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domingo, 21 de março de 2021

Guiné 61/74 - P22024: No céu não há disto... Comes & bebes: sugestões dos 'vagomestres' da Tabanca Grande (25): Curso, gratuito, "online", sobre "Iniciação à Prova de Vinhos": promovido pelo Turismo de Portugal, com a duração de 2,5 horas ... mas tem de ser feito até ao fim deste mês


Guiné-Bissau > Região de Gabu  > Ponte Caium > Ao lado de um memorial aos mortos do 3º Gr Comb da CCAÇ 3546 (1972/74) ,  ainda existia em 2010, no tabuleiro da ponte, esta base de um nicho com a inscrição "Nem só de pão vive o homem. [Guiné] 72-74".

Foto (e legenda): © Eduardo Campos (2010). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Guiné > Região de Cacheu > São Domingos > CCS/BCAÇ 1933 > Novembro de 1968 > O alf mil SAM Virgílio Teixeira (o segundo a contar da esquerda), a ajudar a descarregar garrafões de vinho, alguns dos quais têm o rótulo do Cartaxo (presumivelmente, da Adega Cooperativa do Cartaxo).

Foto (e legenda): © Virgílio Teixeira (2018). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Nem só de pão vive o homem... Também precisa de poesia para viver (e hoje, 21 de março, até é o Dia Mundial da Poesia, um dia que   foi criado, em 1999, na 30.ª Conferência Geral da UNESCO; também é Dia Internacional das Florestas...). 

Mas não vamos falar de poesia, mas de vinho, se bem que um bom vinho seja "poesia engarrafada":  "wine is bottled poetry" [a autoria da metáfora é a tribuída a um poeta, que não era francês nem português, mas  da terra do "Scotch", Robert Louis Stevenson (1850-1894), o  conhecido autor de "A Ilha do Tesouro":  quem não o leu na adolescência ? É uma obra da literatura universal que faz parte do plano nacional de leitura, 7º ano].

Hoje o que vos "oferecenos" não é nenhum prato "especial, anti-covid", é a oportunidade de fazer, de borla, um curso de "Iniciação à prova de vinhos", disponível aqui na  plataforma Nau.


2. O que é a NAU? ...

“NAU – Ensino e Formação Online para Grandes Audiências” é um projeto online, pioneiro a nível nacional, de suporte ao ensino e formação, dirigido a grandes audiências.

(...) "É um serviço desenvolvido e gerido pela Unidade FCCN da Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) que permite a criação de cursos em formato MOOC (Massive Open Online Course), ou seja, cursos abertos e acessíveis a todos, produzidos por entidades reconhecidas e relevantes na sociedade, que contam com a participação de milhares de pessoas."

Integra-se na missão (nacional) de promover: (i) o desenvolvimento digital, (ii) a inclusão e a literacia digitais, (iii) a educação e (iv) qualificação da população ativa.


3. Mas vamos ao curso, que o tempo escasseia:

(i) promovido pelo Turismo de Portugal; 
(ii) é gratuito; 
(iii) tem uma carga horária de duas horas e meia; 
(iv) termina no fim deste mês; 
(v) tem avaliação e certificado de aproveitamento (respostas certas a mais de 50% do teste final); e
 (vi) é um dos cursos da plataforma NAU com maior número de matriculados (já cerca de seis mil).

Público-Alvo

Iniciação à Prova dos Vinhos é um curso promovido pelo Turismo de Portugal direcionado para profissionais do setor, estudantes e o público em geral que tenham interesse em conhecer mais sobre esta área.

Objetivos de Aprendizagem

Após a realização deste curso o formando deve ser capaz de:

1 - Descrever as etapas metodológicas do exercício de degustação;
2 - Selecionar o copo ideal e organizar a sala de prova;
3 - Explicar os principais fatores que contribuem para a correta avaliação da cor do vinho;
4 - Descrever o que são vinhos cristalinos, límpidos e turvos, estabilidade biológica;
5 - Executar os principais métodos no exame olfativo e gustativo;
6 - Descrever Potencial de persistência aromática, adstringência, causticidade e efervescência;
7 - Descrever e explicar a consistência do vinho;
8 - Aplicar a correta adequação do vinho à iguaria.

Atividades

Neste curso, o promotor pretende ir muito mais além do "gosto ou não gosto", ou do
“sou como o Jacinto, tanto faz branco como tinto”, 
conseguindo dar resposta a perguntas como:

  • Que estilo de vinho?
  • Apresenta a tipicidade do seu terroir e da sua casta?
  • Estará no momento ótimo para ser servido?
  • Como devo servi-lo?
  • A que temperatura?
  • Decantar?
  • Com que copo?
  • Será adequado ao gosto das pessoas a quem se destina?
  • Será adequado à iguaria ou ao momento?
 Fonte: Excertos de: Nau - Sempre a Aprender > Curso de Iniciação à Prova de Vinhos (com  a devida vénia...)

Para saber tudo sobre o curso, clicar aqui:

quarta-feira, 10 de março de 2021

Guiné 61/74 - P21992: (Ex)citações (393): por que razão é que os fulas não gostavam de vender as suas vacas à tropa (Cherno Baldé, Bissau)


Guiné > Zona leste > Região de Bafatá > Setor  L1 (Bambadinca) > BART  2917 (1970/72) > CCAÇ 12 > Crianças de tabanca fula em autodefesa, no sul do Regulado de Badora, talvez Sansacuta.

Foto: © Arlindo T. Roda (2010). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Guiné > Zona leste > Setor L1 (Bambadinca) > Subsetor de Bambadinca > Detalhe > Tabancas fulas em autodefesa, Samba Juli, Sinchã Mamajã e Sansacuta, situadas entre os rio Querol e Timinco, a leste da estrada Bambadinca-Mansambo > Carta do Xime (1955) (Escala 1/50 mil)... Lugares que continuam no nosso imaginário...

Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2012)


1. Comentário do Cherno Baldé [,
 o "Chico de Fajonquito", quadro superior na área da gestão de projectos, com formação em Kiev e Lisboa, colaborador permanente  na área da etnolinguística da Guiné-Bissau, com 225 referências no nosso blogue) (*)

Caro amigo António [Carvalho]:

É verdade que os camponeses fulas não gostavam de vender o seu gado e a razão é muito simples, era e continua a ser a única riqueza que têm e com a qual podem contar para se socorrer em casos de necessidade da família e da comunidade ou ainda em casos de calamidades naturais ligadas as suas actividades de sobrevivência. 

Só quem (sobre)vive da terra, da agricultura,  percebe as dificuldades e incertezas com que se deparam e num pais onde não existem nem subsídios, nem financiamentos ao agricultor.

