sábado, 19 de dezembro de 2009

Guiné 63/74 - P5499: Parabéns a você (56): Humberto Reis (ex-Fur Mil At Inf Op Esp, CCAÇ 12, Contuboel e Bambadinca, 1969/71) (Luís Graça)


Guiné > Rio Udunduma > Destacamento da CCAÇ 12 (Bambadinca, 1969/71) >  2º Grupo de Combate > 1970 > O Humberto, à ré, mais o soldado de transmissões Santos, à proa, treinando as suas perícias na difícil modalidade da canoagem local...

"O António Dias Santos, de alcunha, não sei porquê, 'O Bacalhau'. Quando estava em Bambadinca normalmente andava pela tabanca ao cheiro das bajudas e quase sempre com uma varinha na mão a imitar um pingalim. Há uns anos, quando organizei um dos primeiros almoços da rapaziada, procurei na lista telefónica o nome dele na zona da Régua, pois sabia que ele tinha sido funcionário da CP e que morava ali. Descobri-o, mas quando falei com a senhora é que fiquei a saber que ela já era viúva do 'Bacalhau' " (HR)

Foto: © Humberto Reis (2006). Direitos reservados



Guiné > Rio Udunduma > Destacamento da CCAÇ 12 (Bambadinca, 1969/71) >  2º Grupo de Combate > 1970 > Passados mais de meio ano, ainda eram visíveis os sinais da tentativa de destruição da ponte (em 28 de Maio de 1969, por ocasião do grande ataque do PAIGC a Bambadinca,  dois meses depois da grande Op Lança Afiada)...

Foto: © Humberto Reis (2006). Direito reservados



Guiné > Rio Udunduma > Destacamento da CCAÇ 12 (Bambadinca, 1969/71) > 2º Grupo de Combate > 1970 >  O Humberto, pescador à força... Afinal de contas, não havia aí nada para se fazer, a não ser pescar e nadar, e alternar o dormir com  o estado de vigilia... Mas aquela ponte valia ouro... Por aí passava toda a malta que aí para a zona leste (que ia do Corubal ao Boé)... De qualquer modo, o tei/nosso tempo (também lá passei férias...) aquilo até parecia o paraíso terrestre: veja-se aí, na foto, esses  teus dois "queridos nharros" (não é racismo, é ternua...) a  trabalhar para o bronze... (O que será deles ?, pergunto-me muitas vezes...).

Foto: © Humberto Reis (2006). Direito reservados



Guiné > Zona Leste > Contuboel > Junho de 1969 > O 2º Grupo de Combate da CCAÇ 2590 (futura CCCAÇ 12), ainda em período de instrução da especialidade .

O 2º Gr Comb era comandado pelo Alferes Miliciano Carlão (co-optado do CSM, se bem me lembro...) que aparece na fotografia, na primeira fila, ajoelhado, olhando no sentido oposto ao do fotógrafo (rectângulo a amarelo). Vive hoje em Fão, Esposende. É casado com a Helena, a única  "mulher branca" da CCaç 12 que viveu connosco em Bambadinca. O Carlão é transmontano, não sei se de Mirandela ou Miranda do Douro...

Atrás dele o soldado Arménio, de alcunha o Vermelhinha (era cabo, antes de embarcar mas foi despromovido, por ter apanhado uma porrada da Polícia Militar) (rectângulo a amarelo). Um regula do Porto... (Gostava de o rever...).

De pé, na terceira fila, os furriéis milicianos António (Tony) Levezinho e Humberto Reis (rectângulo a vermelho). Na segunda fila, meio agachados, os 1ºs cabos Branco e Alves (de alcunha o Alfredo) (rectângulo a verde).

Um grupo de combate da CCAÇ 2590 (mais tarde, CCAÇ 12) era constituído por 30 homens. Havia 4 Gr Comb. Cada grupo de combate, comandado por um alferes, tinha três secções (1 furriel e 1 cabo e oito soldados, estes africanos).

Casa secção era especializada. Havia a secção dos lança-granadas, com o respectivo apontador e municiador (1 LGFog 8.9, 1 LGFog 3.7). Havia a secção do Morteiro 60 (apontador e municiador ). E havia ainda a secção da Metralhadora Ligeira HK 21 (apontador e municiador). Cada combatente estava equipado com a espingarda automática G-3 e granadas defensivas. Em geral havia ainda dois apontadores de dilagrama (neste caso, 1ª e 3ª secção).

