sexta-feira, 6 de julho de 2012

Guiné 63/74 - P10123: Os nossos seres, saberes e lazeres (48): Festa do pão do moinho, 1 de julho de 2012, Atalaia, Lourinhã (Parte II): A banda da Associação Musical da Atalaia... é uma festa! ... (E onde se fala também dos antigos prisioneiros portugueses na ìndia, 1961/62) (Luís Graça)




Lourinhã, Atalaia, 1 de julho de 2012. Festa do pão do moínho. Atuação da banda da Associação Musical da Atalaia.


Vídeo (4' 16''): Luís Graça (2012). Alojado em You Tube > Nhabijoes 




1. A 2º edição da Festa do Pão do Moinho (a 1ª edição realizou-se o ano passado) foi organizada pela Associação Musiscal da Atalaia (AMA) e abrilhantada pela sua banda (*)...

A AMA tem uma escola de música e uma banda de música, composta essencialmente por gente jovem. Lê-se no sítio desta associação:

(...) "A Escola de Música, iniciou a sua primeira aula no dia 1 de Dezembro de 1985 com 18 alunos e teve a sua primeira actuação no dia 6 de Setembro de 1986 com a designação de Escola de Música da Atalaia, criada por Joaquim Isidoro dos Santos e Luís Fernando dos Santos, tendo sido na altura, inserida na Associação Desportiva e Recreativa Marítimo de Atalaia.

(...) "Mais tarde, por imperativos legais e legítimos, verificou-se a necessidade de ser separada da Associação Desportiva e Recreativa Marítimo de Atalaia.


(...) "[Em finais de ] 2007, foi legalmente criada a AMA – Associação Musical da Atalaia, no Cartório Notarial da Lourinhã por um grupo de outorgantes que quiseram dar à Banda a existência legal como é seu direito e melhorar as suas condições de vida como Órgão Cultural (...).

"Como Sede, foi-lhes cedida pela Câmara Municipal da Lourinhã a antiga e desactivada E.B.1 [, antiga escola do ensino primário,] da Cabaceira,  em Atalaia, local onde são dadas as aulas de instrução musical e realizados os ensaios gerais. A actual direcção  [está a construir de raiz uma sede, a qual vai permitir] oferecer melhores condições aos jovens músicos.

"A finalidade desta Associação destina-se ao cultivo das artes, visando a formação Humana através da Educação Cultural e Recreativa e encontrando-se aberta a pessoas de ambos os sexos para o ensino da música. Neste local ensaia, para além da Banda, uma Orquestra Ligeira e poderá surgir a formação de outros grupos, nomeadamente um Grupo Coral e/ou um Rancho Folclórico.

"Actualmente a Banda é composta por 45 elementos maioritariamente jovens com idades compreendidas entre os 12 e os 66 anos, com uma média de idades de 16 anos. São na sua maioria adolescentes, estudantes do Ensino Secundário, sendo que, existem alunos do Conservatório e estudantes em Escolas Profissionais de Música. (...).





 Lourinhã > Atalaia > 1 de julho de 2012 > Festa do pão do moinho > Uma terra de gente trabalhadora, mas que gosta e sabe divertir-se e conviver: terra de agricultores, pescadores, mariscadores, "viveiristas de frutos do mar", comerciantes, improtadores e exportadores de marisco, músicos, padeiras, moleiros e... moleirinhas! Foto de L.G.

2. Sobre os dois fundadores da Escola de Música da Atalaia convirá dizer o seguinte:

(i) Luís Santos é o atual maestro da banda da AMA. Nasceu na Atalaia, em 1941;Começou a aprender música aos 10 anos.  Em 1959, ingressou como voluntário na Banda de Música da Escola Prática de Infantaria, em Mafra. Em 1967, através de concurso público, entra para a  Banda de Música do Comando Geral da Guarda Nacional Republicana (GNR).

Em 1982, é sargento ajudante, e fica a desempenhar as funções de Subchefe da Banda de Música do Comando Geral da GNR.

Em 1984, é promovido ao posto de sargento chefe e em 1989 ao posto de sargento mor, desempenhando as funções de chefe adjunto da referida Banda de Música.

Desde 1975 dirige a Banda do então Batalhão de Sapadores Bombeiros, hoje Regimento. Reformado da GNR, dirige igualmente a banda da AMA.

(ii) O Joaquim Isidoro Santos, o outro dos fundadores da primitiva Escola de Música da Atalaia, em 1985, é irnão do maestro da banda da AMA. Foi taxista, é também nascido na Atalaia. Tinha 21 anos quando foi para Índia, em cumprimento do serviço militar. Pertencia à CCAÇ 8 do RI 5, Caldas da Rainha. Em Goa, foi nomeado encarregado da messe de sargentos, tarefa que cumpriu desde Março de 1961 até à invasão do território pelas tropas da União Indiana, em 18/19 de Dezembro de 1961. Foi então feito prisioneiro.



Caldas Rainha, RI 5... S/d... Convívio de antigos prisioneiros na India (1961/62). Pertenciam às Companhias de Cacadores 6, 7 e 8 , do RI 5.



O estandarte da CCAÇ 8, do RI 5, Caldas da Rainha.


Fotos da página do Joaquim Isidoro no Facebook (Reproduzidas com a devida vénia...)





Já aqui, no nosso blogue, tínhamos falado deste meu conterrâneo e camarada lourinhanense, um homem voluntarioso e decidido, e da sua  iniciativa, inédita, em 2008, de homenagear publicamente o seu antigo comandante, o gen Vassalo e Silva, prisioneiro como ele das tropas indianas, conforme

(…) “Manuel António Vassalo e Silva, último governador português de
Goa, Damão e Diu, foi homenageado no passado dia 22 de Junho [de 2008] na Atalaia, naquela que foi a primeira cerimónia pública do género no país. Para prestar a homenagem, foi descerrada uma lápide em sua memória junto à praceta que passou a designar-se Praceta General Vassalo e Silva, localizada a cerca de 600 metros a norte da Igreja de Nª Srª da Guia”. (...)

O Joaquimn Isidoro também é um dos co-fundadores, em 2000, [, originalmente, Associação dos Ex-Prisioneiros de Guerra da Índia e de Timor]. Tal como no passado, fui de novo encontrá-lo na Festa do Pão do Moinho. Falámos, naturalmente, como camaradas, das coisas da guerra e da paz, e das dificuldades que os antigos combatentes enfrentam, a começar pelas da sua representação e organização... Até um dia destes, Joaquim!

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Nota do editor:

(*) Último poste da série > 5 de julho de 2012 > Guné 63/74 - P1020: Os nossos seres, saberes e lazeres (47): Festa do pão do moinho, 1 de julho de 2012, Atalaia, Lourinhã (Parte I): O som inconfundível do vento a soprar nas velas, nos mastros, nas cordas e nos búzios dos moinhos da minha terra, acompanhou-me desde sempre, desde a minha infância até Bambadinca..., tal como o cheiro, o sabor, a cor e a textura do pão, feito com a farinha do moleiro... Desculpem-me a fra(n)queza!... (Luís Graça)

Guiné 63/74 - P10122: Em busca de... (195): Informação sobre o Soldado Escriturário Carlos da CCAÇ 3476, Canjambari, Chugué, 1971/73 (Jaime Vieira)





1. O nosso Camarada Jaime Vieira, ex-Sold da CCAÇ 3476, Canjambari, Chugué, 1971/73, enviou-nos o seguinte apelo:


Boas noites ou bons Dias a todos os camaradas da Guiné,


Os meus parabéns por terem se lembrado de nós. 

