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quarta-feira, 20 de novembro de 2019

Guiné 61/74 - P20365: Álbum fotográfico de Domingos Robalo, ex-fur mil art, BAC 1 / GAC 7 (Bissau e Fulacunda, 1969/71) - Parte I


Foto nº 1


Foto nº 2


Foto nº 3


Foto nº 4


Foto nº 5


Foto nº 6


Foto nº 7


Foto nº 8


Fotos (e legenda): © Domingos Robalo (2019). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Tabanca da Linha > Domingos Robalo.
Foto de Manuel Resende (2019)
1. Fotos do álbum de Domingos Robalo,  ex-fur mil art, BAC 1 / GAC 7, Bissau, 1969/71; comandante do 22º Pel Art, em Fulacunda;  

[, Foto à direita: Domingos Robalo:

(i) tem página no Facebook desde março de 2009 e administra também o grupo Artilharia de Campanha na Guiné-BAC1/-GAC7;

(ii) vive em Almada, está ligado à Universidade Sénior Dom Sancho I, de Almada, onde faz voluntariado, desde julho de 2013, como professor da disciplina de "Cultura e Arte Naval";

(iii) trabalhou na Lisnave; é praticante de golfe;

(iv) e passou a integrar a Tabanca Grande, com o nº 795, desde 21 de setembro último]


Legendas das fotos acima publicadas (*)


(...) A minha mobilização para a Guiné ocorrera para cumprir uma rendição individual de um militar que não teve oportunidade de chegar ao fim. Ia substituir o furriel miliciano Batista [, António da Conceição Dias Baptista, natural de Murtal, São Domingos de Rana, Cascais ], que infelizmente não terminara a sua comissão no tempo normal. No dia 14 de fevereiro de 1969, morre heroicamente ao lado do seu Comandante de pelotão, o alferes Gonçalves [, José Manuel de Araújo Gonçalves, natural de Lisboa], São vítimas de um ataque IN no aquartelamento de Guileje.

(...) A sete de maio de 1969, embarco no “Niassa” com destino a Bissau (Fotos nº 1 e 2].

(...) Ao fim da manhã do dia 12 de maio, o navio “Niassa” está ao largo de Varela, aguardando a ida a bordo da Autoridade Marítima. Ao fim da tarde do mesmo dia está a acostar ao cais de Bissau.

(...) Sou dos últimos militares a desembarcar, por ser de rendição individual e por o meu destino ser o quartel da BAC 1 [Bataria de Artilharia de Campanha nº1, sediada junto ao QG (Quartel General)]. [Fotos 3, 4 e 5]

(...) Chego finalmente ao aquartelamento da BAC1, onde me espera um quarto com cama feita.
Sou recebido por Furriéis e Sargentos e Oficiais que me aguardavam com amizade e simpatia. Ainda hoje me encontro com alguns desses meus camaradas, o Mendes, o Glória, o Faro, o Chaves, o Correia, o Mendes de Almeida e outros tantos, e até o meu Comandante, à altura o Capitão M. Soares.

(...) Durante cerca de quatro meses permaneci em Bissau [, na BAC 1], participando nas “escolas de recrutas” que era levada a efeito com soldados do recrutamento da Província. [Fotos nºs 6. 7 e 8]

(Continua)

____________

Nota do editor:
Vd. postes de :


3 de outubro de 2019 > Guiné 61/74 - P20202: Recordações e desabafos de um artilheiro (Domingos Robalo, fur mil art, BAC 1 / GAC 7, Bissau, 1969/71) - Parte II: recruta no RI 5, Caldas da Rainha, na 5ª companhia, comandada pelo ten inf Vasco Lourenço


9 de outubro de 2019 > Guiné 61/74 - P20222: Recordações e desabafos de um artilheiro (Domingos Robalo, fur mil art, BAC 1 /GAC 7, Bissau, 1969/71) - Parte IV: Depois de 4 meses a dar formação de artilharia de campanha, a graduados de pelotões de morteiro, sou colocado em Fulacunda, a comandar o 22º Pel Art

terça-feira, 19 de novembro de 2019

Guiné 61/74 - P20364: Recordações e desabafos de um artilheiro (Domingos Robalo, fur mil art, BAC 1 /GAC 7, Bissau, 1969/71) - IX (e última) Parte: Nunca mais esquecerei aquele abraço, num lojeca em Bissau, antes do meu regresso a casa, daquele negro de Fulacunda, o Eusébio, suspeito de colaborar com o IN, e a quem poderei ter salvo a vida...



Guiné > Região de Quínara > Fulacunda >  22º Pel Art (Fulacunda, 1969/71) > "Eu e o Eusébio" [, um antigo milícia, suspeito de colaborar com o IN)

Foto (e legenda): © Domingos Robalo (2019). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Guiné > Região de Quínara > Fulacunda > 3.ª CART / BART 6520/72 (Fulacunda, 1972/74) >   "Porto fluvial", no Rio Fulacunda > Montagem de segurança > Um obus 14, rebocado por uma Berliet. Para i o desse e viesse...


Foto (e legenda): © Jorge Pinto (2014). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Recordações e desabafos de um artilheiro (Domingos Robalo, fur mil art, BAC 1/ CAC 7, 1969/71) > IX (e última) parte 

[ Foto à esquerda: 
Domingos Robalo, 
ex-fur mil art, BAC 1 / GAC 7, Bissau, 1969/71; comandante do 22º Pel Art, em Fulacunda; vive em Almada]


Está esta prosa mais longa do que eu imaginaria que fosse. Não termino sem antes referir o seguinte: em visita ao aquartelamento, o Comandante Chefe, General Spínola, é recebido com a formatura em parada. Repara que na parada estão alguns militares aprumados, mas sem a “boina negra” na cabeça, pergunta:

- Quem são aqueles que não têm boina negra?  [,os "boinas negras" era a malta da CCAV 2482]


- São o pessoal da Artilharia! [, 22º Pel Art, comandado pelo fur mil art Domingos Robalo]

Mudou o olhar, aconchegando o seu monóculo, concentrou-se nas tropas e população que o “adorava”, e é bom não esquecer estas palavras nem ter medo de as pronunciar. Falou de uma “Guiné Melhor”, a ser construída pelos Guineenses e seriam eles a decidir o seu futuro….

Estou a escrever estes factos, muito resumidamente, 50 anos depois de eles terem acontecido. Só agora dou o verdadeiro valor à memória. Coisas que aparentemente estavam escondidas ou apagadas, aparecem como se ontem tivessem sido vividas.

Mas, o deslizar a pena é como se estivesse a mexer um caldeirão onde as letras aparecem já escritas e a memória as traga à tona. Ideias que já estavam esquecidas, ultrapassadas e limpas aparecem agora em turbilhão.

Quase quatro anos de vida militar, por muito sacrifício que se tenha passado, não tem sido maior do que passar 40 anos com memórias que não tivemos oportunidade de contar ou “carpir”, como contributo de um desabafo coletivo que todos os jovens adultos do meu tempo deveriam ter feito. 


Ter-se-iam, porventura, poupado muitos dos traumas que vamos tendo conhecimento. O 25 de abril de 1974 trouxe-nos uma mudança radical de vida e de pensamento, com a esperança de uma vida em paz e de convivência com os povos que foram por nós colonizados. Com o golpe de Estado deu-se a “independência” aos povos das Colónias (então Províncias Ultramarinas), mas aprisionando-se memórias com uma barreira imposta, e auto-imposta como capa de proteção por um período da vida de quase todos os jovens adultos daquele tempo.

Conforme estou escrevendo, vou avivando essa vivência, mas também não posso nem devo calar o afronto que se fez aos militares portugueses de origem africana que, após a independência, foram assassinados por grupos que se diziam de libertadores. Libertadores de quê? 


