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quinta-feira, 6 de julho de 2023

Guiné 61/74 - P24455: História da CCAÇ 2792 (Catió e Cabedú, 1970/72) - Parte II: Período de 1 de novembro a 31 de dezembro de 1970: colocada nas zonas de acção de Catió e Cabedu

Guiné > Região de Tombali > Carta de Catió (1956)  (Escala 1/50 mil) > Posição relativa de Catió e alguns rios envolventes: Tombali, Cobade, Umboenque, Ganjola, etc.

Guiné > Região de Tombali > Carta de Cacine (1960)    (Escala 1/50 mil)  > Posição relativa de Cabedú, e dos rios Cumbijã e Cacine.

Infografias: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2023)


1. Começámos a publicar alguns excertos da história da CCAÇ 2792 (Catió e Cabedu, 1970/72), por ser também mais uma das subunidades, que estiveram no CTIG, e que não têm até à data nenhum representante (formal) na Tabanca Grande.   

Por outro lado, chamou-nos a atenção a situação, anómala (e até, se calhar,  inédita) de ser um subunidade que embarcou, no T/T Carvalho Araújo, em 19 de setembro de 1970, desfalcada de 3 dos seus oficiais subalternos. Mas não só: acabou a IAO, em 31 de outubro de 1970, em Bolama, sem qualquer alferes, sendo os pelotões comandados provisoriamente por furriéis (*)

Com base nos elementos de que dispomos (cópia parcial da história da unidade), vamos continuar a destacar aqui alguns dos pontos do seu historial, que nos parecem mais interessantes, para os nossos leitores. Em princípio são resumos feitos por um dos nossos editores. No caso de excertos, virão publicados com aspas ou itálicos.

Guiné > Região de Tombali  >  Catió > CCAÇ 617  (1964/66) >   O quartel

Foto (e legenda): © João Sacôto (2019). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

Guiné> Região de Tombali > Catió > CCS / BART 1913 (Catió 1967/69) > Álbum fotográfico de Vitor Condeço (1943-2010) > Catió > Quartel > Legenda do autor: "Foto tirada de cima do depósito da água do quartel [Jul 1967]. Vista parcial da parte nova do quartel. A parada com o cepo (raiz) do Poilão, à esquerda as casernas nº 1 e nº 2, ao centro o edifício do comando, por detrás deste as camaratas de sargentos e depois destas as novas messes ainda em construção, tal como a camarata de oficiais à direita. O telhado vermelho era a messe e bar de sargentos".


Guiné> Região de Tombali > Catió > CCS / BART 1913 (Catió 1967/69) > Álbum fotográfico de Vitor Condeço (1943 - 2010) > Catió - Quartel > O Fur Mil Vitor Condeço sentado na raiz do Poilão, tendo por fundo o edifício do comando". [O Vitor, 63 anos, reformado, residente no Entroncamento, foi furriel miliciano mecânico de armamento, CCS do BART 1913, Catió, 1967/69].


Fotos (e legendas): © Victor Condeço (2007). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

Guiné > Região de Tombali > Cabedú - CCAÇ 1427 (1965-1967) >  Vista aérea do Aquartelamento e pista de aviação. Foto do álbum de Manuel José Janes,  "O Violas" - (Vd.  poste P17336) (Com a devida vénia...)

Foto (e legenda): © Manuel José Janes / Jorge Araújo (2017). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


História da CCAÇ 2792 (Catió e Cabedú, 1970/72) - Parte II: 

Período de 1 de novebro a 31 de dezembro de 1970: colocada nas zonas de acção (ZA) de Catió e Cabedu

Depois de mês e meio em Bolama, a CCAÇ 2792, comandanda pelo cap inf op esp Augosto Manuel Monteiro Valente (1944-2012),  marchou em 16 de novembro de 1970 para Bissau a bordo das LDM 310 e 311, devendo seguir posteriormente para Catió e Cabedú, as zonas de acção que lhe foram atribuídos, em 6 de dezembro, no sul da Guiné, região de  Tombali.

A 18 seguiram para Catió, em avião Nord Atlas, o comando e os 1.º e 2.º  Gr Comb. O transporte para Cabedú, dos restantes Gr Comb (3.º e 4.º) só se realizou a 4 de dezembro em LDM. 

Até 17 de dezembro, a CCAÇ 2792 ficou na dependência operacional do BART 2865, data em que o BCAÇ 2930 assumiu a responsabiliddae da ZA do Sector S3 (Sul 3).

"A  divisão dos efetivos da Companhia pelas ZA de Catiõ e Cabedú foi o primeiro golpe para o seu moral.  O espírito de corpo que, apesar das dificuldades de enquadramento, se conseguiu criar, manter  e desenvolver, foi afetado substancialmente,.

Catió e Cabedú são duas regiões distintas,  sem possibilidades de contacto pelo que as forças se separaram sem qualquer dúvida  de que se não voltariam a reagrupar  antes  do final da comissão.  Esta divisão tirou imediatamente à subunidade a sua capacidade ofensiva, pois que os efetivos nas ZA tornaram-se insuficientes para fazer frente ao Inimigo que se encontra instalado  imediatamenmet para lá dos limites das ZA." (pág. 18/II)

(21) Milícias

Dependentes do comando da CCAÇ 2792, estavam as seguintes forças de milícias, constituídas por "voluntários nativos", utilizados  (i) "na defesa local das populações onde não esteja estabelecida autodefesa"; e (ii) em reforço das NT em operações:

- Em Catió (dependência operacional): 

  • Comp Mil  13 (fula), a 3 pelotões; 
  • Pel Mil  272 / Comp Mil 25 (balanta);

- Em Cabedú (dependência total):

  • Pel Mil 274  / Comp Mil 25 (várias etnias).
(22) Caracterização das ZA de Catió e Cabedú:

(221) Terreno:

As duas ZA estavam separadas por um obstáculo natural chamado Rio Cumbijã. Os seus limites são definidos por:

(i) No caso do Catió (Comando, 1.º e 2.º Gr Com da CCAÇ 2792 mais 4 pelotões de milícias)

R Cumbijã |  R Cobade | Foz R Umboenque | R Umboenque | Nascente R Binde | Estrada de Tombali | Catió 8 F0-30 | Nascente R Cantolom |  Catió 8 I5-25 | Bedanda 2 A0-42 | R Carangaque |  R Ganjola | R Catafaque | Canchumane 15 (Bedanda  1 E5 - 66) | Rio contornando a Este os ilhéus  de Cuducó e Infanda até à sua foz. 

