segunda-feira, 18 de fevereiro de 2019

Guiné 61/74 - P19506: Fotos à procura de... uma legenda (113): Onde é que estava o fotógrafo, há mais de 50 anos, num dia qualquer de novembro de 1967, a 30 km de Gabu-Sará (Nova Lamego),a 60 km de Piche, a 90 km de Canquelifá e a 55 km de Cabuca ?



Região de Gabu > Novembro de 1967 > Sinaliação de trânsito: placa de confirmação de localidades  e distâncias quilométricas. O autor (à direita) não sabe  o local onde foi tirada a foto.  à esquerda com o soldado condutor Pita, numa saída para algum sítio. Pelas distâncias indicadas, estes dois camaradas estavam s 30 km de Nova Lamego.


Guiné > Região de Gabu > Nova Lamego > CCS / BCAÇ 1933 (1967/69) > c. set/out 1967 > Tabuleta com as indicações das distâncias, para Sul, Norte e Leste, localizada numa das saídas / entradas de Nova Lamego. Bafatá para sudoeste a mais longa, com 53 kms, e temos de juntar mais cerca de 60 dali até ao porto fluvial e depósito da Intendência em Bambadinca

Fotos (e legendas): © Virgílio Teixeira (2018). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Guiné- Bissau > Região de Gabu > Maio de 2016 > Piche, entre Gabu (a 30 km a oeste) e Buruntuma (a 37 km, a nordeste, na fronteira com a Guiné-Conacri. Canquelifá, mais a norte, fica a 30 km.

[Vd. poste de 31 de maio de 2016 > Guiné 63/74 - P16151: Revisitando o "chão fula", e ligando o passado com o futuro (Patrício Ribeiro, Impar Lda) - Parte II: Piche]

Foto (e legena): © Patrício Ribeiro (2016). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar]: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Guiné > Região de Bafatá > Contuboel > Centro de Instrução Militar de Contuboel > CCAÇ 2479 / CART 11 (1968/69) > Um instruendo, de etnia fula, cuja identificação se desconhece... A placa rodoviária assinala alguns das povoações, mais importantes, mais próximas: Ginani (17 km), Talicó (22 km), Canhamina (27 km), Fajonquito (30 km), Saré Bacar (39 km), Farim (96 km)...

Contuboel chegou a funcionar como importante centro de instrução militar, no início da política da africanização do Exército Português, no 1º semestre de 1969. Em data que não posso precisar, esse centro acabou por ser transferido para a ilha de Bolama, aparentemente mais segura. Em junho de 1969, Contuboel era descrita como um "oásis de paz", pelo nosso editor Luís Graça e nela dava-se formação às futuras CCAÇ 11 e 12 e a um grupo de combate da futura CCAÇ 14.

Foto ( e legeenda) © Renato Monteiro (2007).  Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Guiné > Região do Oio > Mansoa > 1968 > Um periquito do coração da Guiné, o Alf Mil Raposo, da CCAÇ 2405 / BCAÇ 2852 (1968/70),  junto à placa toponímica que indivaca as localidades mais próximas: para oeste, Nhacra (a 28 km), Bissau (a 49 km)...; para leste, Enxalé (a 50 km), Bambadinca (a 65 km), Bafatá (a 93 km)...

Foto (e legenda) ©  Paulo Lage Raposo (2007).  Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Guiné > Região do Oio > Mansoa > CCAÇ 413 (1963/65) >  Foto reproduzida com a devida vénia do livro "Nos celeiros da Guiné",  de Albano Dias Costa e José Sá-Chaves (Lisboa: Chiado Editioar, 2015)


Guiné > Região do Oio > Mansoa > Jugudul > 1969 > O alf Mil Aires Ferreira, em Jugudul, a 4 Km de Mansoa, na estrada Bissau-Bafatá. A placa quilométrica assinalava as distâncias para os principais povoações, a leste de Mansoa/Jugudul: Bindoro: 10 km; Porto Gole: 25 km; Enxalé: 47 km; Bambadinca: 62 km; Bafatá: 90km... O troço estava interdito, nessa altura, pelo menos até Porto Gole...e daqui até Bafatá. Um estrada, alcatroada, esteve em construção, até Bambadinca, nos últimos anos da guerra.

Foto (e legenda) ©  Aires Ferreira  (2006).  Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Onde é que estava o fotógrafo, no caso da primeira foto de cima, da autoria do Virgílio Teixeira ? 

Ele já não se lembra da localização exata...  Vamos ajudá-lo a melhor legendar a foto... Sabemos que foi em novembro de 1967, na região de Gabu... Nesse ponto exato, ele e o seu companheiro, o condutor da viatura, extavam a:

30 km de Gabu Sará (mais tarde, passou a chamar-se Nova Lamego);
60 km de Piche;
90 km de Canquelifá;
97 km de Buruntuma;
55 km de Cabuca;
(?) km de Madina do Boé [, o carregador da G3 parece ter tapado essa informação; de qualquer modo de Nova Lamego a Madina do Boé eram 65 km]

Ver aqui o mapa da província da Guiné (1957), à escala de 1/500 mil...

De qualquer modo, este "sinal de confirmação" das localidades mais próximas e da sua distância quilométrica, devia estar, não no meio do mato, mas numa locadalidade relativamente importante (sede de circunscrição, posto administrativo, etc.).

Contamos com mais pistas a fornecer pelos nossos queridos leitores...


2. Já agora voltam a reproduzir-se mais algumas fotos, do nosso blogue, semelhantes, de diferentes regiões: Gabu, Bafatá, Oio...

Não tenho a certeza, mas não deverá haver imagens com  sinais destes no sul da Guiné, no nosso tempo: região de Quínara e região de Tombali... Talvez por causa da guerra... Devem ter sido destruídos logo no início, tal como os postes de telefone e de telegrafia, as pontes, os pontões...