Fui soldado na companhia de caçadores 3476. 

Estive em Canjambari - sector de Farim, nos anos de 1971 e 72, e depois estive no Chugué – junto a Mansoa -, em 1973. 

Regressei a casa em 16 de Dezembro de 1973. 

Tínhamos o nome de “Bebés de Canjambari”, por a companhia ser muito jovem ou a mais jovem de todas. 

Agora meus amigos, tenho uma curiosidade que gostava de ver satisfeita: no ano de 1972 desapareceu um soldado escriturário, com o nome de Carlos, creio que era de Trás-os-Montes. Era meu amigo e sempre me preocupei em saber o que lhe aconteceu posteriormente. 

Se algum camarada souber algo sobre este meu amigo, peço o favor de me informar para o e-mail: 52_j@live.com

A companhia era açoriana. 

Por agora é tudo.

Um abraço a todos,
Jaime Vieira


2. O nosso Camarada José Martins já nos enviou a ficha desta Unidade:

A Companhia de Caçadores 3476 foi mobilizada no Batalhão Independente de Infantaria nº 18, em Ponta Delgada. Esta unidade tinha como divisa “Os Bebés de Camjabari”.

Embarcaram em 25 de Setembro de 1971, chegando a Bissau no dia 30 desse mês.

Sob o comando do Capitão Miliciano de Infantaria Jorge Alberto da Conceição Hagedorn Rangel, substituído em data não referida pelo Alferes Miliciano de Infantaria António Augusto Pires e Castro.

Realizaram no CMI – Centro Militar de Instrução, no Cumeré. A Instrução de Aperfeiçoamento Operacional, no período de 02 a 30 de Outubro de 1971.

Parte para Camjabari a 2 de Novembro de 1971 para, em sobreposição com a Companhia de Caçadores nº 2681, efectuar o treino operacional, assumindo a responsabilidade do subsector de Camjabari, em 28 de Novembro de 1971, integrando o sector à responsabilidade do Batalhão de Artilharia 3844. A missão prioritária a esta subunidade era proceder pressão sobre a linha de infiltração de Sitató.

Substituída pela Companhia de Caçadores nº 4143/72 a 14 de Novembro de 1972, segue para Dugal a 16, para sobrepor e render a Companhia de Artilharia nº 3332, assumindo a responsabilidade do subsector, com destacamentos em Fatim, Chugué e Fanhe, e para missões de segurança de instalações e populações da área, integrada no dispositivo do Comando Operacional nº 8.

É transferida para o COMBIS (Comando de Bissau) em 30 de Setembro de 1973), sendo rendida em Dugal pela 2ª Companhia do Batalhão de Caçadores nº 4610/72 e, em 3 de Outubro de 1973 rende, em Bissau, a Companhia de Cavalaria nº 3420.

Dois meses depois, a 6 de Dezembro é rendida no COMBIS pela Companhia de Caçadores nº 3565 e embarca de regresso em 13 desse mês.

Foi rendido neste subsector pela Companhia de Caçadores nº 4143/72, seguindo em 14 de Novembro desse ano para Dugal, onde, a partir do dia 16 seguinte,

É substituída pela Companhia de Caçadores 2548/BCAÇ 2879 em Julho de 1969, recolhe a Bissau e embarca de regresso à Metrópole em Junho de 1971. 
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Nota de M.R.:

5 DE JULHO DE 2012 > Guiné 63/74 - P10118: Em busca de... (194): Camaradas do Pel Rec Daimler 2208, Mansabá e Mansoa, 1969 1971 (Carlos Alberto Pinto)

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Guiné 63/74 - P10121: Agenda Cultural (210): “Não sabes com vais morrer” um livro do nosso Camarada Jaime de Jesus Froufe Andrade – Moçambique -, 1968-70 (José Martins)





1. O nosso Camarada José Marcelino Martins (ex-Fur Mil Trms da CCAÇ 5, Gatos Pretos, Canjadude, 1968/70), enviou-nos a troca de e-mails entre ele próprio, o nosso Camarada Juvenal Amado e o autor do livro “Não sabes como vais morrer”, que contem, segundo as suas palavras, “… histórias que 'apenas diferem' nas longitudes ou latitudes, porque guerra é sempre guerra".



O autor é Jaime de Jesus Froufe Andrade, pertenceu ao Batalhão de Caçadores 2842 e fez parte da Companhia 2358, Maio de 68 a Maio de 1970, "sempre na província de Tete e a minha companhia esteve no Bene, Tembué e Vila Coutinho, tendo o meu pelotão estado nesses sítios e ainda nos destacamentos do Tsangano e Cantina do Freitas. A companhia esteve também em Tete na chamada intervenção".


2. Sobre o livro pronunciou-se assim a Agência Lusa:


Trata-se de um conjunto de oito histórias da guerra colonial que o autor viveu em primeira pessoa durante a sua comissão de serviço em Moçambique, como alferes miliciano de Operações Especiais ("rangers"), entre 1968 e 1970. São outros tantos retratos da vida que centenas de milhar de jovens portugueses viveram, nos anos da guerra colonial, no meio do "mato", em Moçambique, Angola ou na Guiné-Bissau.


As histórias são escritas com dramatismo, em que cabem momentos de humor, perplexidade, angústia e ansiedade, mas também a profundidade psicológica, que faltam a muitos relatos de guerra.

As pelo menos duas gerações de portugueses que viveram a guerra em África reconhecer-se-ão facilmente nestas linhas escritas por Froufe Andrade.

Noutro capítulo, o autor narra o regresso atribulado de Moçambique a Portugal, a bordo do navio Vera Cruz, sobrelotado com três mil militares.

Quando navegava perto do Cabo da Boa Esperança (o mítico Cabo das Tormentas de Camões), na África do Sul, o enorme navio foi atingido, na sequência do efeito conjunto de duas ondas sísmicas e de uma tempestade, por gigantescas vagas, sofrendo graves avarias e tendo estado a ponto de soçobrar.

As circunstâncias desta viagem são narradas em primeira pessoa por Froufe Andrade e ainda por um conjunto de 12 depoimentos por ele próprio recolhidos junto de outros militares, oficiais, sargentos e praças, que consigo viajaram. O autor entrevistou ainda o oficial-piloto que estava de turno na ponte de comando do navio e pesquisou ainda o diário de bordo do navio, no Arquivo Central da Marinha, onde recolheu elementos dos dois comandantes que seguiam a bordo, o comandante do navio e o comandante dos militares a bordo.

Jaime Froufe Andrade nasceu em 1945, no Porto. É jornalista profissional, trabalhou durante muitos anos do Jornal de Notícias e integra actualmente os quadros da revista Notícias Magazine, distribuída semanalmente com o aquele jornal portuense e com o lisboeta Diário de Notícias.



Livros: Froufe Andrade publica histórias da guerra colonial na primeira pessoa Porto, 19 Nov (Lusa) - A Associação de Jornalistas e Homens de Letras do Porto (AJHLP) lançou "Não sabes como vais morrer", de Jaime Froufe Andrade, um novo título da Colecção Memória Perecível, anunciou hoje fonte da AJHLP.

Notas:

- na imagem Froufe Andrade num Aloette III, pronto para mais uma operação.
- o livro está à venda nos escaparates das livrarias Bertrand e FNAC, pelo preço de 7 € (Sete Euros).