Para nós, na tabanca, tirar uma galinha já representa um grande sacrifício. E de mais a mais, as manadas representam uma propriedade colectiva onde crianças, mulheres e homens adultos, cada um tem a sua vaquinha para seu sustento (ordenha do leite) e a sua poupança para o futuro a titulo individual e colectivo. 

Vocês, vivendo no meio dos guineenses, nunca estranharam o facto de nunca terem encontrado instituições de fomento e/ou de apoio aquelas famílias,  muitas vezes escorraçadas das suas terras e condicionadas pela situação da guerra onde eram mais vítimas do que propriamente actores ?

Para nós,  que estávamos habituados a escassez e a miséria do dia a sua, parecia-nos um exagero quanto as "queixinhas" dos metropolitanos sobre a comida. No caso concreto de Fajonquito, todas as semanas (segundas feiras?) abatia-se uma vaca que compravam (?) com a ajuda das autoridades locais,  quando não eram vacas trazidas do mato, e habitualmente, preparava-se um guisado de carne com batatas ou então com massas (esparguete) e ainda assim acontecia, esporadicamente, na aldeia o desaparecimento de cabritos e galinhas que iam parar no forno do padeiro.

Para a tropa a comida nunca estava boa, mas ainda assim nós os djubis do quartel debatiamos sempre com insuficiência de sobras, aliás não raras vezes as segundas feiras (dia do abate) eram o dia em que não queriam ninguém no quartel, corriam com todos, isto falando dos outros, porque os faxinas estes ficavam na caserna à espera que um dos amigos lembrasse de trazer um pouco da sua comida ou da segunda dose quando restava alguma coisa na mesa. 

O que me valia a mim era ter o amigo Teixeira (Cabo Mecânico), hoje um empresário de sucesso em Lisboa, que nunca se esquecia do seu amigo Chiquinho. Alguns eram bons comilões e por cima mandões, porque traziam a marmita vazia para eu lavar e guardar.

Continua que estamos a gostar, embora me pareça mais do género politicamente correcto, como se costuma dizer e um pouco à esquerda. Não sei se vais ter muitos leitores nos tempos que vivemos.

Um grande abraço,
Cherno Baldé
____________

Notas do editor:

(*) Vd. poste de 15 de fevereiro de  2021 > Guiné 61/74 - P21905: Projecto de livro autobiográfico, de António Carvalho, ex-Fur Mil Enfermeiro da CART 6250/72 (Mampatá, 1972/74) (4): A vaca

quinta-feira, 24 de dezembro de 2020

Guiné 61/74 - P21684: Boas Festas 2020/21: Em rede, ligados e solidários, uns com os outros, lutando contra a pandemia de Covid-19 (25): cenas da vida de um vagomestre [João G. Bonifácio, ex-fur mil SAM, CCAÇ 2402 (Có, Mansabá e Olossato, 1968/70), hoje a viver em Toronto, Canadá]


Protecção a coluna de reabastecimemtos a Olossato


Receção de frescos e correio via TAGP


 


Receção de abastecimentos


A caminho de Mansabá


Excertos da brochura "Memórias da CCAÇ 2402 (Guiné 1968/1970), Volume II", mimeog", 2008, páginas inumeradas, il. (Coordenação: Raul  Albino).


Fotos (e legendas): © João Bonifácio (2008).  Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Mensagem de João G. Bonifácio, ex-fur mil SAM,  CCAÇ 2402 (Mansabá e Olossato, 1968/70), a viver em Toronto,  Canadá. 


Data - quarta, 23/12/2020 à(s) 16:47
Assunto - : Boas Festas e Ano Novo próspero
 

Ao Luís e a todos quantos se dedicam a manter esta tabanca, as suas famílias e de um modo geral a todos os ex-combatentes que por aqui ainda vão passando, vão os meus votos de um Bom Natal e que o 2021 nos traga mais saúde e muita alegria.

São 11.36 da manhã onde vivo perto de Toronto, com céu encoberto e sem neve no solo. Neste momento desejo agradecer a todos por mostrarem algumas das minhas fotos em Có e Olossato.

Foi com muita emoção que descobri que esta tabanca e seus dirigentes são sensíveis a pequenas coisas da vida. Obrigado, amigos, mesmo do coração, pois esta partilha demonstra bem claro que tudo vale a pena quando a alma não é pequena (FP).

Obrigado, Amigos,  e ate uma próxima oportunidade.

João G. Bonifácio

quarta-feira, 16 de dezembro de 2020

Guiné 61/74 - P21652: Boas Festas 2020/21: Em rede, ligados e solidários, uns com os outros, lutando contra a pandemia de Covid-19 (11): Homenageando a memória do Raul Albino (1945-2020): Os Natais de 1968, em Có, e 1969, no Olossato, da CCAÇ 2402 (João Bonifácio, ex-fur mil SAM, hoje a viver no Canadá)






Fotos (e legendas): © João Bonifácio (2008. Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Capa da brochura "Memórias da CCAÇ 2402 (Guiné 1968/1970), Volume II", mimeog", 2008, páginas inumeradas,il. (Coordenação: Raul Albino).


1. As fotos de cima (e as legendas) são do João G. Bonifácio, ex-fur mil SAM, da CCAÇ 2402 (, Mansabá e Olossato, 1968/70), a viver no Canadá. 

Ele foi um dos colaboradores deste II Volume, juntmente com o ex-cap inf Vargas Cardoso e de outros camaradas como o Carlos Sacramemto, Carlos Santiago, Carlos Costa, Joaquim Ramalho, Maurício Esparteiro, António Maria Veríssimo, António Fangueiro da Silva, e o próprio Raul Albino. O João Bonifácio é membro da nossa Tabanca Grande desde 1 de dezembro de 2006 (*)

Em homenagem ao Raul Albino, ex-alf mil da CCAL CC$02, que nos deixou há pouco tempo (, aliás foi o próprio João Bonifácio que nos deu a triste notícia) (**), vamos aqror reproduzir dois aponatmentos sobre o Natal de 1968 e de 1969 (***), da autoria do João, incluidos naquela brochura.