Foto: © António Levezinho (2005). Direitos reservados

Guiné > Zona Leste > Sector L1 (Bambadinca) >  CCAÇ 12 (1969/1971)  > Pessoal do 2º Grupo de Combate atravessando em coluna apeada a bolanha de Finete na margem direita do Rio Geba. No primeiro plano, para além de municiador da Metralhadora Ligeira HK 21, Mamadú Uri Colubali (salvo erro), vê-se o Furriel Miliciano Tony Levezinho, ao meio, ladeado pelo 1º Cabo Branco (à sua direita) e pelo 1º Cabo Alves (à sua esquerda). Foto tirada pelo Humberto Reis (ex-Fur Mil Op Esp, CCAÇ 12,  2º Gr Comb).

Foto: © Humberto Reis (2006). Direitos reservados
 
Composição do 2º Gr Comb

Comandante: Alf Mil de Inf 13002168 António Manuel Carlão (natural de Mirandela ?)

1ª secção

Soldado Arvorado 82107969 Alfa Baldé (Ap LGFog 3,7) (Fula)
Soldado 18968568 Arménio Monteiro da Fonseca (natural do Porto)
Sold 82118169 Samba Camará (Futa-fula)
Sold 82115369 Iéro Jaló (Fula)
Sold 82118869 Cheval Baldé (Ap LGFog 8,9) (F)
Sold 82103269 Aruna Baldé (Mun LGFog 8,9) (Fula)
Sold 82105169 Mamadú Bari (Futa-fula)
Sold 82116369 Sidi Jaló (Ap Dilagrama) (Futa-fula)
Sold 82118669 Mussa Seide (Fula)
Sold 82117669 Amadú Camará (Futa-fula)

2ª Secção

Fur Mil Op Esp 05293061 Humberto Simões dos Reis (natural de Lisboa)
1º Cabo 17626068 José Marques Alves (natural de ?)
Soldado Arvorado 82116569 Mamadu Baldé (Fula)
Soldado 82101469 Udi Baldé (Futa-fula)
Sold 82101069 Sajo Candé (Fula)
Sold 82108069 Alfa Jaló (Fula)
Sold 82116469 Iéro Juma Camará (Ap Mort 60) (Fula-fula)
Sold 82111969 Mamadú Jaló (Mun Mort 60) (Fula)
Sold 82111069 Adulai Baldé (Fula)
Sold 82117269 Adulai Bal (Fula)

3ª Secção

Fur Mil 17207968 Antonio Eugénio S. Levezinho (natural da Amadora)
1º Cabo 18880368 Manuel Alberto Faria Branco (natural de ?)
Soldado Arvorado 82116969 Braima Bá (Fula)
Soldado 82116669 Gale Colubali (Ap Metr Lig HK 21) (Futa-fula)
Sold 82116769 Mamadú Uri Colubali (Mun Metr Lig HK 21) (Futa-fula)
Sold 82111369 Amadú Turé (Fula)
Sold 82117469 Demba Jau (Ap Dilagrama) (Fula)
Sold 82107869 Iero Jaló (Futa-fula)
Sold 82116869 Gale Camará (Fula)


Guiné > Zona Leste >Sector L1 > Estrada Xime-Bambadinca > 1970 > Coluna auto da CCAÇ 12 nas proximidades da tabanca fula, em autodefesa, de Amedalai. 

Foto: © Humberto Reis (2006). Direitos reservados


 
 
  Guiné > Zona leste > Sector L1 > Bambadinca > CCAÇ 12 (196/71) > Éramos três bons amigos e, além disso,  partihavámo o mesmo quarto e, na hora do tacho, a mesma mesa...  Da esquerda para a direita: os Fur Mil Tony Levezinho, Humberto Reis e [Luís Manuel da Graça] Henriques...



Meu caro Humberto: A falta de tempo (e agora de  sono) impede-me fazer o grande poste, de elogio militar, pessoal e profissinal, a que tens direito. Mas, mesmo assim,  não quero deixar de te mandar um abraço fraterno por ocasião do teu aniversário... Ainda pensei poder apanhar-te em casa mas soube, pela Teresa, que estavas fora, num juntar com malta da ANA. Gostei de falar com a Teresa. Sei que hoje vais ter rancho melhorado e, o mais importante, a presença das tuas filhas e do teu netinho.

Fica aqui, mal alinhavada, na Ordem de Serviço, a minha nota a assinalar o teu dia de anos. Espero que o pessoal da Tabanca Grande seja generoso contigo e te encha, se não a despensa (com o perú, o bacalhau, a lagosta, o champagne e os tintóis do Natal), pelo menos com os miminhos que toda gente gosta no seu dia de aniversário: afinal somos umas (e)ternas crianças .. No teu caso, julgo que serão bem vindos e agradecidos... Que a vida não te tem sido fácil nos últimos tempos... A gente, que tinha direito a sopas e descanso, anda nesta idade ainda na lufa-lufa da vida, preocupada com a saúde (nossa, da mulher, dos velhotes...), com o emprego (dos filhos..), do futuro de todos nós... Mas temos fibra de lutadores, e não lançamos a toalha ao chão, logo às primeiras porradas (que é a coisa que a gente sabe o que é, que na CCAÇ 12 deu memso para dar e levar...).

