quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Guiné 63/74 - P5485: Historiografia da presença portuguesa em África (33): Roteiro (Parte I) (Santos Oliveira / Luís Graça)

Roteiro do Ultramar, 1958  >  "Sagres - Lugar sagrado da Pátria donde o Infante concebeu a gesta dos Descobrimentos"

Roteiro do Ultramar, 1958 >   "Mapa da Guiné Portuguesa"... Na época havia apenas três concelhos (Bissau, Bafatá e Bolama) e oito circunscrições (Cacheu S. Domingos, Farim, Mansoa, Gabú, Fulacunda, Bijagós, Catió)...



Roteiro do Ultramar, 1958 >  "Moderna esplanada da pousada da Praia de Varela, sobre o Atlântico"









Roteiro do Ultramar, 1958 > Guiné, pp. 3-5

1. Excertos do livro Roteiro do Ultramar, que nos foi enviado pelo nosso camarada Santos Oliveira, em 16 de Fevereiro de 2008.  Por pesquisa através da Porbase - Base Nacional de Dados Bibliográficos, fica-se a a saber que esta publicação  é da autoria de Manuel  Henriques Gonçalves (Lisboa, s.n., 1958, 131 pp. + ilustrações).

Deste autor há, na Biblioteca Nacional Portuguesa, outros títulos sobre o Ultramar, incluindo Jornadas na Guiné : impressões da viagem presidencial à Guiné / Manuel Henriques Gonçalves. Lisboa : [s.n.], 1955.

Publica-se agora a primeira parte desses excertos, na parte relativa à Guiné. Este tipo de informação sobre as colónias portugueses de África (rebaptizadas como províncias ultramarinas em 1951) tem de ser enquadrada no contexto da época (já fortemente marcado pela movimento de descolonização), e no esforço "nacionalista"  do Estado Novo para, tardiamente, "levar a civilização e o progresso" à Guiné, depois de terminada, em 1936 (!), a última "campanha de pacificação"...

A capital tinha sido transferida de Bolama para Bissau em 1943. Em 1956, Bissau tem já cinco hotéis: além do Grande Hotel, o Avenida, o Internacional, o Miramar e o Portugal...

Há três concelhos: Bissau, Bolama e... Bafatá. E oito circunscrições: Cacheu, S. Domingos, Farim, Mansoa, Gabú, Catió, Fulacunda e Bijagós... Há governadores da província empreendedores como Sarmento Rodrigues.  Bissau passa a ter infra-estuturas aero-portuárias. Há ligações: (i) marítimas, entre Bissau e Lisboa (aseguaradas por bracos mistos da Sociedade Geral); (ii) terrestres (com a África Ocidental Francesa, até Dakar, através de Zinguichor); e (iii) aéreas (bi-semanais, de Bissalana com Dakar, e daqui diariamente com o resto do mundo; e internas, com todas todos os concelhos e circunscrições).

O autor aponta três razões para justificar o relativo desconhecimento e abandono da Guiné: (i) clima quente; (ii) doenças tropicais; e (iii) ostracismo... A população branca é escassa, mas aumenta nas décadas de 1930 e 1940, passando de menos de mil (em  finais de 1920) para cerca de 2300 (em 1950). Os guineenses, por sua vez, são meio milhão, em 1950.

Enfim, um documento datado, mas nem por isso menos  interessante pata o conhecimento da Guiné desta época, anterior à guerra colonial, bem como da mentalidade  dos tugas que lá viviam ou por lá passavam, como seria o caso do autor do Roteiro do Ultramar. Os nossos agradecimentos ao nosso camarada Santos Oliveira (ex-Srg Mil Armas Pes / Op Esp, Pelotão  Independente de Morteiros 912, 1964/66). Oportunamentem publicar-se-á a II e última parte. (LG)

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Nota de L.G.:

Vd. último poste desta série > 22 de Novembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5317: Historiografia da presença portuguesa em África (32): O que José Henriques de Mello viu no Cuor e em Bissau (Beja Santos)

Guiné 63/74 - P5484: Votos de Feliz Natal 2009 e Bom Novo Ano 2010 (6): Guerra à guerra... (Joaquim Mexia Alves)


1. Mensagem do camarigo Joaquim Mexia Alves (Xitole, Rio Udunduma, Mato Cão, Mansoa, 1971/73)

Assunto - Boas Festas!


Meus caros camarigos

Que mensagem de Natal pode um homem escrever, onde inclua a palavra guerra, que no fundo é uma palavra que nos une a todos, pois a razão da nossa união à volta deste espaço é a guerra…da/na Guiné.

Mas por muito estranho que pareça, guerra, é uma palavra que podemos perfeitamente aplicar na quadra do Natal e até para falar da vivência do Natal!

Reparem, que melhor quadra do ano pode haver, (devia ser o ano todo), para fazer guerra à exclusão, à discriminação, à indiferença!

Que melhor razão pode haver, que não seja o Natal, para fazer guerra à fome, ao desemprego, à falta de habitação!

Que tempo há mais propício do que o Natal para fazer guerra à indiferença, ao abandono, ao desespero!

Que dias são mais perfeitos do que os do Natal, para fazer guerra à solidão, à desunião, à falta de perdão!

Que tempo será mais adequado do que o Natal, para fazer guerra à vaidade, ao egoísmo, à falta de amor!

Por isso meus queridos camarigos, façamos todos a guerra, esta guerra, para então sim, alcancarmos a paz entre os homens de boa vontade!

Para todos e todas as vossas famílias um Santo e Bom Natal, na certeza de que, se nos empenharmos em guerras destas, seremos sempre vencedores num caminho melhor e muito mais justo.

Abraço camarigo para todos do
Joaquim Mexia Alves

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Nota de L.G.:

Vd. último poste desta série > 17 de Dezembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5483: Votos de Feliz Natal 2009 e BomNovo Ano 2010 (5): Zé Teixeira, Médico do Mundo (Carlos Vinhal)

Guiné 63/74 - P5483: Votos de Feliz Natal 2009 e BomNovo Ano 2010 (5): Zé Teixeira, Médico do Mundo (Carlos Vinhal)




1. Mensagem do Carlos Vinhal, nosso co-editor, ex-Fur Mil At Minas e Armadilhas, CART 2732, Mansabá (1970/72):


Caros tertulianos

O Natal não são as compras supérfluas, as prendas que se dão e se recebem, e que passados dias vão para o lixo, as palavras hipócritas que se trocam de uma amizade que só dura umas horas... o Natal é por exemplo isto:

http://tv1.rtp.pt/noticias/?t=Equipa-dos-Medicos-do-Mundo-acode-a-sem-abrigo.rtp&headline=20&visual=9&article=303255&tm=8

RTP1 > País > Equipa dos Médicos do Mundo acode a sem-abrigo


No Porto, as temperaturas chegaram a valores negativos durante a madrugada. A RTP seguiu os passos de uma equipa dos Médicos do Mundo à procura dos sem-abrigo da cidade.

2009-12-15 13:27:40

E este Natal não acontece só em Dezembro, mas todas as semanas do ano.