Aproveitamos para desejar a ele e à sua sua família, bem como à família do Raul Albino, mas também aos demais camaradas da CCAÇ 2402,os nossos votos de um Natal e Ano Novo, tão bom quanto possível, dentro dos contrangimentos a que todos estamos sujeitosnos  nossos países, devido à pandemia de Covid-19.(****).
____________

Notas do editor:

(*) Vd. poste de 1 de dezembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1331: Blogoterapia (9): Quando a Pátria não é Mátria para ti (João Bonifácio, Canadá, exvagomestre da CCAÇ 2402)

sábado, 12 de dezembro de 2020

Guiné 61/74 - P21639: In Memoriam (377): Victor Alves (1949-2016), natural de Santarém, ex-bancário, ex-fur mil SAM (vagomestre), CCAÇ 12 (Bambadinca e Xime, 1971/73)


Óbidos > Restaurante A Lareira > 22/5/2010 > 16º Convívio do Pessoal de Bambadinca 1968/71 >  Da esquerda para a direita: Luís Graça (ex-fur mil, CCAÇ 12, 1969/71), Victor Alves (ex-fur mil SAM, CCAÇ 12, 1971/72), Celestino Ferreira da CostaMajor inf ref,  o 2º Capitão da CCAÇ 12, 1971/72, residente na Trofa, trazido pela mão do Fernando Sousa), Jorge Cabral (ex-alf mil, comandante do Pel Caç Nat 63, 1969/71).

Foto (e legenda): © Luís Graça (2010). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. 
Só agora, lamentavelmente,  soubemos da morte do Victor Alves, ocorrida em 12 de março de 2016, pela leitura de um comentário do António Lalande Jorge, ex-fur mil mec auto, CCAÇ 12 (Bambadinca e Xime, março de 1972/ abril de 1974), com data de 4/8/2016, deixado num poste de 20 de maio de 2011 (*).

O comentário, que vamos reproduzir na íntegra num outro poste, dizia o seguinte em relação ao Victor Alves:

Meus caros camaradas. 

(...) Nunca escrevi nada no blogue porque nunca fui "expert" em computadores e é para mim muito difícil dominar estas tecnologias.No entanto sempre acompanhei, lendo todos os comentários que por aqui foram passando.

Resolvi escrever agora porque achei muito triste não se ter ainda comentado a infeliz partida do nosso camarada Victor Alves, que foi vagomestre da CCAÇ 12 e um dos grandes impulsionadores dos convívios que vimos efectuando há 43 anos consecutivos e que muita saudade nos deixa...Paz à sua alma. (...) 



2. Comentário do nosso editor LG:

 O Victor Alves merece, mesmo que muito tardiamente, ser lembrado aqui, por várias razões:

(i) foi um dos nossos "periquitos",  chegou a Bambadinca, à CCAÇ 12, em fevereiro de 1971, para render o fur mil SAM Jaime Soares Santos (vulgo,  vagomestre; aliás, um dos camaradas a que chamamos os "pais-fundadores" da CCAÇ 12,  que também nunca mais vi, depois do nosso regresso em março de 1971; disseram-me que se formou em  economia e trabalhou na TAP);

(ii) natural de Santarém, era um dos históricos da nossa tertúlia: descobriu em 207, maravilhado, o nosso blogue:

(iii) fazia a ponte entre a geração dos "pais-fundadores" da CCAÇ 12 (, a minha, 1969/71), a segunda geração (a dele, 1971/73), e a da terceira  (como o António Manuel Sucena Rodrigies, 1951-2018);

(iv) tentou. sem êxito, que se realizasse apenas um convívio anual do pessoal da CCAÇ 12, juntando os,  afinal, escassos representantes das três gerações (1969/71, 1071/73, 1973/74);

(v ) conheci-o pessoalmente em Óbidos, em 2010, por ocasião do 16º Convívio do pessoal de Bambadinca (1968/71), bem como o ex-cap inf Celestino Ferreira da Costa (vd. foto acima);

(vi) falámos algumas vezes ao telefone e trocámos alguns emails;

(vii)  foi um dos camaradas que andou a angariar fundos para custear  a  vinda a Portugal do José Carlos Suleimane Baldé  (que eu tive a alegria de rever e abraçar em Coimbra, em 2011); 
(**)

 (viiI) em fevereiro de 2014, escrevia-nos: "Já há algum tempo que nada tenho lido sobre o blogue. Hoje ocasionalmente deparei-me com esta situação.[, inquérito 'on line']. Como tantos também não gostaria de morrer sem voltar à Guiné. Contudo, devido a problemas de saúde, tudo teria de ser bem revisto. Mas em principio também gostaria."

Infelizmente não teve ensejo de realizar esse sonho. Morreria dois anos depois, de doença. Presumimos que tenha nascido em 1949. (****).  

Fica honrada a sua memória. Este caso, de resto, não será virgem: suspeitamos que possa haver mais camaradas  nestas circunstâncias: já falecidos, sem conhecimento dos editores... O blogue vai fazer 17 anos e há membros da nossa Tabanca Grande de quem não temos notícias há muito. 

PS - Soube, entretanto, pelo Fernando Sousa, que o nosso camarada Celestino Ferreira da Costa, major inf ref,  o 2º Capitão da CCAÇ 12, 1971/72, casado e  residente na Trofa, também já nos deixou.

________

Notas do editor:


15 de maio de  2012 > Guiné 63/74 - P9903: Tabanca Grande (338): José Carlos Suleimane Baldé, ex-1º cabo at inf, CCAÇ 12 (Contuboel, Bambadinca e Xime, 1969/74)

22 de Maio de 2011 > Guiné 63/74 - P8311: Os nossos camaradas guineenses (32): José Carlos Suleimane Baldé... Pensando na CCAÇ 12, em Coimbra, em Amedalai, em Bambadinca... Andando pelo Planaltod as Cesaredas, à procura de amonites e orquídeas-abelhas... Celebrando a biodiversidade, a etnodiversidade, a camarigagem, os nossos encontros e desencontros... (Luís Graça)

(***) Último poste da série > 8 de dezembro de  2020 > Guiné 61/74 - P21622: In Memoriam (376): Raul Albino (1945-2020): recordando as peripécias da formação e partida da CCAÇ 2402 / BCAÇ 2851, com menos duas baixas de vulto, à chegada a Bissau
 
(****) Alfageme Santarém, Blog dos Antigos Alunos da Escola Industrial e Comercial de Santarém, fundada em 1956. > Faleceu Vítor Alves

Publicado em 2016/03/12 por alfagemesantarem

(...) Amigas, Amigos, acabamos de receber a triste notícia do falecimento do Colega Vítor Manuel Ferreira Alves. Estava casado com Madalena Simões Alves, que também andou na nossa escola.

Frequentou o Curso Geral de Comércio, curso diurno. Foi jogador de hóquei em patins pela equipa da nossa Escola, dos Caixeiros e da Académica de Santarém. Trabalhou no ex-Banco Espírito Santo.

O corpo está em velório desde as 16 horas, numa das capelas das Portas do Sol. O funeral é amanhã [113/3/2016], domingo, às 15 horas, seguindo depois para cremação, em Póvoa de Santa Iria.

