quinta-feira, 5 de dezembro de 2019

Guiné 61/74 - P20417: Dossiê Cap Cav Luís Rei Vilar (Cascais, 1941- Susana, 1970) - Parte II: declarações do ex-alf mil op esp, da CCAV 2538, Eurico Borlido








Declarações do participante da ocorrência,  Eurico João Alves Borlido, alf mil op esp, CCAV 2538 (Susana, 1969/71) no âmbito do processo por ferimento em combate de que resultou a morte do cap cav Vilar; foi instrutor do processo o cap cav Rogério Silva Guilherme, substituto do cap cav Luís Rei Vilar, no comando da companhia.

Local e data, Susana, 26 de fevereiro de 1970.

Fonte: Cortesia de cor art ref Morais da Silva


1. Mais uma peça do processo do infausto cap cav Luís Rei Vilar (1941-1970),  ex-comandante da CCAV 2538 (Susana, 1969/71), morto em combate em 18/2/1970, no decurso da Op Selva Viva.  (*)

Cap cav Luís Rei Vilar (1941-1970).
 Foto: cortesia de cor art ref
Morais da Silva
Sobre as circunstâncias da morte deste intrépido oficial de cavalaria, no TO da Guiné, vamos continuar a publicar, sob a forma de dossiê, os documentos que nos enviou, gentilmente,  o cor art ref Morais da Silva, autor de um notável trabalho de pesquisa sobre os 47 oficiais da Escola do Exército / Academia, mortos em combate, na guerra colonial,  que também temos vindo a publicar, no nosso blogue (**).

Hoje reproduzimos as declarações do alf mil op esp Eurico João Alves Borlido, em serviço na CCAV 2538 (, e que presumimos que fosse o 2º comandante),  no âmbito do "processo por ferimento em combate de que resultou a morte [do cap cav Vilar]". O alf  Borlido aparece na qualidade de "participante". Foi instrutor do processo o cap cav Rogério Silva Guilherme, substituto do cap cav Luís Rei Vilar, no comando da companhia.

Sabemos que a família já teve acesso em tempos a esta documentação do processo individual  bem como ao relatório da autópsia.  Para o ano celebram-se os 50 anos da morte do cap cav Luís Rei Vilar.  Ser-lhe-á feita uma homenagem, em Cascais e em Susana, de acordo com a vontade manifestada pelos seus irmãos Manuel, Miguel e Duarte Vilar (que em  2007 nos pediram ajuda no sentido de identificar e localizar camaradas que pudessem trazer alguma informação adicional sobre este caso, e que hoje animam o projeto Kassumai,  em Susana,   cuja população felupe o Luís  tanto acarinhou e ajudou, no escasso tempo em que lá viveu; o projeto Kassumai é o de apadrinhamento das crianças do jardim-escola local). (***)

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(***)  20 de junho de 2017 > Guiné 61/74 - P17492: Convívios (813): Irmãos, camaradas e amigos do saudoso cap cav Luís Rei Vilar (1941-1970) (cmdt, CCAV 2538, 1969/71) honram a sua memória e divulgam o projeto Kassumai (de apoio à escola de Suzana) em jantar-convívio no próximo dia 25, em Cascais. Aceitam-se inscrições até ao fim do dia de hoje

Guiné 61/74 - P20418: In Memoriam: Os 47 oficiais oriundos da Escola do Exército e da Academia Militar mortos na guerra do ultramar (1961-75) (cor art ref António Carlos Morais da Silva) - Parte XXXII: Alberto Fernão Magalhães Sousa Osório, maj inf (Celorico da Beira, 1930 - Pelundo/Jolmete, Guiné, 1970)







1. Continuação da publicação da série respeitante à biografia (breve) de cada um dos 47 Oficiais, oriundos da Escola do Exército e da Academia Militar que morreram em combate no período 1961-1975, na guerra do ultramar ou guerra colonial (em África e na Ásia). (*)


Trabalho de pesquisa do cor art ref António Carlos Morais da Silva [, foto atual à esquerda], membro da nossa Tabanca Grande [, tendo sido, no CTIG, instrutor da 1ª CCmds Africanos, em Fá Mandinga, adjunto do COP 6, em Mansabá, e comandante da CCAÇ 2796, em Gadamael, entre 1970 e 1972 ]


2. Sobre a tragédia do Chão Manjaco (em que foram barbaramente assassinados pelo PAIGC, em Jolmete, em 20 de abril de 1970,  três oficiais superiores, um alferes miliciano,  dois condutores de jipe e um tradutor, nativos, todos desarmados), temos dezenas de referências no nosso blogue. Ver em especial:



Guiné > Região do Cacheu > Pelundo >  CCAÇ 2585/BCAÇ 2884 (Jolmete, Pelundo e Teixeira Pinto, 1969/71). c. 1969/70 > Visita de Spinola (é o terceiro, de costas)... Em primeiro plano,o major inf Magalhães Osório, oficial de operações do CAOP, mais tarde CAOP1. Esta foto foi tirada pelo Manuel Resende na inauguração da célebre estrada alcatroada Có - Pelundo: ele nessa altura  estava com baixa médica, no Pelundo, sendo o seu lugar era em Jolmete.
Foto gentilmente cedida pelo nosso camarada Manuel Resende (ex-alf mil da CCaç 2585/BCaç 2884, Jolmete, Pelundo e Teixeira Pinto, 1969/71), régulo da Magnífica Tabanca da Linha. (**)