Peço desculpa ao nosso Zé Teixeira. Não sei se devia ter feito isto, mas já está.

Dele não digo nada, quem sou eu para falar de alma tão grande?

Bem hajas, querido Zé, porque és diferente.

Um abraço e Bom Natal para todos. Um 2010 cheio de venturas.

Vosso camarada e amigo

Carlos Vinhal

E-mail: carlos.vinhal@gmail.com

Co-Editor dos Blogues

Luís Graça & Camaradas da Guiné

http://blogueforanadaevaotres.blogspot.com/

e CART 2732

http://cart2732.blogspot.com/

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Nota de L.G.:

Vd. último poste desta série:

15 de Dezembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5473: Votos de Feliz Natal 2009 e Bom Novo Ano 2010 (4): Jorge Félix e a doce depressão natalícia...

Guiné 63/74 - P5482: Controvérsias (60): Ainda as afirmações de Lobo Antunes e os apoios sociais atribuídos aos ex-combatentes (Arménio Santos)

1. Mensagem de Arménio Santos* (ex-Fur Mil de Rec Inf, Aldeia Formosa, 1968/70), com data de 15 de Dezembro de 2009:

Caro Carlos Vinhal

Começo por pedir desculpa em só agora voltar a dar sinal de vida, depois da minha apresentação e entrada na nossa tertúlia.

Obrigado por me terem franqueado as portas e, como qualquer outro, tentarei dar o meu modesto contributo para alimentar a ideia feliz que tiveram em criar este blogue, como espaço aberto de partilha de memórias, de episódios e de experiências daqueles que viveram tempos na Guiné que não devem ser esquecidos, que não devemos esquecer, porque representam um marco importante da nossa vida e da nossa juventude.

Independentemente da nossa actual condição ou da leitura que façamos desses tempos, eu fiquei apanhado pela Guiné e especialmente pela nobreza das suas gentes. Há afectos que ficam e não se apagam. Por isso, custa-me ver esse País adiado e mergulhado em problemas e instabilidade que impedem a Paz e o seu arranque para os caminhos do desenvolvimento, sem o qual é impossível as pessoas terem esperança numa vida melhor e em Liberdade.

Dou esta minha opinião, naturalmente no escrupuloso respeito pelos assuntos internos da Guiné, onde, felizmente, tenho amigos. Nós também sofremos com o sofrimento daqueles de quem gostamos. E o povo da Guiné é um povo irmão, amigo, que tem sofrido e continua a ser vítima de situações que lhe furtam a esperança e o futuro a que tem direito.

Conheço bem as ESTÓRIAS CABRALIANAS, algumas circularam na Lusófona, para gáudio da malta. De facto, o Prof Jorge Cabral é simplesmente fantástico, é de um humanismo extraordinário, é uma pessoa cinco estrelas. Sei, por ele, que anualmente há um almoço de confraternização e uma deslocação à Guiné. Farei os possíveis para, se e quando isso acontecer, estar presente.

Permite-me, meu Caro Carlos Vinhal, uma palavra, embora atrasada, sobre um tema que acompanhei e foi objecto de algumas posições indignadas acerca das declarações do Lobo Antunes, relativamente ao comportamento das tropas portuguesas nas antigas colónias e especialmente em Angola.

Considero simplesmente deplorável que uma figura cimeira das letras nacionais e da nossa cultura se preste a produzir semelhantes invenções. Se fosse um livro de ficção, teria de ser encarado e tratado como fantasia e daí não passava. Era ficção, era fruto da imaginação, não era a realidade, ponto final. Mas sendo declarações produzidas em conferência de imprensa, e no estrangeiro, obviamente que o Senhor Lobo Antunes sabia que estava a faltar à verdade, sobre uma questão muito séria, que mexe com a dignidade das Forças Armadas Portuguesas e sobretudo com a dignidade de milhares de pessoas que passaram pelas suas fileiras em África.
Sinceramente, custa-me aceitar que tenham sido razões mercantis que motivaram semelhante insulto àqueles que tombaram ou que passaram por altos riscos e sacrifícios em terras africanas.

Os nossos intelectuais, deviam ser os cabouqueiros dos alicerces de novas ambições nacionais, deviam ser exemplo, deviam puxar pela nossa auto-estima e deviam ser agentes de causas capazes de mobilizarem esta secular Nação, com verdade. Infelizmente, alguns têm uma grandeza medíocre e rasteira. É triste!
Um forte Abraço e um Bom Natal para ti e para a tua Família. Votos de Boas Festas, também, para TODOS os residentes da Tabanca Grande.


2. Apoios sociais atribuídos aos ex-combatentes

Meu Caro Carlos Vinhal
Suponho que tu ou o Luís Graça em meados de Novembro, perguntaste, para um nosso compatriota emigrante, por dados relativos aos apoios sociais para os Antigos Combatentes. Embora sabendo que, provavelmente, estes elementos são do vosso conhecimento, mesmo assim permito-me enviá-los por poderem ser úteis a alguém.

Quais os ex-combatentes abrangidos pela Lei n.º 9/2002, de 11 de Fevereiro?

A Lei n.º 9/2002, de 11 de Fevereiro considera ex-combatentes:


- Ex-militares mobilizados entre 1961 e 1975, para os territórios de Angola, Guiné e Moçambique (artigo 1.º, n.º 2 alínea a);

- Ex-militares aprisionados ou capturados em combate durante as operações militares que ocorreram no Estado da Índia aquando da invasão deste território por forças da União Indiana ou que se encontrassem nesse território por ocasião desse evento (artigo 1.º, n.º 2 alínea b);

- Ex-militares que se encontrassem no território de Timor Leste entre o dia 25 de Abril de 1974 e a saída das Forças Armadas Portuguesas desse território (artigo 1.º, n.º 2 alínea c).

No entanto, o seu âmbito de aplicação pessoal abrange apenas os ex-combatentes subscritores da Caixa Geral de Aposentações ou beneficiários do regime de pensões do sistema público de Segurança Social.

Quais os ex-combatentes abrangidos pela Lei n.º 21/2004 de 5 de Junho?

A Lei n.º 21/2004, de 5 de Junho procedeu ao alargamento do âmbito de aplicação pessoal da Lei n.º 9/2002, de 11 de Fevereiro e abrange:


- Ex-combatentes que estejam abrangidos por sistemas de segurança social de Estados membros da União Europeia e demais Estados membros do espaço económico europeu, bem como pela legislação Suíça, ainda que não tenham sido beneficiários do sistema de segurança social nacional;

- Ex-combatentes que estejam abrangidos por sistemas de segurança social de Estados com os quais foram celebrados instrumentos internacionais (Convenção ou acordo sobre Segurança Social, designadamente Andorra, Argentina, Austrália, Brasil, Cabo Verde, Canadá, Chile, Estados Unidos da América, Marrocos, Venezuela, Uruguai e Turquia) e que prevejam a totalização de períodos contributivos, desde que tenham sido beneficiários do sistema de Segurança Nacional, ainda que não se encontre preenchido o prazo de garantia para acesso a pensão;

- Ex-combatentes que não sejam subscritores da Caixa Geral de Aposentações nem beneficiários do regime de pensões do sistema público de Segurança Social, designadamente bancários, advogados e solicitadores, beneficiários de regimes privados de protecção social, de acordo com o preceituado no artigo 1.º, alínea c) da Lei n.º 21/2004 de 5 de Junho e da Portaria n.º 167/2005, de 1 de Fevereiro que aprovou o formulário de requerimento dos ex-combatentes supra mencionados.

