quinta-feira, 19 de setembro de 2019

Guiné 61/74 - P20158: Convívios (908): Os "meninos da Linha": estão bem e recomendam-se... Parabéns ao José Miguel Louro e ao João Pereira da Costa, a quem se cantou hoje os parabéns (Luís Graça)


Oeiras >  Algés > 19 de setembro de 2019 >  Estação de comboio > A caminho do 45.º convívio da Magnífica Tabanca da Linha, vejo este grafito e registei-o em fotografia: "Quando eu partir, Algés, reza por mim!"... (Autor desconhecido).

"Partir", verbo intransitivo e verbo pronominal, quer dizer: (i) pôr-se a caminho, seguir viagem; (ii) ir-se embora, retirar-se, sair de cena; (iii) (em sentido figurado) morrer...

Qualquer um de nós, camaradas e amigos da Guiné, tabanqueiros da Tabanca Grande e da sua rede de tabancas (Matosinhos, Centro / Monte Real, Melros / Gondomar, Maia, Lapónia, Porto Dinheiro / Lourinhã, Ferrel / Peniche, Algarve...) têm legitimidade para "grafitar" as  paredes das nossas tabancas: "Quando eu morrer, não chorem por mim, mas não me deixem ir para a vala comum do esquecimento"...

É essa, afinal, a  nobre missão das nossas tabancas: exercer o nosso direito à memória, lutar contra o nosso Alzheimer coletivo, contestar o politicamente correto... E não temos que pedir desculpa por  ainda não termos morrido, "lerpado" (, no nosso calão de caserna)... A elite dirigente deste país  já está farta de nós: porra, estes gajos nunca mais morrem, nunca mais desamparam a loja, nunca mais se calam, nunca mais viram a puta da página da História!... Querem dizer, os senhores ministros da defesa e os senhores generais da guerra, que estamos a mais, a estragar a festa da História... A sua festa, a festa deles...


Oeiras >  Algés >  Restaurante Caravela de Ouro > 19 de setembro de 2019  > Magnífica Tabanca da Linha > 45.º Convívio >  O José Miguel Louro, ao centro, o terceiro a contar da esquerda, alvo de manifestações de carinho: festeja o seu aniversário natalício; teve um grupo de 4  camaradas que vieram expressamente do Norte (Vila Nova de Famalicão e Maia) para passar o dia com ele... Ao grupo juntou-se o Jorge Pinto... São da esquerda para a direita: (i) Joaquim Pinto (em primeiro plano, de costas,  (ii) José Manuel Santos; (iii) Carlos Camacho Lobo; e (iv) Costa e Silva (entre o Louro e o Pinto).

Fiquei a saber que o José Louro pertenceu à 3.ª CART/BART 6520 (Fulacunda, 1972/74). Por lamentável lapso, ainda não pertence à Tabanca Grande: é presença assídua na Tabanca da Linha e participou diversas vezes no nosso encontro anual em Monte Real... Enviuvou recentemente. É o primeiro ano, como aniversariante, que passa sem a sua querida Maria do Carmo. Encontrámo-la,  juntamente com o Miguel Louro, pela última vez. no Hospital da Luz, há mais de um ano.


Oeiras >  Algés >  Restaurante Caravela de Ouro > 19 de setembro de 2019  > Magnífica Tabanca da Linha > 45.º Convívio > Em primeiro plano, à direita, de perfil o João Martins associando-se aos brindes de parabéns ao José Louro. Na outra ponta, à esquerda, de pé, outro camarada que veio do Norte, com o dr. Carlos Camacho Lobo, o José Manuel Santos.


Oeiras >  Algés >  Restaurante Caravela de Ouro > 19 de setembro de 2019  > Magnífica Tabanca da Linha > 45.º Convívio >  Os dois aniversariantes do dia, João Pereira da Costa (Lisboa) e José Miguel Louro (Algueirão / Sintra).


Oeiras >  Algés >  Restaurante Caravela de Ouro > 19 de setembro de 2019  > Magnífica Tabanca da Linha > 45.º Convívio > O Carlos Camacho Lobo, médico dermatologista  (Maia), e o José Miguel Louro, aniversariante...


Oeiras >  Algés >  Restaurante Caravela de Ouro > 19 de setembro de 2019  > Magnífica Tabanca da Linha > 45.º Convívio >  O Jorge Pinto (Sintra), com mais um camarada da sua 3.ª CART/BART 6520 (Fulacunda, 1972/74), o Costa e Silva, natural de Vila Nova de Famalicão (, radicado no Brasil, no Estado de São Paulo, há muitos anos, vem a Portugal com regularidade; foi convidado por mim para a integrar a Tabanca Grande, tendo como "padrinho" o Jorge Pinto).


Oeiras >  Algés >  Restaurante Caravela de Ouro > 19 de setembro de 2019  > Magnífica Tabanca da Linha > 45.º Convívio > O Joaquim Pinto, outro dos camaradas que vieram do Norte, neste caso de Vila Nova de Famalicão, para cantar aos parabéns ao José Louro; esteve em Mampatá é cunhado do Costa e Silva.


Oeiras >  Algés >  Restaurante Caravela de Ouro > 19 de setembro de 2019  > Magnífica Tabanca da Linha > 45.º Convívio > Dois almadenses que não se conheciam: o nosso coeditor Jorge Araújo, à esquerda, e o Domingos Robalo, novo na Tabanca da Linha e próximo membro da Tabanca Grande.


