sexta-feira, 10 de maio de 2019

Guiné 61/74 - P19771: Notas de leitura (1176): Missão cumprida… e a que vamos cumprindo, história do BCAV 490 em verso, por Santos Andrade (5) (Mário Beja Santos)



1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 11 de Fevereiro de 2019:

Queridos amigos,
O momento da partida é referência obrigatória seja num romance seja na literatura memorial da guerra, é a representação da separação de dois mundos, para cá fica o mundo construído, urdido e sonhado, para lá a terra incógnita, o prognóstico é reservado. As praças vão acomodadas em porão, de um modo geral é a sua primeira viagem, muitas tonturas e vómitos, um grande transe pelo que os espera em África. Há pouco que fazer, umas simulações em caso de naufrágio, é tudo encarado como paródia. Do quarto para o quinto dia, e já se viu muita linha do horizonte, muda a temperatura, emerge um calor de estufa e súbito avistam-se uns tufos para onde a popa do paquete se encaminha, ainda não se sabe mas está próxima a demarcação entre o canal do Geba e o Atlântico, avizinha-se um barco que irá comboiar aquele paquete carregado de homens. Sobre tudo isto que se chorou, que se solução, que se engoliu na gare marítima, aqueles dias desarranjados no desalinho da expetativa, muito está escrito, insista-se.
Deu-se a primazia a um texto muito terno de Álamo Oliveira, ele veio da Terceira, na amurada, enquanto tudo apita para a partida, ele rememora a ilha e, enfim, resigna-se à sua condição de ser o João, o 127.

Um abraço do
Mário


Missão cumprida… e a que vamos cumprindo (5)

Beja Santos

“Estou quase a abalar.
Minha alma está em brasa.
Aqui na minha casa
tudo ficou a chorar.
Têm pena de me deixar,
porque vou p’rá pancadaria
Ficam com pouca alegria
durante toda a ausência,
mas com calma e paciência,
hei de voltar qualquer dia.

Nas vésperas da abalada,
Fartei-me de viajar.
E, às dez e tal, a desfilar,
com a farda camuflada
a malta toda arrebentada
por causa da noite perdida,
e com um desgosto em seguida
não se fartava de cismar:
nós vamos para o Ultramar,
está na hora da partida.

Para o barco todos entraram,
de Companhia em Companhia.
Começou logo a gritaria
quando às famílias se abraçaram.
Foi a última vez que se beijaram
durante dois anos malditos.
Por isso, deram tantos gritos
com grande pena e paixão.
E ai que grande aflição:
o barco deu três apitos.

E quando o barco desatracou,
ouviram-se gritos e ais
a chorarem pelos mais
Pouco foi o que se aguentou:
toda a gente se declarou
com pena da família querida.
Foi uma coisa comovida.
Quando o Niassa apitou,
toda a gente nos acenou,
para fazer a despedida.”

São inúmeros os testemunhos da hora do embarque, inevitáveis os lenços brancos, as lágrimas e os abraços. Escolhe-se, como prosa acompanhante para os versos de Santos Andrade um trecho belíssimo de Álamo Oliveira, açoriano da ilha Terceira, em “Até Hoje (Memória de Cão)”, conheceu a sua primeira edição em 1987, com sucessivas reedições.
O alter-ego de Álamo Oliveira é João que embarca no Uíge com destino à Guiné:
“Talvez fosse febre aquele arder de Julho em Lisboa. O sol esgazeante e bravo. Meio-dia. João à beira do desmaio: uma dor nos olhos que cega. Do alto, na amurada do Uíge, esforça-se por distinguir os corpos que enformam aquela pequena multidão que se mexe e confunde, água oleosa batida por ventos sensuais, bailada, traindo os olhos, sempre o calor imperturbável, o corpo empastado de suor febril.
O navio atracado. As escadas de acesso, altas e trémulas, enchem-se de soldados, as mãos a abanar, com fúria, com tristeza, olhos vermelhos como peixe-rei, os gritos da multidão lá em baixo a morrerem de afastamento e de cansaço. Com os olhos perdidos sobre os telhados de Lisboa, João procura ignorar essa multidão que grita uivante a tragédia de ser povo e português.
Era pela ilha que João se deixava escorregar, a memória atada a todos os tempos, lugares, pessoas, sonhos intemporais.

Ilha redonda ou pão de milho, hóstia desconsagrada de franja ruída, suas gentes voltadas para o mar – o Deus do pão e da aventura e também do medo e da saudade. João vinha do lado norte mais alto e ventoso, os campos rasos e verdes, casas a brilhar de cal, pequenas, baixas, conchas perdidas na ilha perdida. Passara a infância embrulhado no cheiro saboroso que o suor empresta às pessoas, ao tempo, às coisas. Eram perfumes silvestres – muita bonina, conteiras, faias do Norte, quase bedum de esperma, queijo. Os vizinhos, iguais na vida e na morte, alimentados pelos mesmos mistérios oriundos de Deus e do Diabo, amanheciam no cerrado, anoiteciam no cerrado. Tudo simples como vida de cão.

João metido nos alvaroses de cotim, os suspensórios cruzados para manter a segurança, passava agora por esse tempo de longevidade facilmente mensurável, ao chocalhar do navio ancorado. Lá estava a infância, marco tombado pelo tempo, o rosto virado para cima, esgar de enforcado no último pensamento. Andou descalço. Descalço e limpo. Limpo e de remendos no cu, nos joelhos – fatalidade dos pobres envergonhados de serem pobres e não andarem de pé (…) ’Cento e vinte e sete!, o nosso capitão chama-te.’ A memória partida, o horror do nome em número, um vago 127 pendurado ao pescoço na chapa picotada pelo diâmetro a quebrar em caso de morte e poder, enfim ter direito ao nome. ‘O nosso capitão chama-te!’, os olhos que se abrem num despertar de insónias. 

Lisboa é já uma mancha sem telhados. O sol mais fresco pela brisa. O mar, manso que nem um são-bernardo, tece ondas pequeninas como Penélope em seu tapete líquido de azul e infinito. E João, perdido naquele barco enorme, no meio de mil duzentos e cinquenta e três homens, lá ia a caminho da guerra, como se fosse voluntário dela. Destino: Guiné”.

 Álamo Oliveira


Em “Os Anos da Guerra”, o escritor João de Melo inicia o seu capítulo “Gare marítima de Alcântara” com um poema clássico do arranque da literatura portuguesa, de João Zorro, seguramente alusivo a esses embarques que levavam gente nova para a guerra:

“Em Lisboa, sobre o mar
barcas novas mandei lavrar,
ai mia senhor velida!

Em Lisboa, sobre o ler
barcas novas mandei fazer,
ai mia senhor velida!

Barcas novas mandei lavrar
e no mar as mandei deitar,
ai mia senhor velida!

Barcas novas mandei fazer
e no mar as mandei meter,
ai mia senhor velida!”

O barco já está a caminho da Guiné, viagem de cinco dias, é o que Santos Andrade a seguir nos vai contar.

(continua)
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Notas do editor

Poste anterior de 3 de maio de 2019 > Guiné 61/74 - P19739: Notas de leitura (1174): Missão cumprida… e a que vamos cumprindo, história do BCAV 490 em verso, por Santos Andrade (4) (Mário Beja Santos)

Último poste da série de 6 de maio de 2019 > Guiné 61/74 - P19752: Notas de leitura (1175): A Minha Guerra a Petróleo, por António José Pereira da Costa, Chiado Books, 2019 (Mário Beja Santos)

Guiné 61/74 - P19770: Os nossos seres, saberes e lazeres (323): Excertos do "meu diário secreto, ainda inédito, escrito na China, entre 1977 e 1983" (António Graça de Abreu) - Parte V: Ppequim, 1 de setembro de 1980: visita de uma delegação militar portuguesa


1. Mais um excerto do diário (inédito) do nosso camarada António [José] Graça de Abreu, de quando viveu na China: recorde-se que ele foi professor de Português em Pequim (Beijing) e tradutor nas Edições de Pequim em Línguas Estrangeiras. Viveu em Pequim e Xangai entre 1977 e 1983. Ex-alf mil SGE, CAOP 1 (Teixeira Pinto, Mansoa e Cufar, 1972/74), é membro sénior da nossa Tabanca Grande, e ativo colaborador do nosso blogue com mais de 230 referências. Vive em Cascais. É um cidadão do mundo, poeta, escritor e reputado sinólogo. Nasceu no Porto em 1947.] (*)



Pequim, 1 de Setembro de 1980

Esteve cá uma delegação de militares portugueses, composta por oito representantes dos três ramos das forças armadas. Visitaram a China, com idas a Qingdao, Xangai, Chengdu, Kunming e Macau. 


