sexta-feira, 24 de maio de 2019

Guiné 61/74 - P19821: Notas de leitura (1180): Missão cumprida… e a que vamos cumprindo, história do BCAV 490 em verso, por Santos Andrade (7) (Mário Beja Santos)



1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 11 de Fevereiro de 2019:

Queridos amigos,
O nosso bardo Santos Andrade fixou a data da entrada nas hostilidades, 11 de agosto de 1963. De novo, o tema da comida, a chegada da monotonia e insipidez alimentares. E o espectro da flagelação e a saída para operações.
Valeu-nos para Companhia um confrade que legou à literatura da guerra uma verdadeira gema, "Vindimas no Capim", o Zé Brás, que fez longa permanência no Sul. Aqui temos a impressiva descrição da viagem pela noite fora até Buba, as safadezas da cantina, da messe e do bar, as desconfianças da roubalheira, de quem se abotoava com as vendas debaixo da mesa, e o primeiro embate, o inesquecível primeiro embate, de pesadelo, de um morto que não deu pela morte e de outro que suplica ver o seu filho, que não chegou a conhecer. Parece-nos boa companhia para esta entrada em funções da CCAV 488.

Um abraço do
Mário


Missão cumprida… e a que vamos cumprindo (7)

Beja Santos

“Algum tempo se passava
a luta começou
E no dia 11 de agosto
a 488 alinhou.

Com as marmitas na mão,
nós fazíamos grandes bichas
comendo arroz com salsichas
e sopa de macarrão.
Com esta alimentação
o pessoal não aguentava
e o vague-mestre não gostava
de dar de comer com muito azeite.
Bebendo café com pouco leite
algum tempo se passava.

Ao Sul foram dois pelotões
da 1.ª e 3.ª Companhia.
E como o António José dizia
só comiam rações.
Sofreram muitas aflições:
o Matias também as passou;
o Aníbal Joaquim chegou
a comer carne só com sal.
Com fome na guerra afinal
a luta começou.

Fartaram-se de sofrer
nesta maldita saída.
Já diziam mal da vida
quando não tinham que comer,
pois eles tinham que se defender
com a sua arma ao rosto.
Chegava a hora do sol-posto,
começava a pancadaria
E ao norte saiu o Joaquim Maria.
No dia 11 de agosto.

Ordenou o capitão
a toda a rapaziada
que nesse dia de madrugada
tinham que ir para a missão.
Juntam os comandantes do pelotão
e o que iam fazer lhes contou.
E a dois colegas meus calhou
a saída desta vez.
E no dia 11 deste mês,
a 488 alinhou.”

********************

Há o desembarque, a instalação precária, a viagem para uma unidade ou para o desconhecido, a descoberta das amarguras do rancho, as primeiras operações. Vai-nos servir hoje de guia José Brás e o seu esplêndido “Vindimas no Capim”, Prémio de Revelação de Ficção 1986 da Associação Portuguesa de Escritores:
“… E lá se foi Lisboa, agora longe outra vez, e eu de novo ali na Guiné, na noite anterior a bordo de navio de transporte de tropas Niassa a ver ao longe as luzes de Bissau; a noite toda numa LDG a navegar rios acima por essa Guiné adentro, só com o ruído do motor do barco e a mata adivinhada no escuro das margens, ora longe, ora perto, às vezes tão perto que quase roçavam os bordos da lancha; a manhã vermelha nas copas do matagal; a metralhadora 12,7 na proa, lança-rockets, morteiro 60, tudo a postos no barco a cargo dos fuzileiros. O pessoal da Companhia de Caçadores 1622 era ainda uma excursão, turistas cheios de curiosidade.
E por volta da uma da tarde, Buba!
Ao longe pareceu-nos um bairro de lata. O Prior Velho. O rio era a autoestrada do Norte e o barco a carreira dos Claras a caminho de Lisboa.
As barracas iam crescendo e já se viam braços no ar à beira do espelho da estrada; um amontoado de troncos a entrar na largura da rota, em forma de cais, e uma mancha a alargar-se, a mexer-se, a gritar. A mancha definia-se, tomava forma, decompunha-se em formas, em gestos… Já se distinguia uma palavra ou outra no emaranhado de berros e de gritos, da beira da estrada, agora de novo a armar-se em rio, para o barco dos fusas, para o Niassa, que estava em Bissau à espera, para o Cais da Rocha, onde outra mancha havia de esperar o que restava destes dois anos”.

Passemos agora, sempre pela mão de José Brás, pelas tremendas questões da cantina, ele vai falar da sua experiência de gerente de bar:
“No início, o batalhão de que dependíamos informara-nos de que deveríamos apresentar balancetes mensais de gerência. O Capitão Velez sugeriu-me que fizesse dois balancetes, um falso, para o batalhão, e um real, para nosso governo.
Queria ele que o batalhão apresentasse saldo pequeno. No fim dos 20 meses não havia de facto, cem contos de lucro, mas apenas dezassete. Espantado fiquei eu quando, no último dia de Guiné, mesmo na véspera do embarque, já com as contas todas fechadas e entregues na respetciva repartição em Bissau, o primeiro-sargento da Companhia me pediu as contas do bar que tínhamos fechado dois meses antes, com os tais dezassete contos de saldo positivo, e que ele conhecia melhor do que ninguém.
No barco ainda tentaram, ele, o capitão e dois alferes, na noite da chegada a Lisboa, até de madrugada, no camarote do Velez, apertar comigo. O único pilim que tinha era o que o Estado depositava mensalmente na minha conta do banco da vila, e com esse contava eu para me aguentar nos primeiros tempos de vida nova”.

E há descrição do primeiro contacto, andava por lá a ceifeira da morte:
“A granada de bazuca, ou de lança-rockets, irá explodir contra uma árvore atrás do bagabaga onde estará abrigado e semeará estilhaços nos corpos todos que ali estarão contraídos de medo. A sementeira é rápida e os frutos brotam de imediato. A terra é virgem e a floração, vermelha e lasciva, salta e alastra em borbotões.
A semente que coube ao Madeirense levou-lhe metade da cabeça num golpe de mágica. Num segundo era uma cabeça normal, cara de fuinha, barba rala, olhos assustados… Um segundo depois já lá não estava tampa, cortadinha assim, pela testa, num golpe a descer para a base da nuca, junto ao pescoço, atrás.
Ao Barcelos, a sementeira abriu-lhe buraquinhos no peito e na barriga. Esse deu pela morte. Levou aí uma hora a esgotar-se, às costas dos companheiros na fuga para o quartel. O perigo da proximidade dos guerrilheiros proibia-lhe os berros de dor, obrigando-nos a enfiar-lhe na boca um rolo de ligaduras.
Para evitarmos as minas na picada, dois soldados, um negro e um branco, abriam mata à faca e os ramos fustigavam-nos e fustigavam o Barcelos, destapando-lhe as brechas da barriga. Nos altos pousávamos o Barcelos no chão e viam-se-lhe dois nós na cara, um de cada lado, logo abaixo das patilhas, e rolos de lágrimas a misturarem-se com suor:
‘- Aguenta-te, pá! Aguenta! Aguenta, que os sacanas andam aqui perto à nossa volta e se nos agarram nesta mata de merda fodem-nos a todos!’.
O alferes Vilar tentava suster o desânimo do soldado e escondia-lhe a sua própria angústia e as lágrimas a saltarem-lhe dos olhos vermelhos.
‘- Não quero morrer! Quero ver o meu filho!’.
‘- Aguenta, pá! Os gajos estão aqui perto, a cinquenta metros. As rajadas são para ver se a gente responde’.
‘- O meu filho! Morro e não vejo o meu filho!’
Pelo canto da boca saía-lhe um leve fio de sangue.
‘- Não morres nada, pá! Estás a aguentar bem! Ânimo! É só mais um quilómetro!’.
O Barcelos cansou-se daquilo muito antes do helicóptero e não houve forma de o convencer a ficar connosco”.