Recebe, do maralhal, aquele abraço do tamanho do nosso Rio Geba. Fui ao teu arquivo buscar algunas fotos das tuas "férias" no resort do Rio Udunduma, afluente do Geba... Fiz questão de as inserir em formato extra... (A gente não se cansa de as ver)....Com tempo poderia lembrar-me de algumas boas e malucas  histórias que passámos juntos... Talvez fique para mais logo. Ou talvez não: vou sair, até à Lourinhã, para fazer o almocinho de Natal com os meus velhotes (que estão no lar). Até lá, uma boa noite e um bom dia. Teu amigo e camarada Luís.

PS - Recebe um abração do Tony, falei há dois dias com ele. Está em Lisboa, de passagem.
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Guiné 63/74 - P5498: O Nosso Livro de Visitas (77): Angola: Procura de camaradas BCAV 8322, 1973/75 (Narciso Goulão Paulo)


1. O nosso Camarada Luís Graça recebeu, em 17 de Dezembro, um apelo de um nosso Camarada-de-armas, que cumpriu a sua comissão em Angola, no Batalhão de Cavalaria 8322/72 - 1973/1975, e, dado o mesmo se encontrar emigrado em França, solicitou-me que abrisse uma excepção. Aqui está ela:

Procuro Camaradas do BCAV 8322/72
ANGOLA – 1973/75

Caro colega,

Após visitar o blogue venho, por este meio, tentar encontrar camaradas com os quais fiz o meu serviço militar em Angola, no BCAV 8322/72.

Após o meu regresso, depois de muitas tentativas, decidi recorrer a este v/ site para tentar encontrar alguém daquele pessoal.

O meu nome é Narciso Goulão Paulo, embarquei para Angola no Batalhão de Cavalaria 8322/72, no ano 1973, tendo regressado em 1975.

O meu número mecanográfico era o 05083472, com o posto de soldado e tocava clarim.

Fiquei ao lado de Santa Eulália, em MUCONDO. Recordo-me que o capitão era mulato e um dos alferes era açoriano (ambos levaram as esposas para Angola).

Entre as minhas lembranças, uma ficou: ao fim de 3 meses de lá estar, houve um acidente com uma camioneta, onde morreu o seu condutor e 2 soldados, tendo outro partido uma perna.

Tenho feito várias tentativas para encontrar os meus camaradas, dos quais perdi o contacto, por ter emigrado para França.

Deixo aqui os meus contactos para eventuais respostas, ou esclarecimentos: Telef. 244611861 ou Telem. 916710369, E-mail: mogpbaptista@hotmail.com

Desde já agradeço toda a ajuda que me puder prestar.

Narciso Goulão Paulo
Sold do BCAV 8322/72

2. Aproveitamos esta oportunidade, para enviar um grande abraço e os melhores desejos de um Feliz e Santo Natal, a todos os ex-Combatentes e seus familiares, emigrados por esse mundo além.

Emblema de colecção: © Carlos Coutinho (2009). Direitos reservados.
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Nota de M.R.:

Vd. último poste desta série em:


Guiné 63/74 - P5497: Parabéns a você (55): João Melo, ex-1.º Cabo Cripto da CCAV 8351 (Editores)

19 de Dezembro é dia de aniversário do nosso camarada João Melo, ex-1.º Cabo Op Cripto, CCAV 8351, Cumbijã, 1972/74.

Infelizmente não encontrei muitas referências do João no nosso Blogue, mas isso não impede que estejamos em uníssono a desejar-lhe um bom dia de aniversário junto dos seus familiares e amigos.


Para o ano por esta altura cá nos voltaremos a encontrar. Entretanto, caro João, porque não começas a colaborar regularmente no Blogue?

Aproveitamos também para te enviar votos de que tenhas um Bom Natal em família e que o novo Ano venha colmatar as faltas que este deixou em aberto.

Recebe um abraço de toda a tertúlia e votos de longa vida.

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Notas de CV:

(*) Vd. postes de:

1 de Março de 2009 > Guiné 63/74 - P3956: Sr. jornalista da Visão, nós todos fomos combatentes, não assasinos (9): João Melo e Carlos Machado, Tigres do Cumbijã
e
8 de Abril de 2009 > Guiné 63/74 - P4156: Convívios (106): Pessoal da CCAV 8351 - Tigres de Cumbijã, dia 9 de Maio de 2009 em Meadela, Viana do Castelo (João Melo)

Vd. último poste da série de 16 de Dezembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5474: Parabéns a você (54): António Paiva, ex-Soldado Condutor do HM 241 de Bissau

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Guiné 63/74 - P5496: Votos de Feliz Natal 2009 e Bom Novo Ano 2010 (10): Várias mensagens da tertúlia - I (Editores)

Reproduzimos 10 mensagens de Natal de camaradas que se nos dirigiram através de correio electrónico.