Não é preciso lembrar que a "nossa Guiné", até ao "consulado" do Spínola (1968-1973), tinha uma muito rudimentar rede rodoviária... As estradas eram "picadas", e o sistema de sinalização do trânsito  estava em conformidade com a rede rodoviária... Boa parte dos transportes (de Bissau, para o interior, o Norte, o Centro e o Sul) fazia-se de barco... As estradas ficavam intransitáveis na época das chuvas, de maio a outubro...

No nosso sistema de sinalização rodoviária, estes sinais (que não podem ser confundidos com "narcos quilométricos" ou "placas toponomicas") parece que se chamam "sinais de confirmação", (art. 40º do regulamento de sinalização do trânsito, Decreto Regulamentar n.o 22-A/98 de 1 de Outubro):

(...) L1 — sinal de confirmação: este sinal deve conter a identificação da estrada em que está colocado, bem como a indicação dos destinos e respectivas distâncias servidos directa ou indirectamente pelo itinerário, inscritos de cima para baixo, por ordem crescente das mesmas distâncias. Os destinos não directamente servidos pelo itinerário, bem como a distância a que se situam, devem ser inscritos entre parêntesis. (...) 

Um exemplo de um sinal de confirmação
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Nota do editor:

Último poste da série > 13 de fevereiro de 2019 > Guiné 61/74 - P19493: Fotos à procura de... uma legenda (112) : Messe improvisada numa ponte em 26 de janeiro de 1968... Foto do Arquivo Mário Soares... Serão fuzileiros ? Que ponte seria esta ? (Jorge Araújo)

Guiné 61/74 - P19505: Notas de leitura (1151): Guinea-Bissau, Micro-State to ‘Narco-State’, por Patrick Chabal e Toby Green; Hurst & Company, London, 2016 (1) (Mário Beja Santos)



1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 26 de Outubro de 2016:

Queridos amigo,
Tanto quanto sei, é a mais importante obra publicada neste ano de 2016 sobre a Guiné-Bissau por investigadores internacionais credenciados. Toby Green, do King's College de Londres, assume a homenagem a Patrick Chabal, um dos biógrafos de Amílcar Cabral, organizando um conjunto de valiosos ensaios onde a etnicidade, a fragilidade do Estado, as instituições coloniais e pós-coloniais, as manifestações de crise e o impacto do Narco-Estado e os riscos e ameaças que pendem nos países da sub-região.
Os investigadores aceitaram este desafio da complexidade, na interseção do colonial com o pós-colonial e o resultado salta à vista: um documento poderoso, incontornável, sobre a Guiné-Bissau do nosso tempo.

Um abraço do
Mário


Guiné-Bissau: de Micro-Estado a Narco-Estado (1)

Beja Santos

Guinea-Bissau, Micro-State to ‘Narco-State’, por Patrick Chabal e Toby Green, Hurst & Company, London, 2016, é constituído por um acervo de estudos dedicados à memória de Patrick Chabal, falecido em Janeiro de 2014, e que idealizou até ao fim dos seus dias a organização desta obra com Toby Green. Obra constituída por três partes (fragilidades históricas; manifestações da crise e consequências políticas da crise) convocou nomes importantes da historiografia da Guiné-Bissau no plano internacional como Toby Green, Joshua B. Forrest, Philip J. Havik, entre outros. O livro inclui glossário e acrónimos, dados biográficos de personalidades influentes, sinopse de acontecimentos relevantes e biografia dos investigadores.

Toby Green contextualiza a natureza do trabalho, a natureza da sua instabilidade, as suas implicações no tráfico das drogas e a necessidade de estudar a Guiné-Bissau para compreender o país como um estado da África pós-colonial, com outras questões implicativas como seja a instabilidade da Guiné face às questões da segurança global e quais as condições necessárias para que a Guiné-Bissau encontre estabilidade. E lança algumas reflexões para se entender a especificidade do país: a singularidade do caso humano nas suas etnias e línguas e como se dispõe pelo território; o facto de durante muitos séculos o país ter sido um espaço para interações e cruzamentos culturais; a situação de que os navegadores portugueses aportaram à região quando os Mandingas do Mali eram um império e como a região veio a fazer parte da poderosa federação; a geografia do país concorreu para tornar os povos da região um refúgio seguro das incursões do império do Mali nomeadamente nos séculos XIII e XIV; uma multiplicidade de fatores concorreu para tornar estes povos hostis a um qualquer poder centralizador; a investigação permite encontrar linearidade endémica para cooperação étnica nas fases pré-colonial, colonial e pós-colonial.

O falhanço económico-financeiro guineense pós-independência convidou a que o país ficasse convidativo para o tráfico de drogas, mormente da Colômbia. A Guiné-Bissau tornou-se um ponto de chegada e distribuição, neste comércio se envolveram importantes figuras militares, políticos e distribuidores. Toby Green tece uma detalhada observação sobre a tragédia do Narco-Estado, não deixando, porém de recordar que o país tem ainda disponibilidade para soluções no quadro do desenvolvimento, do emprego e da criação de riqueza atendendo às potencialidades agrícolas, florestais e píscolas.

Estamos agora na primeira parte, a dimensão da etnicidade histórica. As categoria étnicas do período pré-colonial estão hoje muito melhor identificadas e permitem apurar que esses povos foram manifestamente relutantes ao poder imperial, celebraram casamentos mistos e cooperaram até na criação de novas povoações, aceitando-se nas suas diferenças. O período colonial, até ao século XIX, não afetou a essência destas linhagens das comunidades rurais, o colono ou o negreiro contratavam a compra de escravos ou de mercadorias com um régulo, não faziam incursões para ocupar território; a situação agudiza-se com um comércio que se intensifica, com a chegada de um funcionalismo, a montagem de uma administração, a imposição de impostos, tudo contribuiu para que o alargamento de influência do poder colonial gerasse tumulto na ordem estabelecida, mas a identidade étnica manteve-se, os agricultores continuaram a agricultar e a vender livremente; a “pacificação”, a obra brutal de Teixeira Pinto, modificou superficialmente as regras do jogo; um dos investigadores desta obra, Philip Havik, mostra claramente como os negócios da CUF através da Sociedade Ultramarina, Barbosa & Comandita e Casa Gouveia se processavam num certo enquadramento administrativo e havia as tensões dos preços mas os comerciantes também tinham a noção de que os agricultores podiam ir vender os seus bens no Casamansa ou na Guiné Francesa.

As comunidades rurais não só não esqueceram o legado de violência que acompanhou a pacificação como, após a independência, manifestaram relutância ao novo poder que rapidamente sentiram como uma extorsão nos preços, na ameaça de impostos, tudo isto acrescido do facto da etnia Balanta, o principal aliado de Amílcar Cabral, ter passado a sinónimo de repressor militar. O contexto é complexo nas suas envolventes: a rejeição cabo-verdiana pelos guineenses, estes sempre encarados com agentes da potência colonial, a permanente suspeita, durante a luta armada, que entendeu sobre os líderes cabo-verdianos do PAIGC. Nessas mesmas comunidades rurais a cooperação multissecular impediu conflitos religiosos, de uma parte etnias como os Felupes, os Balantas, os Bijagós e os Manjacos eram animistas e impermeáveis às regiões monoteístas, de outra parte os Fulas e os Mandingas e o seu proselitismo, aliás bem-sucedido, foram estendendo a sua influência e catequisando Beafadas, povos do Oio, entre outros. Mesmo durante o período colonial e até à luta armada as migrações processavam-se com grande tranquilidade e diálogo. No período pós-colonial, os líderes políticos promoveram os interesses da família e da etnia, tal o poder dos vínculos, esta atração da etnicidade acabou por concorrer para que o Estado fosse volátil.

Joshua Forrest analisa as instituições políticas dos períodos colonial e pós-colonial. Começa por observar que em muitos aspetos a Guiné Portuguesa tinha um modelo do governo típico, era muito semelhante ao de outras colónias: cordão umbilical com a metrópole; uma administração com profissionais preparados ou aprovados por Lisboa e que fundamentalmente se orientava para o desenvolvimento de infraestruturas que servissem para o aproveitamento dos recursos agrícolas para exportação, com esse mapa de estradas era mais fácil recolher os impostos para suportar a burocracia colonial.

Contudo, a Guiné era um apêndice burocrático de Cabo Verde, daqui vinham os mais qualificados funcionários, até porque os metropolitanos temiam o clima inóspito. Foi este o Estado que herdou o PAIGC, não trazia quadros da altura, Bissau era uma tentação, tinha ruas alcatroadas e comércio, casas com água canalizada, um porto bem apetrechado, um aeroporto moderno, hospital, instalações adequadas para ali montar ministérios incipientes. Ninguém deu ouvidos às advertências de Cabral que propunha a regionalização e reduzir o significado de Bissau. Criou-se uma administração empolada e impreparada, desenvolveu-se o amiguismo, montaram-se negócios à volta da ajuda internacional, desviou-se de dinheiro para pagar os salários dos professores para satisfazer outras necessidades. Joshua Forrest explana sobre a política cultural, as Forças Armadas, os equívocos à volta da figura do Presidente, a ascensão dos militares ao poder, para concluir sobre a fragilidade do Estado, as disfunções da burocracia governamental e a anomia da própria justiça. A Guiné-Bissau nunca julgou em tribunal um só conspirador, um assassínio político, um ministro corrupto. Ninguém acredita nas leis do Estado.

A capa do livro é elucidativa da anomia, do equívoco e da desmemória a que está entregue a Guiné-Bissau: vemos a estátua de bronze de Amílcar Cabral jazente num camião militar onde está há mais de uma década.

(Continua)
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Nota do editor

Último poste da série de 15 de fevereiro de 2019 > Guiné 61/74 - P19496: Notas de leitura (1150): Os Cronistas Desconhecidos do Canal do Geba: O BNU da Guiné (73) (Mário Beja Santos)

Guiné 61/74 - P19504: Bom dia, desde Bissau (Patrício Ribeiro) (10): Porto Gole: homenagem aos portugueses que aqui chegaram antes de nós, há mais de 5 séculos e meio...


Foto nº 1 > Guiné-Bissau > Região do Oio > Porto Gole > 14 de fevereiro de 2019


Foto nº 1A > Guiné-Bissau > Região do Oio > Porto Gole > 14 de fevereiro de 2019


Foto nº 2A  > Guiné-Bissau > Região do Oio > Porto Gole > 14 de fevereiro de 2019


Foto nº 2 >  Guiné-Bissau > Região do Oio > Porto Gole > 14 de fevereiro de 2019


Foto nº 3 > Guiné-Bissau > Região do Oio > Porto Gole > 14 de fevereiro de 2019 [Antiga  Casa do Chefe do Posto, que fazia do parte do aquartelamento, conjuntamente com o celeiro]


Foto nº 3A > Guiné-Bissau > Região do Oio > Porto Gole > 14 de fevereiro de 2019


Foto nº 4 > Guiné-Bissau > Região do Oio > Porto Gole > 14 de fevereiro de 2019


Foto nº 5 > Guiné-Bissau > Região do Oio > Porto Gole > 14 de fevereiro de 2019


Foto nº 6 > Guiné-Bissau > Região do Oio > Porto Gole > 14 de fevereiro de 2019

Fotos (e legendas): © Patrício Ribeiro (2019) Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Mensagem do nosso amaigo e camarada Patrício Ribeiro, empresário (Impar Lda), que vive entre Águeda e Bissau, e que tem vindo a fotografar os restos dos cacos do nosso império na pátria de Amílcar Cabral:

[Patrício Ribeiro é um português, natural de Águeda, criado e casado em Angola, Huambo, ex-fuzileiro em Angola durante a guerra colonial, a viver na Guiné-Bissau desde meados dos anos 80 do séc. passado, fundador, sócio-gerente e director técnico da firma Impar, Lda.]

De: IMPAR Lda energia
Enviado: 14 de fevereiro de 2019 08:01
 Assunto: Portogol (fotos)

Bom dia, desde Bissau

Não sei se estes, quando aqui chegaram no ano de 1456, também tiraram uma foto.

Ao que parece chegaram um pouco antes de nós.

Para os outros que por aqui andaram, envio fotos com o cheiro do capim e da lama.

Como este meu texto é curto, cortem a palha e cubram o resto da casa, com os vossos comentários.

PS - A pedra do monumento [, inaugurado em 1946, no âmbito do 'V Centenário do Descobrimento da Guiné', sendo governador-geral Sarmento Rodrigues]  é boa para afiar catanas.

Abraço
Patrício Ribeiro

IMPAR Lda
Av. Domingos Ramos 43D - C.P. 489 - Bissau , Guine Bissau
Tel,00245 966623168 / 955290250
www.imparbissau.com
impar_bissau@hotmail.com
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Nota dos editores:

Último poste da série > 1 de agosto de 2018 > Guiné 61/74 - P18886: Bom dia, desde Bissau (Patrício Ribeiro) (9): Bolama e a Fonte Nova de São João (1945)

Guiné 61/74 - P19503: Álbum fotográfico de Virgílio Teixeira, ex-alf mil, SAM, CCS / BCAÇ 1933 (São Domingos e Nova Lamego, 1967/69) - Parte LXII: Memórias do Gabu (I)


F11  > Nova Lamego > Novembro de 1967 > Passeio de bicicleta com a malta, numa tarde de Domingo. Estava eu agarrado à árvore, a seguir o Furriel Carvalho – que ficou ferido num dedo e mais tarde passou a fazer parte da ADFA no Porto – a seguir o Furriel Enfermeiro – Carlos Veiga, com camisa aos quadrados, e que foi mais tarde, já na peluda, médico, entretanto já falecido infelizmente -, depois outro Furriel que não me lembro do nome, um homem civil, talvez militar, e sentado o ex-alferes Figueiredo, natural da Guiné, onde tinha já mulher e filhos, bem como os pais e o seu negócio de família, que não sei qual é. Este edifício pertencia naturalmente às instalações da tropa, mas não estou certo.


Foto nº 6 > Nova Lam,ego > Outubro de 1967 > Um passatempo nos primeiros tempos no Clube do Gabu. Talvez numa tarde de domingo, no café Clube do Gabu, com os meus amanuenses, os primeiros cabos Seixas – ao meio – e Horta no extremo esquerdo.  


F15>  >  Nova Lamego > Janeiro-Fevereiro de 1968 > .Numa Tabanca dos arredores, com uma criança mestiça. 


F09 >Nova Lamego >  Dezembro de 1967.  Na minha motorizada e os meus amigos, as crianças da terra. Já na posse da minha motorizada Peugeot, mandada vir de Bissau, era o centro das atenções daquela passarada pois todos queriam andar de mota. Dei muitos passeios por aquelas ruas poeirentas, e dei alguma alegria à miudagem.


F10 > Nova Lamego > Dezembro de 1967. Na prova do rancho geral, como era hábito... Era hábito a prova do rancho, antes de ser servido no refeitório geral, com este aparato todo. Só que era o ‘Oficial de Dia’ que fazia a prova, e eu não estou de abraçadeira, não era o meu dia, mas por vezes provava e acabava por comer no refeitório com os soldados, por ser melhor que na nossa messe, pois sempre sabia de antecedência o que era servido nesse dia.


Foto nº 1 > Região de Gabu > Novembro de 1967 > Placa de identificação de distâncias. Não sei o seu local desta placa, estiu junto com o soldado condutor Pita, numa saída para algum sítio. Pelas distâncias indicadas, estávamos s 30km de Nova Lamego.


F02 > Nova Lamego > Dezembro de 1967 >  Casa de pasto, ‘ O Geraldes’.  Pode ver-se o Geraldes, com o ‘macaquinho’ , ao lado dele, um homem civil, em pé o Sargento Parracho (acho que era de Aveiro) e tinha chegado da Madina do Boé, era da CCAÇ 1589, e lá vinha com os seus ‘Autos de Destruição’ para serem aprovados.


Foto nº 3 >  Nova Lamego > Outubro de 1967 > As lavadeiras do rio na Fonte de Nova Lamego. Neste local por mim muitas vezes visitado, estavam as nossas lavadeiras no rio, junto à Fonte, na sua faina de tratar das nossas roupas, e sempre com um sorriso aberto que nos dava boa disposição. Quer com top, ou sem top.


F05 > Bafatá > Outubro e 1967 > Imagem de uma Bolanha nos arredores de Bafatá.


F07 >  Nova Lamego > Novembro de 1967 > Na entrada da Escola Primária do Gabu. Uma visita à escola, na companhia do meu camarada ex-alf Mesquita das Transmissões.


F08 > Nova Lamego > Novembro de 1967 > Uma das ruas principais, com casas modernas de habitação. A rua ainda era de terra batida, mas notava-se já um movimento de construção nova, quer para residência das populações locais, ou para arrendamento como cheguei a ouvir.


F12 > Nova Lamego > Fevereiro de 1968  Treino de Jeep pertencendo ao Pelotão de Morteiros. Passeio de Jeep na Avenida General ‘Arnauld Schulz’, a ver a minha condução o alferes Azevedo, junto à sua moradia, denominada a ‘Tabanca do Morteiros’ .  O Azevedo era de Évora ou Beja, já não me lembro, o meu melhor amigo na tropa, e nunca mais o vi depois de deixar Nova Lamego.


F14 > Nova Lamego > Dezembro de 1967 > Junto ao Posto de Transmissões, com a mascote deles – o macaco. Foto na porta de acesso ao ‘estaminé’ das Transmissões, do qual era responsável o meu também amigo alferes Mesquita. O Macaco era a sua mascote, não me dava lá muito bem com esta bicharada, não sei se foi ele que me pegou a praga de piolhos.