Tiveram a sorte de conhecer uns tantos aquartelamentos modelo, a convite do Exército Popular chinês. Foi uma oportunidade rara de entrarem um pouco por dentro da complexa e tão mal conhecida máquina militar chinesa. Entre os nossos, vieram o brigadeiro Rui Espadinha, director da Oficina de Material Aeronáutico de Alverca, o coronel Mingot de Almeida, director do departamento de Indústria de Defesa Militar do Estado Maior do Exército e um tenente-coronel da Fábrica Militar de Braço de Prata. Trouxeram alguns dossiers e catálogos sobre eventual venda de armamento e tecnologia militar made in Portugal. 

Tenho sérias dúvidas de que se consiga vender uma só munição aos chineses que estão entre os maiores fabricantes de armas do mundo. Este convite terá talvez mais a ver com a intenção chinesa de conhecer o que se faz em Portugal e de serem eles a vender-nos armas, e não a comprar.

Fui ao Hotel Pequim almoçar com os nossos militares. Conversa entusiasmante e inteligente, até meteu as Guerras do Ultramar, em que todos participámos, eu como alferes na Guiné- Bissau, 1972/74.

Fiquei sentado ao lado do general Conceição e Silva, da Força Aérea, director do Instituto de Defesa Nacional e chefe da delegação. Cirandando em volta da nossa mesa redonda, com nove lugares, as empregadas desdobravam-se em cuidados para nos servir. Traziam travessas de comida fragrante e colorida, rodopiavam, enchiam delicadamente os copos. 

Pedi uma garrafa de Maotai, a aguardente de sorgo mais famosa da China que do alto dos seus 52 graus de álcool inebria e faz flutuar qualquer simples mortal. Alguns dos militares lusitanos deglutiam em pequenos sorvos o Maotai e bebiam com os olhos as moçoilas chinesas, meio entrapadas numas rígidas fardetas brancas. 

Disse ao general Conceição e Silva. “Ah, estas mulheres são lindas! Bem vestidinhas, eram uma maravilha!” O general que não estava interessado em roupas e adereços, respondeu de imediato: “Bem vestidinhas?... Bem despidinhas, meu caro amigo!...”

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Nota do editor:

Guiné 61/74 - P19769: Parabéns a você (1616): Fernando Valente (Magro), ex-Cap Mil Art do BENG 447 (Guiné, 1970/72) e Henrique Matos, ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52 (Guiné, 1966/68)


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Nota do editor

Último poste da série: 5 de Maio de 2019 >  Guiné 61/74 - P19745: Parabéns a você (1615): Joaquim Gomes Soares, ex-1.º Cabo At Inf da CCAÇ 2317 (Guiné, 1968/69)

quinta-feira, 9 de maio de 2019

Guiné 61/74 - P19768: Álbum fotográfico de Virgílio Teixeira, ex-alf mil, SAM, CCS / BCAÇ 1933 (São Domingos e Nova Lamego, 1967/69) - Parte LXIX: a despedida do Gabu, em 25/2/1968: manga de ronco!


Foto nº 1


Foto nº 2


 Foto nº 3


Foto nº 4


Foto nº 5


 Foto nº 6


Foto nº 7A

Foto nº 7


Foto nº 8


Foto nº 8A

Guiné > Região de Gabu > Nova Lamego > Comando e  CCS/BCAÇ 1933 (1967/69) > 25 de fevereiro de 1968 > Festa de despedida

Fotos (e legendas): © Virgílio Teixeira (2019). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



1. Continuação da publicação do álbum fotográfico do nosso camarada Virgílio Teixeira, ex-alf mil SAM, chefe do conselho administrativo, CCS / BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69); é economista e gestor, reformado; é natural do Porto; vive em Vila do Conde. (*)


CTIG/Guiné 1967/69 - Álbum de Temas:

T045 – A DESPEDIDA DE NOVA LAMEGO, A PRINCESA DO GABU FESTAS, BATUQUES, MUITOS RONCOS, MUITA DANÇA, MUITOS COPOS.
DESPEDIDA DAS TROPAS EM ‘25FEV68’ - O BATALHÃO DE CAÇADORES 1933




I - Introdução do tema:

Continuação da série de Temas para Postes, relativos à chegada do Batalhão à Guiné, as viagens para Gabu pelo Rio Geba acima, as colunas militares por estrada, as festas de despedida no Gabu com batuques e roncos à mistura, o regresso pelo mesmo caminho, Bambadinca, até Bissau, antes de partir novamente para o novo destino, São Domingos, Rio Cacheu acima, sem fotos.

Segunda parte da série de 5 Postes para reviver e contar estas passagens inesquecíveis.

Após cinco meses de actividade no Sector L3, no Leste da Guiné, o maior de todos , chegou ao fim a nossa missão, entregámos o comando ao BCAÇ 2835 e partimos rumo a Bissau e depois para São Domingos onde permanecemos 16 meses

A população da região – chão Fula – reuniu-se a proporcionou um grande espectáculo para agradecer e despedir-se da tropa com quem tiveram de lidar durante pouco tempo, apenas uns 5 meses, muito pouco, pois muita saudade ficou.

No dia seguinte já estávamos a caminho de Bissau, coluna por estrada, passando por Bafatá, Fá, e finalmente Bambadinca.

Depois foi o transbordo para as barcaças e lá fomos rio abaixo, pelo Geba sempre perigoso até Bissau, sem qualquer ocorrência digna de registo, apenas já vínhamos mais velhos, deixamos de ser periquitos, passamos a impor o respeito.


II - Legendas das fotos:



F01 – Festa de despedida ao Comando e CCS do BCAÇ1933, com direito a ‘batuque’, danças e ‘roncos’ proporcionada pela população de Gabu – Nova Lamego, no dia e noite anterior à partida e saída para outra localidade, mas contudo a festa durou o dia todo.  Pode ver-se a maioria são mulheres e bajudas ‘Fulas’, com alguma tropa branca e preta.  Foram momentos vibrantes que se viveram, e nunca se esqueceram, e já passaram 50 anos.  Eu tentei fazer o melhor, além de me integrar em alguns batuques e danças, também tirei algumas fotos para mais tarde recordar.  Foto captada em Nova Lamego – Gabu – no dia 25 de Fevereiro de 1968.

F02 – Festa de despedida ao Comando e CCS do BCAÇ1933, com direito a ‘batuque’, danças e ‘roncos’ proporcionada pela população de Gabu – Nova Lamego, no dia e noite anterior à partida e saída para outra localidade, mas contudo a festa durou o dia todo. Continuação das legendas anteriores. Foto captada em Nova Lamego – Gabu – no dia 25 de Fevereiro de 1968.

F03 – Festa de despedida ao Comando e CCS do BCAÇ1933, com direito a ‘batuque’, danças e ‘roncos’ proporcionada pela população de Gabu – Nova Lamego, no dia e noite anterior à partida e saída para outra localidade, mas contudo a festa durou o dia todo.  Continuação das legendas anteriores.  Foto captada em Nova Lamego – Gabu – no dia 25 de Fevereiro de 1968.


F04 – Festa de despedida ao Comando e CCS do BCAÇ1933, com direito a ‘batuque’, danças e ‘roncos’ proporcionada pela população de Gabu – Nova Lamego, no dia e noite anterior à partida e saída para outra localidade, mas contudo a festa durou o dia todo.  Continuação das legendas anteriores. Foto tirada por detrás da festa.  Foto captada em Nova Lamego – Gabu – no dia 25 de Fevereiro de 1968.

