terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Guiné 63/74 - P3635: Blogues da Nossa Blogosfera (10): De Porto de Mós a Gandembel (Paulo Sousa / Luís Graça)


Vila Forte > Um blogue que já existe desde Outubro de 2006. "Como se numa mesa da esplanada estivessemos, a ver o Rio Lena e a debater a nossa terra e os nossos dias" (*)...

De repente, alguém, em Porto de Mós, distrito de Leiria, se lembrou - imaginem !- de uma velha foto e de um lugar que já não existe, a não ser na blosgosfera e na memória de alguns tugas: Gandembel, uma aquartelamento português, no sul da Guiné-Bissau, em pleno corredor de Guileje, construído e defendido durante menos de nove meses entre Abril de 1968 e Janeiro de 1969, altura em que foi definitivamente abandonado por decisão superior do comando chefe das tropas portuguesas... Nesse período de tempo, em que se gera, desenvolve e nasce uma criança, Gandembel sofreu mais de 300 ataques e flagelações por parte da guerrilha do PAIGC... Uma história que não vem nos livros de história que são lidos nas nossas escolas, pelos nossos professores, pelos nossos filhos, pelos nossos netos...

Imagem: ©
Luís Graça & Camaradas da Guiné (2008). Direitos reservados


1. Mensagem de Paulo Sousa, com data de 8 de Dezembro:

Dr. Luís Graça,

Se tudo correr bem no próximo ano, em Março, participarei numa expedição de jipes até à Guiné Bissau. Ando a recolher dados sobre o país, assim como alguma cartografia.

Durante esse processo tropecei no seu blogue acima referido e li algumas da muitas histórias. Gostei em especial de uma que acompanha uma foto e que publiquei com comentário no blogue em que colaboro, o Vila Forte.

Aqui fica o link http://vilaforte.blogs.sapo.pt/52474.html

Agradeço as suas cartas militares da época que guardarei para a viagem.

Cumprimentos

Paulo Sousa

2. Vila Forte > Paulo Sousa > Segunda-feira, 8 de Dezembro de 2008 > Gandembel (**)

A Guerra Colonial marcou muitos milhares de pessoas. Não só portugueses. Em termos históricos ainda não terá passado o tempo suficiente para a debater com isenção. Não quero aqui fazer qualquer juízo de valor, mas apenas partilhar um texto e uma foto que apanhei na net.

Gosto de ouvir as estórias dos soldados que combateram nas ex-colónias, sendo que a maior parte deles o fez contra a sua vontade. Acho que o país lhes deve, no mínimo, um agradecimento pelos anos perdidos e pelos sacrifícios passados.

Os relatos na primeira pessoa contados por muitos ex-combetentes será uma forma de perpetuar o que passaram, assim como um contributo para que as gerações mais novas de que faço parte, conheçam a sua história. Como se diz no excerto, muito do que se passou nesses tempos difíceis seria assunto para muitos livros e muitos filmes.


"Guiné > 1968 > Região de Tombali > Gandembel > CCAÇ 2317 > Início da construção do aquartelamento

«As grandes fotografias dispensam legendas. Esta é uma das fotos-ícones da guerra da Guiné. Tem uma tremenda força dramática! Está lá tudo: o homem-toupeira, o homem de nervos de aço de Gandembel/Balana, também tinha alma de poeta e sabia transformar a pá do trolha em viola de baladeiro, ou guitarra de fadista! Estamos lá todos nesta fotografia de um camarada, sozinho, no palco da guerra, no cu do mundo, enrodilhado num manta, dedilhando a sua viola ou a sua guitarra e cantando para um público imaginário as suas alegrias, as suas tristezas, a sua coragem, a sua solidão, a sua saudade, as suas esperança, os seus medos, os seus sonhos...

"Trata-se do nosso camarada Idálio Reis, na altura Alf Mil da CCAÇ 2317... Podemos imaginá-lo no intervalo de um dos 372 ataques e flagelações a que os nossos camaradas foram submetidos, entre 8 de Abril de 1968 até 28 de Janeiro de 1969, os nove meses em que, em tempo-recorde, construiram de raíz um aquartelamento, defenderam-no galharda e heroicamente e receberam ordens para o abandonar!... Um verdadeiro Suplício de Sísifo!... Noutro país, esta epopeia teria dado um grande filme, um grande livro, uma grande exposição fotográfica!... Gandembel, quer se queira ou não, faz parte da nossa história, dos portugueses e dos guineenses... É bom invoca-la para que não ouçamos amanhã a resposta dos nossos filhos e netos: 'Gandembel? Não, nunca ouvi falar'... Retirado daqui".


3. Comentário de L.G.:

Obrigado, Paulo, pelas referências simpáticas que faz ao nosso blogue e sobretudo pela sua homenagem aos homens da geração do seu pai que combateram, duramente em África, durante quase década e meia... Obrigado, em nome do Idálio Reis e dos outros anónimos heróis de Gandembel... Obrigado pela sua sensibilidade e carinho.

Se for à Guiné-Bissau, como planeia, em março próximo, não deixe de visitar o sul, o Cantanhez, o corredor de Guileje... e por que não Gandembel / Balana, onde foi tirada esta foto que é de facto uma foto-ícone... Podemos dar-lhe alguns contactos. Transmita-nos depois as suas impressões. Vai adorar os guineenses que são um povo fantástico, pacífico, amável, generoso, hospitaleiro...

Felicidades para o blogue onde você colabora e Bom Ano para as gentes, trabalhadoras, lhanas e frontais, de Porto de Mós.

PS - Espero que as nossas cartas lhe sejam úteis. Já em tempos tínhamos sido conatactados por grupo de escuteiros locais, que pretendiam o mapa de Quinhamel. Vd. poste de 8 de Junho de 2006 >
Guiné 63/74 - P856: Escuteiros de Porto de Mós descobrem o nosso blogue

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Notas de L.G.:

(*) O primeiro poste de 26 de Outubro de 2006, começava assim:

Bem Vindos

Caros amigos,

Uma vez aqui reunidos nesta esplanada, queria em primeiro lugar agradecer a vossa disponibilidade em participar nesta tertúlia de livres pensadores portomosenses.

Nestes dias em que Outubro está a terminar, o rio vai perdendo a fúria dos últimos dias, mas ainda assim corre cheio.

Aqui sentados, abrigados da chuva que vai caindo e do frio que se aproxima, convido-os a apurar o sentido de observação e a libertar a imaginação. Essas serão as ferramentas necessárias para a tarefa que vos proponho.

Espero que aqui, com o confortável aroma do café nas narinas, vejamos chegar a geada, os aromas da Primavera, o sufoco do Verão e que os ciclos da Natureza se repitam connosco por cá na conversa.

Bem vindos a todos.

O Barman


Em Setembro de 2008, o Vila Forte atingiu as 200 mil visitas e mudou de endereço:
Vilaforte.blogs.sapo.pt


(**) Vd. último poste desta série > 2 de Dezembro de 2008 >Guiné 63/74 - P3552: Blogues da Nossa Blogosfera (9): CART 3494, Xime e Mansambo (Dez 1971 / Abr 1974), criado pelo Sousa de Castro

Guiné 63/74 - P3634: Estórias avulsas (6): Mulheres na guerra (Luís Faria)

1. Mensagem de Luís Faria, ex-Fur Mil Inf MA da CCAÇ 2791, Bula e Teixeira Pinto, 1970/72, com data de 12 de Dezembro de 2008:

Vinhal,Luis,Briote

Que tudo esteja bem convosco

Segue a estória de uma vivência que não faço ideia se algo do género a alguém mais aconteceu.

Será que Mulheres em armas, nas frentes de combate é uma boa opção ?

Um abraço a todos
Luis S Faria


2. Mulheres!

Diz(ia)-se: A uma mulher não se bate nem com uma flor… só com um pau de marmeleiro!!, acrescenta(va)-se.

Ao ler o P3598 (*) do José Colaço que achei curioso e retratante das Gentes Lusas, veio-me à luz uma situação intrigante e julgo que um pouco absurda naquele contexto, que se passou comigo e que podia ter sido caso de análise psiquiátrica, digo eu!

Estava em Teixeira Pinto e como em muitas outras ocasiões o meu GComb juntamente com outro foi fazer uma Operação na zona do Belenguerez. Perto do objectivo começámos a ouvir vozes vindas de um palmal junto de uma bolanha. Estávamos em mata cerrada de arbustos e depois de ponderação, uma dúzia de rapazes, sob o meu comando desenvolveu uma espécie de golpe de mão.

De repente rebenta um fogachal do caraças e à minha frente depara-se-me uma mulher apavorada e a gritar.

Instintivamente (?) atirei-a ao chão e deitei-me por cima tentando protege-la. Só então vi que tinha um miúdo às costas.

Os tiros foram realmente muitos, de frente e de cima. Senti uma pancada forte. Um deles acertou num dos carregadores da cintura, outro na G3 que me saltou das mãos e a mulher grande apanhou com um estilhaço dessas balas (julgo) num pé. O puto nada sofreu, só chorava.

Graças a Deus nesse momento não tivemos quaisquer feridos.

Perguntei-me na altura, porque fiz aquilo… porquê? Resposta não tive, só uns talvez por…

Será que foi por ser mulher? E se ela trouxesse uma arma o que é que o instinto (?) me teria levado a fazer?!

Hoje, ao recordar o episódio matutei de novo… porquê??? E continuo com os talvez por…!

A Todos um abraço
_______________

Notas de CV:

(*) Vd. poste de 11 de Dezembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3598: O segredo de... (4): José Colaço: Carcereiro por uma noite

Vd. último poste da série de 10 de Dezembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3595: Estórias avulsas (23): O Cuco (Jorge Teixeira)

Guiné 63/74 - P3633: Dando a mão à palmatória (18): O meu reparo (Belarmino Sardinha)

1. Mensagem de Belarmino Sardinha, ex-1.º Cabo Radiotelegrafista STM, 1972/74, Mansoa, Bolama, Aldeia Formosa e Bissau, com data de 15 de Dezembro de 2008:

Caros Camaradas,

Costumo deixar à vossa consideração a publicação dos textos que envio. Embora este não seja diferente, gostaria que fizessem o favor de o publicar, compreenderão a razão depois de o lerem.

