quinta-feira, 16 de maio de 2024

Guiné 61/74 - P25533: Os 50 anos do 25 de Abril (22): Do Precedido Ao Sucedido (António Inácio Correia Nogueira, ex-Alf Mil da CCAÇ 16 - CTIG, 1971 e ex-Cap Mil, CMDT da CCAV 3487 / BCAV 3871 - RMA, 1972/74)

Desenho da tomada do Quartel do Carmo, em 25 de Abril de 1974, da autoria do Tomás, um menino do Escola Básica do 1º ciclo de Fala (tem na página no Facebook), freguesia de São Martinho do Bispo e Ribeira de Frades, Coimbra.

1.
 Mais um testemunho do nosso camarada António Inácio Correia Nogueira, Doutor em Ciências Sociais, especialidade em Sociologia, ex-Alf Mil da CCAÇ 16 (CTIG, 1971) e ex-Cap Mil, CMDT da CCAV 3487 / BCAV 3871 (RMA, 1972/74), enviado ao Blog no dia 14 de Maio de 2024:



TESTEMUNHOS

Do Precedido Ao Sucedido

António Inácio Correia Nogueira

Com este artigo darei por já contadas as minhas memórias, estórias e história sobre os 50 anos do 25 de Abril, comemoração que é um privilégio acompanhar, sinal evidente de que ainda ando por cá
.

Vou apresentar-vos os factos o acontecimentos que, na minha modesta opinião, deram safanões, empurrões, encontrões e impulsos para o Estado Novo cair e esboroar-se, quase sem resistência, às mãos dos Capitães de Abril.

1. O primeiro sinal foi dado, tinha eu 15 anos, por Humberto Delgado, o conhecido general sem medo, ao tentar derrubar o regime de Salazar, candidatando-se às eleições presidenciais. Apesar da minha tenra idade, fiquei embasbacado com as muitas centenas de pessoas que correram a aplaudir o homem da oposição, numa cidade interior, periférica, paroquial ao tempo, de muita submissão aos poderosos, – aos senhores doutores, – numa comunidade onde o analfabetismo era reinante nessa data. Apesar da arquitectura social da cidade da Guarda, expiava-se já um descontentamento com o regime. É claro que o General não ganhou, por fraude eleitoral e pelo medo instalado. Mas ficou a primeira semente de contestação, o safanão para que muitos anos mais tarde pudesse haver o 25 de Abril. Depois de 1958, a oposição foi-se arrogando lentamente, havendo diversas acções que estremeceram o regime como, por exemplo, o ataque ao quartel de Beja, o lançamento sobre Lisboa de panfletos contra a ditadura, o assalto à filial do Banco de Portugal da Figueira da Foz e a tomada do paquete Santa Maria, de enormes repercussões internacionais, – para relembrar alguns.

No entanto, só com as eleições legislativas de 1969 se viria a verificar uma radicalização da atitude política, nomeadamente entre as camadas jovens (vejam-se as revoltas estudantis universitárias de 1962 e 1969), que mais se sentiam vitimadas pela continuação da Guerra Colonial. É neste ambiente conturbado que a Acção Revolucionária Armada (ARA) e as Brigadas Revolucionárias (BR) se revelam como uma importante forma de resistência contra o sistema colonial português. Outros agrupamentos políticos começam a irromper plenos de vitalidade, como por exemplo o MRPP, com o lema, “nem mais um soldado para as colónias”. Instalou-se a «guerra à guerra». Também o alinhamento de alguns ramos da finança e negócios, classes médias e movimentos operários começaram a ser um importante ponto de inflexão na contestação à política do regime, principalmente a partir de 1973. Retratado está, de forma sintética, o primeiro safanão no regime.

2. A Guerra Colonial foi o grande motor, que desmoronou a ditadura, deixando-a, ano após ano, em decadência visível e isolamento internacional, apesar da PIDE e da propaganda continuarem a desempenhar o seu papel.

A guerra obrigou dezenas de milhares de jovens a combater em África, anos a fio, exauriu os já poucos quadros profissionais das Forças Armadas, cansados de muitas comissões, e os que ainda não as tinham pouco estavam interessados em vivê-la. Atropelados, sistematicamente, por leis absurdas que lhe retiravam direitos, os capitães do quadro vêem chegar ao seu posto, oficiais oriundos de milicianos, feitos à pressa na Academia Militar (apesar do seu comportamento meritório já provado em combate). Todos estes ditames (e ainda o facto de estarmos em presença de um Exército quase-miliciano, com preparação duvidosa e apressada), capitalizam um movimento corporativo de contestação arrojada, por parte dos futuros Capitães de Abril. Primeiro uma reacção solidária e quase sindical, depois, com o tempo, foi-se forjando, em alguns, uma conscientização política, que incluía o fim da guerra e a descolonização. Segundo solavanco.

3. O terceiro e o mais importante contributo foi a guerra na Guiné. A guerrilha do PAIGC para além do armamento já possuído, foi equipada com mísseis e deitou abaixo aviões da Força Aérea Portuguesa. As nossas tropas deixaram de controlar os céus. O apoio aos aquartelamentos e às operações na mata fracassou. Os ataques persistentes aos quartéis e o abandono de alguns, como o de Guileje, provaram à saciedade que a guerra estava prestes a ser perdida. O PAIGC declarou a independência em pleno território da Guiné. Por todos esses motivos não admira que em 1973 aí nascesse o primeiro núcleo do Movimento dos Capitães. Por lá passaram muitos capitães de Abril, de que me permito salientar Salgueiro Maia e Otelo Saraiva de Carvalho. Todos tinham a convicção plena de que a guerra aí estava perdida. Observaram-na de perto e alguns sentiram-na na pele. Acresce a esse facto a casualidade de terem sido colocados na Guiné muitos milicianos politizados e oriundos das lutas académicas. Esses oficiais, espalhados pelo território, deram oportunidade, através de algumas formas organizativas, a um movimento de milicianos construindo um compromisso ético de acção política permanente cruzando-se com a insurgência exuberante dos jovens oficiais do quadro permanente. Nessa aliança radicaram todos os fundamentos para impor vitoriosamente, sobre obstáculos variados, a recusa da solução neocolonialista (veja-se o livro Guiné: os oficiais milicianos e o 25 de Abril). Terceiro solavanco.

4. De lá se confrontou o regime com veemência. Lá se rascunhou uma espécie de plano alternativo de actuação, caso o 25 de Abril em Lisboa falhasse, com a destituição do Governador e Comandante-Chefe das Forças Armadas da Guiné e o inicio das conversações com o PAIGC para a obtenção da paz. A Guiné, a sua tropa miliciana e do quadro, foram a rectaguarda segura contributiva para o sucesso do 25 de Abril. Solavanco maior.

OBS. - O desenho que acima se apresenta, foi feito e oferecido pelo menino Tomás, após uma sessão por mim efectuada na escola do 1.º ciclo de Fala, a convite da professora Ana Lúcia.