Foto (e legenda): © Manuel Resende (2013). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
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Notas do editor:

(*) Último poste da série > 1 de dezembro de 2019 > Guiné 61/74 - P20402: In Memoriam: Os 47 oficiais oriundos da Escola do Exército e da Academia Militar mortos na guerra do ultramar (1961-75) (cor art ref António Carlos Morais da Silva) - Parte XXXI: Luís Filipe Rei Vilar (Cascais, 1941 - Susana, região de Cacheu, Guiné, 1970)

Guiné 61/74 - P20416: O que é feito de ti, camarada (8): Carlos Filipe Gonçalves, ex-fur mil amanuense, QG/CTIG, Bissau, 1973/74, membro da Tabanca Grande, com o nº 790; jornalista aposentado, vive na Praia, ilha de Santiago, Cabo Verde... Está a escrever dois livros, um sobre a história da morna; outro sobre as suas memórias dos anos de 1973/75... E precisa de duas fotos: uma do QG em Santa Luzia, e outra da messe de sargentos no QG...

1. Mensagem do nosso editor Luís Graça , dirigida ao Carlos Filipe Gonçalves, ex-fur mil amanuense, QG/CTIG, Bissau, 1973/74 ), foto à esquerda), membro da Tabanca Grande, com o nº 790; jornalista aposentado, vive na Praia, ilha de Santiago, Cabo Verde (*)

Data - quinta, 14/11/2019, 15:01

Assunto - A morna imortal "Maria Barba"



Carlos: Como vais ? Não tens dado notícias... Mas imagino que, como bom cabo-verdiano, deves estar muito feliz com a perspetiva de, em dezembro próximo, termos a tua/nossa morna como "patrimonio imaterial da Humanidade"...

Eu estou feliz, sou fã da vossa música, e não só da morna, desde há muito tempo. E tenho dedicado aqui, no blogue, alguns postes à Maria Barba, nome mítico da morna da Boavista... Talvez possas e queiras fazer aqui uma mãozinha...

Não sei se chegaste a conhecer a Nha Maria Barba, em Bissau, na rua eng Sá Carneiro (hoje, rua Eduardo Mondlane).  Era morava em frente à messe sargentos da FAP, e era vizinha da família do Nelson Herbert Lopes. O Nelson diz que cresceu com os netos.

O pai do Nelson e o meu, Luís Henriques, ambos futebolistas, ainda estiveram no Mindelo, em 1943, no mesmo regimento, o RI 23. O meu regressou em setembro, esteve 30 meses em São Vicente. E cantarolava-me esse morna, a "Maria Barba", razão por que me é tão querida, a letra e a música... Só agora vim a saber quem era esta mulher da Boavista...

Dá notícias. Um alfabravo, Luís


2. Resposta do Carlos Filipe Gonçalves, com data de 14/11/2019, 18:24


Olá, caro amigo:

Acabo de receber com muito prazer esta tua mensagem e sobretudo estas informações sobre a Maria Barba. Vem tudo a calhar, pois, estou em vias de edição de um livro sobre a Morna que justamente traz informações sobre as «cantadeiras» de que Maria Barba é uma das últimas representantes. O livro – que sairá por ocasião da proclamação da Morna Património Mundial em Dezembro próximo – traz uma biografia e a história dessa cantadeira e a história da Morna que leva o seu nome… e claro muito mais informações sobre a Morna. 

Agora, informação precisa sobre ela e local onde morava na Guiné, tenho é de agradecer: MUITO OBRIGADO. O livro chama-se «Capítulos da Morna» do qual constam excertos de outro livro meu – "Kab Verd Band AZ Dicionário da Música de Cabo Verde", com edição prevista para 2020. 

Quando o livro sobre a Morna sair, envio-te por email as história da Maria Barba e da Morna que dele constam… Portanto lembra-me disso com um email… OK?!

Bem, outra notícia é que já finalizei a parte sobre a Guiné, daquele meu livro de memórias (1973-1975). Estou a agora a escrever a parte sobre Cabo Verde para onde vim em Agosto de 1975… Olha, para ilustrar o livro, preciso de uma foto do QG em Santa Luzia e,  se possível, também uma foto da messe de sargentos em Santa Luzia… A verdade é que eu tirei algumas fotos logo depois da minha chegada a Bissau em 1973 – como aquelas que publiquei no blogue  – mas depressa deixei de utilizar a minha máquina fotográfica… Se os camaradas do Blogue puderem ajudar ficaria muito grato… Já fiz pesquisas tanto no Blogue como no Google, mas não encontro nada…

Bem.  o que te posso adiantar sobre este novo livro: é o depoimento de um militar que sou eu (e de outras pessoas, nomeadamente o Nelson Herbert)… e eu na qualidade de homem da rádio, dou importância ao que acontece ao nível da rádio e também outros acontecimentos… até que, depois do 25 de Abril, acabo por ingressar na Rádio Libertação, depois de passar à disponibilidade no mês de Setembro de 1974. 

