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sábado, 29 de junho de 2024

Guiné 61/74 - P25700: (De) Caras (300): A emboscada, na picada de Mampatá-Uane, em 20 de maio de 1968: além de 4 mortos, foram feitos pelo PAIGC 8 prisioneiros, cinco dos quais sabemos que foram o Rui Rafael Correia (CCS/BART 1896, Buba, 1966/68), José M. Medeiros, José M. de Susa, Manuel da Silva e Agostinho Duarte (CART 1612, Bissorã, Buba e Aldeia Formosa, 1966/68)

 


O Rui Rafael Correia, antes de ser mobilizado
 para Guiné como 1º cabo mecânico auto, 
CCS/BART 1896 (Buba, 1966/68) 


O Rui Rafael Correia,  no dia da homenagem
que lhe foi feita pelo Núcleo de Matosinhos da Liga 

Vivia na Galiza desde 1972.


Guiné > Carta de Xitole (1955) > Escala 1/50 mil > Posição relativa de Mampatá, Uane, Nhala, Buba, Aldeia Formosa e Chamarra, na região de Forreá

Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2016)

 


1. A emboscada a que se refere o Carlos Nery no poste P25693 (*), aconteceu a 20 de maio de 1968, na picada entre Mampatá e Uane (vd. carta do Xitole, 1955, escala 1/50 mil). As NT sofreram 4 mortos e 8 militares foram aprisionados.

Os militares aprisionados terão sido , levados para a Guiné-Conacri.  Pertenciam à CCS/BART 1896 (Buba, 1966/68) e à CART 1612. Não sabemos, para já, a identidade dos mortos: é possível que tenham sido milícias, executados sumariamente pelo PAIGC (" passados pelas armas alguns milícias considerados traidores") (*).
 
Dos prisioneiros temos a identificação de cinco;
 


Lista dos prisioneiros  do PAIGC "entrevistados"  pela Rádio Libertação, do PAIGC, em Conacri, em 1968... Sublinhados, a vermelho, os nomes de cinco dos nossos camaradas, um  da CCS/BART 1896, e quatro da CART 1612 / BART 1896, aprisionados em 20/5/1968, na picada Mampatá-Uane-Nhala. (Ao todo, foram oito, dois estavam hospitalizados, em meados da agosto de 1968 quando prestaram declarações em cativeiro, à rádio do PAIGC, num operação claramente de propaganda do Amílcar Cabral).

Fonte: Opúsculo, de 24 pp., "Guiné 1 - Falam os portugueses prisioneiros de guerra", disponível na totalidade aqui. (Editado pela FPLN / Portugal [Frente Patriótica de Libertação Nacional], em Argel, Transcrevem-se "declarações gravadas em fita magnética e difundidas pela Rádio Libertação, pelo PAIGC, que autorizou retransmissão pela emissora da FPLN, a Voz da Liberdade" (sic).


2. Já aqui reproduzimos, em tempos (**) , as declarações (a pp. 7/8), do Rui Rafael Correia, natural de Leça da Palmeira, Matosinhos, 1º cabo mecânico auto da CCS/BART 1896 (Buba, 1966/68), delcarações essas que terão sido  prestado aos microfones da Rádio Libertação.  (O Correia só será libertado em 20 de novembro de 1970, na sequência da Op Mar Verde. Teve portanto dois anos e meio de cativeiro.).

É o único de quem temos fotos (***). Eis aqui o essencial da informação sobre os acontecimentos de que foi vítima: 

(i) estava na CCS / BART 1896, em Buba;

(ii) foi chamado para ir a Aldeia Formosa reparar uma viatura que estava avariada na estrada:

(iii) recuperada a viatura, ficou à espera dos camaradas que estavam no mato;

(iv) quando estes regressaram, deram conta que faltava os milícias;

(v) por ordem do alferes, comandante da força, foi um pequeno grupo a caminho de Uane buscar os milícias;

(vi) o cabo mecânico Correia sentiu-se na obrigação de acompanhar a viatura à qual tinha acabado de dar assistência;

(vii) entre Mampatá e Uane (vd. carta de Xitole) foram emboscados;

(viii) o pequeno grupo ficou completamente indefeso perante "uma emboscada tão forte e tão bem montada".

.



(...)