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Notas do editor:

Post anterior de 11 DE MAIO DE 2024 > Guiné 61/74 - P25509: Os 50 anos do 25 de Abril (20): A Força das Músicas e Palavras Que Inspiraram O Meu Ser D´Abril (António Inácio Correia Nogueira, ex-Alf Mil da CCAÇ 16 - CTIG, 1971 e ex-Cap Mil, CMDT da CCAV 3487 / BCAV 3871 - RMA, 1972/74)

Último post da série de 13 DE MAIO DE 2024 > Guiné 61/74 - P25516: Os 50 anos do 25 de Abril (21): Hoje, na RTP1, às 21:01, o 5º episódio da notável série documental, "A Conspiração", do realizador António-Pedro Vasconcelos (1939-2024). Os episódios anteriores estão disponíveis na RTP Play

Guiné 61/74 - P25532: S(C)em Comentários (37): no séc XVI, a língua portuguesa tornou-se a língua-franca de quase todo o Oceano Índico...Para o bem e para o mal, os portugueses fazem parte da própria história de muitos daqueles povos (Fernando de Sousa Ribeiro)



Fernando de Sousa Ribeiro, ex-alf mil at inf,
CCAÇ 3535 / BCAÇ 3880 ( Zemba e 
Ponte do Zádi, Angola, 1972/74);
membro da Tabanca Grande 
desde 11 de novembro de 2018, 
com o nº 780


1. Comentário de Fernando de Sousa Ribeiro  ao poste P25426 (*):


Com a chegada dos portugueses, não foi só o tétum que passou a ter novas palavras. Praticamente todas as línguas do sul e sudeste asiático tiveram essas novas palavras: tailandês, cingalês, vietnamita, malaio, indonésio, japonês, etc. etc. 

Isto é assim porque, no séc XVI, a língua portuguesa tornou-se a língua-franca de quase todo o Oceano Índico. Era a língua que permitia que pessoas falando diferentes idiomas se entendessem entre si nas trocas comerciais ao longo da África Oriental, Arábia, Índia, Birmânia, Malásia, Japão e por aí adiante. 

Desde então, praticamente todos os habitantes do sul e sudeste da Ásia passaram a incorporar palavras portuguesas nas suas línguas, que adaptaram à sua própria pronúncia. Cinco séculos depois, ainda as utilizam: "escola", "sapato", "bandeira", "copo", "mesa", etc. etc.

O tétum oficial de Timor Leste é, de facto, considerado um idioma crioulo. Foi em cima do tétum original, que já ninguém fala, que se desenvolveu o tétum simplificado de hoje. Este é por vezes chamado tétum-praça ou tétum-Díli, certamente porque era uma variante do tétum nascida na praça do mercado de Díli. Veja-se, por exemplo o que diz a este respeito a Wikipedia.

Em português
 
Em mirandês

Nestas coisas linguísticas, uma das referências mais credíveis costuma ser o Ethnologue.

Timor Leste:
 
Guiné-Bissau:
 
Qualquer criança em idade escolar de um qualquer país da Ásia sabe localizar Portugal no mapa. Pode não saber localizar a Suécia ou a Bulgária, mas Portugal sabe. 

Para o bem e para o mal, os portugueses fazem parte da sua própria história. 

O Japão, por exemplo, nunca mais foi o mesmo depois da chegada dos portugueses com as suas armas de fogo; esta chegada marcou o fim do feudalismo no Japão. 

No Sri Lanka, milhões(!) de pessoas possuem apelidos portugueses, como Silva ou Pereira.

 A língua vietnamita é escrita em carateres latinos, por influência dos jesuítas portugueses. 

Nós podemos não saber nada sobre todos estes povos e nações, mas eles sabem sobre nós. Os portugueses não são para eles uns ilustres desconhecidos, seja no Camboja, seja em Taiwan (a que os portugueses chamaram Formosa), seja na Indonésia, seja onde for. (**)


Japão > Museu da cidade de Kobe > Biombo namban (séc. XVI/XVII) > Representação de um caraca portuguesa. A famosa "nau do trato" (os japoneses chamava-lhe  Kurofune, navio negro). 

Imagem do domínio público. (A carraca um tipo de navio utilizado no transporte de mercadorias, concebido pelos portugueses especificamente para as viagens oceânicas. Tinha   velas redondas e borda alta, e possuíam três mastros. Os da carreira da Índia tinham capacidade até  2 mil  toneladas.

Fonte: Wikimedia Commons (com a devida vénia...) 

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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 15 de maio de 2024 > Guiné 61/74 - P25426: Timor-Leste, passado e presente (2): Exorcizando fantasmas da história: reparações... ou reconciliações ?... Apostemos, isso, sim, no ensino e promoção do tétum e do português

(**) Último poste da série >  9 de maio de 2024 > Guiné 61/74 - P25499: S(C)em Comentários (36): Os 50 anos do 25 de Abril foram bem celebrados neste canto do mundo, Timor-Leste , onde quase ninguém fala o português, mas que tem um grande carinho e afeição com os portugueses, com Portugal (Rui Chamuco)

Guiné 61/74 - P25531: A minha ida à guerra (João Moreira, ex-Fur Mil At Cav MA da CCAV 2721, Olossato e Nhacra, 1970/72) (43): HISTÓRIA DA COMPANHIA DE CAVALARIA 2721: Sobreposição à CCAV 3378



"A MINHA IDA À GUERRA"

João Moreira


SOBREPOSIÇÃO À CCAV 3378

No dia 13 de Maio de 1971, chegou ao Olossato a CCAV 3378 para render a minha CCAV 2721.

Era uma companhia comandada por um capitão miliciano, engenheiro agrónomo, que diziam ter sido colega do Amílcar Cabral, com quem se correspondia através de um intermediário em França.

Por estes motivos estavam, ou foram, convencidos de que o Amílcar Cabral ia dar instruções aos guerrilheiros do PAIGC naquela zona para não atacarem esta companhia.

Os graduados, talvez por melhor formação, aceitavam os nossos conselhos, mas os soldados eram irresponsáveis.

Nas saídas que fizeram com o meu grupo de combate, obrigava-os a cumprir as minhas ordens, porque a minha vida e a vida dos meus soldados não podiam correr riscos desnecessários, provocados pela falta de consciência dos periquitos.

Exemplifico:

Em emboscadas noturnas falavam alto, dormiam, ressonavam, fumavam, etc. Não cumprindo as minhas ordens, falava com o graduado deles e levantava a emboscada, porque a nossa presença já estava denunciada.

Evitava andar nas bolanhas. Fazia a progressão 30 a 40 metros dentro da mata de forma a evitar ser surpreendido, mas eles queriam atravessar as bolanhas à balda, sem qualquer tipo de segurança.

Várias vezes avisei os graduados e os soldados que eles a procederem assim, iam ter muitos problemas e sofrer grandes desilusões.
Guiné > Região do Oio > Olossato > 1966 > Vista aérea do aquartelamento, pista de aviação e povoação.
Foto: © Rui Silva (ex-Fur Mil, CCAÇ 816, Bissorã, Olossato, Mansoa, 1965/67).

Entretanto, chegou o dia 31 de Maio e os 1.º e 3.º GComb seguiram para Nhacra, acompanhados por parte do comando e especialistas.

Os 2.º e 4.º GComb só foram para Nhacra no dia 9 de Junho.

Acabámos a comissão e regressámos no dia 28 de Fevereiro de 1972.

Em Março, ao descer a Rua de Sá da Bandeira, no Porto, cruzou-se comigo um indivíduo que me reconheceu e falou.

Era um dos furriéis da CCAV 3378, que nos tinha rendido no Olossato.

Durante a conversa perguntei-lhe como estava a correr a comissão deles e ele respondeu-me que não estava bem. Os soldados iam de G-3, morteiro e bazuca para o refeitório porque os "turras" tinham ido ao arame farpado.

Lembrei-lhe dos "avisos" que lhes tinha feito durante o tempo da sobreposição ao que ele me informou que a partir dessa altura todo o pessoal dizia:
- O furriel Moreira avisou-nos várias vezes que o Amílcar Cabral não ia dar ordem para não atacarem aquela Companhia por ser comandada por um amigo dele. ELE É QUE TINHA RAZÃO.

