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quinta-feira, 9 de setembro de 2021

Guiné 61/74 - P22528: Lembrete (35): Apresentação, no sábado, dia 11, na Tabanca dos Melros, do livro autobiográfico do António Carvalho, "Um caminho de quatro passos". Intervenientes: além do autor, José Manuel Lopes, Ana Carvalho e Luís Graça. (Inscrição prévia, para o almoço de convívio, "vinte morteiradas", na "messe de Mampatá": 'vagomestre' Gil Moutinho, telef / telem 224890622 / 919677859)

1. Recorde-se (*) que será apresentado sábado, dia 11 de setembro de 2021, às 11h00, na Tabanca dos Melros, Fânzeres Gondomar, o livro "Uma caminhada de quatro passos" do nosso querido amigo, camarada e grã-tabanqueiro António Carvalho, o "Carvalho de Mampatá". (**)


Haverá um momento musical, e intervenções de: autor, José Manuel Lopes, Ana Carvalho e Luís Graça (editor do blogue). Segue-se uma sessão de autógrafos. 

E, depois, para quem quiser e puder, e mediante inscrição prévia, almoço de convívio no restaurante Quinta dos Choupos - Choupal dos Melros (Rua de Cabanas, 177, 4510-506 Fânzeres, Gondomar), transformado nesse dia na "messe de Mampatá". (Aplicáveis as normas sanitárias em vigor.)

Preço da refeição (tudo incluído): 20 morteiradas. 

Contactos: 'vagomestre' Gil Moutinho, telef / telem   224 890 622 / 919 677 859.


2. Sobre o autor, António dos Santos Carvalho:

(i) nasceu em 17 de fevereiro de 1950, no lugar de Carvalhos, freguesia de Medas (hoje, "desgraçadamente", União das Freguesias de Melres e Medas), concelho de Gondomar;

(ii) no seio de uma família extensa, de grandes lavradores (à escala local: eram os maiores produtores de bata, tinham duas juntas de bois, faziam mais de 30 pipas de vinho, tinham "moços de lavoura", etc.);

(iii) "moldado num ambiente rural", aprendeu, "desde muito cedo, a viver na ambivalência entre o trabalho e a oração";

(iv) furando-se, porém, "sempre que podia, a este ambiente espartano, em correrias transgressivas por caminhos e carreiros, espreitando ninhos, indagando sobre as mais saborosas primícias, arriscando-me nas águas do Douro e regalando-me em tudo o que fosse fresta ou festrola";

(v) em 1962, vai para o Colégio da Mealhada, que frequentou até ao 7º ano do liceu (, fundado pelo padre dr. António Antunes Breda, como Instituto Liceal e Técnico  Sant'Ana da Mealhada, e inaugurado em 1962, funcionava como externato e internato; passou em 1972 a ser a Escola Secundária da Mealhada):

(vi) "plantado na Mealhada durante sete anos (,,,), descobri outras páginas da vida, quer no convívio com os meus condiscípulos, quer nas aulas dos meus professores, alguns deles distintos, como o dr. Urbano Duarte" (, professor de filosofia);

(vii) "Da Mealhada até ao ingresso compulsivo na vida militar, em 11 de janeiro de 1971, foi um salto de pardal, seguindo-se a mobilização  para a guerra do Ultramar" (...),  no decurso de um 'longo«' período de 26 meses, entre 27 de junho de 1972 e  24 de agosto de 1974;

(viii) foi fur mil enf, BART 6520/72, Mampatá, "Os Unidos de Mampatá", 1972/74, e é membro da Tabanca Grande desde 13/9/2008;

(ix) dos seus irmãos do sexo masculino, houve mais dois mobilizados para o Ultramar, o "Necas" (Manuel Carvalho), para a Guiné (ex-Fur Mil Armas Pesadas Inf, CCAÇ 2366 / BCAÇ 2845, Jolmete, 1968/70) (foto à direita); e o Fernando, para Angola;

(x) trabalhou, em funções administrativas, na Segurança Social, no Serviço Nacional de Saúde, no Porto, mas também na Câmara Municipal de Gondomar e na Câmara Municipal de Gaia, estando aposentado da função pública desde 2013;

(xi) foi autarca durante quase três décadas:  presidente da junta de freguesia de Medas (1986/1993 e 2002/2013); de permeio desempenhou as funções de secretário e de tesoureiro na mesma junta, entre 1994/97 e 1998/2001, respetivamente;

(xii) faz parte, entre outras tertúlias de antigos combatentes, da Tabanca Grande, da Tabanca de Matosinhos, da Tabanca dos Melros  e de O Bando do Café Progresso;

(xiii) publicou em julho de 2021 o seu primeiro livro, "Um Caminho de Quatro Passos" (Rio Tinto, Lugar da Palavra Editora, 218 pp., ISBN: 978-989-731-187-1);

(xiv) é casado (com a Fátima Carneiro Carvalho, professora do ensino básico, reformada); o casal tem duas filhas;

(xv) mora em Medas, Gondomar.

O livro pode ser adquirido, ao preço de 15,00 Euros (portes incluídos, no território nacional ou estrangeiro)

Contactos do autor:
António Carvalho, Medas, Gondomar

Email: ascarvalho7274@gmail.com  | Telemóvel: 919 401 036
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segunda-feira, 6 de setembro de 2021

Guiné 61/74 - P22517: Facebook...ando (65): "Deu-me muito prazer preencher, com as minhas palavras sentidas, as duzentas e dezoito páginas, do meu livro, Um Caminho de Quatro Passos, a ser apresentado, sábado, dia 11, às 11h00, na Tabanca dos Melros (António Carvalho, Medas, Gondomar)


António Carvalho, o "Carvalho de Mampatá", ex-fur mil enf, CART 6250, Mampatá, 1972/74, membro da Tabanca Grande desde 13/9/2008 (*), autarca na antiga freguesia das Medas, Gondomar durante 28 anos (hoje, União das freguesias de Melres e Medas).

(...) "Nasci aqui, neste pedaço de terra, circunscrito por uma curva muito apertada do rio Douro e pela serra de Açores, rebatizada (não sei por quem nem porquê) a partir da segunda metade do séc. XX, como serra das Flores, como aqui nasceram também, pelo menos, alguns dos meus octavós e muitos dos seus descendentes dos quais eu provenho. 

Talvez também por isso, nem em sonhos me passou algum dia pela cabeça assistir à assimilação da minha freguesia por outra, numa amálgama sem identidade ! Não me compreenderão os leitores que vivem numa cidade, mesmo que seja a sua cidade natal, onde o espaço de freguesia já há muito se sumiu diluído pela profusão de ruas avessas a fronteiras, onde muitos cidadãos nem sabem a que freguesia pertencem.  (...)

Quando se trata de uma reforma do Estado, que não altere de imediato os ordenados, as pensões, os impostos ou o preço dos bens essenciais, os cidadãos não costumam protestar de forma massiva e persistente. Foi o que aconteceu no caso da agregação das freguesias, apesar de se terem organizado algumas manifestações junto da Assembleia da República e, em muitos casos, os então titulares dos cargos autárquicos terem interposto providências cautelares contra a deliberação arbitrária do Estado, como foi o caso desta minha freguesia de Medas. (...)

Espero não morrer sem ver a minha freguesia ressuscitada – a única coisa que me interessa, ao nível da política local. (...)" (pp. 212/214) (Excertos selecionados por LG., com a devida vénia ao autor).




O MEU LIVRO: "UM CAMINHO DE QUATRO PASSOS"


Facebook > António Carvalho, 23 de agosto às 22:29 (**) 

No próximo dia 11 de Setembro apresentarei o meu livro, pelas 11 horas, na Quinta dos Choupos - Choupal dos Melros, Rua de Cabanas nº 177, na freguesia de Fânzeres, Gondomar.