Assisto então ao conturbado processo que decorreu na Guiné depois da saída da tropa e administração portuguesa… No ano seguinte acabo por ser destacado na equipa de reportagem que cobre a Independência de Cabo Verde em 5 de Julho de 1975… Destacado para um nova missão em Cabo Verde em Agosto de 1975,  acabo por ficar e não regresso mais a Bissau. Em Cabo Verde no seio da Revolução em curso, continuo o trabalho na rádio…

Bem, terminei já os capítulos sobre a Guiné… estou agora a recolher depoimentos para a parte sobre Cabo Verde de 1975 a 1980… quando vou estudar em Paris. Curioso sobre o titulo? Aqui vai: "Heróis do Mar – Bombolom – Cimboa"… depois de ser ler o livro, entende-se o porquê do título…

Carlos Filipe Gonçalves (**)

Jornalista Aposentado

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Notas do editor:

(*) Vd. postes de:

14 de maio de 2019 > Guiné 61/74 - P19783: O nosso blogue como fonte de informação e conhecimento (65): Pedido de autorização para citações a inserir no livro sobre a guerra colonial, de Carlos Filipe Gonçalves, jornalista, cabo-verdiano, que foi fur mil, na chefia da Intendência em Bissau, de março de 1973 a agosto de 1974

Guiné 61/74 - P20415: Parabéns a você (1718): José Pereira, ex-1.º Cabo At Inf da CCAÇ 5 (Guiné, 1966/68) e Manuel Carvalho, ex-Fur Mil AP Inf da CCAÇ 2366 (Guiné, 1968/70)


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Nota do editor

Último poste da série de 2 de dezembro de 2019 > Guiné 61/74 - P20406: Parabéns a você (1717): Herlânder Simões, ex-Fur Mil Art da CART 2771 e CCAÇ 3477 (Guiné, 1972/74)

quarta-feira, 4 de dezembro de 2019

Guiné 61/74 - P20414: Historiografia da presença portuguesa em África (190): A eterna polémica sobre o racismo no colonialismo português (5): "O Império Marítimo Português”, por Charles Ralph Boxer; Edições 70, 2017 (Mário Beja Santos)



1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 4 de Janeiro de 2019:

Queridos amigos,
Depois de um quadro expositivo, marcadamente teórico sobre a evolução do racismo, caraterização e manifestações, era altura de entrar declaradamente na apreciação do colonialismo português. Charles Ralph Boxer (1904-2000) publicou este livro em 1969, caiu nos governantes do Estado Novo como uma bomba. Só não lhe chamaram comunista porque ele era visceralmente conservador. Era professor no King's College em Londres, Doutor Honoris causa em Utrecht e Lisboa, agraciado com a Ordem de Santiago de Espada. Ora Boxer ia desmontar, na sequência de outros trabalhos já publicados nessa década, a falácia do Portugal multirracial e luso-tropical, revelou, com documentação sólida na mão que o colonialismo português era categoricamente discriminador e com práticas raciais indesmentíveis, desde os primeiros séculos do império, como se verá também no texto seguinte.

Um abraço do
Mário


A eterna polémica sobre o racismo no colonialismo português (5)

Beja Santos

Charles Boxer
Nesta polémica inextinguível sobre o racismo no colonialismo português, o historiador britânico Charles Ralph Boxer tem uma palavra determinante a dizer. Na sua obra mais acessível em termos de aquisição, e em língua portuguesa, temos “O Império Marítimo Português”, Edições 70, 2017, com introdução do historiador Diogo Ramada Curto. Este título surgiu em 1969, e o professor Boxer que era profundamente estimado, inclusive condecorado pelo Estado Novo, causou indignação, consternação, repúdio, na continuação de trabalhos recentes que desenvolvia sobre o império colonial português e as relações raciais. Era um ataque frontal à propaganda do Estado Novo que fazia apanágio da multirracialidade, e que desde 1951 procurava apagar as marcas evidentes do esclavagismo encapotado, do trabalho forçado, da discriminação e das múltiplas manifestações de preconceitos. Nenhum editor se atreveu a traduzir a obra, a primeira edição em Portugal data de 1977, graças a Edições 70.

Em termos historiográficos, como salienta Ramada Curto, é de leitura indispensável. Boxer distanciara-se das teses de António Sérgio e de Jaime Cortesão, para quem a formação de Portugal estaria nas atividades marítimas, enfatizando que o Portugal medieval era uma sociedade cuja estratificação social e base económica eram determinadas pela agricultura, as atividades marítimas eram fragmentárias e intermitentes, a dinâmica da marinha comercial situa-se no fim do século XIV. Boxer irá sugerir um outro feixe de razões económicas para a expansão portuguesa, e detalha-as neste livro. É uma longa viagem, redigida numa escrita vibrante e acessível como só os grandes mestres possuem o dom, percorrer-se-á todo o Império Português desde a cristandade medieval, disseca-se o projeto henriquino, o ouro da Mina e a demanda do Preste João, a longa exploração em torno do litoral da costa africana, depois o fundamento do império militar no Oriente e a constituição da rota das especiarias nos mares da Ásia, a evangelização dos locais do Oriente onde se fixaram os portugueses, depois os escravos e o açúcar do Atlântico Sul, entre os séculos XVI e XVII, os renhidos combates contra os holandeses; depara-se-nos, entre os séculos XVII e XVIII o refluxo do I Império, dá-se a contração no Oriente, assiste-se nesse mesmo período a um renascimento económico de Portugal e do seu império ultramarino graças ao Brasil, não já o açúcar mas o ouro e as pedras preciosas; dar-se-á nota da carreira da Índia e das frotas do Brasil, em simultâneo disseca-se o que foi o Padroado da Coroa e as missões católicas, e é então que se chega à matéria mais explosiva que o autor designa por “pureza de sangue” e “raças infectas”.
E logo o primeiro período ameaça tempestade:
“Não faltam eminentes autoridades contemporâneas que afirmem que os Portugueses nunca tiveram quaisquer preconceitos raciais dignos de menção. O que essas autoridades não explicam é a razão pela qual, nesse caso, os Portugueses, durante séculos, puseram uma tal tónica no conceito de ‘limpeza’ ou ‘pureza de sangue’ não apenas de um ponto de vista classista mas também de um ponto de vista racial, nem a razão por que expressões como ‘raças infectas’ se encontram com tanta frequência em documentos oficiais e na correspondência privada até ao último quartel do século XVIII”.
E logo adianta que os cristãos-novos e os escravos negros não eram os únicos indivíduos em relação aos quais se fazia discriminação, nem todos os católicos apostólicos romanos eram, de modo algum, elegíveis para os cargos oficiais.