(Vd. infografia acima, Carta de Catió)

(ii) No caso do destacamento de Cabedu (3.º e 4.º Gr Comb da CCAÇ 2792 mais 1 pelotão de milícia):  

R Cumbijã desde a foz até Cacine Z 63-81 | Foz R Ualche | R Ualche | Cabanta | R Pachira |  R Cacine até à sua foz. 

(Vd. infografia acima, carta de Cacine).

(Continua)

(Seleção / resumo / negritos / itálicos: LG)

_____________

Nota do editor:

(*) Vd. postes de:

4 de julho de 2023 > Guiné 61/74 - P24450: História da CCAÇ 2792 (Catió e Cabedú, 1970/72) - Parte I: Mobilização, composição e deslocamento para o CTIG em 19 de setembro de 1970

3 de julho de 2023 > Guiné 61/74 - P24447: Casos: a verdade sobre... (34): A CCAÇ 2792 (Catió e Cabedú, 1970/72), comandada pelo cap inf Augusto José Monteiro Valente (1944-2012), e depois maj gen ref, que embarcou para o CTIG sem três alferes (que terão desertado) e durante a IAO ficou sem o último, por motivos disciplinares...

terça-feira, 4 de julho de 2023

Guiné 61/74 - P24450: História da CCAÇ 2792 (Catió e Cabedú, 1970/72) - Parte I: Mobilização, composição e deslocamento para o CTIG em 19 de setembro de 1970

Guiné > Bissau > Julho de 1973  > Monumento do V Centenário da Morte do Infante D. Henrique, avenida marginal e área portuária.

Guiné > Bolama > Junho / julho de 1973  > Restos dos bons velhos tempos quando Bolama era a capital da Guiné, desde 1879 até 1941. Com a guerra, Bolama passou a ter um CIM (Centro de Instrução Militar) por onde passaram muitas unidades e subunidades em que aqui fizeram a IAO.

Fotos (e legendas): © Luís Mourato Oliveira (2016). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].

T/T Carvalho Araújo a caminho da Guiné. A 26 de abril de 1970, avistámos à ré o T/T Vera Cruz (a caminho de Angola ou Moçambique, presumivelmente).

Foto (e legenda): © António Tavares (2018). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Guião da CCAÇ 2792 Cortesia do nosso tabanqueiro Amaral Bernardo, ex-alf mil médico, CCS/BCAÇ 2930 (Catió, 1970/72), esteve na CCAÇ 2726, uma companhia independente, açoriana, que guarneceu Cacine (1970/72); passou também cerca de um ano (1971) em Bedanda (CCAÇ 6); tem cerca de meia centena de referências no blogue.


1. A CCAÇ 2792 é mais uma das subunidades, que estiveram no CTIG, e que não têm até à data nenhum representante (formal) na Tabanca Grande. Aliás, tem uma escassa meia dúzia de referências no nosso blogue. Tal não impede, antes pelo contrário, que se fale dela e da  sua missão no sul da Guiné. 

Com base nos elementos de que dispomos (cópia parcial da história da unidade) (*), vamos aqui destacar alguns dos pontos do seu historial, que nos parecem mais interessantes, para os nossos leitores. Em princípio são resumos feitos por um dos nossos editores. No caso de excertos, virão publicados com aspas ou itálicos.

Cap I - Mobilização, composição e deslocamento 

para a província da Guiné

A CCAÇ 2792 destinou-se a render a CCAV 2485. A sua unidade mobilizadora foi o RI 16. Todavia a organização da Companhia processou-se no RI 1, no período de 17 a 29 de agosto de 1970.

Como já aqui foi dito, a Companhia era "constituída  por militares naturais de diversas províncias metropolitanas, sendo contudo as maiores percentagens constituídas por militares naturais das regiões a Norte do Rio Douro e a Sul do Rio Tejo" (pág. 3/I).

Ficou pronta para embarque a partir de 16 de setembro de 1970. A cerimónia de despedida e da benção e entrega do guião foi na parada do RI 1, na tarde do dia 10. No dia 19, à meia-noite, iniciou-se a concentração do pessoal para embarque no cais da Rocha Conde de Õbidos, tendo terminado às 9h30. 

Embarcou no T/T Carvalho Araújo, juntamente com a CCAÇ 2791. A viagem iniciou-se às 12h00 do dia 19.

Não compareceram, ao embarque, 3 oficiais subalternos da CCAÇ 2792. A história da unidade omite os seus nomes. O comandante da Companhia era o cap inf op esp  Augusto José Monteiro Valente.

A viagem decorreu sem incidentes. O navio tocou o porto de Angra de Heroísmo para proceder ao desembarque das CCAÇ 2421 e CCAÇ 2422, ambas mobilizadas pelo  BII 17, e que regressavam de Moçambique. 

De seguida foi escalado o porto de Ponta Delgada onde embarcaram as CCAÇ 2789 e CCAÇ 2790, ambas do BII 19. 

Foi ainda feita uma escala técnica, na ilha de São Vicente, Cabo Verde.

O T/T Carvalho Araújo chegou à Guiné em 2 de outubro de 1970, 13 dias depois da partida em Lisboa (normalmente a viagem marítima Lisboa-Bissau demorava cinco dias).

A CCAÇ 2792 foi encaminhada para o CIM de Bolama, onde realizou a IAO, integrada no BART 2924.

No dia 22 de outubro de 1970, ainda em plena IAO, é transferido, por motivos disciplinares, o seu único alferes, de operações especiais (de apelido Quinta). 