Mais grave considero ainda que as autoridades portuguesas tenham tido conhecimento da situação e à época fez-se um silêncio total.

Através de um tripulante do navio Rita Maria ou Alfredo da Silva [, já não recordo ao certo,] fui sabendo de situações que ocorriam na Guiné. Segredo, pedia-me ele; as informações eram muito confidenciais.

Na minha Unidade, em Bissau, foram-me atribuídas várias funções:

-Participar na instrução básica e de cabos na especialidade de artilharia a militares naturais da Província da Guiné;

-Participar nas principais ações do TO, sempre que a artilharia era requisitada;

-Participar nas regulações de tiro de artilharia e elaboração das respetivas “cartas de tiro”, nos vários pelotões espalhados pelo TO;

-Participar, junto do Comando da Unidade, na então designada “sala de informações e operações”...





Infografia da emboscada de 22/2/1971,no decurso da Acção Mabecos, que envolveu forças do BCAV 2922, numa operação de escolta e segurança a forças de artilharia no trajecto Amedalai - Sagoiá - Rio Sagoiá - Rio Cimangru [... e não Camongrou] - Piche 4E545 - Rio Nhamprubana. As baixas das NT foram todas da CART 3332 (**).


Participei na Acção “Mabecos”, na terça-feira de carnaval no ano de 1971 [, em 22 de fevereiro de 1971, três meses depois da Op Mar Verde,invasão de Conacri]. 

Operação complicada, malo rganizada / planeada, com três mortos  e um soldado apanhado à mão que apenas foi libertado no pós-25 de abril de 1974 [, º 1º cabo Duarte Dias Fortunato, foto à direita]: nesta operação, debaixo de fogo na emboscada que sofremos [, no subsetor de Piche, perto da fronteira,quando íamos flagelar Foulamory, na região de Boké] eu próprio tomei a iniciativa de “ordenar”, ao pelotão [, Pel Art,]  de Sare Bacar, para desengatar um obus 14,0 cm e responder ao fogo IN, que estava a ser intenso.



Guiné > Região de Gabu > Carta de Piche (1957) > 1/50 mil > Detalhes > Percurso Piche > Amedalai > Sagoia > R Sagoia > R Cimongru > R Nhamprubana. A sudeste dwe Piche ficava a base do PAIGC, Foulamory,na região de Boké, ao alcance, a partir da fronteira, da artilharia portuguesa (peça 11.4 e obus 14).

Infografia: Blogue Luís Graça % Camaradas da Guiné (2019)



Eu estava sob as ordens do Capitão Osório, homem da artilharia, já falecido. No relatório desta operação está referido a forma elevada como o pessoal da Artilharia participou na resposta ao fogo IN.

O tempo vai correndo inexoravelmente. Estamos em abril de 1971, já com a comissão quase a chegar ao fim. Por vezes vagueei por Bissau na compra de alguns objetos para fazer embarcar num navio com destino a Lisboa.

Num desses dias, acompanhado pelo Furriel Franco, vagueávamos pelas ruelas transversais à avenida onde se situava o hospital civil [, hoje Hospital Nacional Simão Mendes]. Entrámos numa pequena loja, com uma montra muito pequena, onde estavam expostas uma camisas azuis com um monograma interessante.

Entro na loja,  secundado pelo Furriel Franco, e dirijo-me ao balcão onde estão dois “negros”.  De repente sinto-me abraçado por um deles e o peito a apertar. Não percebia o que se passava, mas a primeira impressão era o de estar a ser alvo de agressão.

Passado o sufoco e o outro negro olhando impávido e sereno para mim, recupero o fôlego e sinto que o abraço forte afinal tinha aspeto fraternal. Mas se aquilo é um abraço...

Olho para a cara do “negro” e não podia acreditar... Quem era aquele negro que assim me abraçava? Nem mais: 


- O Eusébio de Fulacunda!!!... (*)

Aquele “negro” reconhecendo-me, estava com aquele abraço a agradecer o pouco que eu, uns meses antes, lhe tinha feito naquele final do mês de setembro de 1969.

Para mim, tinha sido pouco o que lhe fizera. Mas para ele terá representado o reconhecimento de que era um ser humano como qualquer outro. Daí, aquele abraço que eu senti ter a força do Universo. Não é a cor da pele que diferencia os homens.

Onde quer que estejas, Eusébio, nunca me esquecerei de ti nem daquele abraço.

Para finalizar o meu texto. Não posso nem devo esquecer os mortos e os estropiados que as guerras sempre provocam. Elas podem ter um início, mas nunca sabemos quando terminam. Será que a nossa já terminou?

Domingos Robalo

Furriel de Artilharia, 

nº 192618/68

____________

Nota do editor:

(*) Último poste da série > 4 de novembro de 2019 
Guiné 61/74 - P20313: Recordações e desabafos de um artilheiro (Domingos Robalo, fur mil art, BAC 1 /GAC 7, Bissau, 1969/71) - Parte VIII: Fulacunda, usos e costumes... Lembro-me pelo menos de uma menina que foi a Bissau ao "fanado", e não voltou... Não havia, na época, preocupação de maior com a Mutilação Genital Feminina, por parte das autoridades. civis e militares


Vd. postes anteriores:

25 de outubro de 2019 > Guiné 61/74 - P20274: Recordações e desabafos de um artilheiro (Domingos Robalo, fur mil art, BAC 1 /GAC 7, Bissau, 1969/71) - Parte VII: Em Fulacunda, também havia milagres...

20 de outubro de 2019 > Guiné 61/74 - P20260: Recordações e desabafos de um artilheiro (Domingos Robalo, fur mil art, BAC 1 /GAC 7, Bissau, 1969/71) - Parte VI: Eusébio, um preso que eu mandei tratar com dignidade e que me vai ficar reconhecido

12 de outubro de 2019 > Guiné 61/74 - P20232: Recordações e desabafos de um artilheiro (Domingos Robalo, fur mil art, BAC 1 /GAC 7, Bissau, 1969/71) - Parte V: Rumo a Fulacunda, com o 22º Pel Art, passando por Bolama, e com batismo de fogo

9 de outubro de 2019 > Guiné 61/74 - P20222: Recordações e desabafos de um artilheiro (Domingos Robalo, fur mil art, BAC 1 /GAC 7, Bissau, 1969/71) - Parte IV: Depois de 4 meses a dar formação de artilharia de campanha, a graduados de pelotões de morteiro, sou colocado em Fulacunda, a comandar o 22º Pel Art

5 de outubro de 2019 > Guiné 61/74 - P20206: Recordações e desabafos de um artilheiro (Domingos Robalo, fur mil art, BAC 1 /GAC 7, Bissau, 1969/71) - Parte III: recebido em Bissau, pelos camaradas do BAC 1, de braços abertos, na noite de 12/5/1969

3 de outubro de 2019 > Guiné 61/74 - P20202: Recordações e desabafos de um artilheiro (Domingos Robalo, fur mil art, BAC 1 / GAC 7, Bissau, 1

26 de setembro de 2019 > Guiné 61/74 - P20178: Recordações e desabafos de um artilheiro (Domingos Robalo, fur mil art, BAC 1 /GAC 7, Bissau, 1969/71) - Parte I: Apurado para todo o serviço militar


(**) Vd.poste de  23 de fevereiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3926: Efemérides (17): Piche, 22 de Fevereiro de 1971 ou... Carnaval, nunca mais! (Helder Sousa)

quarta-feira, 9 de outubro de 2019

Guiné 61/74 - P20222: Recordações e desabafos de um artilheiro (Domingos Robalo, fur mil art, BAC 1 /GAC 7, Bissau, 1969/71) - Parte IV: Depois de 4 meses a dar formação de artilharia de campanha, a graduados de pelotões de morteiro, sou colocado em Fulacunda, a comandar o 22º Pel Art



Guiné > Bissau > BAC 1 > Dezembro de 1967 > Obuses 10.5 cm-

Foto (e legenda): © João José Alves Martins (2012). 
Todos os direitos reservados. {Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné.]