Oeiras >  Algés >  Restaurante Caravela de Ouro > 19 de setembro de 2019  > Magnífica Tabanca da Linha > 45.º Convívio > O Manuel Macias (Linda a Velha / Oeiras) e o João Rosa (Lisboa)... O Manel Macias, da Aldeia de São Bento, Serpa, pediu-me para mandar um "alfbravo" para o seu conterrâneo, amigo e camarada José Saúde... Ambos são sentam-se à sombra do poilão da Tabanca Grande.


Oeiras >  Algés >  Restaurante Caravela de Ouro > 19 de setembro de 2019  > Magnífica Tabanca da Linha > 45.º Convívio > À direira, o Luís Paulino (Algés); o camarada da esquerda, não o consigo, de imediato, identificar.


Oeiras > Algés > Restaurante Caravela de Ouro > 19 de setembro de 2019 > Magnífica  Tabanca da Linha > 45.º Convívio > O António Maria Silva (Cacém / Sintra) e o Carlos Silvério (Ribamar / Lourinhã)


Oeiras > Algés > Restaurante Caravela de Ouro > 19 de setembro de 2019 > Magnífica Tabanca da Linha > 45.º Convívio > As únicas senhoras presentes: Alice Carneiro (esposa do Luís Graça), a Gina (esposa do António F. Marques) e a Irene (esposa do Luís R. Moreira)


Oeiras > Algés > Restaurante Caravela de Ouro > 19 de setembro de 2019 > Magnífica Tabanca da Linha > 45.º Convívio >  O Luís R. Moreira e o Manuel Joaquim, dois fiéis tabanqueiros e bons sintrenses.


Oeiras >  Algés >  Restaurante Caravela de Ouro > 19 de setembro de 2019  > Magnífica Tabanca da Linha > 45.º Convívio > O cor inf ref João Ares, ex-cmdt da C557, Cachil, Bissau e Bafatá, 1963/65), e o Mário Fitas (Estoril / Cascais). O coronel Ares é a primeira vez que vem à Tabanca da Linha, é portanto um "pira". Foi convidado pelo José Colaço.


Oeiras >  Algés >  Restaurante Caravela de Ouro > 19 de setembro de 2019  > Magnífica Tabanca da Linha > 45º Convívio >  O cor inf ref João Ares, ex-cmdt da CAÇ 557, CachilBissau e Bafatá, 1963/65).


Oeiras >  Algés >  Restaurante Caravela de Ouro > 19 de setembro de 2019  > Magnífica Tabanca da Linha > 45.º Convívio > O Mário Fitas, um dos fundadores da Tabanca. E nosso grã-tabanqueiro: tem 140 referências no nosso blogue.


Oeiras >  Algés >  Restaurante Caravela de Ouro > 19 de setembro de 2019  > Magnífica Tabanca da Linha > 45.º Convívio > O Carlos Alberto Pinto (Amadora)


Oeiras > Algés > Restaurante Caravela de Ouro > 19 de setembro de 2019 > Magnífica Tabanca da Linha > 45.º Convívio > Rui Santos [ex-alf mil, 4.ª CCAÇ, Bedanda e Bolama, 1963/65], que vive em Lisboa, um dos veteranos da guerra da Guiné, membro da nossa Tabanca Grande, que eu já não via há anos... Se não erro, desde 2013, por ocasião do 1.º encontro do pessoal de Bedanda, em Peniche...


Oeiras > Algés > Restaurante Caravela de Ouro > 19 de setembro de 2019 > Magnífica Tabanca da Linha > 45.º Convívio > O João Parreira, também conhecido aqui pelo seu outro apelido, Latada (Carcavelos / Oeiras) que também já não via há anos: divide o seu tempo, em Carcavelos e em Barbacena, Elvas... A seu lado, o nosso António Graça de Abreu (tem cerca de 240 referências no nosso blogue).


Oeiras > Algés > Restaurante Caravela de Ouro > 19 de setembro de 2019 > Magnífica Tabanca da Linha > 45.º Convívio >  O João Parreira, membro da nossa Tabanca Grande, da primeira hora. Tem meia centena de referências no nosso blogue.


Oeiras > Algés > Restaurante Caravela de Ouro > 19 de setembro de 2019 > Magnífica Tabanca da Linha > 45.º Convívio > O Jorge Ferreira, o nosso camarada que pôs Buruntuma no mapa, ainda a guerra era uma criança!...



Oeiras > Algés > Restaurante Caravela de Ouro > 19 de setembro de 2019 > Magnífica Tabanca da Linha > 45.º Convívio > O Armando Pires (Carnaxide / Oeiras): "parte mantenhas com Bissorã!"... Elemento querido da Tabanca Grande, tem oitenta referências no nosso blogue...


Oeiras > Algés > Restaurante Caravela de Ouro > 19 de setembro de 2019 > Magnífica Tabanca da Linha > 45.º Convívio > O António Duque Marques (Amadora) e o Carlos Marques de Oliveira (Sintra): este último vai entrar para a Tabanca Grande, que é a mãe de todas as tabancas... O António Duque Marques, não sei porquê, ainda não figura na lista alfabética!... O que é se passa, camarada e vizinho?


Oeiras > Algés > Restaurante Caravela de Ouro > 19 de setembro de 2019 > Magnífica Tabanca da Linha > 45.º Convívio > O Carlos Marques de Oliveira (Sintra) e o João Pereira Costa (Lisboa)


Oeiras > Algés > Restaurante Caravela de Ouro > 19 de setembro de 2019 > Magnífica Tabanca da Linha > 45.º Convívio >  O  João Martins (Lisboa) e o Carlos Marques de Oliveira, próximo membro da Tabanca Grande. O João Martins tem mais de meia centena de referências no blogue.