Com um abraço para todos,
BSardinha


2. O Meu Reparo

Fazer a leitura diária deste espaço, tem-me levado a fazer a minha segunda comissão, ao remexer nas coisas que os meus pais guardaram dessa minha estada na Guiné para as quais nunca mais me tinha dado voltar a olhar.

Mas à medida que vou separando e lendo vou descobrindo coisas que pura e simplesmente não me lembrava ou, constato-o agora, não cheguei a ter conhecimento.

O que a seguir refiro não terá qualquer importância para os acontecimentos na Guiné ou para os restantes membros da Tabanca Grande, mas tem-no para mim e para a pessoa que foi visada num texto que enviei e foi divulgado (*).

Estive de férias na Metrópole em Fevereiro/Março de 1974. Não podia vir depois dessa data por me faltarem menos de três meses para acabar a comissão.

Encontro agora uma carta, escrita em 19 de Março de 1974 pelo então 1.º Sarg.º Vasco, Chefe da Rede Interna do STM em Bissau, onde me diz para não lhe levar nenhum capacete por serem mais caros do que na Guiné.

Sem conhecimento desta carta, talvez por ela ter chegado numa altura em que eu já devia estar de regresso à Guiné, não evitou a animosidade que se gerou entre nós.

Passados todos estes anos, confesso que não deixaria de ajuizar este caso como o fiz se não visse esta carta, mas entendo, depois de estar conhecedor do seu conteúdo, ser devido o reparo. Está feito nas mesmas condições em que foi referido.

Um abraço para todos.
BSardinha

3. Nota dos Editores:

Dizia Belarmino Sardinha no P3377:

O então 1.º Sargento Vasco, Chefe do Posto Director do STM em Bissau, havia-me pedido, ou mandado, levar-lhe um capacete para se passear de mota, dizendo-me qual o modelo e inclusive onde o deveria comprar, na altura, na esquina da Rua das Pretas com a Avenida da Liberdade. Como não se tinha chegado à frente com o dinheiro, na altura entre 1.500$00 a 1.800$00, nem via nele grande interesse em o querer pagar, quando regressei disse-lhe que estavam esgotados. Não gostou. Daí a ter-me oferecido para ir substituir a Bolama o camarada que ia de férias foi um passo.
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Nota de CV:

(*) Vd. poste de 29 de Outubro de 2008 > Guiné 63/74 - P3377: O meu baptismo de fogo (19): Como, porquê e não só (Belarmino Sardinha)

Vd. último poste da série de 13 de Dezembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3611: Dando a mão à palmatória (17): Cumbijã fica entre Mampatá e Nhacobá, mapa de Guileje (Antero Santos / Vasco da Gama)

Guiné 63/74 - P3632: Álbum das Glórias (49): O meu ex-Cap Mil Abel Quintas, da CCAV 8350, os Piratas de Guileje (J. Casimiro Carvalho)

Maia > Maio de 2007 > O Cap Mil Art, DFA, Abel Quintas, na casa do José Casimiro Carvalho (*)... O Abel Quntas foi o primeiro dos quatros capitães que teve a CCAV 8350 (1972/74)... Depois da retirada de Guileje, na madrugada de 22 de Maio de 1973, foi gravemente ferido em Gadamael, em 1 de Junho 1973, e evacuado para o Hospital Militar de Lisboa, no dia seguinte. É uma importante testemunha dos factos ocorridos em Guileje entre 18 e 22 de Maio de 1973. Foi ouvido, em Lisboa, em auto de inquirição no âmbito do processo que foi instaurado ao então major Coutinho e Lima (Vd. as suas declarações reproduzidas por Coutinho e Lima, bem como os comentários feitos por este, no livro A Retirada de Guileje, 2008, pp. 251-271).

Foto: © José Casimiro Carvalho / Luís Graça & Camaradas da Guiné (2008). Direitos reservados

Álbum das Glórias (49) > O meu ex-Cap MIl Abel Quintas

por J. Casimiro Carvalho, ex-Fur Mil Op Esp, CCAV 8350 (1972/74) (**)


(..) Socorrendo o meu comandante, o Capitão Quintas (***)


Num dos ataques [a Gadamael ], o Capitão Quintas foi ferido muito gravemente; ajudei-o a chegar ao cais, debaixo de fogo, arranjei um Sintex e o mesmo não tinha depósito...! Corri, debaixo dum bombardeamento terrível, arranjei um depósito, tendo então levado o Sintex para Cacine, com ele e mais feridos.

O pessoal entretanto debandava para o mato, onde era mais seguro estar. Um deles morreu enterrado no lodo, outros foram recuperados numa lástima, por elementos da Marinha (julgo eu)...

Neste espaço de tempo - não sei precisar a cronologia -, chegou um Helicóptero com o Gen Spínola e o Cor Rafael Durão. Este, ao sair, fitou-me e vociferou :
- Quem é você ? - Eu trajava um camuflado com cortes nas meias mangas, calções e botas de lona e sem quico… Retorqui-lhe , em sentido:
- Apresenta-se o furriel Car.... - Ele interrompeu-me, de imediato e no meio daquele Vietname ordenou-me:
- Vá-se fardar correctamente e venha-se apresentar!...

Entretanto, reuniu as tropas (as que pôde) e chamou-nos tudo o que lhe veio à cabeça:
- Cobardes, ratos… Vocês mereciam que vos arrancasse a cabeça a pontapé!..

Mais tarde o Heli arrancou e passados uns três minutos caíram duas morteiradas no preciso local donde saíra.

Nestes espaços de memória lembro-me de chegarem os Páras, que começaram a varrer a zona. Lembro-me duma patrulha deles sair (um bigrupo, julgo) e, passados uns minutos, era tamanha a fogachada que se viam as explosões de granadas e dos RPG. Demorou uma eternidade, quando os páras regressaram traziam 16 feridos, um dos quais um sargento com um tiro numa perna e que ...sorria! Que tropa moralizada, meu Deus!...

Após um ataque de canhões sem recuo por parte do IN, vem um Fiat G 91 que picou, largou uma bomba enorme e roncou os motores numa subida louca, a bomba rebentou, estremeceu o quartel e os nossos corações, até os tomates abanaram.

Não havia condutores no quartel, tinham fugido para o mato ou desaparecido. Não havia munições nos canhões e morteiros, então eu peguei numa Berliet e um ilustre desconhecido (adorava saber quem foi!) acompanhou-me na odisseia de andar debaixo de morteirada na corrida aos paióis. Trazíamos granadas para as bocas de fogo e, claro, que, quando os tiros de bocas de fogo do IN saíam, nós não ouvíamos e só quando rebentavam é que nos apercebíamos e saltávamos em andamento. (...)

___________

Nota de L.G.:

(*) Vd. postes de:30 de Julho de 2007 > Guiné 63/74 - P2007: Três homens de Guileje: Nuno Rubim, J. Casimiro Carvalho e Abel Quintas

(**) Vd. poste de 29 de Outubro de 2008 > Guiné 63/74 - P3376: Álbum das Glórias (48): Paunca, CCAÇ 11: Maio de 1974: a rendição da guarda (J. Casimiro Carvalho)

(***) Vd. postes de:

14 de Dezembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3623: Recortes de imprensa (11): A guerra do J. Casimiro Carvalho, pirata de Guileje e herói de Gadamael (Correio da Manhã)

16 de Junho de 2008 > Guiné 63/74 - P2949: Convívios (67): Pessoal da CCAV 8350, no dia 7 de Junho de 2008, na Trofa (J.Casimiro Carvalho/E.Magalhães Ribeiro)

18 de Junho de 2007 > Guiné 63/74 - P1856: Guileje, SPM 2728: Cartas do corredor da morte (J. Casimiro Carvalho) (5): Gadamael, Junho de 1973: 'Now we have peace'

24 de Maio de 2007 > Guiné 63/74 - P1784: Cartas do corredor da morte (J. Casimiro Carvalho)
(4): Queridos pais, é difícil de acreditar, mas Guileje foi abandonada !!!

25 de Março de 2007 > Guiné 63/74 - P1625: José Casimiro Carvalho, dos Piratas de Guileje (CCAV 8350) aos Lacraus de Paunca (CCAÇ 11)

2 de Julho de 2005 > Guiné 69/71 - XCI: Antologia (6): A batalha de Guileje e Gadamael (Afonso M.F. Sousa / Serafim Lobato)

15 de Junho de 2006 > Guiné 63/74 - P879: Antologia (43): Os heróis desconhecidos de Gadamael (II Parte)

Vd. ainda post de 2 Dezembro de 2005 > Guiné 63/74 - CCCXXVIII: No corredor da morte (CCAV 8350, Guileje e Gadamael, 1972/73)(Magalhães Ribeiro)

(...) "Exmo Senhor Chefe do Estado Maior do Exército:

"Por, quando Comandante da Companhia Independente da Cavalaria 8350, em serviço na Guiné entre 1972 e 1973, sedeada em Guileje, ter sido ferido em Gadamael, nunca me foi possível propor uma homenagem pública ao Furriel de Operações Especiais CASIMIRO CARVALHO.

(...) "Quando fui ferido, foi este homem que me ajudou a deslocar para junto do Rio Cacine, pois eu mal me podia movimentar, deslocando-se em seguida debaixo de intenso fogo de morteiros e outra armas que, neste momento, não sei especificar, para conseguir um depósito de gasolina de forma a poder fazer movimentar a embarcação em que me evacuou para Cacine, como também outros militares que nesse momento já se encontravam junto ao pequeno cais.

"Nas reuniões anuais da nossa Companhia muitos falam dos actos de bravura deste furriel, desde, debaixo de fogo, conduzindo uma Berliet se deslocar aos paióis para municiar não só as bocas de fogo de artilharia, como para os morteiros, fazer ainda parte duma patrulha onde morreram vários militares ficando ele e outro a aguentar a situação, até serem socorridos, e ter sido ferido, evacuado para Cacine, o que não invalidou que passados poucos dias se tenha oferecido para voltar para junto dos camaradas no verdadeiro inferno em Gadamael.