(continua)
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Notas do editor

Poste anterior de 17 de maio de 2019 > Guiné 61/74 - P19797: Notas de leitura (1178): Missão cumprida… e a que vamos cumprindo, história do BCAV 490 em verso, por Santos Andrade (6) (Mário Beja Santos)

Último poste da série de 20 de maio de 2019 > Guiné 61/74 - P19807: Notas de leitura (1179): “Colóquio sobre Educação e Ciências Humanas na África de Língua Portuguesa”, Fundação Calouste Gulbenkian (1) (Mário Beja Santos)

Guiné 61/74 - P19820: Parabéns a você (1624): Rui G. Santos, ex-Alf Mil Inf da 4.ª CCAÇ (Guiné, 1963/65)

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Nota do editor

Último poste da série de 22 de Maio de 2019 > Guiné 61/74 - P19812: Parabéns a você (1623): Luciano Jesus, ex-Fur Mil Art da CART 3494 (Guiné, 1971/74)

quinta-feira, 23 de maio de 2019

Guiné 61/74 - P19819: Agenda cultural (685): Convite para o lançamento do meu livro "Brunhoso, era o tempo das segadas - Na Guiné, o capim ardia", a levar a efeito no dia 24 de Agosto de 2019, pelas 15 horas, na Biblioteca Municipal de Mogadouro (Francisco Baptista)

C O N V I T E


1. Mensagem do nosso camarada Francisco Baptista (ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 2616/BCAÇ 2892 (Buba, 1970/71) e CART 2732 (Mansabá, 1971/72), com data de 22 de Maio de 2019, convidando a tertúlia para a sessão de lançamento do seu livro "Brunhoso, era o tempo das segadas - Na Guiné, o capim ardia", a levar a efeito no dia 24 de Agosto, na Biblioteca Municipal de Mogadouro.

Camaradas e amigos:
Apresento o livro que fui fazendo com textos publicados no Blogue do Luís Graça e Camaradas da Guiné e alguns outros. Agradeço o grande contributo que o Luís Graça e o Carlos Vinhal sempre me deram e o incentivo que me deram muitos outros camaradas. 

Para mim os livros foram desde cedo uma paixão maior. Um livro, para o autor, é como um filho, e um pai ou uma mãe nunca dizem mal de um filho. Seria melhor se fosse escrito em pedras de xisto, como as da parede de um prédio muito antigo, que diz um irmão meu, foi mandado construir por um antepassado nosso, onde me encosto à procura da força, da beleza e da robustez que elas transmitem. Escrito nesses pedras que ajustadas umas às outras, em construção, já têm mais de 300 anos, o livro ganharia vida para algumas centenas de anos, bem mais alargada do que a vida que poderá atingir em papel. Mas não importa a vida, a fama, a eternidade, tudo é finito e nada é da nossa conta. Os deuses que nos fizeram do barro, depois de se fartarem de rir da nossa vaidade ridícula, devolvem-nos à terra para nos transformar em pó. Em pó iremos bailar ao vento, em pedra sobrepostos uns sobre os outros, os pedreiros construirão abrigos para homens ou animais.

Sem lhe atribuir a beleza e rigidez das pedras de xisto, o meu livro é bom, diverti-me muito ao escrevê-lo e divirto-me hoje a imaginar algum bisneto a folheá-lo e ler algum texto, depois de o ter descoberto, nalgum sótão, entre outras velharias.
Descreve bem as minhas vivências mais marcantes da infância, da adolescência e juventude, e as minhas vivências como militar na guerra da Guiné. Tem 388 páginas, 70 fotografias a cores e 20 a preto e branco.

Está dividido em três partes:
- A primeira fala sobre Brunhoso, a aldeia transmontana onde nasci e me criaram;
- A segunda fala sobre a Guiné que por tudo o que de bom e mau lá aconteceu, passou a ser a segunda terra para onde o nosso imaginário de camaradas ex-combatentes nos remete quando recordamos a nossa juventude;
- A terceira descreve algumas viagens da minha vida, fala sobre um grande livro que li nos últimos anos, há outros textos com traços biográficos de três amigos que nos deixaram, e que choro ainda, e outros pequenos textos nunca publicados no blogue, escritos ao correr dos dias sobre assuntos diversos.

O lançamento do Livro será às 15 horas do dia 24 de Agosto na Biblioteca Municipal de Mogadouro. 
Convido a estar presente quem quiser fazer um passeio agradável e admirar as paisagens de montanha das Beiras e de Trás-os-Montes. Agora há boas estradas em Portugal, que cruzam o país de norte a sul e de leste a oeste, os ares das serras e dos montes são mais saudáveis e as comidas mais naturais.


Um abraço a todos
Francisco Baptista
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Nota do editor

Último poste da série de 19 de maio de 2019 > Guiné 61/74 - P19804: Agenda cultural (684): Rescaldo do lançamento do Volume III de "Memórias Boas da Minha Guerra", de José Ferreira da Silva, levado a efeito no passado dia 11 de Maio, na Quinta Choupal dos Melros, Tabanca dos Melros, Fânzeres, Gondomar (Parte 2)

Guiné 61/74 - P19818: (Ex)citações (354): A navegação fluvial no Geba e os "barcos turras" (Manuel Amante da Rosa / Arsénio Puim)


Guiné > Zona Leste > Região de Bafaá >  Sector L1 > 1969 > O sortilégio e a beleza do Rio Geba, entre o Xime e e Bambadinca, o chamado Geba Estreito, numa das fotos aéreas magníficas do Humberto Reis, ex- Fur Mil Op Esp, CCA 12 (Contuboel e Bambadinca, 1969/71). nosso querido amigo e camarada Humberto que é também aniversariante este mês. (LG)


Foto (e legenda): © Humberto Reis (2005). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Guiné > Região de Bafatá > Setor L1 > Bambadinca > c. 1973/74 > Rio Geba Estreito e porto fluvial, em Bambadinca, na margem esquerda.


Foto (e legenda): © Luís Mourato Oliveira (2016). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].


Guiné > Bissau > Cais do Pidjiguiti > 1967 >  "Barcos turras", tripulantes, passageiros e esivadores


Foto (e legenda(: © João José Alves Martins (2012). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar:  Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].