Por uma questão técnica, os trabalhos chegados a PP apenas têm direito à reprodução de uma imagem.

Os editores retribuem e agradecem.



1. Mensagem de José Marcelino Martins com data de 8 de Dezembro de 2009:

Boa Noite
Aqui vão as Boas Festas. Será que alguem se vai reconhecer nesta foto?
Sempre são quase 60anos!

Um abraço
José Martins

Quadro final de uma peça de teatro natalícia, realizado no Jardim-Escola João de Deus, de Leiria, no ano de 1952 ou 1953.
Na foto: José Martins, Carlos Teixeira, Mário Graça, Fernanda, Alice, (?), Daniel (?), Celino e Asdrúbal (?). Alguém se reconhece nesta foto de antologia da Foto Fabião?
© José Martins


Um pequeno desejo, que envolve toda a terra
Boas Festas e Feliz Ano Novo


José Marcelino Martins

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2. Mensagem de Victor Garcia com data de 9 de Dezembro de 2009:

Caros amigos Luis Graça e Carlos Vinhal
Serve esta mensagem para vos desejar um excelente Natal na companhia de todos os que são mais queridos.

Por arrasto a mesma mensagem é dirigida também a todos os ex Militares que fazem parte da Tertulia da Tabanca.
Em anexo envio o meu postal de Natal deste Ano.
Como não poderia deixar de ser em formato PPS.
Saudações amigas, e um Bom Natal e um melhor Novo Ano.

Victor Garcia
2009-12-09



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3. Mensagem de Rui Baptista com data de 9 de Dezembro de 2009:

Caro Carlos Vinhal,
A finalidade desta minha mensagem é apenas para desejar Boas Festas a toda a Tabanca Grande.

Um abraço bem forte a todos os camaradas.
Rui Baptista

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4. Mensagem de Mário Pinto com data de 10 de Dezembro de 2009:

Para todos os camaradas e amigos
Desejo um feliz Natal e um próspero Ano Novo.



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5. Mensagem de Luís Faria com data de 12 de Dezembro de 2009:

Amigo Vinhal
Com um grande abraço,extensivo a todos os "comandantes" e Familias.
Para os Tertulianos e Familias,tambem

Bom 2010 da... Esperamça!



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6. Mensagem de Sousa de Castro com data de 12 de Dezembro de 2009:

Os meus votos sinceros para que passem um Natal muito feliz, na companhia daqueles que mais desejam.
Sousa de Castro



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7. Mensagem de José Francisco Borrego com data de 12 de Dezembro de 2009:

Caríssimo Carlos Vinhal e Excelentíssima Família,
Com a mais elevada consideração e estima venho desejar-vos um Santo Natal e um 2010 o melhor possível em todos os campos!

Se for possível gostaria que esta Mensagem fosse extensível a todos os camaradas da Tabanca Grande e suas famílias. Deixo ao teu critério...

São estes os votos mais sinceros do
camarada e amigo
JOSÉ BORREGO
ABRAÇOS

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8. Mensagem de Carlos Cordeiro com data de 14 de Dezembro de 2009:

Carlos e Luís,
Para vocês e todos os amigos do blogue, os meus votos de um Feliz Natal.
Abraço,
Carlos Cordeiro


Natal Chique

Percorro o dia, que esmorece
nas ruas cheias de rumor;
minha alma vã desaparece
na muita pressa e pouco amor.

Hoje é Natal. Comprei um anjo,
dos que anunciam no jornal;
mas houve um etéreo desarranjo
e o efeito em casa saiu mal.

Valeu-me um príncipe esfarrapado
a quem dão coroas no meio disto,
um moço doente, desanimado...
Só esse pobre me pareceu Cristo.


Vitorino Nemésio, in "O Pão e a Culpa", 1955

Natal em Ponta Delgada (S. Miguel)

Natal nos Champs Elysees
Fotos: © Carlos Cordeiro (2009). Direitos reservados.


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9. Mensagem de Rui Siva com data de 15 de Dezembro de 2009:

A todos os ex-Combatentes da Guiné, desejo do coração uma feliz Quadra de NATAL e que a felicidade perdure nas vossas vidas e ao longos dos anos.
Nós, apanhados e massacrados na nossa juventude por uma guerra inexplicável e incompreendida, muitos a ficarem com marcas indeléveis, somos merecedores que Cristo atenda aos nossos pedidos e anseios.
Espero e tenho fé que sim!