Entretanto, são aumentados aos efetivos da Companhia, no último trimesttre de 1970, très alferes milicianos, atitradores de infantaria, um em 10 de novembro, outro em 24 de novembro e um terceiro a 22 de dezembro  (respetivamente, António Carlos Monteiro Martins, Francisco Chaves Moura e Jorge Manuel Gomes Paiva, este último c0mo recomplemento; veio subtituir o alferes mil op esp Quinta),

Em 22 de maio de 1971, há o aumento (complemento) de um quarto alferes, também at inf (José Francisco Alonos).

A Companhia era composta por 5 oficiais, 17 sargentos e 144 praças, num total de 166 militares.

Houve naturalmente outros aumentos (complementos e recomplementos) e abates de pessoal, tanto de praças como de sargentos,  ao longo da comissão, que não detalhamos aqui, porque seria fastidioso, embora essa informação pudesse ter algum interesse estatístico... 

Há pelo menos 24 anexos  (alterações à composição ao capítulo I), indiciando uma elevada taxa de rotação de pessoalInfelizmente, falta-nos cópias de alguns anexos  relativos aos meses de janeiro, março de julho de 1971, bem como ao ano de 1972 (só temos os meses de março, abril, junho e setembro), impossibilitando-nos de calcular o índice de "turnover" do pessoal, a partir do número de efetivos inicias e finais, bem como do número das entradas (aumentos) e saídas (abates) ao longo da comissão. 

As razões dos abates são diversas: transferência por motivos disciplinares, morte,  evacuação para o Hospital Militar Principal por ferimento em combate ou doença, etc. Há um caso, que nos parece pouco vulgar: o de um soldado at inf, que em 20 de novembro de 1970 é abatido ao efetivo por ter sido "desnomeado do Ultramar por despacho de S. Excia. o Secretário de Estado do Exército" (sic) (pág. 39/I).

Em todo o caso, em 16 anexos contámos 23 abates (de 1 alferes miliciano, de 6 furriéis milicianos e os restantes 16, de praças). Mas os aumentos (complementos e recomplementos) são mais: 26, sendo de 4 alferes milicianos, 1 primeiro sargento, 6 furriéis milicianos e os restantes, praças (15).

De qualquer modo, esse problema (a rotação de pessoal) era comum a muitas unidades e subunidades (se não a todas) que foram mobilizadas para a Guiné. No final do capítulo I, da história da CCAÇ 2792, o problema é posto em evidência:

(...) No aspeto de pessoal, a Companhia começou a sua vida na Guiné bastante mal, dada a falta de três oficiais com que embarcou na Metrópole, situação agravada posteriormente por o único subalterno presente ter sido transferido por motivo disciplinar

Em consequéncia a Instrução de Aperfeiçoamento Operacional (IAO) decorreu sem subalternos. Estes só começaram a chegar quando a subunidadaes entrou em Sector.

Felizmente o espírito de corpo e de disciplina das praças era bastante forte e os sargentos chamados ao comando dos Grupos de Combate revelaram-se competentes para o cargo. A Compamhia, apesar das dificuldades por que passou no início, manteve-se coesa e disciplinada.

(...) Ao longo da comissão a Companhia foi sendo privada de furriéis quer, pelas suas suas qualidades, foram colocados em diligência em subunidades africanas. Para ocupar as suas vagas foram chegando furriéis recém-vindos da Metrópole, sem contacto com tropas e que colocados de repente no comando de militares já com meses de comissão, afetariam necessariamente o ritmo da atividade da Companhia. (...) (pág. 61/I).


(Seleção / revisão e fixação de texto / negritos e itálicos: LG)
___________

Nota do editor:

(*) Vd. poste de 3 de julho de 2023 > Guiné 61/74 - P24447: Casos: a verdade sobre... (34): A CCAÇ 2792 (Catió e Cabedú, 1970/72), comandada pelo cap inf Augusto José Monteiro Valente (1944-2012), e depois maj gen ref, que embarcou para o CTIG sem três alferes (que terão desertado) e durante a IAO ficou sem o último, por motivos disciplinares...

quinta-feira, 29 de junho de 2023

Guiné 61/74 - P24438: O Nosso Blogue como fonte de informação e conhecimento (101): Pedido de apoio para a obtenção de antigos manuais escolares do PAIGG (com destaque para o livro da 4ª classe). editados na Suécia, em Upsala, impressos na Wretmans Boktryckeri AB (Jorge Luís Mendes, Primeiro-Conselheiro da Embaixada da República da Guiné-Bissau no Brasil)


Capa de "O Nosso Livro, 3ª Classe", PAIGC, s/d (Cortesia de Jorge Luís Mendes)



Foto do histórico fundador, secretário geral e líder do PAIGC, Amílcar Cabral (1924-1973), incluída em O Nosso Livro de Leitura da 2ª Classe, editado pelos Serviços de Instrução do PAIGC - Regiões Libertadas da Guiné (sic). Tem o seguinte copyright: © 1970 PAIGC - Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde. Sede: Bissau (sic)...

A primeira edição teve uma tiragem de 25 mil exemplares, tendo sido impressa em Östervåla, Uppsala, Suécia, em 1970, na tipografia Tofters / Wretmans Boktryckeri AB.


1. Mensagem do nosso leitor Jorge Luis Mendes:

Data . 26/06/2023, 16:48

Assunto . Pedido de apoio para a obtenção de livros antigos do PAIGC

Caros amigos, Camaradas da Guiné, com a devida permissão!

Senhor Luís Graça,

Com os meus melhores cumprimentos e, tenho a honra de solicitar, se possível, o obséquio de seguinte livro: 

PAIGC. O nosso livro 4 ª classe. Uppsala: Wretmans Boytryckeri AB, n.d.

Destarte, os Manuais Escolares do PAIGC foram criados coletivamente por professores e outros militantes e impressos em Uppsala, na Suécia, pela tipografia (?)-

O motivo do meu pedido, relaciona-se com a coleta seletiva de livros antigos, isto é, Livros Escolares, do PAIGC, Editados na Uppsaka, na Suécia, de nível de 1ª Classe, 2ª Classe, 3ª Classe e 4ª Classe, que haviam sido distribuídos nas regiões libertadas, no período de 1963 – 1974. O uso desses Livros foi extensivo como materiais didáticos até 1985.