Guiné > Região de Bafatá > Setor L1 > Bambadinca > CCS/BCAÇ 2852 (1968/70) > O alferes mil cav, cmdt Pel Rec Daimler 2046 (1968/70), Jaime Machado, num "barco turra" (que fazia ligação Bambadinca-Bissau-Bambadinca)

Foto (e legenda): ©Jaime Machado  (2015). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



1. Recorde-se aqui três  excelentes nacos de prosa sobre a navegação fluvila na Guine e os "heróicos barcos turras", do nosso tempo (*).

 Dois são  comentários de Manuel Amante da Rosa, e o outro um excerto das memórias do Arsénio Puim.

"Barco turra", e não no "barco dos turras"... Chamavam-se assim as embarcações civis que faziam a carreira Bissau-Xime-Bissau ou Bisssau-Bambadinca-Bissau... O pai do Manuel Amante da Rosa tinha uma carreira diária para o Xime, com o "Bubaque"... É possível que elementos do PAIGC, militantes ou simpatizantes, também utilizassem este meio de transporte... Não havia outros, a não a ser aéreos. A avioneta (civil ou militar) era um luxo... Muitos de nós, quando íamos a Bissau, utilizávamos o "barco turra"... Fardados, mas desarmados... Sem escolta, confiando na segurança que se fazia no Mato Cão e na Pona Varela...

O nosso ex-alf mil capelão Arsénio Puim (CCS/BART 2917, Bambadinca, 1970/72) escreveu num das suas crónicas, sobre  "cruzeiro turístico" pelo Rio Geba abaixo... Vale a pena relembrar. Não sei se também se aplicava ao "Bubaque" o epíteto de "barco turra"... O Manuel Amante da Rosa já veio dizer aqui que o pai não tinha nenhum acordo com o PAIGC. Ele prestava um serviço público, de que todos beneficiavam de um lado e do outro (população, militantes e simpatizantes do PAIGC, militares portugueses...). Em 10 anos de navegação pelo Geba acima Geba abaixo, o "Bubaque" terá sido atacado uma vez, "por engano", em 1/6/1973, à uma e tal da manhã, em São Belchior, antes de chegar a Bambadinaca



O embaixador Manuel Amante da Rota, 2013.  Cortesia  da RTC - Radiotelevisão Caboverdiana].


Manuel Amante da Rosa (**)


[ex-fur mil, QG/CTIG, Bissau,1973/74 (embaixador plenipotenciário da República de Cabo Verde em Itália entre 2013 e 2018; membro da nossa Tabanca Grande; o pai, antes de se tormar empresário de trasnsportes fluvianets, tinha sido, até ao início da guerra, comerciante em Belim, Fulacunda.]


(...) a navegação fluvual e costeira na Guiné era complexa e sempre dependente do ciclo das marés. Fazia-se muito pelos canais, à vista, com pontos de referência, e de forma impírica. 

Muito raros eram os arrais, motoristas e marinheiros que sabiam ler ou escrever. Mesmo assim tornavam-se pela prática experientes navegadores e exímios maquinistas. Muitos deles eram ainda do tempo das lanchas à vela. Muitos bebiam é certo o que em certas épocas se tornava um perigo. Metê-los no porão era a melhor opção. Pude cconstatar isso por diversas vezes. Dessa vez com o meu Pai ausente e com uma tripulação quase toda bêbada de cerveja, porque os excursionistas apesar de avisados deram-lhes à vontade de beber, sem restrições, tive de ir para o leme à partida de Bubaque. 

Era um bom navio. De ferro. Dois pisos. Um antigo e batido cacilheiro, "O Amanhã" . Dotado de um potente e excelente Caterpillar que lhe fazia bater entre 10 a 12 nós em viagem. 

O meu Velho comprara-o anos antes ao Sr. Fausto, português de Setúbal, opositor do regime de Salazar, desterrado para a Guiné, nos anos 40, e que ali se tornará um reconhecido madeireiro. Era ligado ou pelo menos tinha ligações a alguns dirigentes do PAIGC. Teria sido ele a transportar Luis Cabral, durante uma noite, até à fronteira com o Senegal para que não fosse preso pela PIDE que lhe estava no encalço. Era pessoa conhecida e ter levado para Bissau uma boa embarcação e colocado o nome de "O Amanhã" diz muito. (****)

Na realidade existe muita semelhança com a navegação fluvial do Brasil. Lembro-me que a primeira coisa que fiz ao chegar um dia a Manaus foi ir para o Hotel e apanhar um táxi para o porto/mercado. revivi o Pidjiguiti tal às semelhanças. Pontão, navios no lodo, grande amplitude das marés, mesmos cheiros, gentes, embarcações parecidas e até mercadorias. Umas boas horas somente a observar, a conversar e a passar de um navio para o outro. 

Anos mais tarde em Amapá, norte do Brasil, foi a mesma constatação e subir o Amazonas de lancha ronceira até Afuá. Pormenores inesperados que refluem na memória que julgavámos há muito desgarrados. (...)



Arsénio Puim (***)




Arsénio Puim, ilha de São Miguel, Açores, 2019.
Foto: Arsénio Puim

[ açoriano, da Ilha de São Jorge, ex-alf mil capelão; foi expulso do seu Batalhão, o BART 2917, e do CTIG em maio de 1971, apenas com um ano de comissão; no final da década de 1970 deixou o sacerdócio, formou-se em enfermagem, casou-se, teve 2 filhos; vive na Ilha de São Miguel; está reformado; é membro da nossa Tabanca Grande; tem cerca de 40 referências no nosso blogue; é autor da série "Memórias de um alferes capelão", de que se publicaram doze postes]



(...) Mas as embarcações que circulavam no Geba Estreito são também barcos a motor, para transporte de pessoas e de carga, que faziam viagens regulares e prestavam um importante serviço entre a capital do território e Bafatá.

Vim, uma vez, num destes barcos da carreira civil desde Bambadinca até Bissau, numa longa e pitoresca viagem que hoje ainda recordo.

Alguns militares usavam, uma vez ou outra, este meio de transporte para se deslocarem à capital. Penso que o grande Machadinho e meu grande amigo [, alf mil Abílio Machado, nosso grã-tabanqueiro, e que pertencia igualmente à CCS/BART 2917], também ia nesta viagem, mas não tenho a certeza.

No «Bubaque», apinhado de pessoas – muitos africanos e africanas e alguns soldados portugueses –, galinhas, porcos, cabras, (tudo em muita paz), navegámos ao longo do Geba Estreito, ladeado de mato denso e misterioso e cheio de curvas muito apertadas que obrigavam o barco a manobrar bastante próximo das margens. Depois entrámos no Geba largo, cada vez mais espaçoso e aberto aos nossos olhos curiosos, de margens arborizadas e baixas, ponteado com os seus quarteis militares estrategicamente disseminados dum lado e outro do território.