Oeiras > Algés > Restaurante Caravela de Ouro > 19 de setembro de 2019 > Magnífica Tabanca da Linha > 45.º Convívio > Em primeiro plano, o Joaquim [Nunes] Sequeira (Colares / Sintra) e o José Inácio Leão Varela (Algés / Oeiras)


Oeiras > Algés > Restaurante Caravela de Ouro > 19 de setembro de 2019 > Magnífica Tabanca da Linha > 45.º Convívio >  Aspeto parcial da sala onde se juntaram mais de meia centena de convivas. Em primeiro plano, na mesa, reconheço, à direita, o Daniel Gonçalves (Carcavelos / Oeiras)... A meio, está o José Albino Ribeiro (Mem Martins / Sintra), "pira" nestas andanças...


Oeiras >  Algés >  Restaurante Caravela de Ouro > 19 de setembro de 2019  > Magnífica Tabanca da Linha > 45.º Convívio > O magnífico régulo, Manuel Resende (São Domingos de Rana / Cascais), e o tabanqueiro Jorge Canhão (Oeiras), com 105 e 65 referências no blogue, respetivamente.

Fotos (e legendas): © Luís Graça  (2019). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
_____________

Guiné 61/74 - P20157: Convívios (907): 45º Convívio da Magnífica Tabanca da Linha, hoje, em Algés, às 13h00 no restaurante "Caravela de Ouro" (Manuel Resende)




1. Com atraso e já sem efeitos práticos (, uma vez que as inscrições terminaram no dia 16), aqui vai a convocatória do magnífico régulo, Manuel Resende, da Magnífica Tabanca da Linha... Como a gente diz no nosso "Proverbiário",  há tabancas para todos e para todo os gostos, até para os meninos da Linha...


Vai realizar-se no próximo dia 19 de Setembro, quinta-feira, com início às 12,30 horas, mais um convívio da Magnífica Tabanca da Linha, no Restaurante "CARAVELA DE OURO" em Algés.

O Almoço será servido às 13 horas, no entanto podem começar a aparecer a partir do meio dia e meia hora.

+ + + E M E N T A + + +

APERITIVOS
Martini tinto e branco - Porto seco - Moscatel - Bolinhos de bacalhau - Croquetes de vitela - Rissóis de camarão - Tapas de queijo e Presunto

SOPAS
Creme de legumes - Creme de marisco

PRATO DE CARNE
Cabrito assado no forno com batata assada e esparregado

SOBREMESA
Salada de fruta ou Pudim e Café

BEBIDAS
Vinho branco e tinto (Ladeiras de Santa Comba-vinho da casa)
Águas - Sumos - Cerveja

PREÇO POR PESSOA - - - - - 20.00€
(Crianças dos 5 aos 10 anos pagam metade)

Morada: Alameda Hermano Patrone, 1495 Algés (Jardim de Algés, junto à marginal)
Inscrições até às 24 horas do dia 16 pelos processos habituais para Manuel Resende (919 458 210)

2. Não estando hoje  na Lourinhã, lá estarei, em Algés, daqui a uma hora, com muito gosto, para dar as boas vindas as dois novos grã-tabanqueiros, o Domingos Robalo (Almada) e o Carlos Marques de Oliveira (Sintra). E também os parabéns aos aniversariantes de hoje, o José Miguel Louro (Algueirão) e o João Pereira da Costa (Lisboa). Muita saúde e longa vida para eles, e que os bons irãs das nossas tabancas os protejam. (LG)

_____________

Nota do editor:

Guiné 61/74 - P20156: O nosso livro de visitas (203): O jovem guineense Erickson Té agradece o trabalho que o nosso blogue tem feito pela sua terra e pede autorização para usar algumas das nossas histórias bonitas em página do Instagram

Infografia: Miguel Pessoa (2019)
1. Mensagem do nosso leitor guineense, Erickson Té:


De: erickson te <ericksonte_23@outlook.com>
Date: quarta, 18/09/2019 à(s) 10:44
Subject: autorizção


boa tarde Sr. Luís Graça tudo bem consigo?

quero lhe agradecer por trabalho que tem estado a fazer refiro o seu blog luis graça e camaradas da Guiné aprendi muito com seu blog historia bonitas que nem quando estudava na guiné.  e também queria pedir sua autorização para uso destas informações (historias) para uma pagina feita por mim no instagram para informar a minha e futura geração já que só focamos nestas novas tecnologias


agradecia a sua resposta claro a sua autorização também.

obrigado e boa tarde.

ass: Erickson Té



2. Resposta do editor Luís Graça:

Caro Erickson Té:

Costumamos dizer, e é verdade, que o Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande!..

Como não temos portas em janelas, muito menos muros e arame farpado, todo o mundo pode entrar aqui e espreitar o que fazemos... Este é o lado admirável das redes sociais... Partilhamos memórias (e afetos), contamos histórias de guerra e paz, celebramos a vida, a amizade e a camaradagem,  não escondemos a nossa amizade para com o povo guineense, mas também a nossa preocupação pelo seu presente e pelo seu futuro.  

Só há uma terra, a casa comum da humanidade...  Portugal e a Guiné estão ligados por laços históricos com quase 600 anos e, apesar dos conflitos do passado, provocados pelas políticas das  nossas elites dirigentes, e pelo fascinante mas também doloroso processo da globalização, de que os portugueses foram pioneiros,  os nossos dois países  estão hoje em paz  um com o outro e pertencem, nomeadamente, à Comunidade dos Povos de Língua Portuguesa (CPLP). 