"Esperando a maior atenção de Vª Exª para este assunto e agradecendo desde já toda a atenção que lhe possa dispensar. Abel dos Santos Quelhas Quintas, Capitão Miliciano de Artilharia na Reforma Extraordinária Nº Mec. 36467460, Deficiente das Forças Armadas" (...).

Guiné 63/74 - P3631: As Boas-Festas da Nossa Tabanca Grande (7): Votos de: R.Silva/V.Condeço/P.Neves/ V.Garcia/P.Raposo/A.Paiva/S.Fernandes



Para todos os camaradas da Tabanca Grande não esquecendo também os das tabancas médias e pequenas da Guiné-Bissau, expresso com o maior sentimento de amizade e consideração, o desejo de um Feliz Natal e um Novo Ano em que neste hajam 365 dias de Natal.

Com um abraço envolvendo todos os combatentes no Ultramar mais ainda para aqueles que sofrem de algum modo de sequelas daquela guerra fratricida.

Rui Silva


P.S. – A gravura do presépio trata-se de uma foto minha, pois não gosto muito de copiar (passe a imodéstia), de um presépio que tenho em casa.
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Caros Carlos, Luís e Virginio

Por muito que queiramos ou seja esse o nosso desejo, a quadra de Natal, nem sempre é para todos um dia de felicidade.

Mas como elemento da Tabanca Grande, quero desejar a todos os tertulianos e suas famílias, um Feliz e Santo NATAL.

Mando o postal que meus pais me mandaram em 1969.

Um abraço
António Paiva

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Olá Carlos e bom amigo.

Como é natural, os nossos testemunhos abordam essêncialmente o que passamos de pior e o que mais nos marcou na Guerra.

Desafio a rapaziada a refletir e dar o seu testemunho sobre:

1 - Quais foram os periodos mais felizes que passamos na Guiné?
2 - O que a experiência de guerra ajudou na nossa vida profissional?
3 - Como Soldado, foste honrado, como tal, no regresso?

Um Santo Natal para todos.
Paulo Raposo

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Camarada Vinhal

Para todos vós na Tabanca Grande, e através de vós para todos os ex Combatentes, desejo-vos um feliz Natal.

Um abraço
Victor Garcia

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Caros Tertulianos:
Em 1973, os meus votos de BOAS FESTAS e FELIZ NATAL, na Guiné, foram conforme ilustra a foto, que anexo.

Passados 35 (trinta e cinco!!!) anos, aproveito a oportunidade, para renovar os mesmos votos, a todos os camaradas, antigos combatentes e suas familias. Que o ano de 2009, seja o que nós desejamos e não o ano que nos querem "vender".

Com amizade:
Pedro Neves
ex-Fur Mil Op Esp
CCaç 4745-Águias de Binta

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Que a alegria do Natal ilumine os vossos espíritos trazendo a todos um sorriso.
E que a esperança que esta data nos traz, transforme em realidade todos os vossos sonhos de alegria.

São os meus votos sinceros para todos os amigos e camaradas da Tabanca Grande e suas famílias.
Victor Condeço

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Aos meus amigos Feliz Natal 2008 cheio de Paz e Amor

Beijinhos
Sá Fernandes

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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 13 de Dezembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3612: As Boas-Festas da Nossa Tabanca Grande (6): O Presépio do Movimento Nacional Feminino (José Martins)

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Guiné 63/74 - P3630: Banco do Afecto contra a Solidão (2): Ajuda ao João Santos, ex-combatente em Moçambique, que vive num contentor (Mário Fitas)

1. Mensagem de 13 de Dezembro, do Mário Fitas (ex- Fur Mil, CCaç 763, Cufar, 1965/66):

Meus caros,

Luís, Briote e Vinhal

(i) Estive com a máquina cheia de vírus, e depois uns dias na minha linda Planície onde convivi com os nossos camaradas (ainda vivos) da querida Guiné.

Não tencionava escrever ainda hoje, pois tenho alguns trabalhos em mãos. Estou a fazê-lo, porque recebi do nosso camarada e amigo José Brás que em Vindimas no Capim (*) descreve os arredores de Guiledge, e-mail que transcrevo:

“Mário

"Julgo que irás estar hoje no lançamento do livro do Cor Coutinho e Lima.
Através do contacto com o blogue recebi do Coronel, via correio electrónico, um convite.

"Planeei ir, por ele, pela justiça histórica e pela solidariedade que merece e, porque afinal depois do meu livro, nunca apareci nestas iniciativas ou na comunicação que se tem estabelecido entre camaradas desse tempo da história recente do jardim'.´

"A meteorologia aqui no Alentejo está péssima e nem sequer sairei do Monte onde estou sozinho com as minhas ovelhas, galinhas e patos.

"Se tiveres disponibilidade gostaria que entregasses ao Coronel o meu abraço.

"Um abraço também para ti. José Brás".


(ii) Infelizmente também eu não pude estar presente, embora como já escrevi no blogue esteja tecnicamente de acordo em termos da Guerra de Guerrilha na Guiné, com a actuação do Coronel Coutinho e Lima, e que reafirmo, como conhecedor daquilo que é uma guerra de Guerrilha.

Gostaria de estar presente, mas quem toca vários instrumentos, algum tem de desafinar. Portanto não é este meu escrito uma justificação, porque a presença noutro local julguei ser mais útil.

É verdade, há muitos problemas com todos aqueles que um dia (não importa a forma ou o porquê) tiveram de fazer a Guerra, por uma Pátria que os abandonou e atirou para o caixote do lixo.

Às 16hH30 de hoje, muito próximo do lançamento do livro do Coronel Coutinho e Lima, encontrava-me eu com o camarada João Santos, nascido em Moçambique onde cumpriu o serviço militar e pertenceu aos GEs. Tudo normal se... não fora o ex-militar Português viver num pequeno contentor, tendo como companhia apenas uma cadela que hoje debaixo da pseudo cama do João deu à luz uma quantidade de cachorros.

O João tem todos os documentos militares só que com a burocracia deste nosso querido País não conseguiu o BI.

É angustiante! Se todos os dias deveriam ser Natal, já que o próprio dia se aproxima, o João merece algo mais do que a indiferença de nós (alguns)que ainda conseguimos juntar a família.

Seria afronta à própria pessoa do João mandar a sua foto e da sua morada. Um amigo está tratando do assunto, se for caso disso, ao pessoal da Tabanca Grande pediremos ajuda.

Se algum camarada aqui de perto, quiser atenuar a solidão do João aí vai a morada:

João Santos
Rua das Rosas
Bairro dos Celões Lote 12 (contentor)
Bicesse – Estoril


Meus caros amigos, a vida é assim! Os caminhos que escolhi terão de ser percorridos. Espero ler o livro do Coronel Coutinho e Lima, e espero que o lançamento do mesmo tenha sido um sucesso.

Para Toda a Tabanca e hoje em especial para o Cor Coutinho e Lima, o abraço de sempre do tamanho do Cumbijã.

Mário Fitas

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Notas de L.G.:

(*) Vd. último poste desta série > 4 de Dezembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3562: Banco do Afecto contra a Solidão (1): A última comissão do Coronel (Jorge Cabal)

(**) BRÁS, José: Vindimas no Capim. Lisboa : Publicações Europa-América, 1987.

(...) Um romance que o autor dedica "àqueles que todos os dias se perguntavam 'que é que eu ando aqui a fazer?', àqueles que se estoiravam, eles próprios, por dentro e por fora». Um relato que, afinal, diz respeito a todos os que, directa ou indirectamente, viveram a guerra do Ultramar. Mas também a todos os que, não a tendo vivido, sentem que não pode ser apagado da memória colectiva um período tão controverso da nossa História. Narrado na primeira pessoa, o relato caracteriza-se sempre por uma comunicabilidade imediata, directa, agarrando o leitor. Um excelente romance dum novo autor português" (...)

Vd. também o portal Guerra do Ultramar: Angola, Guiné, Ultramar > Livros > José Brás

Guiné 63/74 - P3629: Bibliografia de uma guerra (41): Escritor Combatente: Encontros em Oeiras (Manuel A. Bernardo / V. Briote)

ESCRITOR COMBATENTE: O FIM DO IMPÉRIO

Em Oeiras, em 2009, na Livraria-Galeria Municipal

Rua Cândido dos Reis, 90, no centro histórico de Oeiras, galeria.verney@cm-oeiras.pt
Tel: 21 440 83 91/2;
m.bcunha@sapo.pt
tel. 917 519 280

Às terceiras quartas-feiras de cada mês, de Janeiro a Maio de 2009, às 16h00

Estacionamento com entrada pela Av dos Combatentes em Oeiras.

Por iniciativa do Núcleo de Oeiras da Liga dos Combatentes
ligadoscombatentesoeiras@clix.pt, tel. 214 430 036,
e com o apoio da Câmara Municipal de Oeiras

Serão realizados os seguintes encontros:

(i) 21 de Janeiro de 2009:

O Caçador de Brumas, de Bernardino Louro, com o autor Tenente-Coronel João Sena e o Coronel José Montez, Presidente do Núcleo de Oeiras e Cascais da Liga dos Combatentes.

(ii) 18 de Fevereiro de 2009:

A Geração do Fim, de 21 oficiais de Infantaria do Curso de 1954/1958, com o Tenente-Coronel José Aparício e o Coronel José Parente.

(iii) 18 de Março de 2009:Obra literária de Carlos do Vale Ferraz, com o Coronel Carlos Matos Gomes e Tenente-Coronel Aniceto Afonso.

(iv) 15 de Abril de 2009:

As Guerras da minha Guerra, de Coronel Rui Marcelino, e As guerras do Capitão Agostinho, de Carlos Gueifão, com os autores.

(v) 20 de Maio de 2009:

Tempo Africano, de Manuel Barão da Cunha. Com o autor e o Ten General Chito Rodrigues, Presidente da Liga dos Combatentes.