Sete horas depois, agradavelmente vividas em conversação amena e, sobretudo, a olhar, profundamente, a terra da Guiné e desfrutar da sua natureza, o «Bubaque» havia passado a grande ria do Geba e entrava no porto de Bissau, quando eram cinco horas da tarde do dia 8 de Março de 1971.

Fácil se tornou para nós pensar que, não obstante serem alvo de um ou outro ataque esporádico, não seria possível estes pequenos barcos civis, indefesos e para mais trasportando elementos do exército português, circularem regularmente numa tão extensa e recôndita área fluvial se não existisse um acordo secreto entre a empresa e a guerrilha, como aliás era voz corrente.

Mas além deste possível e mais ou menos controlado obstáculo humano, todo o movimento de barcos no Geba é condicionado por um interessante fenómeno natural que dá pelo nome de macaréu.
É, em linguagem simples, uma onda, provocada pelo choque da maré com a corrente fluvial, que avança rio acima, impetuosa e com grande ruído, operando à sua passagem a transição brusca e imediata da baixamar para a preiamar, numa amplitude que pode atingir dois metros ou mais.
Neste interior da Guiné, a mais de 100 quilómetros de Bissau, várias vezes me detive junto do grande Geba para ver passar o macaréu, poderoso e cheio de mistério, admirável e sempre benvindo. (...)


 Manuel Amante da Rosa (***)


(...) Caro Arsénio Puim, alegrou-me muito saber que fez uma viagem no "Bubaque" de Bambadinca para Bissau. Muito provavelmente, se a sua jornada foi num fim-de-semana eu deveria estar a bordo. Se assim foi, deveremos ter saído do sempre atulhado e improvisado cais de Bambadinca às 11 da manhã. Uma a duas horas antes da vazante. Factor regular (horário das marés) que muito nos preocupava para não ficarmos em seco no meio do Mato Cão. 

O Bubaque era do meu Pai que o adquirira à Marinha Portuguesa e o transformara em barco de passageiro com capacidade para 140 ou 180 passageiros, após ter sido abatido à carga. Teria sido antes uma trainera algarvia que foi transformada ainda em Portugal em Lancha Patrulha (o LP4) com uma pesada casamata blindada, em ferro, a meia nau e enviada para a Guiné em principios de 1960. 

Muito patrulhou os rios da Guiné tendo inclusivamente participado na batalha do Como. Com a chegada regular das LDM e LDP as 4 LP  tornaram absoletas e foram abatidas por Decreto do Ministro da Marinha. Eram robustas, aguentavam bem o mar e todas possuiam bons motores. 

O Bubaque era muito conhecido na região do Leste. Era a carreira mais regular entre Bissau e Bambadinca e exclusivamente destinada ao transporte de passageiros e suas cargas. Era também conhecido por “Djanta Kú cia” pela sua rapidez na jornada. Significava que se podia almoçar em casa e chegar ao seu destino ainda a tempo de jantar. 

Fiz muitas e muitas viagens nesse navio, mais de dia que de noite, algumas com acidentes e avarias graves no percurso mas, estando a bordo, nunca fomos vítimas de ataque. Meu Pai sim, numa madrugada em pleno Mato Cão, por erro de identificação. Não me parece que tivesse havido alguma vez um acordo ou pagamento de passagem. Era sabido que só transportavámos passageiros e muitos deles seriam familiares próximos de quem estava na luta quando não fossem mesmo guerrilheiros ou mensageiros a caminho de Bissau e vice-versa. Transportei muitas vezes militares que demandavam e/ou outro porto Sentiam-se seguros no "Bubaque". A viagem directa Bambadinca-Bissau demorava em média de 5 a 6 horas, duas das quais na “auto-estrada” do Mato Cão a parte que mais encanto me dava. A subir era sempre menos.

No Geba largo, no tempo das chuvas e tornados, a preocupação era evidente devido às vagas curtas, sempre de través e instabilidade da massa humana a fugir da chuva ou a agachar-se do vento a sotavento dele. Nessas ocasiões aproximavamo-nos da margem oposta passando por Jabadá e Enxudé até cortar directo para oeste de Cumeré, passar entre a ponte cais e o ilhéu do Rei e atracar no Pidjiguiti. No outro dia, a favor da mare, lá se iniciava uma outra jornada. Tenho ainda vivas as mesmas imagens que tão bem descreveu das margens do Geba apertado. (...) (*****)

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Notas do editor

(*) Vd. poste de 22 de maio de 2019 > Guiné 61/74 - P19815: Álbum fotográfico de Virgílio Teixeira, ex-alf mil, SAM, CCS / BCAÇ 1933 (São Domingos e Nova Lamego, 1967/69) - Parte LXX: Viagem, de regresso, do Gabu a Bissau, em 26/2/1968: no 'barco turra', a partir de Bambadinca (II)



(**) Vd.comentário ao poste  17 de março de  2015 > Guiné 63/74 - P14377: O nosso blogue como fonte de informação e conhecimento (29): A Ilha das Galinhas que eu conheci e a nostalgia da "prisão" com que o Zé Carlos Schwarz ou Zé Cabalo (, no meu tempo de liceu), nos surpreende, na letra e música de "Djiu di Galinha" (Manuel Amante da Rosa)

(***) Vd. psote de 12 de dezembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5453: Memórias de um alferes capelão (Arsénio Puim, BART 2917. Dez 69/Mai 71) (5): O grande Rio Geba


(****) Vd. poste de 20 de junho de 2017 > Guiné 61/74 - P17489: (De) Caras (85): o testemunho de Manuel Amante da Rosa, embaixador plenipotenciário de Cabo Verde em Itália, sobre o Fausto Teixeira: "era uma figura distinta, opositor ao regime de Salazar, vigiado pela PIDE/DGS, amigo do meu pai que lhe comprou, no início dos anos 70, o último navio que ele levou para a Guiné, um antigo cacilheiro que fazia carreiras regulares para o Xime e para os Bijagós ...Morreu depois do 25 de Abril em Portugal".

Vd. também postes de:

18 de novembro de 2014 > Guiné 63/74 - P13912: (Ex)citações (247): A embarcação "Bubaque", da carreira Bissau-Bambadinca-Bissau (Manuel Amante / Jorge Araújo / J. F. Santos Ribeiro)

quarta-feira, 22 de maio de 2019

Guiné 61/74 - P19817: Antropologia (32): "Regressos quase perfeitos, memórias da guerra em Angola", por Maria José Lobo Antunes, Tinta-da-china, 2015 (2) (Mário Beja Santos)



1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 9 de Agosto de 2018:

Queridos amigos,
Temos um ano da CART 3313 no Leste, depois seguem para o setor de Malanja, a Baixa do Cassanje é, ao tempo, uma zona de descanso, situam-se ali interesses económicos vitais, o colonialismo está vivo, os militares fazem patrulhas, ação psicológica, aborrecem-se, por ali circulam os aliados do colonialismo e a vigilância da PIDE não faz tréguas. Até que um dia, em março de 1973, regressam a casa, vêm todos de avião, na bagagem, muitos trouxeram pedaços de Angola: fotografias, peles curtidas de animais, máscaras, tapetes, recordações exóticas. Têm pela frente o regresso à vida interrompida.
Vai começar a terceira e última parte deste estudo antropológico, a memória é a rainha da festa.