RECORDAÇÕES E DESABAFOS DE UM ARTILHEIRO > 

Parte IV: Depois de 4 meses a dar formação de artilharia de campanha, a graduados de pelotões de morteiro, sou colocado em Fulacunda, a comandar o 22º Pel Art


por Domingos Robalo (*) 



[ Domingos Robalo:


(i) tem página no Facebook desde março de 2009 e administra também o grupo Artilharia de Campanha na Guiné-BAC1/-GAC7;


(ii) filho de militar, foi fur mil art, BAC 1 / GAC 7, Bissau, 1969/71;


(iii) vive em Almada, está ligado à Universidade Sénior Dom Sancho I, de Almada, onde faz voluntariado, desde julho de 2013, como professor da disciplina de "Cultura e Arte Naval";


(iv) trabalhou na Lisnave; é praticante de golfe;


(v) e passou a integrar a Tabanca Grande, com o nº 795, desde 21 de setembro último]




Durante cerca de quatro (4) meses permaneci em Bissau[, no BAC 1], participando nas “escolas de recrutas” que era levada a efeito com soldados do recrutamento da Província. 


O Governador da Província, General António de Spínola, estava criando condições para alargar a ação da artilharia a todo o TO (Teatro de Operações). 

Sendo eu um “maçarico” (, nome dado aos recém-chegados à Província), porque fico em aparente posição privilegiada e não ser reencaminhado de imediato para o mato (leia-se interior do TO)?

É que na Metrópole, enquanto colocado no RAL1 (Regimento de Artilharia Ligeira nº 1, Lisboa) tive funções de monitor em “escola de recrutas e de cabos, na especialidade de artilharia de campanha". Tinha fresca a matéria teórica necessária à especialidade que o Comando necessitava.

Em agosto, sou nomeado para ser o instrutor na formação de artilharia de obuses 10,5cm e a 14,0cm, a furriéis, sargentos e a oficiais subalternos, oriundos de pelotões de morteiros. 


Qual a razão desta necessidade, porque não vinham militares formados e preparados da Metrópole com as respetivas especialidades?

O Governo de Portugal tinha acedido ao pedido do General Spínola no envio de mais material de artilharia. Os obuses chegaram, mas sem acompanhamento de sargentos e oficiais para se poderem constituir os Pelotões, esse teria o General de arregimentar na Província. 


Estávamos levando a cabo a formação de cabos e soldados artilheiros, no seguimento da recruta que estes tinham concluído em Bolama. Como não havia sargentos e oficiais para formar os pelotões que as circunstâncias obrigavam, o General recruta-os dos vários pelotões de morteiros espalhados pelo TO. 

Sou então nomeado para dar formação de artilharia, em "estilo de reconversão", a esses militares "recrutados"

Decorrida a formação com a dedicação de todos os "formandos",  é necessário atribuir uma nota de classificação.

Por minha sugestão, o comando aceita a realização de uma prova prática que consistia na desmontagem e montagem da culatra do obus 10,5cm, cronometrada. Sargentos e Oficiais concordam com o teste.

Como se fosse hoje, lembro-me de um dos primeiros classificados da classe de sargentos, o furriel Jacinto, ser chamado para escolher o aquartelamento para onde desejava ser colocado. De imediato e sem pestanejar, escolhe o aquartelamento de Fulacunda onde vai ser instalado um novo pelotão de artilharia.

- Fulacunda, Jacinto? Tens aqui outros aquartelamentos mais perto de Bissau e mais calmos sem tiros, etc. etc.


- Sim Fulacunda, estão lá os "Boininhas", já meus conhecidos,  e que são uns "gajos porreiros". 

Era a designação oficiosa pelo qual eram conhecidos era "Boinas Negras", dos quais eu nunca tinha ouvido referência.  

- Tudo bem, a escolha é tua. Aguarda instruções para te juntares aos soldados, aos outros furriéis e ao comandante de Pelotão para partirem daqui a dois ou três dias. 

Procedeu-se à colocação dos furriéis, dos sargentos e dos alferes pelos pelotões a criar e a distribuir pelo TO, conforme indicações do Comando. 

Dois dias depois (ou três), sou chamado ao Comandante da Bataria, que me nomeia como comandante do 22º PEL ART. Eu era furriel e estava a ser nomeado comandante de um Pelotão, porquê? 

Havia falta de oficiais subalternos para preencher todos os comandos dos Pelotões de Artilharia e eu tinha o perfil adequado para essas novas funções. 

Recebi a nomeação e perguntei para onde ia o 22º PEL ART: 

- Para Fulacunda...

(Continua) 
____________
 

Nota do editor:
 

Último poste da série >  5 de outubro de 2019 > Guiné 61/74 - P20206: Recordações e desabafos de um artilheiro (Domingos Robalo, fur mil art, BAC 1 /GAC 7, Bissau, 1969/71) - Parte III: recebido em Bissau, pelos camaradas do BAC 1, de braços abertos, na noite de 12/5/1969

sábado, 5 de outubro de 2019

Guiné 61/74 - P20206: Recordações e desabafos de um artilheiro (Domingos Robalo, fur mil art, BAC 1 /GAC 7, Bissau, 1969/71) - Parte III: recebido em Bissau, pelos camaradas do BAC 1, de braços abertos, na noite de 12/5/1969


A Conferência de Berlim sobre a Partilha de África (1884), em gravura da época.  Imagem do domínio público. Cortesia da Wikipedia



RECORDAÇÕES E DESABAFOS DE UM ARTILHEIRO > Parte III: recebido em Bissau, pelos camaradas do BAC 1, de braços abertos, na noite de 12/5/1969

por Domingos Robalo (*)

[, Foto à direita: Domingos Robalo:

Tabanca da Linha > Domingos Robalo.
Foto de Manuel Resende (2019)


(i) tem página no Facebook desde março de 2009 e administra também o grupo Artilharia de Campanha na Guiné-BAC1/-GAC7;

(ii) filho de militar, foi fur mil art, BAC 1 / GAC 7, Bissau, 1969/71;

(iii) vive em Almada, está ligado à Universidade Sénior Dom Sancho I, de Almada, onde faz voluntariado, desde julho de 2013, como professor da disciplina de "Cultura e Arte Naval";

(iv) trabalhou na Lisnave;  é praticante de golfe;

(v) e passou a integrar a Tabanca Grande, com o nº 795, desde 21 de setembro último]






Guiné > Bissau > Chegada do T/T Niassa, em 12/5/1969. Fotogramas de vídeo da RTP, de 15/5/1969,  de 1'  17'', disponível aqui, em RTP Arquivos. Com a devida vénia...

Se é verdade que o cais da Rocha estava repleto de militares em parada, não tem menos significado a presença dos seus familiares que lhes vêm dar um abraço. Para uns foi o último abraço, foi uma despedida antecipada de uma vida que havia de ser curta para alguns.

O navio “Niassa” dá o seu toque que está pronto para a largada. Os soldados apinham-se do lado de estibordo para um último aceno, alguns mais afoitos sobem pela mastreação, há lágrimas nos olhos de quem parte e inconformismo nos rostos de quem fica.

Saímos a barra a tentar disfarçar as nossas lágrimas. Os nossos entes queridos já estão para trás e em frente temos o oceano. Vamos desbravá-lo como o fizeram os nossos antepassados, os nossos nautas, que trouxeram para Portugal aquelas terras que agora nos incumbia defender.

Porém, a política internacional, terminada a 2ª Guerra Mundial, tinha decretado na ONU, o direito dos povos à sua independência. Era esta aceitação por parte do nosso poder político que não estava a ser aceite e nos estava a obrigar a defender chão onde portugueses tinham relações comerciais, de amizade e familiares, desde o século XV. A conferência de Berlim [, 1884/1885,]  também obriga Portugal a ter outra atitude para com as populações dos territórios que ocupava.

Estamos a bordo do navio de passageiros, até então designado por “paquete”, chamado “Niassa”.
Não posso deixar aqui de referir, as condições degradantes e sub-humanas da forma como os nossos soldados iam alojados. Camas e camas encimadas sem condição digna, denotando uma autêntica falta de humanidade para com estes jovens agora feitos soldados, em ambiente insalubre e muito pouco ventilado.

A juventude do meu país estava disponível para lutar pela sua Pátria, mas a Pátria não lhes retribuía com dignidade essa entrega. À época, a pobreza do interior do país refletia-se no baixo nível de conhecimento e cultural de toda esta juventude. Para uma grande maioria, saíam das suas aldeias pela primeira vez.

Ao fim da manhã do dia 12 de maio, o navio “Niassa” está ao largo de Varela,  aguardando a ida a bordo da Autoridade Marítima. Ao fim da tarde do mesmo dia está a acostar ao cais de Bissau.

Sacos e malas prontas para o desembarque, empurrão daqui e dali todos queria olhar pela borda para verem gentes que não estávamos habituados a ver. Mas, o que se vê ali é chocante; não estávamos habituados, nem tínhamos sidos preparados para tal.

“Pretos” em tronco nu, calças, calções, ou camisas rasgados e a disputa pelas moedas que alguém começou por deitar para o cais. Fazia lembrar as festas das aldeias em que os rebuçados eram lançados para o terreiro e a miudagem em completo atropelo procurava apanhar alguns.

Sou dos últimos militares a desembarcar, por ser de rendição individual e por o meu destino ser o quartel da BAC 1 [Bataria de Artilharia de Campanha nº1, sediada junto ao QG (Quartel General)].

Cai a noite e dou comigo dentro de uma carrinha com destino à BAC1. Mal tínhamos percorrido 300 metros a carrinha parou e imobilizou-se. Cinco minutos depois estávamos rodeados de milhares de velas empunhadas por mãos de gente africana, homens, mulheres e crianças, com a cabeça coberta com véu semelhantes ao que a minha mãe e avós usavam quando participam nas procissões na terra. Olhando bem através da janela, as fisionomias pareciam-me todas iguais. Eu não conseguia diferenciar a feição das pessoas. Rezavam o terço e as ave-marias como se estivessem em Fátima [, na  procissão das velas de 12 para  13 de Maio]. Ficámos imobilizados no meio da procissão cerca de meia hora. Homens de olhar sério e compenetrado, mulheres com o véu branco na cabeça seguiam em silêncio alternadamente aos cânticos.

Chego finalmente ao aquartelamento da BAC1, onde me espera um quarto com cama feita.
Sou recebido por Furriéis e Sargentos e Oficiais que me aguardavam com amizade e simpatia. Ainda hoje me encontro com alguns desses meus camaradas, o Mendes, o Glória, o Faro, o Chaves, o Correia, o Mendes de Almeida e outros tantos, e até o meu Comandante, à altura o Capitão M. Soares.

Nunca deixei de lhes ficar grato pela calma que me transmitiram na civilidade que senti naquela receção. No fundo eu estava a render um camarada que lhes era muito querido. Senti a responsabilidade da amizade que tinham para com aquele camarada. Ainda hoje sinto que não os deixei ficar mal e não deixei de olvidar a camaradagem e amizade que sempre me dispensaram.

(Continua)
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Vd. poste de 26 de setembro de 2019 > Guiné 61/74 - P20178: Recordações e desabafos de um artilheiro (Domingos Robalo, fur mil art, BAC 1 /GAC 7, Bissau, 1969/71) - Parte I: Apurado para todo o serviço militar

quinta-feira, 26 de setembro de 2019

Guiné 61/74 - P20178: Recordações e desabafos de um artilheiro (Domingos Robalo, fur mil art, BAC 1 /GAC 7, Bissau, 1969/71) - Parte I: aurado para todo o serviço militar

O Domingo Robalo, no BAC1, 
Bissau, 1969
RECORDAÇÕES E DESABAFOS DE UM ARTILHEIRO > Parte I: apurado para todo o serviço militar

por Domingos Robalo (*)




Durante o mês de junho de 1967, á beira de fazer 20 anos de idade, estou a viver na cidade de Almada.

Estou na inspeção médica para ingressar no serviço militar obrigatório. (A ida às sortes, como se dizia na época.)

Muitos dos meus colegas de escola e de trabalho, já tinham seguido “a salto” rumo a França ou à Alemanha.

A inspeção médica decorria no antigo quartel da GNR de Almada. Pergunta o médico, ladeado de dois enfermeiros mal-encarados e embigodados com “torcidinho”:


- Então rapazola, vês bem? És saudável?

- Sim, Sr. Doutor,  está tudo bem  
respondi eu com as pernas ligeiramente trémulas e com ar enfezado.



Domingos Robalo (2019). 
Foto de Manuel Resende
- Bem!.... vamos lá ver isso.

- Que letras vês ali ao fundo naquele painel?

- A, B, X, V…..

- Agora as de baixo...

Rapa de um carimbo e estampa num papel: “Aprovado para todo o serviço militar”.

Esta cena foi comum a milhares de jovens, meus compatriotas,  que vieram, nesta ambiência, a ter o seu primeiro contacto com a tropa.

Para mim já não era assim tão estranho. Por força da profissão do meu pai, já sabia, desde tenra idade, o que era um soldado, um sargento ou um oficial.

E esta hierarquização levou-me desde muito cedo a saber responder à pergunta que se faz a todos os jovens: "O que queres ser quando fores grande?"... Quero ser capitão!" 
- respondia,  garboso.

Não era tolo,  não senhor; é que eu via o capitão ser obedecido pelos soldados, cabos e sargentos a quem todos tinham respeito e alguns até subserviência.

Se os havia absolutistas e disciplinadores ou sem condescendência, também havia capitães corretos e respeitadores da dignidade dos seus comandados. Por isso uns eram “amados” pelos seus subordinados e outros odiados,  como de fossem filhos do diabo. 

Domingos Robalo: foto do BI militar (1969)
Esta diferença comportamental marcou toda a minha vida e mais ainda o período em que fui militar como tantos jovens do meu tempo.

Num amanhã dos primeiros dias do mês de janeiro do ano de 1968, saio de casa pela primeira vez,  deixando em pranto a minha mãe e com o peito esmagado pelo abraço do meu pai. Do meu irmão já me tinha despedido na véspera, já que, por se encontrar a trabalhar,  tinha saído mais cedo de casa.



Apanho o comboio em direção às Caldas [, linha do Oeste], onde vou fazer a recruta para o CSM (Curso de Sargentos Milicianos). Era o primeiro recrutamento de CSM, em que todos os mancebos possuíam, como habilitação académica, o 5º ano. (Entenda-se como equivalência ao atual 9º ano.)  

(Continua)
_________

Nota do editor:

(*) Vd.. poste de 25 de setembro de  2019 > Guiné 61/74 - P20175: Tabanca Grande (484): Domingos Robalo, ex-fur mil art, BAC 1 / GAC 7, Bissau, 1969/71; senta-se à sombra do nosso poilão sob o nº 795

quarta-feira, 25 de setembro de 2019

Guiné 61/74 - P20175: Tabanca Grande (484): Domingos Robalo, ex-fur mil art, BAC 1 / GAC 7, Bissau, 1969/71; senta-se à sombra do nosso poilão sob o nº 795


BI Militar do Domingos Robalo, ex.fur muil art. BAC1 / GAC 7, Bissau, 19659/71, novo membro da Tabanca Grande


Guião do BAC [Bataria de Artilharia de Campanha] nº 1: Lema: "Os olhos na Pátria e a Pátria no coração"


Guião do GAC [Grupo de Artilharia de Campanha], nº 7. Lema: "De armas fortes e gente apercebida"

Fotos (e legendas): © Domingos Robalo 2019). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Domingos Robalo, membro da Tabanca da Linha, 
a partir de 19/9/2019. Foto de Manuel Resende (2019)


1. O Domingos Robalo tem página no Facebook desde março de 2009 e administra também o grupo  Artilharia de Campanha na Guiné-BAC1/-GAC7;  filho de militar, foi fur mil art, BAC 1 / GAC 7, Bissau, 1969/71; vive em Almada, está ligado à Universidade Sénior Dom Sancho I, de Almada, onde faz voluntariado, desde julho de 2013, como professor da disciplina de "Cultura e Arte Naval"; trabalhou na Lisnave: é praticante de golfe; e passou  a integrar a Tabanca Grande, com o nº 795,  desde 21 do corrente, a par do Carlos Marques de Oliveira (nº 796) (*) e do António Manuel Carlão (nº 797), este a título póstumo. (**)


Recebi, há dias, a sua resposta, por mail, ao nosso convite

Data: sábado, 21/09, 20:27
Assunto: envio de fotos [37 anexos]

Olá, camarada e amigo Luís Graça.

Em primeiro lugar, o agradecimento pelo convite para estar presente no 45.º convívio da Tabanca da Linha, na quinta feira passada, dia 19.

Gostei de te conhecer assim como ao Manuel Resende, sem esquecer outros camaradas presentes, nomeadamente o Diniz Sousa e Faro, o António Marques Duque, o José António Chaves e o João Martins que foram meus camaradas da artilharia.

Foi também com grande satisfação que reencontrei o amigo Carlos [Marques de] Oliveira, que conheci há 50 anos, faz agora em setembro. Fez parte da artilharia, por força da formação que foi necessário levar a feito na Guiné, para complementar o quadro de sargentos e oficiais subalternos para operarem com os obuses 10,5 cm que havíamos recebido da "Metrópole".

Anexo algumas fotos que são uma pequena amostra da minha passagem pelo TO. Anexo, também um texto, um pouco extenso (14 pp.), que preparei o ano passado para ser incluído na publicação de um livro alusivo à passagem da CCAV 2482 (Boinas Negras), sediada em Fulacunda, e que a artilharia reforçou com 3 obuses 10,5 cm. É um pouco extenso, mas descreve vivências da minha vida enquanto militar miliciano.

Agradeço que confirmes a receção deste e-mail

Com um abraço,
Domingos Robalo


2. Resposta do editor Luís Graça, no passado domingo, dia 20:


Domingos, já recebi o teu "material", tudo em boas condições: imagens e texto em pdf... E já li, na vertical, com muito entusiasmo, as tuas"recordações e desabafos de um combatente."... Vou abrir uma série com este título adaptado, depois de te apresentar à Tabanca Grande... O teu texto é muito bom, e espero que venhas a contribuir com mais "recordações e desabafos" do nosso tempo de tropa e de guerra, para o blogue de todos nós... Vais sentar-te à sombra do poilão da Tabanca Grande no lugar 795, ao lado do Carlos Marques de Oliveira (nº 796).

Também passei pelas Caldas (e depois por Tavira), num curso a seguir ao teu. Para já, ficamos em contacto. E espero que o Jorge Araújo um belo dia destes nos convoque para a inauguração da tão prometida Tabanca de Almada...

Um alfabravo fraterno do Luís 

3. Mensagem anterior, com data de 19,  do editor Luís Graça, endereçada ao Domingos Robalo e ao Carlos Marques de Oliveira, na sequência do 45.º Convívio da Tabanca da Linha:

Tive pena de ser tão curto o tempo para a conversa, mais longa, que gostaria de ter tido convosco. Mas deu para nos conhecermos um pouco melhor. Ficamos em contacto uns com os os outros. Eu fico a aguardar as vossas prometidas fotos do "antigamente"... Podem também mandar fotos, bonitas, de hoje, tipo passe... E contarem as "histórias" que quiserem: se der para uma série de meia dúzia ou mais, abrimos uma série especial para cada um de vocês... Tipo "Memórias do BAC 1 / GAC 7" ou "Memórias do Pel Mort 2115"... Se houver história da unidade, podemos publicá-la em sucessivos postes...

Quanto aos vossos CV militares, creio que já sei o essencial para vos poder apresentar à Tabanca Grande (onde todos cabemos com tudo o que nos une e até com aquilo que nos pode separar).. Mas nada melhor do que um textozinho da vossa lavra...

Os vossos lugares, numerados, à sombra do nosso poilão (não há tabanca sem poilão...) estão reservados e já são vossos, de pleno direito: 795 e 796, respetivamente... Como veem, estamos a chegar aos 800 camaradas e amigos da Guiné, em quinze anos de existência do nosso blogue...

Na coluna estática do blogue, do lado esquerdo, já constam os vossos nomes enquanto "marcadores" ou "descritores"... O número de referências vai aumentando com os vossos contributos (textos, fotos...).

As nossas "regras editoriais" (, ou sejam, as normas de são e bom convívio entre nós, amigos e camaradas da Guiné), constam aqui-

Uma boa noite para os nossos dois novos grã-tabanqueiros. Mantenhas. Boa saúde e longa vida.
Luís 
______________

Notas do editor:

(*) vd. poste de 4 de setembro de 2019 > Guiné 61/74 - P20120: Facebook...ando (53): Grande foi a abnegação dos artilheiros no CTIG, a avaliar pelo que lá vivi e testemunhei (Domingos Robalo, ex-fur mil art, BAC 1 / GAC 7, Bissau e Fulacunda, 1969/71; reside em Almada)

(**) Último poste da série > 2 de agosto de 2019 > Guiné 61/74 - P20027: Tabanca Grande (483): Lúcio Vieira, ex-fur mil, CCAV 788 / BCAV 790 (Bula e Ingoré, 1965/67), natural de Torres Novas, jornalista, poeta, dramaturgo, encenador: senta-se à sombra do nosso poilão, no lugar nº 794

Vd. também poste de 21 de setembro de 2019 > Guiné 61/74 - P20164: In Memoriam (348): António Manuel Carlão (Mirandela, 1947- Esposende, 2018), ex-alf mil at inf, CCAÇ 2590 / CCAÇ 12 (Contuboel, Nhabijões e Bambadinca, 1969/71... Entra para a Tabanca Grande, a título póstumo, sob o nº 797.

quarta-feira, 4 de setembro de 2019

Guiné 61/74 - P20122: (De)Caras (135): Carlos Marques de Oliveira, membro da Magnífica Tabanca da Linha, ex-fur mil, Pel Mort 2115, 5º Pel Art e 7º Pel Art (Catió e Cabedu, 1969/71): tive o privilégio de comandar valentes artilheiros


Guiné > Região de Quínara > Fulacundia > Obús 10.5 [ Foto do álbum de José Claudino da Silva, ex-1.º cabo cond auto, 3.ª CART / BART 6520/72 (Fulacunda, 1972/74)]

Foto (e legenda): © José Claudino da Silva  (2019). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Comentário do nosso camarada Carlos Marques de Oliveira, membro de A Magnífica Tabanca da Linha (desde  2 de maio de 2017), natural de Lisboa, vivendo em Sintra [, tem página no Facebook, temos cerca de 150 amigos em comum: fica desde já convidado para integrar, de pleno direito, a Tabanca Grande, com o nº 796, a seguir ao Domingos Robalo, o nº 795] (*)


Meu caro Domingos Robalo, felicito-o pelo poste sobre a artilharia na Guiné. (*)

O mundo é pequeno. Para além de termos viajado no Niassa de 7 a 12 de Maio de 1969, foi meu instrutor na BAC1/GAC7, quando da minha formação artilheira, de recurso. Fiz parte do grupo de Furriéis e Alféres Milicianos Armas Pesadas de Infantaria que recebeu instrução de Materiais e Tiro de Artilharia tendo sido colocado no 5º Pel Art  em Cabedu e mais tarde, por falecimento em combate do 2º Sarg. Issa Jau, no 7º Pel Art  em Catió. 

Tive a honra e o privilégio de comandar valentes artilheiros. Conheci pessoalmente o Sarg. Issa Jau, que admirei, pois o meu Pel Mort 2115 foi colocado de reforço ao BART 2865 em Catió. 

Na fotografia dos artilheiros de Catió está o então major de artilharia António José de Mello Machado, 2º Cmdt do BART 2865,  mais tarde promovido a ten cor,  passando a comandar o BART até final de comissão. (*)

Meu caro Luis Graça, obrigado pela possibilidade que nos tens dado de podermos partilhar e recordar tanto do que todos nós , os que estivemos na Guiné , temos de comum. Tanto que temos para conversar. 

Um abraço,  Domingos Robalo, e quero que saiba que a instrução que recebemos valeu a pena. Não o deixámos ficar mal.

Carlos Marques de Oliveira (**)
Magnífica Tabanca da Linha
___________

Guiné 61/74 - P20120: Facebook...ando (53): Grande foi a abnegação dos artilheiros no CTIG, a avaliar pelo que lá vivi e testemunhei (Domingos Robalo, ex-fur mil art, BAC 1 / GAC 7, Bissau e Fulacunda, 1969/71; reside em Almada)


O 7º Pel Art de Catió, comandando pelo 2º sargento Issa Jau, morto em combate em 27/2/1970. Na foto, o único elemento não guineense, na segunda fila, de pé, o terceiro a contar da esquerda, é o major art José Manuel Mello Machado (1928-2012),  2º cmdt e mais tarde comandante, depois de promovido a tenente coronel,  do BART 2865 (Catió, Cufar e Bedanda, fev 1969 - dez de 1970). 

Foto do cor art Mello Machado, reprodizida no poste P9514, de 21/2/2012. Presumimos que a fonte  seja: Mello Machado - Aviltafos e traídos: resposta a Costa Gomes. Lisboa: Editora Literal, 1977, 120 pp.



1. Comentário de Domingos Robalo, ao poste P20107, a partir da página do Facebook da Tabanca Grande Luís Graça (*);

[O Domingos Robalo tem página no Facebook desde março de 2009; vive em Almada, está ligado à Universidade Sénior Dom Sancho I, de Almada, onde faz voluntariadodo, desde julho de 2013, como professor da disciplina de "Cultura e Arte Naval"; é praticante de golfe; foi nosso camarada na Guiné, 1969/71; e fica desde já convidado a integrar a Tabanca Grande, com o nº 795; gostaríamos de ter o seu endereço de email e uma ou mais fotos do tempo do BAC 1 / GAC 7; temos dois amigos comuns,  os artilheiros João Martins e José Francisco Borrego] (**(

Fui artilheiro na Guiné (BAC1/GAC7),  de maio de 69 a maio de 1971.

Muito milicianos passaram por esta unidade artilheira daí que cada um tenha a sua história e o seu conhecimento não só em relação ao periodo em que prestou serviço, como também no lugar (leia-se Pel Art) em que esteve. 

Em agosto de 1969, estava eu colocado na sede em Bissau (BAC1), onde dava a especialidade de artilharia aos militares africanos que vinham com a recruta feita de Bolama, quando recebemos cerca de 2 dezenas de obuses 10,5 cm para reforçar as companhias distribuídas pelo TO. 

Em setembro de 1969, sou nomeado para dar instrução de artilharia a furriéis, sargentos e alferes pertencentes a pelotões de morteiro do TO. No início de outubro os obuses 10,5 cm começam a ser distribuídos pelo TO, em reforço a companhias e de forma a que todo o teatro de operações pudesse ser batido pela artilharia e entreajudarem-se entre si. 

Em outubro de 1969, sou nomeado para ir instalar um pelotão de artilharia em Fulacunda, a quem foi atribuído o nº 22, estava constituído o 22º  Pel Art e eu como comandante do mesmo, tendo o posto de furriel. Estive em Fulacunda até principio de maio de 1970, sendo colocado na sede em Bissau. 

No fim do mesmo mês, maio de 1970, sou destacado para uma operação em Cutia/Mansoa, para flagelar a mata do Morés (?). A artilharia flagelava de noite e a FA [Força Aérea] de dia. Nesse período, vêm a falecer os deputados à Assembleia Nacional que nos visitaram em Cutia [, José Pedro Pinto Leite, Leonardo Coimbra, Vicente de Abreu e Pinto Bull].(***)

Um dos deputados era pai de um camarada meu da artilharia que estava colocado em Catió, razão pela qual o deputado trocou com um outro para poder visitar o filho. Deslocação inglória, porque não se encontraram. 

Colocado na BAC1/GAC7 tenho entre muitas outras tarefas na sala de operações a incumbência de dar escola de cabos a naturais da Guiné e especialidade de artilharia a mais mancebos que vinham de Bolama. Outra das tarefas era a de participar nas principais operações de artilharia levadas a cabo no TO. Outra das missões coadjuvando o capitão Fradique, era a elaboração das cartas de tiro para todos os Pel Art do TO.

A observação do tiro era efetuada por DO - 27 da FA. De notar que os alferes e os furriéis tinham todos a mesma função nos seus pelotões, independentemente de terem a especialidade de Campanha, IOL ou PCT. Os pelotões estavam bem estruturados e as guarnições competentemente cumpriam com as suas tarefas. 

Participo nas cerimónias de passagem de BAC 1 para GAC 7, com a presença do Comandante Chefe e Governador, General Spínola. Nesse mesmo dia é dado à parada o nome do 2º Sargento Issa Jau, natural da Guiné e falecido em combate junto à sua boca de fogo [, em 27/2/1970; foi subtituído, no comando do Pel Art de Catió por Carlos Marques de Oliveira]

Eu próprio, sou mobilizado em março de 1969, já com dois cursos mobilizados, a seguir ao meu. Fui em rendição individual substituir o furriel A. Batista [, António da Conceição Dias Baptista], morto em combate em [14 de] fevereiro de 1969 juntamente com o alferes [, José Manuel de Araújo Gonçalves, natural de Lisboa], agarrados à boca de fogo depois de terem mandado os soldados para o abrigo. 

Na semana de carnaval do ano de 1971, participo na operação Mabecos,  em Piche [, Acção Mabecos, em 22 de fevereiro de 1971]. Nesta operação e durante a deslocação para o local onde viria a ser executada a flagelação,  somos emboscados ficando com alguns mortos e creio que dois soldados da companhia de Piche que nos dava proteção apanhados à mão, entre eles o soldado Fortunato que já vi entrevistado na televisão, tendo sido libertado após o 25 de abril. [ Duarte Dias Fortunato, ex-1º cabo at art,  CART 3332, 1970/72].

Esta pequena descrição não dá a ideia do que foi a abnegação dos artilheiros em todo o TO, pelo menos no periodo em que eu lá estive. Sei que, posteriormente, a guerra teve outro desfecho quando os Strela são utilizados pelo IN. 

Para finalizar, muito teria a contar mas o tempo já vai demasiado longo para recordações. Durante anos estes temas não eram abordados sob pena de sermos apelidados de reacionários. Com as redes sociais aparecem relatos aqui e ali, mas [nem sempre com] objectividade esclarecedora e muitas vezes analisando a guerra com as ideias de hoje.

É verdade que a nossa perspectiva mudou, mas nem isso deve fazer com que tenhamos vergonha da nossa passagem por África para uma guerra que, supostamente, seria para dar tempo ao poder politico para resolver a contenda. A descolonização terá tido efeitos mais nefastos que a própria guerra e quase 50 anos passados ainda temos relações frias entre povos, embora os governos digam que temos boas relações, o tanas. 

No pós 25 de abril, uma das coisas que mais me chocou com a descolonização foi o fuzilamento de muitos dos soldados a quem não devia ter sido negada a opção de ser português. Fuzilamentos em força, comandos africanos, milícias, artilheiros etc...etc.. Já vai longa a prosa.. 

Saudações de Artilheiro

Domingos Robalo
________________

Notas do editor:

(**) Último poste da série > 19 de julho de  2019 > Guiné 61/74 - P19994: Facebook...ando (52): Viva o STM - Serviço de Transmissões Militares, embora as nossas "comunicações" andem um bocado lentas... (Guilherme Morgado / Hélder Sousa)

(***) Vd. postes de:

10 de Outubro de 2008 > Guiné 63/74 - P3292: Controvérsias (3): O acidente de helicóptero que vitimou Pinto Leite (J. Martins / J. Félix / C. Vinhal / C. Dias)

terça-feira, 21 de maio de 2019

Guiné 61/74 - P19809: Convívios (895): Pessoal que passou pelo Enxalé, em 1965/67, reuniu-se na Ericeira, Mafra: CCAÇ 1439, Pel Mort 1028, Pel Caç Nat 52 e Pel Caç Nat 54. Organizador, o "Mafra", Manuel Calhandra Leitão. Alguns vieram de longe, como o Henrique Matos (Olhão) ou o João Crisóstomo (Nova Iorque, EUA)


Mafra > Ericeira > Restaurante Onda Mar > 18 de maio de 2019 > Encontro do pessoal da CCAÇ 1439, Pel Mort 1028, Pel Caç Nat 52 e Pel Caç Nat 54, que passou pelo Enxalé, Porto Gole e/ou Missirá, 1965/67 >   Da esquerda para a direita, dois homens da CCAÇ 1439: o ex-alf mil Sousa (V. N. Famalicão) e  o ex-fur mil Teixeira (Faro), mais o "Mafra" (Manuel Calhandra Leitão, também conhecido por "Ruço"), ex-1º cabo apontador do morteiro 81, Pel Mort 1028, o organizador do convívio.



Mafra > Ericeira > Restauarnte Onda Mar > 18 de maio de 2019 > Encontro do pessoal da CCAÇ 1439, Pel Mort 1028, Pel Caç Nat 52 e Pel Caç Nat 54, que passou pelo Enxalé, Porto Gole e/ou Missirá, 1965/67 > O Henrique Matos, 1º comandante do Pel Caç Nat 52 (Enxalé, 1966/68). Veio de Olhão, onde vive há décadas, mas é açoriano da ilha de São Jorge. É um veterano da Tabanca Grande (desde 22 de junho de 2007, que se senta  à sombra do nosso poilão). Tem cerca de 70 referências no nosso blogue.  


Mafra > Ericeira > Restaurante Marisqueira OndaMar by Furnas > 18 de maio de 2019 > Encontro do pessoal da CCAÇ 1439, Pel Mort 1012, Pel Caç Nat 52 e Pel Caç Nat 54, que passou pelo Enxalé, 1965/67 >  A Maria Helena Carvalho, mais conhecida, carinhosamente, como a Lena do Enxalé, ou só Helena Carvalho, veio das Caldas da Rainha, com o marido, Alberto Carvalho. São dois amigos da Guiné  e membros da nossa Tabanca Grande, com cerca de duas dezenas de referências no nosso blogue. A Helena Carvalho era filha do falecido empresário Amadeu Abrantes Pereira, o Pereira do Enxalé, natural de Seia, proprietário de ums destilaria de cana de acúcar, no Enxalé. As instalações a a sua casa foram abandonados com o início da guerra, em 1962.



Mafra > Ericeira > Restaurante Marisqueira OndaMar by Furnas > 18 de maio de 2019 > Encontro do pessoal da CCAÇ 1439, Pel Mort 1012, Pel Caç Nat 52 e Pel Caç Nat 54, que passou pelo Enxalé, 1965/67 >  O crachá da CCAÇ 1439, que veio de Nova Iorque no casaco do dono, o João Crisóstomo.



Mafra > Ericeira > Restaurante Marisqueira OndaMar by Furnas > 18 de maio de 2019 > Encontro do pessoal da CCAÇ 1439, Pel Mort 1028, Pel Caç Nat 52 e Pel Caç Nat 54, que passou pelo Enxalé, 1965/67 > A neta do Teixeira, que veio de Faro com os avós. O avô paterno era 2º srgt art, do BAC 1, morreu na região de Tombali, em 1973 ou 1974, vítima de mina A/C, segundo bem percebi...Mostrou-me um excerto do "Correio da Manhã"... Mas não fixei o apelido...



Mafra > Ericeira > Restaurante Marisqueira OndaMar by Furnas > 18 de maio de 2019 > Encontro do pessoal da CCAÇ 1439, Pel Mort 1028, Pel Caç Nat 52 e Pel Caç Nat 54, que passou pelo Enxalé, 1965/67 > À esquerda, o Arlindo Alves da Costa, ex-fur mil, DFA, do Pel Caç Nat 54, e à  direita, o  João Vaz,  que foi prisionerio de guerra,em Conacri, libertado no decurso da Op Mar Verde, em 22 de novembro de 1970, vai fazer 50 anos para o ano.( Era fur mil do Pel Caç Nat 52.) Por sua vez, o Pel Caç Nat 54 era comandado pelo alf mil Marchand. A ele pertencia também o nosso grã-tabanqueiro, o algarvio José António Viegas, ex-fur mil.



Mafra > Ericeira > Restaurante Marisqueira OndaMar by Furnas > 18 de maio de 2019 > Encontro do pessoal da CCAÇ 1439, Pel Mort 1028, Pel Caç Nat 52 e Pel Caç Nat 54, que passou pelo Enxalé, 1965/67 > Profissionalismo, simpatia, bom marisco, boa relação qualidade-preço: 25 euros pro pessoa. Escolha acertada do "Mafra", a quem demos os parabéns.


Mafra > Ericeira > Restaurante Marisqueira OndaMar by Furnas > 18 de maio de 2019 > Encontro do pessoal da CCAÇ 1439, Pel Mort 1028, Pel Caç Nat 52 e Pel Caç Nat 54, que passou pelo Enxalé, 1965/67 > O topo da mesa, com o organizador à esquerda, o "Mafra", e à direita o Henrique Matos. Ao fundo, o João Vaz, que mora no Poceirão, Palmela.



Mafra > Ericeira > Restaurante Marisqueira OndaMar by Furnas > 18 de maio de 2019 > Encontro do pessoal da CCAÇ 1439, Pel Mort 1028, Pel Caç Nat 52 e Pel Caç Nat 54, que passou pelo Enxalé, 1965/67 > O ex-1º Cabo João Manuel Januário (DFA), com a esposa. O casal vive em Odivelas. O Januário é transmontano. Tive pena de não ter tido tempo para gravar, em vídeo, o seu "cancioneiro de Missirá", uma lengalenga poética com muitas expressões em crioulo. Deixou-me o nº de telemóvel. É um talentoso poeta popular.


Mafra > Ericeira > Restaurante Marisqueira OndaMar by Furnas > 18 de maio de 2019 > Encontro do pessoal da CCAÇ 1439, Pel Mort 1028, Pel Caç Nat 52 e Pel Caç Nat 54, que passou pelo Enxalé, 1965/67 > Um camarada do Pel Mort 1028, era municiador do morteiro 81. Veio do Cartaxo (ou de Almeirim ?) com o sobrinho, ao lado.



Mafra > Ericeira > Restaurante Marisqueira OndaMar by Furnas > 18 de maio de 2019 > Encontro do pessoal da CCAÇ 1439, Pel Mort 1028, Pel Caç Nat 52 e Pel Caç Nat 54, que passou pelo Enxalé, 1965/67 > Mais um camarada e a sua esposa. Lamentavelmente não fixei os nomes...


Mafra > Ericeira > Restaurante Marisqueira OndaMar by Furnas > 18 de maio de 2019 > Encontro do pessoal da CCAÇ 1439, Pel Mort 1028, Pel Caç Nat 52 e Pel Caç Nat 54, que passou pelo Enxalé, 1965/67 > O Álvaro Carvalho, que fez também a cobertura fotográfica do evento... E, como todos os fotrógrafos, raramente aparece nas fotografias...


Mafra > Ericeira > Restaurante Marisqueira OndaMar by Furnas > 18 de maio de 2019 > Encontro do pessoal da CCAÇ 1439, Pel Mort 1028, Pel Caç Nat 52 e Pel Caç Nat 54, que passou pelo Enxalé, 1965/67 > Um aspeto geral dos convivas, em sala reservada, e que não eram mais do que um quarteirão... 



Mafra > Ericeira > Restaurante Marisqueira OndaMar by Furnas > 18 de maio de 2019 > Encontro do pessoal da CCAÇ 1439, Pel Mort 1028, Pel Caç Nat 52 e Pel Caç Nat 54, que passou pelo Enxalé, 1965/67 > O João Crisóstomo, ao centro, falando com a arqueólogaa Mila [Simões de ] Abreu, e o seu companheiro, também arqueólogo, de origem sul-africana. Trabalham, ambos na Universidade de Trás-Os-Montes e Alto Douro (UTAD), em Vila Real. É uma amiga de longa data do João Crisóstomo, ambos participaram na campanha,  de1995, para salvar a arte ruprestre de Foz Coa. A Mila, especialista em arqueologia da chamada "pré-história", é uma mulher de causas, generosa, afetuosa e solidária... Como o João e a Vilma não podiam, desta vez, delsocar-se a Vila Real, foi ela e o seu companheiro que vieram à Ericeira para estar algumas horas com os seus amigos nova-iorquinos. Foi esta mulhar que há me disse, em Lisboa, na Sociedade de Geografia: "Portugal já devia ter condecorado este homem"... E eu acrescentei: "Já fez mais por Portugal do que muitos diplomatas de carreira"...Mas o Palácio de Belém conhece o seu nome, a sua pessoa e a sua obra como ativista social na diáspora lusitana...



Mafra > Ericeira > Restaurante Marisqueira OndaMar by Furnas > 18 de maio de 2019 > Encontro do pessoal da CCAÇ 1439, Pel Mort 1028, Pel Caç Nat 52 e Pel Caç Nat 54, que passou pelo Enxalé, 1965/67 >  A Mila, o João e a Vilma.



Mafra > Ericeira > Restaurante Marisqueira OndaMar by Furnas > 18 de maio de 2019 > Encontro do pessoal da CCAÇ 1439, Pel Mort 1028, Pel Caç Nat 52 e Pel Caç Nat 54, que passou pelo Enxalé, 1965/67 > À direita, a Felismina, a "patroa" do "Mafra", que o ajudou a organizar o encontro, juntamente com os filhos (um rapaz e uma rapariga). À esquerda, a Alice Carneiro.



Mafra > Ericeira > Restaurante Marisqueira OndaMar by Furnas > 18 de maio de 2019 > Encontro do pessoal da CCAÇ 1439, Pel Mort 1028, Pel Caç Nat 52 e Pel Caç Nat 54, que passou pelo Enxalé, 1965/67 > À direita, o filho do "Mafra", o  Pedro Leitão, que é informático, dono da empresa Skytrails Lda, com sede em Torres Vedras. . À esquerda, o sobrinho do organizador. 



Mafra > Ericeira > Restaurante Marisqueira OndaMar by Furnas > 18 de maio de 2019 > Encontro do pessoal da CCAÇ 1439, Pel Mort 1028, Pel Caç Nat 52 e Pel Caç Nat 54, que passou pelo Enxalé, 1965/67 > À conversa, à saída da marisqueira, o "Mafra", a Alice e a Mila

Já lá fui a casa dele, o "Mafra", há uns meses atrás. E sobre ele escrevi: "É um grande camarada que está a precisar do nosso carinho e apoio, numa fase de doença que ele felizmente está a superar com grande dignidade, determinação, lucidez e coragem. Tem uma exploração agrícola de 3 heactares, onde faz sobretudo limões, os famosos limões da zona de Sobreiro-Achada, Mafra."... E tem uma bela família!... Todos se envolveram, discretamente, na organização deste evento. 



Mafra > Ericeira > Restaurante Marisqueira OndaMar by Furnas > 18 de maio de 2019 > Encontro do pessoal da CCAÇ 1439, Pel Mort 1028, Pel Caç Nat 52 e Pel Caç Nat 54, que passou pelo Enxalé, 1965/67 >  O João Crisóstomo e o filho do "Mafra", o Pedro Leitão, que empresta "a caixa de correio eletrónico" ao pai... Também gostei muito de falar com ele e incentivei-o a gravar, em áudio e vídeo, as histórias de vida do pai, o nosso camarada "Mafra"... Obrigado, Manel Leitão, por me teres convidado, a mim e à Alice.


Fotos (e legendas): © Luís Graça (2019). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].



1. Em cima do joelho, e enquanto a Alice conduzia o carro da Lourinhã até à Ericeira, tive a oportunidade de escrever cinco  quadras em louvor dos bravos do Enxalé... Foram ditas, no fim do almoço, homenageando os presentes e os ausentes, com destaque para o Jorge Rosales, o régulo da Tabanca da Linha, que nos deixou há poucos meses, e que também frequentava estes convívios do pessoal do Enxalé, do seu tempo:



Os bravos do Enxalé,
Gente boa e porreira,
P'ra relembrar a Guiné,
Vieram à Ericeira.

Da América veio o João,
Das Caldas, a Helena,
De Mafra, o Leitão,
Quem não veio, fica com pena.

Andámos por Missirá,
Geba abaixo, Geba acima,
De Bambadinca a Bafatá,
Nenhuma terra, a da prima.

A juventude deixámos,
Por matos, rios, bolanhas,
Se com vida regressámos,
Foi por mil artes e manhas.

P'ró Rosales, com saudade,
E outros que nos deixaram,
Vai o preito da amizade,
Todos aqui os honraram.


Luís Graça 
(CCAÇ 12, Bambadinca, jul 69/mar 71)

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Nota do editor:

(*) Último poste da série > 15 de maio de 2019 > Guiné 61/74 - P19790: Convívios (894): eao