz do fadista J. Mexia Alves... (Luís Graça)

21 de Junho de 2009 > Guiné 63/74 - P4558: IV Encontro Nacional do Nosso Blogue (4): Até nem faltou o Lion Brand, o repelente antimosquito... (Luís Graça)

21 de Junho de 2009 > Guiné 63/74 - P4557: IV Encontro Nacional do Nosso Blogue (3): Um dia caloroso, em que fizemos novos amigos (Joaquim e Margarida Peixoto)

21 de Junho de 2009 >Guiné 63/74 - P4555: IV Encontro Nacional do Nosso Blogue (1): Muito calor físico e humano... (Luís Graça)

Guiné 63/74 - P4559: IV Encontro Nacional do Nosso Blogue (5): Esse nobre sentimento..., na voz do fadista J. Mexia Alves... (Luís Graça)

Quinta do Paul, Ortigosa, Monte Real, Leiria > IV Encontro Nacional do nosso blogue > 20 de Junho de 2009 > O J. Mexia Alves (de pé), o Álvaro Basto (viola) e o David Guimarães (viola) - estes dois, artistas privativos da Tabanca de Matosinhos, a quem agradecemos a borla -ensaiam o momento musical da tarde...

Desta vez falharam outros artistas que podiam ter abrilhantado ainda mais o memorável encontro que foi o deste ano (dizem os participantes...). Refiro-me a Abílio Machado, J. L. Vacas de Carvalho, Jorge Félix, entre outros, artistas de reconhecidos méritos que este ano não puderam comparecer.

A acústica da sala é péssima, o ruído ambiente impróprio para se ouvir o fado mas mesmo assim o fadista (*) vai tudo o que pode para agradar às damas presentes...



Quinta do Paul, Ortigosa, Monte Real, Leiria > IV Encontro Nacional do nosso blogue > 20 de Junho de 2009 > Joaquim Mexia Alves, cantando o Fado da Guiné (letra do próprio; música do Fado Primavera, de Pedro Rodrigues) . Acompanhamento à viola: Álvaro Basto e David Guimarães, artistas da Tabanca de Matosinhos. A na mesa ao lado, à direita, uma espectadora muito atenta, a bajuda mais nova do nosso convívio, a neta e secretária, de 16 anos, do Valentim Oliveira (Viseu) (**)...

Foto e vídeo (3' 42''): © Luís Graça (2009). Direitos reservados


Fado da Guiné

Letra (original): © Joaquim Mexia Alves (2007)
Música: Pedro Rodrigues (Fado Primavera)


Lembras-te bem daquele dia
Enquanto o barco partia
E tu morrias no cais.

Braço dado com a morte,
Enfrentavas tua sorte,
Abafando os teus ais.
(bis)

Dobrado o Bojador,
Ficou para trás o amor
Que então em ti vivia.

Da vida tens outra margem
Onde o medo é coragem
E a noite se quer dia.
(bis)

Aqui estás mais uma vez,
Forte, leal, português,
Sempre de cabeça erguida.

Não te deixas esquecer,
Nem aos que viste morrer
Nessa guerra em tempos ida.
(bis)

Que o suor do teu valor
Que vai abafando a dor
Que te faz manter de pé,

Seja massa e fermento
Desse nobre sentimento
Que nutres pela Guiné.
(bis)

Joaquim Mexia Alves
Monte Real,
18 de Agosto de 2007

____________

Notas de L.G.:

(*) Vd. poste de 6 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4288: Espelho meu, diz-me quem sou eu (1): Joaquim Mexia Alves

(**)Vd. postes anteriores desta série :

21 de Junho de 2009 > Guiné 63/74 - P4558: IV Encontro Nacional do Nosso Blogue (4): Até nem faltou o Lion Brand, o repelente antimosquito... (Luís Graça)

21 de Junho de 2009 > Guiné 63/74 - P4557: IV Encontro Nacional do Nosso Blogue (3): Um dia caloroso, em que fizemos novos amigos (Joaquim e Margarida Peixoto)

21 de Junho de 2009 > Guiné 63/74 - P4556: IV Encontro Nacional do Nosso Blogue (2): Os meus agradecimentos (José Pedro Neves, CCAÇ 4745, Águias de Binta )

21 de Junho de 2009 >Guiné 63/74 - P4555: IV Encontro Nacional do Nosso Blogue (1): Muito calor físico e humano... (Luís Graça)

domingo, 21 de junho de 2009

Guiné 63/74 - P4558: IV Encontro Nacional do Nosso Blogue (4): Até nem faltou o Lion Brand, o repelente antimosquito... (Luís Graça)

Quinta do Paul, Ortigosa, Monte Real, Leiria > IV Encontro Nacional do nosso blogue > 20 de Junho de 2009 > Da esquerda para a direita, três camaradas do Norte: o Ribeiro Agostinho (Matosinhos) (*), o José Carlos Neves (Leça da Palmeira / Matosinhos) (**) e, por fim, o Fernando Oliveira (Porto) (***)


Quinta do Paul, Ortigosa, Monte Real, Leiria > IV Encontro Nacional do nosso blogue > 20 de Junho de 2009 > Nada nos faltou, neste dia, nem o calor da Guiné (em sentido físico e figurado) nem o cheiro (inesquecível) do repelente anti-mosquito Lion Brand... Não sei quem trouxe a amostra, mas vi várias nas mãos do António Graça de Abreu e do José Casimiro Carvalho... Neste pequeno vídeo ouve-se várias vozes (Luís Graça, J.Mexia Alves e sobretudo Álvaro Basto que conta aqui uma pequena história com um Lion Brand que pegou fogo aos lençóis da cama...).

E a propósito do Lion Brand, reproduzo aqui um excerto de um poste (****) do Fernando Oliveira, ex-Fur Mil Rec Inf, Guidage e Mansoa, 1968/70, e que esteve presente no nosso encontro com a sua Maria Manuela:

(...) Após a aterragem no campo de aviação de Farim e feitas as habituais diligências de apresentação ao respectivo comando, foi-me dito que a coluna militar para Guidage sairia apenas na manhã do dia seguinte.