Não sei se agradará a muitos ou a poucos, mas deu-me muito prazer preencher, com as minhas palavras sentidas,  as suas duzentas e dezoito páginas, por onde espelho uma parte significativa do meu caminho percorrido desde a infância, nas Medas,  à passagem pelo Colégio da Mealhada, do longo percurso pelo serviço militar até ao encontro forçado e esforçado com os mosquitos e as ferroadas da guerra da Guiné, não deixando, inevitavelmente, de abordar, ainda que ao de leve, o longo período ao serviço da Junta de Freguesia de Medas. 

Uma parte notável do livro é dedicada à caracterização das Medas, desde o último quarto do século XIX aos anos sessenta do século XX.

Por hoje dispenso-me de mais pormenores, sob pena de saciar, antecipadamente, a apetência dos eventuais leitores.

Nota adicional: quem desejar reservar almoço que ocorrerá no mesmo local, logo a seguir à cerimónia da apresentação, deve contactar o serviço do restaurante através dos números 224890622 ou 919677859.

Actualização: uma vez que não indiquei o preço do livro, refiro agora que o mesmo é de 15,00 Euros.

Nova actualização: por uma questão de boa organização do serviço, pede a gerência do Choupal dos Melros que quem desejar almoçar, após a cerimónia de apresentação do livro, deverá fazer a marcação , através dos números indicados no texto publicado acima, até ao dia 8 de Setembro, cujo custo unitário será de 20,00 Euros.
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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 13 de setembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3200: Tabanca Grande (86): António Carvalho, ex-Fur Mil Enf da CART 6250/72 (Mampatá, 1972/74)

(**) Último poste da série > 16 de junho de 2021 > Guiné 61/74 - P22287: Facebok...ando (64): O transporte de gado vivo: embarque de vacas no porto fluvial de Bambadinca, em 1973 (João Lourenço, ex-alf mil, cmtd PINT, Cufar, 1973/74)

sexta-feira, 3 de setembro de 2021

Guiné 61/74 - P22507: Notas e leitura (1376): "Posfácio" ao livro "Um caminho a quatro passos", de António Carvalho. Apresentação da obra na Tabanca dos Melros, Fânzeres, Gondomar, sábado, 11 de setembro, às 11 horas


Capa do livro do António Carvalho, "Um caminho de quatro passos" (2021)... O autor, natural de Medas, Gondomar, foi autarca durante 28 anos, é membro da nossa Tabanca Grande, e ex-fur mil enf da CART 6250/72, "Unidos de Mampatá", Mampatá, 1972/74.

Estrutura do livro: 1º passo: I. Medas, da minha infância até à Mealhada (pp. 13/156); 2º passo: II. O piano da Mealhada (pp. 157/173); 3º passo; III. Contra os canhões, marchar, marchar... (pp. 175/204); 4º passo: IV. A revolução e o reencontro (pp. 205/214)



1. O livro vai ser apresentado no próximo sábado, dia 11 de setembro, às 11h, na Tabanca dos Melros, Fânzeres, Gondomar. (*)

Na mesa estarão presentes, além do autor, António Carvalho, o nosso editor Luís Graça,  o José Manuel Lopes (amigo e camarada do autor, também ele um dos "Unidos de Mampatá", conhecido na nossa Tabanca Grande como o "poeta Josema" e o "Zé Manel da Régua", vitivinicultor...), e ainda um das filhas do autor, a Ana Carvalho, doutoranda em ciências da educação pela Universidade do Povo.

A convite expresso do autor, o livro será apresentado pelo nosso editor Luís Graça (, de passagem pelo Norte, a matar saudades da Tabanca de Candoz, na  próxima semana). 

 Daremos mais notícias deste evento em próximo poste da série "Agenda Cultural". Quem se quiser inscrever para o almoço (20 morteiradas), que se seguirá a este evento, terá que fazer uma reserva, contactando o Gil Moutinho, régulo da Tabanca dos Melros e gestor do Restaurante Choupal dos Melros ( email: choupal@quintadoschoupos.com : telefone: 22 489 0622). 

2. Como "aperitivo", aqui fica um sugestão de leitura, feita pelo editor Luís Graça: as últimas três páginas do livro dizem muito sobre o autor,  que, com este notável posfácio, se interpela (e nos interpela) sobre as suas / nossas origens, os seus/ nossos antepassados : afinal, quem sou eu ? afinal, quem somos nós ?... 

Quem escreve este posfácio, só pode ter escrito um grande livro...


POSFÁCIO (pp. 215/217)


Se, em 1736, o Padre do Paço não se tivesse instalado, nesta minha freguesia de Medas, no lugar de Vila Cova, eu seria um outro qualquer, mas não esta mesma pessoa. Sucede que este clérigo, quando chegou do Brasil, trouxe com ele três jovens irmãos, de pele muito escura.

Monsenhor Frei Luís Pinto, o Padre do Paço, nasceu nas Taipas, município de Penafiel, em 1699, tendo ingressado, na adolescência, num convento onde recebeu, após a conclusão do curso, a ordem sacerdotal, momento em que terá feito acrescer ao seu nome o sobrenome religioso de S. Jerónimo. Mais tarde frequentou a Universidade de Coimbra onde se bacharelou em Cânones.

Atraído pelas missões apostólicas, embarcou para o Brasil onde se distinguiu, se não como missionário no terreno, pelo menos, enquanto burocrata, nalgum mais conveniente paço episcopal, o que lhe permitiu subir ao patamar de monsenhor e adquirir alguma fortuna.

Quando regressou a Portugal, provavelmente na década de quarenta do Séc. XVIII, não trazia só bens materiais, com ele vinham o António, a Ana e a Maria Trindade, escravizados no Brasil, livres agora por estarem em Portugal continental, onde beneficiaram da lei Pombalina de 1763 . 

O frade não se quis radicar na sua freguesia de nascimento , em Penafiel, antes optou por comprar a Quinta do Paço, em Medas, cujos caseiros eram da sua própria família. Pois então aqui se instalou, depois de empreender obras de alguma envergadura, no seu novo domicílio, de acordo com o seu estatuto. 

Na casa, hoje já muito alterada, havia uma capela incorporada, aposentos para os seus familiares e até para aqueles três jovens de pele escura, agora na condição de criados de servir. Dois destes criados constituíram família com casamentos promovidos pelo seu amo, dos quais resultaram cinco filhos que se espalharam pela freguesia. Parece que só o António permaneceu solteiro até morrer. Um neto da Ana, chamado José Ferreira, é, segundo afirmação de Albino dos Santos, na sua obra “Monografia da Freguesia das Medas”, um antepassado dos Ferreiras de Pombal. Ora, o meu avô paterno, José Ferreira de Carvalho, nasceu nessa casa dos Ferreiras de Pombal.

Quem sou eu, afinal ? Quem somos nós todos ?

Na verdade, qualquer um de nós pode ter um primo no local mais improvável do mundo. Especialmente, neste pedaço ibérico de formato retangular, posto avançado no extremo poente da Europa, ponto de passagem e de fixação das grandes culturas mediterrânicas, integrado em grandes impérios, invadido por povos oriundos dos confins da Europa, só por insipiência ou até estultícia alguém se pode considerar fruto de um só tipo humano.

No meu caso, a crer na qualidade daquela obra monográfica sobre a minha freguesia, eu tenho, na minha ascendência, uma costela de um ser humano aprisionado na costa ocidental africana e vendido, como escravo, no Brasil, de quem provieram aqueles três criados que o padre do Paço trouxe das terras de Santa Cruz, e o meu fenótipo traduzirá exatamente um produto compósito.