Um abraço do
Mário


Regressos quase perfeitos, uma obra excecional de antropologia (2)

Beja Santos

Regressos quase perfeitos, memórias da guerra em Angola, por Maria José Lobo Antunes, Tinta-da-china Edições, 2015, é um trabalho científico de excecional qualidade. Recapitulando, durante cinco anos, Maria José Lobo Antunes entrevistou dezenas de antigos militares da Companhia de Artilharia 3313, assistiu aos seus almoços anuais, pesquisou arquivos e cruzou estas memórias com o retrato que o seu pai, o escritor António Lobo Antunes, médico do batalhão, deixou nas cartas de guerras que escreveu à mulher e nalguns dos seus livros. Há conivências e silêncios, há relatos interditos, durante décadas, a camaradagem só pode ser compreendida por quem passou pela guerra: “Uma pessoa tem irmãos de sangue, nós somos irmãos de alma”.

António Lobo Antunes e a mulher, Maria José Xavier da Fonseca e Costa, pais de Maria José Lobo Antunes.

A investigação rondou a infância e a juventude destes mancebos, falou-se na ideologia do Estado Novo, agora vão para Angola, passarão doze meses no Leste, é o primeiro ano da sua comissão de serviço, é o confronto com novas paisagens, com etnias angolanas, descobre-se Luanda e naquele Leste há histórias de mergulhos nos rios, batuques nas aldeias, namoros com negras. “A recordação está envolta em saudade e riso, histórias de rapazes jovens à aventura no desconhecido. Por outro lado, o medo e a tensão, os ataques e rebentamentos de minas, a invisibilidade do inimigo sem cara enchem as narrativas de quem viveu o ano de 1971 na planura do Leste angolano”.

A autora procede ao enquadramento deste Leste de Angola, um dos principais focos de subversão e luta armada nos seus quatro distritos (Moxico, Lunda, Bié e Cuando Cubango) e pela parte sul do distrito de Malanje. Leste é sinónimo da Diamang, a Companhia Mineira do Lobito (minas de Cassinga) e o Caminho-de-Ferro de Benguela. Neste Leste há conflitos intensos: a Zâmbia acolheu os movimentos nacionalistas angolanos, Costa Gomes criará em 1971 a Zona Militar Leste que uniu os três ramos da Forças Armadas portuguesas e as autoridades civis da região. Há muitos testemunhos sobre Luanda, deslumbramento, conversas com militares de outras unidades, o contraste entre a zona moderna e os musseques. E abala-se para as terras do fim do mundo, há êxodos populacionais, o MPLA está então muito ativo, descreve-se Gago Coutinho, Sessa e Mussuma, alguém comenta para a autora: “Em Gago Coutinho o ambiente era pesado. Aquilo era uma zona muito intensa de guerra e de vez em quando apareciam helicópteros carregados de pessoal, feridos e o carago, que vinham para ser tratados em Gago Coutinho”.

Há a barreira linguística, o choque de mentalidades, a vida quotidiana do quartel feita de rotinas, a curiosidade com os batuques, os curandeiros e feiticeiros, o choque com as condições laborais dos negros, a curiosidade com a relação dos africanos face ao corpo e à sexualidade. Enfim, anuncia-se a guerra, o BART 3835 sofreu 52 baixas ao longo de 12 meses: 32 feridos ligeiros, 14 feridos graves e 6 mortos. Todos recordam o batismo de fogo, Lobo Antunes logo escreve à mulher quando começou a guerra séria. Há a picagem das estradas, as minas anticarro irão fazer os seus estragos, a picagem a passo de caracol é por vezes monótona, desenvolve tensões. E surge uma experiência nova: os estranhíssimos aliados, Os Fiéis, nome de código de antigos apoiantes de Moisés Tchombé, eram gendarmes da província do ex-Congo Belga, a colaboração de forças sul-africana, sobretudo ao nível de helicópteros, estava já em vigor o Alcora, nome de código da aliança secreta político-militar que uniu Portugal, a África do Sul e a Rodésia entre 1970 e 1974, os Grupos Especiais iam aos locais mais remotos, eram implacáveis. Patrulhamentos infindáveis, descobre-se a tortura da sede. Em Sessa, procura-se recuperar civis que vivessem nas matas e oferecer-lhes proteção, saúde e educação nos aldeamentos construídos junto dos quarteis, os pelotões rodam de destacamento em destacamento. A PIDE trabalha à luz do dia.

Maria José Lobo Antunes lança um largo comentário sobre memória, esquecimento e silêncio:  
“Todas as histórias contadas nas páginas anteriores resultam da reconstrução de acontecimentos passados através da utilização de um mesmo léxico: o da guerra. É este idioma que preside à formulação da história do BART 3835, relato oficial de uma comissão de serviço onde o inimigo é repelido pela ‘pronta reação das NT’ e de onde estão ausentes os aliados secretos, as armas proibidas, mas também os pequenos deslizes de uma guerra feita por homens de carne e osso. É também este idioma que dá forma às memórias dos homens que viveram a guerra colonial no Leste angolana em 1971. É através dos seus valores (a camaradagem, a coragem, o heroísmo), dos seus resultados (vitórias, derrotas, fugas), dos seus acasos de sorte ou azar e das suas fraquezas (medo, cobardia) que cada um dos indivíduos reconstitui no presente os episódios vividos décadas antes”.
São descontinuidades, como seguramente se podem encontrar na Guiné ou em Moçambique, e daí este trabalho de elaborar uma tessitura entre os excessos e pecados da memória, entre o que cada um lembra e esqueceu, solta-se o lugar-comum para observar que o que resta do passado no presente é uma pequena parte do que aconteceu.

Depois da tempestade vem a bonança, ao fim de um ano na imensidão do Leste angolano, o BART 3835 seguirá para Malanje, pouca ou nenhuma guerra, era uma zona de descanso. Observa a autora, falando da atividade de guerrilha, que os mais ativos eram o MPLA e a UPA/FNLA, a UNITA tinha a sua ação limitada ao sul do setor de Malanje. “A missão das unidades resumia-se à vigilância da fronteira com o Congo, por onde poderiam infiltrar-se grupos inimigos, à manutenção de segurança nas áreas urbanas e rurais, e à acção psicológica junto das populações brancas e negras. O ano de 1972 surge nas narrativas dos homens da CART 3313 como uma imensa planície feita de rotinas e de espera pelo regresso a Portugal. Sem minas, ataques ou acções de combate, estes 14 meses tornaram-se indistintos, dominados pela monotonia dos dias quase sempre iguais. Compreende-se, por isso, que vários entrevistados se refiram ao segundo ano de comissão como umas férias”.