Nessa noite, se me recordo bem, fiquei instalado num barracão ou num hangar junto do aeródromo. E pela primeira vez tomei contacto com a realidade dos mosquitos na Guiné, que atacam em força e de qualquer jeito. Como no sítio não havia mosquiteiros, a alternativa foi a utilização do Lion (1) durante toda a noite (...).

(...) (1) Aquele nome era a marca de um produto, de cor verde, formatado em tiras finas e em espiral, que se colocava em cima de uma pequena base metálica. Queimando-se a ponta exterior da espiral, então, o produto ardia lentamente e deixava o ar impregnado de um odor que afugentava os mosquitos (...).


Vídeo (1' 02''), foto e legendas: Luís Graça (2009). Direitos reservados

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Notas de L.G.:

(*) Vd. poste de 29 de Março de 2009 > Guiné 63/74 - P4098: Tabanca Grande (129): Manuel José Ribeiro Agostinho, ex-Sold Radiotelefonista, Condutor Auto e Escriturário, QG/Bissau, 1968/70

(**) Vd. poste de 11 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4322: Tabanca Grande (138): José Carlos Neves, ex-Soldado Radiotelegrafista do STM, Cufar, 1974

(***) Vd. poste de 19 de Abril de 2009 > Guiné 63/74 - P4214: Tabanca Grande (135): Fernando Oliveira, ex-Fur Mil Rec Inf (Guiné, 1968/70)

(****) Vd. poste de 29 de Abril de 2009 > Guiné 63/74 - P4265: Estórias avulsas (32): De que me lembro é dos mosquitos e do Lion-Brand (Fernando Oliveira)

Guiné 63/74 - P4557: IV Encontro Nacional do Nosso Blogue (3): Um dia caloroso, em que fizemos novos amigos (Joaquim e Margarida Peixoto)

Quinta do Paul, Ortigosa, Monte Real, Leiria > IV Encontro Nacional do nosso blogue > 20 de Junho de 2009 > O Joaquim Peixoto, assinalado com um círculo a vermelho, na segunda fila, entre o Manuel Amaro, à esquerda, e o Manuel Traquina à direita... O Joaquim Peixoto (que esteve em Sare Bacar, na zona leste, junto à fronteira com o Senegal (carta de Paunca), vive em Penafiel, é casado com a Margarida, que também veio ao nosso encontro... Ambos são professores do 1º ciclo do ensino básico...

Quinta do Paul, Ortigosa, Monte Real, Leiria > IV Encontro Nacional do nosso blogue > 20 de Junho de 2009 > A Alice Carneiro, esposa do Luís Graça, em animada conversa com a sua nova amiga Margarida Peixoto, esposa do nosso camarada Joaquim Peixoto... A Alice veio a saber que a Margarida, em 1972, fora professora primário em Passinhos, na freguesia de Paredes de Viadores, concelho do Marco de Canaveses... A Alice nasceu em Candoz, Paredes de Viadores... É caso para dizer: O mundo é pequeno e o nosso blogue... é grande.


1. Mensagem de Joaquim Peixoto (ex-Fur Mil, CCAÇ 3414, Sare Bacar, Cumeré, Brá, Julho de 1971/ Setembro de 1973, uma companhia açoriana, comandada pelo Cap Inf Manuel José Marques Ribeiro de Faria; Unidade mobilizadora, BII 17) (*)


20 DE JUNHO DE 2009, Quinta de Paúl, Monte Real, Leiria

Dia inesquecível para mim!

Foi a primeira vez que partilhei um convívio com antigos camaradas da Guinè. Tive imensa pena de não encontrar camaradas da minha CCAÇ 3414.

As lembranças, boas e más, de uma guerra já passada vieram ao de cima e acordaram um turbilhar de ideias que pairavam na minha cabeça.

O mau, vivido num clima de medo a uma temperatura quase em ebulição, onde um rebelde e intruso mosquito teimava em picar as nossa peles ainda tão tenras, quase de meninos... Um barulho estranho, no sussuro da noite, despertava-nos dos nossos sonhos quase infantis. Um numero infinito de vivências e emoções estão guardadas na caixa negra do nosso ego.

Esse mau deu lugar a uma alegria imensa, onde pude recordar os bons momentos (que também os houve) e partilhar com os camaradas as experiências vividas hàá mais de 30 anos.

Foi um emaranhado de emoções, foi um recordar de situações, foi um convívio magnífico cheio de calor humano.

As conversas convergiam no mesmo sentido: A GUINÉ. Outros assuntos não tinham aqui lugar.

De longe a longe, parecia que o cheiro a terra barrenta nos entrava pelas narinas e recordava o cheiro inegualável de Bissau, Bafatá, Sare Bacar e tantas outras....

Cerrando os olhos, por breves momentos, as formas perfeitas das bajudas apareciam como num ecrã virtual.

Foi bom. Foi perfeito. Espero voltar.

Obrigado a ti, Luis Graça. Obrigado ao Carlos Vinhal, ao Virgínio Briote, ao Magalhães Ribeiro e ao Mexia Alves.

Obrigado a todos que trabalharam e organizaram este convívio.

Obrigado a todos os camaradas presentes. Obrigado a todos quantos ainda hoje recordam os momentos passados em agonia.

Joaquim Peixoto

2. Mensagem da Margarida Peixoto:

QUINTA DE PAÚL

Bajuda não sou, mas não me importo de ser confundida como tal. Sou a mulher de Joaquim Peixoto, e para mim foi um dia especial, esse que passei com os camaradas do meu marido e respectivas esposas...

Foi um sentir de calor humano, foi a partilha de algo que nunca vivi, mas que, por uma ou outra razão, vai tomando forma na nossa mente, situações que mesmo não vividas por nós, estão vivas nos nossos maridos acabando por fazer parte de nós próprias.

Agradeço a todos quanto trabalharam para este convívio, agradeço a todos os presentes a oportunidade que tive em partilhar um pouquinho das vossas emoções.