Quando estive na Guiné, na Guerra do Ultramar, em 1972/74, nunca admiti a possibilidade de ter, entre as gentes da tabanca, onde passei vinte e cinco meses, algum primo, porque, nessa altura, o autor da Monografia de Medas não tinha sequer iniciado a sua tão valiosa obra que me propiciou tão surpreendente revelação. 

Mesmo sem esse precioso conhecimento sempre mantive uma relação próxima com aquela população, apesar das abissais diferenças religiosas e culturais. Não sei se, no meu subconsciente, algo me assegurava que aquelas pessoas também eram da minha família. E elas pareciam saber, melhor do que eu, que também lhes pertencia, pela forma doce e leal como me tratavam.

Em 2009 pude e desejei ardentemente lá voltar. Ninguém aqui em casa me tentou dissuadir de tornar ao mato de África, para reencontrar gentes do tempo da guerra em Mampatá, naquela tabanca de casas cobertas de capim, na orla da mata do Cantanhês, pelo contrário, até me incentivaram.

Eu tinha a certeza que aquela viagem me iria fazer bem, porque mesmo sabendo que iria voltar a chorar, evocando momentos de dor e morte,  tinha também a certeza que iria tornar a sorrir, nos sorrisos dos olhos deles, recordando também as horas de ubérrimas conversas, à sombra dos frondosos ramos dos mangueiros, num esforço permanente de compreender os conceitos e a alma dos fulas, descodificando as palavras do seu dialeto.

Nas minhas reflexões, atrevo-me a admitir, seguindo um raciocínio lógico, uma hipótese sobre a minha ascendência genética, num esforço pedagógico de demonstrar e afirmar a minha convicção de que nós, os humanos, somos de uma só raça, embora formatados por culturas diferentes e «pintados» em diferentes colorações. 

Sobre quem fui e o que sou, acerca do meu valor individual, familiar e social, em relação aos meus méritos e falhas não sou capaz de falar. Outros o farão por mim, numa perspetiva mais equidistante ou mais subjetiva, de forma mais mesquinha ou mais generosa. Alguns terão a pretensão e a capacidade para, a partir deste braçado de histórias e contos, me compreender e julgar, se for esse o seu desejo. Todavia, recomendo que o não façam, porque o que disse de mim não é tudo o que sei ou julgo saber, nem considero o que disse uma verdade absoluta. 

Um livro como este, onde pretendi, de certo modo, autobiografar-me e relatar memórias, nascido de um desejo de gravar cenários remotos onde se encontram diluídas as minhas origens bem como do meu passado recente, incluindo algumas observações relativas ao desenvolvimento económico e social da minha freguesia, parecendo assim uma salada de temas, pode não ser coisa que preste, mas serviu, pelo menos, para saciar um desejo irreprimível.

(Reproduzido com a devida vénia... Revisão / fixação de texto, para efeitos de publicação no blogue: LG)

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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 8 de agosto de  2021 > Guiné 61/74 - P22442: Agenda cultural (779): "Um caminho de quatro passos", o livro autobiográfico do António Carvalho (ex-Fur Mil Enf, CART 6250/72, Mampatá, 1972/74), a ser apresentado na Tabanca dos Melros, Fânzeres, Gomndomar, no próximo dia 11 de setembro


(**) Último poste da série > 30 de agosto de 2021 > Guiné 61/74 - P22498: Notas de leitura (1375): “O Império com Pés de Barro, Colonização e Descolonização: as Ideologias em Portugal”, por José Freire Antunes; Publicações Dom Quixote, 1980 (Mário Beja Santos)

terça-feira, 31 de agosto de 2021

Guiné 61/74 - P22499: Paz & Guerra: memórias de um Tigre do Cumbijã (Joaquim Costa, ex-Furriel mil arm pes inf, CCAV 8351, 1972/74) - Parte XV: Férias em julho/agosto de 1973... e o teste da cerveja


Foto nº 1 > Guiné > Meados de 1973 > Não é uma  Dornier, uma DO –27.  mas um Cessna CR-GBE... Foi numa aeronave destas que o Joaquim Costa deixou Aldeia Formosa, "com a adrenalina (boa) nos limites a caminho de férias"...  
Mas esta foto não é dele, nem dos seus companheiros de viagem que alugaram uma avioneta civil para chegar a Bissau a tempo de apanharem o avião da TAP e poderem gozar a tão merecida de licença de férias na Metrópole. 

Esta foto é do  Luís Nascimento, aqui  o mais alto, o segundo a contar da esquerda, membro da nossa Tabanca, ex-1º cabo cripto, CCAÇ 2533 (Canjambari, 1969/71).A avioneta era TAGP - Transportes Aéreos da Guiné Portuguesa (voos internos), mas cada um dos 3 viajantes transportam já um saco de viajem de mão, oferta da TAP. No núcleo museológico da Tabanca dos Melros, pode ver-se um exemplar deste saco, oferta do nosso camarada Carlos Silva.

Foto (e legenda) : © Luís Nascimento (2013). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Guiné > c. 1972/4 > Imagem do Cessna, vermelho, pilotado pelo Comandante Pombo, dos Transportes Aéreos Civis da Guiné (TAGP) em que o nosso camarada Álvaro Basto fez várias viagens entre o Xitole e Bissau, nos anos da sua comissão (1972/74). Se calhar foi na mesma aeronave ecom o mesmo mítico piloto, que o Joaquim Costa viajou até Bissau para apanhar o avião da TAP.

Foto (e legenda): © Álvaro Basto (2007). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]





Joaquim Costa, ontem e hoje. Natural de V. N. Famalicão,
vive em Fânzeres, Gondomar, perto da Tabanca dos Melros.
É engenheiro técnico reformado.


Paz & Guerra: memórias de um Tigre do Cumbijã (Joaquim Costa, ex-Furriel mil arm pes inf, CCAV 8351, 1972/74) (*)

Parte XV - Férias... e o teste da cerveja


Passado pouco tempo depois de todos estes acontecimentos extraordinários (a entrada em Nhacobá, a morte de um soldado e o ferimento grave de um camarada alferes, queda de Guileje, etc, …) chegou a minha vez de gozar as tão esperadas férias.

No dia anterior à partida para Bissau, com a ansiedade nos limites, procuro a minha “mala de cartão”, que trouxe de casa, para analisar o estado da minha roupa de civil. Ao retirá-la debaixo da cama de ferro, fico na mão apenas com a pega. Reparo que a mala praticamente desapareceu, assim como a roupa e outros haveres. Estava tudo podre da humidade. Dado o pouco tempo que estaria em Bissau já tinha assumido que teria de viajar com a roupa militar. Felizmente houve tempo e lá consegui comprar umas calças e uma camisa.

A pressa de partir era muita, pelo que não dava para esperar pela coluna Aldeia Formosa - Buba, e o avião da TAP tinha dia e hora marcada, pelo que, com colegas de outras companhias, “fizemos uma perninha” e alugamos uma avioneta civil, dos TAGP,  para nos levar de Aldeia Formosa a Bissau.

Viagem inesquecível, dada a loucura do piloto tudo fazendo para nos colocar em pânico com manobras estilo campeonato mundial da “Red Bull Air Race”, argumentando, contudo, que tais manobras, visavam apenas evitar veleidades ao IN em nos atingir com a sua nova arma: o míssel terra-ar Strela. (**)



Já dentro do avião da TAP constatei que afinal havia hospedeiras (bem giras e simpáticas...) e tratamento VIP com direito a uma malinha muito “catita”  (, parecida com a da foto acima, cortesia do Núcleo Muselógico da Tabanca dos Melros; foto: LG) e whisky de borla.