(continua)

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Nota do editor

Último post da série de 9 DE MAIO DE 2024 > Guiné 61/74 - P25500: A minha ida à guerra (João Moreira, ex-Fur Mil At Cav MA da CCAV 2721, Olossato e Nhacra, 1970/72) (42): HISTÓRIA DA COMPANHIA DE CAVALARIA 2721: Os meus pedidos aos soldados do meu 4.º Grupo de Combate

Guiné 61/74 - P25530: O Cancioneiro da Nossa Guerra (18): CCAÇ 5, Canjadude: (i) o Hino dos Gatos Pretos; (ii) Binóculos de Guerra (José Martins, 1968/70; João Carvalho, 1973/74)


Guiné > Região do Gabu > Canjadude  (carta de Cabuca, 1959, escala 1/50 mil)> CCAÇ 5 (Gatos Pretos) > 1973 > Interior do "Clube de Oficiais e Sargentos de Canjadude"... O ex- fur mil enf João Carvalho, um histórico da nossa Tabanca Grande, é o terceiro a contar da esquerda... No mural, na pintura na parede, pode ler-se: [gato] preto agarra à mão grrr....

Percebe-se que estamos no Rio Corubal com o destacamento de Cheche do lado de cá (margem direita) e... o mítico campo fortitificado de Madina do Boé, do lado de lá (margem esquerda)... Em 24 de setembro de 1973, não em Madina do Boé, na vasta e desertificada região do Boé, junto à fronteira (se não mesmo para lá da fronteira...), o PAIGC proclama "urbi et orbi", numa  "jogada de mestre", a independência unilateral da nova República da Guiné-Bissau: foi um verdadeiro xeque-mate à diplomacia portuguesa...  O aquartelamento de Madina do Boé, como se sabe, foi retirado pelas NT em 6/2/1969 (Op Mabecos Bravios).

Foto: © João Carvalho (2005). Todo os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Caamaradas da Guiné]



Guiné > Zona Leste > Região de Gabu > Canjadude > CCAÇ 5 (1973/74) > O  fur mil enf João Carvalho (1973/74)  junto a ao Morteiro 81 mm: uma arma poderosa, eficaz, mortífera, quando bem manejada, e apontada para as linhas inimigas... O nosso camarada é hoje farmacêutico.

Foto: © João Carvalho (2006). Todo os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Caamaradas da Guiné]



Carta geral da antiga Província da Guiné Portuguesa (1961) (Escala 1/500 mil) > Posições relativas de Nova Lamego, Cabuca, CanjadudeBéli, Ché-Ché (ou Cheche), e Madina do Boé (as duas últimas posições,  na margem esquerda do rio Corubal)

Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2023)



"Canções da Guerra!", um programa de Luís Marinho, que passou todos os dias, desde meados de outubro de 2015, de 2ª a 6ª feira, na Antena Um, às 14h55. Havia mais de meia centena de canções disponíveis "on line" do portal da RTP. Infelizmente já não há...  Os "podcasts" já não estão "on line" *) 


1. Podemos dizer que há um Cancioneiro da Guiné, o Cancioneiro da Nossa Guerra, composto por letras, de diferentes épocas e sítios, que são sobretudo letras de "canções parodiadas", e com músicas conhecidas, da época: tinham um propósito, não tanto de "contestação, resistência e denúncia", como sobretudo de "humor negro" e "resiliência".

Um ou outro de nós, em pequenos grupos, às tantas da noite, já com uns uísques ou cervejas no bucho, éramos capazes de cantar, tocar ou cantalorar "coisas proibídas" ou "censuradas", como era o caso de algumas canções da guerra colonial / guerra do ultramar que foram recuperadas e relembradas no programa do Luís Marinho, na Antena Um, no último trimestre de 2015 (*)...


2. O nosso camarada, amigo e colaborador permanente do nosso blogue, José Martins (ex-fur mil trms, CCAÇ 5, "Gatos Pretos", Canjadude, 1968/70)  [foto à direita ], colaborou com o Luís Marinho no programa "Canções da Guerra", com duas canções do Cancioneiro da Nossa Guerra, o Hino dos Gatos Pretos e Binóculos de Guerra (integradas no Cancioneiro de Canjadude). (**)

O José Martins recordou, na altura, no programa,  o "making of" destas duas canções. 

Da nossa parte, continuamos recuperar e a juntar numa só série, "O Cancioneiro da Nossa Guerra" (***),  os nossos vários "cancioneiros" (Bambadina, Bedanda, Cachil, Canjadude, Empada,  Gadamael, Gandembel,  Mampatá, Xime, etc.,)  dispersos pelo blogue... 


2.1. CANÇÕES DA GUERRA: Programa da Antena Um

Portal da RTP > Antena Um > "Canções da Guerra": programa de rádio, 2015 > Passava todo os dias, de 2ª a 6ª,  na Antena Um, às 14h55, no último trimestre de 2015.. 

Sinopse:

(...) "A guerra colonial, tendo em conta o seu enorme impacto social, foi motivo de canções.

"Desde o hino 'Angola é Nossa', criado após o início da rebelião em Angola, que levou a uma guerra que durou 14 anos.

"As canções ligadas à guerra, falam da vida dos soldados, da saudade da terra, ou criticam de forma mais dissimulada ou mais directa, a própria guerra.

"De 2ª a 6ª feira, às 14h55 na Antena1, ou nesta página, escute as canções da guerra colonial, enquadradas por uma história. Que pode ser a da própria canção, do seu autor ou de um episódio que com ela esteja relacionado.

"Um programa: António Luís Marinho | Produção: Joana Jorge".

Infelizmente já não está disponível "on line".

https://arquivo.pt/wayback/20151117234402/http://www.rtp.pt/play/p1954/e213787/cancoes-de-guerra


2.2.O Hino dos Gatos Pretos | Antena Um, 17 de novembro de 2015.


Sinopse:

No Leste da Guiné, entre Madina do Boé e Gabu, na altura Nova Lamego, estava instalada, em Canjadude, a Companhia de Caçadores 5.

Eram os Gatos Pretos. O ex-furriel José Martins, conta-nos a história desta companhia e também a do seu hino.


2.3. Binóculos de Guerra | Antena Um, 16 de novembro de 2015

Sinopse: 

Num quartel na região leste da Guiné, Canjadude, numa zona de grande atividade da guerrilha do PAIGC, estava uma companhia africana do exército português, a de Caçadores 5.

A maioria dos oficiais e sargentos era oriunda da metrópole e, nas horas de descanso, criavam-se canções.

O ex-furriel José Martins, que esteve na Guiné entre 1968 e 1970, foi um dos autores de algumas destas canções.

Enviou-nos uma delas, Binóculos de Guerra,  e contou-nos também como nasciam …

(Fonte: Media > RTP  > Canções da Guerra... Com a devida vénia)

Infelizmente já não está disponível "on line" o podcast:

https://arquivo.pt/wayback/20151116232440/http://www.rtp.pt/play/p1954/e213611/cancoes-de-guerra


3. Fichas de unidade > CCAÇ 5

Companhia de Caçadores N.o 5
Identificação:  CCaç 5
Crndt: Cap Mil Inf João Alberto de Sá Barros e Silva | Cap Cav José Manuel Marques Pacífico dos Reis | Cap Inf Manuel Ferreira de Oliveira | Cap Inf António José Guerra Gaspar Borges | Cap Inf Arnaldo Carvalhais da Silveira Costeira  | Cap Cav Fernando Gil Figueiredo de Barros | Cap Mil Inf José Manuel de Matos e Silva de Mendonça

Início: 1abr67 (por alteração da anterior designação de 3* CCaç) | Extinção: 20ago74

Síntese da Actividade Operacional

Em 1abr67, foi criada por alteração da anterior designação de 3ª CCaç.