A abordagem não pode ser linear, tem matizes de complexidade, e Boxer dá exemplos que disparam em várias direções. Um congolês educado em Lisboa foi nomeado bispo titular de Útica em 1518. Um breve papal desse mesmo ano autorizava o capelão real de Lisboa a ordenar “etíopes, indianos e africanos” que pudessem ter atingido os padrões morais e educacionais exigidos para o sacerdócio. Em 1541, o Vigário-Geral de Goa convenceu as autoridades civis eclesiásticas a patrocinarem a fundação de um seminário para a educação e treino religioso de jovens asiáticos e africanos orientais, os jesuítas assenhorearam-se da instituição e associaram-na ao seu Colégio de São Paulo. Mas muitos religiosos eram céticos à experiência multirracial. São Francisco Xavier advogava a ideia de que noviços indianos não deviam ser admitidos na Companhia de Jesus. Boxer observa o desdenhoso desprezo manifestado pelos leigos portugueses face aos padres indianos e euroasiáticos.

E quando se fala em complexidade, tendo havido apenas um indiano que foi ordenado padre da Companhia de Jesus, tendo mesmo o grande reorganizador das missões jesuítas na Ásia, Alexandre Valignano, aberto uma exceção em favor da admissão de japoneses ao sacerdócio, alargando-a aos indochineses e coreanos, opôs-se determinantemente à admissão de indianos na Companhia de Jesus, e escreveu mesmo: “Tanto porque todas as raças escuras são muito estúpidas e viciosas, e espiritualmente do mais baixo nível que é possível, como também porque os portugueses as tratam com o maior dos desprezos, e ainda porque entre os habitantes da região são menos estimados do que os portugueses”. Mais tarde ou mais cedo, diz Boxer, todas as ordens religiosas que trabalhavam sob a alçada do padroado asiático adotaram o precedente estabelecido pelos Jesuítas.

Complexidade, os portugueses compreenderam que não podiam destruir o antiquíssimo sistema de castas hindu, teriam de viver em harmonia com ele: com os brâmanes, ou classe sacerdotal; os xátrias, ou classe militar; os vaixiás, de que faziam parte mercadores e camponeses; e os sudras, ou lacaios e servos. Tudo Boxer descreve minuciosamente, e com documentos na mão.

Referindo-se a África Ocidental, dirá que aqui predominou uma atitude muito mais liberal, tendo sido ordenados alguns congoleses educados em Lisboa logo no reinado de D. Manuel, precedente que foi seguido sucessivamente nas ilhas de Cabo Verde, em S. Tomé, e, depois de considerável hesitação, em Angola. E no Brasil nunca se pôs sequer o problema de ordenar ameríndios puros.
Como se irá ver seguidamente.

(continua)
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Nota do editor

Poste anterior de 27 de novembro de 2019 > Guiné 61/74 - P20389: Historiografia da presença portuguesa em África (188): A eterna polémica sobre o racismo no colonialismo português (4): "Portugueses e Espanhóis na Oceânia", por René Pélissier (Mário Beja Santos)

Último poste da série de 30 de novembro de 2019 > Guiné 61/74 - P20399: Historiografia da Presença Portuguesa em África (189): I Exposição Colonial, Porto, junho/setembro de 1934: fotogaleria do encerramento...

Guiné 61/74 - P20413: Álbum fotográfico de Domingos Robalo, ex-fur mil art, BAC 1 / GAC 7 (Bissau e Fulacunda, 1969/71) - Parte IV: Acção Mabecos (subsetor de Piche, 22-24 de fevereiro de 1971)


Guiné > Região de  Gabu > Piche > Acção Mabeos > 22-24 de fevereiro de 1971 > Progressão da coluna


Guiné > Região de  Gabu > Piche > Acção Mabeos > 22-24 de fevereiro de 1971 > Progressão da coluna


Guiné > Região de  Gabu > Piche > Acção Mabeos > 22-24 de fevereiro de 1971 > Progressão da coluna



Guiné > Região de  Gabu > Piche > Acção Mabeos > 22-24 de fevereiro de 1971 > Progressão da coluna


Guiné > Região de  Gabu > Piche > Acção Mabeos > 22-24 de fevereiro de 1971 > Progressão da coluna


Guiné > Região de  Gabu > Piche > Acção Mabeos > 22-24 de fevereiro de 1971 > Progressão da coluna


Guiné > Região de  Gabu > Piche > Acção Mabeos > 22-24 de fevereiro de 1971 >  "Eu estava sob as ordens do Capitão Osório [, de origem macaense,  aqui na foto], homem da artilharia, já falecido. No relatório desta operação está referido a forma elevada como o pessoal da Artilharia participou na resposta ao fogo IN, na sequência de emboscada, logo no primeiro dia, 22".