A chegada ao Porto, já que em Lisboa apanhei logo avião para a Invicta (sempre ouvi dizer que o melhor de Lisboa era a autoestrada para o Porto, embora para mim continuem a ser os pasteis de Belém), foi uma sensação que jamais conseguirei descrever: poucas horas depois de sair daquele inferno encontro um país sereno, despreocupado, falando de futebol, jornais sem uma única referência ao que se estava a passar em África.

Mergulhei nesta nova realidade, aproveitando ao máximo estes 30 dias, tropeçando aqui e ali no processo de reaprender a viver na dita civilização.

Na primeira noite em casa, depois de um dia bem passado com amigos, deitei-me cedo com a sensação de me deitar numa nuvem protegido por anjos celestiais... e sem rede mosquiteira: - Dorme, “meu anjo”, que hoje com toda a certeza não haverá flagelação nem ataque ao arame e nós estamos aqui para te proteger…

À meia noite, já em sono profundo, ouço rebentamentos muito perto, dou um salto na cama e estilhaço o candeeiro de mesinha de cabeceira à procura da minha G3. Havia festa numa aldeia perto com o tradicional fogo de artifício à meia noite. A minha mãe vem ver o que se passava, muito preocupada, enquanto eu já refeito, tentava acalmá-la inventando uma desculpa esfarrapada para os estilhaços do candeeiro no chão. Não obstante aquele aparato, foi uma sensação tão agradável saber que afinal estava em casa, em segurança, com a proteção dos meus anjos celestiais. Dormi como um justo.

No Minho, durante o Verão, todos os fins de semana há festa, pelo que lá me fui adaptando... tendo partido só mais um candeeiro...

Fui reaprendendo a viver na dita civilização e a matar saudades da maravilhosa gastronomia Minhota (fazendo esquecer o arroz com estilhaços e as rações de combate) : Bom cozido à portuguesa (feito pela minha santa mãe); boas feijoadas (na tasca da Sara Barracoa,  em Famalicão); uns rojões à minhota (no Tanoeiro, em Famalição); bom cabrito à Serra D’Arga e o “Pica no chão” (em Viana); uns magníficos rojões com arroz de sarrabulho (na magnífica Vila mais antiga de Portugal - Ponte de Lima); um Polvo assado na Brasa (na Bagoeira, em Barcelos). intercalado com um bom bife com batas fritas onde calhava...

A praia: o picadeiro da Póvoa de Varzim, cheio de emigrantes falando francês (mas os palavrões eram em português!), onde visitei, a seu pedido, a casa do nosso colega e amigo alferes de artilharia (o homem do fogo amigo) levando-lhe um “miminho” da mamã.

Ainda deu tempo para uma incursão pelo alto Minho: Viana, a bela Caminha, Cerveira (terra adotiva do escultor José Rodrigues e um dos fundadores da Biemal em 1978), e a maravilhosa praia do Moledo (muito frequentada pelas elites, como Vitorino de Almeida, o grande percursor dos festivais de verão, como o mítico festival de Vilar de Mouros e mais recentemente de Durão Barroso, ainda à procura, com uma lupa, das armas de destruição maciça no Iraque).

Esta incursão pelo Alto Minho terminou (aliás, era o objetivo principal), num baile de garagem junto à praia do Cabedelo , em Darque, Viana do Castelo, local onde nasceu (em 1974) a discoteca mais badalada no país e em Espanha - a mítica Luziamar.

Depois do regresso da Guiné fiz de Viana a minha segunda casa (comprando um andar no edifício mais mediático do país – o Prédio do Coutinho), onde a ida ao Luziamar era obrigatório. Esta mítica discoteca, hoje em ruínas, faz parte das minhas boas memórias.

Umas incursões à Invicta: rever amigos nos míticos cafés da cidade (o Estrela, o Piolho, o Magestic, o Ceuta…), cinema (relembrando as sessões duplas do tempo de estudante - uma “Coboyada” para o “macho” e um romance para a “garína”), um magnifico fino, com um pratinho de bolachas salgadas na antiga fábrica da cerveja e no final do dia umas tripas no restaurante Abadia ou na Casa Aleixo (Ramiro, o seu último proprietário, foi do meu pelotão nas Caldas da Rainha, fazendo também o caminho das pedras da Guiné, bem retratado na sua correspondência de guerra exposta nas paredes do restaurante), uma referência da cidade que não resistiu à pandemia. Felizmente o Abadia ainda existe e recomenda-se.

E, ainda, assistir a um jogo de futebol no estádio das Antas, descarregando todo o stress de guerra.

O meu grande problema surgia sempre que pedia uma cerveja, a primeira porção do líquido era lançado ao chão (gesto “pavloviano”) para certificar se esta estava em bom estado (obrigatório na Guiné este teste,  dado que grande parte das cervejas chegavam já estragadas - se fizesse espuma estava boa,  se não fizesse estava estragada). Lá me desculpava ao proprietário com a chegada recente da Guiné, que nunca convenci. Embora gostasse de beber cerveja da garrafa, comecei a intercalar com finos para evitar problemas.

Quando estava já a habituar-me a esta nova vida (já não me perturbava os fogos de artifício e já não deitava cerveja para o chão, já não assustava os meus amigos com saídas inopinadas da mesa de um café após um foguete), chegou a hora do regresso à Guiné.

O meu conselho aos camaradas que estavam a preparar-se para também partirem de férias era: não façam isso! É muito doloroso, mesmo, mesmo muito doloroso o regresso, sabendo o que nos espera, muito diferente da primeira partida. Sem sucesso, claro!

Continua...
___________

Notas do editor:

(*) Último poste da série > 25 de agosto de 2021 > Guiné 61/74 - P22482: Paz & Guerra: memórias de um Tigre do Cumbijã (Joaquim Costa, ex-furriel mil arm pes inf, CCAV 8351, 1972/74) - Parte XIV: " Bora lá... para a nova casa, Nhacobá" (Op Balanço Final)

(**) Em mail que nos enviou ontem, às 16h47, esclarecendo algumas dúvidas do nosso editor, o Joaquim Costa escreveu:

"Luís, obrigado pela ajuda. Tens toda a razão. Obviamente a avioneta era dos TAGP e só podia ser um Cessna.

"Quanto ao piloto sei que era alguém muito conhecido na altura, com uma grande pedrada, pelo que, de acordo com o que me dizes só pode ser o Pombo.

"A foto da malinha claro que não é a da época mas foi a que encontrei mais aproximada.

"Quanto às minhas férias foram em 1973, no mês de Julho/Agosto (?). 

"(,,,) Uma vez mais obrigado pelo toque profissional que sempre dás aos meus postes.

"Um grande abraço e até ao dia 11 de Setembro, na Tabanca dos Melros." (...)

quarta-feira, 18 de agosto de 2021

Guiné 61/74 - P22466: Agenda cultural (781): O livro da autoria do nosso camarada Carlos Silva, "Os Roncos de Farim", foi apresentado no dia 14 de Agosto no habitual convívio da Tabanca dos Melros

1. Mensagem do nosso camarada Carlos Silva (ex-Fur Mil Inf CCAÇ 2548/BCAÇ 2879, Jumbembem, 1969/71) com data de 17 de Agosto de 2021:

Amigos Luís e Vinhal
O lançamento do livro "Os Roncos de Farim" no passado sábado na Tabanca dos Melros foi um êxito, pois estiveram talvez mais de 50 pessoas, amigos, camaradas e familiares, seguido do almoço convívio como é costume ao 2º sábado de cada mês.
Acompanhara-me na mesa o Dr. José Manuel Pavão que falou sobre os combatentes e sobre o congresso a realizar em Bissau entre combatentes.
O Sr. Mário Brito representante da editora 5Livros que também proferiu algumas palavras sobre o livro e sobre a editora.