Informação coligida pelo Cor Manuel A. Bernardo. Editada por V. Briote
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Notas de vb:

Último artigo da série em

Guiné 63/74 - P3628: A retirada de Guileje, por Coutinho e Lima (5): O sentido de uma sondagem (Joaquim Mexia Alves / Luís Graça)





Academia Militar > Aquartelamento da Amadora > Auditório > 13 de Dezembro de 2008 > Sessão de apresentação do livro do Cor Art Ref, Coutinho e Lima, A Retirada de Guileje: A Verdade dos Factos [ Linda-A-Velha: DG Editor, 2008, 469 pp, € 20 (*); pedidos do livro, directamente ao autor (**) ] > Diversos membros da nossa tertúlia (ou Tabanca Grande, como preferem uns, e outros não) deslocaram-se à Amadora, para assistir a este acto público. Entre eles, o Xico Allen (de Vila Nova de Gaia) e o Vasco da Gama (da Figueira da Foz) (terceira foto a contar de cima). Ou ainda o João Rocha (do Porto) ou o Nuno Rubim (do Seixal), aqui em conversa com o Xico Allen (segunda foto a contar de cima). Tudo isto num belo auditório de uma escola que formou muitos dos oficiais que nos comandaram, no TO da Guiné militar, escola essa guardada, não por imperiais leões de pedra, mas por velhos obuses da I Primeira Mundial, as peças 11.4cm T.R. m/ 917, mais conhecidas na gíria dos artilheiros por Bonifácios (primeira foto a contar de cima).
Nos postes anteriores esqueci-me de mencionar outras pessoas com quem estive a falar, por uma razão ou outra: (i) o nosso tertuliano Cor António Pereira da Costa (o único que ainda está no activo, sendo director da biblioteca do Exército, em Coimbra; falámos muito rapidamente sobre as últimas diligências relativas ao caso do António Batista, o morto-vivo do Quirafo); (ii) o jornalista Joaquim Furtado (que está a fazer investigações sobre a morte dos 3 majores no chão manjaco, e que se mostrou particularmente interessado no dossiê, organizado pelo nosso camarada Afonso M.F. Sousa)... Também cumprimentei e conheci pessoalmente o Eduardo Dâmaso. Reencontrei igualmente um antigo colega da DGCI - Direcção Geral das Contribuições e Impostos, o Torres, que afinal também passou por Guileje , no tempo do Cap Corvacho (CART 1613, 1967/68)...Convidei-o a integrar a nossa Tabanca Grande. Tive igualmente o prazer de estar por uns breves minutos com o Prof Eduardo Costa Dias, do ISCTE, um grande especialçista da Guiné-Bissau onde vai regularmente... Acabo de receber hoje um mail dele, que diz o seguinte:
"Como vais? Ontem acabamos por não nos despedirmos. Luis: achas que conseguirias meter na noticia que certamente farás no blog acerca do lançamento do livro, a informação de que vários homens grandes de Guiledge, sabendo do lançamento do livro, fizeram questão de enviar mensagens gravadas ao Coutinho e Lima e que essas mensagens foram entregues ao Coronel?"... Fica dada a notícia. Infelizmente, não tenho fotos de toda a gente...

Fotos: ©
Luís Graça (2008). Direitos reservados.


1. Mensagem de Joaquim Mexia Alves:

Caros Luís, Virgínio e Carlos

Embora a pergunta da sondagem [º 10, a decorrer de 12 a 18 de Dezembro] seja para mim muito perceptível, julgo que a mesma não está bem elaborada e poderá induzir em erro.

O discordo poderá muito bem estar a ser utilizado como apoio a uma decisão, de que afinal se quer discordar. E a inversa, claro.

Abraço camarigo do
Joaquim Mexia Alves

2. Resposta de Luís Graça:

Joaquim: É sempre complicado... A questão tem de ser clara, concisa e precisa... Agora já não posso mudar (a não ser anulando a sondagem)... Vou acrescentar uma nota, do tipo:

A questão é: Discordas ou concordas com a seguinte afirmação: "A posição de Guileje era tão defensável como a de Guidaje ou Gadamael [e não Gandembel, como por lapso ficou escrito...], pelo que a decisão de retirar em 22 de Maio de 1973 foi um erro".

Eu sei que mesmo assim é discutível: Posso achar que a posição era defensável e mesmo assim apoiar a decisão de retirar... O que o Coutinho e Lima procura demonstrar, apoiado em factos e documentos, é que a posição de Guileje tornara-se indefensável na noite de 21 de Maio de 1973 e que para poder continuar a defender a missão (a protecção de civis e militares ao cuidado do COP 5) só lhe restava retirar para Gadamael...

Este é o tipo de decisão clássico, em que o decisor está perante um dilema, não tem mais alternativas... Ou foge ou luta ("flight or fight"), ou retira ou resiste... Repara que a retirada podia ter-se transformado numa tragédia... Mas o mesmo podia ter acontecido caso o decisor optasse por ficar e resistir: sem comunicações, sem água, sem munições, sem reforços, sem apoio aéreo, com os abrigos superlotados (3 vezes mais do que a sua capacidade prevista)...

O PAIGC estava em condições de tomar o quartel, provocar muitas baixas mortais e aprisionar os militares (c. 200) e a população (c. 500)... A humilhação para o exército português teria sido muito maior; o PAIGC iria usar a conquista de Guileje (não o quartel mas os seus defensores) para efeitos de propaganda interna e externa...Uma coisa é conquistar um quartel vazio, outra é aprisionar (ou matar) 700 homens, mulheres e crianças, civis e militares...

Este é o raciocínio do nosso coronel, um homem que foi condenado antes de ser julgado. Mais: um homem solitário, sem apoios, nem à esquerda (MFA) nem à direita... Preso durante um ano, com redução do vencimento a metade, foram os seus amigos, em Bissau e em Lisboa, que se quotizaram (5 mil escudos / cada) para contratar os serviços de um bom advogado (João Palma Carlos)... Quatro advogados que cumpriam o serviço militar em Bissau, como oficiais milicianos, foram impedidos de o defender...

É importante ler o livro, para depois poder tomar posição...

De qualquer modo, eu não quero que a sondagem se transforme em acção de julgamento do comportamento do Coutinho e Lima, que é nosso camarada, membro da nossa Tabanca Grande... Não quero que os nossos leitores tomem uma decisão emocional, mas tão apenas que votem, apreciando os factos...

Obrigado pelo teu interesse e cuidado... Tive pena de não te ver no sábado... Temos que começar a pensar no IV Encontro... Um abraço.


3. Resposta de Joaquim Alves:

Caro Luís

Não me passa pela cabeça fazer um "julgamento" do Coutinho e Lima e nem sequer tornar ainda mais dificil a sua vida ou a sua memória.

A verdade é que também não fui eu ou tu, ou qualquer outro, que decidiu fazer um livro para defender a sua posição.

Quando decidimos tomar uma posição pública, como ele decidiu tomar em relação a este assunto, fica-se sujeito à opinião dos outros.

Claro está que este assunto terá sempre pelo menos duas opiniões distintas: os que concordam com a decisão e os que não concordam.

Mas mesmo entre uns e outros as razões para o apoio ou a rejeição podem ser diversas, razões que podem envolver a política e razões da política, razões sentimentais, razões de nacionalismo exarcebado, razões de simpatia, e tantas mais que não têm fim.

E, meu caro Luis, é uma discussão que não tem fim, porque não há nada que prove que poderia acontecer isto ou aquilo.

Verdade é que, tanto Gadamael, como Guidaje, apesar de cercadas e até por mais tempo e com mais baixas, resistiram e ganharam essa guerra "especifica".

E a dúvida sempre restará, ou seja, será que com um novo comandante, e tropas especiais Guileje não teria destino igual aos outros? Não se serviu de qualquer modo o PAIGC do abandono do Guilege para declarar a guerra ganha?

São assuntos muito delicados e que nos tocam ainda de um modo, quer queiramos quer não, apaixonado e eu, meu caro Luis, sofro um pouco disso, da emoção à flor da pele.

Terei todo o cuidado nas coisas que eventualmente possa escrever sobre o assunto.

Julgo que ficou mais esclarecida agora a pergunta da sondagem.

Abraço camarigo do
Joaquim Mexia Alves

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Notas de L.G.:

(*) Vd. poste anterior desta série > 15 de Dezembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3627: A retirada de Guileje, por Coutinho e Lima (4): Apresentação do livro, 5ª F, 18, na Casa da Guiné-Bissau em Coimbra

(**) Para aquisição do livro, contactar o Cor Art Ref Alexandre Coutinho e Lima

Rua Tomás Figueiredo, nº. 2 - 2º. Esq.

1500 – 599 LISBOA

Telefone: 217608243

Telemóvel: 917931226

Email: icoutinholima@gmail.com

Guiné 63/74 - P3627: A retirada de Guileje, por Coutinho e Lima (4): Apresentação do livro, 5ª F, 18, na Casa da Guiné-Bissau em Coimbra



"A retirada de Guileje: A verdade dos factos" do Cor. Coutinho e Lima Apresentação em Coimbra 

Mensagem do Doutor Julião Soares de SousaO Coronel A. Coutinho e Lima na Academia Militar, Amadora, em 13 de Dezembro de 2008 na apresentação do seu livro, A Retirada de Guileje: A Verdade dos Factos. 

Convite: A Casa da Guiné-Bissau em Coimbra vem por este meio convidar V. Ex.ª a assistir ao lançamento do livro "A retirada e Guileje. A verdade dos factos", do Coronel Alexandre Coutinho Lima, e ao jantar da comunidade guineense, que terá lugar no próximo dia 18 de Dezembro, pelas 18 h 30, na Catina das Químicas da Universidade de Coimbra. Para qualquer confirmação, contactar: 967967748 (Julião Soares Sousa, Doutor - Presidente da Casa da Guiné. Por favor, reencaminhe para os seus contactos. Com os melhores cumprimentos e saudações amigas. 