O distrito de Malanje em nada se assemelhava à aridez económica do Leste e a autora descreve minuciosamente a Baixa do Cassange. Agora privilegia-se a ação psicológica, em Marimba, Mangando e Marimbanguengo. “Foi entre estas três povoações que os homens da CART 3313 passaram a segunda parte da comissão de serviço em Angola”. Fazem-se patrulhas, os testemunhos referem o trabalho da PIDE, mas são meses de tédio em que os jogos de futebol desandam em pancadaria, fazem-se caçadas, os militares são confrontados com explorações agrícolas vastíssimas, ali o colonialismo está bem vincado, o preto obedece, é de uma docilidade resignada.

Temos agora a terceira e última parte deste extraordinário documento antropológico: Os anos depois da guerra.

(Continua)
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Nota do editor

Último poste da série de 15 de maio de 2019 > Guiné 61/74 - P19789: Antropologia (31): "Regressos quase perfeitos, memórias da guerra em Angola", por Maria José Lobo Antunes, Tinta-da-china, 2015 (1) (Mário Beja Santos)

Guiné 61/74 - P19816: Memórias do QG/CTIG, Santa Luzia, Bissau (Carlos Filipe Gonçalves, ex-fur mil amanuense, QG/CTIG, 1973/74)





Carlos Filipe Gonçalves, hoje jornalista aposentado, 
a viver na Praia, ilha de Santiago, Cabo Verde


1. Mensagem, com data de 16 do corrente, de Carlos Filipe Gonçalves, ex-.fur mil amanuense, QG/CTIG, Bissau, 1973/74, membro recentíssimo da Tabanca Grande, com o nº 790 (*)

Olá,  Luis:

Como prometido,  aqui vão algumas fotos do tempo da minha Comissão na Guiné . Foram todas tiradas logo no início da minha chegada entre Março e Maio de 1973,  tinha comprado uma máquina fotográfica a um camarada durante a viagem no Uíge… De modo que logo que cheguei, andava entusiasmado com o “aparelhómetro”,  tirava fotos por tudo e por nada… Mandava revelar naquela casa fotográfica aí perto do Hospital em Bissau, naquela rua que desembocava na estrada de Santa Luzia. A Foto Cardoso!... Pois é,  o homem saiu de Bissau depois do 25 de Abril e instalou-se na Cidade da Praia,  aqui em Cabo Verde e a Foto Cardoso está aqui, desde 1974…

Falando agora de recordações das Fotos que envio e que devem interessar aqueles que estiveram em Santa Luzia en 1973/74:



Fotnº 1

1 - Foto da Piscina da messe de Oficiais, com o ecrã de cinema ao fundo. Foi aí que aconteceu o episódio muito bem descrito no Blog pelo camarada Abílio Magro com o titulo – "Bomba" no Clube de Oficiais do CTIG”.



Foto nº 2


2 – Foto do Poilão que fica(va) na pequena rotunda da estrada que vem do QG e vai dar à Messe de Sargentos.



Foto nº 3

3 -  Foto na zona dos quartos da Messe de Sargentos em Santa Luzia.


Fotos (e legendas): ©  Carlos Filipe Gonçalves (2019). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Finalmente, a ainda em relação ao camarada Abílio Magro (**), para comentar a foto em que ele aparece ao lado de uma piscina em construção: Como ele bem disse, os sargentos só podiam tomar banhos de piscina da Messe de Oficiais, às quintas de manhã e aos sábados à tarde.

 Bem, o início de obras de uma piscina na Messe de Sargentos que é a que se vê na foto [º 1], foi muito acolhida! As obras começaram, o meu quarto é um daqueles cujas janelinhas se veem na foto atrás do camarada Abílio Magro.



Guiné > Bissau > Santa Luzia > QG / CTIG > Cartão que nos foi distribuído para podermos circular no QG depois da bomba. Reparem nas datas de emissão e validade (parece que contavam comigo até ao fim da comissão). (**)




Guiné > Bissau> QG/CTIG > Santa Luzia > c.  1974 > O Abílio Magro, "junto às obras da piscina de sargentos que estava a ser construída nas traseiras dos nossos quartos" (**)


Fotos (e legendas): © Abílio Magro (2013). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Passei mal com aquelas obras, Caterpillar logo de manhã cedo, poeira em enorme quantidade… Infelizmente as obras daquela pisca dos Sargentos nunca foram terminadas, porque aconteceu o 25 de Abril, e poucos meses depois teve início a retirada militar da Guiné. 

Como eu fiquei na Guiné até 1975… posso dizer o seguinte: Aquilo tudo ficou ao abandono, depois das chuvas de 1974, a piscina em obras ficou inundada! A piscina da Messe de Oficiais (entretanto Hotel 24 de Setembro) esteve aberta ao público em 1974/75, parece que funcionou ainda durante mais algum tempo… Quando visitei Bissau em 1987 a piscina estava toda escangalhada, inutilizada. Não sei se existirá actualmente…

Aquele abraço

Carlos Filipe Gonçalves

Jornalista Aposentado 
e já agora ex-Furriel Miliciano n.º 800 048/71 

Guiné 61/74 - P19815: Álbum fotográfico de Virgílio Teixeira, ex-alf mil, SAM, CCS / BCAÇ 1933 (São Domingos e Nova Lamego, 1967/69) - Parte LXX: Viagem, de regresso, do Gabu a Bissau, em 26/2/1968: no 'barco turra', a partir de Bambadinca (II)



Foto nº 1


Foto nº 2

Foto nº 3


Foto nº 4


Foto nº 5


Foto nº 6


Foto nº 6A


Foto nº 7


Guiné > Comando e CCS/BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69) > 26 de fevereiro de 1968 > Viagem de regresso a Bissau, atravessando as Regiões de Gabu e de Bafatá, em coluna militar, e depois de barco, a partir de Bambadinca. Até ao Xime e foz do rio Corubal ainda era região de Bafatá. Mato Cão ficava a seguir a Bambadinca, ainda no Geba Estreito (que ia até ao Xime). Jabadá já ficava na região de Quínara, na margem esquerda do rio Geba, no estuário do Geba, já muito depois da Foz do Rio Corubal. [Vd. carta de Tite]

Fotos (e legendas): © Virgílio Teixeira (2019). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



1. Continuação da publicação do álbum fotográfico do nosso camarada Virgílio Teixeira, ex-alf mil SAM, chefe do conselho administrativo, CCS / BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69); é economista e gestor, reformado; é natural do Porto; vive em Vila do Conde; tem mais de 130 referências no nosso blogue- (*)



CTIG/Guiné 1967/69 - Álbum de Temas:


  T047 – REGRESSO DAS TROPAS EM 26FEV68  -  O BCAÇ 1933  RIO GEBA ABAIXO  (2)


I - Introdução do tema:


Continuação da série de Temas para Postes, relativos à chegada do Batalhão à Guiné, as viagens para Gabu pelo Rio Geba acima, as colunas militares por estrada, as festas de despedida no Gabu com batuques e roncos à mistura, o regresso pelo mesmo caminho, Bambadinca, até Bissau, antes de partir novamente para o novo destino, São Domingos, Rio Cacheu acima, sem fotos.