Na foto abaixo, Vítor Alves é o 7º, a contar da esquerda, em baixo.

À Família enlutada, expressamos o sentimento do nosso profundo pesar.

A Coordenação.



O Victor Alves, elemento da equipa de hóquei em patins da sua escola, a Escola Industrial e Comercial de Santarém, Nesta foto, sem data, é o 7º a contar da esquerda, assinalado a amarelo.

Cortesia de Alfageme Santarém (Blogue dos Antigos Alunos da Escola Industrial e Comercial de Santarém, fundada em 1956)

quinta-feira, 27 de agosto de 2020

Guiné 61/74 - P21298: No céu não há disto... Comes & bebes: sugestões dos 'vagomestres' da Tabanca Grande (15): A famigerada iguaria sueca, Surströmming, arenque fermentado, ou melhor, "podre"... (José Belo,. régulo da Tabanca da Lapónia)


A famigerada iguaria sueca, Surströmming, arenque fernentado, ou melhor, podre... 

Foto: Alibaba.com, com a devida vénia... (Uma caixinha de menos de meio quilo, deste Roda ulven surstromming, custa à volta de 24 / 27 USA dólares...)


 

José Belo, em "assuecamento" há 40 anos


1. Mensagem do José Belo, régulo da Tabanca da Lapónia:

Date: terça, 18/08/2020 à(s) 10:55
Subject: Culinária EXTREMA e ...típica sueca


Prometendo, e garantindo, uma longa pausa nesta série de "assuecamentos" vários, aqui segue um texto sobre uma verdadeira curiosidade alimentar sueca por muitos desconhecida e, atrevo-me a escrever, iincrível!

Os que o apreciam,  consomem-no em finais de Julho,  princípios de Agosto, no curto período do ano em que as condições metereológicas permitem festas ao ar livre. Festas entre familiares e amigos com forma de participação quase... religiosa.

Devido às quantidades de cerveja e vodka consumidas ( e acabarão por compreender que desta vez justificáveis) terminam sempre "bem" ou "mal", consoante as sensibilidades dos participantes.

O prato típico referido chama-se em sueco Surströming.que mais não quer dizer que... "Arenque fermentado"!  (Literalmente fermentado em fronteiras de podre!)

De tal modo fermentado que as bonitas latas amarelas em que é vendido apresentam-se sempre amolgadas pelos gás da fermentação do peixe no seu interior.

Os mais ignorantes das realidades relacionadas  com esta fermentação cometem sempre um erro que irão lamentar o resto da vida. Ou sejaM abrir a lata dentro de casa!

O cheiro adocicado a peixe podre torna-se de tal modo intenso que não é suficiente abrir todas as portas e janelas da casa. Fica impregnado no interior durante semanas.

Os que vivem em apartamentos citadinos, ao organizaram tal festa,  sentem-se sempre obrigados de avisar todos os vizinhos no prédio pois o cheiro espalha-se pela escada e elevadores.

E, atenção, isto não é história de Lapão a gozar c'a malta.

Um dos métodos recomendados aos citadinos ....abram sempre as latas estando estas colocadas debaixo de água, num alguidar ou balde!

Ajuda o desgraçado que o faz a não apanhar com a verdadeira explosão de gás mal-cheiroso que surge do primeiro orifício da abertura, porque quanto ao cheiro que surge da lata depois de retirada da água a diferença não é nenhuma.

Os que desconhecem a verdadeira intensidade do odor (normalmente incautos turistas) são obrigados a rapidamente abandonar a festa para vomitarem incontroladamente.

Os outros? Bom,  os filetes de arenque enlatado são prateados e apetitosos  como as nossas sardinhas .
Servem-se misturados com pequenas batatas frescas cozidas com manteiga e natas,acompanhados de cebola finamente picada.

São colocados sobre longas fatias de pão não levedado que se enrola cuidadosamente em volta destes ingredientes.

Muita cerveja e muitíssimos SKÅL com vodka que sempre acompanha cada golada da referida cerveja.
Depois de mais de quarenta anos posso garantir que se sobrevive a estas festas e que é possível passar-se a gostar deste arenque fermentado, para não escrever...podre!

As quantidades de cerveja consumidas?
As quantidades do vodka que as acompanha?
As sempre lindas suecas na festa?

Facto é, o arenque fermentado digere-se facilmente não provocando problemas gastrointestinais.

Para os mais "técnicos": a preparação deste tipo de arenque efectua-se em enormes barricas de carvalho onde o peixe fermenta durante longo período de tempo (o peixe inteiro e não limpo).

Junta-se sal, mas em quantidades tais que não prejudiquem a fermentação.

Posteriormente enlatado é vendido a alto preço em duas variantes: O arenque em filé ou o arenque inteiro não limpo das suas entranhas.

Os amadores compram o arenque fermentado em filé. os de "barba dura" consomem-nos inteiros.
 
Entre Lusitanos, creio que só os verdadeiramente PERVERSOS conseguem consumir os inteiros.

Um abraço do J. Belo

PS - Vd. aqui noYou Tube o vídeo "Jamie Oliver enjoys Surströmming" 

________________

Nota do editor:

Último pposte da série > 17 de agosto de 2020 > Guiné 61/74 - P21263: No céu não há disto... Comes & bebes: sugestões dos 'vagomestres' da Tabanca Grande (14): No "Chez Alice", as ostras da Lagoa de Óbidos

segunda-feira, 17 de agosto de 2020

Guiné 61/74 - P21263: No céu não há disto... Comes & bebes: sugestões dos 'vagomestres' da Tabanca Grande (14): No "Chez Alice", as ostras da Lagoa de Óbidos




Lourinhã > Julho e Agosto de 2020 > "Chez Alice" e Restaurante "Atira-te ao Mar" > Ostras ao natural... (São da Lagoa de Óbidos).


Fotos (e legenda): © Alice Carneiro  (2020). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



1. Depois destes meses todos (e já lá vão quase seis!)  de pandemia de COVID-19,  com as todas as medidas que nos impuseram "por mor da saúde pública" (confinamento, distanciamento social, máscara, higienização das mãos e das superfícies, etc.), e  agora em pleno agosto (o nosso outrora "querido mês de agosto"...), estamos todos a recordar coisas antigas e aprender coisas novas: por exemplo, fazer "férias cá dentro",  matar saudades dos entes queridos e dos amigos,  redescobrir os nossos sabores, as nossas comidinhas).

Os nossos vagomestres da Tabanca Grande não têm dado notícias. Mas, nós, por cá, na Tabanca da Lourinhã, continuamos a deixar algumas iguarias, junto ao tronco do nosso  poilão,   porque é preciso alimentar os nossos bons irãs...que nos protegem (a saúde mental). 