Mas tenho de dizer um especial obrigado ao Luís Graça por me ter apresentado à sua esposa, Alice, com quem mantive um diálogo, que por várias e variadas razões foi muitas vezes interrompido, mas tenho a certeza deixou uma marca que irá crescendo com o tempo.

Poucos minutos após nos termos conhecido, parecíamos amigas de longa data e eu, um pouco reservada por natureza, soltei sem preconceitos o que me ia na alma.

"Agarra um verdadeiro amigo com ambas as mãos". Foi um provébio que li algures, há muito tempo, mas que quero acreditar seja verdadeiro, para poder contar com a amizade que iniciei ontem.

Obrigado, Alice, pela sua simpatia, pela sua frontalidade e pela maneira tão franca de se relacionar com as pessoas.

Obrigada pela companhia que me fez. Espero ter correspondido à sua delicadeza e desejo sinceramente que este tenha sido o primeiro de muitos encontros que haveremos de ter, tanto a nível de convívios ligados a ex-combatentes, como a nível pessoal.

Em breve mandarei o nome de alguns dos meus ex-alunos, como foi combinado. Espero, eu e o meu marido, recebê-los em nossa casa o mais rápido possível.

Os laços que nos une e os amigos comuns irão concerteza alargar-se a nós.

Um bem haja pelo dia tão caloroso e um abraço com muita ternura.

Margarida Peixoto

3. Comentário de L.G.:

Agradeço ao Joaquim e à Margarida as amáveis palavras que dirigem à comissão organizadora do nosso encontro: ao Carlos Vinhal, Joaquim Mexia Alves e Miguel Pessoa deve-se o mérito principal deste encontro de convívio dos membros da nossa Tabanca Grande.

Depois, em meu nome pessoal e da Alice, quero retribuir a gentileza e a simpatia com que vocês nos tratam nos vossos mails...Afinal, somos vizinhos e de certo que nos iremos encontrar, mais vezes, em Penafiel ou no Marco de Canavezes.

Por razões que devem compreender, não me foi possível estar mais tempo com vocês. Tinha mais 130 pessoas, entre camaradas, bajudas e mulheres grandes (sic), que estiveram presentes no nosso Encontro.... Fico feliz por saber que a Alice e a Margarida descobriram que tinham memórias em comum... Um Alfa Bravo (abraço) para o meu camarada Joaquim, um beijinho para sua mulher grande, Margarida. L.G.
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Nota de L.G.:

(*) V. postes de:

16 de Março de 2009 >Guiné 63/74 - P4039: O Prémio: Sirvam , em nome da Pátria, uma bica quente a estes rapazes!, dizia o Gen Spínola... (Joaquim Peixoto)

22 de Maio de 2007 > Guiné 63/74 - P1774: A morte do Fernando Ribeiro: eu ia nessa fatídica coluna e era seu amigo (Joaquim Peixoto, CCAÇ 3414)

Guiné 63/74 - P4556: IV Encontro Nacional do Nosso Blogue (2): Os meus agradecimentos (José Pedro Neves, CCAÇ 4745, Águias de Binta )

Quinta do Paul, Ortigosa, Monte Real, Leiria > IV Encontro Nacional do nosso blogue > 20 de Junho de 2009 > Foi um encontro de muitas emoções... No foto dois açorianos, um velhinho das nossoas lides blçoguísticos e dos nossos encontros (regionais e nacionais), o Henrique Matos, que vive em Olhão (e que foi o 1º comandante do Pel Caç Nat 52, Porto Gole e Enxalé, 1966/68)e o pira Tomás Carneiro (CCaç 4745/73, Águias de Binta, Binta, 1973/74). O Tomás quis fazer uma surpresa ao seu Furriel, José Pedro Neves (de quem, infelizmente, não tenho aqui à mão nenhuma foto tirada ontem no encontro...) (**).

O Tomás tem uma história incrível para nos contar: foi uma das últimas baixas da guerra colonial na Guiné, tendo sido gravemente ferido, em 9 de Maio de 1974, numa emboscada na estrada Jugudul-Bambadinca (se bem percebi)... Esteve dois anos em recuperação no Hospital Militar Principal... Veio de propósito ao nosso encontro, de São Miguel, Açores... Regressou hoje, de manhã... Leitor atento do nosso blogue, conhece o Arsénio Puim. Por convite meu, vai entrar automaticamente, a partir de hoje na nossa Tabanca Grande... Apresentei-o também ao José Zeferino, que teve, em 15 de Maio de 1974, na região do Xitole, um contacto (mortal) com o PAIGC.. (Zeferino, infelizmente falámos pouco, desculpa lá... Fotografar e dar atenção a 130 pessoas em meia dúzia de horas, é obra... De qualquer modo, quero agradecer-te o notável poste teu, que publicámos aqui no dia 17 de Junho) (*).

Fotos (e legendas): © Luís Graça (2009). Direitos reservados


1. Mensagem do José Pedro Neves, que vive em Lisboa:


Caros Luís Graça, Carlos Vinhal, Virginio Briote, Magalhães Ribeiro e Mexia Alves

Bom dia, camaradas.

Com poucas horas de ressaca do encontro onde estive presente com a minha mulher Ana Maria, na Ortigosa, quero agradece a todos os presentes, a recepção aos piras (eu e a Ana Maria) e salientar o seguinte:

1º- Após 36 anos, rencontrar o Tomás Carneiro, que veio de propósito dos Açores - S. Miguel, sem me avisar, e que se colocou junto de mim, quando eu trocava umas palavras com outros camaradas e reconheci de imediato, como sendo um dos elementos da nossa CCaç 4745- Àguia de Binta... O Tomás quis fazer-me esta surpresa e conseguiu, uma vez que ele sabia que eu ia ao Encontro Nacional e inscreveu-se à ultima da hora, para eu não vêr o nome dele na lista de presenças e assim conseguir proporcionar o efeito surpresa. Obrigado por esta surpresa, Tomás!!!

2º - Agradecer ao Carlos Vinhal a insistência na sexta- feira para eu comparecer no Encontro Nacional, uma vez que na quinta-feira, por razões de carácter particular, tinha enviado um mail a comunicar que não iria estar presente. Obrigado pela tua insistencia, Carlos Vinhal.