O livro está esgotado, mas já pedi uma reedição e no futuro será comercializado através de plataformas.

Abraço
Carlos Silva


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Nota do editor

Vd. poste de 5 DE AGOSTO DE 2021 > Guiné 61/74 - P22435: Agenda cutural (778): "Os Roncos de Farim", de Carlos Silva (Porto, 5 Livros, 2021): lançamento do livro, na Tabanca dos Melros, Fânzeres, Gondomar, no próximo dia 14, sábado

Último poste da série de 17 DE AGOSTO DE 2021 > Guiné 61/74 - P22463: Agenda cultural (780): lançamento oficial no dia 9 de setembro, em Lisboa, Palácio da Independência: "Os Números da Guerra de África", de Pedro Marquês de Sousa (Guerra e Paz Editores, 2021, 384 pp.)

sexta-feira, 13 de agosto de 2021

Guiné 61/74 - P22454: Notas de leitura (1371): "Os Roncos de Farim", por Carlos Silva; editora 5 Livros, 2021, a ser apresentado amanhã na Tabanca dos Melros (Mário Beja Santos)


1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 11 de Agosto de 2021:

Queridos amigos,

Carlos Silva tinha guardado este acervo de apontamentos em que trabalhou durante anos até 2007. Dá-os agora à luz do dia com um conjunto apropriado de imagens, depoimentos e bibliografia junto até esse tempo. Continua a mexer nos papéis e promete para breve surpresas. 

O que ele aqui rolou tem a ver com o início e o desenvolvimento da história dos Roncos de Farim, falta esclarecer como é que este mítico grupo de combate arrumou as botas e quem o dirigiu depois do grave acidente de Cherno Sissé. 

Também não fica esclarecida a saída de Marcelino da Mata que mais tarde aparece como fundador de um grupo especial, Os Vingadores. Inquiriu os diferentes responsáveis pelo grupo de combate ao mesmo tempo que compendiava os sucessivos anos de atividade operacional desenvolvida. 

Temos aqui uma peça de extrema utilidade, se bem que focado numa região, Farim, onde a presença do PAIGC era constante, e presta-se a justa homenagem aos valorosos combatentes guineenses que sacrificaram a vida não só durante a guerra, como foram enxovalhados e executados no período da pós-independência.

Um abraço do
Mário



Aquele que foi o mais mítico grupo de combate português da guerra da Guiné

Mário Beja Santos

Começo por uma declaração de interesses: há anos que reúno uma estreita amizade e cooperação ao Carlos Silva. Vezes sem conta lhe bati à porta para lhe pedir livros emprestados (é possuidor de vastíssima biblioteca alusiva à nossa guerra), emprestou-me a história do BCAV 490, que eu não encontrava em parte nenhuma, ele atravessou o país para ir a um quartel e fotocopiá-la, foi obra indispensável para tudo o que escrevi no livro "Nunca Digas Adeus às Armas"; e o seu precioso dossiê sobre os "Roncos de Farim" já aqui foi alvo de recensão[*] e consta de um outro livro meu. 

Chamo a atenção do leitor que este livro, "Os Roncos de Farim", 5 Livros, 2021, reporta-se a um trabalho que estava concluído em 2007 e que hibernou até aos dias de hoje.

Surpreende-me a tenacidade deste nosso confrade que combateu em Farim, em 1969/1971, acompanhou o período terminal deste audacioso grupo de combate e conheceu os protagonistas, desde oficiais superiores, líderes do grupo de combate, com todos contatou para elaborar o documento, profusamente ilustrado, é uma verdadeira homenagem aos vivos e aos mortos que fizeram tremer os combatentes do PAIGC.

Carlos Silva começa por precisar a criação dos Roncos, falou com o alferes Filipe Ribeiro que postulou que foram constituídos na Operação Cigarra, que ocorreu em 10 de outubro de 1966, intervieram secções de milícias comandadas pelo 1.º Cabo Marcelino da Mata e por Cherno Sissé, Filipe Ribeiro contava com a sua colaboração e ficou satisfeito pelo valor militar demonstrado. 

O Tenente Coronel Agostinho Ferreira, comandante do BCAÇ 1887, concordou com a criação do grupo especial de tropa de choque. Filipe Ribeiro terá pensado nalguns nomes e considerou que os Roncos era a melhor designação que correspondia literalmente ao comportamento daqueles combatentes. 

Na ordem de serviço o grupo é criado formalmente em 15 de novembro de 1966, na dependência do BCAÇ 1887, sediado em Farim e com unidades militares disseminadas em Bigene, Guidaje e Binta, localizadas a Oeste, Jumbembem e Cuntima a Norte e Canjambari a Leste, bem como a zona de Bricama e Saliquinhedim-K3, a Sul, na outra margem do rio Cacheu. 

O comandante dos Roncos era o alferes Filipe Ribeiro coadjuvado por Marcelino da Mata e Cherno Sissé. Carlos Silva faz o historial de outras unidades a quem o grupo de combate esteve ligado, refere que participaram em mais de 30 operações desde a sua criação até ao final de 1967, com destaque à Operação Chibata, que decorreu em Cumbamori, já no Senegal. 

Ainda não está esclarecida a data de saída de Marcelino da Mata deste grupo de combate e o percurso percorrido por este, nos anos seguintes. O autor releva a atividade operacional no âmbito do BCAÇ 1887, há sempre louvores para o alferes, para Marcelino e Cherno, e descreve minuciosamente a Operação Chibata, de que, curiosamente, Luís Cabral, virá a ser primeiro dirigente da Guiné-Bissau depois da independência também relata no seu livro "Crónica da Libertação", pois nessa data ele e Chico Té estavam em Cumbamori. 

Os Roncos seguiam no primeiro dos três destacamentos da força operacional, entraram no acampamento de forma surpreendente, infligiram ao PAIGC um elevado número de mortos, capturaram armamento e documentos, mas na refrega perderam-se quatro vidas, Cherno Sissé foi ferido. Vale a pena destacar o que escreve Luís Cabral: 

“A surpresa tinha sido total. Depois de mais de quatro anos de luta armada, era a primeira vez que as forças colonialistas se aventuraram a entrar em território senegalês para, a partir daí, atacar uma base no interior deste país. Antes do romper da aurora, tinham-se aproximado cautelosamente do local onde estava instalada a nossa base. Até chegar à enfermaria, não tiveram nenhum contacto com a nossa gente. A barraca onde se encontravam os médicos e os técnicos cubanos foi a primeira a ser avisada. Um técnico cubano de artilharia deu o primeiro tiro que alertou toda a gente. Pela primeira vez eu estava presente num encontro entre as nossas Forças Armadas e o exército colonial”

Cherno Sissé contará mais tarde ao autor, chegou a haver luta corpo a corpo com recurso ao emprego da faca de mato.

Noutro capítulo, Carlos Silva destaca a atividade operacional no âmbito do BCAÇ 1932, estamos já em 1968, os atos valorosos sucedem-se e preparam as condecorações de Marcelino da Mata e de Cherno Sissé como Cavaleiros da Ordem Militar da Torre e Espada, para além das suas promoções. 

Nesta sequência, também o autor faz sobressair a atividade operacional dos Roncos com outra unidade militar, o BCAÇ 2879, estamos em 1969, ocorre um acontecimento histórico, numa localidade chamada Faquina foram apreendidas várias dezenas de toneladas de armamentos e munições. Os Roncos já são comandados pelo Furriel Cherno Sissé. 