Julião Soares Sousa

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  Notas de vb: 1. Julião Soares Sousa, guineense, investigador, doutorado em História Contemporânea, Presidente da Casa da Guiné em Coimbra. 2. Artigo relacionado em 15 de Dezembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3626: A retirada de Guileje, por Coutinho e Lima (3): Tardia a nossa percepção do nosso próprio Vietname (Eduardo Dâmaso)

Guiné 63/74 - P3626: A retirada de Guileje, por Coutinho e Lima (3): Tardia a nossa percepção do nosso próprio Vietname (Eduardo Dâmaso)

Academia Militar > Aquartelamento da Amadora > Auditório > 13 de Dezembro de 2008 > Sessão de apresentação do livro do Cor Art Ref, Coutinho e Lima, A Retirada de Guileje: A Verdade dos Factos (Linda-A-Velha: DG Editor, 2008, 469 pp, € 20) >

Excerto da apresentação do livro (*) pelo jornalista Eduardo Dâmaso (**).

Vídeo: © Luís Graça (2008). Direitos reservados.

Vídeo (9' 16'') alojado em: You Tube >Nhabijoes.

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Notas de L.G.:

(*) Vd. último poste da série > 14 de Dezembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3618: A retirada de Guileje, por Coutinho e Lima (2): A festa ... e a solidão de há 35 anos (Luís Graça) e da série >

(**) Vd. trabalho de investigação do jornalista Eduardo Dâmaso (Público, 26 de Junho de 2005)

15 de Junho de 2006 > Guiné 63/74 - P878: Antologia (42): Os heróis desconhecidos de Gadamael (Parte I)

15 de Junho de 2006 > Guiné 63/74 - P879: Antologia (43): Os heróis desconhecidos de Gadamael (II Parte)

Vd. também poste de 27 de Setembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2137: Antologia (62): Guileje, 22 de Maio de 1973: Coutinho e Lima, herói ou traidor ? (Eduardo Dâmaso / Luís Graça)

Guiné 63/74 - P3625: História da CCAÇ 2679 (10): Um Natal atribulado (José Manuel Dinis)

1. Mensagem do nosso camarada José Manuel Dinis, ex-Fur Mil da CCAÇ 2679, Bajocunda, 1970/71, com data de 11 de Dezembro de 2008

Companheiros,
Antecipo este episódio, porque se enquadra na época natalícia e num assunto da moda, a ganância.

Para todos, vai aquele abraço
José Dinis

Um Natal atribulado

Corria o mês de Dezembro de mil novecentos e setenta. As picadas que levavam a Bajocunda apresentavam-se enrijecidas por via da seca e o capim amarelo, já aguardava pelas queimadas que antecediam o tempo das chuvas. A natureza não era desoladora, apesar disso, mas o aquartelamento local, esse sim, apresentava características desoladoras, com o material a monte, quer junto à enfermaria, aos quartos dos sargentos, em volta da oficina macânica e a cerca de arame um bocado desmantelada. As pinturas das construções também se apresentavam carcomidas pelo decorrer do tempo.

Algo revelava à chegada ao aquartelamento que ali não morava um bom ambiente. O pessoal deslocava-se com lassidão, troncos nús, curvados sob o peso do calor, sempre poucos à vista, a deslocarem-se como autómatos, sem se perceber bem uma motivação ou interesse. Era a pasmaceira. Animava-se pelas horas de refeição, quando, dos abrigos periféricos, afluiam os militares ao chamamento do rancho, mas sem entusiasmo, sem corresponder à vivacidade dos vinte anos. E compreendia-se, já que a ementa de arroz com estilhaços era quase servida em exclusivo. Dizia-se que era do gamanço e da falta de géneros. E da falta de interesse, pois iniciei uma horta e quando as ervas floresciam, comecei a ter problemas operacionais, e os dois militares a terem que integrar o pelotão, sem que da parte dos restantes houvesse qualquer compensação. Era o sistema.

Um dia surgiu a notícia: fora determinado um reforço de verba para o dia de Natal. A notícia em si, não causou muitas espectativas, pois logo começaram os dichotes sobre a medida, que não podia ser, pois se não havia géneros... e também para evitar a criação de maus hábitos. Alguns ainda acreditaram num bifinho, mas onde preparar os bifes, se apenas havia uma sertã para os oficiais e sargentos. Esperava-se qualquer coisa e teria sido tão fácil. O sistema, porém, não parecia contemplar alterações ao quotidiano.

A messe de oficiais e sargentos funcionava em parte da varanda da casa colonial que era ocupada pelos sargentos e pela enfermaria. Era um canto com mesas e bancos de correr, sem mais. Quando chovia, todos queriam ficar do lado da parede, pois do outro, caía água. Mas no dia de Natal, sobre a toalha de plástico colorida, colocaram umas latas vazias de refrescante, adornadas com flores. Manifestação naif de uma decoração possível e generosa. Sem custos.

O refeitório ficava a cerca de setenta metros, por detrás dos edificios do comando e das transmissões. Não passei por lá. Eu também não atribuía significado àquele Natal.

Pela hora de abancarmos, fiquei numa das extremidades. Servi-me do bife e do arroz. Acompanhei com a tradicional cervejola. Estávamos nestas tarefas, com conversas de circunstância com os mais próximos, quando me chamaram do exterior. Três militares. Que tinha que ser já. Levantei-me e fui inteirar-me das razões da urgência. Queixaram-se de que o rancho era a mesma coisa, arroz com estilhaços. Que ia um grande descontentamento. Não acredito, respondi.

Prometi-lhes chatice se a conversa não fosse verdadeira.
Lá fui. À chegada tive que me impor para que o barulho não nos tolhesse as ideias.
E o que eu vi foi uma companhia condenada às galés, pessoal com péssima apresentação, indignados com o que lhes davam a comer, reflexo da desconsideração. Não era uma questão de vida ou de morte. Era a dignidade, ou a falta dela, e o tratamento sobranceiro a que estavam sugeitos, Filhos da puta! A chicalhada não perdia pitada.

Considerei que podiam fazer levantamento de rancho ou que comessem o que ali estava, pois já sabiam o que era. Em qualquer dos casos gritei pelo Jesus, o cantineiro. Dei-lhe ordem para abrir a cantina e que todos se servissem do que houvesse.

No regresso à messe censurei a chicalhada, referi o que decidira, desafiei o capitão a dar-me uma porrada, depois, a título simbólico, peguei no meu prato e fui acabar de comer no quarto.

A ganância desta chicalhada, do mais vil e ordinário que me foi dado conhecer, indivíduos sem escrupulos, mereciam que se desse publicidade aos seus nomes, todavia, não me parece do âmbito do blogue estar a indicá-los. Como é que foi possível, juntar numa companhia, três aventesmas de tais quilates?
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 10 de Dezembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3593: História da CCAÇ 2679 (9): Boas recordações da PIDE (José Manuel Dinis)

Guiné 63/74 - P3624: A história dos Tigres de Cumbijã, contada pelo ex-Cap Mil Vasco da Gama (2): Natal de 1972 em Aldeia Formosa

1. Mensagem do nosso camarada Vasco da Gama, ex-Cap Mil da CCAV 8351, Cumbijã, 1972/74, com data de 10 de Dezembro de 2008, com mais um pouco da história de Os Tigres

Natal de 1972 em Aldeia Formosa

Terminada a instrução, eis que os TIGRES organizados em coluna auto se dirigem para o porto de Bissau, onde embarcados que foram numa LDG, seguem com destino a Aldeia Formosa (Quebo) com paragem obrigatória e óbvio desembarque em Buba.

Chegámos a Buba por volta das sete horas da manhã do dia 19 de Novembro de 1972. Curiosas as modificações na fisionomia das pessoas ao longo do percurso; o ar chocalheiro dos mais baldas e despreocupados começou a desaparecer à medida que nos aproximávamos do nosso destino e verifiquei que sobre mim recaíam cada vez mais olhares. Tanto eu como todos os restantes oficiais e sargentos fizemos a viagem juntamente com os soldados e alguns civis nativos no convés da lancha, apesar do convite amável do comandante da embarcação para irmos de camarote. Penso que aceitei, por educação, um café bebido no camarote e aproveitei para colher algumas, poucas, informações sobre Aldeia Formosa.

Desembarcados em Buba, organizámos a Companhia e, pelas onze horas, ao som afinado do coro da malta de Buba que cantava a plenos pulmões “periquito vai pró mato oh, lé ,lé, lé que a velhice vai pra Bissau, oh la, ré lé, lé… partimos em coluna auto para Aldeia Formosa onde chegámos por volta das duas e meia.

Recebidos pelo BCaç 3852, mais uma vez ao som do estribilho anterior, mas aqui entoado com muito mais força e durante muito mais tempo, lá foram os Tigres soldados para uma caserna, os Tigres sargentos para outras instalações e os cinco oficiais para uma camarata com cinco camas separadas por um pano de tenda. Manifestei, ainda a medo, a estranheza por esta separação, mas a força dos galões fez-me calar, limitando-me neste primeiro embate a resmungar… Se me recordar, e se chegar à história do Cumbijã, o segundo embate numa questão semelhante já correu a meu favor e aí perdeu a força bruta dos galões…

A Aldeia Formosa militar era um quartel enorme, onde para além de um Batalhão, o BCaç 3852, se aquartelava uma Companhia composta por elementos nativos da Guiné, a CCaç 18, comandada por oficiais e sargentos brancos, com quem a nossa CCav 8351 começou a aprender os rudimentos do saber fazer, pois foi em conjugação com eles que fizemos os primeiros patrulhamentos e as primeiras emboscadas nocturnas, a protecção à estrada que pouco havia passado Mampatá, bem como a segurança às colunas auto entre Aldeia e Buba.

Por esta altura duas coisas me intrigavam: o porquê de uns barcos (dois ou três) que tinham vindo desde Bissau e que a fama de navegador que o meu nome encerra era manifestamente insuficiente para os pôr a navegar, pois faltava-lhes a água para serem operacionais e a falta de informação sobre o destino final da Companhia.

Aldeia Formosa, tinha a certeza de que não era, pois os militares já se atropelavam uns aos outros. Instado quem de direito, a resposta era sempre a mesma: a CCav 8351 não tem uma Zona de Acção definida, pois é uma Companhia às ordens do Comando Chefe.