Era uma companhia da guarnição normal do CTIG, constituída por quadros metropolitanos e praças indígenas do recrutamento local. 

Continuou instalada em Nova Lamego, onde detinha a responsabilidade do respetivo subsetor e se integrava no dispositivo e manobra do BCaç 1856, tendo então pelotões destacados em Canjadude, Cabuca e Ché-Ché.

Ficou sucessivamente na dependência dos batalhões que assumiram a responsabilidade do Sector L3.

Em 14Ju168, foi deslocada para Canjadude, no mesmo sector, tendo assumido a responsabilidade do respectivo subsetor, então criado, tendo então um pelotão destacado em Cabuca até meados de fev69 e sendo substituída mais tarde em Nova Lamego, em 9ago68, pela CCaç 2403. 

Por períodos variáveis, destacou ainda pelotões para reforço temporário de outras guarnições, nomeadamente em Nova Lamego, de meados de abr70 a 21nov70, em Buruntuma, de 21nov70 a 18jun70, em reforço do BCav 2922 e de Copá, de 3ljan71 a princípios de mar71 , em reforço do COT1. 

Efectuou diversas operações de que se destaca a captura de 70 granadas de armas pesadas, 10 minas e 650 quilos de munições de armas ligeiras, na região de Siai.

Em 20ago74, após desactivação e entrega do aquartelamento de Canjadude ao PAIGC, foi desactivada e extinta.

Observações - Tem História da Unidade referente ao período de 1jan70 a 3lju173 (Caixa n."
130 - 2ª Div/4ª Sec, do AHM).

Fonte: Excertos de Portugal. Estado-Maior do Exército. Comissão para o Estudo das Campanhas de África, 1961-1974 [CECA] - Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África (1961-1974). 7.º volume: Fichas das Unidades. Tomo II: Guiné. Lisboa: 2002, pág. 629

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(...) O isolamento em que nos encontrávamos, a necessidade de ocupar a mente com algo diferente que não fosse a actividade operacional, a tentativa de encurtar a distância que nos separava da metrópole, o sentido de improvisação e muitas mais razões, levaram a que os militares tomassem como suas as músicas em voga, na época, e lhes dessem nova vida, com factos que lhes estavam mais próximos e, sobretudo, que ajudavam a manter um espírito de corpo.

Os textos das canções ou poemas que se seguem, quando não identificam o autor, devem ser considerados de criação colectiva, pois que, se sempre há quem lance a ideia e lhe dê uma forma inicial, será o conjunto a sancioná-la e a transmitir-lhe a forma definitiva. (...)

(***) Último poste a série > 13 de maio de 2024 > Guiné 61/74 - P25515: O Cancioneiro da Nossa Guerra (17): "Isto é tão bera"! (Letra do sportinguista e "caça-talentos futebolísticos", Aurélio Pereira, música da canção cubana "Guantanamera") (Gabriel Gonçalves, ex-1º cabo cripto, CCAÇ 12, Contuboel e Bambadinca, 1969/71)

Guiné 61/74 - P25529: Parabéns a você (2271): Vasco da Gama, ex-Cap Mil, CMDT da CCAV 8351 (Aldeia Formosa e Cumbijã, 19772/74)

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Nota do editor

Último post da série de 10 DE MAIO DE 2024 > Guiné 61/74 - P25503: Parabéns a você (2270): Henrique Matos, ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52 (Enxalé, 1966/68)

quarta-feira, 15 de maio de 2024

Guiné 61/74 - P25528: Historiografia da presença portuguesa em África (423): João Vicente Sant’Ana Barreto, o primeiro historiador da Guiné portuguesa (2) (Mário Beja Santos)


1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá, Finete e Bambadinca, 1968/70), com data de 7 de Dezembro de 2023:

Queridos amigos,
A narrativa que agora se apresenta corresponde a um período dramático da nossa presença naqueles pontos da costa ocidental africana. O domínio filipino, questão hoje consensual, foi catastrófico para o império ultramarino português e reduziu a presença portuguesa a um enclave, aproximado ao que é hoje a Guiné-Bissau, isto em termos de faixa litoral, a Convenção Luso-Francesa de 12 de maio de 1886, se bem que nos tenha tirado a região do Casamansa, assegurou uma extensão até ao interior, a França acautelou que não tivéssemos acesso ao Futa-Djalon. Em estado de penúria quando se deu a Restauração, D. João IV pretendeu concentrar em Cacheu a área comercial da região, mais tarde cresce a importância de Bissau, mas sempre na presença de concorrentes que pretendiam erradicar a presença portuguesa. Criam-se companhias majestáticas, de pouca duração. É uma época de implantação de praças e praças-feitorias: Cacheu, Farim e Bissau, só mais tarde teremos acesso controlado no rio Geba e no Rio Grande de Buba.

Um abraço do
Mário



João Vicente Sant’Ana Barreto, o primeiro historiador da Guiné portuguesa (2)

Mário Beja Santos

Data de 1938 a História da Guiné, 1418-1918, com prefácio do Coronel Leite Magalhães, antigo governador da Guiné. Barreto foi médico do quadro e durante 12 anos fez serviço na Guiné, fizeram dele cidadão honorário bolamense. Médico, com interesses na Antropologia e obras publicadas sobre doenças tropicais, como adiante se falará.

Barreto expõe detalhadamente as consequências do domínio filipino, tanto no império ultramarino português em geral como no caso da costa ocidental africana em particular, a nossa presença na Senegâmbia apagou-se, ficámos reduzidos ao enclave que virá a ser conhecido como Pequena Senegâmbia. A concorrência, designadamente de holandeses, franceses e ingleses, de um lado, e da presença dos comerciantes espanhóis, por outro, deixou os interesses portugueses em estado crítico. No relatório que o Governador de Cabo Verde, D. Francisco de Moura, dirige a Filipe III, em 1622, refere não só a desorganização administrativa com a presença de todo e qualquer concorrente, como acentua como o comércio espanhol agravava a situação financeira das Praças. Calculava D. Francisco de Moura que nessa época deveriam sair da costa africana cerca de 3 mil escravos em três ou quatro naus castelhanas que iam anualmente à Guiné sem tocarem em Santiago, importando em perto de 100 mil cruzados os prejuízos da Fazenda Real em direitos sonegados. Estes comerciantes contrabandistas podiam, por isso, pagar pelos escravos um preço superior àquele que os negociantes moradores de Cabo Verde podiam oferecer, daí a pobreza e decadência dos interesses da região.

A fundação da capitania de Cacheu começa em 1630. Segundo a narrativa de André Álvares de Almada, a atual povoação de Cacheu principiou a formar-se por volta de 1588. É neste contexto que Barreto faz o reconhecimento da importância do Tratado Breve dos Rios da Guiné: a descrição dos Jalofos, o desmembramento do império do Grão-Jalofo, a chefia da família Budumel, a importância de Goreia, onde se encontravam instalados os mercadores ingleses e franceses, o papel dos lançados, o reino de Ale, povoado dos Barbacins, com a povoação de Joale, mais a sul o reino de Barçalo, habitado por Barbacins, Jalofos e Mandingas, e depois o reino de Cantor, que é um reino dos Mandingas entre Casamansa e Geba, os Bijagós, Biafadas e Nalus, e a viagem até à Serra Leoa, obra que culmina com um voto: “Permita Deus que em dias de Sua Majestade, El-Rei D. Filipe, vejamos esta terra povoada de cristãos.”