Guiné > Região de  Gabu > Piche > Acção Mabeos > 22-24 de fevereiro de 1971 >  O fur mil art Domingos Robalo, adjunto do cap art Osório: "A minha posição na coluna era na retaguarda, numa Berliet com um obus 14. Noutra viatura, na retaguarda da minha, ía o alferes Sá Viana Rebelo (sobrinho o Ministro do Exército)."

Imagens da progressão da coluna, de Piche  até à fronteira (, no rio Campa): "Sem fazer grandes cálculos, mas tendo em mente as tropas envolvidas, a nossa coluna teria um comprimento, em movimento de cerca de entre 1500 m a 1800m".

Fotos (e legenda): © Domingos Robalo (2019). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Continuação da publicação do álbum fotográfico (*) de Domingos Robalo, ex-fur mil art, BAC 1 / GAC 7, Bissau, 1969/71; foi comandante do 22º Pel Art, em Fulacunda (1969/70); vive em Almada; tem mais de 20 referências no nosso blogue. [, Foto atual, à esquerda].

Já no final da comissão, que terminaria em abril de 1971 [, 24 meses!], o  Domingos Robalo, de rendição individual, colocado no BAC 1 / GAC 7,depois de trer comandado o 22º Pel Art, em Fulacunda (1969/70),  ainda participa na Acção Mabecos, em 22, 23 e 24 de fevereiro de 1971 (**):

A Acção Mabecos, executada a partir de Piche, tinha como objecto a retaliação,  com fogo de artilharia, à base IN de Foulamory, na região fronteiriça, a cerca de 12/13 km  Os obuses adequados e definidos para a operação eram os de 14 cm [, Saré Bacar e Canquelifá], e as peças de 11,4 cm, com maior alcance [ Piche.]

Então, convocaram-se os Pelotões de Artilharia de Saré Bacar, com 3 obuses 14,0; Canquelifá com 2 obuses [,14,0] e o pelotão reforçado de Piche, com 4 obuses [, peças 11.4]. [Bajocunda e Pirada tinham obuses 10,5 cm, não sendo adequados à operação.] 

O objectivo era Posicionar - se próximo da fronteira, Rio Campa, junto ao Corubal, e bombardear posições IN na região de Foulamory (Guiné Conacri).

Participaram as seguintes forças:

(i) 1º, 2º, 3º e 4º P el / CART 3332.

(ii) 3º e 4º Pel / /CCAV 2749 / BCAV 2922).

(iii) Duas secções de milícias da CM 249;

(iv) Uma secção de milícias da CM 246, com Morteiro 60, e 30 granadas;

(v) Uma secção Morteiro 81, 30 granadas;

(vi) Artilharia Pesada: 4 peças 11,4 com 160 Granadas [Piche], 2 Obus 14, com 100 [Canquelifá], 3 Obus 14 com 120 [Sare Bacar] ;

(vii) duas WHITE PEL/REC 2.


(...) Estávamos em semana de carnaval. A emboscada foi ao fim da tarde, de 22 de fevereiro de 1971. desencadeada com fogo muito forte. Lembro-me de haver referência à existência de soldados cubanos nas forças que nos atacaram. 

Com o decorrer do tempo parecia que o fogo era cada mais intenso.Daqui resultou que ordenei aos meus soldados que instalassem o obus 14 em posição de fogo. Creio que 5 minutos depois, estavam no ar as primeiras granadas do obus 14. Passados momentos aparece o Capitão Osório, também do GAC7, apoiando a decisão tomada. Passados 2 ou 3 minutos, o fogo do inimigo cessou. Todavia, as noticias não eram agradáveis porque, no pelotão que estava na frente [, o 3º Gr Comb / CART 3332], havia baixas e na manhâ seguinte havia a confirmação de um desaparecido, a do 1º cabo Duarte Fortunato [, além de 3 mortos e feridos graves]

Naquela mesma área, a artilharia [, 9 bocas de fogo,] tomou posição e durante toda a noite efectuaram-se bombardeamentos.   O erro desta operação foi a demora na reunião da logística bélica, porque estivemos em Piche alguns dias com movimentações anormais, o que despertou a curiosidade da população e consequentemente a organização do inimigo.

De certo modo, lembro-me que havia a expectativa de haver condições para uma emboscada, que se verificou. Lembro-me, também do acidente, na caserna, com uma bazuca [ que fez 3 vítimas mortais entre o pessoal do 4º Pelotão da CCAV 2749 / BCAV 2922]. O pessoal já saiu para a operação completamente desmoralizado e entristecido. (...)