A documentação oficial e as investigações apresentavam números díspares sobre a quantidade de armamento apreendido e foi neste contexto que Carlos Silva escreveu ao Major General Agostinho Ferreira para que este confirmasse o resultado da Operação Faquina, foram 24 toneladas. Mais tarde, os Roncos ficaram adstritos à Companhia de Caçadores 14, também sediada em Farim, o seu comandante, o então Capitão José Pais, irá contar no seu livro "Histórias de Guerra" o drama de Cherno que ficou, por razões de combate, sem uma perna e um olho e com um braço retorcido e mais curto, a viver em Lisboa em condições manifestamente degradantes. Foi assaltado em casa, reagiu disparando um tiro à queima-roupa, matou um dos gatunos. 

“A polícia desarmou-o e, enquanto saía à rua pedindo reforços e uma ambulância para o morto, a populaça atacou Cherno e com um varão de ferro vazou-lhe o único olho que lhe restava. Cherno Sissé ficou cego e foi preso. Lá fui à Boa-Hora e lá tentei explicar ao meritíssimo juiz o que é ter servido o Exército Português, o que é ter sido combatente operacional na Guiné durante nove anos seguidos, o que é ser ex-combatente desprezado e o que representa para um homem destes a perda da dignidade pessoal, face à vida. O meritíssimo parece ter entendido e aplicou-lhe três anos e meio”.

Carlos Silva junta anexos, referências, por exemplo, a Bodo Jau, um bravo do pelotão dos Roncos de Farim que posteriormente fez parte do grupo Os Vingadores, que foi fundado por Marcelino da Mata.

Uma obra de profundos afetos, insista-se. E dou comigo a pensar como a atividade operacional destes bravos veio de um passado que historicamente parece inexistente, lê-se a atividade operacional de 1966 a 1968, há todos estes atos de bravura que o autor aqui regista e em quase tudo quanto se tem publicado sobre a História da guerra da Guiné há um manto diáfano de silêncio sobre tudo o que foi combater com denodo e bravura até Spínola ter surgido e merecer em exclusivo as honras do heroísmo e da combatividade. Mistérios da historiografia.


Tenente Coronel Marcelino da Mata
Alferes Miliciano Filipe José Ribeiro e o 1.º Cabo Cherno Sissé (CCAÇ 1585)
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Notas do editor

- Este livro vai ter amanhã, dia 14 de Agosto de 2021, a sua primeira apresentação na Tabanca dos Melros, Fânzeres, Gondomar, durante o habitual convívo dos segundos sábados de cada mês.

[*] - Vd. poste de 25 de outubro de 2013 > Guiné 63/74 - P12199: Notas de leitura (528): "Os Roncos de Farim - 1966-1972", por Carlos Silva (Mário Beja Santos)

Último poste da série de 10 DE AGOSTO DE 2021 > Guiné 61/74 - P22445: Notas de leitura (1370): Prefácio de Ricardo Figueiredo ao livro "Um caminho a quatro passos", de António Carvalho

domingo, 8 de agosto de 2021

Guiné 61/74 - P22442: Agenda cultural (779): "Um caminho de quatro passos", o livro autobiográfico do António Carvalho (ex-Fur Mil Enf, CART 6250/72, Mampatá, 1972/74), a ser apresentado na Tabanca dos Melros, Fânzeres, Gomndomar, no próximo dia 11 de setembro


1. Mensagem de  António Carvalho (ex-Fur Mil Enfermeiro da CART 6250/72, Mampatá, 1972/74), também carinhosamente conhecido como o "Carvalho de Mampatá", natural de Medas,  Gondomar.

Data - terça, 3/08/2021, 23:13  

Assunto - O meu livro " Um Caminho de Quatro Passos"

Caro Luís Graça:

Acabou de sair do prelo o meu livro (*). Será apresentado na Tabanca dos Melros, no sábado, dia 11 de Setembro, pelas 11 horas. (**)

Muito gostaria de contar com a tua presença, para além de outras razões, também pelo teu papel primordial na fundação e gestão da Tabanca Grande dos Combatentes. Pretendo, oferecer-te um exemplar do meu livro,  ainda antes da respectiva apresentação, para que dele faças o uso que entenderes. 

Podes ainda, se achares por bem, divulgar a data da sua apresentação, através do blog da Tabanca Grande, bem como dizer dele o que te aprouver.

Preciso por isso que me indiques o teu endereço.

Com um abraço e votos de saúde .

António Carvalho

2. Comentário do editor LG:

António, primeiro que tudo deixa-me dizer-te da minha felicidade por teres pronto o teu livro de que fomos os primeiros, no nosso blogue,  a publicar uma série de excertos (**). E, em segundo lugar, da honra que senti pelo teu convite para a sessão da apresentação na Tabanca dos Melros. 

Infelizmente, não me vai ser possível deslocar-me nessa data até à tua terra, e à nossa querida Tabanca dos Melros. Nas próximas seis semanas, no mínimo, estou aqui preso,  na Lourinhã,  a fazer fisioterapia, a recuperar a massa muscular das minhas pernas e a fazer treino de marcha. É previsível que em outubro ou  novembro vá à "faca"... Por ora, ando de canadianas,,,

Mas terei todo o gosto em escrever uma ou mais notas de leitura do livro de que me vais mandar um exemplar, autografado, para a minha morada.  (Já conheço a fazer versão final em formato pdf, que tiveste a gentileza de me mandar há dias.) Vais por certo encontrar uma ou mais pessoas (a começar pela tua filha, o Ricardo Figueiredo, ou alguém dos "Unidos de Mampatá"...) que poderão abrilhantar, muito melhor do que eu, a sessão de lançamento do teu livro que tem um título tão sugestivo, "Um caminho de quatro passos". 

Obrigado, António, ficamos todos muito  orgulhosos, aqui na Tabanca Grande, por mais este passo que tu dás na picada da vida, cheia de minas e armadilhas, mas também de boas oportunidades para sermos criativos, felizes e solidários.... E gratos à vida!.  

Vai ser uma festa de arromba o convívio no dia 11 de setembro de 2021, na Tabanca dos Melros. Um abraço para todos os Melros e para o régulo Gil Moutinho.

PS - Num próximo poste publicaremos já o prefácio, da autoria do teu e nosso amigo e camarada Ricardo Figueiredo, para além  do teu posfácio.

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Notas do editor:

(*) Vd. postes de:

24 de fevereiro de 2021 > Guiné 61/74 - P21942: Projecto de livro autobiográfico, de António Carvalho, ex-Fur Mil Enfermeiro da CART 6250/72 (Mampatá, 1972/74) (8): O valor da seringa

22 de fevereiro de 2021 > Guiné 61/74 - P21935: Projecto de livro autobiográfico, de António Carvalho, ex-Fur Mil Enfermeiro da CART 6250/72 (Mampatá, 1972/74) (7): O milagre de Nhacobá

19 de fevereiro de 2021 > Guiné 61/74 - P21920: Projecto de livro autobiográfico, de António Carvalho, ex-Fur Mil Enfermeiro da CART 6250/72 (Mampatá, 1972/74) (6): O soldado dos pés inchados

17 de Fevereiro de 2021 > Guiné 61/74 - P21912: Projecto de livro autobiográfico, de António Carvalho, ex-Fur Mil Enfermeiro da CART 6250/72 (Mampatá, 1972/74) (5): Dormir com o inimigo

15 de Fevereiro de 2021 > Guiné 61/74 - P21905: Projecto de livro autobiográfico, de António Carvalho, ex-Fur Mil Enfermeiro da CART 6250/72 (Mampatá, 1972/74) (4): A vaca

12 de fevereiro de 2021 > Guiné 61/74 - P21891: Projecto de livro autobiográfico, de António Carvalho, ex-Fur Mil Enfermeiro da CART 6250/72 (Mampatá, 1972/74) (3): O canhangulo

10 de Fevereiro de 2021 > Guiné 61/74 - P21880: Projecto de livro autobiográfico, de António Carvalho, ex-Fur Mil Enfermeiro da CART 6250/72 (Mampatá, 1972/74) (2): Despejado na Guiné

12 de janeiro de 2021 > Guiné 61/74 - P21762: Projecto de livro autobiográfico, de António Carvalho, ex-Fur Mil Enfermeiro da CART 6250/72 (Manpatá, 1972/74) (1): Contra os canhões marchar, marchar...

(**) Último poste da série > 5 de agosto de 2021 > Guiné 61/74 - P22435: Agenda cutural (778): "Os Roncos de Farim", de Carlos Silva (Porto, 5 Livros, 2021): lançamento do livro, na Tabanca dos Melros, Fânzeres, Gondomar, no próximo dia 14, sábado

quinta-feira, 5 de agosto de 2021

Guiné 61/74 - P22435: Agenda cutural (778): "Os Roncos de Farim", de Carlos Silva (Porto, 5 Livros, 2021): lançamento do livro, na Tabanca dos Melros, Fânzeres, Gondomar, no próximo dia 14, sábado





Capa, contracapa e badana do livro do Carlos Silva


1. No próximo dia 14, sábado, vai ser apresentado na Tabanca dos Melros, em Fânzeres, Gondomar, o  livro do nosso camarada  Carlos Silva (ex-Fur Mil Armas Pes Inf, CCAÇ 2548/BCAÇ 2879, Jumbembem, 1969/71), já aqui anunciado (*).

O livro vai ser vendido pelo autor praticamente a preço de custo, ou seja, a 10 euros. 

Esperemos que apareçam em força os muitos amigos e camarada do Carlos Silva, régulo da Tabanca, juntamente com o Gil Moutinho. Temos pena de não poder dar lá um salto nesta altura do ano. (LG)
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Nota do editor:

Último poste da série > 29 de julho de 2021 > Guiné 61/74 - P22414: Agenda cultural (777): "Os Roncos de Farim", um livro da autoria do nosso camarada Carlos Silva, a ser lançado brevemente

quinta-feira, 29 de julho de 2021

Guiné 61/74 - P22413: Paz & Guerra: memórias de um Tigre do Cumbijã (Joaquim Costa, ex-furriel mil arm pes inf, CCAV 8351, 1972/74) - Parte XIII: O Dia Mais Negro: o segundo murro no estômago (Op Balanço Final)

 



Foto nº 1
  > Guiné > Região de Tombali > Cumbijã  > CCAV 8351 > O encontro, não muito amistoso, da cabra “Joana” que trouxemos de Nhacobá no dia da operação Balanco final,  com o “rei” do destacamento do Cumbijã - o cão rafeiro “Tigre” > Com o tempo lá foram partilhando o protagonismo. Foto: cortesia do Carlos Machado.

 


Foto nº 2 > Encontro anual dos Tigres do Cumbijã > À esquerda o nosso querido Furriel Enfermeiro, que no dia mais negro da companhia teve a coragem, o sangue frio e competência na estabilização do nosso camarada alferes com um ferimento muito grave na garganta. Neste dia negro para além do ferido muito grave sofremos o segundo morto em combate e vários feridos ligeiros.

Fotos (e legendas): © Joaquim Costa (2021). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]




Joaquim Costa, ontem e hoje. Natural de V. N. Famalicão,
vive em Fânzeres, Gondomar, perto da Tabanca dos Melros. 
É engenheiro técnico reformado. Há dias, a 15 do corrente, 
 escreveu-nos o seguinte: 

(...) "Reconfortado pela café oferecido pelo régulo 
da Tabanca dos Melros, que rasgou os ares da Guiné no seu T6, o Gil Moutinho, 
com direito a visita guiada ao magnífico museu (que não paguei,
já que apresentei o meu cartão de antigo combatente) 
e pela agradável conversa com os catedráticos e velhinhos do blogue
o Carvalho de Mampatá e o Ferreira da Silva.
Uma tabanca a 10 minutos a pé da minha casa 
e que ainda não a tinha visitado enquanto tal. Sem desculpa!" (...)


Paz & Guerra: memórias de um Tigre do Cumbijã (Joaquim Costa, ex-Furriel mil arm pes inf, CCAV 8351, 1972/74) (*)


Parte XIII: O Dia Mais Negro: o segundo murro no estômago 
(Op Balanço Final)

 

Ao terceiro dia da Operação Balanço Final, dois grupos de combate da companhia saem de Cumbijã com destino a Nhacobá para render os outros dois grupos de combate que aí pernoitaram.

Percorridos uns quilómetros, numa zona de vegetação densa, somos emboscados por um grande grupo de guerrilheiros que nos surpreende com um forte poder de fogo de armas ligeiras, RPG e morteiro. Dada a surpresa e a configuração do terreno demoramos algum tempo a reagir.

Depois da surpresa lá conseguimos rechaçar o ataque, fazendo estragos ao IN, mas com consequências dramáticas para nós: um soldado morto, um Alferes ferido com muita gravidade e alguns feridos ligeiros. 

Depois de acionado o pedido de ajuda à aviação, bem como o pedido de um possível helicóptero para evacuação urgente do alferes gravemente ferido, era indescritível o sentimento em cada um de nós, obviamente de medo no primeiro momento, mas depois de raiva com a vontade de irmos atrás de quem provocou todo aquele horror, num sentimento primário de vingança (compreensível).

Depois de cumprida a evacuação dos nossos camaradas; pois que a preocupação maior era dar segurança ao extraordinário trabalho do furriel enfermeiro e à sua equipa nos primeiros socorros aos feridos bem como assegurar a operação de evacuação; caímos em nós e ninguém conteve compulsivamente as lágrimas.

O nosso camarada alferes, evacuado para o Hospital de Bissau, foi passado pouco tempo, dada a gravidade dos ferimentos, evacuado para Lisboa.

Depois da bem sucedida, complexa e arriscada operação de assalto a Nhacobá, esta emboscada foi um dos confrontos mais duros e de maior dramatismo para a companhia. O IN queria mostrar que a ocupação definitiva da sua antiga base não era assunto encerrado.

As flagelações constantes ao destacamento bem como os ataques ao arame eram momentos de grande aflição, mas o controlo da situação era quase absoluto já que nos viamos uns aos outros e nos sentimos todos juntos a enfrentar a situação. Num contacto no mato, só vemos o camarada que está à nossa frente e o que está atrás de nós. Disparamos por instinto, de onde ouvimos os disparos do IN, mas sem ter a certeza da configuração e disposição no terreno das nossas forças, correndo sérios riscos de fogo amigo. 

A mobilidade do grupo IN que conhece bem a zona e se pode movimentar e dispersar reagrupando-se facilmente num outro local, são fatores que os colocam em situação de grande desvantagem já que a nossa movimentação tem de ser sempre organizada e em grupo sem nunca perder de vista o camarada da frente e o de trás. Quem se perder dificilmente alcançará o destacamento.

Este foi, para mim, o momento mais difícil dos dois anos passados na Guiné. Pelas perdas que nos apertava o coração e nos enchia os olhos de lágrimas, mas também pelo que nos dava a conhecer do que seria o futuro próximo, instalados na antiga base do PAIGC, sem o mínimo de condições de segurança e habitabilidade.

Sentíamos que, o que nos era exigido, depois da ocupação do Cumbijã e o assalto a Nhacobá, para além de injusto (dado tudo o que já tínhamos sofrido), era algo de desumano.

Este foi também o momento de viragem, onde passamos, inexplicavelmente, a relativizar perdas, onde todos perdemos um pouco de nós (tal como éramos) e passamos a ser outros sem deixarmos de ser nós próprios. Confuso, mas foi assim mesmo…

Passamos a esquecer o dia de ontem rapidamente (em defesa da nossa saúde mental); a viver o presente intensamente (não deixando de viver a nossa juventude, mesmo naquelas condições, em convívio com um grupo de amigos que as contingências da guerra nos unia ao ponto de o sofrimento ou alegria de um ser o sofrimento e a alegria do grupo) e a não pensar muito com o amanhã (aprendemos com o tempo a não sofrer por antecipação). 

Lendo tudo o que outros disseram sobre nós (alguns excertos aqui publicados) é claramente percetível o que acabo de afirmar.

Dou comigo, hoje, passados todos estes anos, a ter dificuldade em reconstruir a fita do tempo. Questiono-me muitas vezes se tudo o que a minha memória guardou é verdade ou ficção. Se tudo o que a minha memória me diz é realidade ou sonho.

Não faz parte destas minhas memórias (nunca o faria) transformar os confrontos da CCav 8351 com os guerrilheiros do PAIGC como se de um jogo de futebol se tratasse,  contabilizando os mortos e feridos de um lado e do outro. Contudo, não deixa de ser perturbador o que está vertido em documentos oficiais do exército, bem como em relatos de outros camaradas, transcritos nestas memórias no capítulo: “O que outros disseram de nós”

Uma das imagens que várias vezes me ocorrem à memória, e me continuam a perturbar, é a visão de dois guerrilheiros mortos, já despojados dos seus haveres e “roncos” por milícias africanos, deixados na mata no primeiro dia da operação “Balanço Final”. 

Arrepia-me a indiferença como o fizemos e como permitimos a profanação dos seus cadáveres despojados até das suas fardas. Não concebo, nem aceito, este desprezo pela vida humana. Tinha uma réstia de esperança que tal não passava de um sonho, tudo era fruto da minha imaginação. Infelizmente tal não se confirmou. Fui confrontado com a realidade pura e dura ao ver, duas fotografias, tiradas por um colega de uma outra companhia que participou na operação, com a imagem dos dois guerrilheiros mortos no momento em que passavamos por eles já despojados, pelas nossas milícias, dos seus haveres e “roncos”. Por mais que tente contextualizar, esta imagem continua a ser muito dolorosa e perturbadora…

(Continua)
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Nota do editor:

(*) Últimos cinco postes anteriores da série;

8 de julho de 2021 > Guiné 61/74 - P22350: Paz & Guerra: memórias de um Tigre do Cumbijã (Joaquim Costa, ex-furriel mil arm pes inf, CCAV 8351, 1972/74) - Parte XII: A primeira noite em Nhacobá (Op Balanço Final)

23 de junho de 2021 > Guiné 61/74 - P22308: Paz & Guerra: memórias de um Tigre do Cumbijã (Joaquim Costa, ex-Furriel mil arm pes inf, CCAV 8351, 1972/74) - Parte XI: Op Balanço Final: Assalto a Nhacobá ou o dia mais longo

7 de junho de 2021 > Guiné 61/74 - P22261: Paz & Guerra: memórias de um Tigre do Cumbijã (Joaquim Costa, ex-Furriel mil arm pes inf, CCAV 8351, 1972/74) - Parte X: a segunda "visita dos vizinhos" (com novo ataque ao arame)

26 de maio de 2021 > Guiné 61/74 - P22225: Paz & Guerra: memórias de um Tigre do Cumbijã (Joaquim Costa, ex-Furriel mil arm pes inf, CCAV 8351, 1972/74) - Parte IX: O primeiro murro no estômago

1 de maio de 2021 > Guiné 61/74 - P22159: Paz & Guerra: memórias de um Tigre do Cumbijã (Joaquim Costa, ex-Furriel mil arm pes inf, CCAV 8351, 1972/74) - Parte VIII: A primeira visita... dos "vizinhos", com ataque ao arame!

sexta-feira, 16 de julho de 2021

Guiné 61/74 - P22377: Tabanca Grande (521): Manuel Domingos Ribeiro, ex-Fur Mil Art MA da CART 6552/72 (Cameconde, Cacine, Cabedu e Catió, 1972/74) que se senta no lugar 844 do nosso Poilão


1. Mensagem do nosso camarada e novo tertuliano, Manuel Domingos Ribeiro, ex-Fur Mil Art/MA da CART 6552 (Cameconde, Cacine, Cabedu e Catió, 1973/74), com data de 15 de Julho de 2021:

Sou Manuel Domingos Carneiro Ribeiro, natural de Rio Tinto, Concelho de Gondomar, morador na freguesia de Cête, Concelho de Paredes, Distrito do Porto.

Ex-Furriel Mil Atirador de Artilharia/Minas e Armadilhas e pertenci à CART 6552.

Fui mobilizado para servir na ex-Província Ultramarina de S. Tomé e Príncipe em Outubro de 1972, mas fui desviado para a Guiné em Maio de 1973, onde estive até 7 de Setembro de 1974.

Junto, como é da praxe 2 fotografias, uma atual e outra do tempo da Guiné - Cameconde, Cacine, Cabedu e Catió.

Sou seguidor do blog desde 2011, mas só agora consegui tentar inscrever-me.

Junto com a minha foto do tempo da Guiné a bordo de uma lancha da Marinha com destino a Cacine, seguem mais duas de Cameconde.

Sem mais de momento
Os cumprimentos
Manuel Ribeiro


Fur Mil Manuel Domingos Ribeiro a caminho de Cacine.
Manuel Domingos Ribeiro, "hoje"
Vistas parciais de Cameconde

********************

2. Nota do coeditor:

Caro Manuel Domingos,
Muito bem-vindo à tertúlia, em nome de quem te deixo desde já um abraço. Ficas com o lugar n.º 844, à sombra do nosso Poilão, "sítio" onde poderás publicar as tuas memória escritas e fotografadas.

Quase ias perdendo a grande oportunidade da tua vida. Já viste o desperdício de uma comissão de serviço em S. Tomé, quando a Guiné estava aqui tão perto? Também não sei o que esperavas, sendo Atirador e tendo o curso de Minas e Armadilhas, e tudo, o que ias fazer para uma ilha paradisíaca, armadilhar coqueiros? Fazer tiro ao alvo?

Agora a parte séria. A vossa Companhia foi para Cameconde (subsector de Cacine) quando aquilo estava mesmo muito quentinho. Não nos queres dar o teu testemunho daqueles últimos dias, já que a CART 6552 ali permaneceu até à entrega do aquartelamento ao PAIGC?

Parece que o vosso destino era entregar aquartelementos porque após a retirada de Cameconde foram para Cabedu, onde também passaram o testemunho ao PAIGC. De tudo isto nos poderás falar e enviar fotos dos momentos mais marcantes do fim da nossa permanência na Guiné.

Uma nota de rodapé para te dizer que, morando tu no Grande Porto, tens perto de ti a Tabanca dos Melros, com sede e Museu na Quinta dos Choupos, em Fânzeres/Gondomar, onde no segundo sábado de cada mês a malta se reune para conviver a apreciar deliciosos almoços servidos pelo nosso camarada Gil Moutinho, ele próprio ex-Fur Mil Piloto que sobrevoou os céus da Guiné. Como os tempos vão conturbados é melhor confirmares.

E pronto, aqui fica o abraço dos editores deste Blogue com a certeza da nossa disponibilidade para dar estampa às tuas memórias e fotos dos teus, e nossos, tempos de combatentes à força.

CV