Como os nossos leitores já sabem, aqui  não comemos tudo o que cozinhamos, ou melhor, o que a "Chef" cozinha no "Chez Alice"... ou que partilhamos com outros amigos, como os "Duques do Cadaval", do Restaurante "Atira-te ao Mar", no Porto das Barcas, Atalaia, Lourinhã, e outros que nos visitam como o Zé Teixeira e família, do Padrão da Légua. Matosinhos,. e que passam também a ser membros de pleno direito desta tabanca moura.

Por acaso, o petisco  de hoje não dá partilhar. Esta semana são (ou foram) ostras. Ora  as ostras nunca sobram, ficam só as cascas (, que, trituradas, sõa boas para dar às galinhas, mas a gente não criação, cá na Tabanca ). Também não sabemos se os irãs gostam de ostras. Admitindo que não, mais sobram para nós.

O único "senão" da ostra é que dá trabalho a abrir.  É preciso um abre-ostras e o ato tem a sua arte & ciência.  O "Duque do Cadaval" é o mais perito de todos... A abrir (e  a comer) ostras, não há pai para ele... Depois é só só limãozinho (e gelo, para quem gosta de as comer mais fresquinhas)...

 
Em louvor das ostras da Lagoa de Óbidos

por Luís Graça


Não, não há ostras, na festa da Atalaia, Lourinhã.
Não sei porquê,  se é um festival de marisco... 
Os portugueses não gostam de ostras,
também não sei porquê.
Mas também não importa,
este ano não haverá festa da Atalaia, Lourinhã,
nem a do Seixal, Miragaia, Marteleira ou Ribamar.
Calaram-se os santos e as santas padroeiras.
Diz o povo etem razão:
"Quando Deus não quer, mudos estão os santos".

Mas, felizmente, há ostras.
Foi preciso o confinamento
para eu voltar a comer ostras.
Há muito tempo que as não comia,
e que saudades,  deus meu!

Os franceses, ou melhor, os parisienses, 

adoravam as nossas ostras.
E acompanhavam-nas com champanhe... 
E as melhores do mundo
eram les portugaises, diziam.

Crassostrea Angulata, dizem os biólogos marinhos.

Os refugiados europeus
que encontraram um Portugal um porto de abrigo
no meio da barbárie que foi a II Guerra Mundial,
adoravam a nossa ostra
e a nossa lagosta
e a nossa amêijoa,
the  small Portuguse female clams
with garlic and coriander,

vulgo amêijoa à Bulhão Pato. 

Até que veio a industrialização, 

a siderurgia nacional, 
as químicas do Barreiro, 
a ponte,
as lisnaves, 
os superpetroleiros,

e as tintas dos barcos,
o capitalismo sem rei nem roque,
e mataram o Tejo e o Sado
e as ostras do estuário do Tejo e do Sado...

Estupidamente,
como todas as mortes ecológicas por ação humana.

Só agora, lentamente,
estamos a recuperar a ostreicultura nacional, 
no Tejo, no Sado,
na ria de Aveiro,
na lagoa de Óbidos,
na ria Formosa, no rio Mira,
e por aí fora...
Temos condições excecionais
para esta fileira da atividade económica
ligada aos recursos marinhos.
Uma mina de ouro, dizem-nos.

Confesso:
aprendi a comer ostras em Bissau,
à beira do Geba,
no intervalo da guerra...
Ao natural, as ostras,
apenas com lima e piripiri.
Passei por Tavira
mas não me lembro das ostras que lá comi.
Se é que havia ostras, no último trimestre de 68,
na ria Formosa que servia de campo de tiro.
E, se as comi, eram amargas.
 
Se calhar, a maior parte de nós,
dos ex-combatentes,
aprendeu a comer ostras em Bissau...
Calhaus de ostras!...
Conglomerados!...
Com molho de lima e piripiri...
Passava-se um tarde
a matar a fome e a sede, 
à volta de uma travessa de ostras,
longe do Vietname,
que começava logo ali a partir de Nhacra.
A 20 pesos a travessa.
Não havia exercício mais anti-stressante
do que esse, de abrir e comer ostras,
nas esplanadas de Bissau,
à beira rio, com o cheiro a tarrafe,
e saudades do Tejo ou do Douro,
cada um tinha o seu rio de estimação.

Não, não  havia depuradoras,
mas nunca apanhei nenhuma diarreia.
Talvez por sorte.
Em Bambadinca, no rio Geba Estreito,
não havia ostras,
mas havia belíssimos lagostins
a 50 pesos, na tasca do Zé Maria Turra.
Entre duas saídas para o mato,
no intervalo da guerra.
Outro dos nossos exercícios anti-stressantes.

Hoje nem pensar comê-las, às ostras,
na Guiné-Bissau...
Já não há ostras em Bissau...
Há uma imensa cloaca a poluir a ria, o canal.
Talvez em Quinhamel, dizem-me...
E quando lá voltei, em 2008,
nem sequer o caldo de ostras provei,
com pena minha...
O famoso pitche-patche de ostras
da nossa querida Guiné-Bissau.

Depois do 25 de abril,
gostava de ir a Vigo,
comer ostras das rias Baixas.
Nunca fui a Vigo, antes do 25 de Abril.
Muito menos antes da tropa.
Seria logo considerado refratário.
Não tinha sequer passaporte,
Nem mo dariam,
Era um luxo só para alguns privilegiados.

Temos excelentes vinhos brancos,
a começar pelo Verde e os Espumantes,
para acompanhar as ostras ao natural...
São um manjar do pecado...
(Por que é que todas as coisas boas da vida
são pecado, meu deus ?)
Um sabor intenso, a maresia,
a sol, a sal, a azul,
como diria o meu poeta O'Neil
que tinha costela céltica...
Os portugueses são mais fálicos,
gostam mais de percebes...

O'Neil devia gostar de ostras,
que são femininas e delicadas como as amêijoas.

Temos uma gastronomia riquíssima
ligada aos frutos do mar,
de Norte a Sul do país...
Oxalá saibamos defender,
preservar e valorizar,
cada vez mais  este manjar dos deuses,
que são os crustáceos, os bivalves,
o peixe, as algas,
e todas as coisas boas que o mar nos dá...
O polvo, a navalheira,
a sapateira, a sardinha,
a cavala, a sarda, a raia,
outrora comida dos pobres da minha terra.
Mais as lapas e os ouriços e os burriés.

No céu não há disto,
os deuses e os heróis têm que vir cá baixo
comer estes petiscos...
Partindo do princípio
que têm baixo ventre 
e os mesmos baixos apetites dos humanos.