Pois, estou escrevendo Memória: o Lugar/engajamento da Família Farã Mendes, Deputado do PAIGC e Comité do Partido, Irmãos, Primos e Filhos, durante a Luta Armada de Libertação Nacional.

Estou ensaiando, demonstrar o empenho, ou seja, a dedicação em que toda minha família estava engajado para que a Guiné-Bissau fosse independente.

Por isso, gostaria de obter esses livros tão importantes na vida da minha família e da Guiné-Bissau, para aproveitar algumas fotografias em que minhas irmãs, irmãos e primos fazem parte no Livro de 4ª Classe do PAIGC, intitulado o Nosso Livro de Leitura.

Eis, o título do Livro que estou escrevendo:

Contributo, Memória e História em Memória da Família Farã Mendes durante a Luta Armada para a Edificação do Estado da Guiné-Bissau.

Farã Mendes foi do Comité do PAIGC e Deputado da 1ª Legislatura para a Região de Cubisseco-de-Baixo, Tombali, Sul da Guiné-Bissau.

Alta Consideração
Jorge Luís Mendes
Primeiro-Conselheiro
Embaixada da República da Guiné-Bissau no Brasil
email: jorlui.mendes@gmail.com



Capa do Livro da 1ª Classe do PAIGC... Exemplar capturado pelo nosso camarada Manuel Maia no Cantanhez, possivelmente em finais de 1972 ou princípios de 1973. Vê-se que esse exemplar tinha uso. A capa teve de ser reforçada com uns improvisados adesivos (aparentemente autocolantes, que acompanhavam embalagens de apoio humanitário, vindas do exterior).  Sabe-se que foram feitos, na Suécia, 20.000 exemplares deste livro,  numa primeira edição. "Neste mesmo dia apanhei ainda duas cartas, uma escrita em árabe e outra em crioulo", diz.nos o nosso camarada Manuel Maia, ex-fur mil da 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4610, Bissum Naga, Cafal Balanta e Cafine (1972/74).

Foto (e legenda): © Manuel Maia (2009).  Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Capa e contracapa de "O Nosso Livro, 2ª classe", PAIGC (1970). Cortesia de Paulo Santiago (que vive em Águeda e foi alf mil, comandante do Pel Caç Nat 53, Saltinho , 1970/72). A impressão já foi feita (em que ano ?)  pela empresa dos irmãos Tofters,   sediada em Östervåla, que, em 1973,  ficaram com o que restou da Wretmans Boktryckeri AB. (Östervåla é uma localidade situada no município de Heby, condado de Uppsala, Suécia com c. 1600 habitantes em 2010.)

2. Comentário do editor Luís Graça:

Caro senhor  Jorge Luís Mendes, primeiro-conselheiro da Embaixada da República da Guiné-Bissau no Brasil: obrigado, antes de mais, pelo contacto, e pelo pedido de ajuda.

Já aqui apresentámos a capa e a contracapa de O Nosso Primeiro Livro, o manual escolar usado nas escolas do PAIGC, editado em 1966, pelo Departamento Secretariado, Informação, Cultura e Formação de Quadros do Comité Central do PAIGC... Algumas imagens digitalizadas do livro chegaram-nos pela mão de diveros camaradas  nossos (*) 

 Também apresentámos imagens (digitalizadasw) do manual escolar do PAIGC, O Nosso Livro - 2ª Classe.  O livro foi "elaboradao e editado pelos Serviços de Instrução do PAIGC - Regiões Libertadas da Guiné" (sic). Tem o seguinte copyright: 1970 PAIGC - Partido Afrucano para a Independência da Guiné e Cabo Verde. Sede: Bissau (sic)... A primeira edição teve uma tiragem de 25 mil exemplares. Também foi mpresso em Upsala, Suécia, em 1970, por Wretmans Boktryckeri AB.

 Infelizmente não temos informação sobre os livros de leitura da 3ª e 4ª classes, também impressos na Suécia, na mesma gráfica,  Contrariamente aos livros da 1ª E 2 classe, os da 3ª e 4ª classe deveriam ser mais raros no mato (nas "regiões libertadas") e daí não terem ainda aparecido antigos combatentes portuguesas com exemplares apreendidos.

Recorde-se que era a Lilica Boal (Maria da Luz Boal) quem dirigia a Escola Piloto do PAIGC em Conacri (criada em 1965, para acolher os filhos dos combatentes e os órfãos de guerra), sendo também ela a responsável pelos conteúdos nos manuais escolares, publicados na Suécia. 

A Lilica Boal era mulher do dr. Manuel Boal, outro natural de Angola, que saiu em 1961 para se juntar aos movimentos nacionalistas. A Lilica Boal nasceu em Tarrafal, Santiago, Cabo Verde, em 1934. Não confundi-la com a "Maria Turra", a Amélia Araújo, que deu  voz à "Voz da Libertação", do PAIGC (estação de rádio inaugurada em 1967).

Lamentavelmente nenhum destes quatro livros parece constar da PORBASE - Base Nacional de Dados Bibliográficos, numa pesquisa rápida que fizemos (e em que são listadas apenas 50 referèncias bibliográficas com o descritor PAIGC). Também não sabemos se há algum exemplar destes livros no Arquivo Histórico-Militar ou outros arquivos nacionais. Prometemos procurar com mais tempo e vagar. Mas para já pedimos a preciosa ajuda dos nossos leitores. (***)

Vamos tentar também, pelos nossos contactos na Suécia (na época um parceiro estratégico do PAIGC) (****),  localizar, nalguma biblioteca pública,  um exemplar do livro da 4ª classe, para pelo menos podermos digitalizar a capa e as fotografias pretendidas pelo Jorge Luís Mendes. Tal como em Portugal, na Suécia deveria ser obrigatório, na época,  o "depósito legal" de uns tantos exemplares dos livros impressos no país.