3º - Agradecer ao Luis Graça, por ter dado inicio ao que está a acontecer, com a criação deste Blogue. Origado, Luís Graça.

4º- Agradecer ao Magalhães Ribeiro, já velho amigo nestas andanças, nos encontros, da AOE, em Lamego, por nos obrigares a ficar sempre na tua mesa, na companhia da tua Fernanda e na amizade que nos dedicas. Obrigado, Magalhães Ribeiro.

5º- Agradecer e felicitar o Camaramigo Mexia Alves, pela organização do IV Encontro Nacional, na Quinta do Paúl, na Ortigosa. Obrigado, Mexia Alves.

6º- Agadecer a todos os camaradas que estiveram presentes, a oportunidade do conviívio e enaltecer a vontade do Filho de um camarada nosso, falecido na Guiné, em homenagear a memória do Pai, estando presente no nosso Encontro Nacional. Obrigado a todos.

Até sempre
Pedro Neves
Ex-Fur Mil Op Especiais
CCaç 4745-Águias de Binta

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Notas de L.G.:

(*) Vd. poste de 17 de Junho de 2009 > Guiné 63/74 - P4545: Alguns apontamentos sobre a acção da 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4616 - Guiné 1973/74 (José Zeferino)


(**) Vd. postes anteriores:

21 de Junho de 2009 >Guiné 63/74 - P4555: IV Encontro Nacional do Nosso Blogue (1): Muito calor físico e humano... (Luís Graça)

20 de Junho de 2009 > Guiné 63/74 - P4554: Blogoterapia (109): O que leva 130 a reunirem-se hoje, em Ortigosa, Monte Real, no encontro nacional de um blogue ? (Luís Graça)

Guiné 63/74 - P4555: IV Encontro Nacional do Nosso Blogue (1): Muito calor físico e humano... (Luís Graça)

Quinta do Paul, Ortigosa, Monte Real, Leiria > IV Encontro Nacional do nosso blogue > 20 de Junho de 2009 > Sob um sol escaldante lá se conseguiu reunir a maior parte dos camaradas presentes para a foto de grupo... Nem todos os inscritos, do sexo masculino, estão presentes...

Nesta altura, antes do almoço, ainda havia gente a chegar... Era o caso, por exemplo, do nosso querido co-editor, Virgínio Briote, com a sua preciosa carga: a sogra, Irene Fleming, que nesse dia fazia 98 anos, a esposa Maria Irene e o Amadu Djaló, cujo coração, frágil, ia ser posto à prova de um dia cheio de emoções e de uma temperatura escaldante... Que eu saiba, os únicos que não compareceram, por razões de última hora, foram o Xico Allen e o Manuel Amante da Rosa... Salvo melhor informação da comissão organizadora (Carlos Vinhal, J. Mexia Alves e Miguel Pessoa), foram as únicas baixas de vulto da Op Ortigosa 2009...

Quinta do Paul, Ortigosa, Monte Real, Leiria > IV Encontro Nacional do nosso blogue > 20 de Junho de 2009 > Foi difícil juntar as bajudas e as tmulheres grandes, todas, para a fotografia de conjunto... Eram mais de três dezenas... Na foto não estão todas...

Quinta do Paul, Ortigosa, Monte Real, Leiria > IV Encontro Nacional do nosso blogue > 20 de Junho de 2009 > Em primeiro plano, o Amadu Djaló, que foi uma autêntica vedeta, e de costas o Virgínio Briote; em segundo plano, sentados, o Juvenal Amado e o Santos Oliveira; de pé, Magalhães Ribeiro e o Carlos Vinhal...


Quinta do Paul, Ortigosa, Monte Real, Leiria > IV Encontro Nacional do nosso blogue > 20 de Junho de 2009 > Da esquerda para a direita, J. Mexia Alves, António Barroso e António Barbosa: estes três camaradas têm em comunhão o terem estado no Xitole e terem pertencido à CART 3492 (1972/74)...

Quinta do Paul, Ortigosa, Monte Real, Leiria > IV Encontro Nacional do nosso blogue > 20 de Junho de 2009 > Da esquerda para a direita, a nata da FAP na nossa Tabanca Grande: Miguel Pessoa, Giselda Pessoa, Victor Barata e António Martins de Matos (o tenente general da FAP, na reserva, disse-me ter gostado muito do encontro e prometeu estar presnete na próxima edição)...

Quinta do Paul, Ortigosa, Monte Real, Leiria > IV Encontro Nacional do nosso blogue > 20 de Junho de 2009 > Da esquerda para a direita, o Torcato Mendonça, a Ana e o Jorge Cabral... Fiquei muito feliz por ver o casal Mendonça, entre nós: foram há pouco tempo avós, pela primeira vez, e a Ana superou um problema de saúde...

Quinta do Paul, Ortigosa, Monte Real, Leiria > IV Encontro Nacional do nosso blogue > 20 de Junho de 2009 > Da esquerda para a direita, o Delfim Rodrigues, o João Carlos Silva e um seu tio, aposentado da Marinha, que tem 8 anos de Guiné...

Quinta do Paul, Ortigosa, Monte Real, Leiria > IV Encontro Nacional do nosso blogue > 20 de Junho de 2009 > O José Manuel Diniz (estreante nestas lides) e Jorge Picado (que achei em última forma)

Quinta do Paul, Ortigosa, Monte Real, Leiria > IV Encontro Nacional do nosso blogue > 20 de Junho de 2009 > O nosso querido Rui Alexandre Ferreira (autor de Rumo a Fulacunda, 2ª ed., e de Geba, em preparação...) mostrando um documento, de eventual interesse para o blogue, ao Carlos Vinhal, sob o olhar atento da Dina.

Quinta do Paul, Ortigosa, Monte Real, Leiria > IV Encontro Nacional do nosso blogue > 20 de Junho de 2009 > A irresistível paixão pelos mapas da Guiné: da esquerda para a direita, a Maria Manuela (esposa do José Martins), o Manuel Resende, o José Martins e o Belarminho Sardinha.