A sobrepesca, a apanha de alhas,
a pesca de arrasto, a poluição urbana e industrial,
as alterações climáticas,  o tráfego marítimo, 
a caça submarina, 
os adubos  e os pesticidas da agricultura intensiva
e muitos outros horrores
deram cabo de muita coisa boa,
ligada aos nossos sabores ancestrais
de quando éramos simples recoletores,
mariscadores, pescadores artesanais
e caçadores oportunísticos.
Ainda não éramos  os temíveis predadores de hoje.

Felizmente que há coisas 
que estão a recuperar, 
por exemplo, as ostras.
Há  ostras aqui ao lado,
da nossa bela lagoa de Óbidos,´
a maior de Portugal,
e que dá de comer
a mais de duas centenas de mariscadores.
Só é pena que a lagoa não vá banhar
as muralhas da bela vila das rainhas,
como no passado.
 
O sucesso da ostra nas nossas rias e lagoas
é um bom sinal:
são amigas do ambiente
e são capazes de filtrar 200 litros de água por dia...

Lourinhã, 15 de agosto 2020.
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Nota do editor:

sexta-feira, 24 de abril de 2020

Guiné 61/74 - P20895: No céu não há disto... Comes & bebes: sugestões dos 'vagomestres' da Tabanca Grande (8): Mais algumas dicas da "Chef" Alice Carneiro, do restaurante "Chez Nous"... Não comam muito, comam bem, façam exercício, e não se esqueçam também de alimentar os nossos bons irãs...





Lourinhã > Restaurante da Chef Alice Carneiro, o "Chez Nous" > 23 de abril de 2020 > Arroz de tomate com jaquinzinhos...



Lourinhã > Restaurante da Chef Alice Carneiro, o "Chez Nous" > 22 de abril de 2020 >  Pargo no forno, com espargos, cenoura, cebola, batatinhas..,





Lourinhã > Restaurante da Chef Alice Carneiro, o "Chez Nous" > 22 de abril de 2020 >  Bola de carnes afiambradas...




Lourinhã > Restaurante da Chef Alice Carneiro, o "Chez Nous" > 17 de abril de 2020 >   Bifinhos de porco, com cogumelos e arroz frito,,,


Lourinhã > Restaurante da Chef Alice Carneiro, o "Chez Nous" > 14 de abril de 2020 > Favas suadas,,,



Lourinhã > Restaurante da Chef Alice Carneiro, o "Chez Nous" > 12 de abril de 2020 > O folar da Páscoa... (comprado no mercado municipal)... O almoço da Páscoa, desta vez, não foi o anho assado com arroz de forno... Seria um crime "matar" um anho só para dois "cotas" ...E depois a Quinta de Candoz fica a 3 horas de distância, a norte...

Fotos (e legendas): © Luís Graça (2020). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Depois de mês e meio de confinamento,  por causa da maldita pandemia de COVID-19, a gente, aqui na Lourinhã, continua a comer,   moderadamente, todos os dias  mas também a fazer "Tai Chi Chuam" (45 minutos), dia sim, dia não... (Recomendei, no Facebook da Tabanca Grande, as aulas do prof Diogo Magalhães Sant' Ana, um pacote de 15 sessões, disponíveis no You Tube, pensadas para a "quarentena"): alguém, sinófobo, comentou: "Isso cheira a chinesice! e dos chineses nem quero ouvir falar!"... Enfim, sinal dos tempos... Já devias ter aprendido com a História: depois da pandemia, vêm a xenofobia, o racismo, a intolerância e outros cavaleiros do apocalipse!)

E vamos também deixando algumas iguarias, junto ao tronco do poilão da nossa Tabanca Branca, porque é preciso alimentar os nossos bons irãs...que nos protegem (a saúde mental). Ou seja: não comemos tudo o que cozinhamos, ou melhor, o que a Chef Alice Carneiro cozinha, cá no restaurante "Chez Nous" (*)...(Passe a piblicidade, muito melhor que o "Chez Toi", que conheci em Bissau.)

Portanto, fiquem descansados, caros leitiores, que esta comida toda (vd. fotos acima), não é só para dois gatos pingados, septuagenários, confinados, é também para os nossos bons irãs, que comem que se fartam... Além, disso temos um casal de rolas, no telhado, com uma ninhada... Em suma, estamos longe de estar sozinhos em casa...

Felizmente, têm-nos chegado outras  sugestões gastronómicas dos vagomestres da Tabanca Grande: por exemplo, da parte do régulo da Tabanca da Lapónia, o José Belo (**). Há, de resto, mais "dicas" do nosso camarada luso-lapão que aguardam publicação... Curiosamente, ninguém ainda teve a "lata" de apresentar iguarias com "enlatados" como os do nosso tempo de Guiné: arroz com cavalas, esparguete com atun... (Confesso que também tenho a minha reserva estratégica na arrecadação, refiro-me a latas de atum,  sardinhas e cavalas, mas ainda não lhes toquei, ficam para a próxima pandemia...).

O "bandalho" do Zé Ferreira também tem falado de alguns petiscos minhotos (lampreia, sarrabulho...), apreciados por ele e os restantes "bandalhos", em rota de colisão com o "corno do vírus", e tentando furar as "cercas sanitárias" do nosso descontentamento... Mas essas narrativas foram publicadas na nova série dele, "Boas Memórias da Minha Paz" que, em boa hora, sucedeu a outras séries de sucesso   como as "Memórias Boas da Minha Guerra"... Depois desta crise (que se vai arrastar),  ele não vai deixar de perder a oportunidade de publicar mais um livro, depois de criar outra série, aqui no nosso blogue, a que chamará as "Boas Memórias da Minha Pandemia & Pandemónio".

Outro aprendiz de Chef, a dar passos muito seguros para, num futuro não muito distante  mas glorioso, atingir o estrelato Michelin,é o nosso coeditor Jorge Araújo... Estava em Abu Dabhi, de  férias. quando foi apanhado pela pandemia de COVID-19,  que também atingiu os Emiratos Àrabes Unidos onde a sua "bajuda" trabalha, como professora universitária...Ou não fosse ele "ranger", tomou logo conta da... "casa das máquinas" ou "back office"(**), muito importante para sobreviver a  aesta crise com  "Mens sana in corpore sano" (,  latinório que quer dizer "mente sã em corpo são", como nos ensinaram na Mocidade Portuguesa e depois na tropa).

(...)  Assumi o controlo do território da "casa das máquinas" (fogão, frigorífico, louça, torradeira, micro-ondas, etc). Fazendo apelo à minha motricidade fina e usando também alguma criatividade, lá vou transformando os alimentos em algo agradável à vista e que satisfaça o estômago, e que nos dê alento para prosseguir neste tempo de muitos impedimentos e outras tantas dificuldades. A "coisa" está a correr bem... e os elogios estão em crescendo... A unidade entre teoria e prática nunca foi tão importante e necessária como agora. (.,,). 