3. A divulgação do livro pelo pessoal do blogue iniciou-se com o seguinte e-mail do nosso camarada Juvenal Amado:

Caros camaradas

Há dias recebi esta mensagem que com a devida autorização divulgo.

"Começo por lhe pedir desculpa por este meu atrevimento, que espero releve sem grandes dificuldades, em nome daquilo que penso ajuizará de mim.

Acaba de sair a segunda edição de um pequeno livro que escrevi sobre a minha experiência de guerra durante a minha comissão em Moçambique como alferes miliciano. Confesso que fiquei com o ego em alta por esta aposta da editora numa segunda edição.

Infelizmente não tenho posses para poder oferecer um exemplar, como tanto gostaria, a cada amigo. Resta-me propor que me "comprem" esta obra-prima com o sombrio nome "Não sabes como vais morrer"...

Outra boa novidade para mim é a prerrogativa que desta vez terei de comprar livros à editora a preço de custo ou seja a 2.80 Euros, quantia que decidi arredondar para os 3 (três) Euros por causa dos portes do correio.

Gosto grande para mim seria tê-lo como leitor. Se estiver nisso interessado só terá de me dar a sua morada (não esquecer o código postal) para eu lhe enviar o livro pelo correio.

A quitação seria pela forma mais prática: uma passagem pelo multibanco e transferência dos ditos três Euros para o NIB 0035 0651 0031 2990 2003 4. 


Pedidos:
froufe.andrade@yahoo.com
Telemóvel:939 320 807 

Que me diz? Confio na qualidade da sua resposta, vá ela em que sentido for.

Abraço
Jaime Froufe Andrade"


4. O Juvenal Amado, recebeu do Froufe Andrade a seguinte resposta:

Caro ex-Combatente Juvenal Amado!

Esta minha "campanha" (venda a preço de custo) é para manter enquanto houver livros. Optei por uma maior divulgação do meu trabalho em detrimento do lucro. É aquela velha realidade: nunca se pode ter tudo...

Segunda-feira de manhã irei ao correio expedir vários livros e aproveitarei para enviar já os vossos. Normalmente o correio demora entre dois a quatro dias a fazer a entrega. Peço-te por favor que mal os dois livros cheguem à tua posse que me avises para eu ficar tranquilo. Sobre esse ponto começo a ficar convencido de que os correios portugueses são muito fiáveis.

Um bom fim-de-semana e até breve. Um abraço.



5. No mesmo dia, 27 de Junho, o Juvenal recebeu esta mensagem: 



Hoje de manhã expedi o teu livro e o do Dinis. Amanhã seguirá o do Manuel Reis. Estou-te muito grato por esta tua acção de divulgação. A editora irá colocar o livro nas livrarias a Sete Euros. No entanto, eu vou tentar ir comprando o mais possível à editora livros a preço de custo (2,80 €) para os passar para as mãos de ex-Combatentes interessados a três euros por causa dos vinte e tal cêntimos de portes).

É verdade que em cada livro expedido perco dois cêntimos, mas vou buscar esse prejuízo nos livros que chegam ao destino sem ser pelo correio. No fim, julgo que "fico em casa" ou seja nem ganho nem perco. 

A minha opção é de facto a da divulgação em desfavor do lucro à custa dos ex-Combatentes. Estás a ver o ponto. O meu objectivo é legar este testemunho vivencial ao maior número de pessoas incluindo pessoas de gerações posteriores à guerra e que também merecem ser esclarecidas através de testemunhos deste tipo de como as coisas se passavam connosco em África. 

Se esta perspectiva te fizer sentido, não te canses de fornecer o meu contacto a eventuais interessados pela temática. Como te disse já, avisa-me por favor quando os livros chegarem para eu poder ficar tranquilo, embora a minha confiança nos correios seja grande. Quem estiver interessado pode enviar o respectivo pedido para:
NIB 0035 0651 0031 2990 2003 4. 


6. Com esta informação enviei ao Froufe Andrade o seguinte e-mail:

A notícia chegou-me através do nosso amigo Juvenal Amado.

Segue, de acordo com mail recebido, as indicações necessárias;

José Marcelino Martins
Rua Dr. Sidónio Pais, 14-1º dtº
12675.503 Odivelas

Agradeço dedicatória do autor no livro pois, como diz um amigo meu, só não tenho "Os Lusíadas" autografado. Mas ainda não perdi a esperança pois, sendo contemporâneo de D. Sebastião, numa manhã de nevoeiro aparecerão os dois.
Um abraço
José Martins
Guiné 1968/70


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Nota de M.R.:

4 DE JULHO DE 2012 > Guiné 63/74 - P10115: Agenda Cultural (211): Lançamento dos livros "Filhos da Terra - A Comunidade Macaense Ontem e Hoje" e "O Livro de Receitas da Minha Tia/Mãe Albertina", Instituto Internacional de Macau, Lisboa, 11 de julho, 4ª feira, 18h.

Guiné 63/74 - P10120: Os nossos seres, saberes e lazeres (47): Festa do pão do moinho, 1 de julho de 2012, Atalaia, Lourinhã (Parte I): O som inconfundível do vento a soprar nas velas, nos mastros, nas cordas e nos búzios dos moinhos da minha terra, acompanhou-me desde sempre, desde a minha infância até Bambadinca..., tal como o cheiro, o sabor, a cor e a textura do pão, feito com a farinha do moleiro... Desculpem-me a fra(n)queza!... (Luís Graça)



Lourinhã, Atalaia, 1 de julho de 2012. Festa do pão do moínho.  Um dos moinhos da Atalaia, construído em 1928, que ainda continua em atividade. Um regalo para os cinco sentidos... e para o estômago, porque graças a ele e ao moleiro (sem esquecer o burro do moleiro) faz-se o melhor pão do mundo, o da nossa infância no oeste estremenho, onde chegou haver mais de 10 mil moinhos de vento, soberba herança da civilização árabe (os árabes, ou melhor, os mouros do norte de África, comandados por uma aristocracia árabe, invadiram a península ibérica em 711 e por cá ficaram até 1492)... O som inconfundível do vento a soprar nas velas, nos mastros, nas cordas e nos búzios dos moinhos da minha terra, acompanhou-me desde sempre, desde a minha infância até à Guiné. Tal como o cheiro, o sabor, a cor e a textura do pão, feito na casa das minhas tias do Nadrupe, com a farinha do moleiro... Desculpem-me a fra(n)queza!... (LG)


Vídeo (1' 44''):  Luís Graça (2012). Alojado em You Tube > Nhabijoes



1. Lourinhã, Atalaia, 1 de julho de 2012. Festa do pão do moínho, 2ª edição.  [, Imagem do cartaz publicitário, à esquerda].


A iniciativa foi  da Associação Musical da Atalaia (AMA) e tinha como objetivo a angariação de fundos para o acabamento das obras da sua sede.  Tal como no passado, a festa realizou-se junto aos moinhos da povoação, que é vila e sede de freguesia.

Com entrada livre, houve lugar ao lazer, ao convívio, a 
visitas aos moinhos em atividade, à visita, 'in loco', do fabrico de pão à moda antiga, à exposição e venda de produtos hortícolas e artesanato, à uma exposição molinológica, a um esmerado serviço de bar, à animação  musical (a cargo da banda da AMA), à exibição de um rancho folclórico, e, por fim e não menos importante, à venda e degustação  das mais variadas formas de pão, de trigo, de centeio, de milho, com azeitonas, com chouriço, com passas, com figos, com sardinhas, etc.