Quinta do Paul, Ortigosa, Monte Real, Leiria > IV Encontro Nacional do nosso blogue > 20 de Junho de 2009 > O Fernado Calado, o Alberto Branquinho, o Jorge Cabral e o Ismael Augusto (uma inscrição de última hora). O Fernando Calado e o Ismael Augsuto foram alferes milicianos da CCS do BCAÇ 2852 (Bambadinca, 1968/70): um, foi gestor de recursos humanos; o outro, engenheiros e gestor na RTP; retirados das suas actividades, são hoje docentes universitários nas suas áreas de especialização (Gestão de Recusrsos Humanos, o Calado; multimédia, o Augusto)... Foi, para mim, uma agradável surpresa a sua presença... Aproveitei para lembrar ao Fernando Calado que estou à espera de uma história que ele me prometeu, para o blogue...

Continua


Fotos (e legendas): © Luís Graça (2009). Direitos reservados

sábado, 20 de junho de 2009

Guiné 63/74 - P4554: Blogoterapia (109): O que leva 130 a reunirem-se hoje, em Ortigosa, Monte Real, no encontro nacional de um blogue ? (Luís Graça)

Já pela madrugada dentro, em Leiria, onde jantei com amigos, abro o meu portátil e vejo que o número de inscritos no IV Encontro Nacional do Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné já atingiu os 130. E que pelo menos houve uns 22 que gostariam de poder vir mas não podem, por conflito de agenda... E que o último camarada a inscrever-se foi o Manuel Amante da Rosa (*), diplomata caboverdiano a trabalhar em Macau e que de momento está de passagem por Lisboa...

Deixem-me começar por dar as boas vindas, ao Manuel Amante e a todos os demais camaradas que se inscreveram no encontro anual do nosso blogue pela primeira vez. Uma saudação especial, naturalmente, é devida a todos aqueles que estão cá este ano e àqueles que nunca falharam nenhuma edição anterior (Ameira-Montemor o Novo, 2006; Pombal, 2007; Ortigosa, Monte Real, 2008).

Um saudação especialíssima é devida ao Paulo Raposo (foto à esquerda) e ao Vitor Junqueira (foto à direita) que realizaram o I e o II Encontros, respectivamente, e que este ano não estarão, fisicamente, junto de nós... (Paulo e Vitor: vocês são já senadores na nossa Tabanca Grande, com aquele estatuto de privilégio de quem pode entrar e sair em qualquer altura sem pedir licença a ninguém... mas vamos ter saudades vossas).

Não é o número que me surpreende e me sensibiliza. Os inscritos podiam aliás ser muito menos ou até muito mais. O que me interpela é o facto de 130 pessoas, dos mais diversos pontos do país (de Trás os Montes aos Açores) quererem estar juntas, almoçar, conviver, conhecer-se (a maior parte, pela primeira), a pretexto de um blogue...

Para já, eu não sei nem não quero dar a resposta à pergunta, formulada no título ou subtítulo deste poste... Ou como logo me dirá o Torcato Mendonça, que vem do Fundão (com memórias de Mansambo...), mais a sua Ana, a resposta é "fácil e longa"... Isto é, a resposta é um paradoxo!!!

Quanto ao Embaixador Manuel Amante da Rosa (vd. foto ao lado) , queria só informar os nossos camaradas e amigos, que ele é actualmente secretário-geral adjunto do Fórum para a Cooperação Económica dos países lusófonos com a China, e está em Macau.

Nasceu em Bissau a 19 de Dezembro de 1952. O pai era proprietário de uma ou mais embarcações, civis, que faziam o percurso do Rio Geba, de Bissau até Bambadinca (ou mesmo Bafatá). Foi militar (1973/74), do recrutamento local, no CIM de Bolama onde fiz a recruta e especialidade antes de ser colocado no QG (Chefia dos Serviços de Intendência) em Bissau.

Graduado pela Academia Diplomática Brasileira –Instituto do Rio Branco – (1977/80), foi (i) embaixador de Cabo Verde em Angola, Moçambique, S. Tomé e Príncipe, Namíbia, Zâmbia e Zimbabwe, (ii) observador Internacional da OUA no processo de democratização na República da África do Sul (1993-1994),(iii) encarregado de Negócios junto do Governo da ex-URSS, (iv) membro da Missão Permanente de Cabo Verde junto das Nações Unidas em New York, (v) Delegado de Cabo Verde na Segunda Comissão da Assembleia Geral, entre muitas outras funções ou cargos...

Até mais logo, camaradas. São horas de ir escansar um pouco. L.G.

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Nota de L.G.:

(*) Vd. de 27 de Maio de 2007 > Guiné 63/74 - P1787: Embaixador Manuel Amante (Cabo Verde): Por esse Rio Geba acima...

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Lista dos 130 magníficos... tabanqueiros e convidados inscritos para o IV Encontro Nacional