(Pág. 7. Excerto)

(Pág. 8. Excerto)


3. Os outros restantes quatro prisioneiros,  do dia 20 de maio de 1968,   são:

  • José M. Medeiros ( sold,  CART 1612 / BART 1896):
  • José M. de Sousa (sold. CART 1612 / BART 1896);
  • Manuel da Silva (sold, CART 1612 / BART 1896);
  • Agostinho Duarte (sold, CART 1612 / BART 1896).
A CART 1612 / BART 1896 esteve em Bissorã, Buba e Aldeia Formosa (nov 66 / ago 68)

 Reproduzidos a seguir uma seleção das  "declarações" dos nossos camaradas em cativeiro: no essencial, coincidem no que diz respeito às circunstâncias em que ocorreu a emboscada. 

Nenhum deles fala dos "mortos", possivelmente milícias, e que terão sido executados "in loco", segundo a versão do Carlos Nery (*). Limitaram-se a responder , sucintamente, ás mesmas perguntas que lhes foram feitas:  (i) nome, onde e quando nasceu; (ii) unidade ou subunidade a que pertenceu; (iii) em que parte(s) da Guiné prestou serviço; (iv) se estava bem de saúde; (v) como foi recebido e tratado; (vi) as circunstâncias em que foi feito prisioneiro; e (vii) mensagem a dirigir aos antigos camaradas, amigos, família, etc.

(...)



(Pág. 9. Excertos)

(...)


(...) 



(...)

(Pàg. 10. Excertos)


(Pág. 11. Excerto)
(...)



(Pág. 12. Excerto)

(Pág. 12. Excerto)




(pág. 13. Excerto)





(Pág. 15.Excertos)

4. Segundo o nosso camarada José Teixeira, da CCAÇ 2381, que rendeu a CART 1612 [que estava em Aldeia Formosa desde novembro de 1967], "este trágico acontecimento [deu-se] no pontão de Uane entre Mampatá e Nhala, na velha picada de ligação Aldeia Formosa / Buba" (**)... 

Era "um sítio muito complicado e temido junto a uma bolanha, onde existia um carreiro por onde PAIGC fazia passar o material de guerra vindo da Guiné Conacri para o interior da Guiné, via Cantanhez"... 

Era "um lugar para muitos cuidados, com emboscadas às colunas que faziam a ligação de Buba a Aldeia Formosa a par de outro conhecido pela Bolanha dos Passarinhos, já muito perto de Buba".

As NT estacionadas em Aldeia Formosa faziam patrulhamentos e montavam emboscadas na zona, mas as coisas aconteciam "ao mais pequeno descuido, como parece ter acontecido, ou pelo menos era o que constava, quando ali chegou a CCaç 2381 em julho de 1968 para render a Companhia [a CART 1612,]  que sofreu esta emboscada, em 20 de maio".





Capa do opúsculo, de 24 pp., "Guiné 1 - Falam os portugueses prisioneiros de guerra", disponível na totalidade aqui. 



Citação:
(1968), "Guiné 1 - Falam os portugueses prisioneiros de guerra", CasaComum.org, Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_84394 (2016-6-6)
___________

Notas do editor:


(*) 28 de junho de 2024 > Guiné 61/74 - P25693: 20º aniversário do nosso blogue (17): Alguns dos melhores postes de sempre (XIII): na noite de 22 de junho de 1968, há 56 anos, Contabane transformou-se no inferno - Parte III: um texto antológico de Carlos Nery (ex-cap mil, CCAÇ 2382, Buba, 1968/70)

(...) Durante anos a guerra passara ao largo da região onde estávamos. No Quebo, baptizado pelos portugueses de Aldeia Formosa, residia o Cherno Rachid, chefe espiritual de vasta área que se estendia para lá da fronteira.

O PAIGC, atendendo, certamente, à sua presença, evitara levar ali a guerra. Mas a guerrilha era portadora de uma ideia nova que, como todas as ideias novas, vinha para dividir.

(...) Ao aceitar armas aos portugueses, os fulas do Forreá comprometeram a imagem de neutralidade até aí existente. O PAIGC, acusando-os, também, de veicular informações para a tropa, abriu então, violentamente, hostilidades contra as populações que haviam aceitado colocar-se em autodefesa.

Perante os ataques a Contabane e Mampatá [de 22 de maio e 11 de junho de 1968, respetivamente] e a emboscada a uma viatura em que são «apanhados à mão» vários militares portugueses e passados pelas armas alguns milícias considerados traidores, são deslocados à pressa efectivos para a área. (...)




(***) Último poste da série > 22 de junho de 2024 > Guiné 61/74 - P25674: (De) Caras (209): Hermínio Marques, ex-Soldado Condutor da CCAÇ 2382: "Vou contar-lhe como perdi as minhas coisas em Contabane" (Mário Beja Santos)