F15 >  Nova Lamego > Janeiro-Fevereiro de 1968 > .Numa Tabanca dos arredores, com uma criança mestiça. Como andava muitas vezes pelas tabancas, tinha muitas amizades com a população, dava alguma coisa, tirava fotos com as bajudas e mulheres, depois levava uma cópia para eles, eu dava-me bem naquele ambiente sem medo, sem stress. Esta criança logo se vê que é filho de mãe preta e pai branco, não sei os pormenores, eram assuntos naquela altura muito tabus, perguntar estas coisas. Deve estar um homem, espero que não tenha ido para a guerrilha! Foto captada em Nova Lamego, durante os meses de

Guiné > Região de Gabu > Nova Lamego > CCS / BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69) >

Fotos (e legendas): © Virgílio Teixeira (2019). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]




1. Continuação da publicação do álbum fotográfico do nosso camarada Virgílio Teixeira, ex-alf mil, SAM, CCS / BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69) (*)


CTIG/Guiné 1967/69 - Álbum de Temas:

T064 – IMAGENS DO GABU – NOVA LAMEGO



PARTE I


I - Anotações e Introdução ao tema:

Devido ao interesse que tem suscitado a ‘Princesa do Gabu’, e para juntar às muitas que já existem, é com muito gosto venho enviar para Postar, mais algumas fotos de Nova Lamego (Gabu) dos tempos de 1967/68 (Período de 23set67 a 26fev68).

Esta será a PARTE I – também escolhidas ao acaso, sem tema especial que não seja mostrar como era a Nova Lamego do meu tempo, não dos anos seguintes, que já não a conheci.

Espero e desejo que agradem, pois a falta de qualidade é uma constante.

II - Legendas das fotos:


F01 – Placa de identificação de distâncias, que não sei o seu local. Esta placa junto com o soldado condutor Pita, numa saída para algum sítio, fizemos esta foto.

Pelas distâncias indicadas estamos a 30 km de NL (Gabu). Podia ser em Piche, mas não é, pois Piche fica a 60 Km. Também não é Bafatá porque eram 57 km, fico portanto em grandes duvidas, pode ser noutra das muitas localidades, que não consta aqui na placa. Qual será?... Foto captada no sector de Nova Lamego, em Novembro de 1967.

F02 – Casa de pasto, tasca, um local de comer, ‘ O Geraldes’. Pode ver-se o Geraldes, com o ‘macaquinho’ , ao lado dele, um homem civil, em pé o Sargento Parracho (acho que era de Aveiro) e tinha chegado da Madina do Boé, era da CCAÇ1589, e lá vinha com os seus ‘Autos de Destruição’ para serem aprovados. Foto captada em Nova Lamego, em Dezembro de 1967.

F03 – As lavadeiras do rio na Fonte de Nova Lamego. Neste local por mim muitas vezes visitado, estavam as nossas lavadeiras no rio, junto à Fonte, na sua faina de tratar das nossas roupas, e sempre com um sorriso aberto que nos dava boa disposição. Quer com top, ou sem top. Foto captada em Nova Lamego, em Outubro de 1967.

F04 – Mulheres locais junto à estrada com os seus cestos à cabeça. Uma imagem usual, com cestos, na berma da estrada, e um Unimog parece que na sua direcção. Uma curiosidade, sempre que olho para esta foto, consigo imaginar como se fosse uma montagem, a cara e cabeça de Fidel Castro, junto à mulher da frente. Ilusão apenas. Foto captada em Nova Lamego, em Outubro de 1967.

[Foto não publicada por falta de qualidade...]

F05 – Imagem de uma Bolanha nos arredores de Bafatá. Numa ida a Bafatá, tive a oportunidade de tirar esta imagem, uma bolanha (de arroz) ainda nem sabia nessa altura o que era uma Bolanha! Foi tirada com menos de um mês de Guiné. Foto captada em Nova Lamego, em Outubro de 1967.

F06 – Um passatempo nos primeiros tempos no Clube do Gabu. Talvez numa tarde de Domingo, no café Clube do Gabu, com os meus amanuenses, os 1ºs cabos Seixas – ao meio – e Horta no extremo esquerdo. Foto captada em Nova Lamego, em Outubro de 1967.

F07 – Na entrada da Escola Primária do GABU. Uma visita à escola, na companhia do meu camarada ex-alf Mesquita das Transmissões. Foto captada em Nova Lamego, em Novembro de 1967.

F08 – Uma das ruas principais, com casas modernas de habitação. A rua ainda era de terra batida, mas notava-se já um movimento de construção nova, quer para residência das populações locais, ou para arrendamento como cheguei a ouvir. Foto captada em Nova Lamego, em Novembro de 1967.

F09 – Na minha motorizada e os meus amigos, as crianças da terra. Já na posse da minha motorizada Peugeot, mandada vir de Bissau, era o centro das atenções daquela passarada pois todos queriam andar de mota. Dei muitos passeios por aquelas ruas poeirentas, e dei alguma alegria à miudagem.
Não sei identificar com exactidão o local, mas deve ser na periferia, numa zona pobre pela qualidade das tabancas e moranças, e pelas ‘vestes’ dos miúdos, em tanga. Ainda aparecem na foto os meus amigos cães rafeiros, que pelos vistos ainda não eram os meus piores inimigos, como são hoje. Não nos entendemos. Foto captada em Nova Lamego, em Dezembro de 1967.

F10 – Na prova do rancho geral, como era hábito. Era hábito a prova do rancho, antes de ser servido no refeitório geral, com este aparato todo. Só que era o ‘Oficial de Dia’ que fazia a prova, e eu não estou de abraçadeira, não era o meu dia, mas por vezes provava e acabava por comer no refeitório com os soldados, por ser melhor que na nossa messe, pois sempre sabia de antecedência o que era servido nesse dia. Foto captada em Nova Lamego, em Dezembro de 1967.