Abel Rei e Maria Elisete (Marinha Grande)
Agostinho Carreira Gaspar (Leiria)
Alberto Branquinho (Lisboa)
Alberto Bártolo (Almada)
Álvaro Basto e Fernanda (Leça do Balio)
Amadu Bailo Djaló (Lisboa)
Américo Pratas (Coimbra)
António Barbosa (Gondomar)
António Barroso (Valadares)
António Batista (Matosinhos)
António Carvalho e Maria de Fátima (Gondomar)
António Dâmaso (Odemira)
António Fernando R. Marques (Cascais)
António Graça de Abreu (Cascais)
António J. Pereira da Costa e Isabel (Mem Martins / Sintra)
António M. Sucena Rodrigues (Oliveira do Bairro)
António Martins de Matos (Lisboa)
António Paiva (Lisboa)
António Pimentel (Porto)
António Sampaio (Alfândega da Fé)
António Santos e Graciela (Loures)
António Silva e Alvina (Estarreja)
António Sousa (Montemor-o-Velho)
Artur Soares (Figueira da Foz)
Augusto Martins Pacheco (Rio Tinto)
Belarmino Sardinha e Antonieta (Odivelas)
Benjamim Durães (Palmela)
Carlos Marques Santos (Coimbra)
Carlos Silva e Germana (Lisboa)
Carlos Valentim e Margarida (Proença-a-Nova)
Carlos Vinhal e Dina (Leça da Palmeira / Matosinhos)
Constantino Neves e Judite (Almada)
Coutinho e Lima (Lisboa)
David Guimarães e Lígia (Espinho)
Delfim Rodrigues (Coimbra)
Eduardo Campos (Maia)
Eduardo Magalhães Ribeiro e Fernanda (Porto)
Fernandino Ferreira Leite (Maia)
Fernando Calado (Lisboa)
Fernando Franco e Margarida (Amadora)
Fernando Gouveia e Regina (Porto)
Fernando Oliveira e Maria Manuela (Porto)
Francisco Godinho (Seixal)
Henrique Matos (Olhão)
Hernâni Acácio Figueiredo (Ovar)
Idálio Reis (Cantanhede)
Jaime Machado e Maria de Fátima (Lavra / Matosinhos)
Joaquim Mexia Alves (Monte Real / Leiria)
Joaquim Peixoto e Margarida (Penafiel)
Jorge Cabral (Lisboa)
Jorge Canhão (Oeiras)
Jorge Picado (Ílhavo)
Jorge Rosales (Monte Estoril / Cascais)
José Barros Rocha (Penafiel)
José Brás (Montemor-o-Novo)
José Carlos Neves (Leça da Palmeira / Matosinhos)
José Casimiro Carvalho (Maia)
José Eduardo Alves e Maria da Conceição (Leça da Palmeira)
José Fernando Almeida e Suzel (Óbidos)
José Manuel Lopes e Luísa (Régua)
José Manuel M. Dinis (Cascais)
José Marcelino Martins e Maria Manuela (Odivelas)
José Pedro Neves e Ana Maria (Lisboa)
José Zeferino (Loures)
João Carlos Silva (Almada)
João Lourenço (Figueira da Foz)
João Seabra (Lisboa)
Juvenal Amado (Fátima)
Luís Graça e Alice Carneiro (Alfragide / Amadora)
Luís R. Moreira (Lisboa)
Luís Rainha (Figueira da Foz)
Manuel Amante (Macau) e Sobrinha (Lisboa)
Manuel Amaro (Amadora)
Manuel António Rodrigues (Mortágua)
Manuel Augusto Reis (Aveiro)
Manuel Resende e Isaura (Cascais)
Manuel Traquina e Fátima (Abrantes)
Miguel e Giselda Pessoa (Lisboa)
Miguel Falcão (Porto)
Nelson Domingues (Monte Real / Leiria)
Pedro Lauret (Lisboa)
Raul Albino e Rolina (Vila Nova de Azeitão / Setúbal)
Ribeiro Agostinho e Elisabete (Leça da Palmeira / Matosinhos)
Rui Alexandrino Ferreira (Viseu)
Santos Oliveira (V. N. de Gaia)
Sebastião Dias e Cecília (Gondomar)
Semião Ferreira (Monte Real)
Tomás Carneiro (São Miguel / Açores)
Torcato Mendonça e Ana de Lourdes (Fundão)
Valentim Oliveira e Maria (Viseu)
Vasco da Gama (Figueira da Foz)
Vasco Ferreira e Margarida (V. N. de Gaia)
Victor Barata (Vouzela)
Virgínio Briote, Maria Irene e Irene Fleming (Lisboa)


Lista dos 22 que já manifestaram o seu pesar por este ano não poderem ir...

Abílio Machado (Maia)
Albano Costa (Guifões / Matosinhos)
Arsénio Puim (S. Miguel / Açores)
Beja Santos (Lisboa)
Cátia Félix (Maia)
Filomena Sampaio (Guimarães)
Helder Sousa (Setúbal)
Humberto Reis e Teresa (Alfragide / Amadora)
Jorge Teixeira (Portojo)(Porto)
José Armando F. Almeida e Teresa (Albergaria-a-Velha)
José Luís Vacas de Carvalho (Lisboa)
José Paracana (Aveiro)
José Teixeira (Matosinhos)
Luís Borrega (Pinhal Novo)
Luís Dias (Lisboa)
Manuel Maia (Matosinhos)
Mário Fitas (Estoril / Cascais)
Patrício Ribeiro (Guiné-Bissau)
Paulo Santiago (Águeda)
Sousa de Castro (Viana do Castelo)

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Guiné 63/74 - P4553: Memórias do Chico, menino e moço (Cherno Baldé) (1): A primeira visão, aterradora, de um helicanhão

Publicamos hoje a primeira de cinco pequenas histórias que o Cherno Baldé, novo membro da nossa Tabanca Grande, nos enviou, com memórias da sua infância e adolescência :


1. A primeira visão de uma máquina voadora

por Cherno Baldé (**)

Foi naquela época que, na idade de 4 ou 5 anos, aconteceu a minha primeira visão de uma máquina voadora, que terá sido, provavelmente em meados de 1964, precisamente na altura em que estávamos em Samagaia, pouco tempo antes do ataque à zona que nos obrigaria a deixar a aldeia para nos refugiarmos em Cambajú, onde o meu pai já se encontrava a trabalhar alguns anos antes.

Estava com o meu irmão mais velho, Ibraima, a pastar as vacas nas imediações da aldeia, quando de repente ouvimos um ruído potente que vinha de cima. Quando nos virámos para ver, o avião já estava em cima das nossas cabeças, não dava para fugir, instintivamente, meti-me por baixo de umas raízes enormes de um poilão que estava por ali perto. Escondi-me o melhor que pude mas, foi por pouco tempo. 

Como o meu irmão estava a espreitar o avião e não lhe acontecia nada, sai também para ver. Na altura, os meus olhos viam com bastante nitidez e o avião voava a baixa altitude o que me permitiu ver, após uma breve inclinação deste, as pessoas sentadas, dois à frente e um na abertura lateral com as mãos apoiadas no que parecia ser uma metralhadora.