Passamos agora para o capítulo 4.º, o período que sucede à Restauração de 1640. Barreto volta a recordar que os 60 anos da dominação filipina levaram a Holanda e a Inglaterra a apossar-se do Império português do Oriente, de Ormuz a Malaca, deixando-nos apenas alguns pontos de apoio na costa ocidental da Índia. No Atlântico, os holandeses haviam tomado os fortes de Arguim, Goreia, Mina, S. Tomé, Luanda, Congo e alguns pontos do Brasil. O domínio português na Costa da Guiné, que no reinado de S. Sebastião se estendia desde o Cabo Branco até à Costa da Mina, estava reduzido, em 1640, à estreita faixa compreendida entre os rios de Casamansa e Bolola.

A situação comercial e financeira da Guiné, insista-se, era catastrófica, os mercadores castelhanos e estrangeiros tinham criado a indisciplina e a anarquia, recorde-se que o carregamento de escravos se fazia diretamente da Guiné para a América Espanhola. Para remediar o mal e acudir à quebra de rendimentos, procurou-se estabelecer relações entre a Guiné e o Brasil, desviando para Pernambuco os carregamentos que até ali seguiam de preferência para Antilhas.

O capítulo 5.º marca as iniciativas da Restauração. D. João IV mandou construir a fortaleza de Cacheu, encarregando Gonçalo Gamboa Ayala, que teve carta de Capitão-mor em 16 de julho de 1641. Iria começar a relativa autonomia da Guiné com a construção desta fortaleza, onde se vão sucedendo peripécias de toda a ordem, desde sublevações a ataques dos povos vizinhos. Os interesses espanhóis tudo fizeram para que a fortaleza lhes caísse nas mãos, mas a revolta foi sufocada. Criou-se um imposto especial para os navios que negociavam com as Antilhas, e em 1642 foi franqueado o comércio na Guiné aos cabo-verdianos.

Com o intuito de evangelização, saiu de Portugal a missão composta pelos padres Baltasar Barreira, Manuel Fernandes e dois auxiliares; Fernandes faleceu um mês depois e foi substituído em Santiago pelo padre Manuel de Barros. Segundo informa André Álvares de Almada, por volta de 1590 fazia-se em Cacheu cerca de 700 confissões na época da Quaresma. Vê-se perfeitamente que João Barreto leu a Relação anual das coisas que fizeram os padres da Companhia de Jesus, pelo padre Fernão Guerreiro. A propósito das feitorias no rio de Buba, Barreto refere o escrito Descripção da Guiné, por Francisco de Azevedo Coelho, datado de 1669, observando que se trata de uma das descrições mais antigas sobre os estabelecimentos portugueses no continente africano. Este Francisco de Azevedo Coelho é o mesmo Francisco Lemos Coelho de que noutro espaço já se fez referência, foi estudado por Damião Peres, e é sem dúvida alguma uma das figuras de referência da literatura de viagens do século XVII. Em 1676, foi estabelecida a Companhia de Cacheu, possuía um caráter majestático. Por contrato régio, a Companhia obrigava-se a completar as obras da fortaleza de Cacheu, a contrapartida era adquirir o exclusivo da navegação e comércio da Guiné. Barreto fala seguidamente das insubordinações de régulos contra Cacheu, a praça defendeu-se e os régulos acabaram por pedir a paz.

Entretanto, outros portos da colónia, como Bissau, tomaram certo incremento, ao mesmo tempo que as companhias privilegiadas francesas e inglesas ameaçavam invadir a estreita zona que ainda se conservava na posse de Portugal. E o autor faz um breve resumo da evolução da política de França e Inglaterra na África Ocidental. No caso inglês, Isabel I concedeu autorização para explorar a região situada ao sul do rio Nuno até à Serra Leoa, aqui se formou uma feitoria. Jaime I concedeu carta a uma nova sociedade denominada Os Aventureiros de Londres, estabeleceram-se na foz do rio Gâmbia, mas foi empresa de pouca duração. Achando desocupada a região da Gâmbia, os holandeses, que se encontravam na Goreia, fundaram ali as suas feitorias, de onde foram expulsos pelos ingleses em 1661. A circunstância foi aproveitada pela Companhia Francesa que trato de estabelecer várias sucursais ao longo do rio. Depois do Tratado de Utrecht, a Grã-Bretanha consolidou a posse da Serra Leoa. Em 1758, os ingleses expulsaram os franceses dos fortes de S. Luíz e Goreia. Barreto faz também uma relação sobre as colónias francesas e holandesas, bem como as vicissitudes que impenderam sob o Castelo de Arguim, que andou por várias mãos até ficar na posse da França, em 1724.

Aqui se inicia o capítulo 6.º, onde se destaca a capitania de Bissau. Por volta de 1685, o porto de Bissau era um centro comercial de relativa importância, por onde começavam a convergir os produtos agrícolas e escravos do interior das povoações situadas ao longo do rio Geba e ainda algumas das ilhas dos Bijagós. A Companhia do Senegal mandou empregados para Bissau, tal era a importância dos negócios. Na época formou-se a segunda Companhia de Cacheu com o nome de Companhia de Cacheu e Cabo-Verde. No final do século XVII, surge a primeira fortaleza de Bissau.

(continua)

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Nota do editor

Último post da série de 8 DE MAIO DE 2024 > Guiné 61/74 - P25496: Historiografia da presença portuguesa em África (422): João Vicente Sant’Ana Barreto, o primeiro historiador da Guiné portuguesa (1) (Mário Beja Santos)

Guiné 61/74 - P25527: Efemérides (437): Convite para a participação na cerimónia do Dia do Combatente Limiano, a realizar no dia 10 de Junho de 2024, em Ponte de Lima


1. Mensagem do Núcleo de Ponte de Lima da Liga dos Combatentes, enviada ao Blog para conhecimento:

Exmo. Senhor,
O Dia do Combatente Limiano foi aprovado pela Assembleia Municipal de Ponte de Lima cuja efeméride deverá acontecer a cada dia 10 de junho.

Assim, encarrega-me o Exmo. Presidente da Direção Central da Liga dos Combatentes, Tenente-General Joaquim Chito Rodrigues, de:

1. Enviar a V. Exa. o Convite anexo.
2. Enviar o Cartaz anexo para o qual solicita a melhor divulgação.

Considerarmos tratar-se de uma justa e muito meritosa homenagem aos Antigos Combatentes por o seu reconhecimento estar ainda muito aquém daquilo que seriam as suas aspirações, quando estamos a atravessar o marco histórico dos 50 anos do 25 de Abril.

Atentamente,
O Presidente do Núcleo de Ponte de Lima da Liga dos Combatentes.
Manuel Oliveira Pereira (dr)

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Nota do editor

Último post da série de 12 DE MAIO DE 2024 > Guiné 61/74 - P25514: Efemérides (436): Homenagem aos Combatentes da Guerra do Ultramar da Freguesia de São Romão de Aregos - Concelho de Resende (Fátima's)

Guiné 61/74 - P25426: Timor-Leste, passado e presente (2): Exorcizando fantasmas da história: reparações... ou reconciliações ?... Apostemos, isso, sim, no ensino e promoção do tétum e do português



Mendes, Manuel Patrício, e Laranjeira, Manuel Mendes (1935). Dicionário Tétum-Português. Macau: N.T. Fernandes & Filhos. (Disponível em formato digital na BNP - Biblioteca Nacional de Portugal.)