Sabemos que os manuais foram todos (?)  impressos na Wretmans Boktryckeri AB; um tipografia ou oficina gráfica fundada em 1889, por Harald Wretmans, tipógrafo com formação alemã, e que faliu em 1973, depois de ter passado por várias mãos, e de ter 40 funcionários na década de 1940. Tinha fama de apresentar boas encadernações. Em 1973 foi adquirifa, a massa falida, pela gráfica dos Tofters, em Östervåla.(****ª)
_____________

Notas do editor:

(*) Vd. postes de:

23 de fevereiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3928: PAIGC: O Nosso Livro da 1ª Classe (Manuel Maia, 2ª CCAÇ / BCAÇ 4610, Cafal Balanta / Cafine, 1972/74)

27 de outubro de 2007 > Guiné 63/74 - P2221: PAIGC: O Nosso Livro da 2ª Classe (1): Bandêra di Strela Negro (Luís Graça / Paulo Santiago)

29 de junho de 2007 > Guiné 63/74 - P1899: PAIGC: O Nosso Primeiro Livro de Leitura (A. Marques Lopes / António Pimentel) (1): O português...na luta de libertação

1 de kulho de 2007 > Guiné 63/74 - P1907: PAIGC: O Nosso Primeiro Livro de Leitura (2): A libertação da Ilha do Como (A. Marques Lopes / António Pimentel)

4 de julho de 2007 > Guiné 63/74 - P1920: PAIGC: O Nosso Primeiro Livro de Leitura (A. Marques Lopes / António Pimentel) (3): O mítico Morés

9 de julho de 2007 > Guiné 63/74 - P1938: PAIGC: O Nosso Primeiro Livro de Leitura (A. Marques Lopes / António Pimentel) (4): Catunco

(**) Vd também postes relativos ao livro da 2ª classe, uma edição sueca, e obedecendo à mesma linha estética do livro da 1ª classe:

27 de iutubro de 2007 > Guiné 63/74 - P2221: PAIGC: O Nosso Livro da 2ª Classe (1): Bandêra di Strela Negro (Luís Graça / Paulo Santiago)

31 de iutubro de 2007 > Guiné 63/74 - P2232: PAIGC: O Nosso Livro da 2ª Classe (2): O Morés e os amigos da Europa do Norte (Luís Graça / Paulo Santiago)

(***) Último poste da série > 14 de outubro de  2022 > Guiné 61/74 - P23710: O nosso blogue como fonte de informação e conhecimento (100): O Arquivo da Defesa Nacional disponibiliza acesso a documentação entretanto desclassificada relativa à guerra colonial (Beja Santos / Carlos Vinhal)

(****)  Sobre a ajuda sueca ao PAIGC e depois à Guiné-Bissau, vd. postes de:


4 de novembro de 2014 > Guiné 63/74 - P13847: Da Suécia com saudade (41): A ajuda sueca ao PAIGC, de 1969 a 1973, foi de 5,8 milhões de euros (Parte II)... Um apoio estritamente civil, humanitário, não-militar, apesar das pressões a que estavam sujeitos os sociais-democratas, então no poder (José Belo)

5 de novembro de 2014 > Guiné 63/74 - P13849: Da Suécia com saudade (42): A ajuda sueca ao PAIGC, de 1969 a 1973, foi de 5,8 milhões de euros (Parte III)... Pragmatismos de Amílcar Cabral e do Governo Sueco, de Olaf Palme, que só reconheceu a Guiné-Bissau em 9 de agosto de 1974 (José Belo)

7 de novembro de 2014 > Guiné 63/74 - P13859: Da Suécia com saudade (44): A ajuda sueca ao PAIGC, de 1969 a 1973, foi de 5,8 milhões de euros (Parte V): Quando se discutia, item a item, o que era ou não era ajuda humanitária: catanas, canetas, latas de sardinha de conserva... (José Belo)

(*****) Vd. Uppsala industriminnesforening [Associação para a Memória Industrial de Uppsala ]

https://www.uppsalaindustriminnesforening.se/wretmans-boktryckeri-ab/

 Resumo  (da responsabilidade de LG):

Upsalla (hoje com mais de 160 mil habitantes), situada no centro leste do país, é conhecida pela sua universidade (a mais velha da Escandinávia), e ainda pela sua imponente catedral luterana. Desde o séc. XII, também o centro religioso da Suécia.

Upsalla, desde a década de 1860 até a década de 1970,  era "uma animada cidade industrial", com diversas empresas na área da indústria transformadora. Possuia também duas grandes gráficas, Almqvist & Wiksell e Appelbergs,  mas também tipografias de menor dimensão, como a  Wretmans Boktryckeri AB  ou a Akademitryckeriet. 

Wretmans Boktryckeri foi fundada em 1889 por Harald Wretman, que  fora tipógrafo na Alemanha.   Tornou.se um reputado impressor na cidade.  Depois de várias localizações, a tipografia mudou-se  para Östra Ågatan 33, onde permaneceu até a liquidação em 1973. 

Após a morte de Wretman,  a empresa mudou de mãos, e em 1925, Emil Sjögren transformou empresa em sociedade anônima.  A Wretmans Boktryckeri permaneceu na posse da família Sjögren até 1973, quando a gráfica foi fechada. 

Além de livros, a Wretmans também imprimia jornais, revistas,  impressos publicitários, etc.. O equipamento mecânico era completamente moderno para a época. No entantorante muito  tempo, a gráfica não tinha encadernação própria, até meados da década de 1960. 

Em meados da década de 1940, Wretmans tinha cerca de 40 funcionários, que foram depois  diminuíndo  gradualmente. Em 1973, ano da sua  liquidação, restavam apenas nove funcionários..

Após o fechamento em 1973, as máquinas e acessórios foram adquiridos pela gráfica dos Tofters em Östervåla.

segunda-feira, 22 de maio de 2023

Guiné 61/74 - P24332: Em busca de... (320): Camaradas da CART 527 (Teixeira Pinto, Bachile, Calequisse, Cacheu, Pelundo, Jolmete e Caió, 1963/65), que se vão reunir no dia 27 (Nora do camarada Alfredo Ramos de Almeida, que lhe quer fazer uma surpresa; email: lidiamisa@gmail.com)


Crachá da CART 527 (1963/65)


Guiné > Região do Cacheu > Teixeira Pinto > Jolmete  CART 527 (1963/65) >  Três militares, sendo o da esquerda o fur mil António Medina (tem 3 dezenas de referências no nosso blogue, entrou para a Tabanca Grande em 15 de fevereitro de 2014).