Lourinhã > Atalaia > 1 de julho de 2012 > Festa do pão do moinho > Os sabores da infância ao alcance de um euro e meio... Que os eventuais lucros destinam-se ao financiamento do acabamento das obras da AMA.






Lourinhã > Atalaia > 1 de julho de 2012 > Festa do pão do moinho > O pão com sardinhas... com que os pobres matavam a fome nos anos 50 do século passado...



Lourinhã > Atalaia > 1 de julho de 2012 >  Festa do pão do moínho> Exposição molinológica (pormenor)




Lourinhã > Atalaia > 1 de julho de 2012 >  Festa do pão do moínho > Travessa dos Moinhos... Uma imagem de moinhos espelhada numa vidraça...






Lourinhã > Atalaia > 1 de julho de 2012 > Festa do pão do moínho > Exposição molinológica (pormenor) > O diretor da AMA, o dr. Manuel José Vitorino, técnico superior de turismo na Câmara Municipal da Lourinhã, tem-se dedicado à molinologia, se bem que da perspectiva da tríade turismo, desenvolvimento sustentado e património cultural. Julgo que estes dados são da sua tese de dissertação de mestrado, recentemente defendida em provas públicas, no Instituto Politécnico de Leiria, polo de Peniche. Segundo o levantamento que ele fez, haveria cerca de um centena de moinhos no concelho da Lourinhã.Apenas 1 em cada 10 está atuamente em atividade.




Lourinhã > Atalaia > Travessa dos Moinhos > Um dos belos mais exemplares de moínhos de vento do concelho da Lourinhã. Foi construído em 1928, e o dono é um orgulhoso moleiro da Atalaia...


(Continua)
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Nota do editor:

Último poste da série > 30 de junho de 2012 > Guiné 63/74 - P10095: Os nossos seres, saberes e lazeres (46): Não trocaria por nada aquele tempo de comissão na Guiné (António Melo)

Guiné 63/74 - P10119: Pedaços de um tempo (António Eduardo Ferreira, ex-1.º Cabo Condutor Auto Rodas da CART 3493) (3): Crianças de Mansambo, jamais vos esquecerei!

Crianças de Mansambo, ao tempo da CART 2339 (1968/69)
Foto ©: Torcato Mendonça (Fotos Falantes IV) 2012. Direitos reservados




1. Em mensagem de 2 de Julho de 2012, o nosso camarada António Eduardo Ferreira (ex-1.º Cabo Condutor Auto da CART 3493/BART 3873, Mansambo, Fá Mandinga e Bissau, 1972/74), enviou-nos este texto,  lembrando as crianças de Mansambo do seu tempo.



PEDAÇOS DE UM TEMPO

3 - AS CRIANÇAS DE MANSAMBO

Crianças de Mansambo,  que será feito de vós? O Cherifo foi o nosso primeiro faxina, de olhar atento e profundo, por vezes sem nada dizer, ele dizia não. Um dia os condutores chatearam-se com ele, (não sei porquê, eu tinha vindo de férias à Metrópole), foi embora. Veio o António, bonacheirão e descontraído, para ele tudo estava bem, um dia abalou, os outros meninos diziam que tinha ido para o fanado e por essa razão deu lugar ao pequeno e frágil Demba, (era muito novo) pouco esforço podia fazer, foi faxina até à nossa ida para Cobumba.

Uma das coisas que mais gostavam de fazer era jogar futebol, alguns até já falavam no nome do Eusébio e do Cubillas, influências de Benfiquistas e Portistas, o calçado é que não ajudava, mas eram ágeis a correr. Quando o tropa jogava, eles esperavam e jogavam depois. Uns descalços, outros com trinta e oito de pé e botas rotas quarenta e dois.
Também a Califa que foi minha lavadeira, menina e mulher ao mesmo tempo, sem ter sido criança. Outros havia, por não terem sido faxinas dos condutores nunca soube o seu nome.

Que será feito de vós, meninos daquele tempo? Espero que para vocês a mudança tenha trazido um tempo novo, diferente e melhor, o que parece não ter acontecido a alguns dos mais velhos.
Se mais não tiveram, espero que tenham podido esquecer a palavra guerra e conhecer o que para vocês era desconhecido, viver em paz.
Fiquei feliz por saber que passaram a poder tomar banho na fonte sem necessitar de segurança, apanhar bananas sem medo de haver armadilhas. Poderem ir de Mansambo a Candamã ou a Afiã, sem picadores na frente.

Ao pequeno Demba a quem tinha prometido levar uns sapatos quando viesse de férias segunda vez e, que a minha ida para Cobumba não permitiu, ficaria feliz se pudesse saber que também ele passou a usar sapatos novos, como os que levei ao Cherifo e que a ele eu não pude cumprir a promessa.
Ficava magoado e triste quando alguém lhe dirigia palavras menos próprias, pensava sempre no meu filho que ainda não conhecia, também ficaria triste, muito triste, se alguém lhe dirigisse,  a ele, palavras assim! Não era com intenção de magoar, que essas palavras eram proferidas, eu sei, mas, sim, tentando descarregar a revolta que com o passar do tempo se ia acumulando. Só que, em quem não tinha culpa da situação em que nos encontrávamos… as crianças.

Há momentos na vida que nunca conseguimos esquecer, e eu jamais esquecerei aquele em que um grupo de meninos da tabanca veio até ao meu abrigo levar-me uma galinha, retribuindo e agradecendo assim os sapatos novos que eu tinha levado ao Cherifo quando fui de férias. Não pelo valor da galinha mas pela pela felicidade que todos eles deixavam transparecer naquele momento, que era contagiante.

Crianças de Mansambo, jamais vos esquecerei!
António Eduardo Ferreira (*)

Guiné-Bissau > Região de Bafatá > Mansambo > Abril de 2006 > Quase 40 anos depois... Meninos de Mansambo... e tugas, agora turistas de saudade, entre eles o  antigo... mansambeiro Saagum. 

Junto à fonte, a tristemente famosa fonte de Mansambo: aqui foi gravemente ferido, em emboscada montada pelos guerrilheiros do PAIGC, em 19 de Setembro de 1968, o Saagum, do 1º pelotão da CART 2339 (Mansambo, 1968/69).

Recorde-se o relato do nosso camarada Carlos Marques dos Santos, sobre os três graves incidentes ocorridos em 1968 neste lugar, enquanto o pessoal construía, de raíz, numa clareira da floresta,  o aquartelamento de Mansambo:

(...) "A 11 de Julho de 1968 o IN reteve um dos nossos elementos, na fonte, e na perseguição, em conjunto com as NT, o Cmdt do Pel Milícias 103 accionou uma mina A/P, tendo sucumbido aos ferimentos. Deste nosso camarada só houve notícias depois do 25 de Abril de 1974. Em 19 de Setembro de 1968, a CART 2339 sofre uma emboscada, vinda da copa das árvores, também na fonte, enquanto procedia ao abastecimento de água, que causou 11 feridos (5 graves) e um morto. Um dos feridos graves viria a falecer no Hospital Militar de Bissau (241) a 25 desse mês. Em 30 de Setembro nova emboscada na fonte ao Pelotão de Milícia e uma mulher da Tabanca". (...)

Na foto acima, de 2006, os tugas, da esquerda para a direita, o José Clímaco Saagum, o António Almeida, o Manuel Costa, o Aguiar e o Casimiro. Legenda de Albano Costa, foto de Hugo Costa (Guifões / Matosinhos).