1. Não foi por acaso que os indonésios do ditador Suharto proibiram, após a invasão e a ocupação de Timor-Leste, em 7 de dezembro de 1975, seguida de genocídio até 1998, tentaram banir as línguas portuguesa e tétum, fortemente ligadas à identidade do povo de Timor Lorosa'e. Vinte e dois anos após a independência da República Democrática de Timor-Leste, tanto o português como o tétum estão longe de ser faladas por toda a gente...


O tétum é a língua nacional e cooficial de Timor-Leste, a par do português. Não é uma língua crioula (como o cabo-verdiano, por exemplo), é uma língua austronésia com muitas palavras derivadas do português e do malaio. Em 1981, a Igreja católica adotou, corajosamente, o tétum-praça, língua franca,  como língua da liturgia, em detrimento da língua indonésia. E esse facto foi relevante para o reforço da identidade cultural e nacional dos timorenses e da sua determinação para se tornarem livres e independentes.

Nós, portugueses, temos a obrigação histórica de dar o máximo apoio ao ensino e à promoção das duas línguas oficiais de Timor-Leste. E, por outro lado, temos de estar gratos aos missionários católicos que se interessaram, desde cedo, pelo ensino e divulgação das duas línguas, na época colonial.

Recordamos hoje o trabalho de dois missionários católicos, Mendes, Manuel Patrício, e Laranjeira, Manuel Mendes, "Dicionário Tétum-Português". Macau: N.T. Fernandes & Filhos, 1935.


2. Excerto do prólogo:

(...) "Em 1915, sendo eu missionário de Suro, numa das visitas do Superior, o Rev. Pe. João Lopes, àquela missão, mostrei-lhe uns apontamentos que eu tinha feito sobre o tétum.

Neles tinha catalogado e disposto alfabeticamente todas as palavras que encontrara nos livros em tétum publicados até então, e várias outras que aprendera diretamente dos indígenas. Eram um pouco menos de mil.

Acompanhava o Superior o Rev. Pe. Manuel Mendes Laranjeira, que, na sua missão de Alas, começara também a organizar um dicionário tétum-portuguès, cuja necessidade todos nós, os que dirigíamos escolas em Timor, de há muito reconhecíamos.

Por alvitre do Rev. Superior, resolvemos—o Pe. Laranjeira e eu—concluir cada um os trabalhos que começara e revê-los depois juntos, perante uma comissão de naturais das regiões onde o tétum se fala, fundindo-os numa obra só, que assim ficaria mais completa.

Foi esta a origem do presente dicionário que só hoje, uns vinte anos depois, pôde ver a luz da publicidade.

Logo que demos os trabalhos por concluídos, reunimo-nos na Missão Central de Soibada perante uma comissão formada por naturais de Dili, Viqueque, Luca, Lacluta, Barique, Samoro, Bubusspço e Alas, e demos começo à revisão que foi bem mais longa e laboriosa do que supúnhamos.

Durante mais de dois meses ali estivemos, trabalhando umas dez horas por dia, todos entregues à fatigante tarefa de corrigir palavras e significações; antes que julgássemos capaz de apresentar ao público este trabalho, onde se encontram estudadas umas oito mil palavras.

Este dicionário destina-se sobretudo às escolas de Timor, onde o ensino é ministrado em português, aos missionários e aos portugueses que trabalham naquela colónia, onde o saber tétum é uma necessidade. Mas os estudiosos dos costumes e modo de vida indígena encontrarão nele grande cópia de conhecimentos; pois a explicação do sentido de muitas palavras seria impossível sem a explicação dos costumes com que se relacionam.

Ninguém se admire dos frequentes circunlóquios e significações que parecerão à primeira vista difusas demais.

A indole do tétum é tão diferente da do português que, na maioria dos casos, tais divagações são indispensáveis para dar uma ideia do termo.

Àqueles que julgam que só é 'bom tétum' o que eles conhecem ou o que se fala nas regiões onde habitam, lembro-lhes que esta língua varia muito de região para região e que não há bases nenhumas que nos autorizem a considerar mais pura e legítima uma palavra usada num sítio do que a sua correspondente usada noutro onde também se fale tétum". (...)


3. Não sabemos se este é o primeiro dicionário de Tétum-Português, obra de missionários católicos e não de linguistas, o que também dá uma ideia das dificuldades que a administração portuguesa deste pequeno e longínquo território sempre teve de enfrentar (bem como das suas debilidades, a começar pela falta de escolas e de professores).

Sobre a "situação linguística" de Timor -Leste leia-se esta artigo, embora já muito datado (2007):

'Português, tétum ou tetuguês
A política da língua em Timor-Leste
Por Paulo Moura  7 mai. 2007  8K'

in Ciberdúvidas da Língua Portuguesa, https://ciberduvidas.iscte-iul.pt/artigos/rubricas/idioma/portugues-tetum-ou-tetugues/1178 [consultado em 27-04-2024]

4. A título de mera curiosidade, selecionamos  algumas das palavras do tétum que, segundo Mendes e Laranjeira (1935), foram "importadas" do português... Hoje há muito mais vocábulos de origem portuguesa, ligados à(s) ciência(s),  à tecnologia, à política, à economia, à sociologia, etc.: basta ver o sítio do Governo de Timor-Leste (em tétum, português e inglês)... A começar pela saudação: Benvindu ba portal online Governu Timor-Leste ni-nian! 


Excertos do dicionário de tétum-português (Mendes e Laranjeira, 1935): de D a O


dindún, s. Corrupção da palavra portuguesa jejum.

dor, Partícula que se pospõe a alguns verbos indicando o hábito de praticar uma acção; ex. halimar dor, brincalhão; futu manu dor, jogador de galo, etc. Do sufixo português dor; (t. h.) arrastar; empurrar.
 
Dúan, s. pr. Corrupção do nome português João.

kintál, kintár, s. Quintal, pequena horta; do português.

lanpían, lànpo, lanbían, lànbo, s. Candeeiro, lanterna, lampião; do português.

lélan, lelàn, v. Confiscar, pôr em leilão; s. leilão; do português,

lénçu, s. Lenço; do português.

leterós, s. Cabas leterós, fio de seda, retrós; do português.

letráto, s. Retrato, fotografia; do português.

libur, libru, s. Livro; do português.

licénça, s. Licença, permissão, autorização; do portuguès.
 
limar, s. Lima, grosa; v. limar, desgastar com lima; do
português.

limaránça, s. Lembrança, presente ; do português.

lina, s. Linha; do português.

loirado, adj. Doirado, cor de oiro; do português.

lútu, s. Luto, o m. q. dóon; do português.

máca, v. Mancar, cansar, fraquejar (sobretudo falando de cavalos); do português.
 
macarau, s. Macarrão; nuu macaráu, côco de amêndoa solta e enxuta; do português.
 