Em português nos entendemos, Erickon, e eu fico feliz por poderes encontrar, no nosso blogue, histórias "bonitas" que nunca te contaram quando andavas a estudar em Bissau. Não temos página no Instagram, mas vamos querer conhecer a tua.  Estás autorizado a usar o nosso blogue como fonte de informação e conhecimento, no respeito pelas regras da nossa política editorial. Se usares na íntegra alguns dos textos e imagens, deves sempre citar o autor e a o Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné.

Mas, para já, gostávamos que te juntasses a esta comunidade de "amigos e camaradas da Guiné". Somos já perto de 800. Temos também entre nós amigos guineenses. Mas precisamos gente mais jovem como tu, para manter a ponte entre gerações. Basta que me mandes uma foto tua e meia dúzia de linhas, com uma breve apresentação da tua pessoa e do teu trajeto de vida: onde nasceste, onde estudaste, onde vives hoje, etc.

Mantenhas. Boa saúde, bom trabalho. Luís Graça.

____________

Guiné 61/74 - P20155: O nosso blogue em números (60): o futuro? Deus, Alá e os bons irãs o dirão... E o Miguel Pessoa estará cá para fazer o "boneco"...


Infografia: Miguel Pessoa (2019)


1.  Mensagem do nosso amigo e camarada Miguel Pessoa, herói dos céus da Guiné, cor pilav ref (ex-ten pilav, BA12,  Bissalanca, 1972-74), com data de 15 do corrente:

"Mais um boneco para a colecção. Aberto a sugestões... 
Abraço, 
Miguel Pessoa".

Respondi-lhe ontem, nestes termos:

"Miguel, obrigado pela tua criatividade e generosidade... Vamos testar o 'boneco' num próximo poste com estatísticas... Vamos lá ver se chegamos aos 800, antes do fim do ano. Tenho dois novos membros da Tabanca Grande na calha, espero poder estar amanhã com eles no almoço da Tabanca da Linha: o Domingos Robalo (Almada) e o Carlos Marques de Oliveira (Sintra), que já aceitaram integrar a Tabanca Grande. Ambos foram artilheiros, tendo pertencido ou estado ligados ao BAC 1 / GAC 7, em 1969/1971." (...)


2. O que é o que o "boneco" do Miguel Pessoa celebra? Alguns factos e dados:

(i) celebramos, este ano, o 15.º aniversário do nosso blogue, cuja certidão de nascimento remonta a 23/4/2004;

(ii)  estamos prestes a atingir os 800 membros (entre vivos e mortos) da Tabanca Grande; éramos 111 em junho de 2006;

(iii) publicámos até à data mais de 20 mil postes, vamos a caminho dos 20200; 

(iv)  deveremos chegar, até ao fim do mês, aos 11,3 milhões de visualizações de páginas;

(v)  temos um vasto acervo de textos e imagens sobre a Guiné e a guerra colonial que se travou naquele território entre 1961 e 1974.

(vi) enfim, somos um blogue que é visto e lido não só em Portugal, como nos EUA, no Brasil, França, Alemanha, Reino Unidos e resto do mundo;

(vii) apesar dos anos (que já pesam, e muito!), continaumos a gostar de dizer que o Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande;

(vii) temos, além disso, uma página no Facebook, Tabanca Grande Luís Graça,  com cerca de 2900 "amigos"...

(viii) ah!, e não esquecer o nosso proverbiário: cultivamos o bom humor, mesmo não sendo optimistas... Sabemos que vamos morrer todos, mas fazemos questão de não ir para a vala comum do esquecimento...

Quanto ao  futuro ?!...  Deus, Alá e os bons irãs o dirão...  E o Miguel Pessoa estará cá, para fazer o "boneco".

______________

Nota do editor:

quarta-feira, 18 de setembro de 2019

Guiné 61/74 - P20154: Fotos à procura de... uma legenda (117): os bombeiros voluntários de Bolama, em 1938, e o Sporting Clube de Bafatá, em 1958



Fonte: Câmara Municipal de Lisboa > Hemeroteca Digital > Jornal programa, editado pelo Sport Lisboa e Bolama, novembro de 1938, p. 4 (com a devida vénia).(*)


1. Não sei se o nosso camarada e amigo António Estácio, autor de "Bolama, a saudosa" (edição de autor, 2016, 496 pp.) nos sabe dizer quem era o comandante dos Bombeiros Voluntários de Bolama, em 1938, talvez o próprio autor, R. C. P.,  do texto que acima reproduzimos.  

O eng. Estácio não era desse tempo, nasceria  nove anos depois, em 1947, em Bissau, no chão Papel, mudando-se depois, com os pais, para Bolama, onde fez a instrução primária. Mas deve estar lembrado desta humanitária associação, de que reproduzimos também uma imagem, embora de muita fraca qualidade e pior resolução...

Tal como as equipas de futebol, raros os eram  negros, da Guiné, que faziam parte destas e outras associações, como por exemplo os clubes desportivos... mesmo 20 anos depois, como era o caso do Sporting Clube de Bafatá (vd. foto a seguir).

Enfim, as duas fotos merecem uma legenda! (**).


Guiné > Região de Bafatá > Bafatá > 1958/59 > Foto nº 242: > "Equipa de futebol do Sporting Clube de Bafatá"

Foto enviada pelo nosso camarada Leopoldo Correia (ex-fur mil da CART 564, Nhacra, Quinhamel, Binar, Teixeira Pinto, Encheia e Mansoa, 1963/65). (***)

[Observação do LC:"Fotos de Bafatá, de 1959, tiradas por um familiar ligado ao comércio local (Casa Marques Silva), casado com uma senhora libanesa, filha do senhor Faraha Heneni",


2. Recorde-se aqui alguns dados do recenseamento populacional de 1950,  na colónia da Guiné,  para se perceber melhor a estrutura social do território: havia uma clara distinção entre  uma pequena minoria de "civilizados" (os que tinham a  cidadania portuguesa),  e a grande maioria dos  "indígenas". 