F11 – Passeio de bicicleta com a malta, numa tarde de Domingo. Estava eu agarrado à árvore, a seguir o Furriel Carvalho – que ficou ferido num dedo e mais tarde passou a fazer parte da ADFA no Porto – a seguir o Furriel Enfermeiro – Carlos Veiga, com camisa aos quadrados, e que foi mais tarde, já na peluda, médico, entretanto já falecido infelizmente -, depois outro Furriel que não me lembro do nome, um homem civil, talvez militar, e sentado o ex-alferes Figueiredo, natural da Guiné, onde tinha já mulher e filhos, bem como os pais e o seu negócio de família, que não sei qual é. Este edifício pertencia naturalmente às instalações da tropa, mas não estou certo. Foto captada em Nova Lamego, em Novembro de 1967.

F12 – Treino de Jeep pertencendo ao Pelotão de Morteiros. Passeio de Jeep na Avenida General ‘Arnauld Schulz’, a ver a minha condução o alferes Azevedo, junto à sua moradia, denominada a ‘Tabanca do Morteiros’ .  Azevedo era de Évora ou Beja, já não me lembro, o meu melhor amigo na tropa, e nunca mais o vi depois de deixar Nova Lamego. Que raio de amigos são estes? Perdemos o rasto um do outro, ele era mais antigo lá, eu saí de NL, ele ficou, e foi para a Metrópole muito antes de mim e do meu batalhão. Comi lá bons petiscos, que ele fazia e mandava fazer. Esta foi das últimas fotos tiradas com ele, pois foi no mês em que vim embora do Gabu. Foto captada em Nova Lamego, durante o mês de Fevereiro de 1968.

F13 – A cavalgada dos ‘Sete Magníficos’ no terreiro do Gabu, Faroeste da Guiné. Um dia compramos uma vaca – monte de ossos – para tirar a barriga de misérias, e então a entrada magistral da minha cavalgada, tipo Cowboy americano, e com os bandidos ao lado. Até tinha a carabina usada pelo Xerife lá do sítio. Uma coboiada do carago, não sei como ficou o petisco, mas foi diferente, digo eu. Foto captada em Nova Lamego, em Dezembro de 1967.

[Foto não publicada por falta de qualidade]

F14 – Junto ao Posto de Transmissões, com a mascote deles – o macaco. Foto na porta de acesso ao ‘estaminé’ das Transmissões, do qual era responsável o meu também amigo alferes Mesquita. O Macaco, era a sua mascote, não me dava lá muito bem com esta bicharada, não sei se foi ele que me pegou a praga de piolhos. Foto captada em Nova Lamego, em Dezembro de 1967.

F15 – Numa Tabanca dos arredores, com uma criança mestiça. Como andava muitas vezes pelas tabancas, tinha muitas amizades com a população, dava alguma coisa, tirava fotos com as bajudas e mulheres, depois levava uma cópia para eles, eu dava-me bem naquele ambiente sem medo, sem stress. Esta criança logo se vê que é filho de mãe preta e pai branco, não sei os pormenores, eram assuntos naquela altura muito tabus, perguntar estas coisas. Deve estar um homem, espero que não tenha ido para a guerrilha! Foto captada em Nova Lamego, durante os meses de Janeiro-Fevereiro de 1968.

 «Propriedade, Autoria, Reserva e Direitos, de Virgílio Teixeira, Ex-alferes Miliciano do SAM – Chefe do Conselho Administrativo do BATCAÇ1933/RI15/Tomar, Guiné 67/69, Nova Lamego, Bissau e São Domingos, de 21SET67 a 04AGO69».

NOTA FINAL DO AUTOR:

# As legendas das fotos em cada um dos Temas dos meus álbuns, não são factos cientificamente históricos, por isso podem conter inexactidões, omissões e erros, até grosseiros. Podem ocorrer datas não coincidentes com cada foto, motivos descritos não exactos, locais indicados diferentes do real, acontecimentos e factos não totalmente certos, e outros lapsos não premeditados. Os relatos estão a ser feitos, 50 anos depois dos acontecimentos, com material esquecido no baú das memórias passadas, e o autor baseia-se essencialmente na sua ainda razoável capacidade de memória, em especial a memória visual, mas também com recurso a outras ajudas como a História da Unidade do seu Batalhão, e demais documentos escritos em seu poder. Estas fotos são legendadas de acordo com aquilo que sei, ou julgo que sei, daquilo que presenciei com os meus olhos, e as minhas opiniões, longe de serem ‘Juízos de Valor’ são o meu olhar sobre os acontecimentos, e a forma peculiar de me exprimir. Nada mais. #

Acabadas de legendar, hoje,

Em, 2018-02-05

Virgílio Teixeira
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Nota do editor:

Último poste da série > 28 de janeiro de 2019 > Guiné 61/74 - P19448: Álbum fotográfico de Virgílio Teixeira, ex-alf mil, SAM, CCS / BCAÇ 1933 (São Domingos e Nova Lamego, 1967/69) - Parte LXI: As colunas para o sudoeste do setor: Bafatá, Fá Mandinga e Bambadinca, eram mais de 200 km, ida e volta

domingo, 17 de fevereiro de 2019

Guiné 61/74 - P19502: Álbum fotográfico de João Sacôto, ex-alf mil, CCAÇ 617 / BCAÇ 619 (Catió, Ilha do Como, Cachil, 1964/66) e cmdt da TAP, reformado - Parte III: O meu cão Toby, que fez comigo uma comissão no CTIG, e que será depois ferido em combate no Cantanhez

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N/M Quanza > 10 de janeiro de 1964 > O cão Toby, pertencente do alf mil inf João Sacôto, da CCAÇ 617, foi uma das estrelas da companhia...e efz uma comissão no TO da Guiné onde será ferido em combate...Embarcou no dia 8 de janeiro de 1964 e desembarca em Bissau a 15, juntamente o pessoal do BCAÇ 616 e as suas subunidades de quadrícula: CCAÇ 616, CCAÇ 617 e CCAÇ 618;O Diz o dono, orgulhos: "O meu cão o Toby seria mais tarde ferido em combate durante uma operação no Cantanhez, uma bala prefurou-lhe a barriga, foi tratado e recuperou".