Foto: © Albano Costa/ Hugo Costa (2006). Todos os direitos reservados

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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 16 de Junho de 2012 > Guiné 63/74 - P10043: Pedaços de um tempo (António Eduardo Ferreira) (2): Gazelas em Mansambo

Guiné 63/74 - P10118: Em busca de... (194): Camaradas do Pel Rec Daimler 2208, Mansabá e Mansoa, 1969 1971 (Carlos Alberto Pinto)

1. Mensagem do nosso camarada Carlos Alberto Pinto* (ex-1.º Cabo Condutor Apontador Daimler do Pel Rec Daimler 2208, Mansabá e Mansoa, 1969/71), com data de 2 de Julho de 2012:

Camaradas Luís Graça e Carlos Vinhal;
É com muito gosto que estou de novo a contactar a Tabanca Grande e Amigos da Guiné para, e se for do agrado dos Camaradas, dar conhecimento de que já consegui contactos de alguns dos ex-Camaradas do meu Pelotão de Reconhecimento Daimler 2208, que esteve a prestar serviço em Mansabá, Mansoa e Bissau de 6/2/1970 a 18/12/1971.

A partir desta data só tinha tido o privilégio de ter contactado, via Blogue, com o meu ex-Comandante do Pelotão, o ex-Alferes Ernestino Caniço e de o poder abraçar pessoalmente no VII Encontro em Monte Real no passado dia 21/4/2012.

Assim como também tive o gosto de poder conhecer e conviver naquele belo dia na companhia de todos aqueles ex-camaradas que lá estiveram presentes, entre eles tive o gosto de também rever o ex-Capitão Jorge Picado e o ex-Alferes Vacas de Carvalho.
Já mais recente no dia 10/6/2012 tive o gosto de cumprimentar os camaradas Vacas de Carvalho e o Jorge Cabral, no recente encontro do 10 de Junho em homenagem aos Combatentes mortos no Ultramar.

Monte Real, 21 de Abril de 2012, VII Encontro da Tabanca Grande > Na foto: De costas João Paulo Dinis, à esquerda da foto, de camisa branca, Ernestino Caniço seguido de Carlos Alberto Pinto

Mas a finalidade da minha visita ao Blogue é dar a conhecer à Tabanca Grande os nomes dos meus ex-camaradas já encontrados:
António Augusto Proença (Covilhã);
Mário Augusto Alves Francisco (Cantanhede);
Fernando de Oliveira Carneiro (Lisboa);
José Ramos Romão (Alcobaça);
Firmino Manuel Rosado Correia (Budens, Vila do Bispo, Algarve);

Os Camaradas que ainda não consegui encontrar são:
Manuel Domingos Fernandes (de Olhão);
Rui José Cabrita do Nascimento (Alcantarilha, Silves);
António Francisco Rosa (da mesma zona do Rui pois são primos);
João Manuel Leirão Barco (Alentejano);
José Francisco Galrito Potra (Alentejano) é ou foi Funcionário na Segurança Social em Entrecampos Lisboa.

Saudações
Carlos Pinto
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Notas de CV:

(*) Vd. poste de 12 de Outubro de 2011 > Guiné 63/74 - P8899: Tabanca Grande (303): Carlos Alberto de Jesus Pinto, ex-1.º Cabo Condutor Apontador Daimler do Pel Rec Daimler 2208 (Mansabá e Mansoa, 1969/71)

Vd. último poste da série de 23 de Junho de 2012 > Guiné 63/74 - P10065: Em busca de... (193): Pormenores do acidente de aviação que vitimou o Sarg. Radiotelegrafista Domingos de Oliveira Neiva em Angola no dia 10 de Novembro de 1961 (Liliana Ramos)

Guiné 63/74 - P10117: Viagem à volta das minhas memórias (Luís Faria) (54): Bula - A guerra das minas (4) - Imprevistos

1. Mensagem do nosso camarada Luís Faria (ex-Fur Mil Inf MA da CCAÇ 2791, Bula e Teixeira Pinto, 1970/72), com data de 1 de Julho de 2012:

Amigo Carlos Vinhal
Como deverás estar a ir de férias e para que descanses um pouco da “fazedura” das malas e te entretenhas (?!), cá vai mais um troço de “Viagem…” que mandarás para a valeta, assim o julgues.

À rapaziada que à falta de melhor faz (ia dizer goza, mas se calha era chato!!) férias… saúde, boa viagem, boa estadia, bom descanso e DIVIRTAM-SE

Abraços
Luís Faria


Viagem à volta das minhas memórias (53)

Bula - guerra das minas (4)

Imprevistos

Logo aos primeiros dias no campo minado, estou em crer não estar muito errado ao dizer terceiro, um “Eleito” não esfacela um membro mas é crivado por estilhaços na cara.

Mais BUMMM… iriam acontecer por aqueles dias de inferno e altura houve em que a incerteza e o receio provocados pelas dificuldades na detecção de muitas minas começou a fazer com que a moralização que animava(?) o grupo “mineiro” praticamente caísse por terra para muitos, acabando por acontecer um “Briefing” com o Comandante e os “Eleitos”, onde se tentou ajuizar dos porquês e procurou arranjar uma solução de modo a serem minimizados os danos. O maior problema eram as bastantes e pequenas minas plásticas italianas que estavam deslocalizadas à toa e muitas das vezes difíceis de encontrar dada a sua dimensão e só serem detectáveis pela pica ou pelo pezinho, sendo claro que neste ultima situação relativamente fácil de acontecer, perdoem a ironia, se economizava tempo e trabalho na sua neutralização !!

É bom de ver que a reunião não passou de uma sessão de “psícola” não se encontrando solução alguma ou por outra, como “perguntar não ofende (?)” ainda aventei, santa ingenuidade a minha, da possibilidade de um veículo rebenta – minas, aquele do género bulldozer com correntes rotativas que já à altura existiam, pelo menos noutros exércitos e que poderia ser usado na maior parte do campo. É claro que fui logo perguntado “você está maluco…?” para propor uma tal solução e em pensamento na certa, se era parvo ou imbecil! Para além de não ter achado graça nenhuma, fiquei foi com a impressão de que o homem me “tirou o azimute”! A ver iria.

Perante a resposta e o tom, deduzi que a nossa Engenharia não tinha essa maquinaria nem outra, que um brinquedo desses seria muito caro e como tal, havia substitutos bem mais baratos tais como a nossa cabecinha pensante, as nossas mãozinhas c’as picas e facas em conjugação c’os nossos pezinhos, à mesma eficientes na resolução do problema, mas de manutenção e eventual “oficina” talvez bem mais em conta! A relação custo – benefício era (é?) normalmente decisora da opção.

Pelo meio de BUMM… e mais BUMM, sinónimos de estropiação e mais estropiação, situações que não tenciono abordar à excepção de uma, por a meu ver ser inédita, lá fomos carpindo e digerindo muito mal os dias negros que nos iam assolando. Mais não aconteceram por, sei lá, até porque para alem das contingências “normais", imprevistos potenciadores de desastre aconteciam. Um que hoje recordo e tentarei descrever, pode talvez fazer rir ou pelo menos sorrir ao imaginar-se a cena, mas à altura… podia bem ter descambado em tragédia, bem grande se a dimensão fosse outra.

No meio do campo minado e em dia acalorado andam os “Eleitos” atarefados nas suas lides. Por lá me encontro também, armado com faca e pica e ataviado só com calção e as omnipresentes nessas situações, botas em couro de meio cano alto.