Guiné > Região de Gabu > Carta de Piche (1957) (Escala 1/50 mil) > A tracejado azul, o provável trajecto da coluna, com um cumprimento de 1500 a 2000 metros, que, no âmbito da Acção Mabecos, partiu de Piche até fronteira. (Em linha reta, não devem ser mais de 15 km.)

Nas proximidades do Rio Campa, afluente do Rio Coli,  a par do Rio Cimongru e do Rio Nhamprubana, 9 bocas de fogo (obuses 14 e peças 11.4, c. 500 granadas) flagelaram toda a noite de 23 para 24 de fevereiro de 1971 a base IN de Foulamory, do outro lado da fronteira: A fronteira, aqui,  é delimitada pelo Rio Coli.

Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2019)
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(**) Vd. postes de:

22 de novembro de  2019 > Guiné 61/74 - P20370: Fotos à procura de uma... legenda (113): Camaradas artilheiros, quando media, em comprimento, o conjunto Berliet ou Mercedes ou Matador + reboque + obus 14 ou peça 11,4 ?.. 15 metros!... E quanto pesava ? 15 toneladas!... Façam lá o TPC: 9 bocas de fogo, mais 9 rebocadores, mais 9 Unimogs e Whites, mais 300 homens em armas... mais 500 granadas... Qual o comprimento (e o peso= de uma coluna destas, a progredir numa picada, no mato, de Piche, a caminho da fronteira, "Acção Mabecos", 22-24 de fevereiro do século passado, numa guerra do outro mundo ?!..

21 de novembro de 2019 > Guiné 61/74 - P20368: Blogues da nossa blogosfera (115): "A guerra nunca acaba para quem se bateu em combate": o dramático relato da Acção Mabecos, Piche, 22, 23 e 24 de fevereiro de 1971 (texto de Eduardo Lopes; fotos de Jorge Carneiro Pinto, CART 3332, 1970/72)

19 de novembro de 2019 > Guiné 61/74 - P20364: Recordações e desabafos de um artilheiro (Domingos Robalo, fur mil art, BAC 1 /GAC 7, Bissau, 1969/71) - IX (e última) Parte: Nunca mais esquecerei aquele abraço, num lojeca em Bissau, antes do meu regresso a casa, daquele negro de Fulacunda, o Eusébio, suspeito de colaborar com o IN, e a quem poderei ter salvo a vida...

terça-feira, 3 de dezembro de 2019

Guiné 61/74 - P20412: Álbum fotográfico de João Sacôto, ex-alf mil, CCAÇ 617 / BCAÇ 619 (Catió, Ilha do Como, Cachil, 1964/66) e cmdt da TAP, reformado - Parte XI: Mais fotos, parte delas sem legendas...


Guiné > Região de Tombali > Catió > CCAÇ 617 (1964/66) >  S/l > s/d > Progressão em coluna no mato (a famosa bicha de pirilau) (1)


Guiné > Região de Tombali > Catió > CCAÇ 617 (1964/66) >  S/l > s/d > Progressão em coluna no mato (a famosa bicha de pirilau) (2)


Guiné > Região de Tombali > Catió > CCAÇ 617 (1964/66) > Cachil  S/l > Aquartelamento: queimando papéis (documentos classificados), antes de deixar o Cachil.


Guiné > Região de Tombali > Cachil > CCAÇ 617 (1964/66) > Casa de banho improvisada, à prota do quarto que partilhava com outros camaradas...


Guiné > Região de Tombali > Catió > CCAÇ 617 (1964/66) > Cachil: hora do recreio...


 Guiné > Região de Tombali > Catió > CCAÇ 617 (1964/66) > Cachil: LDM 309


Guiné > Região de Tombali > Catió > CCAÇ 617 (1964/66) > Porto do Cachil. Primeira etapa do regresso a casa (1)


Guiné > Região de Tombali > Catió > CCAÇ 617 (1964/66) > Porto do Cachil. Primeira etapa do regresso a casa (2)


Guiné > Região de Tombali > Catió > CCAÇ 617 (1964/66) >  Algures num tabanca--Morança fula.


Fotos (e legendas): © João Sacôto (2019). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



1. Continuação da publicação do álbum fotográfico do João Gabriel Sacôto Martins Fernandes: 

(i) ex-alf mil, CCAÇ 617 / BCAÇ 619 (Catió, Ilha do Como e Cachil, 1964/66);

 (ii) trabalhou depois como Oficial de Circulação Aérea (OCA) na DGAC (Direção Geral de Aeronáutica Civil);

 (iii) foi piloto e comandante na TAP, tendo-se reformado em 1998.

Mais dados biográficos: 

(iv) estudou no Instituto Superior de Ciências Económicas e Financeiras (ISCEF, hoje, ISEG):

 (v) andou no Liceu Camões em 1948 e antes no Liceu Gil Vicente;

(vi) é natural de Lisboa;

 (vii) casado; 

(viii) tem página no Facebook (a que aderiu em julho de 2009, sendo seguido por mais de 8 dezenas de pessoas); 

(ix) é membro da nossa Tabanca Grande.