Esta visão ficou para sempre gravada na minha memória. Estranhamente, era também a visão da guerra que se alastrava pouco a pouco e que mudaria o cenário da vida, aparentemente pacífica, que levávamos até aí e mudaria, de forma inesperada, o caminho dos nossos destinos, criando, mais tarde, a incompatibilidade e a confusão entre o futuro que tínhamos vislumbrado na infância e ao qual queríamos dar continuidade e a nova realidade para onde nos tinha empurrado um destino diferente, passando pela escola portuguesa e enfrentando, assim, um futuro incerto e completamente desconhecido que nos levaria primeiro para Bafatá e mais tarde à capital, Bissau, onde funcionava o único liceu, na altura, e mais tarde para terras distantes e desconhecidas, no estrangeiro.

Uma vida feita de aventuras interessantes e também de sofrimentos, de conquistas e derrotas, de descobertas e imposições, de solidariedade e mercantilismo, sempre em ambientes de opressão cultural permanente e de recuo impossível, fruto da rápida transformação e globalização a que fomos sujeitos pela máquina de dominação Europeia e Ocidental.

Cherno Abdulai Baldé, Chico
Natural de Fajonquito,
Sector de Contuboel,
Região de Bafatá

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Notas de L.G. :

(*) Vd. poste de 18 de Junho de 2009 >Guiné 63/74 - P4550: Tabanca Grande (153): Cherno Baldé (n. 1960), rafeiro de Fajonquito, hoje quadro superior  em Bissau...

(**) Próximas histórias:

2. CAMBAJU: O primeiro contacto com o mundo exterior

3. Os homens brancos.

4. Ataque ao aquartelamento de Cambaju

5. FAJONQUITO: Terra da minha adolescência

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Guiné 63/74 - P4552: Convívios (149): Encontro das CCAÇ 2367, CCAÇ 2368 e CCAÇ 2313 (1968/69), (Albino Silva)




1. Mensagem de Albino Silva, ex-Soldado Maqueiro da CCS/BCAÇ 2845, Guiné, 1968/70, com data de 16 de Junho de 2009:
Camaradas,


Um grande abraço a todos os Tertulianos que, aqui na “Tabanca Grande”, vão contando as suas estórias, aventuras e os “saberes”, tal como eu sempre que tenho uma oportunidade.



Não percam nunca, nem a Força, nem a Moral e desabafem porque faz bem (digo eu).


Hoje vou fazer o mesmo, pois entendo que a Nossa Historia é “linda” e merece ser contada, para todos os nossos leitores, mesmo para aqueles que nos desprezam.


Esses não andaram lá, de certeza, e “esquecem-se” propositadamente de nós.


Camarada Carlos Vinhal, já vai longo o tempo em que te contacto, se calhar por vício meu, mas vou continuar este contacto, pois tenho aqui mais “trabalhos” relacionados com as companhias, em que participei nos seus mais recentes Convívios.


São elas a CCAÇ 2367, a CCAÇ 2368 e a CCAÇ 2313.


Foi esta última que me fez sair para o mato, em Teixeira Pinto, quando eu já pensava que não sairia mais do arame farpado para fora, pois contava já com 13 meses de Guiné.


O endereço do blogue onde se podem ver estes maravilhosos convívios é o seguinte: batcac2845guineteixeirapinto.blogspot.com


O meu muito obrigado por me terem vindo a aturar há tanto tempo, mas eu prometo que mesmo assim vos vou continuar a sobrecarregar (risos), por isso, não irei desistir.


Um grande abraço,
Albino Silva
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Nota de M.R.:

Vd. último poste da série em:


Guiné 63/74 - P4551: Vindimas e Vindimados (José Brás) (3): O Santinhos da Artilharia

1. Terceira história da série Vindimas e Vindimados do nosso camarada José Brás, ex-Fur Mil da CCAÇ 1622, Aldeia Formosa e Mejo, 1966/68, baseada no seu livro "Vindimas no Capim" (*)

Carlos
Cá vai o terceiro (para cumprir o ritmo).
Quanto às fotografias é um problema. Eu sempre convivi mal com elas, quer a ficar (nelas), quer a fazê-las.
De qualquer modo, vou tentar que te cheguem um grupo na Guiné e cá no puto.
São muito más e não sei se aproveitarás alguma coisa.

Um abraço
José Brás


José Brás à civil


Fooooo...go!

O Santinhos era um gajo curioso. Study of case, pode dizer-se hoje, tempo diferente em quase tudo do de então, democratizada que está a informação sobre as coisas da vida em geral e em específico, dizem alguns que para melhor nos mentirem.

Mas não importa isso, aqui e agora, importa, sim, falar-vos do Santinhos, Alferes comandante das peças de obus que guarneciam os quatro lados do quase quadrado da nossa convivência em Medjo naquele tempo.

Alferes e competente, dizia-se por lá, no acerto daquilo sempre que era necessário apontá-los a alvos definidos. Sob a sua orientação se construíram uns espaldares que exteriorizavam a paliçada, desbordando-a em semicírculo, com o cano sobrando no-de-fora para tiro directo para zonas que dessem tempo ao salto da cavilha entre o disparo e a cabeçada do percutor contra qualquer obstáculo.

A mim, observando os lugares dos rebentamentos da garrafa, após os ensaios realizados no fim da obra, arrepiou-se-me a alma na imaginação da coragem necessária para enfrentar os estilhaços que se semeavam à volta do local da explosão. Enormes, cortantes, divisores incontornáveis de corpos, ainda que fossem feitos de matéria mais resistente que esta carne que nos envolve o sonho.
Uma coisa desmanchava, contudo, esta imagem de Alferes competente que venho aqui a sugerir e vocês começavam já a assumir como projecto de homem e militar.

Bebia.

Gaita! Beber, gostar da pinga, nem é crime, nem reduz as grandezas humanas que todos possuímos, mesmo quando gostamos de beber.

Sejamos mais rigorosos. O Santinhos gostava de beber muito, usando aqui o advérbio de um modo que garanta que muito é mesmo muito, seja qual for o conceito que construamos sobre quantidade, dizendo eu isto, e, ouvindo-o cada um de vós.