Quais os ex-combatentes abrangidos pela Lei n.º 3/2009, de 13 de Janeiro?

São abrangidos pela Lei n.º 3/2009, o Universo dos Antigos Combatentes definido através da Lei n.º 9/2002, de 11 de Fevereiro e na Lei n.º 21/2004, de 5 de Junho, e os que se encontram estipulados na alínea f) do artigo 2.º da Lei n.º 3/2009, de 13 de Janeiro, ou seja, os Antigos Combatentes abrangidos pelo regime de protecção social dos bancários, beneficiários da Caixa de Previdência dos Advogados e Solicitadores e da Caixa de Previdência do Pessoal da Companhia Portuguesa de Rádio Marconi.

Como é calculado o complemento especial de pensão (CEP)?

O complemento especial de pensão é igual a 3,5% do valor da pensão social por cada ano de prestação do serviço militar ou duodécimo daquele valor por cada mês de serviço. Importa ainda referir que a contagem de tempo de serviço militar é feita tendo em atenção o número de anos e meses completos, não sendo por isso contabilizados os dias isolados. Compete à Segurança Social o cálculo e o pagamento do CEP.

Qual o montante anual do suplemento especial de pensão (SEP)?

O montante anual do SEP encontra-se previsto no artigo 8.º da Lei n.º 3/2009, de 13 de Janeiro. É atribuído nos seguintes moldes:


- € 75 aos que tenham uma bonificação de tempo de serviço até 11 meses;
- € 100 aos que tenham uma bonificação de tempo de serviço entre 12 e 23 meses;
- € 150 aos que tenham uma bonificação de tempo de serviço igual ou superior a 24 meses.

Quando deverá ser pago o suplemento especial de pensão (SEP)?

O SEP é pago anualmente, no mês de Outubro, nos termos do n.º 5 do art. 8.º da Lei n.º 3/2009, de 13 de Janeiro.

Um grande Abraço.

3. Uma palavra ainda para aqueles que me honraram com os seus comentários

Ao Luís Faria, um grande abraço e um muito obrigado pela tua apreciação à minha entrada na Comunidade Camariga.

Ao Mário Pinto, pelos vistos fomos vizinhos, no eixo Buba-Mampatá-Quebo. Tenho feito um grande esforço para me lembrar de ti mas, sinceramente, não me recordo. Agora dos Morcegos de Mampatá, recordo-me perfeitamente bem. Vocês foram uns heróis.
Um abraço para ti e espero encontrar-te numa iniciativa que o blogue promova.

Ao Manuel Maia, obrigado pelo teu comentário e, como já referi ao José Martins, podemo-nos encontrar no Parlamento se a tertúlia quiser. Partilho em absoluto da tua opinião que está por fazer justiça aos ex-combatentes. E a dois níveis, do meu ponto de vista, claro: em termos sociais, com uma justa compensação na reforma; e em termos de reconhecimento nacional, descomplexado, pelo serviço militar que fomos chamados a prestar em nome da Pátria. Um grande Abraço

Ao Anónimo**, veterano da guerra, ex-Fur Mil – Art.ª Bigene/Guidage-Barro

Meu Caro Amigo,
Agradeço o teu comentário e procuro sucintamente responder à tua questão. Eu estive na Guiné 25 meses sem me deixarem vir à Metrópole e, apesar da minha Especialidade, andei em muitas Operações onde vi alguns camaradas, africanos e europeus, ficarem pelo caminho sob fogo inimigo ou por minas.

Sei bem, como tu e todos nós, o que representou o destacamento dos soldados portugueses para as ex-colónias. Sei bem quão merecida e justa seria uma pensão condigna, correspondente ao tempo do serviço militar cumprido, àqueles que foram chamados a envergar a farda das Forças Armadas Portuguesas e rumaram ao então Ultramar ao serviço da Pátria.

Infelizmente há sempre um mas, para não decidir e para não resolver.
Penso que se o processo de descolonização não tivesse deixado as marcas políticas no País que então deixou, possivelmente esse problema teria sido encarado com outra abertura e naturalidade. Assim não aconteceu, este problema não foi bem resolvido desde o princípio, se calhar na altura também não era possível resolvê-lo de outra maneira e, entre outras vítimas, os ex-combatentes têm razões de queixa.
Um abraço e Feliz Natal

Ao Jorge Fontinha, Régua
Caro Companheiro, aquele abraço e oportunamente havemos de nos encontrar. De vez em quando vou aí à Casa do Douro ou a reuniões na Régua e em Vila Real com Companheiros nossos. Da próxima vez dou-te um sinal, para nos encontrarmos por aí.
Um forte abraço e Feliz Natal para ti e para a tua Família.

Ao José Marcelino Martins, a Assembleia da República é a Casa da Democracia e está aberta a todos os cidadãos, como não podia deixar de ser. Se houver interessados e se o Carlos Vinhal ou o Luís Graça quiserem preparar uma visita à Assembleia da República, terei imenso gosto em vos receber e acompanhar.
Um forte abraço.
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Notas de CV:

(*) Vd. poste de 5 de Novembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5216: Tabanca Grande (185): Arménio Santos, ex-Fur Mil de Rec Inf, Aldeia Formosa, 1968/70

(**) Trata-se do nosso camarada Jorge Teixeira, identificado como jteix veterano de guerra

Vd. último poste da série de 11 de Dezembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5447: Controvérsias (59): Deixem que cada um tenha a liberdade de criar a sua versão... (António Matos)

Guiné 63/74 - P5481: Estórias avulsas (21): Ainda o Fiolifioli (Armandino Alves)



1. Em 15 de Dezembro de 2009, recebemos um texto do nosso Camarada Armandino Alves, que foi 1.º Cabo Auxilitar de Enfermagem na CCAÇ 1589 (Beli, Fá Mandinga e Madina do Boé, 1966/68) e que passamos a transcrever:


Ainda o Fiolifioli


A operação Lança Afiada, pelo que li, foi uma cópia fiel de uma operação de que, de momento, não me lembro do nome do código que lhe foi atribuído, realizada mais ao menos na mesma data, em 1967, na mata do Saraoul.


Também foram 10 dias empregando um elevado número de efectivos, em que entrou a CCaç 1589, que se encontrava nessa altura em Fá Mandinga.

Nessa altura, segundo vim a saber, parece que não houve tempo para se avaliar a temperatura ambiente (que por acaso era sempre a mesma), as condições físicas do pessoal, para lá arrebanhado, e outros pressupostos fundamentais aos básicos preparativos de uma operação daquela envergadura, que, nessa altura, não eram tidos nem achados, para a melhor condução da guerra que se estava a desenrolar.