Guiné > Bissau > Quartel General > s/d > c. 1964 > O alf mil João Sacôto e o seu companheiro, o cão Toby, ante de partirem para Catió.


Guiné >1964 > CCAÇ 617 > O Toby, a caminho de  Catió.


Guiné > Região de Tombali > Catió > CCAÇ 617 > c. 1964 > O alf mil João Sacôto e o seu  cão Toby,  na hora da higiene.


Guiné > Região de Tombali > Cachil , Ilha do Como  CCAÇ 617 >  s/d > O Toby nstrada de acesso ao cais no Cachil, Como.

Fotos (e legendas): © João Sacôto (2019). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. O João Sacôto {, João Gabriel Sacôto Martins Fernandes, de seu nome completo,] foi alf mil da CCAÇ 617 / BCAÇ 619 (Catió, Ilha do Como e Cachil, 1964/66). Trabalhou depois como Oficial de Circulação Aérea (OCA) na DGAC [Direção Geral de Aeronáutica Civil]. Foi piloto e comandante na TAP, tendo-se reformado em 1998.

Estudou no Instituto Superior de Ciencias Económicas e Financeiras (ISCEF, hoje, ISEG) . Andou no Liceu Camões em 1948 e antes no Liceu Gil Vicente. É natural de Lisboa. É casado. Tem página no Facebook (a que aderiu em julho de 2009, sendo seguido por mais de 8 dezenas de pessoas. É membro da nossa Tabanca Grande desde 20/12/2011.

Continuação da publicação do seu álbum fotográfico: no poste anterior publicámos algumas fotos da chegada a Bissau, em 15/1/1964. Aqui esteve cerca de 2 meses, na dependência do BCAÇ 600. Parte da companhia ainda irá participar na Op Tridente, na ilha do Como (jan-março de 1964).

Neste poste mostram-se algumas fotos do valenet Toby,que será, no regresso, tratado como um herói pelo "Diário de Notícias", de 2/3/1966 (Poste a publicar oportunamente, na série "Recortes de Imprensa").
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Guiné 61/74 - P19501: In Memoriam: Os 47 oficiais oriundos da Escola do Exército e da Academia Militar mortos na guerra do ultramar (1961-75) (cor art ref António Carlos Morais da Silva) - Parte XIII: cap inf António Afonso Silva Vigário (Estarreja, 1936 - Vale do Vamba, Quitexe, Angola, 1964)





1. Continuação da publicação da série respeitante à biografia (breve) de cada um dos 47 Oficiais oriundos da Escola do Exército e da Academia Militar que morreram em combate no período 1961-1975, na guerra do ultramar ou guerra colonial (em África e na Ásia).

Guiné 61/74 - P19500: Blogpoesia (608): "Árvore do amor...", "Chuvas de Lisboa" e "O final da tarde...", da autoria de J. L. Mendes Gomes, ex-Alf Mil da CCAÇ 728

1. Do nosso camarada Joaquim Luís Mendes Gomes (ex-Alf Mil da CCAÇ 728, Cachil, Catió e Bissau, 1964/66) estes belíssimos poemas, da sua autoria, enviados, entre outros, ao nosso blogue, que publicamos com prazer:


Árvore do amor…

Árvore do amor…
A vida é um bosque extenso e longo,
De árvores com muitos ramos.
Não é o sol que a alimenta.
É o amor divino.
Que não nasce e se põe
Em cada dia.
Ele está presente ao centro,
Em cada hora
e cada momento.
Não vem de longe,
Nem vem do alto,
Está cá dentro.
Ele mora connosco
Se O deixarmos entrar.
Seu mandamento não é jamais
Que O amemos sobre tudo e todos… 
É que O deixemos amar-nos.
Antes de tudo e todos.
Tudo o mais será com Ele.
Sua lei não é a Justiça…
Mas sua misericórdia.
Um mar imenso,
Um mar de amor,
Onde ninguém naufraga.
Uma grande árvore.
Com muitos ramos.

Mafra, 29 de Setembro de 2014
7h43m
O dia nascendo com sol e neblina
Jlmg

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Chuvas de Lisboa

Escorrem pelas ruas as águas de Inverno.
Saíram do armário as gabardinas e, sorumbáticos, caminham pelos passeios os guarda-chuvas.
Adeus aos sapatos de tacão alto.
É a altura das solas espessas e dos cachecóis.
Chegou, de vez, o frio e a chuva grossa.

Desertas as esplanadas, ficam a abarrotar de gente os cafés, saboreando suas bicas.

Pendem molhadas as cortinas de plástico sobre os escaparates de revistas e jornais.

Pelos jardins esperam, sozinhos, todos os bancos, pelas horas de sombra seca.

Escorrem cheios dos telhados os beirais e algerozes
E, desvairadas, fazem rios as valetas.

Inconformados com tanta água, só se ouvem lamentos e suspiros pelo chegar da Primavera.

Ouvindo Cantiga do Maio - Carlos Paredes
Berlim, 13 de Fevereiro de 2019
9h9m
Jlmg

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O final da tarde…

Experimento a luz escassa
Do anoitecer.
Ardem-me os olhos de Tanto ver,
Sem nada ver.
Perpassa-me na mente, às cegas,
O terrível pavor das madrugadas.
De todo o lado,
Chegam fantasmas mortos
De hora a hora.
Num cortejo incessante
E prepotente.
Vêm extorquir-me a pouca paz
Que consegui no dia,
A troco de promessas falsas
Nunca cumpridas.
Jazem mortos os mortos debaixo das pedras.
E os cães danados
Soltam vagidos.
Me arremessam pedradas,
À falsa fé, os maus amigos.
E, nas horas mortas,
Vibram facadas vis,
Donde menos se espera.
É o final da tarde horrenda do abandono.
Quando, cá dentro, tudo apagou
E já nada arde.