E não se pense que ele (e ela)  só come(m) bacalhau à Brás: o nosso aprendiz de Chef das Arábias, todos os dias faz um prato novo!

Quanto ao nosso João Crisóstomo,. mordomo nova-iorquino de profissão, também não deixa os seus créditos por mãos alheias, a avaliar pelo seu poste de 28 de março último (****). Está trancado na sua casa em Queens,  com a sua loura Vilma, mas mal tem tempo para telefonar a todos os amigos à volta do mundo, para saber se algum já "lerpou" com o tal "cornovírus"...

De qualquer modo, faltam-nos os contributos  de muitos outros camaradas e amigos/as que, embora confinados/as, não deixam de comer (e de  precisar de comer)  todos os dias... Quarentena não é convento nem mosteiro.. Ou é ?... E para isso é preciso ter  um "vagomestre" que elabore as ementas e sobretudo que já abastecendo a copa ou a despensa, o que, nos tempos que correm, exige muita arte e ciência e alguns "pesos" no bolso...

Não se pode comer muito, não se pode ir aos restaurantes, muito menos ao Avillez, e para quem está em teletrabalho e com putos em casa,  é um tremendo desafio... e uma provação. (Mal ou bem, não ´é o caso de maior parte dos nossos leitores, que já são avós, e que, em contrapartida, estão a sofrer por não poder estar com os netos, beijar e abraçar os netos e os filhos, como o pobre do Juvenal Amado, que está a definhar de saudade!)...

Amanhã é outro dia... E a crise, tal como a guerra, ou mata ou passa!... Cuidem-se, e entretanto não deixem de nos ler e escrever!... Mandem-nos, ao menos, um cartanito de parabéns; o blogue fez ontem 16 anos, o que na Net é quase uma eternidade... LG

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Notas do editor:

(*) Último poste da série > 10 de abril de 2020 > Guiné 61/74 - P20840: No céu não há disto... Comes & bebes: sugestões dos 'vagomestres' da Tabanca Grande (7): Ervilhas de quebrar com chouriço de porco preto alentejano e arroz: receita da "Chef" Alice Carneiro... E recomendações (nutricionais) da Direção-Geral de Saúde, para grandes e pequenos, em tempo de confinamento por causa da pandemia de COVID-19

(**) Vd. poste de 28 de março de  2020 > Guiné 61/74 - P20785: No céu não há disto... Comes & bebes: sugestões dos 'vagomestres' da Tabanca Grande (4): "Snaps", salmão fresco curado, filetes de arenque do Báltico recheados com salmão fumado... (José Belo, régulo da Tabanca da Lapónia, o único luso-lapão que sobrevive nestas paragens. Se houver outro, dão-se alvíssaras!)

(***) Vd. poste de 8 de abril de 2020 > Guiné 61/74 - P20832: No céu não há disto... Comes & bebes: sugestões dos 'vagomestres' da Tabanca Grande (5): Um "bacalhau à Brás", de sete estrelas, na Tabanca dos Emiratos... com o régulo, Jorge Araújo, e a sua "bajuda"

(****)  Vd. poste de 28 de março de  2020 > Guiné 61/74 - P20783: Tabanca da Diáspora Lusófona (8): Em quarentena em Nova Iorque, combatendo o coronavirus com "Coronita" mexicana e sardinhas de Peniche... enquanto a Vilma tomou a decisão (corajosa) de aprender português e eu a missão (heroica) de aprender esloveno... (João Crisóstomo)

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2020

Guiné 61/74 - P20626: (Ex)citações (362): O ventre e o patacão da guerra, segundo duas preciosas listas de junho de 1974, guardadas pelo Zé Saúde... Cada um de nós tinha direito a um "per diem" de 24$50 para comer, o equivalente na época a um dúzia de ovos da Intendência (, a preços de hoje, 4,10 euros)



Lista nº 1 > CCS/BART 6523 [, Nova Lamego, 1973/74] > Relação dos víveres existentes no dia 17/6/1974

é

Lista nº 2 > CCS/BART 6523 [, Nova Lamego, 1973/74] > Relação dos artigos de  víveres existentes no dia 18/6/1974

Fonte: cortesia de José Saúde (2016). [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Excerto do poste P16177:

(...) Mantenho ainda comigo uma cópia de um relatório literalmente especificado de uma passagem de bens alimentícios em armazém entre dois furriéis da minha companhia - CCS / BART 6523 [, Nova Lamego, 1973/74[ - que entretanto assumiram a presunçosa função de vagomestre.

Curioso, por que é justo que o citamos, é que ambos foram “atirados” para uma incumbência completamente à parte daquela a que tinham sido submetidos durante o período em que foram mancebos de uma outra especialidade mas que ditou, ao arrepio da verdade, o seu subsequente futuro por terras da Guiné. Um que assumia o cargo desde a nossa chegada a Gabu; o outro a quem foi proposta a possibilidade de substituir o primeiro durante o seu período de férias, 30 dias.

Ainda assim, fica a textura de um documento que descrimina todo o conteúdo do material armazenado e os custos que cada um deles tinham à época. No balanço geral feito à narrativa exposta, oferece-me viajar nas fileiras da ventosidade do tempo e relembrar o “montão de patacão” que os homens que lidavam com os valores sob a sua “divina” proteção mantinham no interior de um quartel onde existiam inevitáveis privações.

Revejo as quantidades, os preços por unidade e o seu subsequente total, assim como os bens nutritivos que por ora eram então averiguados no momento da transição dos artigos de viveres que ambos os furriéis assumiam. Um entregava e outro recebia.

Da listagem observada, existe a certeza que,  se de um lado estavam os bens depositados,  do outro os ditos frescos. Ou seja, tudo o que fosse arroz, açúcar, azeite, batata, banha, feijão, grão, massas, vinho, óleo, vinagre, etc, etc, etc, pertencia a um lote, sendo que os frescos eram constituídos pelo frango congelado, peixes e fruta da época, entre outros, mas devidamente faturados.

O distinto documento era completado com as rações de combate, farinha, sal, café e outros bens necessários. Não há registos das compras espontâneas que se articulavam com o quotidiano, isto é, das vacas, dos leitões, dos porcos, dos cabritos, das galinhas, e outros, que concluíam a ementa.

Reportando-me aos números, refiro que a relação dos artigos em escudos era o seguinte: viveres existentes e frescos transportavam 319 986$20; outros viveres 88 587$10.