Em pé e peganhento de suor olho para o céu limpo, talvez num daqueles descansos em que era useiro para descompressão, quando dou por uma “formação” de abelhinhas logo ali, que velozmente se aproximam.

Aviso mas não sei se alguém me ouve já que de imediato a minha plena atenção se fixa na visita indesejada de todas ou pelo menos uma parte delas, que começam a passear-se umas pela cabeça e tronco a nú, outras esvoaçando e zunindo em prevenção e algumas fazendo explorações mais alongadas. Destas, uma mais militante, talvez com óculos de visão nocturna ou sensibilizada por qualquer odor atractivo (?) resolve inspeccionar mais a fundo e entra pelo parco e escuro(?) espaço entre o cano da bota e a canela.

Já tinha estado em situações idênticas, quer na minha terra como na Guiné em Capó (P-4031 de14 de Março de 2009) e conforme os ensinamentos adquiridos sabia bem que a hora era do ficar estático e “não pestanejar sequer” ou em gíria castrense “não mexe nem que um cara… lhe passe pela boca”(!) . Seria a única hipótese na tentativa de não sofrer ataque.

Concentrado ao máximo, um dos meus grandes problemas era conseguir ficar estático de modo a evitar que a “bendita que entrou pelo cano” fosse apertada e me brindasse com uma ferroada que em sequência provocasse um movimento instintivo que incitasse as outras ao ataque e aí podia estar feito, já que para alem das ferroadas, para o BUMM… era só preciso descontrolo e umas passadas ou nem tanto!

Após breve tempo que me pareceu infindo, as “queridas” deram às asas sem causar mossa, tendo a inspectora ainda ficado um pouco mais talvez a verificar algo de pormenor ou nauseada, obrigando-me a manter a postura de respeito submisso! Quanto aos “Eleitos” nada recordo mas creio que acabaram por não ser alvos e se calha ficaram a “gozar (!!) o prato”, digo eu !?

Imagine-se agora se o ataque tivesse sido em grande escala e múltiplo, como aconteceu em “Capó”, originando a debandada quase geral… podia causar um verdadeiro desastre. Felizmente assim não aconteceu e mais um dia que podia ter sido negro, foi ganho.

Luís Faria
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 6 de Junho de 2012 > Guiné 63/74 - P10006: Viagem à volta das minhas memórias (Luís Faria) (53): Bula - A guerra das minas (3) - Acontecia... Bummm!!!

quarta-feira, 4 de julho de 2012

Guiné 63/74 - P10116: Inquérito online: "Um blogue de veteranos nostálgicos da sua juventude ?" (Parte III) (Luís Graça / Hélder Sousa / José Rocha)


Sondagem realizada, "on line", de 28 de junho a 4 de julho de 2012. Opinião dos nossos leitores (n=115) sobre o conteúdo da afirmação do historiador francês René Pélissier sobre o nosso blogue ("É um blogue de veteranos nostálgicos da sua juventude")...

Como se pode avaliar pelos resultados expostos acima, as opiniões estão extremadas: uma maioria relativa de 48.7 % (n=56) concorda totalmente ou em parte com a afirmação do René Pélissier; outra parte dos nossos leitores, ligeiramente mais pequena (41.8%; n=48),  discorda totalmente ou em parte ... Apenas 1 em cada 10 parece não ter opinião.

Não se tratava de opinar sobre o historiador (e a sua obra) mas apenas sobre a percepção que ele tem do nosso blogue. Alguns dos nossos leitores acabaram por centrar-se demasiado na pessoa do mensageiro, ignorando ou escamoteando a sua mensagem. Pessoalmente, também discordei frontalmente da opinião do nosso leitor René Pélissier, que me parece redutora. De qualquer modo, todos os que votaram nesta sondagem e/ou expressaram os seus pontos de vista, são credores dos nossos encómios e agradecimentos. (LG)



2. Um dos nossos leitores (camarada, amigo e colaborador permanente) que publicitou e justificou o seu voto foi o o Helder Sousa [, foto à direita]... Aqui fica a sua opinião:

(...) Caros amigos e camaradas: Também exerci a minha possibilidade de votar e votei 'discordo'. Esta questão parece-me simples e fiquei um tanto admirado com o teor de alguns comentários que fui lendo.

Vi as coisas do seguinte modo: um senhor chamado René Pelissier, tido por 'especialista' em questões africanas e em particular relacionadas com Portugal, apreciou e comentou um livro dum camarada nosso, o Fernando Gouveia, que o escreveu a partir do impulso que a sua vivência no nosso Blogue lhe incutiu.

Por via disso, o René, para além de elogiar o livro "Na Kontra Ka Kontra",  acaba também por referenciar o nosso Blogue caracterizando-o como sendo "um blogue de veteranos nostálgicos da sua juventude".

Também por via disso, foi colocado o inquérito para saber em que medida nos revemos nessa classificação.

Vamos por partes: temos, por um lado, uma apreciação a um trabalho de um estimado camarada e, sendo positiva (até podia não ser),  é agradável. Há depois a referência ao nosso Blogue. Não o hostiliza, não o ridiculariza, apenas o classifica segundo os seus (dele) preconceitos, segundo o que ele 'pensa' que é.

Discutir o René, é perda de tempo. Aliás, é inútil, porque o que quer que seja que se venha aqui a teorizar sobre os méritos ou deméritos do 'escritor', do 'jornalista', do 'historiador', não terão grande efeito para além da esfera da nossa audiência.

Portanto, fica a pergunta do inquérito. Não, não acho, que seja um blogue de veteranos nostálgicos da sua juventude. Aliás, grande parte dos comentários que se foi lendo explicam isso muito bem. Pode haver 'nostálgicos', isso sim. Nostálgicos da guerra? Alguns, sim!

Nostálgicos dos tempos da juventude? Também haverá, certamente, e como não poderia isso acontecer, se é normal que o avançar na idade faça muitas vezes recuar as lembranças? Mas não é essa a 'imagem de marca' dos milhares de textos, de poemas, de artigos, que por aqui vão passando.

É, para alguns, um acerto de contas com a 'sua' história, é 'blogoterapia', é tantas vezes o sublimar da amizade...

Ná, não é, definitivamente, "um blogue de veteranos nostálgicos da sua juventude". É de gente solidária, veja-se a ajuda aos vários projectos que se vão desenvolvendo na Guiné, é até de 'filhos de veteranos', portanto o meu forte 'discordo'. (...)




3. Outro camarada, o José Barros Rocha (ex-Alf Mil da CART 2410 - Os Dráculas, Guileje e Gadamael, 1968/70), também expressou um ponto de vista pessoal e original sobre o tópico em apreço:

(...) Não se trata de uma nostalgia da juventude 'lato sensu' nem de uma nostalgia limitada a um período curto - 3 anos?! - da nossa juventude, apesar de, este, ter sido vivido em intenso ambiente de guerra.

Trata-se antes - e é esse, se bem interpreto o espírito da Tabanca - da comunicação pessoal das nossas vivências de tempos tão difíceis, tempos de imprevistos, tempos de incógnitas, tempos de indefinições.

É a libertação de alguns pesadelos, uma sessão de psicanálise, uma catarse, que se manifestam quer pelas palavras e quer também pelas fotografias com todo o seu significado intrínseco e intenso.

Por tudo isto, discordo frontalmente da opinião do 'historiador'. (...)