Procurava no mapa locais para onde os barcos pudessem arrastar os Tigres, mas chegava sempre à mesma conclusão: não pode ser! Julgo não ter comentado esta preocupação com ninguém, nem mesmo com o meu camarada Alferes Florivaldo dos Santos Abundâncio, único oficial, dos originais, que ficou na Companhia até ao final da comissão. Meu bom amigo, meu braço direito e com um coração e uma dedicação grandes como o seu nome parece querer indicar. Um abraço amigo e respeitoso te envio. Ser-te-á apenas entregue quando visitares a Tabanca.

Apenas um parênteses para dizer que o turnover entre os alferes também era grande, mas os meus três alferes que não vieram com a companhia, não o fizeram, por motivos diferentes: um, foi destacado para a Chamarra, outro foi ferido em combate e evacuado para Portugal e o outro, foi transferido para o Quartel General/Com-Chefe em Bissau…

Aldeia Formosa era uma fortaleza imensa que para além de um número enorme de soldados tinha uma pista de aviação e estava, em termos de armamento bem equipada, com morteiros destes e daqueles, obuses grandes e menos grandes, eu sei lá, uma panóplia de metralhadoras e outras armas que um ignorante como eu não sabe, nem lhe interessa identificar. A população era estimada em cerca de quatro mil e quinhentas almas e vivia agrupada fora do aquartelamento, sendo a sua esmagadora maioria da etnia Fula.

As companhias aí aquarteladas tinham óptimas instalações, os capitães com quartos individuais, uma belíssima messe de oficiais, outra de sargentos, casernas amplas para os soldados, cantinas bem equipadas onde abundava a bela cerveja fresca, o bom whisky. Mesmo de frente ao aquartelamento uma bela horta onde se cultivavam alfaces, tomates, bananas, ananases, mangas e sobretudo papaias que eram o petisco preferido do sr. Comandante que diariamente as consumia com uma, como dizer, sofreguidão exagerada, que lhe provocava um escorrimento do sumo do fruto pelos cantos da boca, mas que ele não deixava escapar, pois o seu treino permitia-lhe sorver o que escorria com tal perícia e ruído que provocava risos disfarçados nos oficiais assistentes…

Recordo-me que o sr. Comandante adorava também cebola, que devorava antes das refeições e que lhe provocavam arrotos de tal calibre que o desgraçado que tivesse a infelicidade de se sentar frente a ele, aliás o último lugar a ser ocupado, tinha de se desviar para não ser atingido por qualquer estilhaço de cebola ou pelo perfume forte e picante emanado pelo bolbo carnudo.
Era, no fundo, bom homem e tinha como petit nom Baga-Baga, dada a sua volumetria, ansiando pela reforma pois era a última comissão que fazia, sendo que os problemas da guerra eram mais da conta de um major de operações e dos oficiais mais novos.

Chegados a 19 de Novembro a Aldeia Formosa, a CCav 8351 tem o seu baptismo de fogo no dia 23 do mesmo mês, portanto com quatro dias de Aldeia. Procuro os apontamentos oficiais e cito ipsis verbis: um grupo IN estimado em trinta a quarenta elementos atacou o aquartelamento de Aldeia Formosa com armas ligeiras e automáticas RPG-2 e RPG-7 durante 05 minutos reagindo ainda nos 10 minutos seguintes, causando 02 feridos às nossas tropas”.

Juntamente com a grande maioria dos oficiais de todas as companhias, também eu me encontrava na messe, e a minha reacção foi a de imitação: atirar-me para o chão para debaixo das mesas. Ninguém, ou se quiserem, nenhum oficial presente incluindo o Comandante se levantou enquanto o tiroteio durou. Quando acabou a fogachada fui em direcção à caserna dos Tigres que se encontravam todos bem e com uma sensação igual à minha: o ataque, dada a dimensão do aquartelamento, não tinha sido connosco. Comecei a ficar preocupado…

Até ao Natal, aguardado com ansiedade por todos, Aldeia Formosa foi flagelada a 27 de Novembro com cerca de (cito) quarenta granadas de Canhão S/R 85 e alguns foguetões; a 1 de Dezembro dez foguetões; a 8 de Dezembro novamente cerca de quarenta granadas de Canhão sem recuo. As consequências destes últimos ataques foram nulas pois nenhum dos engenhos caiu dentro do perímetro do aquartelamento.

Continuei preocupado, pois os meus comandados pensavam que as consequências dos ataques serviam só de aperitivo para beberem mais umas cervejas. Insisti com eles para não baixarem guarda, mas vi que o medo inicial havia dado lugar a uma demasiada descompressão. Tentei fazer-lhes ver que iríamos sair de Aldeia muito em breve e que a nossa vida seria muito difícil, exagerei, pensava eu, nos perigos que nos esperavam, mas o amolecimento também provocado pelo chegar do Natal era evidente. Continuávamos periquitos mas dois meses de Guiné e não sei quantos embrulhanços faziam da maior parte de nós velhinhos pois já se gabavam de ter sofrido mais ataques do que outras companhias que estavam há já alguns meses na Guiné sem ainda terem ouvido um tiro.

Natal de 1972

Foi o primeiro Natal passado sem a companhia dos pais, das mulheres, dos filhos, enfim da família, para a esmagadora maioria de nós. Reuni a companhia e nesse dia jantámos todos juntos. O Comandante, repito, bom homem, foi ter connosco. Lembro-me de ter feito um discurso longo, tendo aproveitado para lhes dizer que a nossa família agora eram todos os Tigres, e que me ajudassem a cumprir a minha maior ambição: Regressar a Portugal com todos os que tinham embarcado e que a todos cabia trabalhar nesse sentido. Comeu-se bem, bebeu-se melhor, e mesmo os, inicialmente mais tristonhos, rapidamente e pelo menos por alguns instantes, se juntaram aos cânticos que entoávamos em conjunto, aos vivas ao que quer que fosse, até que os vapores etílicos começaram a fazer efeito levando-nos à cama e a descansar até tarde do dia seguinte…


Aldeia Formosa > Discurso dia Natal (Vê-se o sr. comandante e o seu oficial de operações)

Aldeia Formosa > Dia de Natal de 1972 > Da esquerda para a direita: Portilho,?, Machado, Beires, Gama, Abundâncio, Aleixo, Matos Lopes,Peniche e Setúbal

Aldeia Formosa > Dia de Natal de 1972 > CCav 8351

Aldeia Formosa > Dia de Natal de 1972 > CCav 8351

Aldeia Formosa > Natal de 1972 > Fim de Festa


A visita do Gen Spínola no último dia de 1972

Até ao final de 1972, continuávamos na protecção à estrada e nada de registo me ocorre, a não ser a visita do General Spínola no dia 31 de Dezembro a Aldeia Formosa, onde se deslocou para se inteirar do grau de preparação da CCav 8351. Lá vestimos a nossa farda de festa, tendo o Chefe máximo discursado para a Companhia, colocando-me após o destroçar duas ou três questões e tendo de seguida regressado ao seu destino.

Continuava sem conhecer em definitivo o destino da Companhia, mas dadas as sucessivas idas a Colibuia, onde protegíamos o avanço da estrada, onde montávamos emboscadas nocturnas, pensei que esse seria o nosso destino. Como estava enganado…..

Aldeia Formosa > 31 de Dezembro de 1972 > Visita do Gen Spínola

Aldeia Formosa > 31 de Dezembro de 1972 > Visita do Gen Spínola

Texto e fotos © Vasco da Gama (2008). Direitos reservados.
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Nota de CV

Vd. primeiro poste da série de 7 de Dezembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3581: A História dos Tigres de Cumbijã, contada pelo ex-Cap Mil Vasco da Gama (1): Apresentação e Chegada a Bissau

domingo, 14 de dezembro de 2008

Guiné 63/74 - P3623: Recortes de imprensa (11): A guerra do J. Casimiro Carvalho, pirata de Guileje e herói de Gadamael (Correio da Manhã)



Guiné > Bissau > 1974 > O repouso do guerreiro , herói de Gadamael> O Fur Mil Op Esp José Casimiro Carvalho, talvez o pirata de Guileje mais conhecido (seguramente o mais fotografado, o mais fotogénico e o mais divulgado no nosso blogue; a razão é simples: é o único exemplar da espécie). A sua companhia, a CCAV 8350, era a unidade de quadrícula de Guileje, quando o comandante do COP 5, o major de artilharia de Coutinho e Lima, tomou a dramática decisão de retirar, para Gadamael, em 22 de Maio de 1973, as nossas tropas (c. 200) e a população civil (c. 500) face ao cerco do PAIGC, iniciado cinco dias antes, em 18 de Maio (Op Amílcar Cabral).

Na segunda foto, a contar de cima, vemos o J. Casimiro Carvalho Orion, no cais do Pidjiguiti, em frente das LFG Orion, Lira e Argos...

Fotos: © José Casimiro Carvalho / Luís Graça & Camaradas da Guiné (2008). Direitos reservados

1. A revista Domingo do Correio da Manhã, na sua edição de hoje, 14 Dezembro 2008, traz uma reportagem sobre o nosso camarada J. Casimiro Carvalho, na secção A Minha Guerra. Com a devida vénia, publicam-se o texto, com algumas adaptações (Revisão do texto e subtítulos: L.G.).


A Minha Guerra - José Pereira de Carvalho - Guiné 1972/1974 > "Combati no inferno verdadeiro"


"Alombei com camaradas mortos, vi outros serem abatidos, socorri alguns em Guileje e Gadamael e evitei que dois soldados mais novos fossem para a matança.

"Fiz a recruta em Leiria, no Regimento de Infantaria 7, e de seguida fui escolhido para frequentar o Curso de Sargentos Milicianos nas Caldas da Rainha. Depois fui nomeado para Tavira, mas não cheguei a ir porque fui escolhido para tirar o Curso de Operações Especiais nos Rangers de Lamego, que terminei com 15,28 valores".
~

Férias em Guileje


O relato, em jeito de narrativa autobiográfica continua assim:

"Mais tarde, em Estremoz, como cabo miliciano, dei instrução num pelotão da Companhia de Cavalaria 8351 (Os Tigres de Cumbijã). Fui nomeado para servir no Comando Territorial Independente da Guiné e transferido para a Companhia de Cavalaria 8350 (Os Piratas de Guileje).