Foto (e legenda): © António Medina (2014). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Mensagem de Lídia Misa (?), nora do camarada Alfredo Ramos de Almeida, ex-combatente, CART 527 (Teixeira Pinto, Bachile, Calequisse, Cacheu, Pelundo, Jolmete e Caió, 1963/65), que nos chega através do Formulário de Contacto do Blogger, com data de ontem, às 9h06: 

Boa tarde, procuro ex-militares da Companhia de Artilharia 527 nos anos 1963/65.

Sou a nora do sr. Alfredo Ramos de Almeida e queria fazer-lhe uma surpresa encontrando novos camaradas para juntar ao grupo que eles já têm.

 Se alguém puder ajudar, agradecia pois dia 27 de maio vão ter um encontro.

Cumprimentos,

P'lo Alfredo Ramos de Almeida | email: lidiamisa@gmail.com


2. Comentário do editor Luís Graça:


Obrigado, Lídia, pelo seu contacto. A melhor maneira de satisfazer o seu pedido e ajudá-la a si e ao nosso camarada Alferdo Ramos de Almeida, é mandar-nos mais informação sobre o seu sogro, acompanha de algumas fotos, digitalizadas, e com legendas: pelo menos uma atual, e duas ou très do seu tempo da vida militar.


O único representante da CCAÇ 527 que temos na Tabanca Grande é o António Medina. De seu nome completo, António Cândido da Silva Medina (fotos acima), nasceu em 26 de setembro de 1939, na ilha de Santo Antão, Cabo Verde, estudou no liceu Gil Eanes  (Mindelo) e vive desde 1980 nos EUA, em Medford, no estado de Massachusetts. Em Bissau, e até à independência, foi funcionário do BNU (Banco Nacional Ultramarino), depois de passar à disponibilidade. Tem página no Facebook (último poste: 30 de outubro de 2022). É primo do antigo comandante do PAIGC, Agnelo Dantas.

Gostaríamos que o Alfredo Ramos de Almeida se juntasse a ele e aos 875 camaradas que formam este blogue coletivo, entre vivos e mortos. Para isso precisams de fotos para os seus antigos camaradas o reconhecerem. E contactarem o nosso blogue. Não é fácil,  porque são pessoas  com mais de oitenta anos, e pouco ou nada familiarizados com a Internet. Daí a preciosa ajuda de familiares, como é o seu caso.

Escreva-nos, ainda antes do encontro anual da companhia, para um destes  endereços dos nossos editores, de preferência o meu:

(i) Luís Graça (Lourinhã) > luis.graca.prof@gmail.com

(ii) Carlos Vinhal (Leça da Palmeira / Matosinhos) > carlos.vinhal@gmail.com

(iii) Eduardo Magalhães Ribeiro (Maia) > magalhaesribeiro04@gmail.com

(iv) Jorge Araújo (Almada) : joalvesaraujo@gmail.com

(v) Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné : luisgracaecamaradasdaguine@gmail.com


Um abraço e votos de muita saúde e longa vida para o nosso camarada Almeida,

3. Ficha de unidade >  Companhia de Artilharia nº 527

Identificação: CArt 527
Unidade Mob: RAL 1 - Lisboa
Crndt: Cap Mil Art António Maria de Amorim Pessoa Varela Pinto | Cap Art Domingos Amaral Barreiros

Divisa: -
Partida: Embarque em 27Mai63; desembarque em 04Jun63 | Regresso: Embarque em 29Abr65

Síntese da Actividade Operacional

Em 25Jun63, seguiu para Teixeira Pinto, a fim de reforçar o BCaç 239 e depois o BCaç 507, com vista à realização de operações de patrulhamento e batida na região de Binar.

Em 08Ag063, substituindo a CCaç 154, assumiu a responsabilidade do subsector de Teixeira Pinto e destacamento de Cacheu, ficando então integrada no dispositivo e manobra do BCaç 507 e tendo ainda empenhado efectivos em diversas operações realizadas na região do Jol e Pelundo, entre outras; por períodos variáveis, destacou, ainda, efectivos para reforço das guarnições locais de Calequisse, Caió e Bachile.

Em 28Abr65, foi rendida no subsector de Teixeira Pinto pela CCav 789 e recolheu a Bissau para embarque de regresso.

Observações - Não tem História da Unidade.

Fonte: Excertos de Portugal. Estado-Maior do Exército. Comissão para o Estudo das Campanhas de África, 1961-1974 [CECA] - Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África (1961-1974). 7.º volume: Fichas das Unidades. Tomo II: Guiné. Lisboa: 2002, pág. 439.

sexta-feira, 19 de maio de 2023

Guiné 61/74 - P24326: Imagens das nossas vidas: CART 3494 (1971/74) (Jorge Araújo / Luciano Jesus) - Parte II: De Bolama ao cais do Xime em LDG


Vista aérea da geografia do Xime e do perímetro do aquartelamento a vermelho


“O Xime, em cinemascope, do meu tempo” – António Vaz (1936-2015), Cmdt da CART 1746 (1968/69) – In: P9741, de 13.Abr.2012, com a devida vénia.



BART 2917 (Bambnadina, 25.05.1970-27.03.1972)          


BART 3873 (Bambadinca, 29.12.1971-04.04.1974)



IMAGENS DAS NOSSAS VIDAS: CART 3494 (1971-1974) - Parte II:  DE BOLAMA AO CAIS DO XIME EM LDG

Continuação do Poste 24191(03.04.2023) (*)


1. – INTRODUÇÃO

Do álbum do nosso camarada Luciano de Jesus, que foi organizando ao longo dos mais de vinte e sete meses de permanência no CTIG, e que, generosamente, fez questão de me oferecer uma cópia para partilha no Blogue, seleccionámos mais uma dezena de imagens para enquadrar a narrativa desta parte dois.