F05 – Festa de despedida ao Comando e CCS do BCAÇ1933, com direito a ‘batuque’, danças e ‘roncos’ proporcionada pela população de Gabu – Nova Lamego, no dia e noite anterior à partida e saída para outra localidade, mas contudo a festa durou o dia todo.  Continuação das legendas anteriores.  Foto captada em Nova Lamego – Gabu – no dia 25 de Fevereiro de 1968.

F06 – Festa de despedida ao Comando e CCS do BCAÇ1933, com direito a ‘batuque’, danças e ‘roncos’ proporcionada pela população de Gabu – Nova Lamego, no dia e noite anterior à partida e saída para outra localidade, mas contudo a festa durou o dia todo.  Continuação das legendas anteriores.  À noite já chegaram homens grandes com os seus roncos, para agradecer às tropas a sua presença, e desejar boa sorte noutro lugar.  Foto captada em Nova Lamego – Gabu – no dia 25 de Fevereiro de 1968.

F07 – Festa de despedida ao Comando e CCS do BCAÇ1933, com direito a ‘batuque’, danças e ‘roncos’ proporcionada pela população de Gabu – Nova Lamego, no dia e noite anterior à partida e saída para outra localidade, mas contudo a festa durou o dia todo. Continuação das legendas anteriores.  À noite já chegaram homens grandes com os seus roncos, para agradecer às tropas a sua presença, e desejar boa sorte noutro lugar.  Pode ver-se aqui de camisa branca o alferes Carvalheira, da secção de material – ferrugem. Foto captada em Nova Lamego – Gabu – no dia 25 de Fevereiro de 1968.

F08 – Na minha última noite passada em NL – Gabu – foi uma despedida sentida, para trás vão ficar bons amigos, como era o caso do alferes Morteiros – o Azevedo – e tantos outros que por lá ficaram e nunca mais os vi, e perdi-lhes o rasto.  Nesta foto, a última, já noite, sentados na porta do Clube do Gabu, os últimos copos.  Eu, sentado no chão, O Morteiros a acariciar a minha careca, um furriel na ponta direita, e dois soldados, todos por lá ficaram. Viria a encontrar um ou outro em Bissau esporadicamente. Foto captada em Nova Lamego – Gabu – na noite, do dia 25 de Fevereiro de 1968.

Direitos de Autor:

«Propriedade, Autoria, Reserva e Direitos, de Virgílio Teixeira, Ex-alferes Miliciano do SAM.
Chefe do Conselho Administrativo do BCAÇ 1933/RI15/Tomar,

CTIG/Guiné de 21 Set 67 a 04Ago69, Nova Lamego, Bissau e São Domingos,».

Acabadas de legendar, hoje,

Em, 2019-03-19

Virgílio Teixeira
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Nota do editor:

(*) Último poste da série > 4 de maio de 2019 > Guiné 61/74 - P19743: Álbum fotográfico de Virgílio Teixeira, ex-alf mil, SAM, CCS / BCAÇ 1933 (São Domingos e Nova Lamego, 1967/69) - Parte LXVIII: O quartel do Depósito de Adidos em Brá, em julho de 1969

Guiné 61/74 - P19767: (In)citações (130): As Comemorações de Abril, A Memória e a História (José Manuel Matos Dinis, ex-Fur Mil Inf da CCAÇ 2679)

Com a devida vénia ao fotógrafo Alfredo Cunha


1. Por proposta de José Marcelino Martins e concordância do autor, aqui deixamos este extenso, mas interessante artigo de opinião sobre as Comemorações do 25 de Abril de autoria de José Manuel Matos Dinis (ex-Fur Mil Inf da CCAÇ 2679, Bajocunda, 1970/71).

Originalmente publicado no seu facebook em 5 partes, por ser um pouco longo, optamos por publicar tudo de uma só vez aqui no Blogue.


AS COMEMORAÇÕES DE ABRIL, A MEMÓRIA E A HISTÓRIA - Parte 1

1 de Julho de 1972. De Lisboa para Bissau, um meio aéreo da FAP transportou três capitães, a saber: Jorge Golias e Matos Gomes, oficiais do QP, e José Manuel Barroso, miliciano, este com destino ao Gabinete de Informação e Comunicação do ComChefe.

Golias viria a publicar um livro, no qual afirma que os três estabeleceram uma interessante conversa sobre a condição política e militar que afectava o ultramar português. Chegados a Bissau comprometeram-se a reunir e alargar as conversas a novos camaradas, o que terá acontecido. O autor reivindica para o mencionado encontro a génese do golpe militar.
Sobre as razões apressadamente reunidas para justificação da insubordinação militar: democracia, desenvolvimento e descolonização não fez qualquer referência.

Naquela época - 1972 - a situação militar nos territórios ultramarinos podia caracterizar-se assim: controlada na Guiné e em Moçambique; dominada em Angola.

Naquele tempo, a Guiné era um pequeno território com cerca de trezentos mil habitantes, de escassos recursos e infraestruturas, onde se vivia uma economia de guerra. A política "Por Uma Guiné Melhor" parecia dar resultado e as massas apoiavam o regime. A guerra movida pelo IN era descontrolada e tanto afectava as NT como a população condicionada às minas, aos assaltos e às flagelações. Eram os portugueses que lhes prestavam o auxílio possível sempre que afectadas. Angola e Moçambique, pelo contrário, apresentavam notáveis índices de desenvolvimento e crescimento económico e social, entre 8 e 10% na costa oriental, e 20% em Angola. Eram sociedades em rápido processo de educação e modernização, tanto de equipamentos públicos como empresariais, e altamente exportadoras.

A metrópole registava índices de crescimento económico de cerca de 7%, e crescia em todos os domínios, salientando-se a melhoria dos salários, que então permitiam maior desafogo, melhoria na habitação - quando se desenvolveram grandes urbanizações em Oeiras, Amadora, Sintra, Loures, Almada, Barreiro, para só falar na cintura de Lisboa. Havia muita capacidade de absorção de mão-de-obra, nos serviços, na indústria e na função pública. Os automóveis particulares aumentavam exponencialmente, as casas para além de electrodomésticos, passavam a contar com televisão e gira-discos. O Algarve, embora mal servido de acessos, já era destino de férias de muitos nacionais. O fim-de-semana à inglesa generalizara-se, e começava o modelo americano, com folga de dois dias. Politicamente assistira-se à regularização dos esquemas da segurança-social, CGA/MSE e CNP.
O País vivia em equilíbrio económico-financeiro, com elevadas reservas em ouro e divisas, e sem dívidas ao estrangeiro.

Entretanto dava-se a revolução sexual, e a luta da mulher pela igualdade de direitos, acompanhava a luta de salário igual para trabalho igual. A mulher saía de casa e dirigia-se para o trabalho em condições idênticas às dos homens. Vulgarizava-se o uso da mini-saia, das roupas cingidas e dos generosos decotes. Na praia também era adoptado o biquini, e a mulher prosseguia o caminho da independência pela sedução. As jovens mulheres de alguns capitães também se enquadravam nesta onda, e eram frequentes as intrigas que afectavam os casais, ou os maridos mobilizados em África.

Em 1973, com o recrudescimento da guerra na Guiné, a que os poderes político e militar não deram resposta adequada, a situação sofreu perturbações. Os militares exigiam mais equipamentos e mais contingentes, a que Caetano não respondia, nem evitava esse mal-estar institucional, chegando ao ponto de propor a entrega do poder aos militares, que rejeitaram. Apesar de sobre a questão ultramarina, Espanha França e Alemanha darem apoios políticos a Portugal, e os EUA revelarem maior compreensão às teses portuguesas, o Governo mostrava-se tolhido. Outras nações, pontualmente, também se associavam com apoios.