"Embarcámos em Outubro de 1972 e, já em Bissau, seguimos para Cumeré, e duas semanas mais tarde embarcámos numa lancha de desembarque para Gadamael, donde seguimos para Guileje. Aqui, em sobreposição com Os Gringos, tivemos um período de muito trabalho em patrulhas. Mas passámos uns meses descansados. Andei a caçar pássaros com uma caçadeira que o chefe da tabanca me emprestava (só pagava os cartuchos). Apanhava aos 50 pardais com cada tiro e os jubis (miúdos) agarravam os que ficavam feridos. Era cada arrozada!"...


O inferno de Guileje

Os bons tempos de Guileje, dos primeiros meses, de finais de 1972 a princípios de 1973, vão rapidamente acabar, quando a direcção do PAIGC, na seqùência do assassinato do seu líder histórico, em 21 de Janeiro de 1973, decidiu lançar uma grande ofensiva contra Guidaje, a norte Guileje e Gadamael, a sul (Op Amílcar Cabral):

"Mas os tempos iriam piorar. Um dia, o alferes Lourenço, ao manusear uma granada duma armadilha, rodeado de militares - eu estava emboscado com o meu grupo -, ela explodiu-lhe na mão e matou-o instantaneamente. Já no quartel, ao ajudar a pegar no cadáver, este quase se partiu em dois. Que dor senti, chorei como nunca.

"Era o prenúncio do que nos esperava. Um dia fomos atacados pelo inimigo com canhões sem recuo, e um Fiat G91 da Força Aérea Portuguesa foi contactado pelo comandante capitão Abel Quintas, que lhe indicou o rumo das saídas (zona de explosão dos projécteis a saírem das bocas de fogo) e ele seguiu. Mais tarde soube que tinha sido abatido por um míssil Strella terra-ar. Intervieram os pára-quedistas e o grupo do Marcelino (‘Os Vingadores’ das Operações Especiais), numa confusão de tropas como nunca tinha visto. Pedi ao Marcelino para me levar na operação de resgate do piloto tenente Pessoa, que aceitou, mas o meu comandante não foi na conversa, não obstante o Marcelino ter dito que me trazia de regresso, nem que fosse às costas".


A retirada de Guileje e um outro inferno chamado Gadamael

Em 22 de Maio de 1973, o Fur Mil Op Esp Casimiro, da CCAV 8350, não estava em Guileje. Eis a razão por que isso aconteceu:

"Entretanto, fui nomeado para comandar os reabastecimentos, antes do isolamento, entre Cacine e Gadamael. Andava eu a curtir o Sol em lanchas de desembarque, quando Guileje, no Sul da Guiné, foi abandonada, por ordem do então major Coutinho e Lima – que por isso foi mandado prender pelo general Spínola -, seguindo as nossas tropas e a população para Gadamael Porto, a 18 km de distância, onde passados uns dias começou a matança no verdadeiro inferno.

"Foi um horror que a minha cabeça ainda hoje se recusa a qualificar e quantificar. Em Gadamael não havia casamatas (abrigos subterrâneos) como em Guileje, só valas. Os bombardeamentos eram tão intensos que nem dava para acreditar e, depois de ouvirmos as saídas, passavam apenas 22 ou 23 segundos até as granadas caírem em cima de nós. Num dos voos para uma vala, onde nos escondíamos, senti as nádegas húmidas e ao pôr a mão ficou encharcada em sangue. Gritei que estava ferido e fui evacuado num barco patrulha da Marinha para Cacine, onde verificaram que tinha um estilhaço de um morteiro de 122 mm. Como não havia necessidade de ser transferido para Bissau, fui nomeado chefe de limpeza.

"Quando começaram a chegar as vítimas deste holocausto, e como ouvia os meus camaradas a embrulhadar (bombardeados), deu-me um clique na cabeça, peguei numa Kalashnikov, virei-me para um oficial e disse: ‘ou me mandam já para Gadamael onde morrem os meus homens ou varro já esta m...’

"Não me lembro dos momentos seguintes, mas sei que depois me vi num Sintex (barco em forma de banheira de fibra de vidro), a caminho de Gadamael. Aqui, num dos bombardeamentos, já no fim, vi um soldado a cair e, ainda com o fumo no ar e o eco das explosões nos ouvidos, saí em correria louca, alombei com ele às costas e corri para a enfermaria. Ao colocá-lo no chão, vi que não tinha metade do crânio e os miolos escorriam pelas minhas costas.

"Nessa enfermaria jazia um militar morto por bombardeamentos em Guileje e que mais tarde foi enfiado em dois bidões soldados juntos, tal o estado do cadáver. Na enfermaria, os cadáveres eram tantos e o cheiro tão nauseabundo que era constantemente regada com creolina.

"Num dos ataques, o capitão Quintas (comandante de ‘Os Piratas de Guileje’, cujo nome e emblema foram criados por mim) foi ferido muito gravemente. Ajudei-o a chegar ao cais, debaixo de fogo, arranjei um Sintex e, como não tinha depósito, corri, debaixo dum bombardeamento terrível, a arranjar um. O barco seguiu então para Cacine levando mais feridos.

"Noutra altura, um oficial chamou meia dúzia de homens e mandou-os fazer uma patrulha ao longo de um rio e emboscarem-se numa zona de uma antiga pista de aviação. Eu, ao sair com o alferes Branco, reparei em dois soldados que estavam para ir e ordenei-lhes que ficassem porque ainda eram muito novos para morrer.

"Quando o alferes nos mandou emboscar, ouvi um barulho estranho vindo do mato, atirei-me ao chão e gritei que estávamos a ser atacados. Ainda vi a cara do alferes a ser atingida por uma rajada. Foi um tiroteio terrível. Um grupo de pára-quedistas foi em nosso socorro e quando chegou encontrou quatro corpos: o alferes Branco, o cabo Neves e os soldados Serafim e Anselmo.

"A minha companhia foi evacuada e esteve para regressar à Metrópole, mas foi decidido que devíamos fazer outra Instrução de Actividade Operacional. Eu fui para Prabis com 12 homens, outros para Quinhamel ou Bijemita, depois fomos para Colibuia-Cumbijã. Eu fui destacado para render o furriel Cláudio Moreira das Operações Especiais. Entretanto, aconteceu o 25 de Abril e fui para Paúnca para a Companhia de Caçadores 11 (‘Os Lacraus’), até ao fim da comissão".

O culto dos rangers

A reportagem do Correio da Manhã termina com uma nota biográfica sobre o nosso amigo e camarada, enquanto paisano:

"José Casimiro Pereira de Carvalho mora em Vermoim, na Maia, e é casado há 33 anos. Tem duas filhas, a Kika, de 31 anos (administrativa) e a Sofia, de 26 (economista). Tem uma neta, da primeira filha, com dois meses (Beatriz).

"Nasceu em Cedofeita, Porto. Completou o ciclo preparatório, trabalhou em hotelaria e quando foi para a tropa estava no Hotel Castor, no Porto. Quando regressou, era furriel miliciano de Operações Especiais (Ranger). Convidado para seguir a vida militar, não aceitou e foi trabalhar como empregado de mesa no restaurante Barcarola.

"Entretanto, foi para a BT-GNR, onde esteve durante 26 anos, até à reforma, em 2003. Agora, passa o tempo a ajudar um amigo que trabalha em aço inox para mobiliário. Todos os anos a família vai a Lamego, aos Rangers, porque adora a instituição".


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Nota de L.G.:

(*) Vd. poste anterior desta série:

8 de Dezembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3584: Recortes de Imprensa (10): Os ficheiros secretos de Coutinho e Lima, no Correio da Manhã, de 7/12/08

Guiné 63/74 - P3622: Brasões, guiões ou crachás (6): BART 2917 e 2924, BCAÇ 507 e 512, CCAV 1484, Pel Caç Nat 52 e Pel Mort 4574 (José Martins)

BATALHÃO DE ARTILHARIA N.º 2917

BART 2917 - Guiné 1970/72 - Divisa: P'la Guiné e suas gentes

Mobilizado no Regimento de Artilharia Pesada n.º 2 – Vila Nova de Gaia

Embarque em 17Mai70
Desembarque em 25Mai70

Regresso em 24Mar72

Divisa – P´la Guiné e suas gentes

Segue para Bambadinca em 29Mai70 assumindo a responsabilidade do Sector L1, que abrangia os subsectores de Xime, Xitole, Mansabá e Bambadinca. A sua actividade desenvolveu-se na coordenação e realização patrulhamentos, emboscadas e segurança de itinerários, assim como protecção de trabalhos de reordenamento dos aldeamentos. Implementou e organizou o funcionamento do Centro de Instrução de Milícias. Deslocou-se para Bissau a fim de aguardar embarque em 15Mar72.

Tem como subunidades orgânicas as CArt 1714, 1715 e 1716, que se mantiveram sempre na área do seu sector.

Imagem: Benjamim Durães/ultramar.terraweb
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BATALHÃO DE ARTILHARIA N.º 2924

BART 2924 - Guiné 1970/72 - Divisa: Porfiamos o Céu, a Terra e as Ondas, Atroando

Mobilizado no Grupo de Artilharia Contra Aeronaves n.º 2 – Torres Novas

Embarque em 23Set70
Desembarque em 29Set70

Regresso em 21Set72

Divisa – Porfiamos o Céu, a Terra e as Ondas atroando

Entre 05 e 31Out70 realizou no Centro de Instrução Militar, em Bolama, a Instrução de Aperfeiçoamento Operacional, em conjunto com as suas companhias orgânicas. Segue em 28Nov70 para o sector de Tite, para treino operacional e assume o Sector S1 em 15Dez70, que incluía os subsectores de Nova Sintra, Jabadá, Fulacunda e Tite. A área de Ganjauará é retirada a este sector em 24Nov71. Desenvolveu intensa actividade efectuando e coordenando patrulhamentos, emboscadas, reconhecimentos ofensivos e reacção a flagelações de aquartelamentos e povoações em autodefesa. Coordenou e orientou o reordenamento de aldeamentos e trabalhos de asfaltagem, na sua área de acção. Foi rendido em 20Ago72, seguindo para Bissau a aguardar embarque.

Tem como subunidades orgânicas, que estiveram sempre integradas no seu sector, as CArt 2771, 2772 e 2773.

Imagem: José Sobral/ultramar.terraweb
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BATALHÃO DE CAÇADORES N.º 507

BCAÇ 507 - Guiné 1963/65

Mobilizado no Regimento de Infantaria n.º 2 - Abrantes

Embarque em 14Jul63
Desembarque em 20Jul63

Regresso em 29Abr65

Divisa –

Constituído apenas por Comando e CCS (Companhia de Comando e Serviços), não dispondo, portanto de subunidades orgânicas, recebeu os elementos de recompletamento, que ainda não tinham terminado a sua comissão de serviço, e que estavam integrados no BCAÇ 239, a que sucedeu. Em20Jul63 assume a responsabilidade do sector B, com sede em Bula, enquadrando as companhias instaladas em Teixeira Pinto, Mansoa, S. Domingos e Farim. O sector foi aumentado com os subsectores de Mansabá e Ingoré (28Jul63) e Bissorã (01Ago63). Em 01Set63 a sua zona de acção foi reduzida dos subsectores de Mansoa, Farim, Mansabá e Bissorã, e aumentado dos subsectores de Binar (08Mai64) e Có (02Mar65). Desenvolveu a sua actividade operacional em patrulhamentos, reconhecimentos, batidas e emboscadas, com o objectivo de travar o alastramento da subsversão na zona Oeste, assim como a segurança e protecção das populações. Em 28Abr65, deixou a sector de Bula, já designado sector O1, seguindo para Bissau para aguardar embarque.

Imagem: Carlos Coutinho/ultramar.terraweb
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BATALHÃO DE CAÇADORES N.º 512

BCAÇ 512 - Guiné 1963/65 - Divisa: Honra e Glória

Mobilizado no Regimento de Infantaria n.º 7 - Leiria

Embarque em 17Jul63
Desembarque em 22Jul63

Regresso em 12Ago65

Divisa – Honra e Glória

Constituído apenas por Comando e CCS (Companhia de Comando e Serviços), não dispondo, portanto de subunidades orgânicas. A fim de instalar e organizar a sua zona de acção, segue para Mansoa em 20Ago63. Em 01Set63, assume a responsabilidade do recém criado sector C, englobando nele as companhias que se encontravam instaladas em Mansoa, Mansabá, Bissorã e Farim, assim como os seus destacamentos. Foram acrescentados os subsectores de Enxalé (08Dez63) e Bigene (23Dez63). O sector é reduzido, por entrada em sector de outros batalhões, sendo retirados os subsectores de Farim e Bigene (23Mai64) e Mansabá e Bissorã (31Mai64). Desenvolveu a sua actividade em especial nas zonas de Óio-Morés, Biambifoi e Enxalé, efectuando patrulhamentos, reconhecimentos, batidas, emboscadas e golpes de mão, nomeadamente sobre as linhas de infiltração inimigas. Em 22Jul64 a sua zona de acção foi integrado no sector atribuído ao BArt 645 e foi deslocada para Bissau, onde assumiu a segurança do aquartelamento do Centro de Instrução de Comandos, em Brá. A 29Dez64, desloca-se para Nova Lamego, para proceder à instalação do novo sector L3, cuja responsabilidade assume em 11Jan65, tendo sido criados os subsectores de Canquelifá (25Fev65), Bajocunda (11Mar65), Madina do Boé e Buruntuma (23Mai65), tendo recorrido a subunidades de intervenção às ordens do Comando Chefe. Neste sector organizou operações para travar a penetração de forças inimigas e travar relacionamento com as populações. A 01Jun65 foi para Bissau a fim de aguardar embarque de regresso.

Imagem: Carlos Coutinho/ultramar.terraweb
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COMPANHIA DE CAVALARIA N.º 1484

CCAV 1484 - Guiné 1965/67 - Divisa: Vontade e Audácia

Mobilizada no Regimento de Cavalaria n.º 7 - Lisboa

Embarque 20/Out/65
Desembarque em Bissau em 26/Out/65

Regresso em 02/Ago/67

Comandante: Cap Cav Rui Manuel Soares Pessoa e Amorim

Companhia independente ficou instalada em Nhacra, onde rendeu a CArt 565, ficando adida ao BArt 1857, aquartelado em Santa Luzia - Bissau.

Fez treino operacional em Mansoa durante o mês de Nov/65, que culminou com uma operação na área de Cobonge.

O efectivo da Companhia tomou o seguinte dispositivo:

Em Nhacra: Comando da Companhia, 2 GComb e 1 Pel da Comp Mil 10 em reforço

Em Safim: 1 GComb reforçado com 2 Pel da Comp Mil 10, com 1 Secção destacada em Ensalmá e outra em João Landim.

Em 08Jun66 a CCav 1484 foi rendida em Nhacra pela CCaç 797 e seguiu para Catió, onde ficou em intervenção ao Sector, adida ao BCaç 1858 e, após a rendição deste, ao BArt 1913.

Durante o período de permanência em Catió deu cobertura, em Cufar, à rendição da CCaç 763 pela CCaç 1621 e, no Cachil (Como) à rendição da CCaç 728 pela CCaç 1587.

De 12Jun66 a 28Jun67 efectuou 40 operações no Sector, sofreu 2 mortos e 22 feridos em combate, registando ainda 1 morto por acidente.

Em 20Jul67 segue para Bissau, embarcando no Uíge em 26Jul67 e chegado a Lisboa em 02Ago67.

(Imagens e texto de Benito Neves)
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PELOTÃO DE CAÇADORES NATIVOS N.º 52

PEL CAÇ NAT 52 - Guiné 1966/74 - Divisa: Matar ou Morrer / Os Gaviões

Mobilizado no Comando Territorial Independente da Guiné

Criado em Setembro de 1966

Desactivado em Agosto de 1974

Divisa – Matar ou Morrer / Os Gaviões

Colocado inicialmente em Porto Gole, foi transferido, sucessivamente, para Enxalé (Mai69), Missirá (Jun69), Bambadinca (Set69), Fá Mandinga (Jul71), Fá Mandinga (Abr72), Ponte do Rio Udunduma (Jul72) e Mato de Cão (Out72), onde se manteve até ser extinto.

Pequena unidade da guarnição normal.
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PELOTÃO DE MORTEIROS N.º 4574/72

PEL MORT 4574/72 - Guiné 1972/74

Mobilizado no Regimento de Infantaria n.º 15 - Tomar

Embarque em Jul/72

Regresso Após Abr74

Foi colocado junto do Batalhão instalado no sector L3 em Nova Lamego, destacando forças a nível de Secção ou Esquadra para as subunidades instaladas naquela área de acção.
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Notas de CV:

Vd. postes anteriores da série de:

10 de Novembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3429: Brasões, guiões ou crachás (1): CCAÇ 2797, Pel Caç Nat 51 e Pel Caç Nat 67, Cufar, 1970/72 (Luís de Sousa)

14 de Novembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3453: Brasões, guiões ou crachás (2): CCAV 678, 1964/66 (Manuel Bastos)

22 de Novembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3501: Brasões, guiões ou crachás (3): CAOP 1: BCAÇ 2885; CART 2732 e CCAÇ 5 (Jorge Picado/Carlos Vinhal/José Martins)

1 de Dezembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3551: Brasões, Guiões ou Crachás (4): CCAÇ 728; CCAÇ 2617; CCAÇ 3566; PEL CAÇ NAT 63; CCAV 677 e CCAÇ 2402 (José Martins)

7 de Dezembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3580: Brasões, guiões ou crachás (5): BCAÇ 2893, CART 730 e 23339, CCAÇ 726, 1426, 2406, 2636, 2701 e 3477 (José Martins)

Guiné 63/74 - P3621: Em busca de... (57): Ex-combatentes do BCaç 2928 (Bula...1970/72) (António Matos)

BCaç 2928/CCaç 2790

À procura de Camaradas

Mensagem do António Matos, com data de 14 de Dezembro de 2008

Gostaria imenso de usufruir do sistema de procura de camaradas a quem perdi o rasto desde 1972 !!!
Como se faz isto ?

Os dados são:

Batalhão de Caçadores 2928
Companhia 2790
Capitão Sucena
Pelotão do alferes Matos e dos furrieis Tavares e Guedes Vaz
Ida para a Guiné em 1970
Regresso em 1972
Soldados açoreanos provavelmente imigrados no Canadá ou, eventualmente, já regressados a S.Miguel.

António Matos

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Nota de vb:

Último poste da série de 13 de Dezembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3617: Em busca de... (55): Ex-combatentes da CCAÇ 594 (Guiné, 1963/65) (Júlio Pinto/Artur da Costa Rodrigues)

Guiné 63/74 - P3620: Album fotográfico de Santos Oliveira (7): Bissau

1. Damos por finda a mostra de fotografias de Santos Oliveira, ex-2.º Sarg Mil Armas Pesadas Inf do Pel Mort 912, Como, Cufar e Tite, 1964/66, desta vez dedicada à sua estada em Bissau.

Bissau > Pintando

Bissau > Dezembro de 1965 > Lendo junto ao quarto

Bissau > Dezembro de 1965 > Amura

Bissau > Dezembro de 1965 > Ao fundo o Porto e a Ilha do Rei

Bissau > Julho de 1966 > Estátua de Teixeira Pinto

Bissau > Julho de 1966

Bissau > Julho de 1966 > Estátua de Honório Barreto

Medalha das Campanhas da Guiné

Diploma do CTIG - 1964/1966
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 6 de Dezembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3577: Album fotográfico de Santos Oliveira (6): Tite e Enxudé