Não sei (devido à minha “elevada” patente) o que lá encontraram e porque é que a minha companhia não teve intervenção directa, pois apenas ficou de prevenção para possíveis fugas do IN.

Pelo que ouvi depois, encontraram e destruíram um hospital de campanha do IN, mas sem ninguém lá dentro.

Aqueles que têm possibilidades de consultar os documentos da altura, é que podem afiançar o desfecho desta operação. Sei que foi uma operação a nível de batalhão, com milícias e carregadores, pois nessa altura não havia ainda a CCaç de negros.

As actividades foram apoiadas pela artilharia pesada instalada em Mansoa e pela Força Aérea, que apareceu sempre que foi solicitada. Pelo menos, tal aconteceu com a melhor prontidão e eficácia, num caso de uma evacuação para o HM241, de um soldado vitimado por um ataque de abelhas.

Nota-se, pelos considerandos tecidos à programação da operação, que o oficial, que exarou o planeamento e a estratégia de acção, percebia tanto de Guiné como eu de lagares de azeite. Se calhar queria que estas operações fossem feitas na época das chuvas, ou que, então, houvesse uma súbita mudança de Estação do ano, para a Primavera, ou para o Outono.

Teve azar, pois nenhum destas duas últimas foi “mobilizada”.

Um Abraço,
Armandino Alves
1º Cabo Aux Enf CCAÇ 1589
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Nota de M.R.:

Vd. último poste da série em:

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Guiné 63/74 - P5480: O Nosso Livro de Visitas (75A): José Zeferino Moura Pereira, ex-Soldado Condutor, Bajocunda e Copá, 1971/73

1. Comentário do camarada José Zeferino Moura Pereira deixado no P4329:

Boa noite Dr. Luis Graça

É primeira vez que escrevo para o blogue. Faz no dia 23 deste mês 37 anos que cheguei da Guiné.

Passo a apresentar-me:

Sou o ex-Soldado Condutor José Zeferino Moura Pereira com o N.º Mec 090672.

De 1971 a 1973 estive em Bajocunda e Copá, 27 meses.

Feita a minha apresentação, espero ser aceite na nossa grande família.

Posto isto, um grande abraço e votos de grande felicidade e muitos anos de vida ao meu amigo Amílcar Ventura, o Furriel Mecânico que me foi render e tomar conta do ferro velho da oficina auto e ao Furriel José Dinis da 2679.

Sem mais um grande abraço e muita saúde.
A todos os tertulianos, um forte abraço.


2. Caro Moura Pereira, obrigado pelo teu contacto.

Com que então queres entrar na Tabanca Grande de borla?
Apesar de estarmos no Natal, aqui não se facilita a vida a ninguém.
Entrar para a tertúlia obedece a algumas formalidades, pouco complicadas, a saber:

O envio de uma foto antiga e outra actual, de preferência em formato tipo passe e em JPEG. Se no entanto vierem umas fotos maiores das quais se possa fazer uma composição artística, também aceitamos.

Depois, gostamos de receber uma pequena história passada com o camarada candidato ou sobre a sua Unidade. Sabemos que andaste por Bajocunda e Copá, mas não dizes qual a tua Unidade, Batalhão e/ou Companhia.

Recebido isto o novo camarada é apresentado oficialmente, com pompa e circunstância.

Claro que a brincar disse as coisas essenciais para uma apresentação condigna.

Espero que nos voltes a escrever, desta vez para: luis.graca.prof@gmail.com que é o endereço do nosso Blogue, para também ficarmos a saber como podemos comunicar contigo.

Antes de terminar deixo-te um abraço de boas-vindas em nome de toda a tertúlia.
Cá esperamos as tuas fotos e o teu endereço.

OBS:- Da próxima vez que te dirijas ao nosso comandante Luís Graça, podes dispensar o Dr.
Aqui, como camaradas e amigos que assumimos ser, tratamo-nos todos por tu, com a certeza de que isso não implica falta de respeito e de cortesia. Os antigos postos interessam mais para o nosso registo e para a estatística, e o que somos agora é irrelevante, porque o que verdadeiramente conta é a qualidade de ex-combatente da Guiné.

O teu novo camarada e amigo
Carlos Vinhal
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 14 de Dezembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5464: O Nosso Livro de Visitas (74): O blogue não deve ser a Praça da Figueira (Salvador Nogueira, BCP 12, BA 12, Bissalanca, 1969)

Guiné 63/74 - P5479: O assédio do IN a Guidaje (de Abril a 9 de Maio de 1973) - Agradecimento e algumas informações (José Manuel Pechorro)

1. Mensagem de José Manuel Simoa Pechorro, (ex- 1.º Cabo Op Cripto da CCAÇ 19, Guidaje, 1971/73), com data de 16 de Dezembro de 2009: Olá, Carlos Vinhal boa noite, Em resposta ao comentário do Ex-Fur Mil Inf e Op do Cop 3 Carlos Pereira, do dia 14 do corrente aos P5300 e P5310, solicito o favor de publicar, o texto anexo. Cumprimentos a todos. Um abraço do camarada, José M. Simoa Pechorro 

  Agradecimento e algumas informações 

 Olá, Ex-Fur Mil Inf e Op do Cop 3 Carlos Pereira, Boa noite, Agradeço o seu comentário, de 14 do corrente, aos P5300 e 5310, Assédio a Guidage 9 Abr a Mai 1973

 A primeira coluna a chegar e quebrar o cerco foi em 10 de Maio de 73, à frente chegou primeiro, cerca das 18 h e já de noite, o bi-grupo da 38.ª CCmds, branca e talvez uma hora depois a coluna. O Ten Cor Cav António Correia de Campos com um revólver à cintura, de galões, botas dos fuzos e bengala na mão, fez o percurso quase todo a pé. 

 Este dia 10 foi violentíssimo para as nossas tropas e para o PAIGC:

 - Verificaram-se os contactos com os 2 Pelotões da CCaç 3 (nativa africana que nos foram reforçar via corta mato, da região do Samoge, cerca das 17 horas do dia anterior). Da parte da manhã, para lá do Cufeu – Binta, ao avistarem o IN investiram contra ele encurralando-o na bolanha, este contra atacou em força e pôs em debandada os da CCaç 3. Bem tentaram os Alferes resistir e não conseguiram. 

 - Passada cerca de 1 hora foi a vez da CCaç 19, que abandonou 5 mortos no terreno. O PAIGC sofreu bastantes baixas o que facilitou a passagem da coluna, no meu entender. Tenho tentado lembrar os nomes: - Dos dois Alf Mil da CCaç 3 que tanto sofreram e tão bem se portaram e nos foram socorrer e o nome do Cap Mil (“Lobo”) Ajudante de Campo do Sr. Ten Cor Correia de Campos (”Águia”). Poderá dizer-mos? À sua pergunta, como se chamava o Fur Mil cujo corpo me salvou a vida? Deduzo ser o Fur Mil da CCaç 3518 de Gadamael, José Carlos Moreira Machado, de Sá Ervões, Valpaços. Ou o mais provável o nosso Fur Mil AP 09486271 da CCaç 19/Cart 3521 António Santos Jerónimo Fernandes, de Carção, Vimioso. Recordo como se fosse ontem. 