"Civilizados" eram então 8320 residentes, dos quais 501 originários da metrópole, 1703 provenientes  do arquipélago de Cabo Verde e os restantes 4644 da própria Guiné.  Dos 366 estrangeiros, a maioria deles eram imigrantes libaneses e seus descendentes. A taxa de analfabetismo dos "civilizados" ultrapassava os 43%. Os "indígenas" eram cerca de meio milhão de indivíduos, distribuindo-se por 30 grupos étnicos. (****).

"Índigenas" eram todos os guineenses que não podiam ser "assimilados a europeus": (i)  eram  "de raça negra (sic) ou dela descendentes"; (ii) não sabiam ler nem escrever (o português); (iii) não possuíam bens ou profissão remunerada;  e, "last but not the least",  (iv)  praticavam "os usos e os costumes do comum da sua raça" (sic)...

Mais exatamente, em 1950, a população era constituída por "negros" (503 035), "mestiços" (4 568) e "brancos"  (2 263), num total de 510 776.  Os "brancos" (, europeus, na sua grande maioria) representavam apenas 0,4% do total da população. Só depois da II Guerra Mundial, é  que o seu número começou a aumentar: 1226, em 1930,  1419 em 1940, 2263 em 1950, 13686  em 1960...

Enfim, em 1950, o ensino oficial obrigatório abrangia apenas um escasso milhar de alunos, que frequentavam as 13 escolas primárias. As escolas das missões católicas acolhiam, por sua vez, cerca de 10 mil alunos. Em 1949, com a criação do Colégio-Liceu Honório Barreto, os guineenses passam a ter a oportunidade de aceder ao ensino secundário.

Em 1961, a distinção entre "civilizados" e "indígenas" foi finalmente abolida... No consulado de Sarmento Rodrigues, na segunda década de 1940, a colónia fez um notável esforço de modernização... de que o PAIGC vai recolher frutos: os seus melhores quadros saem da nova "elite crioula"...

Enfim, em 1973, no final do consulado de Spínola, já havia cerca de 4 centenas de "escolas oficiais" (mais cerca de 8 dezenas de escolas das Missões), para um total de 46 mil alunos... Mas quantas dessas escolas eram apenas simples "postos escolares militares" ?... Um esforço digno de nota,  que não foi inglório mas que pecou por tardio...

___________

Notas do editor:

(*) Vd. poste de 17 de setembro de 2019 > Guiné 61/74 - P20152: Jorge Araújo: memórias de Bolama: a imprensa e o comércio locais há oito décadas atrás.

Guiné 61/74 - P20153: Historiografia da presença portuguesa em África (177): O jornal Bolamense, fonte de informação e cultura (1956-1963) (2) (Mário Beja Santos)



1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 12 de Dezembro de 2018:

Queridos amigos,
Antes de mais, permito-me relembrar a quem acompanha estes pedaços da História da Guiné que aqui no blogue se publicou em extensa recensão a obra incontornável do Padre Henrique Pinto Rema "A História das Missões Católicas na Guiné", da Editorial Franciscana de Braga, que ainda está à venda a preço módico.
Este segundo relato do opúsculo que Teixeira da Mota publicou no Bolamense em 1958 relata dois martírios, missionários mortos, bem como os seus acompanhantes. Repare-se que no segundo episódio Frei Manuel de Malpica fazia parte da Missão da Serra Leoa, o que nos reconduz ao território da Senegâmbia Portuguesa, que foi minguando até ao século XIX e depois destroçado na Convenção Luso-Francesa de 1886. Este opúsculo possui um bom recorte literário, incontestavelmente apologético: quem se oferecia para missionar devia estar mentalizado para o martírio.

Um abraço do
Mário


O jornal Bolamense, fonte de informação e cultura (1956-1963) (3)

Beja Santos

O primeiro número deste jornal publicado em Bolama data de 1 de agosto de 1956, trazia uma consigna: “Servimos Bolama, os governos da Província e toda a família guineense”. O jornal irá desaparecer em 1963, aqui se reproduz a capa do último número, do que se consultou os editores não deram quaisquer explicações para tal extinção. Há dois aspetos surpreendentes, no cômputo destas edições: a tentativa, inglória, de reerguer a importância de Bolama, dela falando a torto e a direito, dedicando-lhe farto noticiário, sem descurar um aspeto etnográfico geral, mostrando imagens das diferentes etnias e realizações por toda a colónia; e procurando dados culturais que ajudassem a entender a presença portuguesa, na administração, na ocupação e até na missionação. Da leitura de todos os números, pareceu de manifesto interesse republicar um artigo de Teixeira da Mota intitulado “A morte de dois franciscanos setecentistas, na Guiné”. No número anterior pôs-se ênfase no primeiro episódio do opúsculo referenciado pelo historiador Teixeira da Mota. Ele lembra estes folhetos que tiveram larga profusão, principalmente no século XVIII. E à data em que ele publicou esta notícia no Bolamense alguns já estavam reproduzidos. Estranhava o historiador que este opúsculo não era mencionado nas mais conceituadas investigações, como na obra de Sena Barcelos, João Barreto, D. José Ribeiro de Magalhães ou Freire Manuel de Monforte, estes dois últimos missionários.

Relatado o episódio do martírio dos Bijagós, vamos agora ao segundo caso:
Almirante Teixeira da Mota
“A notícia deste primeiro sucesso certamente move o sentimento ainda à mais insensível pedra, e quando na nossa lembrança vive impressa a magoada história pretendo com o segundo golpe aumentar mais o pesar.
Havendo pouco tempo que se tinha recolhido o Padre Fr. Manuel de Malpica da Missão da Serra Leoa, donde veio por terra à Deponga e Rio de Nuno, tendo feito nestas paragens grandes frutos em alguns cristãos que hoje vivem quase com os mesmos ritos dos gentios, e aos quais lhes posso dizer com o maior orador dos portugueses que são cristãos no credo e hereges nos Mandamentos, finalizada esta sua incumbência, que fez e concluiu com os olhos de Deus e proveito das almas, estando no Rio de Nuno com um moço do Hospício, que o acompanhava, depois de recitar naquelas estéreis e infrutíferas terras admiráveis sermões com proveito de muitas almas, lhe maquinaram e teceram tais enredos, mostrando sempre que o amavam e temiam, usando destes pretextos e pedindo-lhe se não ausentasse, ao que o religioso condescendendo a seus roubos se deteve algum tempo, que gastou em os catequizar. Mas vendo que não tinham emenda em o perseguir, tratou de se pôr nas mãos de Deus, cuidando em fazer sua viagem para a Bolola, vizinha do Rio Grande, por ter concluído por então da sua parte o desígnio da missão. Metendo-se a uns intrincados bosques por se acautelar do caminho, onde só habitavam feras e residiam monstros, principiou logo a experimentar o terrível efeito da fome, e para de alguma sorte não sentir o da sede lambia e chupava o orvalho que de manhã rociava a aurora nas folhas das plantas. E depois padecer grandes e imensos trabalhos, chegou a Bolola, e debaixo de fiança ao rei desta terra se passou à Praça de Geba, povoação cristã, de onde mandando-se pelo síndico dos religiosos que ali estava a dita fiança ou resgate, se embarcou para Bissau.

Deste Hospício de Bissau, depois de estar convalescido de algumas moléstias, foi para o Hospício de Cacheu. E depois de embarcado começou a navegar prosperamente, mas tendo a lancha dado fundo sobre o sítio chamado Bijamita lhe saíram ao encontro os gentios denominados Brames, de um rio que vai do caminho de Cacheu para Farim e si ao pé de Canhop. Ao qual sítio lhes saíram e se puseram em tom e forma de os cativarem, como costumam, tomando logo a popa e a proa da lancha; e entrando dentro não acharam resistência, mataram a maior parte dos escravos.
Desta tirania escapou por então o padre e o piloto, o padre absolvendo a todos e clamando aos gentios e dispondo aos cristãos da parte de Deus se conformassem. Outros que também dormiam, depois que o motim espertou a todos, se lançaram a nadar em forma de escaparem; e aos que ficaram, entrando a ira dos gentios, matou a todos. E este religioso experimentou o ser degolado com um traçado, permitindo Deus que o dito padre, escapando das fomes e sedes nos matos e da ferocidade de muitos bichos, viesse a acabar a vida nas mãos daqueles bárbaros, em 26 de Abril de 1743.

Para se louvar é o zelo da santa e reformada Província da Soledade, pela perseverança em que continua a mandar os seus religiosos para o exercício missionário para bem das almas de todos os inumeráveis habitantes daquela conquista, indo uns e vindo outros há cento e tantos anos, em tempo do Senhor Rei D. João IV, sendo pedidos e mandados pela sua real piedade e grandeza para conduzir ao redil da Igreja de Roma as ovelhas desgarradas pelas cegas veredas e caminhos da gentilidade. Colhendo com efeito nos primeiros anos e muitos depois conhecidos frutos de tão grande seara, expondo-os agora e a nós a esta parte aos referidos e semelhantes insultos que outras muitas vezes têm sucedido.

E por isso é necessário expressar, como é público e notório a todos os filhos da Europa que para as ditas terras selvagens navegam, o quanto vivem cativos quotidianamente da indolência e tirania gentílica”.

Findo o relato, Teixeira da Mota observa que se deduz claramente que o primeiro episódio passado nos Bijagós teve lugar entre a Ilha de Pecixe e a região de Canhobe portanto no Canal de Cajegute ou proximidades. Neste segundo episódio, a referência é confusa, mas a indicação da região de Bijamita sugere o Rio Mansoa. Na época designavam-se em conjunto por Brames os atuais Brames, Manjacos e mesmo Papéis, o que é difícil saber ao certo quais foram os autores do assalto à lancha em que seguia Frei Manuel de Malpica. Os “Rios da Guiné” não foram somente vias de comunicação pacífica facilitando o estabelecimento dos portugueses. Os episódios relatados são somente dois entre muitos outros atos de guerra e pirataria que neles tiveram lugar, e em que se destacaram os Bijagós.

Releva Teixeira da Mota que o comércio de escravos veio contribuir para o agravamento de tal estado de coisas. Estes textos de Teixeira Mota foram publicados no Bolamense em 1958.

E deste modo finda esta síntese informativa ao jornal Bolamense cuja leitura nenhum investigador das terras da Guiné deve descurar.
____________

Nota do editor

Último poste da série de 11 de setembro de 2019 > Guiné 61/74 - P20143: Historiografia da presença portuguesa em África (175): O jornal Bolamense, fonte de informação e cultura (1956-1963) (2) (Mário Beja Santos)

terça-feira, 17 de setembro de 2019

Guiné 61/74 - P20152: Jorge Araújo: memórias de Bolama: a imprensa e o comércio locais há oito décadas atrás.



Bolama (1964) – Fonte: Arquivo Digital > Foto de   Manuel da Silva Pereira Bóia, com a devida vénia).


Guiné-Bissau > Região de Bolama / Bijagós > Bolama > Agosto de 2010 > Ruína do antigo Palácio de Bolama, que foi sede da administração colonial

Foto: © Patrício Ribeiro (2010)Todos os direitos reservados.[Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].



Guiné-Bissau > Bolama (2017) >  Fonte: Jornal "O Democrata", Bissau, edição de 12 de Abril de 2017, com a devida vénia).





O nosso coeditor Jorge Alves Araújo, ex-Fur Mil Op Esp/Ranger, CART 3494
(Xime e Mansambo, 1972/1974), professor do ensino superior, indigitado régulo da Tabanca de Almada; tem c. 225 registos no nosso blogue.


MEMÓRIAS DE BOLAM: A IMPRENSA E O COMÉRCIO LOCAIS HÁ OITO DÉCADAS ATRÁS 



1. INTRODUÇÃO

Emerge esta narrativa do facto de terem surgido no Fórum, nas últimas quatro semanas, vários subsídios históricos alusivos à Ilha de Bolama. Uns, os mais antigos, relacionados com a sua descoberta e a presença portuguesa em África [P20104]. Outros, do princípio do Século XX, através de testemunhos do 2.º Sargento António dos Anjos, onde descreve ao pormenor a sua comissão de dois anos na Guiné, iniciada em 29 de Março de 1911, a primeira, com vivências em Bolama [P20041 e P20059]. Os últimos, recuperando uma efeméride de terror, pela quantidade de sangue derramado, respeitante aos trágicos acontecimentos de Morocunda, em Farim, nos dias 1 e 2 de Novembro de 1965, em que se presume ter sido o ex-presidente da Câmara Municipal de Bolama, Júlio Lopes Pereira, o seu "autor moral", e de que resultaram mais de três dezenas de mortos e cerca de uma centena de feridos [P20130, P 20135, P20140 e P20144].

Corolário da conjugação desses diferentes factos e análises historiográficas e sociológicas dadas à estampa pelos seus autores, permitiu adicionar-lhe uma outra abordagem, ainda pouco aprofundada, e que acabaria por corresponder ao tema em título. E esse aprofundamento, ou questão de partida, nasceu, inicialmente, da consulta ao trabalho de investigação do historiador guineense, Leopoldo Amado, publicado no seu livro «Guineidade e Africanidade», das Edições Vieira da Silva, 2013.


2. A IMPRENSA E O COMÉRCIO LOCAL HÁ OITO DÉCADAS ATRÁS

De forma sucinta e como antecedente histórico, Leopoldo Amado defende que Portugal, ao sair vitorioso da disputa por Bolama em que se vira envolvido com os Ingleses, ainda que com a sentença arbitral do Presidente norte-americano, Ulisses Grant, ficou obrigado a proceder à implantação de uma administração que garantisse a soberania sobre o território, bem como a criação de um mínimo de infraestruturas, que até então tinham estado sob a tutela do Governo-geral de Cabo Verde.

E é em 1879 que a Guiné ganha o estatuto de Província, passando Bolama a ser a sua capital, onde oito anos antes (1871) havia ganho o estatuto de Concelho [hoje, Município]. Desde então o Governo da Guiné passou a preocupar-se mais com as guerras de pacificação, e a prosseguir com a intervenção na estruturação da sua administração, processo que decorreu aproximadamente até aos finais da década de 30 do século XX.

Quanto à Imprensa, e na sequência do processo de pacificação, Leopoldo Amado acrescenta: "os colonos entregaram-se às tarefas mais prementes como, por exemplo, a instalação da tipografia em 1879 e a criação do Boletim Oficial da Guiné em 1880 que, não obstante alguns pequenos hiatos, foi publicado ininterruptamente até 1974" [P11804]

2.1. A IMPRENSA COLONIAL

De acordo com a narrativa de Leopoldo Amado, é no ano de 1879, com a instalação de uma tipografia em Bolama e com a constituição do primeiro grupo de tipógrafos guineenses que, no ano seguinte (1880), começa a ser editado o Boletim Oficial da Guiné. Acrescenta ainda que "a década de 30 [do século passado] nem por isso foi fértil."

Entretanto, em consulta à obra do jornalista guineense António Soares Lopes Jr. (Tony Tcheka), em «Os media na Guiné-Bissau», publicado pelas Edições Corubal, em Agosto de 2015 (capa ao lado, da 1.ª edição), aí se aprofunda um pouco mais sobre as origens da tipografia e, concomitantemente, a sua importância para a evolução da imprensa escrita.

António Lopes refere que "o surgimento da imprensa na Guiné-Bissau está intimamente ligado à instalação de uma tipografia em Bolama, em 1879, que seria mais tarde designada por Imprensa Nacional da Guiné Bissau. Nesta unidade se constituiu o primeiro grupo de tipógrafos guineenses, a maior parte deles, já com instrução primária feita. Depois, em 31 de Outubro de 1883, foi em Bolama editada a primeira publicação,  'Fraternidade', dedicada à sensibilização e recolha de fundos para socorrer as vítimas da estiagem que tinha ocorrido, nesse mesmo ano, em Cabo-Verde.

Em 1920, quarenta anos depois da criação da Tipografia em Bolama, surge na banca a terceira publicação, 'Ecos da Guiné'. Seguiram-se em 1922, a 'Voz da Guiné', um quinzenário republicano independente, e em 1924 o 'Pró-Guiné', órgão do Partido Democrático Republicano. Estas publicações pertenciam a portugueses radicados na Guiné." (op. cit. p35)

Por outro lado, o primeiro periódico editado e dirigido por um guineense, o advogado Armando António Pereira, foi 'O Comércio da Guiné', em 1930, tendo tido, contudo, uma curta duração, com encerramento no ano seguinte. No entanto, congregou à sua volta figuras de relevo da sociedade guineense, como o poeta Fausto Duarte (coordenador de um dos Anuários da Guiné-1946), Alberto Pimentel, Álvaro Coelho Mendonça, Juvenal Cabral (pai de Amílcar Cabral), João Augusto Silva e Fernando Pais de Figueiredo." (op. cit. p36).

Após o encerramento de 'O Comércio da Guiné', surgem três outros jornais, todos de número único e por isso, como afirma Leopoldo Amado,  "sem qualquer importância para o sujeito em estudo". Foram eles, respectivamente, o '15 de Agosto', em 1932, o 'Sport Lisboa e Bolama', em 1938, e 'A Guiné Agradecida', em 1939." [P11804].

"Entretanto, a década de 40 do século XX inicia-se com um acontecimento importante: a capital da Guiné é transferida de Bolama para Bissau, e dela resulta que Bissau cresce a olhos vistos, enquanto Bolama perde a sua vitalidade. Na verdade, a transferência da capital para Bissau foi um duro golpe para a elite africana de cariz pequeno-burguesa de Bolama, dispersando-se por imperativos de força maior. Por isso, a actividade literária e cultural em geral foi o primeiro sector a apresentar sinais palpáveis de um retraimento significativo, a ponto de se paralisar qualquer actividade editorial na Guiné, exceptuando as publicações do Boletim Oficial da Guiné." (Leopoldo Amado; P5147].


Fonte: Câmara Municipal de Lisboa > Hemeroteca Digital > Cabeçalho do jornal programa, editado pelo Sport Lisboa e Bolama, novembro de 1938, 12 pp. (com a devida vénia).

2.2. O 'SPORT LISBOA E BOLAMA', EM 1938

Partindo da referência supra, mas procedendo em sentido contrário ao de Leopoldo Amado, entendemos que se justificaria tudo fazer para encontrar este número do jornal do Sport Lisboa e Bolama, que, por ser único, era de primordial importância localizá-lo.

E assim aconteceu.

Este jornal único do Sport Lisboa e Bolama é editado a propósito das comemorações do 5.º Aniversário da sua fundação em Bolama, em Novembro de 1933, inspirado no Sport Lisboa e Benfica (fundado em  28.02.1904), como se prova na figura acima. Com a transferência da capital de Bolama para Bissau, nasce o Sport Bissau e Benfica, em 27.05.1944, sendo a vigésima nona filial do Sport Lisboa e Benfica.

O seu estádio é considerado como sendo a mais antiga instalação desportiva da Guiné-Bissau, tendo sido inaugurado com a designação de «Estádio de Bissau», em 10 de Junho de 1948, pelo então governador da Província da Guiné, Manuel Maria Sarmento Rodrigues (1899-1979), quatro anos depois da inauguração do «Estádio Nacional», no Jamor. 

Mais tarde o «Estádio de Bissau» passou a designar-se por «Estádio Sarmento Rodrigues», em homenagem àquele governador. Na sequência da independência da Guiné-Bissau, em 1974, a designação anterior foi, de novo, alterada, passando a designar-se por «Estádio Lino Correia», em homenagem ao antigo jogador da União Desportiva Internacional de Bissau (UDIB), e guerrilheiro do PAIGC, morto em 1962.

 Eis o programa das Festas: entre 26Nov1938 (sábado) e 04Dez1938 (domingo)



2.3. O COMÉRCIO LOCAL QUE CONTRIBUIU PARA OS FESTEJOS

Como elemento historiográfico relacionado com o comércio existente em Bolama, naquela época, e para memória futura, apresentamos o nome das empresas que patrocinaram o 5.º Aniversário do Sport Lisboa e Bolama. De entre os comerciantes e industriais , destaque para os nossos já conhecidos  Fausto [da Silva] Teixeira (, "Serração Eléctro-Mecânica") e Júlio Lopes Pereira (representante na Guiné da máquina de escrever Royal).

[Recorde-se que o Fausto Teixeira foi um dos primeiros militantes comunistas [, segundo reivindicação do PCP,] a ser deportado para a Guiné, logo em 1925, com 25 anos, ainda no tempo da I República; era dono, em novembro de 1938,   segundo o anúncio, que abaixo se reproduz, de "a mais apetrechada de todas as Serrações existente nesta Colónia". E o anúncio acrescenta: "Em 'stock' sempre as mais raras madeiras. Preços especiais a revendedores. Agentes em Bolama, Bissau e nos principais centros comerciais da Guiné"... Na altura a sede ou o estabelecimento principal era no Xitole... Foi expandindo a sua rede de serrações pelo território: Fá Mandinga,  Bafatá,  Banjara...  Era exportador de madeiras tropicais, colono próspero e figura respeitável na colónia em 1947, um dos primeiros a ter telefone em Bafatá, amigo de Amílcar Cabral, tendo inclusive ajudado o Luís Cabral a fugir para o Senegal, em 1960... Naturalmente, sempre vigiado pela PIDE...Nota do editor, LG]



Fonte: Câmara Municipal de Lisboa > Hemeroteca Digital >  Jornal programa, editado pelo Sport Lisboa e Bolama, novembro de 1938, p. 7  (com a devida vénia).




















Termino, agradecendo a atenção dispensada.

Com um forte abraço de amizade e votos de muita saúde.

Jorge Araújo.

13SET2019
____________