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Nota do editor:

Último poste da série > 3 de julho de 2012 > Guiné 63/74 - P10110: Sondagem: "Um blogue de veteranos nostálgicos da sua juventude ?" (Parte II) (A. Graça de Abreu / António Rosinha /Armando Pires / Carlos Nabeiro / J. Pardete Ferreira / Manuel Joaquim / Manuel Maia

Guiné 63/74 - P10115: Agenda Cultural (209): Lançamento dos livros "Filhos da Terra - A Comunidade Macaense Ontem e Hoje" e "O Livro de Receitas da Minha Tia/Mãe Albertina", Instituto Internacional de Macau, Lisboa, 11 de julho, 4ª feira, 18h.



Página no Facebook



Sítio do Observatório da China...


O Observatório da China – Associação para a Investigação Multidisciplinar em Estudos Chineses tem como finalidade principal contribuir para a divulgação do conhecimento sobre a China em Portugal, através da realização de actividades de investigação multidisciplinares, designadamente:  (i) a promoção de iniciativas que visem o desenvolvimento e divulgação de trabalhos de investigação sobre a China; (ii) a criação de uma rede nacional de investigação em Estudos Chineses; (iii) a organização de eventos descentralizados de modo a estimular a troca de experiências e debates de opinião; (iv)a cooperação com entidades públicas e privadas, nacionais e estrangeiras, em várias áreas do conhecimento; (v)o acompanhamento e a produção de relatórios periódicos sobre a evolução da realidade económica, política, cultural e social da China; e ainda (vi) a edição de publicações em formato de papel e digital.


1. Mensagem recebida hoje:


Assunto - Lançamento dos livros "Filhos da Terra - A Comunidade Macaense Ontem e Hoje" e "O Livro de Receitas da Minha Tia/Mãe Albertina".


O Observatório da China tem o prazer de se associar à divulgação do seguinte evento [convite em anexo].
Cumprimentos,
Isabel Santos Nogueira,
Assistente da Administração
Observatório da China
Rua de Xabregas Lote E, 13, 1900-440 Lisboa
Portugal


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Notas do editor:





O Dr. Jorge Rangel, presidente do Instituto Internacional de Macau, de seu nome completo, Jorge Alberto da Conceição Hagedorn Rangel, foi capitão  mil no TO da Guiné, tendo comandado a açoriana CCAÇ 3476 (Canbamjari, 1971/73).


Docente universitário com doutoramentos honoris causa, membro do Governo de Macau durante 13 anos, membro dos Conselhos de Curadores das Fundações Casa de Macau, Jorge Álvares e do Santo Nome de Deus, Presidente do Instituto Internacional de Macau e do Elos Internacional, Vice-Presidente, Presidente e membro do Conselho Supremo, é o . Ver aqui o seu perfil completo


(...) "Nasceu em Macau, em 1943. O pai era de Xangai, 'ao tempo conhecida como a Paris do Oriente'; a avó paterna era alemã. Como quase todas as velhas famílias macaenses, tem mais sangue malaio que chinês. 'O cruzamento entre as populações portuguesa e chinesa só começou em meados do século passado.'

Formado em Letras na Universidade de Lisboa, cumpriu o serviço militar na Guiné, tendo trabalhado no estado-maior do general Spínola. À data de 25 de Abril de 1974, ainda estava em Bissau. Regressou a Macau no ano seguinte, para se envolver de imediato na política local. Nas primeiras eleições para a Assembleia Legislativa liderou uma lista independente, a GEDEC, ou Grupo de Estudos para o Desenvolvimento Comunitário de Macau, e foi eleito deputado".(...)



O livro "Filhos da terra: a comunidade macaense, ontem e hoje" foi originalmente uma tese de dissertação de mestrado. Do Repositório da Universidade de Lisboa, retirámos a seguinte informação sobre a obra:


(i) Autor: Rangel, Alexandra Sofia de Senna Fernandes Hagedorn;

(ii) Orientadora: Malafaia, Maria Teresa,1951.-

(iii) Palavras-chave: Costumes e tradições - Macau (China) / Identidade cultural - Macau (China) / Macau (China) - História;

(iv) Teses de mestrado - 2011;

(vi) Resumo:

Esta dissertação de Mestrado é sobre os macaenses, os “filhos da terra”, descendentes de várias gerações de cruzamentos de portugueses com orientais, resultando desta miscigenação uma comunidade com características próprias.

A culinária, o dialecto (patuá) e as festividades tradicionais demonstram a base cultural portuguesa e as influências recebidas dos países asiáticos vizinhos do território com mais de 400 anos de presença portuguesa, devolvido à China em Dezembro de 1999.

Actualmente, Macau é uma Região Administrativa Especial da República Popular da China regida por uma Lei Básica, elaborada em conformidade com a Declaração Conjunta Luso-Chinesa, firmada em 1987. Esta Lei garante aos residentes do território, incluindo os de ascendência portuguesa, a manutenção da sua maneira de viver e os direitos que tinham anteriormente.

É feito um enquadramento histórico, para que melhor se compreenda o nascimento e o percurso desta comunidade, e são identificados os desafios que se lhe colocam, hoje, bem como o seu singular legado cultural. (...)

Último poste da série > 2 de julho de 2012 Guiné 63/774 - P10102: Ser solidário (131): Semana Cultural Guineense. na Escola Fontes Pereira de Melo, Porto, de 2 a 7 de julho de 2012 (Sofia Santos)

Guiné 63/74 - P10114: Patronos e Padroeiros (José Martins) (32): Jozé Maria das Neves Castro - Patrono do Instituto Geográfico do Exército




1. Em mensagem do dia 30 de Junho de 2012, o nosso camarada José Marcelino Martins (ex-Fur Mil Trms da CCAÇ 5, Gatos Pretos, Canjadude, 1968/70), enviou-nos mais um trabalho para a série Patronos e Padroeiros.






Patronos e Padroeiros XXXII

Patrono do Instituto Geográfico do Exército





Jozé Maria das Neves Costa 
Brigadeiro 

Nasce a 14 de Agosto de 1774, em Carnide (Lisboa), filho de Manuel Cláudio Costa e Josefa Maria Vieira. Filho de pais não abastados, estudou no Real Colégio das Necessidades, frequentando o curso de Humanidades.

Entre 1791 e 1793 frequentou a Academia de Marinha e, entre 1793 e 1796, estudou na Academia de Fortificação de Artilharia e Desenho, tendo sido considerado um dos melhores alunos na sua época.

Foi promovido ao posto de Segundo-Tenente de Engenharia em 4 de Dezembro de 1796, desempenhando funções na secretaria do Duque de Lafões, e comissões importantes na Brigada de Engenharia até 30 de Março de 1801, altura em que é promovido a Primeiro-Tenente. Em Maio desse ano é promovido ao posto de Capitão de Infantaria e nomeado Ajudante de Campo do Marquês de Marialva.

Por Decreto do Conselho de Guerra de 20 de Julho de 1802, foi nomeado Inspector-Geral das Fronteiras e Costas Marítimas do Reino, o Oficial do Exército Real de França e ao serviço do nosso Exército, Louis-François Carlet, Marquês de la Rosière, em cujo Estado Maior foi colocado o Primeiro-Tenente Neves Costa, onde, se encontrava o Conde de Cambors, pelos quais nutria grande estima e admiração.

Em 1806, com o posto de Capitão de Engenharia a que tinha promovida a 4 de Novembro, é encarregado da reorganização do Arquivo Militar, a convite do Marquês de Marialva, até à entrada em Portugal das tropas comandadas por Junot, que deu inicio ao período das Invasões Francesas.