Após as despedidas no Gabu, chegou o dia do regresso, em colunas militares, por terra, até Bambadinca, e por via fluvial, no Geba, até Bissau. A viagem correu normal, nada havendo a assinalar, excepto as más condições da viagem, e juntos com a população civil, que precisava também de boleia.

II - Legendas das fotos:

F01 – Passagem da coluna fluvial pela Mata do Oio [?], empoleirado no barco, de G3 em riste, como se estivesse a fazer um cruzeiro de férias e caça ao Burro. Acho que estamos na zona do Rio Geba Estreito, pois as margens estão perto, mas não sei. Espreitando melhor a foto, acho uma imprudência minha, a arma está carregada e de certeza com bala na câmara, um pequeno descuido, um tiro, com o cano encostado à cara, pelo menos ia a orelha e os óculos… Foto captada no Rio Geba, no regresso de Gabu para Bissau, no dia 26 de Fevereiro de 1968.

[Virgílio, querias dizer Mato Cão, mas não, já não é o Geba Estreito. já passaste o Xime, a caminho de Bissau... Aqui começa o estuário do Geba, podias ir tranquilo, a partir da Foz do Rio Corubal...LG]


F02 – No ‘Barco Turra’, o apetite aperta, e lá vai um pouco de ração de combate. Foto captada no Rio Geba, no regresso de Gabu para Bissau, no dia 26 de Fevereiro de 1968.

F03 – Depois do ‘almoço’ ou ‘jantar’ tocar viola para desanuviar o ambiente. Ao meu lado o soldado condutor Espadana, o nosso chefe de mesa na messe de oficiais. Foto captada no Rio Geba, no regresso de Gabu para Bissau, no dia 26 de Fevereiro de 1968.

F04 – Passagem da ‘coluna fluvial’ por um aquartelamento algures no caminho de Bissau. Está escrito no verso de outra fotografia que se trata de ´Jabadá’. Foi alguém que o disse. Foto captada no Rio Geba, no regresso de Gabu para Bissau, no dia 26 de Fevereiro de 1968.

F05 – Momento de atenção das tropas, porque o barco está a passar pela mata do Oio [?] e pelo que dizem os mais conhecedores, é perigosa. Por isso a arma G3 sempre presente. Foto captada no Rio Geba, no regresso de Gabu para Bissau, no dia 26 de Fevereiro de 1968.

[, Virgílio, a avaliar pela distância da margem esquerda do Rio Geba, já estás longe do temível Mato Cão, e não Oio...LG]

F06 – População civil, viajando no mesmo ‘barco dos turras’ com a tropa. Dizem que assim era menor a probabilidade de serem atacados no rio. Foto captada no Rio Geba, no regresso de Gabu para Bissau, no dia 26 de Fevereiro de 1968.

F07 – A noite está a cair por volta das 18 horas da tarde, o barco está a entrar no ‘estuário do Geba’, em breve todos estão em terra firme e segura em Bissau. Na hora da refeição, tomando o petisco, as rações de combate, nada mau. Foto captada no Rio Geba, no regresso de Gabu e chegada a Bissau já noite, no dia 26 Fevereiro 1968.

Direitos de Autor:

«Propriedade, Autoria, Reserva e Direitos, de Virgílio Teixeira, Ex-alferes Miliciano do SAM.

Chefe do Conselho Administrativo do BCAÇ 1933 / RI 15, Tomar,

CTIG/Guiné de 21 Set 67 a 04Ago69, Nova Lamego, Bissau e São Domingos,».

Acabadas de legendar em 2019-03-19

Virgílio Teixeira



Guiné > Região de Quínara > Mapa de Tite (1955) > Escala 1/50 mil > Posição relativa de Jabadá, na margem esquerda do rio Geba, entre a foz do rio Corubal e Bissau.

Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2019)


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Guiné 61/74 - P19814: (De)Caras (130): João Crisóstomo, o luso-americano que vem de propósito de Nova Iorque para estar com os seus antigos camaradas de armas, em Monte Real, no dia 25, sábado... Entretanto, tarda o reconhecimento, público, do seu país de origem, pela seu ativismo cívico e social na diáspora lusitana...

João Crisóstomo, Porto das Barcas, Lourinhã, 2017.
Foto: Luís Graça
1. Está de visita a Portugal, mais uma vez, por uns breves dias, o nosso camarada e amigo, o luso-americano João Crisóstomo, acompanhado da esposa, a eslovena Vilma. 

Participou, sábado passado, na Ericeira, no convívio do pessoal que passou pelo Enxalé, em 1965/67, na qualidade de ex-alf mil inf da CCAÇ 1439, e vai estar connosco em Monte Real, pela primeira vez, por ocasião do XIV Encontro Nacional da Tabanca Grande,  sábado, dia 25 de maio de 2019.

Todas as vezes que ele cá vem, à sua terra de origem, há sempre alguém, do círculo das nossas relações sociais, que me pergunta, com admiração e incredulidade:

"Mas este país, à beira mar plantado,  terra de santos, heróis e comendadores, ainda não reconheceu, publicamente, a ação cívica e o ativismo social deste homem, um dos seus ilustres filhos,  lídimo representante da diáspora lusitana nos EUA e da lusofonia,  que se bateu galhardamente, por exemplo, com outros luso-americanos e outros portugueses, por causas nobres e patrióticas, como  a salvaguarda da arte rupreste de Foz Coa, a autodetermiação de Timor Leste, a reabilitação da memória de Aristides Sousa Mendes ou a libertação do refém luso-americano Marc Gonsalves,detido na Colômbia pelas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC)?!"... 

É uma pergunta legítima. Para quem não o conhece, na Tabanca Grande, aqui fica uma pequena nota biográfica.

2. João Crisóstomo - Nota biográfica (**)

Natural de Torres Vedras, João Crisóstomo acabou por se tornar cidadão do mundo anos antes de se fixar na metrópole que reinvindica ser a sua capital, a cidade de Nova Iorque.
Depois de passar pela África nos anos 1960 e ganhar uma cruz de guerra de 4ª classe na Guiné-Bissau [, como alf mil inf, CCAÇ 1439, Enxalé, Porto Gole e Missirá, 1965/67[, trabalhou e estudou em Londres (1968-1969), em Paris (1970), em Ludwigsburg (Estugarda) (1971,  antes de frequentar cadeiras de gestão hoteleira na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro e de trabalhar no Leme Palace Hotel dessa cidade.

Chegou aos Estados Unidos em 1975, exercendo a sua profissão, primeiro, como mordomo de Jacqueline Kennedy Onassis (1975-1979), e, depois, como gerente proprietário do restaurante nova-iorquino Cuisine du Coeur (1979-1982) e, novamente (1982-2015), como despenseiro de diversas famílias da alta sociedade nova-iorquina.