Estas mais algumas fotos que dispomos do seu álbum, parte delas sem legendas.
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Nota do editor:

Guiné 61/74 - P20411: Pequeno dicionário da Tabanca Grande, de A a Z (6): edição, revista e aumentada, Letras D/E


Foto nº 1



Foto nº 2

Guiné-Bissau > Bissau > Abril de 2006 > Viagem Porto-Bissau > Duas imagens que queremos ver banidas para sempre: na foto nº 1, um chimpanzé em cativeiro;  na foto, aparece também a Inés, filha do Xico Allen...Na foto nº2, um babuíno, macaco-cão ("sancu", em crioulo), segura a mão de um outro elemento da "comitiva humana" de que a Inês faz parte...

Fotos (e legenda) : © Hugo Costa  (2006). Todos direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].


Observações: 

O chimpanzé  não é macaco, é símio ( "dari", em crioulo)... O "dari", o "sancu" e a Inês pertencem à ordem dos Primatas... O "dari" é um símio e a Inês um(a)hominídeo(a), ambos têm cerca de 98% do mesmo ADN... O "dari" é um Pan (género) Troglodytes (espécie). A Inês, um exemplar da espécie Homo Sapiens Sapiens. 

Por sua vez, o macaco-cão (babuíno) é um antropóide cercopitecídeo do género Papio... 

Os três têm em comum um antepassado longínquo, que remonta há 70 milhões, antes da extinção dos dinossauros... O "sancu" e o "dari" são espécies ameaçadas, o "dari" é seguramente o que vai desaparecer primeiro, depois talvez o "sancu" e a seguir o ser humano...

De um modo geral, as populações da Guiné-Bissau, não muçulmanas, caçam e comem o "sancu". No "mato", no tempo da "guerra de libertação", o macaco.cão fornecia muita da proteína animal de que precisavam os guerrilheiros do PAIGC, e as populações sob o seu controlo... Sobretudo depois de 1980, a caça (ilegal) ao macaco-cão aumentou (*). Hoje é, infelizmente, produto-gourmet nalguns restaurantes de Bissau...

Quanto ao "dari", o chimpanzé da matas do Cantanhez e do Boé , há em princípio um maior respeito pelas suas semelhanças com o ser humano. Os muçulmanos respeitam-nos pro ser um homem, um ferreiro que não respeitava as   Mas os juvenis são objeto de tráfico... O habitat do "dari" está condicionado pelas atividades humanas (além da caça, o risco de epidemias, a expansão das áreas de cultivo, e nomeadamente do caju, e a desmatação ilegal para extração de madeiras exóticas, como o pau de sangue, exportado para a China).


Guiné-Bissau > Região de Tombali > Parque Nacional do Cantanhez > Madina > 10 de Dezembro de 2009 > 7h32 > Um "dari" (chimpanzé) descendo uma árvore ... Este grande símio (o mais aparentado, do ponto de vista genético, ao ser humano) é muito difícil de observar e fotografar... Contrariamente a outros primatas que existem no Parque, ainda com relativa abundância como o macaco fidalgo ("fatango", em crioulo). Duvido que algum de nós, durante a guerra colonial, tenha visto algum "dari" no seu habitat... As regiões a que hoje está confinado (Cantanhez e Boé) foram palco de guerra entre 1961 e 1974 e,  antes disso, de caça e tráfico animal.


Diz a lenda (guineense) que o "dari", em tempos, era um homem, um ferreiro, que Deus transformou em animal selvagem, por castigo, por não respeitar o dia de descanso da semana... 

Foto: © João Graça (2009). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Pequeno Dicionário da Tabanca Grande, 
 de A a Z: 
[Em construção, desde 2007]

Letras D / E

1. Continuação da publicação do Pequeno Dicionário da Tabanca Grande (**), de A a Z, em construção desde 2007, com o contributo de todos os amigos e camaradas da Guiné que se sentam aqui à sombra do nosso poilão, e que até têm um livro de estilo (***). Entradas das letras D e E:


Dari - Chimpanzé (das matas do Cantanhez e do Boé) (crioulo)

DC 3 - Avião de transporte (FAP) 

DC 6 - Avião de transporte (FAP) 

DCON - Missão de acompanhamento (FAP) 



Degtyarev [ou Dectyarev RDP] - Metralhadora ligeira, de calibre 7,62 mm x 39 mm, m/13 , 1953 de origem soviética (PAIGC) Metralhadora ligeira Dectyarev RDP, calibre 7,62 x 39 mm, m/13,  (Origem: ex-URSS)(PAIGC)

Degtyarev-Shpagim - Metralhadora pesada 12,7 mm, de origem soviética (PAIGC) 

Desenfianço - Escapadela (por ex., até Bissau) (gíria) 

Dest - Destacamento 

Dest A - Destacamento A 

DFA - Deficiente das Forças Armadas 

DFE - Destacamento de Fuzileiros Especiais 

Diorama - Maqueta a 3 dimensões (v.g., aquartelamento de Guileje) 

Djídio (ou gigio) - Cantor ambulante que ia de tabanca em tabanca, transmitindo as notícias (crioulo) 

Djila - Vd. Gila 

Djubi - (i) Olha! (crioulo); (ii) mas também criança, menino


Djurtu -  Mabeco, ou cão selvagem (crioulo);  "djurtus" é a alcunha da seleção nacional de futebol da Guiné-Bissau.

DO 27 - Dornier 27 (Avioneta), avião ligeiro de transporte; também era usado como PCV  - Posto de Comando Volante(FAP), que os "infantes" abominavam...