AS COMEMORAÇÕES DE ABRIL, A MEMÓRIA E A HISTÓRIA - Parte 2

Em 26 de Dezembro de 1971 Spínola despediu-se de um contingente militar que regressou à metrópole. Discursou como habitualmente, e referiu que os "traidores" estavam na retaguarda. Não os mencionou, mas é fácil inferir que se dirigia a elementos do Governo Central. Já andava às turras, e a partir de 1973 parecia querer tudo, para combater o que antes parecia ter controlado, o IN.

Entre aquelas datas deu bastas provas de querer vir a ser Presidente da República. Desdobrava-se em entrevistas e fomentava reportagens. Parecia um senhor da guerra, um líder incontestado. No entanto, tenho dele amargas recordações, como as que deram ocasião ao assassínio de três majores, um alferes e uma praça. Foi muita e grave a ingenuidade do General. Não ficou por aí. Ambicioso, deixou-se seduzir pela ideia de invadir Conakry, o que seria natural num acto de guerra contra o IN. O auto-proposto Comandante e criador da ideia, é que não soube combater a outra ideia de promover um golpe de estado noutro país, o que não teria sido mau de todo, se não tivesse havido tantas fugas de informação que ditaram o falhanço quase total da operação invasora. Eram ambos muito ambiciosos e descuraram aspectos essenciais. Queriam a glória de engalanar a História de Portugal, mas os resultados foram fracos e poderiam ter sido piores, conforme o testemunho de um importante e destacado participante (não o cito por estar vivo). Mas o ComChefe ainda deu mais provas de desnorte, fechando, reabrindo e voltando a fechar aquartelamentos; permitindo novos aquartelamentos com a água à distância (v.g. Guilege e Bajocunda); mandando tapar as valas de protecção a Pirada com o argumento de que aquela era uma região pacífica e controlada, embora poucos dias após tenha ocorrido um milagre a favor das NT em resultado da invasão da localidade durante uma projecção de cinema.

Spínola também não foi capaz de controlar o erário, pela criação de equipas de auditoria para disciplina da quadrícula, promoção ao bem-estar físico e moral da tropa. Foi um ver se-te-avias, com os maus resultados que se adivinham, embora os relatórios, de baixo para cima, mencionassem sempre o elevado moral do pessoal. Mentira!
O General também parecia estar a jogar em dois campos: com o prestígio internacional, que o obrigava a mostrar aceitação pelo "politicamente correcto", e com a desculpa da insuficiência de meios para a defesa daquele torrão pátrio. Foi quando, com os outros comandantes-chefes, rejeitou a tomada do poder proposta por Caetano.

Com o aparecimento dos Strela - mísseis terra-ar que provocaram alguns estragos iniciais, acentuou-se o sentimento de perturbação e o desejo de muitos militares pelo abandono do território. A guerra era feita em grande parte pelos milicianos, e os capitães em geral procuravam a segurança dos aquartelamentos. Havia dignas excepções, mas eram isso mesmo excepções. Com isso, alastrava a falta de liderança sobre o pessoal, com a consequente quebra da disciplina. S.Exa. também elegia os favoritos e os trastes, por vezes com critérios de pouca compreensão e aceitação. Na transição de 73 para 74, face à acumulação de erros que pareciam dar vantagem ao IN, já o MFA levava adiantada a sua vocação de protesto, e avançava à luz-desarmada com a sua campanha de abandono dos territórios africanos.

Todos sabiam. Sabia a PIDE, os altos comandos militares e o Governo.
Ninguém, nem os mais moralistas, se empenharam na defesa de quantos se bateram pela Pátria, metropolitanos e africanos, dando do País a imagem de cobardia e traição que desqualifica os povos. Entretanto, formara-se no exterior, o Partido Socialista, que em 25 de Abril teria 20 a 30 militantes, conforme refere Rui Mateus na sua obra "Contos Proibidos".
Pouco antes, PCP e PS assinaram um pacto de cooperação contra o Governo e por um novo regime pretensamente democrático.

Em resultado da luta dos movimentos de libertação contra o designado colonialismo português empurrados pela miopia e desinteresse ocidental para os braços da URSS, os anos decorridos, as diferentes circunstâncias que afectavam os mobilizados, e a intensificação da luta na Guiné, dariam lugar ao chamado Movimento dos Capitães, que derrubaria a ditadura do Estado Novo. Esse movimento "pacífico", sem oposição e sem objectivos políticos claros, alegadamente provocado por razões de natureza corporativa - o governo derrogara a lei relativa à progressão dos capitães milicianos, e pela derrota psicológica dos militares portugueses que levaram ao abandono dos territórios, daria lugar a um período de enorme perturbação e ruína, quer em termos materiais, quer em termos morais e anímicos, de que o País ainda sofre, com consequências impossíveis de avaliar, como tentarei mostrar numa terceira parte. A glória da miséria estava para chegar.


AS COMEMORAÇÕES DE ABRIL, A MEMÓRIA E A HISTÓRIA - Parte 3

A guerra de África que assolou os territórios portugueses a partir de 1961, ocorreu em plena "guerra fria", período dominado pela rivalidade das duas grandes potências, ambas interessadas na expansão e domínio das regiões sob as suas influências. Os EUA contavam desde a 2.ª GGM com parte ocidental da Europa, a mais desenvolvida, com algumas regiões asiáticas, a Oceânia e as américas, com excepção da pequena Cuba. Por seu lado, a Rússia dominava os países da Europa oriental sob a URSS, como se todos esses povos comungassem do mesmo entusiasmo. Ainda estendia influências noutras regiões asiáticas, e, enquanto beneficiária estratégica da Conferência de Bandung, mostrava-se a maior colaboradora dos novos países afro-asiáticos que saíram dos diferentes regimes coloniais. Acolhia e formava os jovens dos movimentos emancipalistas, que também instruía e municiava. A África era a sua principal área de influência, e território de conhecidas reservas minerais.

Em 1973 formou-se o Partido Socialista, que logo foi acolhido pela Internacional Socialista, uma organização de países de índole social-democrática, em geral desenvolvidos e instruídos. Entre eles, avultava a Suécia, onde Olof Palme mostrava toda a vontade de acabar com os regimes coloniais, e exercia grandes pressões para que os territórios naquela condição colonial, ascendessem às respectivas independências. Quer isto dizer, que um teórico esforçava-se para libertar o mundo "colonizado", sem dele mostrar ideias coerentes sobre as multidões que se propunha libertar, nem as circunstâncias em que essas regiões viviam e conviviam. Os territórios de influência anglófona, francófona, italiana e espanhola, logo consubstanciaram pelo abandono o slogan dos "novos ventos da história", que deram origem a novos países ditos progressistas, porque acolhiam-se à área de influência russa. O PS de então tinha beneficiado da generosidade de Palme, Brandt e Janitschek - 1.º Ministro austríaco, quer em meios políticos, quer em apoios financeiros, que se prolongaram por vários anos. Donde, politicamente, os socialistas portugueses não poderiam afastar-se com notoriedade, e ficavam vinculados à ideia da descolonização, sem que essa fosse ou não debatida como a melhor solução para africanos e portugueses. Por esta ocasião, cerca de metade do contingente militar que combatia os movimentos era proveniente dos recrutamentos locais, o que também poderia ter sido entendido como uma demonstração de vontade desses militares para continuarem portugueses. Condição que verifiquei mais de vinte anos depois, quando fiz deslocações ao interior da Guiné e de Moçambique, onde era abordado calorosamente por indivíduos da minha geração, que ainda se reivindicavam de portugueses, e exibiam cartões de identificação civis e militares. Portanto, os socialistas em geral, nacionais ou estrangeiros, estavam vinculados a uma ideia teórico-política sobre a descolonização, também ela representativa de interesses próprios de sobrevivência. De qualquer modo, era intolerável a intromissão desses países nas orientações internas de outros, para mais membros comuns da EFTA.

Na metrópole, entretanto, dava-se continuidade ao projecto de Sines, que pretendi consagrar a "zona do escudo" face aos eventuais boicotes externos, mas tinha virtude de desenvolver o País com vista à auto-sustentação económica. Foi um projecto muito arrojado, que ficou a meio caminho dos objectivos, e poderia ter estimulado a novos desenvolvimentos.