Um grande e sentido abraço para todos Vós.
Rui Silva
CCAÇ 816
Guiné 1965-67



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10. Mensagem de Braima Djaura com data de 15 de Dezembro de 2009:

Caros Camaradas Amigos, Carlos, Luis e toda Equipa, desejos vós um bom Natal na companhia dos seus...
E muita saúde para todos Camaradas que passaram ou que estiveram na Guiné, todos os outros que bateram na PUs.

Bem-Haja a todos.
Braima Djaura
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 18 de Dezembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5493: Votos de Feliz Natal 2009 e Bom Novo Ano 2010 (9): Os três reis magos... (Mário Migueis)

Guiné 63/74 – P5495: Histórias do Jero (José Eduardo Oliveira) (25): Honore causa cura milagrosa


1. O nosso Camarada José Eduardo Reis de Oliveira (JERO), foi Fur Mil da CCAÇ 675 (Binta, 1964/66), enviou-nos mais uma das suas histórias (a 25ª), com data de 15 de Dezembro de 2009:


Honore causa cura milagrosa!


Esta crónica terá que ser contada em três tempos…

A expressão (3 tempos) não quer dizer que tenha sido “tiro e queda”…Vai demorar algum tempo .Principalmente para mim que tenho que a escrever…

Mas para não perder mais tempo vamos ao “primeiro tempo”.

1) Guidage-meados de Abril de 1965.

Na minha qualidade de “Enfermeiro de Guerra” (1) - só há pouco tempo é que soube que o tinha sido – acompanhei um pelotão da CCaç. 675 numa nomadização a Guidage.

Entre as várias peripécias militares de uma “estadia” em cima da fronteira com o Senegal tive que aturar um Furriel Atirador, de nome Luís Moreira, que me ia pondo louco com uma dor de dentes. O Moreira, que era um dos melhores operacionais da Companhia, era um caguinchas no Posto de Socorros. Gemia, chorava, barafustava, agarrava a boca, não conseguia comer nada e carpia que nem uma Madalena.

Passei uma noite praticamente com o gajo ao colo. Gemia, gemia e apesar de comprimidos e injecções o Moreira não conseguia pregar olho de qualquer espécie… Obviamente que eu tinha a “terminação” de todas estas dores e começava a ficar pior que o doente.

Para abreviar… a dor de dentes começou a afectar de tal maneira “a moral das tropas “que o Capitão Tomé Pinto resolveu pedir uma DO para levar o Moreira para o Hospital.

Está claro que nesta decisão pesou o facto de o Luís Moreira ter sido até então um dos militares mais sacrificados em termos operacionais, nunca regateando esforços em quaisquer circunstâncias.

Era dos que “ia a todas” e o Capitão Tomé Pinto tinha-o (merecidamente) em alta conta.

Portantos – como diz o outro – lá veio a Dornier e o Moreira e a sua dor de dentes foram de avião para Bissau.Este registo ficou-me na memória e pouco mais…Uma pouca à margem “da dor de dentes do Moreira” mas em relação a Guidage lembra-me de nessa altura – ou um pouco mais tarde – O Capitão Tomé Pinto ter ido com um pelotão, onde ia por acaso o “Enfermeiro de Guerra” Oliveira, ao Senegal.

É verdade. Passámos a fronteira com o Senegal umas centenas de metros “para o lado de lá” para “mostrar” a quem nos moía o juízo de vez em quando que andávamos “por ali”. A expectativa da “operação relâmpago” ao Senegal excedeu as expectativas do nosso Comandante de Companhia …pois demos de caras com uma patrulha regular da tropa senegalesa.

A aproximação fez-se com alguma cautela e não há que esconder que na altura se viveram alguns momentos de tensão. Recorda-me de se ter chegado à fala com o oficial que comandava a patrulha do “país amigo” – e de o nosso Capitão ter mostrado carregadores de armas muito parecidas com as que os militares senegaleses usavam. E esses carregadores (vazios) tinham sido recolhidos do nosso lado, junto a Guidage, depois de ataque nocturno ao nosso aquartelamento.

Já não sei bem mas julgo que foi em francês que este diálogo ocorreu. A nossa passagem para o lado do Senegal tinha acontecido “por engano” mas que seria bom que as tropas senegaleses estivessem atentas à infiltração de grupos armados que atacavam as nossas posições.

Se não foi em francês que nos entendemos teria sido “meio por meio” em dialecto ético e com a ajuda do nosso guia Malam “Griffon” Sissé. Virá a propósito recordar que no mosaico populacional da Guiné (e Senegal) se falavam cerca de vinte “línguas”!

2) Lisboa- meados de Novembro de 2009

Depois de quase um ano sem ver o Luís Moreira encontrei-o em casa do nosso amigo comum Belmiro Tavares de seu nome, que tinha sido o ex-Alferes Tavares do 3º. Pelotão da CCaç. 675, a que pertencera o ex-Furriel Moreira.