Enquanto a Parte I (*)  percorre o itinerário náutico desde Lisboa a Bissau e, depois, a estadia na Ilha de Bolama, para, no CIM se concluir o processo de instrução global para a “guerra de guerrilha”, denominado de IAO,  esta Parte II corresponde ao itinerário efectuado a bordo de uma LDG, em 27 de Janeiro de 1972, 5.ª feira, desde Bolama até ao Xime, local reservado à CART 3494 para cumprir a sua missão operacional.

Para além do contingente da CART 3494 participaram também, nesta viagem de “cruzeiro no Geba”, as restantes unidades do BART 3873, comandado pelo Cor Art António Tiago Martins (1919-1992), cuja CCS e Comando tinham como destino Bambadinca (a sede), a CART 3492, o Xitole, e a CART 3493, Mansambo.

Recordamos que a Unidade Mobilizadora do contingente do BART 3873 foi o Regimento de Artilharia Pesada n.º 2 (RAP 2) da Serra do Pilar, em Vila Nova de Gaia, com o objectivo de render na, então, Província da Guiné, o BART 2917 e as subunidades: CART 2714, CART 2715 e CART 2716, aquarteladas em Mansambo, no Xime e no Xitole, respectivamente, também elas formadas na mesma U. M., por estar a atingir o termo da sua comissão de serviço.

A publicação da mobilização do BART 3873 foi publicada em 04 de Novembro de 1971, através da Nota Circular n.º 4496/PM – Processo 18/3873 da 1.ª Repartição do Estado Maior do Exército.


2. – FOTOGALERIA

Foto 1 > 27Jan72 > O contingente do BART 3873 no interior da LDG a caminho do cais do Xime

Foto 2 > 27Jan72 > Vista da margem direita do Geba (território do Enxalé)

Foto 3 > Aproximação de LDG ao cais do Xime (margem esquerda do Geba)

Foto 4 > LDG 104 no cais do Xime (margem esquerda do Geba)

Foto 5 > Desembarque de “piras” no cais do Xime

Foto 6 > Panorâmica do cais do Xime (vista do quartel)

Foto 7 > Recepção a um contingente de “piras” no cais do Xime

Foto 8 > Recepção a um contingente de “piras” no cais do Xime

Foto 9 > Recepção a um contingente de “piras” no cais do Xime 

Fotos (e legendas): © Luciano Jesus (2023). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

Continua… 

Terminamos,  agradecendo a atenção dispensada.

Com um forte abraço de amizade e votos de muita Saúde.

Jorge Araújo e Luciano de Jesus

19ABR2023
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Nota do editor:

(*) Vd. poste de 3 de abril de 2023 > Guiné 61/74 - P24191 Imgens das nossas vidas: CART 3494 (1971/74) (Jorge Araújo / Luciano Jesus) - Parte I: De Lisboa a Bolama

sábado, 13 de maio de 2023

Guiné 61/74 - P24312: Os nossos seres, saberes e lazeres (572): Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (102): Com sangue d’África, com ossos d’Europa (1) (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 11 de Abril de 2023:

Queridos amigos,
Um dos papéis que levei na bagagem para esta viagem eram memórias de António Pusich, nascido em Ragusa (Dubrovnik), estudou em Itália e aí se relacionou com o Conde de Linhares, ministro de Portugal em Turim, assim chegou a Portugal, em 1801 era Intendente da Marinha das ilhas de Cabo Verde. Sobre a ilha de S. Vicente escreveu, ainda antes desse período áureo de Mindelo transformado num poderosíssimo entreposto onde abundava o carvão para as viagens transoceânicas: "Não é muito alta esta ilha e o seu terreno em geral é seco e pouco apto à cultura do milho e outros frutos; mui próprio, porém, para o algodão e criação de gado, pois produz imenso e bom pasto e muita urzela e lenha de tarrafe. O seu clima é mui temperado e saudável. Tem uma paróquia com 80 habitantes, resto de muitos que se mandaram a povoar esta ilha, mas que sucessivamente foram emigrando, por lhe faltarem aquelas benéficas e úteis providências e socorros que o soberano mandou se lhe dessem." Mal sabia Pusich que este porto instalado numa das mais graciosas baías que há em África iria ter uma importância singular a meio do século XIX, importância que perdeu com o desenvolvimento de Dacar. Aqui aportei em 1970, assombrou-me, nas escassas horas que ali estive, o processo de aculturação, vinha do continente, não só da guerra, mas de uma África multiétnica em que a identidade portuguesa estava colada a cuspo. E aqui era tudo diferente. E posso dizer, mais de meio século depois, que tudo continua diferente, sempre euroafricano.

Um abraço do
Mário



Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (102):
Com sangue d’África, com ossos d’Europa (1)


Mário Beja Santos

O título destes comentários de viagem foi extorquido a um poema de Corsino Fortes, livro "Pão & Fonema", de 1980, achei-o apropriado face ao fenómeno de transculturação que é Cabo Verde, como diria também Jorge Barbosa, “uma encruzilhada de duas sensibilidades”.

Há décadas que suspirava por vir até aqui. Em agosto de 1970, o navio Carvalho Araújo saiu de Bissau e aportou primeiramente junto ao Sal, seguimos para Mindelo, o comandante deu-nos rédea solta durante umas tantas horas, toca de desembarcar e bisbilhotar o possível, impunha-se comer lagosta e tentar dar uma volta à ilha. Logo no desembarque algo me surpreendeu, a amplitude da baía, rodeada de montanhas, sentia-se a estrutura vulcânica e a aridez de perto e à distância, e seguiu-se a surpresa daquele bonito casario, parecia que tinha havido vontade para ali implantar uma capital, ficámos embasbacados com a dimensão dos Paços do Concelho e, mais adiante, numa rua chamada de Lisboa, o Palácio do Governador. Enfiámo-nos pelas ruas, com aquela sensação de um plano ortogonal, como comprovadamente existia. E assim se chegou a uma praça com um belo coreto, surpreendeu-me um Luís de Camões junto de um quiosque, houve então quem reclamasse que queria comer lagosta, mais tarde alugou-se um táxi e deu-se um belo passeio. À chegada a Mindelo, comprei bilhetes-postais, o reservado para a minha mãe era aquela praça com coreto, texto rápido a informar que só faltava Ponta Delgada para chegar a Lisboa, mas aquela Mindelo, como ela podia ver, era uma pitoresca povoação portuguesa.

A viagem que me traz a Cabo Verde começa no Mindelo, procurarei refazer a viagem de táxi, desta vez em transportes coletivos, já deu para sentir que a cidade demograficamente explodiu e o turismo é imenso. Falta um pormenor, a memória reteve a outa ilha em frente, também naquela perspetiva me parecia árida, a quem fiz perguntas a resposta era sempre a mesma, quando chegar ao porto de Santo Antão tem uns bons quilómetros de muita secura, mas prepare-se para o deslumbramento das culturas, a imponência da montanha, a graciosidade dos vales, as casas encavalitadas, o cheiro do trapiche.

Pois bem, primeiro S. Vicente, depois Santo Antão, começando na Ribeira Grande, e regressar a S. Vicente, Cabo Verde é para degustar, nunca apreciei aquelas excursões da Rodarte, uma empresa de camionagem que organizava viagens a sete países em dois dias. Já arrumei a bagagem, troquei euros por escudos, parei em frente da Cesária Évora, trouxe um livro dos anos 1980 que mostra a Mindelo do passado, pergunto pelo coreto, há vários, respondem, dois na Praça Estrela, têm um muito bonito na Praça Nova, esse é seguramente do seu tempo. E era. Mirei-o cuidadosamente de dia e voltei à noite, uma noitinha calma e com brisa, a banda afadigava-se entre rumbas, música cubana e koladeras.

Leitura que recomendo a quem visitar o Mindelo, com a independência mudaram-se muitos nomes, só que a identidade cabo-verdiana pulsou mais forte, Mindelo desabrochou e foi pujante em meados do século XIX, tem as suas marcas com que se identifica. Este livro é um guia que ajuda a revelar o gosto pela preservação do património, e não posso esconder que me sentia feliz neste lugar euro-africano onde a herança portuguesa é um elemento genético do cabo-verdiano.
Maestro e a sua equipa, metais vibrantes, a assistência atenta e aplaudindo no fim das peças. Escuso dizer que o gosto pela música, de a praticar, faz parte da essência cabo-verdiana, todos os sons são admissíveis entre a apoteose e a melancolia, extremos sentimentais que pautam a alma deste povo.
Fotografei Sá da Bandeira de dia e de noite, preferi esta imagem do político que aboliu a escravatura, que se destacou pela bravura, o fundador da Academia Militar, e dá prazer ver o modesto monumento tão bem tratado neste jardim que é sempre encantador, seja qual for a hora do dia.
E é mesmo à hora do dia que retenho a imagem deste busto de Camões, a terra é de poetas e de prosadores admiráveis, trouxe na bagagem o Germano Almeida, o seu indispensável O Testamento do Sr. Napumoceno da Silva Araújo, totalmente compreensível que este património cultural é inapagável neste lugar ímpar a centenas de quilómetros da costa ocidental africana.
Esta moradia fazia parte do bilhete-postal, tudo à volta mudou, fiquei estarrecido com este azul, já cá estava há meio século, estou certo e seguro.
Quando se está na Praça Nova há um colorido luminescente de que não nos podemos desapegar, avança-se, entra-se no Centro de Arte e Design, primeiro há uma moradia de um senador da I República que foi intransigente defensor da autonomia cabo-verdiana, é memória de culto, e depois temos este engenho, um espaço expositivo e de ateliês em que a frontaria é uma agregação de tampas de bidons com que tudo chega a Cabo Verde, é um empolgante hino à cor, parece-me um talentoso ready-made, uma esplendorosa arte funcional, procurei dois ângulos para que o leitor se aperceba deste achado de harmonia que abre portas ao engenho de tecelões, tapeceiros, designers que potenciam todos os recursos da sua terra, como vamos ver.
António Carreira dedicou um livro à panaria cabo-verdiana e guineense, salientou as afinidades, são indiscutíveis. Na Guiné, embeicei-me pelos panos manjacos e tive a felicidade de ver teares manuais em plena laboração. A diferença está na matéria-prima. Na loja tomei o peso a estes panos e são de uma grande leveza, são feitos de algodão, matéria-prima cabo-verdiana. Na Guiné usam-se linhas, tornam as bandas mais pesadas. Lembro-me da panaria existente no antigo Museu da Guiné, na então Praça do Império, tudo desapareceu, são peças muito disputadas, desde que bem conservadas, duram uma vida. E gostei da tapeçaria local, daqui segui para uma área expositiva do que o centro produz, e reconheço que é de indiscutível valor.
Senti-me feliz por ver o desvelo com que se recupera e valida o trabalho dos artífices. Agora vou percorrer Mindelo na avenida que contorna o porto. As surpresas sucedem-se e os encadeamentos ditados pelos escaninhos da memória dão-me um enorme regozijo. Limito-me hoje a um simples exemplo.
Tenho por detrás uma réplica da Torre de Belém, foi edifício da capitania do porto, é hoje Museu do Mar, iremos falar deles. Nesta esquina que emana um fedor a peixe, com rua que irá desaguar na Praça Estrela, olhei ao alto para um esmalte que provavelmente tem cerca de 100 anos e fico a saber que a então avenida principal de Mindelo saudava a República. E deu-me para recordar o meu passeio a Bolama, em 1991, ia à procura da tipografia, um património museológico de grande valor, e lá estava o nome das ruas: Teófilo Braga, Manuel de Arriaga, muito provavelmente essas mesmas peças esmaltadas escaparam ao furor de erradicar a presença portuguesa, de que hoje os guineenses se queixam, nenhum povo subsiste sem memória. E aqui fico a contemplar um resquício do passado. Estou a sentir-me muito bem no Mindelo e feliz por partilhar convosco estas andanças da mais estranha das Áfricas e da mais improvável das Europas.

(continua)

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Nota do editor

Último poste da série de 6 DE MAIO DE 2023 > Guiné 61/74 - P24292: Os nossos seres, saberes e lazeres (571): Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (101): Veloso Salgado no MNAC – Museu do Chiado: O maravilhamento de obras desconhecidas de amigos franceses (3) (Mário Beja Santos)