Mafra, 25 de Outubro de 2014
0h58m
Jlmg
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Nota do editor

Último poste da série de 10 de fevereiro de 2019 > Guiné 61/74 - P19487: Blogpoesia (607): "Nevoeiro em Lisboa", "Lapinho de carvão" e "Passear por Lisboa", da autoria de J. L. Mendes Gomes, ex-Alf Mil da CCAÇ 728

Guiné 61/74 - P19499: Parabéns a você (1575): António Carvalho, ex-Fur Mil Enfermeiro da CART 6250 (Guiné, 1972/74) e Fernando Chapouto, ex-Fur Mil Op Esp da CCAÇ 1426 (Guiné, 1965/67)


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Nota do editor

Último poste da série de 16 de Fevereiro de 2019 > Guiné 61/74 - P19497: Parabéns a você (1574): António Eduardo Carvalho, ex-Cap Mil Inf, CMDT da CCAÇ 3 e da CCAÇ 19 (Guiné, 1974) e José Maria Pinela, ex-1.º Cabo TRMS do BCAV 3846 (Guiné, 1971/73)

sábado, 16 de fevereiro de 2019

Guiné 61/74 - P19498: Os nossos seres, saberes e lazeres (308): Viagem à Holanda acima das águas (12) (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 2 de Novembro de 2018:

Queridos amigos,
Como em muitos outros aspetos da vida, na Arte os gostos não se discutem. Mas há o reconhecimento das figuras geniais, daí esta visita ao museu de Haia ter que atrair obrigatoriamente o que ele oferece da obra de Piet Mondrian, é um acervo sem paralelo.
Há uns tempos fora visitar no Museu Coleção Berardo uma exposição intitulada "Linha, Forma e Cor". Ali aparece Mondrian e outros contemporâneos como Albers e Malevich. Na brochura distribuída alude-se claramente a que Mondrian foi reduzindo progressivamente o seu vocabulário formal até restar um sistema de cores primárias, neutras e linhas horizontais e verticais, era assim que ele procurava um equilíbrio dinâmico.
Um museu cheio de obras de arte, após a veneração dos trabalhos de Mondrian e dos seus colegas do movimento De Stijl, o viandante vai à procura de mais surpresas e vai mostrá-las a quem o segue por esta Holanda acima das águas.

Um abraço do
Mário


Viagem à Holanda acima das águas (12)

Beja Santos

O viandante tem razões fundadas para vir a este museu de Haia venerar, deslumbrar-se, tonificar-se com as obras incomparáveis de Piet Mondrian, reconhecido, no mínimo, como um dos artistas fundamentais do século XX. O Gemeente Museum de Haia tem o maior depósito mundial das suas obras, é impensável querer estudar o movimento De Stijl e a obra de Mondrian sem aqui pôr os pés. Foi um grupo espantoso, revolucionou linhas, formas e cores, muitos deles traziam a aprendizagem do naturalismo, do pós-impressionismo e do simbolismo, avançaram para uma nova linguagem de abstração, modificaram conceitos de tal forma abrangentes na arquitetura, no mobiliário, no design de interiores, que implicaram novos movimentos, que chegaram ao presente. Quando vemos as obras de Daciano Costa, Souto Moura ou Siza Vieira, é obrigatório retornar a este grupo De Stijl que impôs uma formulação de trabalho artístico total – arquitetura, arte, design, mobiliário – formavam um todo.

Cadeira vermelha e azul, de Gerrit Rietveld, 1918.




São imagens de trabalho artístico total, uma nova dinâmica cheia de vitalidade e esperança, representações otimistas e idealistas acerca da vida, a I Guerra Mundial já fazia parte do passado. O arquiteto H. P. Berlage apoiava este novo ideário, não será por acaso ele o responsável por toda esta construção admirável que é o Gemeentemuseum. Berlage era para os artistas do De Stijl um ponto de referência, daí o todo o sentido que faz edifício e trabalhos artísticos do movimento terem ficado neste diálogo. Olham-se estas obras e sente-se a inovação impulsionada por gente como Piet Mondrian e Van Doesburg.




Piet Mondrian (1872-1944) foi a figura determinante do movimento. O seu percurso até chegar à abstração recorda-nos imediatamente os génios de Braque e Picasso: partiu dos movimentos da época do fim do século, foi professor, em Paris sentiu-se atraído pelo cubismo e ainda não tinha 40 anos quando se operou a transformação radical, ele irá teorizar um novo grafismo feito de horizontais e verticais, planos e cores. Tornou-se fundador de arte abstrata com as suas composições onde primam o cinzento, o azul, o amarelo, o preto e o vermelho.

Material de trabalho de Piet Mondrian.




Na Alemanha, os dirigentes nazis declararam Mondrian como ligado à “arte degenerada”, apercebendo-se de que tinha o seu trabalho em risco, parte para Londres e depois para Nova Iorque, onde irá falecer. Percorre-se a sua exposição permanente e podemos seguir o seu itinerário na Academia Nacional de Arte, os seus trabalhos inspirados por temas campestres, florestas e moinhos, a sua evolução em Paris, no período efervescente que precede a guerra e onde Mondrian se sente atraído pelo cubismo, o seu regresso à Holanda onde se irá ligar ao grupo do De Stijl, o regresso a Paris onde ele vai repudiar em definitivo a pintura figurativa, adotando as linhas geométricas e uma paleta de cores, hoje mundialmente famosa. Quem quiser saber mais sobre Mondrian e De Stijl tem o site www.mondriaan.nl/en, aqui estão os temas essenciais, inclusivamente a importância que tiveram as suas linhas, formas e cores que entusiasmaram costureiros famosos como Hermès e Yves Saint Laurent.


É um grande museu, as surpresas não ficam por aqui, vamos ver um núcleo permanente de grandes artistas e dar uma olhada pelas exposições, então a ocorrer. Até breve.

(Continua)
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Nota do editor

Último poste da série de 9 de fevereiro de 2019 > Guiné 61/74 - P19484: Os nossos seres, saberes e lazeres (307): Viagem à Holanda acima das águas (11) (Mário Beja Santos)