Creio que poucos, ou quase nenhuns, dos soldados depositados num quartel onde as “fissuras” de

uma peleja teimavam em ceifar vidas de jovens em plena idade de puro crescimento, desconheciam o conteúdo real de bens alimentícios que a companhia detinha.

Relembro ainda as famosas patuscadas organizadas pela malta que entretanto comprara um leitão, ou um cabrito, e que depois da sua trivial passagem pelo forno, servia de repasto fino para uma rapaziada que se orgulhava com o distinto acolhimento de um prato bem composto. A acompanhar lá estavam as cervejolas bem fresquinhas.

Relíquias de um tempo sem tempo numa Guiné que despejou em nós um cosmos de emoções. (...)



2. Comentário do editor Luís Graça:

O Zé Saúde, em boa hora, reproduziu este poste (**) e os respetivos documentos no seu livro "Um ranger na guerra colonial: Guiné.Bissau (1973-74). Lisboa: Colibri, 2019", pp. 163-166.

São preciosas informações sobre a "economia de guerra": por exemplo, em 17 de junho de 19974, a escassos 3 três meses, da retirada dos "últimos soldados do Império", o "stock" de mantimentos (víveres)  da CCS/ BART 6523, sediada em Nova Lamego (hoje, Gabu) importava em cerca de 320 contos, o que hoje, em euros, representaria qualquer coisa como 53.563,53 €.

O item com maior peso, na relação, era o vinho: 3.320 litos de vinho, a 11$60 o litro, importavam em 38.512$00 (, valor que, a preços de hoje, equivaleria a 6.446,65 €).

Um escudo em 1974 era equivalente hoje a 0,17 €. Mas é preciso ter em conta que o "escudo guineense" (o "peso") só valia, no mercado cambial, 0,90 escudos metropolitanos..

Seguia-se o arroz (, de produção local, da "bolanha") de que havia um "stock" de cerca de 5 toneladas e meia. A  7$00 escudos o quilo,  somava 38.416$00, o que daria hoje qualquer coisa como 6.430,58 €... Havia ainda 2 toneladas de arroz, importado, da metrópole, a 14$50 o quilo,o dobro do preço do arroz guineense.

O item mais caro, desta relação, era o bacalhau liofilizado: havia pouco mais de 40 kg, a 167$20 o quilo (o equivalente hoje a 27,99 €).

Ficamos a saber que o frango (congelado) custava, em 1974, para a manutenção militar, 7 € o quilo...

Da relação do dia 18/6/1974 (Lista nº 2), vai o nosso destaque para a ração de combate nº 20 de que havia em "stock" 680 unidades, a 43$00 cada (7,20 €, hoje).

Outro item essencial para a alimentação da tropa era a farinha (e o fermento): da lista nº 2 constavam quase 5 toneladas de farinha (4.350 de farinha de 1ª, mais 450 kg de farinha americana)... O preço por quilo da farinha de 1ª (portuguesa ?) era então de 6$00 (, o equivalente hoje a 1 euro)... Em "stock" havia 285 (quilos ou embalagens ?) de fermento leverina, a 35$50 por quilo (ou unidade), equivalente hoje a  5,94 €.

Um item que era um luxo era o ovo, fazendo parte tal como os "congelados" dos víveres "frescos", que eram  transportados de Bissau por via aérea: o "stock" era de 60 dúzias de ovos, a 24$30 a dúzia. Como não havia produção local, os ovos eram importados da metrópole...

Recorde-se que cada militar tinha direito a um "per diem" de  24$50  (=4,10 €), o equivalente a uma dúzia de ovos...

Por outro lado, a proporção de "frescos" (hortaliças, legumes, peixe, carne, leite, ovos...) era pequena em relação ao resto...Na lista nº 1, os frescos não ultrapassam os 400 kg, cabendo um 1/3 ao "frango congelado"... Não sabemos como é que o frango (congelado) chegava a Nova Lamego e em que condições, de higiene e salubridade ... O mesmo se pode dizer da pescada (congelada), que não ia além de 85 kg, no inventário do dia 17/6/1974 (Lista nº 1)...

A capacidade de frio, nos nossos quartéis, era muito limitada: não havia eletricidade todo o dia, os geradores eram ligados à noite, pelo que os frigoríficos e arcas frigoríficas tinham que funcionar também... a petróleo!

Em contrapartida, veja-se o peso das "massas" (1.225 kg) e das "salsichas" (meia tonelada), bem como da "marmelada" (mais de meia tonelada), das "conservas de peixe" (330 kg.)... Havia mais de 2,3 toneladas de feijão, na maior parte "seco" (1,9 toneladas)... Em relação ao  "feijão verde" (400 kg.) não sabemos a sua proveniência...

Nestas condições, era complicado para o vagomestre (que, além disso,  não era nutricionista, ou teria pouca formação em nutrição tal como os médicos da época...) fazer dietas equilibradas e saudáveis (, veja-se aqui, no sítio da Direção Geral de Saúde, a "roda dos alimentos", um instrumento de educação alimentar largamente reconhecido pela população portuguesa pela sua utilização desde 1977 na campanha 'Saber comer é saber viver').... 

Não sabemos qual era o recurso, no Gabu, a produtos frescos locais, provenientes do mercado local e da horta da tropa: refiro-me, por ex., às alfaces, as cenouras, às couves, às frutas tropicais, à carne (vaca, porco,cabrito) eao peixe...Comia-se mal, em quantidade e qualidade... abusando-se do "casqueiro", das massas, do arroz, dos  legumes secos, da banha,  e das conservas (chouriço, cavala, atum...).

A título exemplificativo, aqui vão outros itens a preços de hoje, por quilo (ou por litro, no caso do azeite e do vinho):

Azeite: 8,03 €

Batata: 1,37 €
Café: 1,87 €
Cavala (conserva): 11,94 €
Chouriço: 10,85 €
Feijão frade: 2,56 €
Grão (de bico):2,90 €
Margarina: 2,90 €
Massa: 2,03 €
Pescada-marmota: 3,36 €
Sal: 0,17 €
Sardinha (conserva): 8,97 €
Vinho: 1,94 €


Quanto às conservas (sardinhas, cavalas...),  tal como o chouriço, partimos do princípio que vinham em embalagens (latas) de quilo. Convertidos em euros (a preços de hoje),. os valores obtidos não nos parecem divergir muito do que se pratica hoje em relação a 1974...

Constatamos, por fim, que na "despensa" da CCS/BART 6523, havia tambêm, em existência, mercadorias que pertenciam a outras subunidades: CCAÇ 11, 1ª CART / BART 6523, 3ª CART / BART 6523...
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