Macau, s. pr. Macau; adj. de Macau, estrangeiro, que não é natural ou originário de Timor; sin. malae.

mácic, conj. Ainda que, apesar de, por mais que; o m. q. mdski; do português.
 
máis, conj. Mas, porém; do português.

maki, makin, vs. Máquina; máquina de coser; do português.

mala, s. Ró ahi-mala, mala, navio de correio; do português.

maláe, s. Estrangeiro, pessoa que não pertence à raça parda ou malaia; malae mutin, branco, europeu, português; malae sina, chinês; malae metan, africano, holandês; adj. estrangeiro, importado, que não é nativo; cf. timur.

malíçan, malícen, maliçan, s. Maldição, anátema; do português.

mangaçán, s. (Dili) Mangação, troça; v. troçar, escarnecer; do português.

marac, s. Marca, sinal (nos cavalos etc.); do português.
 
más, mais, conj. Mas, porém; do português.

meias, s. Meias, peúgas ; qualquer tecido de malha; jaru meias, camisola de malha; do português.

méla, v. (Dili) Adoçar (com mel ou açúcar): do português.
 
ménos, v. Ser menos, valer menos, escassear, diminuir, começar a faltar ou rarear; oçan menos ona, o dinheiro começa a faltar; do português.

mésa, s. Mesa, banca; do português.

mestre, s. Professor, mestre; antiga dignidade entre os indígenas; do português.
 
missa, s. Missa, o santo sacrifício instituído por Nosso Senhor Jesus Cristo; do português.

módu, adj. Bonito, belo, bom; s. o m. q. modun.

môdun, s. Maneiras, modos, acções, costumes; ema modun di'ac, pessoa de bons modos ou pessoa de bons costumes; do
português.

mór, v. (Banque Samoro) Morar, habitar; sin. tur; do português.

morador, s. Soldado indígena de 2ª linha em Timor.

mulátu, adj. Fuuc mulatu, cabelo crespo ou, ondeado, carapinha; do português.
 
multa, v. Multar; s. multa; do português.

muníçan ou muniçán  s. Chumbo de caça (em grãos); do português.

mútin, mútic, adj. Branco, alvo; ulu-mutin, variedade de pombo de cabeça branca; malae mutin, português, europeu.
 
nacbára, v. Parar, amainar (a chuva etc.); do português parar.
 
Natal, s. Natal, dia ou festa do Natal (a 25 de Dezembro);
do português.
 
nauái, s. Navalha de barba; do português.
 
néen, adv. neg. Nem; néen ida, nem um, nenhum; do português.

nóbas, s. Nova, novidade, noticia; do português.
 
nôna (ai), s. Anona (árvore e fruto); do português.
 
númur, númir, s. Número; do português.
 
obedece, v. Obedecer; do português; sin. halo tuir.
 
obras, s. Obras (trabalhos de ourivesaria fina); do português.

obriga, v. Obrigar, coagir, forçar; do português.

obrigaçán, s. Obrigação, dever; do português.

obrigádu, adj. Obrigado, reconhecido, grato: do português.

ócul, ócur, s. Óculo, binóculo, luneta; do português,

oficial, oficiar, s. Oficial, chefe indígena nomeado oficial de 2ª. linha; do português.

ôudi, v. Odiar; o m. q. ódi, do português.

Observ. t.h. = variante do tétum falado na parte holandesa (ou neerlandesa)...

(Seleção, revisão / fixação de texto, negritos: LG) (Atenção: não somos linguistas nem estamos a seguir a ortografia oficial do tétum)

(Continua)
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Guiné 61/74 - P25525: Convívios (996): 56º convívio da Magnífica Tabanca da Linha, Algés, 5ª feira, 23 de maio de 2024: inscrições precisam-se!... Já temos 36 e alguns vêm de longe, como o Paulo Santiago, de Águeda (Manuel Resende)


A Magnífica Tabanca da Linha  > Página do Facebook




Lista provisória de inscritos


1. Mensagem de Manuel Resende, régulo da Tabanca da Linha:

Data - terça, 14/05/2024, 23:52 

Assunto - 56º Convívio da Magnífica Tabanca da Linha

Caro amigo Luís, estou a organizar o 56º Convívio da Magnífica Tabanca da Linha, que será no próximo dia 23, já programado há muito tempo, como sabes.

Faltam cerca de 8 dias, e temos 35 inscritos, sei que mais alguns se irão inscrever.

Se quiseres pôr aí uma lembrança no teu blog, agradeço. Estou a contar convosco. Está tudo no Facebook. Abraço

2. 56º CONVÍVIO DA MAGNÍFICA TABANCA DA LINHA

Data - 23-05-2024
Local - Restaurante Caravela de Ouro  (Algés)
Morada: Alameda Hermano Patrone, 1495 Algés 
Telefone: 214 118 350
Estacionamento em frente tem sistema de "Via Verde Estacionar"

Inscrições até ao dia 20 de maio de 2024
(Atendemos os esquecidos até às 12 horas do dia 21)

Inscrições:

Manuel Resende: Tel - 919 458 210
manuel.resende8@gmail.com
magnificatabancadalinha2@gmail.com

dizendo "vou" ao convite no nosso grupo no Facebook
Estarei atento ao grupo do Whatsapp para quem se inscrever aqui.
Agradeço não digam “talvez”. Respondam "SIM" ou não digam nada.
(só me interessa os que podem vir - Somos cerca de 300)

***
Começamos com aperitivos e entradas às 12,30 horas
O almoço será servido às 13 horas.
Peço que tragam a quantia certa para evitar trocos (25 Euros). Ajudem os organizadores.
Quem pagar por Multibanco, pague no Rés-do-Chão e, ao entrar para a sala, apresente o duplicado.

+ + + E M E N T A + + +

APERITIVOS DIVERSOS

Bolinhos de bacalhau - Croquetes de vitela - Rissóis de camarão - Tapas de queijo e presunto
Martini tinto e branco - Porto seco - Moscatel.
SOPAS
Canja de galinha ou
Creme de Marisco

PRATO PRINCIPAL
Lombinhos de pescada com arroz de marisco

SOBREMESA
Salada de fruta ou Pudim
Café

BEBIDAS INCLUIDAS
Vinho branco e tinto “Ladeiras de Santa Comba" ou outro
Águas - Sumos - Cerveja

PREÇO POR PESSOA ... 25.00€
(Crianças dos 5 aos 10 anos se aparecerem, pagam metade)
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Nota do editor:

Último poste da série > 14 de maio de 2024 > Guiné 61/74 - P25523: Convívios (995): Rescaldo do 36.º Convívio da 35.ª CComandos, realizado no passado dia 11 de Maio de 2024, no Luso (Ramiro Jesus, ex-Fur Mil CMD)

Guiné 61/74 - P25524: Tabanca Grande (557): José Cuidado da Silva, ex-sold at inf, CCAÇ 2381(Buba, Quebo, Mampatá e Empada, 1968/70) : senta-se à sombra do nosso poilão, no lugar nº 887


Guiné > s/l > c. 1968/70 > CCAÇ 2381 ((Buba, Quebo, Mampatá e Empada, 1968/70) > Da esquerda para a direita: O "Calhordas", o Furriel José Manuel Silva,  Furriel José Manuel Samouco e o Zé da Silva (como era conhecido o José Cuidado da Silva)


Guiné > s/l > c. 1968/70 > CCAÇ 2381 ((Buba, Quebo, Mampatá e Empada, 1968/70) > 
O Alferes Magro e o Furriel Samouco, ao centro da foto, ladeados por praças do 3.º Pelotão. À direita o Zé da Silva

Foto recente do José Cuidado da Silva, tirada no último convívio convívio anual da CCÇ 2381, em 2024, em Fátima





Dois excertos do "Diário", manuscrito, do José Cuidado da Silva (*)

Fotos (e legendas): © José Teixeira (2024). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


 1. Pela mão do José Teixeira, ex-1.º cabo aux enf da CCAÇ 2381 (Buba, Quebo, Mampatá e Empada, 1968/70), chegou até ao nosso blogue (e, agora, à nossa Tabanca Grande)  o “Diário”, em verso e em prosa, do seu camarada "Maiorial" José Cuidado da Silva.

Escreveu o José Teixeira, ao apresentar o seu camarada:

(...) "Eu, que fui uma das últimas peças a 'encaixar' na Companhia, só me apercebi do José Silva em Ingoré. Aparentemente muito ingénuo, mas bem-educado e respeitador. Eu era 'o nosso cabo enfermeiro',  tratado por você, a quem foi pedir comprimidos para dores de cabeça. 

"Só muito mais tarde, já em Buba, voltamos ao convívio, quando me juntei ao grosso da Companhia e nos aproximamos nas saídas para a estrada e colunas. A sua forma de se expressar em voz alta escondia um jovem sensível, educado, que pensava, mas não expressava o seu pensamento. Muito disponível e cumpridor de ordens, segundo afirma o furriel J. M. Samouco. Um militar que nunca deu problemas, mas era marcadamente uma 'peça+ típica pela forma 'atabalhoada' de falar e sujeita a ser gozada pelos camaradas, pelo que precisava de especial atenção." (...) (*)

Seguindo a nossa sugestão, o Zé Teixeira, apressou-se a responder que apadrinhava "com todo o gosto a entrada do Zé Silva para Tabanca Grande:

(...) " Ele é a prova provada de toda a gente servia de carne para canhão. Felizmente foi integrado num grupo de combate em que o seu responsável direto, soube acolher e proteger, " (...)

Por outro lado ,informou-nos que "o nosso José Cuidado da Silva encontrou uma mulher, como ele, mas de armas. Totalmente dedicada ao Zé, continua a cuidar dele com todo o carinho, e como sabe da dedicação que ele tem aos camaradas, é ela que faz das tripas coração e todos os anos o traz ao convívio. Merece a minha mais profunda admiração." (...)

2. Comentário do nosso editor LG:

(...) "Zé Teixeira, é um escrita simples, escorreita, quase telegráfica, mas genuína, castiça, e diz muito sobre o historial dos Maioriais por aquelas terras do Forreá e de Tombali, com o inferno das mina, das emboscadas, dos ataques ao quartéis e tabancas... Há muito que não se falava aqui de Gandembel, por exemplo!...

Haverá mais pequenos diários destes para aí escondidos ou perdidos. Alguns dos nossos camaradas poderão até ter pudor em mostrá-los, pensando que não são "escritores"... Mas o o nosso José Cuidado da Silva, tem expressões originais, como esta: "Daí em diante viemos nas viaturas a cavalo, bem descansados da nossa vida"... Ou: "Estava um bombardeiro em Aldeia Formosa, de aonde levantou voo, e foi ter com a gente (sic), ainda nos encontrávamos debaixo de fogo"... "Tivemos um tarde de festa" (sic)... "Um condutor da minha companhia pôs o pé em cima que ficou com o pé todo escavacado (Sic)"...

Enfim, são documentos da nossa guerra, é importante que surjam à luz do dia e sejam partilhados num blogue como o nosso. (É para isso que ele serve.) (...)


O José Cuidado da Silva merece,pois,  ter honras de Tabanca Grande, figurando ao  lado do Zé Teixeiro e de outros Maiorais, como Samouco, o Zé Belo, etc... 

Está apresentado à Tabanca Grande, e mesmo sabendo que ele não tem endereço de email, o Zé Teixeira empresta o dele.   Passa a sentar-se à sombra do nosso poilão, no lugar nº 887 (**)

Um alfabravo fraterno para ele. 

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(**) Último poste da série > 10 de maio de  2024 > Guiné 61/74 - P25502: Tabanca Grande (556): o malae Rui Chamusco, cofundador e líder histórico da ASTIL - Associação dos Amigos Solidários com Timor-Leste, passa a sentar-se à sombra do nosso poilão, no lugar nº 886

terça-feira, 14 de maio de 2024

Guiné 61/74 - P25523: Convívios (995): Rescaldo do 36.º Convívio da 35.ª CComandos, realizado no passado dia 11 de Maio de 2024, no Luso (Ramiro Jesus, ex-Fur Mil CMD)


1. Mensagem do nosso camarada Ramiro Jesus (ex-Fur Mil Comando da 35.ª CComandos, Teixeira Pinto, Bula e Bissau, 1971/73), com data de 13 de Maio de 2024:

Boa tarde
Realizado, no Luso, no passado sábado - 11 de Maio de 2024 -, mais um convívio da minha Companhia, o 36.º

Junto envio imagem das "tropas em parada", ouvindo a leitura do Código Comando e a evocação, um por um e por ordem alfabética, dos nomes daqueles que já terminaram a comissão e que já são - de que tenhamos conhecimento - 37 (trinta e sete), dos 193 embarcados em Lisboa, a 24/11/1971, mas aos quais foi garantido que continuavam presentes.
Compareceram 43 elementos mais as viúvas de outros dois, o que, com os familiares, deu um total de 112 pessoas.

Cordiais saudações!
Ramiro Jesus

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Nota do editor

Último post da série de 14 DE MAIO DE 2024 > Guiné 61/74 - P25522: Convívios (994): Rescaldo do XXXIII Encontro da CCAÇ 2382, levado a efeito no passado dia 11 de Maio de 2024, em Alferrarede (Alberto Sousa e Silva, ex-Soldado TRMS)

Guiné 61/74 - P25522: Convívios (994): Rescaldo do XXXIII Encontro da CCAÇ 2382, levado a efeito no passado dia 11 de Maio de 2024, em Alferrarede (Alberto Sousa e Silva, ex-Soldado TRMS)


1. Mensagem do nosso camarada Alberto Sousa e Silva, ex-Soldado TRMS da CCAÇ 2382 (Aldeia Formosa, Contabane, Mampatá e Buba, 1968/70), com data de 12 de Maio de 2024:


XXXI Encontro/Convívio da CCAÇ 2382 - Guiné, 1968/1970

No passado sábado, dia 11/05/2024, foi realizado o convívio anual dos sobreviventes desta Companhia, acompanhdos dos seus familiares.

A concentração foi às 10 horas junto do antigo RI 2, com visita guiada à Unidade, que no dia 01/05/1968 nos viu partir para a Guiné.

O toque para o rancho foi às 13 horas no Restaurante Quinta das Oliveiras – em Alferrarede.

Um dos organizadores tomou a palavra para agradecer a nossa presença e fez a leitura do expediente, nomedamente a salientar algumas faltas por a correspondência ser devolvida, devido a alteração das moradas.

Depois de saboreada a ementa, que a todos agradou e de se ter recordado algumas passagens do tempo na Guiné, que é a razão destes convivios, procedeu-se à escolha do novo organizador para o próximo encontro que coube ao colega Coelho (Transmissões) a realizar em Fernão Ferro.

Feitas as despedidas, que todos tenham tido uma boa viagem para as suas residências e para alguns, até ao próximo pela diversidade de localidades.


Renovo o meu abraço para todos os colegas.
Silva (Transmissões)
V. N. Famalicão

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Nota do editor

Último poste da série de 14 de Maio de 2024 > Guiné 61/74 - P25521: Convívios (993): Rescaldo do 39.º Encontro Nacional dos ex-Oficiais, Sargentos e Praças do BENG 447 /Brá, levado a efeito no passado dia 11 de Maio de 2024 nas Caldas da Rainha (João Rodrigues Lobo)