Entretanto, Spínola regressara à metrópole em nítido conflito com o Governo, e deixou no ar, fruto da sua ambição, a ideia de que poderia apadrinhar o movimento dos capitães.
Enquanto isso, os principais órgãos de comunicação-social davam à luz muitas notícias de sinais contrários à política prosseguida, muitas vezes com origem em fontes ou jornalistas comprometidos, que a censura não detectava ou não podia neutralizar. Também os estudantes aumentavam o banzé sobre o destino próximo da mobilização para a guerra, que efectivamente já durava em demasia. Havia, pois, uma predisposição para uma mudança, pese embora que não se sabia para quê.
A par disso, a população branca nas colónias aumentava significativamente, porque os desmobilizados tinham encontrado ali excelentes oportunidades profissionais e para organização das suas vidas. Muito longe iam os tempos coloniais, apesar da estratificação social característica de povos nos inícios do contacto com a civilização. Crescia o número dos casais mistos, e consequentemente dos filhos mulatos. Também a Administração e empresas empregavam muitos funcionários e gestores, em ambiente de grande harmonia. Dizia-se de Angola, que seria um novo Brasil.


AS COMEMORAÇÕES DE ABRIL, A MEMÓRIA E A HISTÓRIA - Parte 4

Em 1974 Caetano estava abúlico e o Governo tinha a noção de estar a prazo. Digamos que fazia a gestão corrente, desejoso de ser substituído.
"Em Maio de 73 promoveu-se na Guiné a primeira tomada de posição colectiva de grande notoriedade. Foi a propósito do chamado Congresso dos Combatentes do Ultramar, uma iniciativa de antigos oficiais milicianos, apoiada pelo Governo", que na Guiné teve resposta negativa. Em 17 de Agosto, em Bissau, o alargado grupo de capitães antes referido, reuniu para análise de um carta a enviar às altas instâncias políticas e militares. Era em tom duro, e foi amenizada em virtude de várias opiniões, o que gerou a intervenção de Golias, que disse ter sido tão suavizada, que parecia uma carta de amor, e acrescentou, que também deviam ter discutido a guerra, que só poderia ser resolvida com o fim do regime, o que se conseguiria com uma revolução. Estava dado o mote. A carta foi enviada e assinada por cerca de cinquenta oficiais, mas as autoridades não reagiram, melhor, promoveram os capitães mais antigos. Quando Bettencourt Rodrigues tomou posse, já o Movimento dos Capitães estava lançado. Conforme descreve Golias, em finais de 73, Matos Gomes regressou de férias na metrópole e carregava uma pilha de livros "Por Uma Democracia Anticapitalista", de Sottomayor Cardia, que revendeu a preço de custo. Foi esse livro que pôs muitos capitães em contacto com a política, uma espécie de manual escolar que lhes permitiu sentirem-se preparados para a revolução. Golias, ingenuamente, ainda acrescenta o estímulo da leitura de "Textos Políticos", de Cabral, e evidencia uma frase inspiradora: "os nossos povos fazem a distinção entre o governo colonial fascista e o povo de Portugal: não lutamos contra o povo português". E fez fé! Também os portugueses nunca lutaram contra o povo espanhol, guerrearam contra o exército e a cavalaria de Espanha.

Quando Spínola publicou "Portugal e o Futuro", embora estribado pelas teses caetanistas do estado federativo, suscitou grande controvérsia entre os "duros do regime", os intelectuais abertos à liberalização das relações com o ultramar, os chamados europeístas, e a imensidão de patetas que gostam de pronunciar-se sobre o que não sabem, e não têm outros interesses específicos.
Por essa ocasião, e pelo indisfarçável andar da carruagem, Kissinger referiu que a tendência comunista para alcançar o poder em Portugal, seria um castigo bastante para a leviandade dos portugueses, mas preocupado com o resto da Europa do sul, onde os comunistas tinham atingido posições relevantes, deslocou-se a Moscovo para breve conversação sobre a partilha do mundo.

Entretanto, na metrópole já o "movimento" reunia muitas dezenas de oficiais, ingénuos e desconhecedores de como se governa uma nação, pelo que trago à lembrança um episódio pífio de um batalhão que se recusara a embarcar para Guiné, e seguira fraccionado em diferentes levas. Em Fevereiro de 74, o comandante desse batalhão urdia o seu plano para capturar o ComChefe e o Estado-Maior. Note-se, porém, que na política os serviços de informação e contra-informação desempenham importantes papéis, e em Março de 74 chegou a constar o boato de um plano do PAIGC para invadir a Guiné, coisa palerma, tendo em conta que eles seriam 5 a 6 mil guerrilheiros, e só a tropa de recrutamento local, que integrava companhias, pelotões e pelotões de milícias andariam pelos 20 a 25 mil elementos, incluindo um bom número de tropa especial. Houve portanto, um trabalho de desmoralização e desqualificação em relação ao inimigo, que fez exorbitar o desespero da tropa, e o desprezo pelos portugueses de cor.
Apesar de tudo, e decorrente de passagens narradas, Portugal talvez vivesse o período histórico de maior esplendor, pois crescia económica e financeiramente, modernizava-se em equipamentos e infraestruturas, e não tinha dívida externa, salvo a que respeitou a um sindicato bancário que financiava a obra de Cahora Bassa.


AS COMEMORAÇÕES DE ABRIL, A MEMÓRIA E A HISTÓRIA - Parte 5

Em 1974 ainda não havia MFA nem Programa. Segundo Sanches Osório, o Movimento dos Capitães tinha características exclusivamente profissionais: "eram apresentadas reivindicações que assentavam nas remunerações e que afectavam o prestígio dos oficiais do quadro permanente". Nunca tive oportunidade de conhecer as razões que afectavam o prestígio desses oficiais. Talvez as intrigas familiares que surgiam no meio castrense, e de que fui testemunha.

Em Fevereiro o Gen. Spínola publicou "Portugal e o Futuro". O marcelismo criou ilusões em sectores da oposição do que resultaram cisões. Era uma expectativa de primavera política, mas que esteve sempre condicionada aos duros do regime. Quer dizer, Caetano não foi capaz de provocar, não digo a ruptura, mas uma nova orientação no horizonte nacional, muito menos no que à guerra dizia respeito. Fez brandas reformas sociais, de que se destacou a regulamentação da Previdência e das relações laborais; e imprimiu algum dinamismo a projectos de industrialização e desenvolvimento. Mas os ultras do regime estavam interessados em persistir e torciam o nariz às mudanças. O livro de Spínola abordava com riqueza de argumentos o tema ultramarino, de vincada inspiração de Caetano, mas a corrosão da sua influência e a situação quente que se vivia, não lhe terá permitido apoiar o General, que por sua vez, confiava demais nos seus alegados méritos, e terá dado à estampa com o objectivo de alcandorar-se como favorito à presidência da República. Apesar de relevantes obras em curso tanto na metrópole como no ultramar, e do progresso económico e social constatados, o Governo foi incapaz de se impor, quer pela moralização do sistema, quer pela determinação dos militares em acabarem com a guerra, ainda que satisfeitas algumas exigências, se para tal fosse necessário. O azar, é que os militares já estavam decididos pela derrota consubstanciada pelo abandono de terras e gentes em África. Depois houve o episódio da apresentação da "brigada do reumático", a que faltaram os dois mais prestigiados generais, respectivamente Chefe e Vice-Chefe do EMFA. Nova e importante derrota para o regime, e impulso precioso para os capitães.

E chegou o dia, mais condizente com um filme de ficção, do que com a realidade revolucionária e perigosa que alguns militares gostam de fanfarronar.
Até o MFA pareceu apanhado de surpresa, dada a falta de confiança evidenciada pelos que ficaram a aguardar os acontecimentos, mas, principalmente, pela ausência de um Programa definitivo sobre o método e os objectivos do golpe, o que só viria a concretizar-se meses mais tarde na sequência de diversas alterações ao texto revolucionário. "As ligações políticas do Movimento dos Capitães foram realizadas pelo Maj. Melo Antunes o qual estava estreitamente ligado, através da CDE, ao Dr José Tengarrinha. Tudo leva a crer, assim, que o tom que foi dado às manifestações populares de apoio ao Movimento foi orientado pelo MDP/CDE, com conhecimento de Melo Antunes", cfr Sanches Osório.
Segundo o mesmo autor "o MFA estaria apenas unido em dois objectivos comuns: derrubar o Governo, e caminhar para o progresso e a justiça social. A forma de alcançar esse progresso e essa justiça social é que não foi analisada na altura". O MFA até ao dia D sabia que os portugueses não queriam para o ultramar uma política de terra queimada. Mas logo surgiram os adeptos do abandono imediato do ultramar, prova flagrante de que não tinham a mínima percepção, nem dos interesses envolvidos, nem das obrigações decorrentes da soberania, muito menos das condições que permitiam ao País viver com desafogo para o desenvolvimento que se registava. Apenas reproduziam "slogans" característicos da luta anti-colonial, o equivalente a terem bebido do IN a justificação para o seu acto revolucionário. Tal pobreza daria de imediato lugar a conflitos internos e à confusão no desenrolar da actividade revolucionária, tantas vezes criminosa.

Soares, líder de um mini-partido apoiado por centrais sindicais suecas e por uma fundação alemã, chegou em júbilo e apoiado por milhares ainda por converter. Cunhal chegaria a seguir, mais formal e recebido por Soares, que parecia conceder-lhe o lugar de primeiro combatente contra o velho regime. Todavia não se mostraram cooperantes na construção democrática por um estado digno e sadio. Ambos viriam a integrar o 1.º Governo Provisório, um grosseiro equívoco para um País pertencente à NATO. Depois, apesar da contenção da organização comunista que aproveitou as oportunidades, o processo terá sido condicionado pelo acordo entre Kissinguer e Brejnev sobre o destino português, estabelecido em Moscovo algum tempo antes.

Fontes:
"O Equívoco do 25 de Abril", de Sanches Osório;
"Revolução e contra-Revolução em Portugal (1974-1975)", de Armando Cerqueira;
"Contos Proibidos", de Rui Mateus;
"A Descolonização da Guiné-Bissau e o Movimento dos Capitães", de Jorge S. Golias, para além de reflexões minhas e de outras leituras
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Nota do editor

Último poste da série de 22 de abril de 2019 > Guiné 61/74 - P19707: (In)citações (129): Feliz e santa Páscoa, com um abraço transatântico do nosso camarada da diáspora luso-americana José Câmara (ex-Fur Mil Inf da CCAÇ 3327 e Pel Caç Nat 56, Brá, Bachile e Teixeira Pinto, 1971/73)

Guiné 61/74 - P19766: (De)Caras (129): O reencontro de dois velhos amigos, na ilha de São Miguel: Arsénio Puim, ex-capelão militar, açoriano, e Lino Bicari, ex-padre missionário, italiano...


Região Autónoma dos Açores > Ilha de São Miguel > O reencontro de dois amigos da Guiné: o ex-missionário italiano (e ex-guerrilheiro do PAIGC) Lino Bicari (, casado com uma portuguesa, vivendo hoje no Alentejo) e o Arsénio Puim, ex-alf mil capelão, CCS/BART 2917 (Bambadinca, 1970/72), expulso depois do TO da Guiné, em maio de 1971, e hoje enfermeiro reformado.

Foto (e legenda): © Arsénio Puim  (2019). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Arsénio Puim, Bambadinca, c. 1970/71
Foto: © Gualberto Magno  Passos Marques (2009).
 Todos os direitos reservados.
1. Mensagem, datada de 6 do corrente, do nosso camarada Arsénio Puim:

[ açoriano, da Ilha de São Jorge, ex-alf mil capelão; foi expulso do seu Batalhão, o BART 2917, e do CTIG em maio de 1971, apenas com um ano de comissão; no final da década de 1970 deixou o sacerdócio, formou-se em enfermagem, casou-se, teve 2 filhos; vive na Ilha de São Miguel; está reformado; é membro da nossa Tabanca Grande; tem cerca de 40 referências no nosso blogue; é autor da série "Memórias de um  alferes capelão", de que se publicaram doze postes]


Caro Luís Graça

Envio em anexo um pequeno texto relativo a uma fotografia de dois amigos da Guiné (dos quais conheces um) que mando noutro email, para publicação no Blogue, se assim o entenderdes.

Um abraço amigo, Arsénio Puim


2. O reencontro de uma amizade originada na Guiné 

por Arsénio Puim

Na semana passada tive o prazer de receber, nesta bela ilha açoriana de São Miguel, o meu grande amigo Lino Bicari e sua esposa, que residem hoje no Alentejo. (*)

Conhecemo-nos na Guiné em 1970 – era eu capelão militar em Bambadinca e ele era padre missionário em Bafatá – numa altura em que o capelão chefe, pe. Gamboa [, Pedro Maria da Costa de Sousa Melo de Gamboa Bandeira de Melo, ] promoveu um encontro durante dois dias dos capelães da Zona Leste – Bafatá, Bambadinca, Galomaro, Nova Lamego e Piche – precisamente na Casa dos Padres Missionários Italianos de Bafatá.

Mais tarde voltei duas ou três vezes à Casa dos simpáticos missionários italianos, aproveitando sempre esta estadia para um reconfortante convívio sacerdotal e um renovar de forças no exercício da minha missão de capelão.

Desde então, há 48 anos, nunca mais nos tínhamos visto e comunicámos apenas em duas ocasiões, por email.

Na sua simplicidade, Lino Bicari é sem dúvida um homem de altos ideais humanos e dum currículo muito rico, corajoso e autêntico. Desenvolveu uma acção profunda e muito válida ao serviço do povo da Guiné (e não só) concretamente na área do ensino e educação e da saúde, quer enquanto missionário quer, depois, sob a vigência do Partido e do Governo do PAIGC. 

Uma história de vida rara!

Mando uma fotografia do reencontro destes dois «jovens», ambos com 83 anos de idade, que, se assim o entenderem, poderão publicar no Blogue. (**)

Arsénio Puim
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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 19 de outubro de 2018 > Guiné 61/74 - P19116: Notas de leitura (1111): Salvatore Cammilleri, missionário siciliano do PIME, expulso da Guiné em 1973 por ordem de Spínola, autor de "A identidade cultural dos balantas" (Lisboa, 2010, tr. do italiano: Lino Bicari e Maria Fernanda Dâmaso) - Parte I (Luís Graça)

(...) Lino Bicari é um ex-padre, italiano, missionário do PIME que no início dos anos 70 descobriu outra vocação, levado pelo romantismo revolucionário de Che Guevara e Camilo Torres (também ele ex-padre). Nascido em 1936, aos 23 anos, Lino Bicaria aderiu à guerrilha do PAIGC e é o único estrangeiro que tem o estatuto de combatente da liberdade da Pátria. Viveu 23 anos na Guiné-Bissau. Radicou-se em Lisboa em 1990. Dele disse o jornalista João Paulo Guerra, no jornal Público, de 24 de setembro de 1990:

(...) Não é um homem desiludido, mas um homem amargo quer hoje, à margem da Igreja e do Estado da Guiné-Bissau, continua, no entanto, a afirmar-se religioso e militante do PAIGC." (...)

 Fui saber mais, socorrendo-se da entrevista com ele, feita pelo João Paulo Guerra ("Crónica dos feitos da Guiné: A última missão do padre Lino").

(...) "O padre Lino Bicari chegou à Guiné em Maio de 1967. Tinha 31 anos, um curso teológico e formação em medicina tropical, em psicopedagogia e didáctica e etnologia. De passagem por Lisboa, meteu na bagagem curso rápidos de língua portuguesa e administração colonial e, como todos os missionários destinados às colónias portuguesas, assinou compromissos renunciando aos seus direitos como cidadão italiano e submetendo-se às leis e tribunais portugueses, à Concordata, ao Acordo e ao Estatuto missionários.