Drone - Máquina voadora não tripulada (não existia no nosso tempo) (FAP) 

Drop Tanks - Depósitos de combustível (FAP) 

EAMA - Escola de Aplicação Militar de Angola, com sede em Nova Lisboa (hoje, Huambo)

ECS - Escola Central de Sargentos (Águeda)


EE - Escola do Exército (antecessora da AM - Academia Militar)


Embondeiro - Cabaceira, baobá (Senegal) 

Embrulhanço - Contacto pelo fogo com o IN, ataque, emboscada (gíria)

Embrulhar - Ser atacado (pelo IN) (gíria) 

Enf - Enfermeiro 

Enf Para - Enfermeira paraquedista 

Engine Master - Botão principal de uma aeronave (FAP) 

EP - Exército Popular (PAIGC)


EPA - Escola Prática de Artilharia (Vendas Novas)

EPC - Escola Prática de Cavalaria (Santarém) 

EPI - Escola Prática de Infantaria (Mafra), também conhecida por Máfrica (gíria)ou ainda Entrada Para o Infermo (gíria)

EREC - Esquadrão de Reconhecimento [de Cavalaria]

Esp - Espingarda 

Esp Aut - Espingarda Automática




Esp Aut FN (Vd. FN) - Espingarda automática, de calibre 7,62 mm, FN FAL [, acrónimo de Fabrique National, Fusil Automatique Léger]. De origem belga (1954), equipou as NT no início da guerra colonial.

Esp Aut G3 {Vd. G3]- A Gewehr 3 (G3) (em alemão, Gewehr quer dizer espingarda) é uma espingarda automática, de fabrico alemão (1959), usada pelo Exército Português durante a guerra colonial, e recentemente descontinuada (em setembro de 2019). De calibre NATO (7.62 × 51 mm), tinha como rival, do lado do PAIGC, a famigerada Kalash!



Esp MMA - Especialista Mecânico de Manutenção Aeronáutica (FAP) 


Espaldão (de obus, de morteiro...) - Termo usado em engenharia militar para designar um  anteparo de uma trincheira ou fortificação, que serve para proteger a artilharia (ou armas pesadas de infantaria) e a respetiva guarnição.

Esq - Esquadrão 

Esq Mort - Esquadrão de Morteiro 

Esquadra - Organização militar de aeronaves (FAP) 





Um caça Fiat G.91 R/4 dos “Tigres” da Guiné.




Esquadra 121 Tigres - Constituída por Fiat-G 91, T-6 e DO-27 (BA 12, Bissalanca) (FAP) 

Esquadra 122 - Heli AL III (BA12, Bissalanca) (FAP) 

Esquadra 123 - Nord Atlas e DC-3 (BA12, Bissalanca) (FAP) 

Esquentamento - Blenorragia, doença venérea (corrimento de pus pela uretra) (calão) 

Estado Novo - Regime político que vigorou em Portugal, de 1933 a 1974. Foi antecedido pela Ditadura Militar que, com o golpe de Estado de 28 de maio de 1926, pôs fim à República (1910-1926).

Estilhaços de frango - Pouca comida (gíria) 
 
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Notas do editor:

(*) Vd. postes de: 


21 de novembro de 2016 > Guiné 63/74 - P16744: Em bom português nos entendemos (15): Comer macaco, não obrigado... "Santchu bai fika na matu"... E cão ("kakur") fica com o dono, no restaurante em Bissau... Ajudemos a salvar os primatas da Guiné... O "santchu", o "dari"..., ao todo são 10 primatas que correm o risco de extinção se os hominídeos continuarem a destruir o seu habitat e a fazer deles um petisco...


14 de novembro de 2016 > Guiné 63/74 - P16717: Manuscrito(s) (Luís Graça) (101): Comer macacos... só os do nariz!... Ajudemos os guineenses a proteger o "sancu" (macaco) e o "dari" (chimpanzé)...Ficaremos todos mais pobres quando eles se extinguirem... e quando as areias do deserto do Sará chegarem às portas de Bissau!... Ficaremos todos mais pobres, os guineenses, os amigos da Guiné, todos nós, os últimos dos hominídeos...

(**) Vd. postes anteriores da série:

18 de outubro de 2019 > Guiné 61/74 - P20255: Pequeno dicionário da Tabanca Grande, de A a Z (5): edição, revista e aumentada, Letra C

14 de outubro de 2019 > Guiné 61/74 - P20240: Pequeno Dicionário da Tabanca Grande, de A a Z (4): 2ª edição, revista e aumentada, Letras M, de Maçarico, P de Periquito e C de Checa... Qual a origem destas designações para "novato, inexperiente, militar que acaba de chegar ao teatro de operações" ?

13 de outubro de 2019 > Guiné 61/74 - P20237: Pequeno Dicionário da Tabanca Grande, de A a Z (3): 2ª edição, revista e aumentada, Letra B

13 de outubro de 2019 > Guiné 61/74 - P20235: Pequeno Dicionário da Tabanca Grande, de A a Z (2): 2ª edição, revista e aumentada, Letra A


(***) Vd. 22 de abril de 2018 > Guiné 61/74 - P18548: O nosso livro de estilo (11): Proverbiário da Tabanca Grande, 4ª edição revista e aumentada: "Camarada, mais do que um dever, é uma honra que te é devida, ir a Monte Real pelo menos uma vez na vida"...