Na almoçarada que se seguiu recordei aos circunstantes a noite das dores de dentes de Guidage. «Não imaginam o que este sacana me fez passar já lá vão mais de 40 anos. Uma noite sem pregar olho com este maricas ao colo a gemer com dores de dentes!».

O Moreira respondeu de imediato. «É pá e não fazes ideia como essa história acabou.».
Não sabia mas percebi que ia saber logo a seguir. E o Moreira contou. À sua maneira: exuberante e bem disposta.

«O sacana do piloto que me foi buscar a Guidage foi o Honório. Mal entrei na avioneta o gajo perguntou-me se eu já tinha andado alguma vez de avião. Disse-lhe que tinha nascido dentro de um.

- É pá, ainda bem que não tens medo pois hoje apetece-me fazer umas piruetas.

E o sacana levantou voo, diz o Moreira. No minuto seguinte senti-me de cabeça virada ao contrário. E depois de cabeça para cima. E depois de cabeça para baixo. Filho da puta. Fez tantas maluqueiras que eu só não me caguei todo porque já não comia há três dias. Grande maluco.

Quando vi Bissau e o gajo aterrou…parecia que tinha nascido outra vez. Pisei o chão e levei as mãos à boca. Não me doía nada. Já não tinha a boca inchada e a dores de dentes tinha passado completamente.

Já não sei como fui para Bissau. Sei que procurei um restaurante que era de um gajo da minha terra (da região de Vila Real). Comi que nem um alarve. E repeti. Tive vergonha de pedir mais comida e saí (depois de pagar). Andei mais uns metros e entrei numa tasca onde comi mais uma travessa de ostras.

E “prontos”. Tinha que ir para o Hospital e fui.

«Então o que é você tem? – perguntou o médico.

O Moreira, embora novo, já a sabia toda e resolveu contar tudo, omitindo apenas o facto de já ter almoçado nesse dia duas vezes.

- O senhor Doutor não vai acreditar mas neste momento não me dói nada. Tive tanto medo na viagem de Guidage para Bissau com o maluco da DO que me trouxe que…já não me dói nada.

- É pá vou ter que lhe arrancar um dente qualquer se não você ainda leva uma porrada. Então é evacuado de urgência e agora diz que não lhe dói nada!?

- Senhor Doutor é a pura das verdades. Se tem que ser, arranque-me aí um dente lá para trás.

E arrancou.

O Moreira ainda esteve mais uns dias em Bissau .Encontrou sem dificuldades o Sargento – aviador Honónio e ainda andaram numas “tainas”.Que eu não vou contar.

Depois desta segunda parte da história fiquei a olhar para o Moreira sem palavras. Este tipo se não é único deve andar lá perto.

Mas “prontos”. Acreditei…mas ainda havia de tirar umas dúvidas que me assaltavam…

3) Alcobaça – princípios de Dezembro de 2009

Numa terra pequena não é difícil encontrar quem quer que seja. E eu sabia bem onde é que havia de encontrar a Drª. Manuela Frois, médica dentista. Tomámos um café no “Forno”, pastelaria do único Centro Comercial da terra, e contei-lhe a história das dores de dentes do Moreira. E do “milagre” que seguiu à viagem atribulada com o Honório.

A Drª. Manuela conhece-me bem e não teve dúvidas em dar-me o seu “parecer”, que escrevi na altura para não me esquecer de nada.

«Com a subida do avião registou-se um aumento da pressão que ajudou a alterar as condições locais da inflamação. O medo das acrobacias do piloto causou também uma natural subida da adrenalina que fez desaparecer a dor.»

E no seu jeito despachado disse-me para terminar a minha consulta: «Juro que acredito».

Ora toma lá ex-Enfermeiro de Guerra. O “Honore” (1) causou mesmo uma cura milagrosa. Foi uma ajuda vinda dos céus!

Termino esta crónica citando (e felicitando) o Alberto Branquinho, pelo brilho e justeza das suas palavras na postagem de 22 de Setembro de 2008 (P 3224):

"… Na Guiné era conhecido (pelo menos pelo seu nome) por toda a tropa rastejante. Sempre que uma coluna era sobrevoada a baixa altitude por um FIAT, desaparecendo imediatamente para além das copas das árvores, os soldados rompiam aos gritos de: “AH HONORE!“ ou de: “- AH HONORO!”, enquanto agitavam os quicos por cima das cabeças."
«Quem é que está lá em cima? É o Honório, quem havia de ser! O Honório, naqueles anos, era mais que um piloto, era um símbolo, representava a ajuda vinda dos céus. Não é de estranhar que tudo o que voasse fosse "pilotado" pelo Honório. Camaradas que com ele voaram nos anos 1968/1970 sustentam que, nesses anos, pilotava "apenas" as Dornier-27.»