Foi nos salões da alta sociedade onde conquistou a amizade das pessoas que servia e o privilégio de manter a sua amizade e a sua abertura a muitas causas a que já dedicava energia ou a que se iria entregar: 


(i) a defesa das gravuras de Foz Coa com o “Save the Coa Site Movement  ” (1995); 

(ii) a divulgação da acção humanitária, durante a II Guerra Mundial, dos diplomatas portugueses Aristides Sousa Mendes, Carlos Sampaio Garrido e Carlos de Liz Teixeira Branquinho e dos diplomatas brasileiros Sousa Dantas e Rosa Guimarães (1996 e seguintes); 

(iii) o lançamento de iniciativas em defesa da independência de Timor-Leste através da LAMETA (1996- 2002); 

(iv) diligências públicas em 2008 para a libertação do refém luso-americano Marc Gonsalves, então detido na Colômbia pelas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC), desde 2003; 

(v) um movimento comunitário para garantir a continuidade em Nova Iorque do Consulado de Portugal (2007),ameaçado de extinção;

(vi) e outras iniciativas de menor impacto público.

No percurso, recolheu algum reconhecimento pelas suas acções: 

(a) International Rock Art Congress Award (USA), 1998; 

(b) Angelo Roncalli Medal, IRWF, 2001;

(c)  Outstanding Service to Society Award, Edison State College, 2001; 

(d) Visas for Life Award, 2002;

(e)  Aristides Sousa Mendes Medal da International Raoul Wallenberg Foundation (IRWF), 2004; 

(f) Luis Martins de Sousa Dantas Medal, IRWF, 2005; 

(g) Recognition Certificate, Government of Canada, 2005;

(h) etc., etc.


Afirma, contudo, que nenhum reconhecimento o marcou tão profundamente como o recebido telefonicamente de Xanana Gusmão na noite de 23 para 24 de Setembro de 1999 - o mês em que o líder timorense saiu da prisão indonésia - a propósito da longa e algumas vezes renhida luta da LAMETA pela independência de Timor-Leste: “Nós estamos muito reconhecidos por tudo quanto fizeram”.(***)

O João Crisóstomo integra a nossa Tabanca Grande desde 26 de julho de 2010, sentando-se à sombra do nosso poilão sob o nº 432.


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Notas de leitura:

(*) Vd. poste de 13 de setembro de  2018 > Guiné 61/74 - P19010: Dossiê LAMETA - Movimento Luso-Americano para a Autodeterminação de Timor-Leste: um documento para a história, um livro do nosso camarada da diáspora, João Crisóstomo (Nova Iorque)... Parte IV: O papel da Organização das Nações Unidas... Homenagem a Kofi Annan (1938-2018)




Guiné 61/74 - P19813: Álbum fotográfico de João Crisóstomo, ex-alf mil inf, CCAÇ 1439 (Enxalé, Porto Gole e Missirá, 1965/67) - Parte III: a vida em Missirá


Foto nº C5


Foto nº C3


Foto nº C2


Foto nº C1


Foto nº C8


Foto nº  C7


Foto nº C4



Foto nº C6


Guiné > Região de Bafatá > Setor L1 (Bambadinca) > Enxalé > 1965 > CCAÇ 1439 >  Aspetos da vida do destacamento de Missirá-


A CCAÇ 1439  teve como unidade mobilizadora o BII 19 (Funchal), partiu para o CTIG em 2/8/1965 e regressou a 18/4/1967, tendo passado por Xime, Bambadinca, Enxalé, Porto Gole, Missirá, Fá Mandinga. O comandante era o cap mil inf Amândio Manuel Pires, já falecido. Alferes (milicianos): Freitas (Funchal, Madeira), Crisóstomo (Torres Vedras, hoje a viver em Nova Iorque), Sousa (Vila Nova de Famalicão), Zagalo (Lisboa, ator de teatro, já falecido).

Fotos (e legendas): © João Crisóstomo (2019). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].


1. Continuação da publicação do álbum fotográfico de João Crisóstomo:

(i) Camarada da diáspora, a viver nos EUA desde 1975, onde teve como principal profissão ser mordomo em casas da elite de Nova Iorque;

(ii) ex-alf mil, CCAÇ 1439 (Enxalé, Porto Gole e Missirá, 1965/67);

(/iii) casado com a a eslovena Vilma; destacado ativista social luso-americano (de causas célebres como As Gravuras de Foz Coa, Memória de Aristides Sousa Mendes, e Timor Leste); 

(iv) tem cerca de 80 referências no nosso blogue; 

(v) o casal veio expressaente, de Nova Iorque, ao XIV Encontro Nacional da Tabanca Grande, que se vai realizar em Monte Real, em 25 de maio; veio também ao encontro da CCAÇ 1439, e subunidades adidas, que passaram pelo Enxalé: Pel Mort 1028, Pel Caç Nat 52, Pela Caç Nat 54]


Legendas do autor:

Folha C: Missirá era um destacamento, a norte de Bambadinca, no regulado do Cuor, a norte do Rio Geba Estreito, com muitas bajudas bonitas que tornavam a estadia menos difícil aos “desterrados” (Foto nº C5).

Na foto C5 podemos ver o Bonifácio ( "o passarinho”); o Lopes, sempre o querido Dom Juan das bajudas; e o Neiva, todos em fraternal convívio; eu, à esquerda, de óculos, conservava a farda militar, para lembrar que estávamos de serviço.

Nas fotos C8, C7 e C4, os régulos e demais chefes eram amigos e facilitavam (e incentivaram mesmo o uso da suas vestes... Creio que o facto de pormos a indumentária especial deles nesse dia era para eles uma amostra de consideração da nossa parte) (Foto nº C1).


Fotos C2 e C3: depois dum “assalto” [do PAIGC], muito bem coordenado e com muito sucesso durante a noite, fomos dar o nosso suporte moral… e passadas uma ou duas horas tinhamos de registar para a posteridade...

Foto nº C6: eu, à civil, com um alferes mil médico

Nao me lembro do nome dele, mas sei que era o médico do batalhão que estava em Bafatá (e do qual a CCAÇ 1439 fazia parte ou a que estava agregada.)

O médico anterior a ele tinha sido uma das vítimas duma mina com emboscada; O comandante do Batalhão de Bafatá fazia parte dessa coluna, mas não estava a comandar. O capitão Pires [, cmdt da CCAÇ 1439,] tinha-nos dito expressamente que ele não estava como comandante e pertencia-nos a nós "protegê-lo e entregá-lo”.

Este (o médico anterior) era um indivíduo mais baixo, também com óculos, cara redonda… Partiu as pernas e foi evacuado na mesma altura para Bissau e nunca mais ouvi falar dele; também não me lembro do nome dele.

Vou ver se o Figueiredo se lembra;( se me não engano o Figueiredo era o contudor do Unimog que sofreu a mina; eu ia ao lado dele, fomos os dois projectados cada um para seu lado, mas ,com sorte, sem nada quebrado; recordo-me bem de ter sido projectado, e ao aterrar no solo ter encontrado ao meu lado a minha G3 de cano metido na terra; nem de propósito teria sido tão bem “enfiada“ no chão...)

Eu devia lembrar melhor, mas… tenho pena. Oxalá haja mais alguém capaz de completar esta informação com mais detalhes.

(Continua)
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Noat do editor: