terça-feira, 10 de agosto de 2021

Guiné 61/74 - P22445: Notas de leitura (1370): Prefácio de Ricardo Figueiredo ao livro "Um caminho a quatro passos", de António Carvalho


Capa do livro do António Carvalho, 
"Um caminho de quatro passos" (2021)



Prefácio

por Ricardo Figueiredo



Num final de tarde, do mês de Maio, recebi um telefonema do amigo e camarada de armas, António Carvalho, com um pedido específico para lhe prefaciar o seu livro. Confesso que a minha primeira atitude foi no sentido de recusar tão honroso convite mas, perante a sua insistência, não consegui argumentos para a manter.

Conheci o António Carvalho, no Grupo do Café Progresso, das Caldas à Guiné – um grupo de antigos combatentes da Guiné, de que ambos fazemos parte – que religiosamente se encontra, desde pelo menos o ano de 2007, às segundas quarta - feiras de cada mês, para uma reunião de “trabalho” gastronómico e cultural, onde o exercício da catarse é feito de forma coletiva e em que a camaradagem se aprofunda cada vez mais, sublimando a amizade construída nos campos de batalha.

Culto, de um humor provocatório, sagaz, e humilde na sua postura, o António Carvalho já nos havia comunicado que andava muito empenhado em escrever um livro que retratasse a sua Medas.

Caracterizado pelo rigor, investigou, até com alguma razão de ciência, as várias narrativas que constituem o seu livro, buscando aqui e ali a certificação das suas afirmações, ora visitando para consultaas bibliotecas ou até mesmo o cemitério e os arquivos jornalísticos da época.

Sendo uma quase biografia, não deixou de trazer, à memória das gentes das Medas, algumas das figuras mais marcantes que o tempo fez esquecer, reabilitando até o excomungado sacerdote que, um dia, atraiçoado pelo desejo do sexo oposto, quebrou o celibato, caindo nas garras de um Código Canónico impiedoso e se viu discriminado por alguns dos seus pares.

Não esqueceu as dificuldades, o glossário utilizado pelos seus habitantes, pintando, expressivamente, nos seus textos, os quadros da época com uma proximidade tal que nos envolve na leitura.

O António Carvalho, como muitos milhares de jovens nascidos entre 1940 e 1954, viram as suas vidas condicionadas durante cerca de 14 anos, pela Guerra do Ultramar, que durou entre os anos de 1961 e 1975, sujeita à mobilização para cumprimento do então Serviço Militar Obrigatório (SMO) para cumprir serviço numa das Províncias em guerra – Angola, Guiné ou Moçambique.

Acabou mobilizado para a Guiné, após uma rápida formação, na especialidade de enfermeiro. Aí chegado, para além do que por si é narrado, no capítulo que lhe dedicou, desenvolveu um trabalho não só no serviço de saúde, a sua área específica, como também na área social e psicológica. 

Na área da saúde, como enfermeiro de guerra, não só acudiu à população militar, como à civil, designadamente os nativos, com todas as suas carências naturais, mas também no tratamento de ferimentos graves e até já infectados pelo desleixo ou incapacidade dos infectados. Muitas vezes substituindo-se ao médico, por ausência deste ou do seu distanciamento geográfico. Na área social e psicológica, pelo acompanhamento que dava aos seus pares e aos próprios nativos, aturando os desabafos de uns e de outros, com a paciência de Job.

Finalmente, como também aconteceu a muitos dos jovens, que viveram o 25 de Abril de 1974, fez uma incursão pela vida política, chegando a presidente da Junta de Freguesia de Medas, lugar que desempenhou com todo o saber em prol dos seus fregueses, por cerca de duas décadas.

Resta-me agradecer-te, António Carvalho, pelo esforço, dedicação e coragem em escreveres este livro, que muito honrará as gentes das Medas, estou disso certo.

Ricardo Figueiredo

Antigo Combatente da Guiné

[ex-Fur Mil, 2.ª CART/BART 6523, Cabuca, 1973/74; advogado]


Mensagem, enviada com data de ontem, às 15h50, pelo  António Carvalho (ex-Fur Mil Enf, CART 6250/72, Mampatá, 1972/74;  também carinhosamente conhecido como o "Carvalho de Mampatá", natural de Medas, Gondomar; antigo autarca):



Caro Luis, junto te remeto a capa do meu livro, para usares como entenderes. 

A venda do livro será sempre depois da apresentação que ocorrerá no dia 11 de Setembro pelas 11 horas, na Tabanca dos Melros. Não excluo a hipótese de o vender, em futuras visitas à Tabanca da Linha e à Tabanca do Centro.

segunda-feira, 9 de agosto de 2021

Guiné 61/74 - P22444: Notas de leitura (1369): “Os Dirigentes do PAIGC, da Fundação à Rutura", por Ângela Benoliel Coutinho; edição da Imprensa da Universidade de Coimbra, Novembro de 2017 (1) (Mário Beja Santos)


1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 24 de Setembro de 2018:

Queridos amigos,

A dissertação de doutoramento de Ângela Benoliel Coutinho visou colmatar conhecidas e reconhecidas lacunas sobre os dirigentes do PAIGC: extração, profissões, famílias, aferir diferenças entre a primeira e a segunda geração de combatentes. A autora não esconde um móbil principal que é procurar desfazer o que ela chama um mito da hegemonia cabo-verdiana no PAIGC. Como se verá, bem procura mas não alcança. A História tem destas vicissitudes que é comprovar a veracidade dos factos pelos comportamentos políticos posteriores. 

Os combatentes guineenses tinham duas razões de tomo para desconfiarem da sigla da unidade Guiné Cabo-Verde: tiveram séculos de patrões cabo-verdianos e não gostaram; e foram fundamentalmente dirigidos até 1980 de acordo com uma lógica que davam por inaceitável. Trabalho com bastantes méritos, mas surpreende como é que se edita a seco uma tese defendida em 2005 quando, no entretanto, surgiu muita outra documentação de elevada pertinência. Não teria sido útil publicar a tese de 2005 com comentários a investigações posteriores que trouxeram, iniludivelmente, apreciações distintas à que a autora defendeu, então?

Um abraço do
Mário



Os Dirigentes do PAIGC, da Fundação à Rutura,
por Ângela Benoliel Coutinho (1)


Beja Santos

Este livro resulta da tese de doutoramento em História da África Negra Contemporânea, defendida em 2005 na Universidade de Paris I – Panthéon – Sorbonne. A sua tradução para português, nos dias de hoje, obriga-nos a questionar se não devia ser objeto de um texto complementar decorrente da importante bibliografia publicada nos últimos treze anos. Logo Leopoldo Amado e Julião Soares Sousa, António Tomás, Daniel Santos e Tomás Medeiros. Mas também Piero Gleijeses que estudou a presença cubana na luta armada; a entrevista de José Vicente Lopes a Aristides Pereira, com data de 2012, A Criação e Invenção da Guiné-Bissau por António Duarte Silva, mas há mais. 

Um olhar sobre a História é por definição sempre datado, mas publicar treze anos depois um documento destes sem um comentário acerca de investigações posteriores que podem pesar nas conclusões então produzidas, parece-nos um tanto bizarro.

A que se afoitou Ângela Benoliel Coutinho? Ela responde: 

“O presente estudo debruça-se sobre as trajetórias dos fundadores do PAIGC e dos membros do seu Comité Executivo de Luta. Interrogar-nos-emos acerca do recrutamento destes dirigentes, mais precisamente o recrutamento geracional, geográfico, de género, social, procurando também saber que formação tiveram, tendo em vista as suas atividades de direção política”

Mostra-se entusiasta pelo cruzamento de diferentes disciplinas, tendo como núcleo central a Sociologia Política e organiza o seu trabalho sondando a primeira geração dos dirigentes do PAIGC, a longa e progressiva tomada do poder pela segunda geração dos dirigentes do PAIGC, discreteia sobre heróis ideólogos após a independência, o que aconteceu aos revolucionários no poder e elabora as conclusões.

É de lamentar que ao referir a organização política do PAIGC traçada no Congresso de Cassacá não extraia a mais devida das considerações: o poder militar ficou, a partir desse momento, custodiado, totalmente dependente do decisor político. Durante anos, o cérebro da estratégia, tanto militar, como organizacional, política e diplomática, foi Amílcar Cabral; Aristides Pereira era o pontífice da logística e Luís Cabral o dirigente que funcionava como uma antena no Senegal. Há que tirar ilações desta cúspide, eles foram os verdadeiros dirigentes e interlocutores dos comandos militares.

Quanto à fundação do PAIGC, sabe-se que há dados obscuros, e de há muito. Quem esteve presente em 19 de setembro de 1956 é uma verdadeira incógnita; Julião Soares Sousa avança mesmo que era fisicamente impossível Amílcar Cabral ter assistido àquela reunião; e quanto à existência do PAI continua a pertinência da pergunta porque é que Amílcar Cabral nunca falou dele em sessões públicas ou na sua correspondência até 1960.

Para a investigadora, temos um conjunto de fundadores, nascidos entre 1923 e 1930, Aristides Pereira, Amílcar Cabral, Júlio Almeida, Fernando Fortes, Luís Cabral e Elysée Turpin. Eles podem ter sido todos fundadores mas para a história do PAIGC o que conta são os irmãos Cabral e Aristides Pereira, três homens extraídos da cultura cabo-verdiana, e a autora desenvolve mesmo as respetivas genealogias, releva a importância do Liceu Gil Eanes no Mindelo, o papel de Baltazar Lopes da Silva e da revista Claridade e interroga-se mesmo de quem influenciou quem no meio universitário lisboeta, Dalila Mateus ouviu Marcelino Santos sobre leituras e intercâmbios ideológicos, não parece haver dúvida que a grande plataforma de encontro foi o Centro de Estudos Africanos, funcionava na Rua Ator Vale, em pleno Bairro dos Atores, em Lisboa.

A autora aborda as fugas e as partidas para o exílio, não há uma palavra para Rafael Barbosa e o seu determinante papel dirigente nesse período decisivo de 1960 a 1962.

Estamos agora na segunda geração dos dirigentes do PAIGC, os combatentes. Oiçamos a autora a propósito do recrutamento dos militantes no mundo obscuro da clandestinidade:

“Considerámos que existiram duas fases cruciais de recrutamento deste grupo de dirigentes. A primeira diz respeito ao início da sua militância no PAIGC, enquanto a segunda ocorreu no interior do próprio partido, tratando-se do seu recrutamento na qualidade de dirigente deste. A fim de compreender a primeira fase em causa, visto a falta de estudos sobre o PAIGC e a indisponibilidade de fontes do partido, apoiámo-nos em vários outras fontes: processos da PIDE / DGS, entrevistas, relatos de vida publicados e obras ou estudos publicados”.

Concluiu que o recrutamento dos dirigentes ocorreu durante um período muito curto, primeiro em Conacri e depois no Senegal. Esclarece que os militantes do PAIGC que agiram no espaço político sob domínio português e que não fugiram durante este período, não fizeram carreira até ao topo da direção política do PAIGC. 

A maioria dos militantes que chegaram à direção política do movimento entre 1963 e 1967 já se encontravam na cena política africana e já tinham sido recrutados pelo PAIGC pelo menos até 1962. Luís Cabral, em entrevista à autora, enumera-os: Rafael Barbosa, Victor Saúde Maria, Carlos Correia, Francisco Mendes, Osvaldo Vieira, Constantino Teixeira, Nino Vieira, Abdulai Bari, Pascoal Correia Alves, Tiago Aleluia Lopes, Otto Schacht, Vasco Cabral, todos guineenses, e Abílio Duarte, Silvino da Luz, Pedro Pires, José Araújo e Osvaldo Lopes da Silva, todos cabo-verdianos. 

A autora dá pormenores sobre o seu recrutamento, as suas trajetórias, profissões e atividades antes de entrarem na luta armada e as conclusões são de há muito conhecidas: os cabo-verdianos eram estudantes universitários; com estudos universitários só o guineense Vasco Cabral, todos os outros guineenses eram pequenos funcionários, em casas comerciais ou organismos do Estado.

A autora não esconde a intenção em pretender demolir a tese da hegemonia cabo-verdiana, como se esta se revelasse em percentagens, e o equilíbrio fosse patente. A questão de fundo é tratada veladamente: a decisão ideológica e política, a orientação militar estava a cargo de três líderes políticos, competindo a Amílcar Cabral todas as grandes decisões: os combatentes na fase de arranque eram todos guineenses. 

Com o evoluir da luta armada e a deslocação dos cabo-verdianos para o interior da Guiné deram-se substanciais alterações. Refere-se igualmente a quase ausência de mulheres da direção, a exceção mais relevante era Carmen Pereira, havendo figuras de prestígio como Titina Silá, Dulce Almada, Francisca Pereira e Ana Maria Gomes, isto quanto a uma primeira geração. Há também uma exposição sobre as fugas dos militantes cabo-verdianos, vamos ficar a conhecer a sua genealogia.

A obra “Os Dirigentes do PAIGC” é uma edição da Imprensa da Universidade de Coimbra, novembro de 2017.

(Continua)

Carlos Correia, imagem retirada do Arquivo Amílcar Cabral / Fundação Mário Soares, com a devida vénia.
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Nota do editor

Último poste da série de 2 de agosto de 2021 > Guiné 61/74 - P22425: Notas de leitura (1368): “Repórter de Guerra”, por Luís Castro; Oficina do Livro, 2007 (2) (Mário Beja Santos)

Guiné 61/74 - P22443: Memória dos lugares (424): a bela e interminável praia de Varela, a 5 horas de Bissau... (Patrício Ribeiro)


Guiné-Bissau > Região de Cacheu > Praia de Varela > Maio de 2021 > Praia norte > A cana de pesca do Patrício Ribeiro


Guiné-Bissau > Região de Cacheu > Praia de Varela > Maio de 2021 > Praia sul > Quilómetros de praia, que continua a ser bela e aprazível, apesar das alterações climáticas.


Guiné-Bissau > Região de Cacheu > Praia de Varela > Maio de 2021 >  Peixe coelho
 

Guiné-Bissau > Região de Cacheu > Varela > Tabanca de Iale > Maio de 2021 > Casa tradicional felupe 


Guiné-Bissau > Região de Cacheu > Varela > Tabanca de Iale > Maio de 2021 >  Casa sem palha 
 

Guiné-Bissau > Região de Cacheu > Varela > Tabanca de Iale > Maio de 2021 > Casa com palha nova


Guiné-Bissau > Região de Cacheu > Varela > Tabanca de Iale >  Maio de 2021 > Casa ao entardecer, às 6h30

Fotos (e legendas): © Patrício Ribeiro (2021). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Patrício Ribeiro: português, natural de Águeda (1947), criado e casado em Angola, com família no Huambo, antiga Nova Lisboa, ex-fuzileiro em Angola durante a guerra colonial, a viver na Guiné-Bissau desde meados dos anos 80 do séc. XX, fundador, sócio-gerente e director técnico da firma Impar, Lda.

É o português que melhor conhece a Guiné e os guineenses, o último dos nossos africanistas: tem mais de uma centena de referências o nosso blogue; Tem também uma "ponta", junto ao rio Vouga, Agueda, onde se refugiou agora, fugindo da pandemia de Covid-19: "irreformável",  já levou   a 2ª dose da vacina contra a Covid-19,  para poder voltar àquela terra verde-rubra que tem sido a sua paixão de uma vida.


1. Mensagem de Patricio Ribeiro:

Data - 8 de agosto de 2021, 20:53  


Assunto - Fotos de Varela

Luís, conforme solicitas, envio diversas fotos que tirei recentemente pela Guiné, (vou enviar por diversas vezes).

Depois do Almirante me ter mandado chamar a Lisboa para apanhar o “2º vírus”, lá fui tirar as fotos ... Dormi em: Bissau, Varela, Bolama e Bafatá, algumas noites.

Tive que passar 15 noites seguidas na mesma cama (com o bicho). Portanto, não consegui tirar mais que umas dezenas de fotos, nos meus passeios por estes lados.

Junto fotos tiradas em Varela, no final de maio, 2021. Na bela e interminável praia, durante as minhas pescarias para o tacho, ou para a grelha. Lá não há supermercado, ou sabes pescar, ou abres latas de atum, embora já haja 3 hotéis, a funcionar!

Praia de água quente, 32º antes das chuvas, com muito distanciamento, sem ninguém por perto e como podem ver, toda a praia livre, nesta época do ano.

A água vai avançando uns bons cm por ano, para dentro de terra; há uma grande erosão e leva as árvores que estão perto da praia e areia do solo. Acontece na época das chuvas.

Fala-se num projeto para combater esta situação … fala-se …

Estrada até Varela desde Bissau, 5 horas!!!

Outras fotos, tiradas às casas dos Felupes na Tabanca de Iale – Varela, casas muito bonitas. Todas com quintal e horta. Eles preservam muito as árvores, ao contrário de outras etnias. Eles são os donos do Chão de Varela, (são outras histórias complicadas).

Aproveitei a estadia para encomendar palha, tecer a palha, cobrir novamente a palhota. Esta nova palha, deve aguentar mais uns 5 anos. Ver fotos, p.f.

Com as alterações climáticas, nos últimos anos tem havido nesta zona, tornados na época das chuvas, que têm danificado tudo o que encontram pela frente, inclusive árvores antigas.

Recomenda-se a quem quiser apanhar sol, água do mar quente, distanciamento “natural” e sem máscara, passar uns dias a beber cerveja ou vinho de palma, uma viagem até Varela …

Não deve é conviver muito, para ter um teste negativo e poder voltar quando pensa, o que não está a acontecer, a muito boa gente amiga …

Luís, agora já ando noutros trabalhos [na ponta do Vouga, em Águeda]:  aplicar calda bordalesa nas videiras e nos tomates; a regar a horta etc, etc …

Abraço

Patricio Ribeiro

IMPAR Lda
Av. Domingos Ramos 43D - C.P. 489 - Bissau , Guiné-Bissau
Tel,00245 966623168 / 955290250
www.imparbissau.com
impar_bissau@hotmail.com

2. Comentário do editor LG:

Sobre Varela temos mais de meia centena de referências no blogue. Ver também a carta de Varela (1953), escala 1/50 mil.
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Nota do editor:

domingo, 8 de agosto de 2021

Guiné 61/74 - P22442: Agenda cultural (779): "Um caminho de quatro passos", o livro autobiográfico do António Carvalho (ex-Fur Mil Enf, CART 6250/72, Mampatá, 1972/74), a ser apresentado na Tabanca dos Melros, Fânzeres, Gomndomar, no próximo dia 11 de setembro


1. Mensagem de  António Carvalho (ex-Fur Mil Enfermeiro da CART 6250/72, Mampatá, 1972/74), também carinhosamente conhecido como o "Carvalho de Mampatá", natural de Medas,  Gondomar.

Data - terça, 3/08/2021, 23:13  

Assunto - O meu livro " Um Caminho de Quatro Passos"

Caro Luís Graça:

Acabou de sair do prelo o meu livro (*). Será apresentado na Tabanca dos Melros, no sábado, dia 11 de Setembro, pelas 11 horas. (**)

Muito gostaria de contar com a tua presença, para além de outras razões, também pelo teu papel primordial na fundação e gestão da Tabanca Grande dos Combatentes. Pretendo, oferecer-te um exemplar do meu livro,  ainda antes da respectiva apresentação, para que dele faças o uso que entenderes. 

Podes ainda, se achares por bem, divulgar a data da sua apresentação, através do blog da Tabanca Grande, bem como dizer dele o que te aprouver.

Preciso por isso que me indiques o teu endereço.

Com um abraço e votos de saúde .

António Carvalho

2. Comentário do editor LG:

António, primeiro que tudo deixa-me dizer-te da minha felicidade por teres pronto o teu livro de que fomos os primeiros, no nosso blogue,  a publicar uma série de excertos (**). E, em segundo lugar, da honra que senti pelo teu convite para a sessão da apresentação na Tabanca dos Melros. 

Infelizmente, não me vai ser possível deslocar-me nessa data até à tua terra, e à nossa querida Tabanca dos Melros. Nas próximas seis semanas, no mínimo, estou aqui preso,  na Lourinhã,  a fazer fisioterapia, a recuperar a massa muscular das minhas pernas e a fazer treino de marcha. É previsível que em outubro ou  novembro vá à "faca"... Por ora, ando de canadianas,,,

Mas terei todo o gosto em escrever uma ou mais notas de leitura do livro de que me vais mandar um exemplar, autografado, para a minha morada.  (Já conheço a fazer versão final em formato pdf, que tiveste a gentileza de me mandar há dias.) Vais por certo encontrar uma ou mais pessoas (a começar pela tua filha, o Ricardo Figueiredo, ou alguém dos "Unidos de Mampatá"...) que poderão abrilhantar, muito melhor do que eu, a sessão de lançamento do teu livro que tem um título tão sugestivo, "Um caminho de quatro passos". 

Obrigado, António, ficamos todos muito  orgulhosos, aqui na Tabanca Grande, por mais este passo que tu dás na picada da vida, cheia de minas e armadilhas, mas também de boas oportunidades para sermos criativos, felizes e solidários.... E gratos à vida!.  

Vai ser uma festa de arromba o convívio no dia 11 de setembro de 2021, na Tabanca dos Melros. Um abraço para todos os Melros e para o régulo Gil Moutinho.

PS - Num próximo poste publicaremos já o prefácio, da autoria do teu e nosso amigo e camarada Ricardo Figueiredo, para além  do teu posfácio.

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Notas do editor:

(*) Vd. postes de:

24 de fevereiro de 2021 > Guiné 61/74 - P21942: Projecto de livro autobiográfico, de António Carvalho, ex-Fur Mil Enfermeiro da CART 6250/72 (Mampatá, 1972/74) (8): O valor da seringa

22 de fevereiro de 2021 > Guiné 61/74 - P21935: Projecto de livro autobiográfico, de António Carvalho, ex-Fur Mil Enfermeiro da CART 6250/72 (Mampatá, 1972/74) (7): O milagre de Nhacobá

19 de fevereiro de 2021 > Guiné 61/74 - P21920: Projecto de livro autobiográfico, de António Carvalho, ex-Fur Mil Enfermeiro da CART 6250/72 (Mampatá, 1972/74) (6): O soldado dos pés inchados

17 de Fevereiro de 2021 > Guiné 61/74 - P21912: Projecto de livro autobiográfico, de António Carvalho, ex-Fur Mil Enfermeiro da CART 6250/72 (Mampatá, 1972/74) (5): Dormir com o inimigo

15 de Fevereiro de 2021 > Guiné 61/74 - P21905: Projecto de livro autobiográfico, de António Carvalho, ex-Fur Mil Enfermeiro da CART 6250/72 (Mampatá, 1972/74) (4): A vaca

12 de fevereiro de 2021 > Guiné 61/74 - P21891: Projecto de livro autobiográfico, de António Carvalho, ex-Fur Mil Enfermeiro da CART 6250/72 (Mampatá, 1972/74) (3): O canhangulo

10 de Fevereiro de 2021 > Guiné 61/74 - P21880: Projecto de livro autobiográfico, de António Carvalho, ex-Fur Mil Enfermeiro da CART 6250/72 (Mampatá, 1972/74) (2): Despejado na Guiné

12 de janeiro de 2021 > Guiné 61/74 - P21762: Projecto de livro autobiográfico, de António Carvalho, ex-Fur Mil Enfermeiro da CART 6250/72 (Manpatá, 1972/74) (1): Contra os canhões marchar, marchar...

(**) Último poste da série > 5 de agosto de 2021 > Guiné 61/74 - P22435: Agenda cutural (778): "Os Roncos de Farim", de Carlos Silva (Porto, 5 Livros, 2021): lançamento do livro, na Tabanca dos Melros, Fânzeres, Gondomar, no próximo dia 14, sábado

sábado, 7 de agosto de 2021

Guiné 61/74 - P22441: Estórias do Zé Teixeira (50): Amores em tempo de guerra - O sonho da Luisinha (José Teixeira, ex-1.º Cabo Auxiliar Enfermeiro da CCAÇ 2381)

Em mensagem do dia 4 de Agosto de 2021, o nosso camarada José Teixeira (ex-1.º Cabo Aux Enfermeiro da CCAÇ 2381, Buba, Quebo, Mampatá e Empada, 1968/70), enviou-nos mais um dos seus contos, para a sua série "Estórias do Zé Teixeira":


Amores em tempo de guerra

Um sonho terrível acossara a Luisinha naquela noite, depois de um jantar entre colegas da faculdade de Medicina. Tinha sido organizado pelo Jorge, que considerava o seu melhor amigo, para comemorar as vinte e três primaveras com que fora privilegiada pela vida. Gostava muito de conversar com o Jorge e, na realidade, o Jorge encontrava na Luisinha a fonte da sua paixão. Discreto e tímido como era, não ousava tentar aproximar o seu coração ao da jovem eleita, por medo de ser rejeitado. Amava-a no silêncio da sua alma, seguia-lhe os passos religiosamente, procurava todas as oportunidades para conversar com ela e era correspondido.
Luisinha era uma rapariga aberta e comunicativa. Tinha prazer em cultivar amizades, mas não deixava espaço para a aproximação. O seu compromisso com o Zeca era sagrado. Porém, o Jorge foi-se insinuando e conseguiu penetrar no âmago do seu coração. Nas conversas perdidas no vazio do tempo com o Jorge, enquanto esperava Zeca, descobriu que cada um de nós carreteia uma mochila doada ao nascer e nos acompanhará pelo tempo fora. Nela é depositada toda a nossa história. A história que cada um escreve no dia a dia da sua vida, que será tanto mais leve quanto mais soubermos acomodar dentro dela, as nossas melhores escolhas para o quotidiano que ousamos viver, apartando tudo que não nos serve ou pode prestar-se a ser empecilho à nossa felicidade. Cabem lá os sonhos que nos enchem a vida, mesmo aqueles que se dissiparam no tempo, os projetos de um futuro na construção da felicidade a que temos direito, renovados em cada dia que parte. Sobretudo cabem lá as decisões sensatas e a sua concretização. Atos e ações que leve, muito leve e agradável o seu transporte nos fazem sentir realizados. Mas também as decisões insensatas que a tornam mais pesada e difícil de carregar vida fora.

Sem se aperceber, a jovem candidata a médica pediatra, cometera na noite anterior um ato profundamente insensato. Deixou que o coração do Jorge se aproximasse demasiado do seu coração e ficou presa. A sensualidade própria da juventude libertou-se das amarras que ela continha dentro dela, pelo amor que dedicava ao Zeca desde tenra idade. A um amor proibido e indesejado pelo seu pai que com o tempo se transformou numa linda paixão, agora ressequida pela ausência forçada por exigências da Pátria, se contrapõe outro amor alimentado pela presença contínua na sua vida de estudante, de um jovem extremamente cortês e delicado, bem-parecido e, como ela, abonado financeiramente. O coração a traíra numa noite que devia ser de felicidade. Na realidade fora rica pelo convívio, pela quentura da amizade sentida e pelos momentos selados naqueles beijos de apaixonado que recebera e retribuíra, mas os amargos que se levantaram depois abafaram toda a festa.

Zeca apareceu-lhe no sonho e levou-a a caminhar até aos tempos de criança A sua timidez nos primeiros dias de escola, talvez pelo pouco convívio com crianças da sua idade. Timidez que o Zeca ajudou a fazer desaparecer com o seu sorriso, suas brincadeiras e aventuras. Viu-se a caminhar, em pleno verão, pelo jardim do Parque Verde do Mondego de mãos unidas, dedos entrelaçados, tanto quanto os seus corações, embalados pela suave música da água do rio ao lamber as margens sequiosas enquanto dos seus lábios saíam promessas de amor eterno. A noite em que o afeto que os unia se transformou num vulcão e a elevou ao céu, fazendo-a sentir-se mulher de corpo inteiro. Noite em que ambos se desvirginaram num puro ato de amor jamais conjeturado, surgiu-lhe no meio do sonho, a atormentá-la. Um momento tão belo na sua vida que era a maior e melhor fonte de alimento do seu amor pelo Zeca vem pedir-lhe ‘contas’ pelo seu gesto impensado com Jorge no calor daquela noite. Acontecera poucos dias antes do Zeca partir para a Guiné, numa certa noite fria de abril, em que o calor dos seus corpos unidos pela paixão os traiu, nos seus propósitos de se manterem virgens para dar mais vida à noite de núpcias que vislumbravam com esperança, no regresso do Zeca e foi tomado pelos dois, como sinete branco que os iria unir na separação forçada que se avizinhava. O Amor que nutria pelo Zeca e representava tudo para ela estava ferido. A profundidade do seu pensamento, a visão positiva que ele tinha do mundo. A forma como encarava os problemas e com que a humanidade se debatia; a relação entre a riqueza de alguns a contrapor-se à miséria de muitos o fazia sofrer profundamente e empenhar-se nas lutas proibidas e secretas dos moradores das ilhas do Porto por habitação condigna. Eram estes os valores que o Zeca carregava na sua mochila e que a faziam sentir-se mais rica e aprofundava o amor que os unia.

Ao acordar Luisinha sentiu-se envergonhada de si mesma. Sentia-se numa prisão a quatro braços e não conseguia abrir caminho para se libertar.

Zé Teixeira
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Nota do editor

Último poste da série de 27 DE JULHO DE 2021 > Guiné 61/74 - P22408: Estórias do Zé Teixeira (49): Um dia de festa em tempo de guerra (José Teixeira, ex-1.º Cabo Auxiliar Enfermeiro da CCAÇ 2381)

Guiné 61/74 - P22440: Os nossos seres, saberes e lazeres (463): Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (10) (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 1 de Julho de 2021:

Queridos amigos,
Eu sou do tempo em que o Jardim Botânico pertencia à Faculdade de Ciências de Lisboa, ainda não sabia que o local se chamava Monte Olivete num espaço denominado Cotovia. Espaço de ensino de grandes tradições, aqui houve ensino jesuítico e Colégio dos Nobres, depois Escola Politécnica, foram atraídos jardineiros estrangeiros, para aqui convergiram coleções raras, grandes investigadores que deram renome a este jardim através da escola, houve um sério apoio político e científico, basta pensar em Andrade Corvo e no Conde de Ficalho. Dado o tesouro que representa o seu património está classificado como Monumento Nacional desde 2010. Não deixa de assombrar como espaço bem encenado, já não se entra pelo portão esquerdo, mas pelo portão direito do que é hoje o Museu de História Natural e da Ciência, parece que vamos a uma representação teatral no Teatro da Politécnica, hoje espaço reabilitado da velha Associação dos Alunos da Faculdade de Ciências, estamos num patamar superior, dragoeiros e cactos soberbos não faltam, há bancos para mirar à volta, em determinados ângulos temos mesmo as fachadas de prédios da Rua da Escola Politécnica, ali a menos de uma centena de metros viveram durante dezenas de anos o historiador José-Augusto França e o poeta Alexandre O'Neill, é um dos troços da chamada Sétima Colina que vai do Cais do Sodré ao Largo do Rato. Jardim com uma beleza imensa, por isso mesmo vamos ainda juntar mais algumas imagens e comentários na próxima semana.

Um abraço do
Mário



Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (10)

Mário Beja Santos

O Jardim Botânico, hoje adstrito ao Museu Nacional de História e da Ciência, monumento nacional desde 2010, tem uma longa história na pesquisa científica, na medida em que estes jardins botânicos nasceram fundamentalmente para ensinar e investigar. Ao tempo da Escola Politécnica, que sucedeu ao Colégio dos Nobres e ao ensino jesuítico, o jardim integrava a Faculdade de Ciências. É longo o historial da formação de coleções de grande valor com espécies trazidas de todo o mundo, árvores e plantas vão sendo dispostas em diferentes patamares e daí o visitante encontrar sensíveis diferenças de temperatura enquanto sobe ou desce este esplêndido Jardim Botânico, concebido como horto com papel insubstituível na investigação botânica pura e aplicada, e como tal não é de estranhar possuir campos destinados à experimentação, estufas, entremeados de lagos, caminhos de pura fruição…

No início do ano de 1837 foi instituída a Escola Politécnica e a Lei determinava a existência de um Jardim Botânico. Foram encarregues da sua execução vários peritos credenciados, vieram jardineiros estrangeiros, ao tempo era estreita a ligação com o Jardim Botânico da Ajuda, este hoje dependente do Instituto Superior de Agronomia. Os peritos foram juntando coleções, foram feitas aquisições, houve doações de vulto de cidadãos nacionais e estrangeiros para fazer obras no jardim. Grandes políticos e estudiosos como Andrade Corvo ou Conde de Ficalho ficaram ligados a esta fase de instalação. Aqui e ali iam surgindo problemas novos, foi o que aconteceu em 1887 com a abertura do túnel da linha dos caminhos-de-ferro, o Túnel do Rossio, que intercetava a parte inferior do jardim. Há hoje obras que contam todo este histórico, é uma leitura que permite entender o valor incalculável que aqui se exibe a estudiosos e ao público.

O leitor mais curioso encontra no Google informação pertinente sobre a vastidão deste património. A diversidade de espécies é imensa (entre 1300 e 1500), a organização do espaço ajardinado é fascinante nos seus recantos e declives, o olhar passa rapidamente de aves monumentais e de grande porte para arbustos exóticos, e as palmeiras estão praticamente omnipresentes, vindas de todos os continentes, e daí a sensação que experimentamos de termos ingressado num mundo tropical.

As cicadáceas são um dos ex-libris do Jardim. Autênticos fósseis vivos, representam floras antigas, que na maioria se extinguiram e que só em jardins botânicos se conservam. O Jardim é particularmente rico em espécies tropicais originárias da Nova Zelândia, Austrália, China, Japão e América do Sul, o que atesta as peculiaridades dos diferentes microclimas criados neste Jardim pela implantação topográfica em que se insere. Na classificação como Monumento Nacional em 2010, integra-se todo o património artístico (esculturas) e edificado que nele se encontra: Observatório Astronómico da Escola Politécnica, Edifício dos Herbários, Estufas, Palmário, e antiga estufa em madeira.

Mas porquê colocar o Jardim Botânico neste local? Este lugar era conhecido no passado como Monte Olivete, tinha já mais de dois séculos de tradição no estudo da Botânica, iniciado com o colégio jesuíta da Cotovia, aqui sedeado entre 1609 e 1759. Aqui se escreve no que vem nos textos divulgativos que encontramos na internet.

A enorme diversidade de plantas recolhidas pelos seus primeiros jardineiros, o alemão E. Goeze e o francês J. Daveau, provenientes dos quatro cantos do mundo em que havia territórios sob soberania portuguesa, patenteava a importância da potência colonial que Portugal então representava, mas que na Europa não passava de uma nação pequena e marginal. Edmund Goeze, o primeiro jardineiro-chefe, delineou a “Classe” e Jules Daveau foi o responsável pelo “Arboreto”.

A elevada qualidade do projeto, bem ajustado ao sítio e ao ameno clima de Lisboa, cedo foi comprovada. Mal acabadas de plantar, segundo o caprichoso desenho das veredas, canteiros e socalcos, interligados por lagos e cascatas, as jovens plantas rapidamente prosperavam, ocupando todo o espaço e deixando logo adivinhar como, com o tempo, a cidade viria a ganhar o seu mais aprazível espaço verde e o de maior interesse cénico e botânico. Em pleno coração de Lisboa e em forte contraste com o seu bulício, as cores e as sombras, os cheiros e os sons do Jardim da Politécnica dão recolhimento e deleite.

A maior intervenção na área do Jardim ocorreu no final dos anos 30 e princípios dos anos 40 do séc. XX, por influência do então diretor Ruy Telles Palhinha: a primitiva ordenação sistemática do plano superior do Jardim foi substituída pelo agrupamento das espécies em conjuntos ecológicos.

As coleções sistemáticas servem vários ramos da investigação botânica, demonstram junto do público e das escolas a grande diversidade de formas vegetais e múltiplos processos ecológicos, ao mesmo tempo que representam um meio importante e efetivo na conservação de plantas ameaçadas de extinção.

Autênticos fósseis vivos, representam floras antigas, que na maioria se extinguiram. Hoje, são todas de grande raridade, havendo certas espécies que só em jardins botânicos se conservam. O Jardim é particularmente rico em espécies tropicais originárias da Nova Zelândia, Austrália, China, Japão e América do Sul, o que atesta a amenidade do clima de Lisboa e as peculiaridades dos microclimas criados neste Jardim.

Na esteira do que acontece na generalidade dos jardins botânicos, também este Jardim, em estreita colaboração com os restantes departamentos do Museu desenvolve, em permanência, ativos programas de educação ambiental, para os diferentes níveis etários da população estudantil e oferece visitas temáticas guiadas.

(continua)
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Nota do editor

Último poste da série de 31 DE JULHO DE 2021 > Guiné 61/74 - P22419: Os nossos seres, saberes e lazeres (462): Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (2) (Mário Beja Santos)

Guiné 61/74 - P22439: Contactem-nos, há sempre alguém que pode ajudar ou simplesmente saber acolher (1): Mensagens recebidas entre 12 de julho e 6 de agosto de 2021


Lourinhã > Porto das Barcas > Tabanca do Atira-te ao Mar > 1 de agosto de 2021 > Contactem-nos, que há sempre alguém, na Tabanca Grande, mãe de todas as tabancas, que pode ajudar...

Foto (e legenda): © Luís Graça (2021). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Regiões da Guiné-Bissau.
Fonte: Wikipedia
1. Emails enviado através da gadget Formulário de Contactos em

Esperemos que alguém possa ajudar, dentro ou fora da Tabanca Grande... Há sempre uma primeira resposta ou comentário dos nossos editores. 
Evitamos publicar o endereço 
de email de cada um, a não ser 
em casos em que há 
um pedido expresso 
aos nossos leitores 



(i) Marcelino Issa da Cunha, 12/7/2021

Boa noite, gostaria de saber como posso cnseguir este livro "Grandeza Africana, Lendas da Guiné Portuguesa", por Manuel Belchior  (Mário Beja Santos)

Sou estudante de letras cursando mestrado em literaturas africanas na Unilab no Brasil, sou Guineense, de Empada, Região de Quinará

Cumprimentos,
Marcelino Issa da Cunha | issacunha@aluno.unilab.edu.br
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Resposta do editor LG: Livro raro. Procurar em alfarrabistas ou bibliotecas públicas.


(ii) Henriques Hilário Ferreira, 22/7/2021


Cripto CCAÇ 3565/BCAÇ 3883, CAOP2,   Guiné 72/74

Cumprimentos,
Henriques Hilario Ferreira | ct1dms@sapo.pt
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Resposta do editor LG: Obrigado, camarada. Não temos, infelizmente, nenhum representante do teu batalhão nem da tua companhia.


(iii) Alfecene Indjai, 24/7/2021

Antes de mais saudações a todos valentes combatentes que sacrificaram as suas juventudes em prol de uma vida melhor.

Sou filho de um vós, o meu pai serviu a Armada Portuguesa e deu tudo de si para este causa. Hoje infelizmente ele não está entre nós e como filho queria saber podemos de alguma forma fazer parte deste grupo e partilhar algumas recordações dele.

Sem mais nada aceitem as minhas saudações.
 
Cumprimentos,
Alfecene Indjai | alfudo.friday@gmail.com
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Resposta do editor LG: Indjai, como era o nome do teu pai ? Manda-nos mais alguma informação concreta e, se possível, alguma foto.


(iv) José Perdigão, 27/7/2021


Olá, Armando. Encontrei o seu blogue.

O meu pai esteve em Cufar, Furriel Enfermeiro Fernando Joaquim Rita Manuel.

A minha mãe deu-me recentemente uma insígnia do meu pai e decidi investigar o tempo em que ele estive na Guiné.

Cumprimentos,
João Perdigão | joao.p.manuel@gmail.com
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Resposta do editor LG: João, julgo que te estejas a referir ao Armando Faria (ex-Fur Mil Inf Minas e Armadilhas da CCAÇ 4740, Cufar, 1972/74)


(v) João Artur Mamede, 28/7/2021

Procuro contactar António Augusto Miranda Guedes das Neves, que morava na Av Elias Garcia, 17. As buscas trouxeram-me até aqui! Poderão ajudar-me? Seria óptimo.
Agradeço.

Cumprimentos,
João Artur Mamede | joaoarturmamede@gmail.com
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Resposta do editor LG: João, estamos a falar de quem ? Um antigo combatente da Guiné ?


(vi) Álvaro Vasconcelos, 29/7/2021

Cordiais saudações a todos os Camarigos, em particular aos que estão mais carenciados de saúde e/ou bem estar.

Um abraço do tamanho do mundo.
Alvaro Vasconcelos, Minhães, Grilo / Baião
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Reposta do editor LG:

Obrigado, Álvaro, pela parte que me toca!


(vii) José Manuel Pavão, 30/7/2021

Boa tarde. Precisava contactar Luís Graça da Tabanca Grande
Consulado Guiné-Bissau, Porto
Tjm. 9******16
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Resposta do editor LG: Voltaremos a falar, senhor cônsul!


(viii) Alberto Vasconcelos, 1/8/2021

Joaquim Duarte Pinto Pereira,  furriel, esteve ou não na CCAÇ  13 em 73/ 74 na Guiné?

Cumprimentos,
Alberto Vasconcelos | albertovasconcelos5@gmail.com
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Resposta do editor LG: Vamos ver se alguém da CCAÇ 13 pode dar uma pista...


(ix) Sandra Coelho, 2/8/2021

Boa tarde
A minha mãe procura um primo que esteve no ultramar, em Moçambique, entre 1972 e 1974. Ela gostava muito de o voltar a ver, já tem uma idade e tem essa tristeza de ter perdido o contacto. Tenho umas fotos e postais que ele lhe enviou de Moçambique. Tenho fotos dele. 

Cumprimentos,
Sandra Coelho | cacaosandra@gmail.com
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Resposta do editor LG: Somos um blogue de antigos combatentes da Guiné... e não de Angola e muito menos Moçambique... Mas, para podermos ajudar, é preciso daber o nome do primo...


(x) Leonel Olhero, 6/8/2021

O furriel Melo fez em Bula - Esquadrão meia comissão de serviço comigo. O Esquadrão já fez trinta e tal encontros e o Melo nunca apareceu.

Desconhecia-se o seu contacto e paradeiro. Fui, quase sempre, o organizador daqueles encontros. Preciso do contacto do Melo e conto com o contributo da Tabanca Grande. Abraço

Cumprimentos,
Leonel Olhero | leonelolhero@gmail.com
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Resposta do editor LG: Leonel, muito gosto em saber de ti... Mas vamos ver se o Melo nos lê...

sexta-feira, 6 de agosto de 2021

Guiné 61/74 - P22438: Alferes Miliciano Fernando da Costa Fernandes, da CART 1690/BART 1914, que morreu vítima de ferimentos em combate durante a Op. Invisível, em Sinchã Jobel, no dia 18 de Dezembro de 1967, cujo corpo não foi possível recuperar


Alferes Miliciano Fernando da Costa Fernandes

- Partiu para a Guiné em rendição individual em 1966.
- Foi colocado numa Unidade estacionada em Nhacra, ficando destacado em João Landim.
- Seguidamente foi colocado no BCAV 1905, sediado em Teixeira Pinto.
- Mais tarde foi para a CART 1690 a fim de substituir o Alf Mil António Marques Lopes, ferido e evacuado em consequência do rebentamento de uma mina anticarro.
- Faleceu em 18/12/67, vítima de ferimentos em combate durante a Op Invisível.

- O seu corpo não foi recuperado.


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2. Comentários do editor

- No nosso Blogue, o Cor DAF ref Marques Lopes, a propósito do seu livro "Cabra Cega" (, cópia da capa acima, edição brasileira), no Poste 15202 de 5 de Outubro de 2015[*], descreve as circunstâncias da morte do Alf Mil Fernando da Costa Fernandes durante a Op Invisível.

"Este alferes Fernando da Costa Fernandes, natural de Santo Tirso, tinha vindo para a CART 1690, para substittuir o A. Marques Lopes, entretanto evacuado para o HMP, na sequência da mina A/C acionada em 21/8/1967, na estrada Geba-Banjara, que vitimou mortalmente o Cap Art Manuel Guimarães. O Fernandes será "dado como desaparecido" em campanha, nesta Op Invisível, em 19 de Dezembro de 1967... Na realidade, foi morto e o seu corpo nunca foi recuperado".

- Ainda sobre a morte do Alferes Fernandes, na página do nosso camarada António Pires, UTW Terra Web - Dos Veteranos da Guerra do Ultramar, podemos ler o recorte de um artigo da autoria de António Martins Moreira, ex-Alf Mil Op Esp da CART 1690, com o título "Fernando da Costa Fernandes, Alferes Mil (o Aznavour) - Companhia de Artilharia 1690 - Batalhão de Artilharia 1914 - Tombado em Combate no Dia 18 de Dezembro de 1967", publicado em 3 de Fevereiro de 1995 no jornal Badaladas, de Torres Vedras.
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Nota do editor:

[*] - Vd. poste de 5 DE OUTUBRO DE 2015 > Guiné 63/74 - P15202: Os jogos de cabra-cega: Sinchã Jobel (A. Marques Lopes) (Parte V): a partir da Op Invisível, de 18-19/12/1967, passa a ser uma ZLIFA (Zona LIvre de Intervenção da Força Aérea)... O alf mil Fernando da Costa Fernandes, de Santo Tirso, é morto, não sendo possível resgatar o seu corpo, e o soldado Manuel Fragata Francisco, de Alpiarça, é gravemente ferido, aprisionado e levado para Ziguinchor onde é tratado pelo dr. Mário Pádua e mais tarde, em 15/3/1968, entregue à Cruz Vermelha Internacional

Guiné 61/74 - P22437: Esboços para um romance - II (Mário Beja Santos): Rua do Eclipse (64): A funda que arremessa para o fundo da memória

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 21 de Julho de 2021:

Queridos amigos,
Temos, pois, um intenso período de atividade operacional, para quem manda e comanda parece que se descobriu que há uma situação extremamente grave no regulado do Xime, o PAIGC não só está de pedra e cal no Baio-Burontoni como cultiva às claras a riquíssima bolanha do Poidom, uma fonte inigualável para o abastecimento da guerrilha e populações nestes pontos do Leste, em ambas as margens do Corubal. Não se mediram as consequências de ter retirado o aquartelamento da Ponta do Inglês, há também aqui um itinerário estratégico para o abastecimento de armamentos a partir de e para o Sul. As operações são um malogro, já é sabido que é praticamente inacessível procurar atingir-se o Burontoni a partir do Xime, o itinerário mais seguro é usar sempre Moricanhe, tem-se mais visibilidade e mais fator surpresa a nosso favor. Mas estes reparos não são atendidos, quem comanda julga-se depositário de uma ciência infusa, omnisciente e repetem-se as emboscadas, com os nossos feridos e mortos. Vai seguir-se uma operação bastante sangrenta, a Tigre Vadio, bem se insistiu em dois itinerários diferentes para objetivos distintos, foi um milagre ter cerca de 300 homens uns atrás dos outros a entrar no inferno de Belel e dali sair com feridos ligeiros depois de um ataque surpresa como nunca houvera antes com tropa de infantaria, nem haverá depois.

Um abraço do
Mário



Rua do Eclipse (64): A funda que arremessa para o fundo da memória

Mário Beja Santos

Mon inoubliable amour, passion sans mesure, que mais posso dizer sobre os dias vertiginosos que vivemos, seguindo de Bruxelas para Lille, daqui para Calais, depois Dunquerque, depois Ostende, Bruges, Ypres e regresso à Rua do Eclipse? Que mais provas podemos dar um ao outro da nossa felicidade? Como me diverti quando fizeste um ar muito sério, eu enlaçava-te louco de amor na Grand-Place de Bruges, passaram jovens que comentaram aquela doidice, senti o teu rubor, como tivesses sido apanhada em falta, coisa imprópria da idade… Já estou como diz o escritor Gabriel García Márquez, a idade não é a que temos, é a que sentimos, e eu sinto a plenitude deste amor que me inebria a existência, me dá impulso para a multiplicidade de tarefas e não abdico de pensar que é a via única da felicidade.

Regressei bem, já guardei no frigorífico e congelador as preciosidades que comprei com a tua ajuda, desembrulhei meticulosamente os meus queijos fedorentos, meti no micro-ondas uma lasanha, tiveste o cuidado de me pôr umas peças de fruta, jantei bem, mas sem ti, sem o teu encanto, ciente que em breve passarás as férias grandes comigo. Por isso mesmo te deixei aí um volumoso guia de Portugal, estou aberto a todas as tuas sugestões. Só te peço compreensão para a magreza de rendimentos dos meus filhos, a ver se passávamos uma semana todos juntos na costa alentejana, se nada tiveres a objetar. Com mais tempo falarei contigo sobre a conversa havida com o Jules, abri a porta para ele passar um tempo comigo, também os meus filhos darão apoio. Ainda esta semana acertaremos as datas do calendário.

Agradeço-te mais uma vez o desvelo com que estás a tratar o dossiê da minha comissão na Guiné. Revi tudo quanto aos meses de janeiro e fevereiro, nada mais tenho a acrescentar. Não pretendo deixar registado que tenho de novo o sistema nervoso abalado e muito ainda hoje medito sobre as causas daquela depressão camuflada, de uma ansiedade por vezes tão mal contida, isto quando naqueles 17 meses de Missirá e Finete o tempo corria veloz, com os constantes patrulhamentos a Mato de Cão, as obras de recuperação de Missirá e os arranjos de Finete, os abastecimentos obrigatórios para civis e militares, as aulas para crianças e adultos, as idas ao médico, era um quotidiano que me exigia uma disciplina férrea para ter tempo para mim, livros e música e correspondência para todos aqueles que estavam na minha constelação de afetos. Bambadinca representava o dia-a-dia as trouxe-mouxe, perdera-se a coesão da unidade militar, recebia ordens para mandar uma secção de nove homens levar munições ou doentes a um regulado próximo, outra ficava de serviço nos Nhabijões, eu e o restante pessoal devíamos ir a Madina Xaquili ou a Galomaro levar um abastecimento, documentação, o que quer que fosse. Era uma fragmentação de atividades que me dificultava a manutenção do espírito do grupo, que existia no Cuor. Agora limitava-me a fazer reuniões para verificar a limpeza do armamento, o armazenamento de morteiros e bazucas, fazer a contabilidade e tratar do expediente, para já não falar do serviço de justiça.

E subitamente sou convocado para um conjunto de operações, a região do Xime tornara-se prioritária para o coronel de Bafatá. Nasceu assim a Rinoceronte Temível, o comando de Bambadinca percebeu que fora da povoação do Xime os grupos do PAIGC deslocavam-se com bastante à vontade. Andava eu em obras na ponte de Undunduma, com novos recenseamentos de armas nas tabancas em autodefesa e sou chamado ao comando, vamos regressar ao Xime. O que se pretende, afinal de contas? Se há culturas na bolanha do Poidom, a intenção é que se faça uma batida constituída por dois destacamentos, um vai do Xime até à Ponta do Inglês, talvez fosse útil eu ir à frente e retomasse os caminhos recentemente percorridos, o comando deu nome a esta operação de Colete Encarnado; um outro destacamento leva rumo diverso, vai também do Xime, passará perto de Burontoni até atingir o outro extremo da bolanha do Poidom, ambos os destacamentos terão apoio aéreo. Tem perguntas, nosso alferes? Claro que tinha. Não se podia garantir qualquer sincronização face ao encontro dos dois destacamentos na Ponta do Inglês, a manter-se tais efetivos, sugeria que um dos destacamentos, e eu seguiria nele, caminha-se por Ponta Varela, atravessasse a estrada até à Ponta do Inglês e confirmasse se as populações tinham abandonado ou não a Mata do Poidom; se era certa a informação de que havia grupos diferentes no Baio-Burontoni e na região da Ponta do Inglês, este destacamento se dirigisse nessa direção, há um conjunto de operações que só se conhecem malogros, o ideal era atingir um desses acampamentos enquanto o outro destacamento seria posto à prova na Ponta do Inglês. O comando insistia na convergência, competia-me acatar a ordem. Só repliquei para recordar que os efetivos militares um estava exausto e o outro bastante desmotivado. Houve uma punhada na mesa, as operações seriam exatamente como estavam delineadas.

Annette, ma chérie, tens aí os papéis que dão conta de tudo quanto se passou. Os que saíam do Xime pelo flanco esquerdo tiveram que regressar horas depois devido a uma situação de doença grave, alguém que ficou completamente desfalecido e o maqueiro encheu-se de pânico, era noite escura. Já uma vez te observei e só quem não fez uma guerra como aquelas é que não sabe como estes regressos e retomas acentua o cansaço, desconcentra, desmobiliza. E os imprevistos entraram em cena, de parte incerta, naquele mato onde algures havia bases do PAIGC fazia-se fogo de reconhecimento, ao amanhecer sentiu-se o fumo das queimadas, ficaram à espera do apoio aéreo para ver como e onde se podia progredir. Eu lá fui para Ponta Varela, ia comigo um guia conhecedor do terreno que correspondeu inteiramente ao que lhe pedia, queria flanquear dentro da lala sempre à volta da foz do Corubal, ao amanhecer lá encontrámos as lavras, encaminhámo-nos para a Ponta do Inglês, sempre com aquela estranheza de ouvirmos o fogo troar lá para os lados do Baio e Burontoni. E com o nascer do dia percorremos a pente fino a mata, havia alfaias agrícolas, pegadas, mas nem vivalma. Então chegou a nossa vez de termos uma receção de fogo, tomei esta chuva de morteiradas como prova de que estávamos referenciados. Antes de sair do Xime, voltara a falar com o furriel das armas pesadas com quem me entendera na Operação Rinoceronte Temível, pedi fogo e não mais houve morteiradas. Nisto chegou o apoio aéreo, pedi instruções para ir encontrar-me com outro destacamento, estupefacto, lá de cima mandaram-nos regressar a Ponta Varela. Ao princípio da tarde, novo contato com o apoio aéreo, ordens para regressar ao Xime. Infelizmente, eu tivera razão, este insucesso não trazia nada de bom para quem já estava desmotivado ou exausto.

Almoçados e com o astral muito em baixo, regressámos a Bambadinca. Com tudo arrumado, dirigi-me ao comando, numa tentativa de perceber aquelas ordens e contraordens, também os que tinham andado não longe do Burontoni não entendiam aquela ordem súbita de retirada. A resposta veio seca: se estávamos referenciados, não valia a pena uma maior exposição, em breve se repetiria a operação. Quando me preparo para sair, o major faz-me sinal, quer que eu fique. E naquela sala de operações onde numa parede se estendem as cartas geográficas do setor, pontuados os diferentes destacamentos e assinaladas as áreas onde o PAIGC interfere, sou informado, e exigem-me o mais completo silêncio, dentro de escassos dias partirei para o Cuor, a operação chama-se Tigre Vadio e o objetivo é grandioso, por isso irão 300 homens em dois destacamentos. Intenta-se bater a região ocidental do Cuor e procurar destruir os acampamentos de Madina e Belel. Eu ainda não sei que será a mais sangrenta de todas as operações em que participei.

(continua)


Cais do Xime, já em vias de destruição, fins no século XX, fotografia de Humberto Reis
A caminho do Xime, estamos num período de várias operações na região
Ruínas do porto de Bambadinca, novembro de 2010
Bolanha de Finete, 2010
Ponta do rio Undunduma, vital para o trânsito entre o Xime e Bambadinca, até à conclusão da estrada alcatroada, 1970
Ponta do Inglês, uma relíquia da guerra, como um belo tronco guarda sinais de noites de fogo
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Nota do editor

Último poste da série de 30 DE JULHO DE 2021 > Guiné 61/74 - P22416: Esboços para um romance - II (Mário Beja Santos): Rua do Eclipse (63): A funda que arremessa para o fundo da memória

Guiné 61/74 - P22436: In Memoriam: Cadetes da Escola do Exército e da Escola de Guerra (actual Academia Militar), mortos em combate na 1ª Guerra Mundial (França, Angola e Moçambique, 1914-1918) (cor art ref António Carlos Morais Silva) - Parte X: Agnelo Maldonado, alf inf (Viseu, 1896 - França, CEP, 1918)


Agnelo Maldonado (1896-1918)


Nome; Agnelo Maldonado
Posto: Alferes de Infantaria
Naturalidade: Viseu
Data de nascimento: 5 de Junho de 1896
Incorporação: 1916 na Escola de Guerra (nº 294 do Corpo de Alunos)
Unidade: Depósito de Infantaria, Regimento Infantaria n.º 16
Condecorações; Cruz de Guerra de 3ª classe (a título póstumo)

TO da morte em combate; França (CEP)
Data de Embarque; 17 de Novembro de 1917
Data da morte; 9 de Abril de 1918
Sepultura: (?)

Circunstâncias da morte; Na batalha de 9 de Abril tendo a sua companhia recebido a missão de ocupar posições na 2ª linha do dispositivo táctico, no momento em que o combate era mais intenso, avançou com o seu pelotão dando exemplo de coragem e destemor até ser mortalmente atingido pelos fogos inimigos.


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António Carlos Morais da Silva, hoje e ontem1. Continuação da publicação da série respeitante à biografia (breve) de cada um oficiais oriundos da Escola do Exército e da Escola de Guerra que morreram em combate, na I Guerra Mundial, nos teatros de operações de Angola, Moçambique e França (*).

Trabalho de pesquisa do cor art ref António Carlos Morais da Silva, cadete-aluno nº 45/63 do Corpo de Alunos da Academia Militar e depois professor da AM, durante cerca de 3 décadas; é membro da nossa Tabanca Grande, tendo sido, no CTIG, instrutor da 1ª CCmds Africanos, em Fá Mandinga, adjunto do COP 6, em Mansabá, e comandante da CCAÇ 2796, em Gadamael, entre 1970 e 1972. 
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quinta-feira, 5 de agosto de 2021

Guiné 61/74 - P22435: Agenda cutural (778): "Os Roncos de Farim", de Carlos Silva (Porto, 5 Livros, 2021): lançamento do livro, na Tabanca dos Melros, Fânzeres, Gondomar, no próximo dia 14, sábado





Capa, contracapa e badana do livro do Carlos Silva


1. No próximo dia 14, sábado, vai ser apresentado na Tabanca dos Melros, em Fânzeres, Gondomar, o  livro do nosso camarada  Carlos Silva (ex-Fur Mil Armas Pes Inf, CCAÇ 2548/BCAÇ 2879, Jumbembem, 1969/71), já aqui anunciado (*).

O livro vai ser vendido pelo autor praticamente a preço de custo, ou seja, a 10 euros. 

Esperemos que apareçam em força os muitos amigos e camarada do Carlos Silva, régulo da Tabanca, juntamente com o Gil Moutinho. Temos pena de não poder dar lá um salto nesta altura do ano. (LG)
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Nota do editor:

Último poste da série > 29 de julho de 2021 > Guiné 61/74 - P22414: Agenda cultural (777): "Os Roncos de Farim", um livro da autoria do nosso camarada Carlos Silva, a ser lançado brevemente