Lembram-se das meias garrafas de cerveja, seis decilitros ou coisa assim, que pedíamos no bar ao Cabo Carneiro, aliás, pedia eu, pedia o Santinhos, pediam os oficiais, os sargentos e os soldados todos da minha Companhia 1622, e pediam vocês, nas vossas Companhias a Cabos com outros nomes. Se disse Carneiro, é porque depois da Guiné, Carneiro, para mim, é nome de Cabo barista, seja lá onde for que esteja, hoje e no futuro, tal qual eu sou Zé, apenas porque com esta minha cara, só podia mesmo era ser Zé.

Aonde eu queria chegar, desculpem vocês esta minha tendência para divagar, aonde eu queria chegar era ao número de garrafas daquelas que o Santinhos bebia durante um dia. Sei que não estou num concurso de televisão onde se fazem perguntas tão pategas como esta, mas não resisto à vontade de vos perguntar.

Respondam. Quantas?

Vinte e duas, vinte e três, vinte e quatro, dependia.

Mas não julguem que só de cerveja vivia o Santinhos. Isso era durante o dia. À noite, ele era scotch, ele era vodka, ele era cognac

Uma noite, tendo eu que levar mensagem urgente ao capitão, passei na secretaria a caminho dos quartos dos oficiais e quem é que eu topo?

Com o Santinhos deitado em novelo naquele espaço que há nas secretárias para meter as pernas, fileira vertical de gavetas à direita e à esquerda das ditas, quando em trabalho. Com ele, meia bebida, meia entornada, uma garrafa de aguardente velha.

Ninguém sabia onde metia o homem tanto álcool, numa figurinha de um metro e sessenta, magro e escanzelado.

Nunca o vi senão de jeens, quase sempre sujos, a cair-lhe do corpo, mostrando o anúncio da separação das nádegas, coberto apenas nas madrugadas de frio pelo dólmen da farda malhada.

Cabelo sempre comprido e sujo, barba dias e dias por fazer, deambulando pelo quadrado de olhar entre o vazio e o espantado.

Num dia de visitas de Bissau a Medjo, brigadeiros, coronéis e tal, descem do heli, entram no quartel e logo ali deparam com o espantalho que, desajeitado e hesitante, lhes bate uma palada cómica. E eu danado para largar à gargalhada na ópera cómica, ali à minha frente, fugindo de mãos na boca para evitar a bronca.

Mas nada disto de que tenho estado a falar tem importância. A importância dou-lhe eu no engano de vos fazer compreender melhor a encomenda do Santinhos no episódio burlesco que, desde o início vos quero relatar.

Comecemos pelo princípio!

Em certo tempo, que como vocês sabem não é o mesmo que tempo certo, em certo tempo foi programada em Bissau uma Operação das grandes, destinada ao assalto e ocupação de Salancaur. Tal Operação envolvia várias Companhias que passaram a noite deitados pelo chão do quartel de Medjo, bombardeamentos prévios nos dias precedentes pela aviação, jactos no ar à hora que devia ser do assalto, bombardeamentos com os obuses do quartel antes da entrada.

As quatro peças foram deslocadas dos seus espaldares para o exterior da paliçada, alinhadas lado a lado e apontadas ao objectivo com regulação do tiro a partir do voo de um DO.

Diz-se que o homem põe e Deus dispõe, querendo justificar-se a coisa torta. A Operação que deveria ser de um dia, naquela mata quase virgem, evitando sinais de picada à força de catana, chegou-se à ante-câmara do destino apenas na terceira madrugada. Fome, sede, medos, etc., esfrangalharam corpos e convicções. As evacuações começaram em catadupa, umas absolutamente justificadas e outras, provavelmente, oportunistas.

Na frente da tropa de assalto havia agora um enorme espaço de bolanha nua que era necessário passar para chegar ao objectivo.

Ordem para iniciar procedimentos de tiro de obus, tudo a postos, cada peça com seu apontador e municiador, eu ouvindo em PRC-10 as ordens do DO ao Santinhos e em wallkie talk, a comunicação entre o Santinhos e o apontador de cada obus, conversa para a qual peço a vossa inesgotável imaginação, recriando a manhã naquele lugar, quente e húmida, abafada ainda mais pelo stress da espera; meia dúzia de soldados que haviam ficado a garantir a segurança das peças encarrapitados na bancada da paliçada; o DO esvoaçando e dando indicações, não tão longe dali que não se pudesse enxergar-lhe a evolução a olho nu, a voz do Santinhos nas perguntas ao avião, nas ordens às peças, pastosa, embrulhada na língua, augurando tensões.

Primeira bateria?
Pronto meu alferes!

Segunda bateria?
Pronto meu alferes!

Terceira bateria?
Pronto meu alferes!

Quarta bateria? Quarta bateria? Quarta bateria?

Fooooo...da-se!

Buuum, ecoando inesperadamente nos meus ouvidos e no susto dos ocupantes do DO que voavam em frente, não muito acima da linha de tiro!

- Tirem-me daqui - esganiçou o Alferes. - Tirem-me daquiiiii!

Um médico de fora que por ali cirandava para a possibilidade de ter de servir na Operação, diagnosticou sintomatologia histeriforme e solicitou evacuação para o Alferes.

O helicópetero que o veio buscar carregou já para Medjo o seu substituto, outro Alferes, açoriano, diferente do Santinhos no talhe físico e na atitude.

Para aquele dia nem valia a pena a pressa da substituição.

A Operação havia acabado. Do DO para a tropa na orla da mata a ordem foi a de recuar, porque do outro lado eram muitos os morteiros prontos para bater a bolanha.

Não morreu ninguém, do nosso lado, pelo menos.

E do Santinhos, Alferes ou civil, engenheiro brilhante, segundo se dizia, e contestatário, nunca mais ouvi dizer fosse o que fosse.

JB
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Nota de CV:

(*) Vd. poste de 9 de Junho de 2009 > Guiné 63/74 - P4486: Vindimas e Vindimados (José Brás (2): Coágulos