  25 de Maio de 1973, Sexta-feira 

 Flagelados outra vez com mort 120, o que deixou marca, infelizmente. Durante 20 minutos, os clarões das explosões dos morteiros 82 e 120mm, canhão sem recuo (pelas 23,15h), iluminam como relâmpagos, na escuridão da noite. Não se vislumbra qualquer estrela. Atingida principalmente a parte onde se encontram os obuses. No abrigo, embutido na terra, quase pegado à vala, ao centro, paralela à pista de aviação e próximo ao espaldão do obus 10,5cm, uma granada de morteiro 120, atravessou a placa de cimento e troncos de palmeira, por sorte, mesmo no canto e praticamente em cima do triângulo da parede. Se a explosão se dá dentro do compartimento teriam morrido todos, certamente. Estavam cerca de 15 pessoas no abrigo superlotado, incluindo o Fur Mil Inf e Op do Cop 3, Carlos Pereira. Terminado o ataque, um Fur Mil presente no local (da CCaç 3518?), entrou no Posto de Rádio, em estado de choque. Sujo da terra, pó e sangue dos feridos e dos mortos. Contou em pormenor o que sucedera. Alguns da CCaç 3518 de Gadamael, retiraram da vala, refugiando-se ali, amedrontados pelo silvar e rebentamento das sinistras bujardas! 

  4 mortos - 3 brancos da 3518: - 1.º Cabo Gabriel Ferreira Telo, de Paúl do Mar, Calheta, Madeira; - Sold João Nunes Ferreira, de Câmara Lobos, Madeira; - Fur Mil José Carlos Moreira Machado, de Sá Ervões, Valpaços - e um africano. 4 feridos graves: - um soldado; - Fur Mil AP 09486271 da CCaç 19/Cart 3521 António Santos Jerónimo Fernandes, de Carção, Vimioso - e 2 oficiais, um o Alf Mil Luciano Dinis da CCaç 19. Ao clarear o dia visitei os locais onde rebentaram as granadas e presenciei a tentativa do Sr. Ten Cor Cav Correia de Campos em convencer os soldados de serem de mort 82. 

  26 de Maio de 1973, Sábado 

 Decorreu calmo e sem quaisquer ocorrências, a não ser a morte de um dos feridos graves do abrigo, o Fur Mil AP 09486271 da CCaç 19/Cart 3521 António Santos Jerónimo Fernandes, de Carção, Vimioso. e de António Talibó Baio, Sold At 82081071, EXE, Guiné CTIG, CCac19, Morcunda - Nossa Senhora da Graça, Farim. Soube pelo 2.º Sarg Mil Mort (912) Santos Oliveira que o senhor Coronel CARLOS ALBERTO WAHNON MOURÃO DA COSTA CAMPOS faleceu há volta 2 anos atrás… Caro amigo Carlos Pereira Um abraço, Aguardando resposta, José Manuel Simoa Pechorro 

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Guiné 63/74 - P5478: Blogpoesia (61): À distância no tempo... (JERO, Ex-Fur Mil Enf, CCAÇ 675, Binta, 1964/66))

1. Mensagem do JERO (aquele rapaz de Alcobaça, que na outra encarnação foi Fur Mil Enf , CCAÇ 675, Binta, 1964/66)(*), com data de 7 do corrente:


Assunto - Página de um Diário de Guerra (Memória)

Caro Comandante:

Na esperança de te dar um abraço ainda este ano - conto estar uns dias por Oeiras a partir de 16 deste mês - lembrei-me de te escrever hoje depois de ler a arrepiante viagem do Alouette II até ao HM 241 (P5420) (**).

Também nos meus tempos passei pela complicada experiência de meter feridos da minha CCaç 675 nesses assustadores "caixões" que ladeavam os helis [Al II]. Um deles foi o Capitão Tomé Pinto, Comandante da Companhia,  ferido numa patrulha a Santacoto no longínquo dia 5 de Agosto de 1964.

Há uns anos atrás escrevi um poema que nunca tive a "lata" de mostrar a ninguém. Com a idade perde-se a vergonha e aqui vai o dito.

Para ti, caro Luís,  votos de boa saúde e de calma. Fico preocupado contigo quando te vejo a "combater" em tantas frentes...

Um grande abraço e até breve.
Assim o espero.
JERO





À distância no tempo... recordo sons!
Numa selva de imagens
recordo militares agitados...
Lembro a floresta, o caminho estreito.
À distância no tempo... os ruídos esbateram-se!
Ficaram imagens...
Deitado na viatura da "Breda" está ferido o capitão,
Pálido, de camuflado rasgado... mas comandando.



Ordens e gritos... Militares disparando...correndo,
lutando à voz do seu capitão exangue...
Saindo da floresta
que para trás ficava de novo silenciosa!


Na distância do tempo... volto a ouvir
Algures vindo do céu, antes da vista o ter visto,
O barulho inconfundível das pás, das hélices do helicóptero.



O sangue deixou de correr,
a palidez das faces atenua-se,
e aparecem os primeiros sorrisos.

Estão nítidos na minha memória
os companheiros
que ficaram para a vida, toda a vida.




À distância no tempo... Do inimigo de então
que tantas vezes ouvimos e não vimos,
sem ódio, sem ressentimento, quase nada recordo.

À distância no tempo... recordo homens, irmãos!

JERO

[Revisão / fixação de texto : L.G.]

Fotogramas do vídeo:  Guerre en Guinée (ORTF, 1969) (c. 14') (cortesia do Virgínio Briote)  (***)

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 Notas de L.G.:

(*) Vd. poste de 14 de Julho de 2009 > Guiné 63/74 - P4686: Tabanca Grande (162): José Eduardo Oliveira, ex-Fur Mil, CCAÇ 675, Binta, 1965/66

(**) Vd. poste de 7 de Dezembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5420: FAP (38) : O helicóptero Alouette II ou uma arrepiante viagem na 'montanha russa' até ao HM 241 (Jorge Félix)

(***) Vd. poste de 8 de Novembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2249: Vídeos da guerra (2): Uma das raras cenas de combate, filmadas ao vivo (ORTF, 1969, c. 14 m) (Luís Graça / Virgínio Briote)

Guiné 63/74 - P5477: Blogoterapia (137): Palavra de honra que não consigo entender (José Brás)

1. Há muito tempo, por vários motivos, alguns dos quais pessoais, não tinha tanto prazer em publicar um texto. Porquê? Porque é diferente, quase se integrando nesta quadra natalícia em que todos os Homens se deviam sentir mais irmãos, mais próximos.
Pena que durante o ano, aqui no Blogue e na vida lá fora, não nos comportemos com o nosso semelhante conveniente. Quem nunca pecou que atire a primeira pedra.

E se prometêssemos todos que a partir de 2010 os assuntos do Blogue serão discutidos com mais elegância e sem ataques pessoais?

Mais ainda, peço que ninguém volte a ameaçar com a saída da tertúlia. Para quê? A marca de cada um de nós está nestas páginas. Para bem, nunca para mal. Dentro ou fora, jamais se apagará uma letra que seja de algum camarada que nos honrou com a sua colaboração. Discordância não levará à desistência e muito menos a apagar um passado recente, onde as histórias de cada um são um pecúlio de valor incalculável deste Blogue.

Considerem isto a minha mensagem de Natal e os meus votos para 2010.

Deixo agora este texto do nosso camarada José Brás, que espero corresponda a um regresso definitivo ao trabalho. Todos fazemos falta e os Josés Brás ainda mais.

Este vosso camarada que vos estima
Carlos Vinhal


2. Mensagem de José Brás (ex-Fur Mil da CCAÇ 1622 (Aldeia Formosa e Mejo, 1966/68, autor do romance Vindimas no Capim, Prémio de Revelação de Ficção de 1986, da Associação Portuguesa de Escritores e do Instituto Português do Livro e da Leitura), com data de 16 de Dezembro de 2009:

...Carlos
com um abraço e votos de bom natal
José Brás



Palavra de honra!

Palavra de honra que não consigo entender.


Palavra de honra que não consigo entender a discussão continuada e, por vezes a ofensa pessoal, sobre um tema que se conhece há dezenas de anos por ter sido larga e internacionalmente teorizado, antes e depois da nossa experiência, e o façamos como se o estivéssemos a viver hoje, emocionados, sem distanciamento nem abordagem amadurecida no estudo, na comparação objectiva, nas opiniões alheias, coisas todas essenciais à formação de um juízo limpo sobre as coisas difíceis e complexas.

Falo da situação dos povos de África, durante séculos ocupados e colonizados por grandes potências europeias, e da independência da grande maioria desses povos e desses territórios, ganhas em negociações mais ou menos prolongadas com o colonizador e quase sempre sob a perversidade da força como ameaça, e outras vezes em luta armada como solução única porque outra hipótese lhes foi negada.

Mais restrito, entretanto, é o objecto desta minha intervenção porque o que quero é falar da Guerra que travámos em Angola, Moçambique e Guiné entre 1961 e 1974, e mais restritamente ainda, da polémica alimentada entre os que acham que a guerra colonial estava perdida e dependente apenas do tempo, e os que continuam a pensar que a ganharíamos no terreno, não fora a cobardia dos políticos do pós 25 de Abril que, traindo o desígnio nacional, aceitaram de mão beijada ou mordida, a entrega.

Evidentemente, tal tema não é hoje uma questão fundamental na atribulada vida do País, perdido na complexidade mais geral e mais funda da continuidade da Pátria no galope da globalização que tudo arrasa, da história, da cultura e da particularidade do sentir quase milenar deste povo, até ao cozido à portuguesa.

Na Tabanca Grande é frequente a sua chamada à fogueira, quase sempre na sequência da palavra Guilege, dita de um lado ou do outro da divisão, seja a propósito do que for.

Ora, a mim me parece que se torna extremamente redutor, nuns e noutros, fecharem-se as inteligências em muros tão apertados.

E ainda mais redutor é, quando alguém, para apodar de cobarde aos que “abandonaram”, invoca a honra do exército, do regimento, do batalhão, da companhia e, provavelmente, as do pelotão e da secção.

O mundo é muito maior que isso, meus amigos, e muito maior também, o direito de cada qual mandar dentro da sua própria casa, que é como quem diz.

Vejamos!

Em menos de uma década (50/60), 36 novos países surgiram em África, tomando independência de seus antigos colonizadores, quase todos num processo de negociação longo e complexo aceite pelas duas partes.

Em Portugal, muitos anos antes, Norton de Matos, Craveiro Lopes, Veiga Simão, Adriano Moreira, Botelho Moniz, Costa Gomes, e até Marcelo Caetano e Kaulza de Arriaga, entre outros, cada um de seu modo, haviam concluído que a solução ultramarina era inevitável, tomasse ela o caminho que tomasse.

No terreno da luta, alguns chefes militares o entenderam também, na Guiné, por exemplo, o próprio comandante chefe, Spínola, que reiteradamente o propôs a Lisboa e pela negação do regime se demitiu, convencido que não ganharíamos a guerra, por mais batalhas que vencêssemos.

Estranho é, assim, não terem entendido os ultras do regime o destino que também nós, descobridores antigos, teríamos de encarar, preparando o País para as consequências inevitáveis e as colónias para uma transição amigável e aproveitadora para as duas partes que, sem dúvida, se necessitavam mutuamente.

Mais estranha ainda, diríamos hoje da atitude dos que sofreram na pele, na carne e na alma as consequências do conflito, se não nos dispusermos a encarar a realidade mais complexa que se formou na alma de cada um, na ressaca da sua participação e independentemente da bondade do seu carácter como ser humano, e que nós, hoje, num espaço como a Tabanca Grande, continuemos a viver entre a raiva da derrota de Alcácer Quibir e a esperança imperial de Afonso de Albuquerque, tratando o caso Guilege como se estivesse aí o centro do mundo.

Na verdade, aceitamos que na sequência da guerra dita religiosa contra muçulmanos e da ajuda que estrangeiros vieram dar à península, Afonso Henriques, ou mais propriamente o bispo de Braga, tivesse decidido o corte no Rio Minho, das ligações, religiosa com Santiago de Compostela e política ao Reino de Leão, iniciando com isso a criação de um novo País e a consciência crescente de um povo dono e senhor das suas terras e do se futuro.

A algum de nós passaria pela cabeça discutir a legitimidade da independência do Brasil, cem anos antes de Salazar, sem guerra e numa negociação em que foi português um dos personagens importantes da mudança?

E será apenas porque o tempo que se diz tudo curar, tratou de sarar as feridas da separação, e porque todos nós (ou quase todos) gostemos da música brasileira, das telenovelas, do futebol, da feijoada e do rodízio, ou porque nos parece realmente lógica e justificada a existência do Brasil como nação, e nem pareça muito ajuizado que coloque aqui para abordagem tal hipótese?

Não aceitamos, acho eu, é a desonra da secção!

Meus amigos. Somos, nos dois lados da polémica, muito mais inteligentes e generosos que a esterilidade de tal discussão.

Quanto a mim, que por largos meses vivi e sofri em Guilege e arredores o que ali se sabe que sofreram todos os que por lá passaram; tendo lido argumentos sobre a situação nos dois lados da divisão, sabendo que como povo, como exército em armas, fomos o que de nós se poderia esperar no caldo cultural nos rodeava, em que nascemos e nos fizemos homens e soldados.

Fomos muitas coisas, porque éramos múltiplos e unos ao mesmo tempo, infantes em terra, nas bolanhas e nas matas, tropas especiais ou de quadrícula, marinheiros naqueles rios cercados de tarrafo e mato, pilotos da escassa aviação de que dispúnhamos, gente crente da obrigação de honrar a história como sempre a ouvimos, gente plena de dúvidas na leitura nova de um mundo em mudança, gente que aguentou e sofreu o que está muito para além daquilo que outros povos aceitariam sofrer, gente que deu a vida sabendo ou não que o fazia mais por seu espírito pessoal do que por consciência aguda de que travava o caminhar natural da história.

E no fundo, que prejuízo nos trará a exibição da existência de diferenças entre nós, afinal, como sabemos, unos como povo e diferentes como cidadãos em tantas coisas que constroem a consciência colectiva.

Que prejuízo trará se soubermos dialogar sem raivas nem ofensas e apenas no objectivo de marcarmos o chão de cada um, inevitável e criador, sem objectivo de convencer o outro e, muito menos, de o esmagar de argumento ou de rajada.

Tenho a certeza que nenhum deixou para trás a companheiro, (e algumas vezes mesmo a inimigo), sem dar tudo o que podia para o carregar com ele, doendo-lhe na alma para sempre quando o seu esforço não foi suficiente para o salvar.

Entretanto, o mundo continua a mudar e não muito de acordo com as nossas esperanças e conceitos, mas muito mais pelas rédeas de grupos que nem conhecemos, que estão fora das nossas fronteiras mas condicionam o que já somos hoje e seremos no futuro, como País e como povo, enganando-nos com as papas e os bolos do shoping center global, fingindo que ainda temos história, bandeira, raia, mas cobrindo tudo isso com cultura alheia e massificada à escala mundial, vendendo omo e tide em qualquer supermercado do mundo, substituindo a chula do Minho e o vira do Algarve por rock’nroll, o vinho tinto por coca cola, a rolha de cortiça por plástico, o leitão da Bairrada por fast food e adormecendo-nos a consciência na lavagem da televisão por satélite.

E às vezes somos nós próprios que julgamos que tudo isto é apenas ficção. Agarramo-nos ao que nos resta e sonhamos com o antigo Império, desaproveitando até, a mão que poderíamos apertar sobre as águas do mar.

Companheiros!

Discutamos, sim, entre nós, as nossas vitórias e as nossas derrotas, com consciência e o espírito criador do abraço

José Brás
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Notas de CV:

(*) Vd. poste de 15 de Julho de 2009 > Guiné 63/74 - P4689: Blogpoesia (54) : Abraço com aço não rima, nem rima a morte com sorte... (José Brás)

Vd. último poste da série de 15 de Dezembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5472: Blogoterapia (136): O Natal dos tertulianos de 2005, embrião da Tabanca Pequena de Matosinhos, criada em 18/11/2008... (Luís Graça)

Guiné 63/74 – P5476: Estórias do Mário Pinto (Mário Gualter Rodrigues Pinto) (31): Ataque `a Chamarra nas vésperas de Natal (Mário G R Pinto)

1. O nosso Camarada Mário Gualter Rodrigues Pinto, ex-Fur Mil At Art da CART 2519 - "Os Morcegos de Mampatá" (Buba, Aldeia Formosa e Mampatá - 1969/71), enviou-nos a sua 31ª mensagem, em 15 de Dezembro de 2009:

Camaradas,

Retirei do meu baú de recordações esta estória verídica de acontecimentos que, por mais que o tempo corra fica sempre na minha memória, tal a sorte que no dia 21-12-1969, bafejou os intervenientes da CART 2519.

Vai fazer agora precisamente 40 anos.

Vésperas de Natal "ATAQUE Á CHAMARRA"

No dia 21-12-1969, pelas 10h30 horas um Grupo IN, estimado em 40 elementos, atacou com grande intensidade o aquartelamento da Chamarra, chegando a estar perto do arame defensivo da Tabanca.

A pronta resposta das NT aquarteladas em Chamarra, que se resumiam a um Pelotão de Nativos e Milícia local, apoiadas pela Artilharia de Aldeia Formosa, obuses de 14 cm e a CArt. 2519, que tinha a missão de socorrer a Chamarra em caso de ataque.

Assim que o IN deu inicio ao ataque, verificou-se logo em Mampatá, que o mesmo era a sério, e, não uma simples flagelação como era costume. Depois de contacto via rádio, com a CHAMARRA, saiu em auxílio ao destacamento um Grupo de Combate da CArt. 2519, reforçado conforme o estipulado no Plano de Acção.

A meio do trajecto veio a saber-se que o IN tinha abandonado o ataque e retirado para Sul. Foram dadas ordens ao Grupo de Combate para perseguir o IN e tentar interceptá-lo, o que veio a acontecer mais tarde.

Entretanto o 1º Grupo de Combate da CArt. 2519, encontrava-se na Zona emboscado perto do Rio Ierobá, fazendo acção de contra-penatração ao corredor de Missirá e o IN, na retirada do ataque, foi-lhe cair nas malhas com que estava preparado para os receber.

Pelas 13h00, deu-se o contacto do IN com as NT emboscadas, o que provocou ao IN, logo 2 baixas confirmadas (mortos) no terreno e vários feridos, tendo os mesmos retirado ainda mais para Sul.

Entretanto o Grupo de Combate saído de Mampatá, flectiu mais para Sul em direcção a Colibuia, pelo trilho Guidali, vindo a contactar o IN, em retirada neste trilho num frente a frente inesperado.

Desfeita a surpresa inicial foi aberto fogo pelo os Homens da frente, onde eu e o meu camarada Furriel Bernardo nos encontrávamos, com cerca de 9 elementos, enquanto os restantes seguiam ligeiramente atrás.

Como ficámos entre o IN e as NT, havia necessidade de manobrar de maneira que os nossos camaradas da retaguarda pudessem chegar á frente, de maneira a enfrentar o IN. Para isso, eu, o Bernardo e os restantes elementos corremos em zigue-zague para a direita do trilho, procurando abrir a frente de ataque, o IN respondeu com tiros de arma ligeira atingindo a mim, ao Bernardo e a mais 2 camaradas soldados.

A manobra apesar dos feridos deu resultado, porque o resto do Grupo de Combate pôde avançar e desbaratar o IN, com pesadas baixas (4 mortos confirmados) e diverso material de guerra capturado.

Os nossos ferimentos foram todos ligeiros, felizmente, eu com um tiro no braço, o Bernardo com um tiro numa perna e os restantes 2 feridos também ligeiramente.

Foi efectuada a nossa evacuação para Bissau, em Aldeia Formosa, onde uma DO nos aguardava para o efeito.

No Hospital Militar, em Bissau, depois de vistos e tratados pelo pessoal médico e enfermeiros, tivemos a visita do General Spínola e do Capitão Almeida Bruno, que vieram junto de nós inteirar-se da ocorrência.

Nesse dia considero que o espírito de Natal nos protegeu, a mim e aos meus camaradas feridos, porque com o IN a disparar sobre nós a tão curta distância e nós a ouvirmos as balas assobiar á nossa volta, é inacreditável como saímos vivos daquela m...

Eu, o Bernardo e o soldado Raposo Marques, fomos louvados por coragem e valentia em acção de combate, tendo o meu transitado para o CTIG e ao Raposo foi-lhe justamente atribuído o Prémio Governador.

A CArt 2519, foi louvada pelo COM-CHEF, por esta acção, conforme consta na Estória da Unidade.

Nota: Todos estes elementos constam da Estória da Unidade da CArt. 2519.

Um abraço,
Mário Pinto
Fur Mil At Art

Fotos: © Mário Pinto (2009). Direitos reservados.
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Nota de M.R.:

Vd. último poste desta série em:

Guiné 63/74 – P5475: Convívios (178): 5º Encontro/Jantar de Natal de pessoal do BCAÇ 4612/72, Mansoa 1972/74 (Jorge Canhão)


1. O nosso Camarada Jorge Canhão, ex-Fur Mil At Inf da 3ª Companhia do BCAÇ 4612/72, Mansoa 1972/74, enviou-nos a seguinte mensagem em 14 de Dezembro de 2009:

Camaradas do blogue,

Realizou-se no dia 04/12/2009, mais um encontro (o 5º extra-encontros das companhias do BCAÇ 4612/72) de camaradas que estiveram juntos, no referido batalhão, em Mansoa, nos anos de 72 /74.

Este encontro/jantar, foi organizado pelo nosso “comandante”, o ex-1º cabo Carlos Alves (Escriturário da CCS) e foi programado como sendo mais um dos nossos jantares de Natal.


Após uma pequena “hostilidade” na entrada com uns queijinhos e tirinhas de presunto, entre outros, começámos o “ataque” principal a umas deliciosas espetadas de tamboril com gambas.

Devido à grave desidratação, de que fomos subitamente atacados, tivemos de nos socorrer com bom vinho tinto e cerveja, porque a água da bolanha, apesar da boa aparência, poderia ter-nos feito muito mal.


Após estes combates, que decorram sem qualquer baixa, foram entregues prendas/lembranças a todos os intervenientes.

Estiveram presentes 11 “mansoancas”. Além do nosso “comandante e chefe de operações”, estiveram o C. Alves Simões ex-Fur Mil do Pelotão de Morteiros, o ex-Alferes Mendonça, o ex-Fur Mil Pires, o ex-Fur Mil Pauleta e o ex-1ºcabo Valente (todos eles Sapadores).


Além dos mencionados combatentes, que levaram de vencida tudo o que lhes nos pratos, nos copos e nas chávenas, estiveram também a reforçar o dispositivo, o ex-Fur Mil Magalhães (Mecânico de Armamento), o ex-Fur Mil Martins (Enfermeiro), o ex- Alf Mil Ferreira (Pelotão de Reconhecimento), o ex-Fur Mil Salavisa (Amanuense) e o Canhão ex-Fur Mil (Atirador da 3ª Cia).

De salientar que o Valente e o Martins, vieram de Torres Vedras para Oeiras.

A amizade está acima de tudo e vence a aborrecida e incómoda barreira dos quilómetros que nos separam.

Abraços,
J.Canhão
Fur Mil At Inf da 3ª Cia do BCAÇ 4612/72


Fotos: © Jorge Canhão (2007). Direitos reservados.


Emblema de colecção: © Carlos Coutinho (2009). Direitos reservados.
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Nota de MR:

Vd. poste anterior desta série em:

Guiné 63/74 - P5474: Parabéns a você (54): António Paiva, ex-Soldado Condutor do HM 241 de Bissau

1. Salvé 16 de Dezembro de 2009, dia grande para o nosso camarada Antonio Paiva*, que foi Soldado Condutor no HM 241 entre 1968 e 1970.

Neste dia de felicidade, desejamos o melhor da vida para o António, sempre na companhia dos seus familares e amigos. Toda a Tabanca celebra este dia, esperando que a data se continue a festejar por muitos anos, sempre com o nosso testemunho de amizade.


2. O camarada António Paiva apresentou-se à Tabanca Grande em Novembro de 2008 assim:

Caro Luís Graça,
Há pouco tempo descobri na Internete o blog dos Camaradas da Guiné, se me permite, com intenção de fazer parte do mesmo, me vou apresentar.

António Duarte de Paiva, ex-Soldado Condutor no Hospital Militar 241 em Bissau, de Junho de 1968 a Junho de 1970.

Fiquei surpreendido ao ver que, 40 anos passados, os jovens daquele tempo, alguns, se voltaram a reencontrar e entre eles poderem trocar impressões, histórias e ideias, dos tempos longínquos que nos vieram dar a volta à juventude, com a incerteza no amanhã.

Senti alegria e satisfação ao ver no blog os Gloriosos Malucos das Máquinas Voadoras, e nele estar o ex-Alf Mil Piloto Aviador Jorge Félix. Não nos conhecemos, mas de certeza que muitas vezes nos encontrámos, mais que não fosse, naquela triste missão de… toma lá, dá cá. Mandei-lhe um e-mail, dois dias atrás, talvez ele me possa ajudar a compor melhor os tempos reais do passado.

Prometo Voltar

Um abraço
António Paiva


3. O António prometeu e voltou como prova a listagem dos seus postes. De vez em quando vai alimentando a sua série, além de intervir sempre que acha oportuno.
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Notas de CV:

(*) Vd. postes de António Paiva de:

20 de Novembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3486: Tabanca Grande (98): António Paiva, ex-Soldado Condutor no HM 241 de Bissau, 1968/70

24 de Novembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3511: O meu baptismo de fogo (23): Uma vacina para o enjoo... (António Paiva)

13 de Dezembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3615: Histórias de um condutor do HM 241 (António Paiva) (1): Corrida com triste fim

17 de Dezembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3641: Histórias de um condutor do HM 241 (António Paiva) (2): Aventura de Domingo

28 de Dezembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3676: As Nossas Mulheres (3): Um poema da minha Mãe, Leopoldina Duarte (António Paiva)

22 de Janeiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3775: Histórias de um condutor do HM 241 (António Paiva) (3): Ir a Mansoa, não é perigoso?

20 de Fevereiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3917: Histórias de um condutor do HM 241 (António Paiva) (4): Não cobiçar a mulher do próximo

20 de Março de 2009 > Guiné 63/74 - P4058: Memória dos lugares (20): Hospital Militar 241 de Bissau (António Paiva)

5 de Abril de 2009 > Guiné 63/74 - P4143: Histórias de um condutor do HM 241 (António Paiva ) (5): A Justiça Militar ou um processo... kafkiano

17 de Abril de 2009 > Guiné 63/74 - P4203: Histórias de um condutor do HM 241 (António Paiva) (6): É uma alegria a notícia de que se vai ser pai

28 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4432: Histórias de um condutor do HM 241 (António Paiva) (7): 4 dias de inferno em Junho de 1969

30 de Junho de 2009 > Guiné 63/74 - P4613: Histórias de um condutor do HM 241 (António Paiva) (8): Pôr os pontos nos "is"

2 de Julho de 2009 > Guiné 63/74 - P4629: Histórias de um condutor do HM 241 (António Paiva) (9): Dois pequenos amigos de quatro patas

Vd. último poste da série de 15 de Dezembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5470: Parabéns a você (53): Francisco dos Santos, 1º Cabo da CCAÇ 557 (Editores)