Na Guiné vivia-se o quarto ano de guerra e Lino Bicari foi colocado em Bafatá, a cidade natal de Amílcar Cabral. A guerra, para ele como para os outros missionários, significava ouvir tiros Ao longe e viver num centro populacional sob controlo militar, de onde só podia ausentar-se à luz do dia.

(..) Foi em Itália, onde se deslocou em 1972 no âmbito de um programa de apoio ao Terceiro Mundo, que o padre Lino Bicari conheceu José Turpin, dirigente do PAIGC e, por seu intermédio, trocou correspondência com Amílcar Cabral. Quando tomou a decisão da sua vida, resolvendo trabalhar com o PAIGC, a Secretaria de Estado do Vaticano sentiu-se embaraçada. Não disse que sim, nem que não, e acabou por consentir, pedindo-lhe apenas que, formalmente, se desligasse do [Pontifício] Instituto para as Missões Estrangeiras [PIME]

(...) "No final de 1973, proclamado já o Estado da Guiné-Bissau [, em 24 de setembro de 1973,], Lino Bicari entrou de novo no território. Mas, dessa vez, não levava o visto de Lisboa nem as guias de marcha do colonialismo missionário. Entrou através da fronteira com a Guiné-Conakry, numa ambulância da Cruz Vermelha e foi instalado pelo PAIGC na região de Boé, a sul de Madina, como responsável pelo Hospital Regional. 'Não era uma base de guerrilha mas uma zona totalmente libertada, defendida por forças armadas locais e, dada a sua configuração geográfica, de difícil acesso às tropas portuguesas', recorda Bicari." (...).

(**) Último poste da série > 17 de abril de  2019 > Guiné 61/74 - P19687: (De)Caras (104): Capitão de Infantaria Francisco Meireles, cmdt da CCAÇ 508, morto em Ponta Varela, Xime, em 3/6/1965 - V ( e última) Parte (Jorge Araújo)

quarta-feira, 8 de maio de 2019

Guiné 61/74 - P19765: XIV Encontro Nacional da Tabanca Grande (15): Mais camaradas e amigos/as que nos honram com a sua presença em Monte Real no dia 25, sábado: António Sampaio e Maria Clara (Matosinhos); António Joaquim Alves e Maria Celeste (Alenquer); Carlos Pinheiro (Torres Novas); Jorge Araújo e Maria João (Almada); Jorge Pinto e Ana (Sintra); Juvenal Amado (Amadora); Manuel Joaquim e José Manuel S. Cunté (Lisboa); e Paulo Santiago (Águeda)


Leiria > Monte Real > Palace Hotel Monte Real (Termas de Monte Real) > XI Encontro Nacional da Tabanca Grande > 16 de abril de 2016 > Três veteraníssimos destas lides: da esquerda para a direita, o Tó Zé (Pereira da Costa, que este abo vai apresentar o seu livro "A minha guerra a petróleo"), o Paulo Santiago e o J. Casimiro Carvalho (o "herói de Gadamael" que a Nação nunca condecorou, e régulo da Tabanca da Maia; não está inscrito para o XIV Encontro Nacional).




Leiria > Monte Real > V Encontro Nacional da Tabanca Gande > 26 de junho de 2010 > A  prof Maria João Figueiras, dourorada em piscologia clínica (2000), esposa do camarada e co editor Jorge Araújo. Na foto, está a folhear o livro autobiográfico do nosso saudoso Amadu Djaló (Bafatá, 1940-Lisboa, 2015). Este foi o  primeiro encontro que se realizou no Palace Hotel Monte Real, sendo os anteriores na Ortigiosa (2009 e 2008), em Pombal (2008) e na Ameira, Montemor-o-Novo (2006). A  doutora Maria João já tem, por direito próprio, lugar num das moranças, à sua escolha, da Tabanca Grande. Vou propôr a sua admissão...



Leiria > Monte Real > XIII Encontro Nacional da Tabanca Grande > 5 de maio de 2018 >   Jorge Pinto e Luís Graça, dois amigos e camaradas do Oeste estremenho: o Jorge, de Alcobaça, o Luís, da Lourinhã..

Fotos (e legendas) : © Luís Graça (2019). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Lu+is Graça & Camaradas da GUiné]


1. Estes (e estas) são mais alguns dos 89 camaradas e amigos/as da Guiné que já se inscreveram, antecipadamente, para o XIV Encontro Nacional da Tabanca Grande, a realizar em Monte Real, no dia 25 de maio (*)...

Merecem o devido destaque neste poste, com uma pequena nota biográfica... E merecem também as nossas palmas... Pode ser que com o seu exemplo motivem os indecisos. De qualquer modo, é importante que nos conheçamos melhor uns aos outros. Outros nomes se seguirão nos próximos dias...


António [João] Sampaio e Maria Clara - Leça
da Palmeira / Matosinhos

[ex-alf mil na CCAÇ 15 e cap mil na CCAÇ 4942/72, Barro, 1973/74]:é viznho do Carlos Vinhal; tem vindo, ele e a esposa, regulamente aos nossos encontros desde 2009; tem cerca de 10 referências no nosso blogue]



António Joaquim Alves e Maria Celeste - Carregado / Alenquer

[natural da Malveira, Mafra, a viver no Carregado, Alenquer; ex-sold at cav, CCAV 8351, "Os Tigres de Cumbijã", destacado no COMBIS, Bissau, 1972/74; é membro recente da Tabanca Grande: senta-se à sombra do nosso poilão no lugar n.º 767; é membro também da Magnifica Tabanca da Linha]


Carlos Pinheiro - Torres Novas


[ex-1.º Cabo TRMS Op MSG, Centro de Mensagens do STM/QG/CTIG, 1968/70; conheceu Bissau como poucos de nós, já que lá viveu 25 meses: colocado no QG, nas horas também dava uma ajuda no estabelecimento do seu parente, Costa Pinheiro, estabelecido em Bissau desde os princípios dos anos 50; a casa Costa Pinheiro era uma das boas casas comerciais de Bissau. Achamos oportuno revisitar a cidade de Bissau dos anos de 1968/70 ; está reformado como bancário; tem cerca de 60 referências no nosso blogue]



Jorge Araújo e Maria João - Almada

[ex-fur mil op esp / ranger, CART 3494 / BART 3873 (Xime e Mansambo, 1972/1974); doutorado pela Universidade de León (Espanha) (2009), em Ciências da Actividade Física e do Desporto; professor no ISMAT (Instituto Superior Manuel Teixeira Gomes), Portimão, Grupo Lusófona; autor, entre outras, da série "(D)o outro lado do combate". Mora em Almada, é casado com a  Maria João, doutorada em psicologia;  coeditor do nosso blogue a partir de março de 2018; tem já cerca de 215 referências no nosso blogue]

Jorge Pinto e Ana - Sintra

[ex-Alf Mil da 3.ª CART/BART 6520/72 (Fulacunda, 1972/74)]; um alcobacence a viver na Grande Lisboa; tem mais de 30 referências no nosso blogue; é professor do ensino secundário reformado; é frequentador dos convívios quer da Tabanca da Linha quer da Tabanca Grande]

Juvenal Amado - Amadora



[tem mais de 250 referências no nosso blogue;  ex-1.º Cabo Condutor Auto Rodas da CCS/BCAÇ 3872, Galomaro, 1971/74), autor do livro "A Tropa Vai Fazer de ti um Homem", Lisboa, Chiado Editora, 2017] 



Manuel Joaquim e José Manuel Sarrico Cunté - Lisboa

[o Manel Djaquim tem uma centena de referências no nosso blogue; ex-Fur Mil de Armas Pesadas da CCAÇ 1419, Bissau, Bissorã e Mansabá, 1965/67;  é um dos fundadores da ONGD Ajuda Amiga; é o padrinho do Zé Manel, aliás, do menino Adilan, que ele trouxe da Guiné: a propósito, já fez 58 (!) anos em janeiro passado; na foto acima, ele está no meio com os padrinhos, o Manel Djaquim e a Deonilde Silva, na sua festa dos 50 anos, em 2011...] 


Paulo Santiago - Aguada de Cima 
/ Águeda

[, ex-alf mil at inf, ex-cmdt do Pel Caç Nat 53 (Saltinho e Bambadinca, 1970/72; membro sénior da Tabanca Grande; tem 160 referências no nosso blogue; não costuma falhar os nossos enconstros anuais; formou-se na Escola de Regentes Agrícolas, de Coimbra; apaixonado pelo râguebi; está reformado]


2. Em relação ao XIV Encontro Nacional da Tabanca Grande, em Monte Real, dia 25 de maio, sábado, continuamos a receber inscrições até sexta-feira, dia 10... Depois, só caso a caso...

Preços (**)

Entradas + Almoço + Lanche ajantarado : 35.00€ /pessoa  | Criança até aos 12 anos – 18.00€

Alojamento no hotel (4 estrelas ) com pequeno-almoço incluído:  Single: 50,00€ | Duplo: 60,00€

Inscrições:

Carlos Vinhal (Leça da Palmeira / Matosinhos): email: carlos.vinhal@gmail.com | telemóvel: 916 032 220
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Vd. também:

7 de maio de 2019 > Guiné 61/74 - P19757: XIV Encontro Nacional da Tabanca Grande (13): Felizmente, estou vivo; infelizmente, não poderei ir a Monte Real, no dia 25... De qualquer modo, aqui deixo as minhas saudações a todos os participantes (Antero Lopes, Alcides Silva, Anselmo Reis, António Duarte, António Murta, António Ramalho, António Santos, Carlos Baptista, Durval Faria, Eduardo Santos)


6 de maio de 2019 > Guiné 61/74 - P19748: XIV Encontro Nacional da Tabanca Grande (11): tínhamos 83 inscrições até domingo à noite, dia 5... Mais alguns camaradas que vão estar em Monte Real, no dia 25: Agostinho Gaspar (Leiria); Armando Pires (Oeiras), Eduardo Jorge Ferreira (Lourinhã); Lucinda Aranha (Torres Vedras), Luís Paulino (Lisboa); Mário Magalhães (Lisboa)


3 de maio de 2019 > Guiné 61/74 - P19740: XIV Encontro Nacional da Tabanca Grande (9): mais 4 camaradas que vão estar connosco em Monte Real, em 25 de maio próximo: António Estácio, Hélder Sousa, Maria Arminda Santos, Rui Guerra Ribeiro...

1 de maio de 2019 >Guiné 61/74 - P19735: XIV Encontro Nacional da Tabanca Grande (7): A três semanas da nossa festa anual, em Monte Real, 25 de maio, temos 70 inscritos; destacamos hoje alguns "veteranos" e alguns "periquitos"... Mas amanhã há mais...

Guiné 61/74 - P19764: Tabanca Grande (477): Carlos Soares, ex-fur mil inf, CCAÇ 1585 (Farim e Quinhamel, 1966/68); mora nas Caldas da Rainha; e passa a sentar-se à sombra do poilão mais famoso da Net, sob o nº 788.



Foto nº 1


Foto nº 2 > Furriéis da CCAÇ 1585, a bordo do navio T/T


Foto nº 3 >  Pessoal da CCAÇ 1585, a caminho no rio Cacheum, a caminho de Farim, ou no regresso, para Quinhamel


Foto nº 4 > Postal de Natal, possivelmente de 1966


Foto nº 5 > O cap Cravidão, numa operação, é o primeiro da esquerda, em segundo plano


Foto nº 6 > Parada cap Cravidão, em Farim


Guiné > Região do Oio > Farim > CCAÇ 1585 (1966/68) > Fotos diversas do Carlos Soares, enviadas sem legenda... A Parada Cap Gravidão, morto em combate em 4/6/1967


Fotos (e legendas): © Carlos Soares (2019(. Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].



1. Mensagem de 2 do corrente, do Carlos Soares, ex-fur mil at inf, CCAÇ 1585 (Farim e Quinhamel, 1966/68), e novo membro da Tabanca Grande, com o nº 788:

Amigo Luis Graça junto lhe envio algumas fotos para publicação no seu Blogue,

Quanto ao assunto acerca da Operação Cacau, a transcrição que consta do Blogue é exatamente igual, pois deve ter sido retirado do livro, que é a cópia fiel do livro oficial,enviado ao Ministério do Exército para arquivo.

Há algum tempo mandei fazer alguns exemplares para distribuir aos meus Camaradas , e foi concerteza, a partir dai ,alguém compilou os textos que para alguns teria interesse.

Se achar que tem interesse para o blogue, eu enviar-lhe-ei um a titulo de empréstimo, para poder compilar. Estou à disposição para nos encontrarmos em qualquer local, e conversarmos.

Aproveito para lhe enviar o folheto do nosso próximo convivio, o qual agradecia que o publicitasse no seu blogue. (*)

De momento sem outro assunto envio-lhe um enorme abraço.

Vou preparando novas fotos.

Agradeço que me inscreva e que a partir de agora passe a fazer parte da Tabanca Grande de Luis Graça. (**)

2. Comentário de LG:

Caro Carlos: já falámos ao telefone, e eu fiquei a perceber que és lisboeta, vives nas Caldas da Rainha há mais de 40 anos, e és um dos dinamizadores dos convívios anuais da vossa companhia, a CCAÇ 1585, cujo primeiro comandante foi o tenente e depois capitão de infantaria José Jerónimo da Silva Cravidão, morto em combate no dia em que fazia 25 anos e em que fora promovido a capitão (Op Cacau). Tu não participaste nessa operação, estavas em Bissau, mas mencionaste o nome do alf mil João Agostinho João, que mora hoje na Anadia, e que seria um dos alferes da confinaça do capitão.  Foi temporariamente o comandante da companhia, depois da morte do cap Cravidão. Outra testemunha da morte do cap inf Cravidão foi o vosso fur mil enf António Nicolau Pereira, que vive na Covilhão

Outro alferes que mencionaste, na conversa ao telefone, foi o Filipe José Ribeiro, saiu para ir comandar os "Roncos de Farim", com os 1ºs cabos  Marcelino da Mata e o Cherno Sissé como braços direitos, a comandar cada um a sua secção. Terá sido condecorado com uma cruz de guerra, voltando à CCAÇ 1585, no regresso à metrópole.

 Haveremos, por certo, de falar com mais tempo e vagar. Para já senta-te à sombra do poilão da Tabanca Grande, sob o nº 788. És o primeiro representante da tua companhia na Tabanca Grande. Também já convidei, em tempos, a viúva do cap Cravidão (1942-1967) para se juntar a nós.  Vou um dias destes falar-te ao telefone.

Segundo as nossas regras de convívio, tratamo-nos por tu, como camaradas de armas que fomos. E neste blogue partilhamos memórias (e afectos) à volta da Guiné, onde fizemos a nossa comissão de serviço militar, em tempo de guerra, no período de 1961 a 1974.  Podes consultar as nossas regras editorias  aqui. Falamos de tudo o que diz respeito à Guiné e ao nosso tempo de meninos e moços. Só não falamos de política, religião e futebol.

Aguardo mais memórias tuas. Tens o nosso endereço de email. Vai dando notícias, Ficas desde já apresentado aos camaradas e amigos da Guiné. Somos quase 800, dois batalhões. Sê vindo e fica por cá ainda muitos anos. Bom convíviio, no dia 18, em Buarcos (*). Dá um abraço nosso aos teus camaradas todos e fala-lhes do nosso blogue e do nosso XIV Encontro Nacional, em 25 de maio, em Monte Real, para o qual estão todos convidados.

PS - O teu nome, Carlos Soares, passa a figurar, a partir de agora, na lista alffabética dos membros da Tabanca Grande, constante da coluna (estática) do lado esquerdo.
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