Esta crónica era para ter sido contada em três tempos.

Não sei se o foi. Se calhar foram quatro.

Foi muito gratificante recordar o Honore. O Honoro. O Honório que ainda hoje recordo quando um pequeno avião me passa por cima da cabeça esteja onde estiver.

Quarenta e tal anos depois… as memórias (citando Manuel Amante da Rosa)… por mais dolorosas que possam ter sido, que não sejam apagadas...

... mas se possam erigir numa teia que envolva ainda mais todos os que nasceram, viveram ou tenham passado pela Guiné .

Nós estivemos lá.

(1) - Recordamos aqui uma corruptela do nome do Honório que encontrámos no nosso blogue graças a uma postagem de Alberto Branquinho (P.3224). Nesta crónica queremos também prestar o nosso humilde contributo em jeito de Homenagem ao mítico piloto aviador cabo-verdiano que tantas missões cumpriu na Guiné, indo a lugares onde mais ninguém ia (ver postagem 5105, de 14 de Outubro de 2009)

Um abraço,
JERO
Fur Mil Enf da CCAÇ 675
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Nota de M.R.:

Vd. último poste desta série em:


Guiné 63/74 - P5494: Notícias dos nossos amigos da AD - Bissau (9): Inauguração do Núcleo Museológico Memória de Guiledje, em 20 de Janeiro de 2010



1. Mensagem de 10 do corrente, do nosso amigo Pepito (*):

Aproveitamos para informar que o site da AD (http://www.adbissau.org/ ) acaba de ser actualizado, podendo-se aceder às últimas actividades da AD, em particular:
Saudações cordiais,
 Carlos Schwarz
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Nota de L.G.:

Guiné 63/74 - P5493: Votos de Feliz Natal 2009 e Bom Novo Ano 2010 (9): Os três reis magos... (Parte I) (Mário Migueis)

1. O nosso camarada Mário Migueis da Silva (ex-Fur Mil de Rec Inf, Bissau, Bambadinca e Saltinho, 1970/72), mandou, em mensagem do dia 17 de Dezembro de 2009, esta História de Natal, em banda desenhada, que queremos partilhar com a Tabanca .

Caro Vinhal:

A noite passada foi de vendaval, de tremores de terra e, para mim, também de insónia, pelo que aproveitei para brincar à banda desenhada.
Receando colococar-te problemas de ordem técnica, optei por utilizar exclusivamente imagens em tamanho A4, até porque poderia vir a deparar-se-nos o problema de legibilidade das "bocas" dos Reis Magos.
Claro que ocupa muito espaço, mas esse é um problema que tu conseguirás ultrapassar, caso estejas interessado na publicação (até podes publicar uma página por dia - lembras-te daquelas histórias aos quadradinhos, que tinham na última página a indicação "(continua)"?).

Um abraço,
Mário Migueis


OS REIS MAGOS DO BLOGUE LUÍS GRAÇA & CAMARADAS DA GUINÉ









Guiné 63/74 - P5492: Historiografia da presença portuguesa em África (34): Roteiro (Parte II) (Santos Oliveira / Luís Graça)

Bissau > "Estádio Sarmento Rodrigues"
Bafatá > "Pontre Salazar, sobre o Rio Geba"



Bissau > "O aeroporto de Bissalanca" [, a 10 minutos do centro]



Bissau > "Aldeamento indígena perto de Bissau"






Bissau  > Edifício do Centro de Estudos
Bissau > Laboratório da doença do sono





Homerm fula da região do Boé; Mulher futa-fula do Gabu








Fonte: Excertos de Roteiro do Ultramar, 1958 > pp. 5-10. (Com a devida vénia...)


1. Segunda e última parte da publicação de excertos do livro Roteiro do Ultramar, relativamente à Guiné, que nos foram enviados pelo nosso camarada Santos Oliveira, em 16 de Fevereiro de 2008 sob a forma de imagens digitalizadas (*).  Trata-se de uma publicação da autoria de Manuel Henriques Gonçalves (Lisboa, s.n., 1958, 131 pp. + ilustrações).

Vejam-se alguns dados económicos sobre a província (1952), que funcionava basicamente como um fornecedor de matérias-primas (basicamente produtos agrícolas) para a indústria portuguesa, e com um relação praticamente de monopólio com a CUF - Companhia União Fabril, cujos interesses eram represenatdos a nossa Casa Gouveia. Destaque para as exportações das oleaginosas (amendoím, coconote, óleo de palma)...  Destaque ainda para a  produção de arroz, num  total de 100 mil toneladas, o que significava 200 quilos "per capita". Hoje com o tripo plo da população (c 1,5 milhões), a produção der arroz terá aumentado em menos de 180% (c. 175 mil toneladas).