Durante o governo de Junot, Neves da Costa já com a patente de Major à qual foi promovido em 24 de Junho de 1807, é encarregado pelo Coronel Vicent, engenheiro francês do “Corps du Génie” que acompanhou o exército invasor, e com a supervisão do então Coronel Carlos Maia de Caula, a elaborar o levantamento topográfico das zonas a norte de Lisboa até Peniche.

No ano de 1810, sob a orientação do engenheiro inglês Flether, trabalhou na construção das fortificações que constituem as Linhas de Torres Vedras. Porém, para si, não eram estranhos os projectos adoptados uma vez que lhe é atribuída a autoria, com a indicação dos pontos nevrálgicos, para a defesa de Lisboa. No ano seguinte, 1811, dirigiu os trabalhos de fortificação da Praça de Almeida, finda a qual voltou à sua paixão principal, a topografia, fazendo o levantamento da Carta da Península de Setúbal.

É promovido, a 22 de Janeiro de 1820 ao posto de Tenente-Coronel, e a Coronel, antes do final desse ano, em 18 de Dezembro de 1820. Defensor da ideologia liberal é eleito deputado em 1822 e, por decreto de 28 de Maio de 1823, é nomeado Ministro da Guerra, cargo que não exerceu, por ter sido restaurado o poder absoluto.

Em 1826 é nomeado Governador do Forte de Lippe, também conhecido como Forte Nossa Senhora da Graça, localizado na actual freguesia de Alcáçovas. Foi nesse período que o Coronel José Maria das Neves Costa, em 29 e 30 de Abril de 1827 aquando da revolta aí acontecida, conseguiu repor a ordem, o que lhe valeu ser citado na Ordem do Exército.

Nesse ano de 1827, enquanto esteve no Forte de Lippe, escreveu uma obra acerca dos direitos e deveres dos soldados perante a sociedade civil que intitulou de “Memoria sobre a Organização e Disciplina do Exercito Portuguez, em relação ao Systema Constitucional”.

Em conjunto com o Visconde de Vilarinho de S. Romão e Manuel Gonçalves de Miranda, formaram um grupo de trabalho para participar, em 1835, na reforma do Sistema de Pesos e Medidas e introdução do Sistema Decimal.

A pedido do governo, em 1837, examina a documentação topográfica existente no Arquivo Militar, com a missão de propor a execução da documentação que fosse necessária para um plano de defesa do país, instituição que Neves da Costa bem conhecia, por ter trabalhado nessa instituição por diversas vezes. Reformado por doença, “sem o haver pedido”, e graduado no posto de Brigadeiro, escreveu as suas “Considerações militares tendentes a mostrar quais sejam no território português os terrenos cuja topografia ainda falta conhecer para servir de base a um sistema defensivo do Reino, que seja conforme com a sua natureza geográfica e com os princípios gerais da ciência da guerra” no ano de 1841.

Faleceu em 1841, em Setembro ou Outubro conforme as fontes, no dia 19, com 67 anos de idade, sem ter recebido em vida qualquer distinção, além das insígnias de Cavaleiro da Ordem Militar de S. Bento de Avis.

Foi sepultado no Cemitério dos Prazeres, em Lisboa, e o elogio à sua memória foi feito pelo Tenente-Coronel Augusto Xavier Palmeirim e publicado, em 1 de Dezembro de 1841, no Diário da Republica.

Por despacho do General Chefe do Estado-Maior do Exército, de 06 de Outubro de 2005, o Brigadeiro José Maria das Neves Costa foi considerado o Patrono do IGeoE - Instituto Geográfico do Exército, tendo em conta as suas qualidades de topógrafo e cartógrafo, assim como a sua vida dedicada à cartografia e a Portugal.

José Marcelino Martins
20 de Junho de 2012
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 2 de Julho de 2012 > Guiné 63/74 - P10103: Patronos e Padroeiros (José Martins) (31): Patrono do Instituto de Odivelas - Infante D. Afonso de Bragança

Guiné 63/74 - P10113: Estórias dos Fidalgos de Jol (Augusto S. Santos) (1): Mandem a Marinha

1. Mensagem de Augusto Silva Santos*, ex-Fur Mil da CCAÇ 3306/BCAÇ 3833, Pelundo, Có e Jolmete, 1971/73, com data de 30 de Junho de 2012:

Olá Camarada e Amigo Carlos Vinhal,
Indo ao encontro do desafio do Luís Graça, com alguma saudade mas não de nostalgia, e muito mais com o intuito de ajudar a “alimentar” aquele que denominamos de “nosso” blogue, atrevo-me a enviar algumas fotos da minha passagem pelas terras da Guiné, mais precisamente por Jolmete no Chão Manjaco, acompanhadas de três curtas mas engraçadas histórias, pois felizmente no meio de tantas situações desagradáveis por nós vividas, sempre se registaram algumas que hoje ao recordarmos se tornam ainda mais hilariantes ou caricatas.

Não cito nomes nem datas para não ferir possíveis susceptibilidades.
Augusto Santos


ESTÓRIAS DOS FIDALGOS DE JOL (1)

Mandem também a Marinha

A primeira que vos passo a relatar, embora não tivesse estado pessoalmente presente, foi-me contada de viva voz por alguns elementos e inclusive pelo próprio protagonista, passou-se muito perto do local onde foram barbaramente assassinados os oficiais que estariam algum tempo antes a negociar a paz no Chão Manjaco, local mais ou menos assinalado de possível passagem dos guerrilheiros do PAIGC.

Sabendo o Comandante de Companhia dessa situação, era habitual mandar emboscar nas proximidades dois grupos de combate (normalmente emboscadas nocturnas), sendo que numa das ocasiões, e já de dia, se estabeleceu mesmo contacto com o inimigo.

Se não me falha a memória, nesse contacto foi mesmo feito um prisioneiro que se encontrava ferido.
Tendo as nossas tropas ficado durante algum tempo debaixo de fogo, o Alferes que na altura as comandava, apressou-se a solicitar apoio aéreo, sem que no entanto (segundo algumas opiniões) tal se justificasse, pois o contacto teria sido breve e o pequeno grupo do inimigo se dispersado rapidamente.

Ora estando o tal Alferes excitadíssimo (aos berros) a pedir o apoio em questão e, tendo o contacto já acabado, um dos Soldados que o acompanhava de perto sacou-lhe o rádio das mãos e disse alto e bom som:

- Já agora mandem a Marinha também!

Como devem calcular, este episódio foi durante algum tempo objecto de comentários mais ou menos jocosos por toda a Companhia.

Foto 1 - Jolmete, Fevereiro de 1972 > Tabanca

Foto 2 > Jolmete, Março de 1972 > Mamas de Badã

Foto 3 > Jolmete, Abril de 1972 > Matança de uma vaca

Foto 4 > Jolmete, Maio de 1972 > A vala e o aramen farpado

Foto 5 > Jolmete, Junho de 1972 > Trilhos de Pioce
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Notas de CV:

(*) Vd. poste de 29 de Março de 2012 > Guiné 63/74 - P9674: Meu pai, meu velho, meu camarada (27): Feliciano Delfim dos Santos (1922-1989), ex-1º cabo, 1º Comp /1º Bat Exp do RI 11, Cabo Verde (Ilhas de Santiago, Santo Antão e Sal, 1941/43) (Augusto S. Santos)