Outro apontamento que resulta da leitura deste "roteiro" é o fascínio que a Guiné exercia sobre os portugueses, antes da guerra colonial, e de algum modo a sua redescoberta, após a II Guerra Mundial, com o desenvolvimento discreto de Bissau  e o plano de obras públicas do Estado Novo. Paralelamente, é de reter e analisar as "representações sociais" de cada um dos grupos étnicos-linguísticos que compunham a população guineense, e a reprodução (que chegou até aos nosso tempo) dos "estereótipos" que lhe estão associados, e aqui reproduzidos numa citação do melhor Governador-Geral do pós-guerra, Sarmento Rodrigues:  (i) os felupes, "bravios, honestos e sóbrios"; (ii) os balantas, "ladrões sentimentais, trabalhadores foliões e bêbados"  [três atributos] [ou cinco ? ..."ladrões, sentimentais, trabalhadores, foliões e bêbados" ?]; (iii) os bijagós, "cheios de pitoresco"; (iv) os fulas e os mandingas, herdeiros da cultura "árabe"... (LG)

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Nota de L.G.:

Guiné 63/74 - P5491: O Nosso Livro de Visitas (76): Um blogue que é uma lição de vida (Pedro Castanheira, 39 anos, ex-pára-quedista, que serviu na antiga Jugoslávia)


1 Mensagem de  Pedro Castanheira

Assunto: Os páras, o BCP 12  e o blogue

Caro Sr. Luís Graça,

Venho por este meio exprimir a minha admiração e respeito, por este vosso blogue, sobre as vossas vivências na Guiné. Além de estar muito bem escrita e narradas [essas vivências], mostraram-me que a guerra não é só feita de combates e emboscadas, mas também de histórias humanas, de camaradagem e de respeito pelo próximo.

Passo desde já a apresentar-me: sou o Pedro Castanheira, sou um jovem de 39 anos, e servi durante 9 anos com muita honra e orgulho nas tropas pára-quedistas portuguesas e fiz uma comissão de serviço na ex-Jugoslávia, sou estudioso ou  um curioso da guerra colonial portuguesa, em especial do conflito da Guiné, talvez o mais difícil e complexo.

Não pensem com isto que sou um admirador da guerra, mas admiro, sim, os homens que foram obrigados a fazê-la e hoje ninguém os reconhece.

Sr. Luís Graça,  sou um seguidor do blogue, todos os dias o espreito, na ânsia de consumir histórias novas, mas os meus primeiros contactos com a guerra da Guiné foi pelo livro, que tenho do BCP 12 e por ter servido sob o comando de oficiais e sargentos, que fizeram a guerra da Guiné, o meu comandante,  Sr Cor Pára Terras Marques, Sr Cor Pára Saraiva,  meu comandante de batalhão na ex-Jugoslávia e que penso ter sido ferido em combate na Guiné, Sr.Cor Pára Bação Lemos, Sr Sarg Grilo Cardoso.

Mas também [conheci] na antiga base dos páras, em Monsanto, um jardineiro natural da Guiné , de seu nome Pedro Có, que já trabalhava para os páras na Guiné.

Sou um pára-quedista que dá muito valor à vida e que respeita muito o próximo, peço-lhe sr. Luís graça, que continue com este blogue, que é uma lição de vida.

Um Feliz Natal para todos, E QUE NUNCA POR VENCIDOS SE CONHEÇAM.

Pedro Castanheiro

2. Comentário de L.G.:

Os indivíduos, as famílias, as comunidades, as organizações, as empresas, as instituições, os povos e as sociedades (humanas...e não só) precisam de "memória"... Mal de nós se não a cultivarmos, preservarmos, exercitarmos, transmitirmos... A "amnésia", perda de memória e identidade,  leva-nos ao disfuncionamento, à desordem, à desorganização máxima, è entropia, e 'in limine' à morte...  Individual e colectiva...

Este blogue é, também, modestamente um exercício de memória(s) e, nessa medida, é (ou pretende ser) um "lição de vida", como tu próprio afirmas e acentuas... Lição de vida, mas também de liberdade, responsabilidade, verdade e tolerância...

Sem dúvida que o melhor que recebeste da tua formação como pára-quedista foram os valores,  que fazem com que unidades como o BCP 12, na Guiné, não fossem apenas uma simples "máquina de guerra"...

Obrigado pelas tuas referências elogiosas ao nosso blogue, e por seres nosso leitor diário. Ficas convidado a escrever e a publicar uma história que se tenha passado na ex-Jugoslávia, numa das tuas missões de paz.

Agradeço e retribuo os votos de Feliz Natal. Luís Graça

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Nota de L.G.: