quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Guiné 63/74 - P7557: Operação Tangomau (Mário Beja Santos) (10): O dia no Enxalé, em Madina e Belel

1. Mensagem de Mário Beja Santos* (ex-Alf Mil, Comandante do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 29 de Dezembro de 2010:

Malta,

É um tempo de dias excepcionais, boa colheita para o coração disponível.
Deixo aqui muito trabalho para a malta que viveu no Enxalé, segui depois para Madina e Belel, confirmei que tudo é áspero, penoso e até pobre. Mas o povo recebeu o Tangomau com calor, quis perceber o sentido da viagem, manda cumprimentos para quem ali combateu.

Um abraço do
Mário



Operação Tangomau (10)

Beja Santos

O dia no Enxalé, em Madina e Belel

1. Tudo quanto se vai ver, até a própria comunicação bem-sucedida com o recurso ao crioulo, deve-se ao infatigável desempenho do prestador de serviços Lânsana Sori. Sem ele, o Tangomau ficaria apeado, impossibilitado de visitar pontos ermos, inacessíveis a viaturas. Lânsana aparece na vida do Tangomau graças a Calilo Dahaba, condutor de ligeiros, que detectou a expectativa e encontrou uma resposta. Durante três dias, até ao termo da digressão em terras de Bambadinca e arredores, Lânsana será omnipresente, prestável, sorridente e compreensivo. 

Nesse dia 26, começou-se por ir ao mercado, depositaram-se as vitualhas no Bairro Joli, passou-se pela Bantajã Mandinga, inflectiu-se à esquerda, em direcção a Finete. Manga de cumprimentos na encruzilhada entre Finete e Canturé. O Sr. Biloche mostra casa, sabe-se lá até para dar um sinal da sua competência como construtor civil, ele andou com o Tangomau por Finete e discutiram com o chefe de tabanca a cedência de terreno para o anarca Jorge Cabral se transferir de Miami para ali. Há orçamentos, agora o anarca que tome decisões. 

O Tangomau não esquece a luminosidade do dia, o ar cheio de odores da floresta e os sons de Novembro. Não se vêem macacos mas há borboletas, os pássaros multicolores atravessam o Geba nos dois sentidos. O ronrom da máquina trepidante embala os viajantes. É uma sensação única ir falando para o ouvido do condutor e depois apontar com o nosso próprio ouvido para os lábios de quem fala. E assim se seguiu por Mato de Cão, Saliquinhé, São Belchior, sempre a avistar Samba Silate, na outra margem do Geba. Depois a curva para o Enxalé, é um dos trajectos mais gostosos para quem vê sem precisar de estar atento às rugosidades do estradão traiçoeiro. Feitas as apresentações, o Tangomau é conduzido por Suleimane Sanhá, chefe de tabanca, e dois antigos combatentes, Malã Tchamo e Sadjo Tchamo.


2. Em primeiro lugar, o Tangomau pediu esclarecimentos sobre o Enxalé de ontem e o de hoje. No passado, o Enxalé da guerra era abastecido por dois caminhos: o chamado porto novo, mais curto, na margem do Geba, em frente a Samba Silate; e o porto do Xime, um caminho de alguns quilómetros entre o Enxalé e o Geba. Hoje, estes dois portos estão desactivados. O que se está a mostrar era o início da estrada para o Porto Novo. 

O Tangomau não esconde a sua atracção pelos vestígios, pensa sempre nos sacrifícios, nas escoltas, nos cuidados, em aprovisionar em condições tão difíceis. A natureza ainda não mudou tudo. Certamente que quem viveu e combateu no Enxalé terá recordações deste caminho, um ponto de partida ou um ponto de chegada, consoante a situação, quem desembarcava não era só a comida nem as munições, eram também os homens que faziam a guerra.


3. Um plinto com história, alguém ali gravou nomes, talvez mortos em combate, sabe-se lá. O importante é que temos uma memória, os habitantes do Enxalé e cultores deste blogue terão histórias para contar. Tivesse havido tempo e tomava-se nota de tudo, até se teria fotografado em melhores condições. Agora, quem esteve no Enxalé conte a sua versão da história. Um esclarecimento: o Enxalé expandiu-se mas as edificações, disseram os acompanhantes do Tangomau, estão ali praticamente todas, à excepção dos abrigos e das vedações. 

Depois do Xitole, o Enxalé é um verdadeiro alfobre de vestígios. Oxalá que alguém os queira preservar.


4. Alto lá, aqui temos um sinal de uma companhia, a 556 (**), parece, está lá dentro um crocodilo e a legenda diz "Os Sem Pavor". Eles que se apresentem e que se orgulhem de que o tempo inclemente poupou a lembrança da sua passagem. O Tangomau ia cogitando: quem viveu e combateu no Enxalé tem razões de sobra para aqui vir em romagem de saudade.


5. Aqui está a prova provada da presença da Companhia dos madeirenses [, a CCAÇ 1439,]  os mesmos que habitaram em Missirá, que percorreram as mesmas estradas, que viram o sangue derramado no Cuor. O Tangomau foi convidado para o último convívio, que se realizou em Coruche e gostou muito. Agora pede-se a todos que escrevam sobre este monumento, certamente que lembranças não faltam.


6. Aqui temos um armazém, ou oficina, ou até caserna, a caminho da destruição total. Houve várias versões sobre a função do edifício, nem tem sentido andarmos a especular. Isto porque alguém avançou que se tratava de instalação comercial, anterior à guerra, mostrou os restos do telhado, dizendo que pertencia às instalações usadas por um comerciante. Compete à malta do blogue ler e identificar. Até teria mesmo sentido, caso seja possível, mostrar todas as fotografias de décadas atrás, de múltiplas presenças, e juntar agora estas imagens, para clarificar a memória.


7. Este edifício cheira a instalação do comando, seja para tratar do expediente ou local de convívio. Aqui também se ouviram opiniões díspares, houve quem argumentasse que era a casa de um antigo comerciante, nada da Casa Gouveia ou Ultramarina, um comerciante que ali viveu. Seja como for, tem função e está preservada. Agora, os antigos habitantes do Enxalé que se pronunciem.


8. Os guias foram peremptórios: aqui era refeitório, talvez dos oficiais ou dos sargentos, ou de ambos. Mais material para descodificar. Felizmente, que lhe puseram cobertura: será escola? Terá funções de mesquita? Era tal o afã do Tangomau em tudo registar que nem se pôs com conversa fiada, e bem gostaria. 

Não é preciso ser antropólogo para se saber que isto de conversar não é atar e pôr ao fumeiro, é preciso estar, criar atmosfera, deixar as mentes confiarem nas suas memórias; é preciso tempo para ganhar confiança. Talvez mais um motivo para voltar, assim pensa o Tangomau, este Enxalé está cheio de preciosidades, apetece andar por estes caminhos até ao rio, beleza natural não falta.


9. Quem terá vivido aqui? Mais discordância: para uns, aqui trabalhava o capitão e aqui vivia; para outros, era sala de convívio; houve reticentes, disseram que a construção era anterior à guerra. O Tangomau mantinha-se indiferente a tantas razões inconclusivas, o que ele queria era captar todos os vestígios, todas as marcas, ninguém o incumbiu da missão, foi ele que inventou esta obra asseada. Vamos a ver o que dizem os bloguers que lá viveram.


10. Armazém? Caserna? Escola? Edificação da tropa ou de comerciante? Que é de estrutura impressionante, não restam dúvidas. Quando se percorre o Enxalé fica-se com a noção de que a povoação já tinha história e um certo passado de residência e estadão comercial. Na reunião de Coruche compareceu uma senhora que ali viveu na infância, salvo erro filha de um comerciante. (**) O que se espera é que alguém lhe faça chegar estas imagens e a convoque para rememorar, mais não seja com base no seu acervo fotográfico.


11. Do Enxalé partiu-se à procura de Madina. Saiu-se de um território amplo, com vistas largas e com história. Entra-se num espaço hermético, árido e até inóspito. Não é difícil perceber como o PAIGC aqui estava aninhado e bem protegido. Este caminho fala de secura, de pouca fertilidade, de distâncias longínquas. Como se irá comprovar, deu que fazer os primeiros quatro quilómetros até Cabuca, passou-se ao largo, mas deu para ver que ali havia tabanca, e não pequena. 

É tudo aspereza à volta de Madina. O chefe de tabanca não estava, andava na faina. Foi o Sr. Sebastião Mendes quem nos acolheu, já Lânsana Sori dava sinais de esgotamento, graças àquele maldito pneu furado, que vê na primeira imagem. O que o Tangomau quis captar foi o futuro, as crianças à sombra, pois cá fora temos a ameaçadora fornalha do sol. E pensarmos nós que aqui houve combates terríveis, que morreram homens, mulheres e crianças, aqui se sinistraram Quebá Soncó e Fodé Dahaba. A cabeça do Tangomau não pára de girar. Sente-se apaziguado mas reserva para si este dever de memória.


12. Seguiu-se para Belel. Esta é uma enternecedora memória, a escola de Belel. Curiosamente, o professor, vemo-lo na primeira fila de pé, também se chama Sori, recebeu-nos efusivamente, propôs fotografia. O Tangoamu gosta a valer desta imagem, mais do que futuro temos aqui a hospitalidade guineense. Aqui se interrompe a viagem, a motocicleta está cada vez pior e o narrador quer ter mais história para contar, amanhã. Vamos continuar, está prometido.


(Continua)

Fotos: © Mário Beja Santos (2010). Todos os direitos reservados.
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Notas de CV/LG:

Vd. último poste da série de 30 de Dezembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7528: Operação Tangomau (Mário Beja Santos) (9): O dia no Xitole e o regresso a Finete

(*)  CCAÇ 556 foi mobilizada pelo RI 6, partiu para a Guiné em 4/11/1963 e regressou a 28/10/1965. Esteve em Bissau, Enxalé e Bambadinca. Comandantes: Cap Inf José Abílio Lomba M;artins, Cap Inf Carlos Alberto Gonçalves, Ten Inf Fernando Gonçalves Foitinho.

(**) Vd. poste de 6 de Abril de 2010 > Guiné 63/74 - P6116: O Nosso Livro de Visitas (85): Maria Helena Carvalho, filha do Pereira do Enxalé, localidade onde nasceu há 60 anos, hoje residente nas Caldas da Rainha (Luís Graça)

(...) Na sequência do encontro da CCAÇ 1439 (Enxalé, Porto Gole, Missirá, 1965/67) , em Coruche, contactou-me, por telefone,  a Maria Helena Carvalho, nascida no Enxalé, e actualmente casada, residente nas Caldas da Rainha (...) (Telef. 262 842 990). 

Seu pai, Amadeu Abrantes Pereira, natural de Seia, era um conhecido comerciante, o Pereira do Enxalé. Era dono um importante destilaria de aguardente cana, bem como de outras instalações e casas, que ainda hoje estão de pé. A família era muito estimada pela população local. 

A Maria Helena nasceu no Enxalé em 1950, se não erro. Saiu cedo de lá, creio que com sete ou oito anos, por volta de 1958, para ir estudar em Bissau e depois na Metrópole. Mas regressava nas férias grandes. As suas memórias de infância (e os seus amigos de infância) estão indelevelmente ligados a esse tempo e a esse lugar. Os pais acabaram por sair do Enxalé, fixando-se em Bissau, em 1962. Já havia nuvens negras que prenunciavam a chegada da borrasca da guerra. A matéria-prima (a cana de açúcar) que abastecia a destilaria começou a escassear. Os caminhos tornavam-se perigosos. O PAIGC fazia o seu trabalho de sapa. Entretanto, a mãe morreu e a Maria Helena ficou definitivamente entregue aos cuidados dos padrinhos, das Caldas da Rainha.

O património da família ainda lá está, no Enxalé, arruinado. Também tinham prédios em Bissau. Em 1989, a Maria Helena voltou aos lugares da sua infância. Ainda encontrou, no Enxalé, gente que trabalhava para o seu pai e amigos de infância.

Ela ainda fala do Enxalé e da Guiné com emoção. (...)

Guiné 63/74 - P7556: Agenda Cultural (98): Digressão da Companhia Maior com a peça Bela Adormecida, de Tiago Rodrigues (Carlos Nery)

1. A propósito do Poste 7546* do nosso camarada Vasco da Gama, que comparava a "Companhia Maior", com o nosso Blogue, a "Maior Companhia", pedimos ao outro nosso camarada Carlos Nery, que faz parte dos "elencos" das duas "Companhias", que nos enviasse material relacionado com a peça "Bela Adormecida", que a "Companhia Maior" tem levado e vai continuar a levar à cena em todo o país.

Assim nos propomos enriquecer a nossa Agenda Cultural, com o anúncio deste espetáculo, levado a todo o lado por sexagenários ativos e bem vivos intelectualmente.

Caros tertulianos, velhos são os trapos...

CV



Em Outubro de 2010, a "Bela Adormecida" esteve em cena no Centro Cultural de Belém


CALENDÁRIO DAS ACTUAÇÕES DA "COMPANHIA MAIOR" LEVANDO À CENA A PEÇA "BELA ADORMECIDA", COM TEXTO E ENCENAÇÃO DE TIAGO RODRIGUES:




15 de Janeiro de 2011 - Tempo - Teatro Municipal de Portimão
 

21 de Janeiro de 2011 - Guimarães
 

28 e 29 de Janeiro de 2011 - Teatro Viriato de Viseu
 

18; 19 e 20 de Fevereiro de 2011 - Teatro Carlos Alberto - Porto
 

26 de Fevereiro de 2011 - Teatro Micaelense - Ponta Delgada
 

26 de Março de 2011 - Teatro Virgínia - Torres Novas





Vamos conhecer os artistas:


Clicar nas imagens para ampliar

A "Companhia Maior" em Bragança. O elenco, de que faz parte Carlos Nery, à esquerda da foto, quando em digressão.
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Notas de CV:

(*) Vd. poste de 3 de Janeiro de 2011 > Guiné 63/74 – P7546: Banalidades da Foz do Mondego (Vasco da Gama) (XIII): A Companhia Maior e a Maior Companhia, partos do mesmo querer?

Vd. último poste da série de 3 de Janeiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7547: Agenda Cultural (97): Para não esquecer a apresentação do livro Lugares de Passagem, de José Brás, dia 6 de Janeiro de 2010, pelas 18 horas na Biblioteca José Saramago, em Loures

Guiné 63/74 - P7555: Memórias boas da minha guerra (José Ferreira da Silva) (9): Piteira - O Rânger do Alentejo

1. Mensagem José Ferreira da Silva* (ex-Fur Mil Op Esp da CART 1689/BART 1913, , Catió, Cabedu, Gandembel e Canquelifá, 1967/69), com data de 5 de Janeiro de 2011, com mais uma das suas boas memórias da guerra.


Memórias boas da minha guerra (9)

Piteira – o Ranger do Alentejo

O António Piteira, natural de Bencatel, próximo de Borba, era uma força da natureza. Conheci-o em Vendas Novas, durante o Curso de Artilharia. Irrequieto e provocador, vivia sempre em competição, parecendo querer afirmar-se em tudo.
Dizia-se que nas Caldas da Rainha, estando doente, não aceitou o resultado da prova de potência. Foi repeti-la, para baixar mais de 30 segundos.
Como era bom jogador de futebol, foi aproveitado para jogar como ponta de lança no Estrelas de Vendas Novas. Ainda como jogador do Lusitano de Évora, foi treinar ao Sporting e, segundo ele, como não lhe passavam a bola, abandonou o treino chamando-lhes Filhos da…

Exercício do Rapel (era com as roldanas dos trolhas içarem a massa)

Foi com ele que comecei a gostar do Alentejo e da sua gente. Enquanto no norte dificilmente nos manifestávamos politicamente, com medo de represálias, ali, com ele e alguns amigos, participei em algumas sessões, marcadamente revolucionárias.

Piteira já rema em seco (primeiros exercícios para a canoagem)

Mais de meio ano depois, em Setembro de 1966, encontrámo-nos em Lamego para prestar provas para o curso de Ranger. Curioso que nem ele nem eu desejávamos lá ficar. Por isso, durante as provas de selecção, tudo fizemos para ficarmos em último lugar. Porém, de nada nos valeu essa artimanha e obrigaram-nos a ficar lá. Foi logo decidido que seríamos “parelhas”. A organização por parelhas significava que todos os instruendos estavam obrigatoriamente ligados em grupos de dois e que teriam que fazer tudo em conjunto, numa missão de entreajuda total. E, além disso, que qualquer falta cometida por um deles teria que ser “paga” pelos dois, presumindo-se que a “culpa” era de ambos.

Inicialmente, o nosso relacionamento foi muito bom, Todavia, devido às suas aventuras e provocações, passávamos muito do tempo a discutir.
Uma das coisas que ele gostava era de exibir as calças da farda de trabalho nº 3, abertas/descosidas entre as pernas.

Num dia muito frio de finais de Novembro, estava anunciada a descida nocturna em Rapel, desde a torre da Sé para a parada. Pois o amigo Piteira descobriu logo ali mais uma forma de se exibir. Disse-me que deveria ser engraçado, descer com o cigarro aceso, que, com o movimento da descida, pareceria um cometa. E decidiu que ia fazer isso. Claro que, mais uma vez, discutimos, mas ele não me ligou. E, já a subir as escadas para a torre pelo interior da igreja, comecei a afastar-me dele, como forma de protesto.
Procurei logo ser dos primeiros a descer, ficando ele a fazer os preparativos da apresentação do tal cometa.

Antes de irmos para o Douro sem barragens, já vencíamos no Varosa.

Entretanto, o Comandante chegou, acompanhado, como habitualmente, da sua mulher, ambos garbosamente vestidos de camuflados, cuidadosamente passados a ferro. Ela vinha já preparada, como sempre, para exemplificar como se devia fazer a descida em “rapel” a qualquer maricas que acusasse falta de coragem. E o Comandante, sempre de mangas arregaçadas, mostrava a sua valentia, ainda que exibindo pêlos encrespados na evidente “pele de galinha” provocada pelo frio e, por vezes, através da voz entrecortada, devido ao “congelamento” dos maxilares.

Mal vi o Piteira pendurado no cabo do “rapel”, de pernas abertas, calças rotas denunciando o “aparelho recreativo” e o cigarro aceso na boca, larguei a fugir para a mata, escondendo-me na escuridão e jurando que desta vez, não iria aparecer para “pagar” juntamente com ele a pena que lhe iria ser aplicada. Ele descia pelo cabo devagar, possivelmente para prolongar o espectáculo. Porém, o Comandante, de megafone na mão, logo exclamou: “- Quem é aquele melro?” E mandou apontar o holofote para cima.

Piteira com as calças abertas - no campo do Lamego, preparados para o futebol

- Ohhhh!!! – soaram, em espanto, as vozes da assistência, seguidas de algumas gargalhas. O Comandante perguntou logo de seguida: “- Onde está a parelha, quem é a parelha?” E foi acrescentando: “- Desce meu melrinho, que já te vamos tratar da saúde.”

A sessão do “rapel” acabou, e eu silenciosamente, fui-me introduzindo no quartel e meti-me na cama de baixo do beliche (a de cima era dele, porque fumava). Não sei onde ele esteve. O que sei é que, quando todos já dormiam, ele surgiu, apoiando-se aos armários, até chegar junto da cama. Não se aguentava de pé. Aninhou-se e caiu sobre a cama, ao meu lado, sem dizer uma palavra. Fui para a cama de cima.

Sempre que vejo o filme “Voando sobre um ninho de cucos” http://www.dvdpt.com/v/voando_sobre_um_ninho_de_cucos.php (um dos meus preferidos) identifico com o Piteira a personagem irreverente interpretada pelo Jack Nicholson. E quando ele vem para o dormitório, a regressar da sua última dose de tratamento de choque, eu penso: - Lá vem o Piteira, “recosido” pela tareia que levou em Lamego, depois da descida nocturna em “rapel”.

Silva da Cart 1689
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Notas de CV:

(*) Vd. poste de 3 de Dezembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7376: Agenda Cultural (93): A Sociedade Filarmónica de Crestuma (José Ferreira da Silva, ex-Fur Mil Op Esp, CART 1689, 1967/69)

Vd. último poste da série de 21 de Novembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7315: Memórias boas da minha guerra (José Ferreira da Silva) (8): Canquelifá e o desporto - Provas de Periquitos

Guiné 63/74 - P7554: Parabéns a você (196): Valentim Oliveira, Soldado Condutor da CCAV 489/BCAV 490 (Tertúlia / Editores)




PARABÉNS A VOCÊ

05 DE JANEIRO DE 2011

Valentim Oliveira

Caro Valentim, a Tabanca Grande solidariza-se contigo nesta data festiva. Assim, vêm os Editores em nome de todos os teus camaradas, amigos e camarigos desejar-te um feliz dia de aniversário junto dos teus familiares.
 

Que esta data se festeje e prolongue por muitos anos, repletos de saúde, tendo sempre junto de ti quem mais amas.

Na hora do brinde não esqueças os camaradas e amigos deste Blogue, que irão erguer também uma taça em tua honra.
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Notas de CV:

Valentim Oliveira foi Soldado Condutor da CCav 489/BCav 490 que esteve na Região de Farim entre 1963 e 1965:

Vd. poste de 5 de Janeiro de 2010 > Guiné 63/74 - P5590: Parabéns a você (62): Valentim Oliveira, ex-Soldado Condutor Auto da CCAV 489/BCAV 490 (Editores)

Vd. último poste da série de 2 de Janeiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7543: Parabéns a você (195): Carlos Marques Santos, ex-Fur Mil da CART 2339 (Editores / Tertúlia)

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Guiné 63/74 - P7553: O Mural do Pai Natal da Nossa Tabanca Grande (35): Boas Festas e Feliz Ano de 2011 (Patrício Ribeiro)

1. Em mensagem de 30 de Dezembro de 2010, o nosso amigo tertuliano Patrício Ribeiro, enviou-nos os seus votos de Boas-Festas e um Feliz Ano de 2011 para toda a Tabanca.

Como anexo, trazia estas duas fotos, que interpretei como símbolos de uma Nação com passado e futuro. Deve preservar o seu passado e apostar na juventude que fará dela uma Nação próspera. Graças aos seus meninos, a Guiné-Bissau é uma das nações mais jovens do mundo.

Dezembro de 2010 > Meninos Felupes da Tabanca de Iale-Varela. O futuro da Guiné-Bissau passa também por eles.

Dezembro de 2010 > Forte de Cacheu. Um passado a preservar.

Ao nosso tertuliano Patrício Ribeiro desejamos a continuação de uma boa estadia na Guiné-Bissau com muita saúde neste ano de 2011.
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 3 de Janeiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7544: O Mural do Pai Natal da Nossa Tabanca Grande (34): Quem tem cu… tem continuação… (José Eduardo Oliveira - JERO)

Guiné 63/74 - P7552: Operação Tangomau (Álbum fotográfico de Mário Beja Santos) (8): Dia 26 de Novembro de 2010

1. Mensagem de Mário Beja Santos* (ex-Alf Mil, Comandante do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 28 de Dezembro de 2010:

Malta,
Foi um dia em cheio. Agora, já conheço praticamente todo o Cuor. Mas ainda volto ao Cuor, ali há vida depois da guerra, surgiram tabancas em Sansão, Maná, Canturé e Madina de Gambiel.
Amanhã volto para completar o dia de hoje.
É em Gambiel que alguém me vai reconhecer 41 anos depois. Não sei como é que se explica e se comenta esta comoção. Prefiro dizer que chorei e lavei os olhos, enternecido.

Um abraço do
Mário


OPERAÇÃO TANGOMAU - ÁLBUM FOTOGRÁFICO (8)

DIA 26 DE NOVEMBRO DE 2010

Foi um dia com um amanhecer ameno, troca de cumprimentos na estrada entre Finete e Canturé. Encontro imprevisto com o Sr. Biloche, presumível empreiteiro da casa do anarca Jorge Cabral em Finete. O Sr. Biloche mostra o seu palacete, é uma construção recomendável e muito provavelmente invejável para o que o Jorge Cabral pretende (mas em dimensão mais reduzida, o Sr. Biloche tem várias mulheres e muitos filhos e ainda não passou os 35 anos…). Segue-se por Mato de Cão, Saliquinhé, São Belchior e entra-se à esquerda na mais apetecível e frondosa avenida de poilões que deve haver em todo o mundo. Depois de cerca de 20 minutos a fugir das covas, capim das bermas e charcos, entra-se no Enxalé, mudou de fisionomia mas guarda preciosos vestígios de construções militares. Cabe aos interessados ajudarem a interpretar o que se vê. Por exemplo, este edifício. Segundo o chefe de tabanca, Suleimane Sanhá, seria uma oficina ou depósito, edificado com a primeira companhia que chegou ao Enxalé. A ver quem nos explica a função desta ruína.

Foto de Henrique Matos (Guiné, 1966/68) em que se vê a Oficina e uma casota semelhante à da foto acima

Na altura em que se tirou esta fotografia, o Tangomau estava acompanhado do chefe de tabanca, de Malã Tchamo, do pelotão de milícia 310 e de Sadjo Tchamo, igualmente milícia em Missirá e Finete. A explicação que deram é que se tratava de um posto de vigia fortificado, naquele tempo temia-se flagelações a partir da mata entre o caminho que leva ao Xime e o caminho que leva ao Porto Novo. Fica-se a aguardar os comentários de quem viveu no Enxalé

Segundo os acompanhantes do Tangomau, aqui começava o caminho que atravessava a bolanha, bem extensa por sinal que levava ao pequeno ancoradouro, mesmo em frente do Xime. Não há quaisquer razões para duvidar desta afirmação dos autóctones. O Tangomau já teve esta nostalgia em Finete, irá senti-la na Ponta do Inglês, amanhã. A Natureza toma conta do que o homem abandonou, a um prenúncio de civilização cresce um bulício da paisagem, sempre redentora.

Aqui a descodificação entra na fase mais empolgante. Aqui andou a companhia dos madeirenses, muito provavelmente os alferes Henrique Matos Francisco, João Crisóstomo e Luís Zagalo Matos cirandaram por aqui. Aguardam-se comentários: quando surgiu o memorial, quem foram os seus artífices, o que se escreveu para uma posteridade que não aconteceu em pleno

Henrique Matos (Guiné, 1966/68) junto aos memoriais da CCaç 1439 (madeirenses) e da CCaç 556 que a antecedeu

Fica-se com sérias dúvidas se os militares do Enxalé são capazes de decifrar de que instalação se trata. Os acompanhantes do Tangomau foram peremptórios: era armazém, depósito, talvez caserna, hoje é um antro de sabedoria, aqui se alinham as letras e se expande a capacidade matemática de meninos guineenses, até aqui provavelmente se revelarão pintores ou génios da informática. O fundamental é que da guerra se passou à paz, isto é um espaço para as crianças sonharem e para os mestres acreditarem no seu papel de ajudantes do sonho.

Longo, muito longo e atribulado é o caminho que nos leva da estrada do Enxalé até Cabuca, Madina e Belel. Estamos em Novembro, não esqueçam: o capim é elevado e amarelece, a época das chuvas deixou vestígios, esta região continua árida e um pouco inóspita, parece que ainda é uma praga da guerra. Não foi por acaso que o PAIGC aqui se instalou, de pedra e cal. Quem foi a Belel ou a Madina não esqueceu a aspereza do terreno, talvez a zanguizarra dos grilos, a majestade do baga-baga. Madina não é propriamente um oásis, já se passou ao largo de Cabuca (várias opiniões confirmam que aqui era a Madina do PAIGC, mais junto à água, mais inacessível e onde era mais fácil referenciar o atacante. O fundamental é que se chegou a Madina, fez-se a apresentação dos intentos da viagem, Lânsana Sori olha para a câmara, sentado, sabe-se lá se a esta hora já não estava arrependido da empreitada em que se metera. Este senhor em jovem foi combatente do PAIGC, recebeu risonho o Tangomau e pediu à mulher para ficar na fotografia. Ali trabalha-se arduamente, sim, a terra é madrasta, dói que se farta arrancar-lhe o sustento. O que o Tangomau mais gosta é da disponibilidade do casal em se fotografar, já se conversou sobre a pretérita guerra, a comunicação foi muito pacifica, o Tangomau e o seu condutor prometeram receber um pouco de mancarra e beber água quando vierem de Belel. São assim os ínvios caminhos da paz e da convivência dos homens.

Se há foto que neste dia encheu as medidas do Tangomau foi esta. Para quem esteve na operação Tigre Vadio até a pele se arrepanha quando se pensa que se andou por aqui em chacina, tal como aconteceu nos finais de Março de 1970. Se até Madina tudo é áspero, daqui até à tabanca de Belel é a aridez mais desolada, mais agreste, como se uma paisagem lunar atravessasse a luxúria tropical. Olhe-se para as lianas e para o capim. É tudo um convite para fugir. Para o Tangomau, vir a Belel era um ponto alto para a sua reconciliação. E assim aconteceu. Não esqueçam: quando aqui vierem, qualquer coisa como 5 km depois de Madina viram à esquerda, a pé, de bicicleta ou motocicleta. Se forem em frente, desatentos, entram no corredor do Oio, por portas e travessas chegam a Mansabá.

Já estamos no regresso, com a alegria da missão cumprida. Por hoje ficamos por aqui, mas ainda há muitas coisas a contar na Operação Tangomau. Despedimo-nos com esta imagem de gente apaziguada que recebeu calorosamente Lânsana e o Tangomau. Era a hora da sesta, eles preparavam-se para dormitar, a motocicleta trazia um pneu em baixo, o Tangomau mostrou-lhes os livros, houve risada e boa disposição. “Tira fotografia para lembrares o povo de Madina!”. Agradece-se à representação do povo de Madina esta visita há tanto aguardada. Agora já não há território inimigo. Apertam-se as mãos, diz-se até à próxima, entre nuvens de poeira regressa-se, sabe Deus como, até à estrada do Enxalé

O Tangomau vem publicamente agradecer as provas de perícia, competência e profissionalismo do motociclista Lânsana Sori, ao longo de três dias. Feito o contrato de prestação de serviços, que abrangia atestar o depósito e pagar os encargos diários de transporte, Lânsana tudo fez para tornar a viagem mais cómoda para o seu inesperado cliente. Mal ouvia uma exclamação, logo propunha uma paragem para captar um registo fotográfico, de nenúfares ou vestígios da presença militar se tratasse. Chegou ao cúmulo de propor regressos a Chicri, Mato de Cão e Canturé, serviços extra, ele ia acumulando cansaço, não deve ter graça nenhuma o elevado grau de concentração entre charcos de água e desníveis brutais do piso. Sem ele, o Tangomau não teria tido as compensações espirituais que teve. Recorda o martírio de um pneu furado, ainda não se tinha chegado a Madina, e que obrigou a uma alteração, chegados à estrada do Enxalé, houve que regressar num camião até à Bantajã Mandinga para substituição do pneu. Revelou estoicismo, o cliente passou a admirá-lo para o resto da vida. E se houver regresso à Guiné, como se prevê, é impensável chegar ao Buronton, ao Fiofioli, ao Baio, a Moricanhe, sem o talento e a dedicação de Lânsana Sori.

Fotos: © Mário Beja Santos (2010). Direitos reservados.
Fotos (PB): © Henrique Matos (2010). Direitos reservados.
__________

Nota de CV:

Vd. último poste da série de 1 de Janeiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7541: Operação Tangomau (Álbum fotográfico de Mário Beja Santos) (7): Dia 25 de Novembro de 2010

Guiné 63/74 - P7551: (Ex)citações (124): O Fur Mil Armindo de Matos André, faleceu no dia 26 de Outubro de 1971, vítima de ferimentos em combate, durante uma emboscada a uma coluna de reabastecimentos, em Oco Maunde, na estrada Nova Lamego - Piche (Luís Borrega)

1. Introdução

Jurei a mim mesmo, depois da pausa que fiz no Blogue, não me aborrecer nunca mais com as trocas de mimos entre camaradas, porque parece fazer parte de um certo ritual, a modos de como se faz na AR onde se insultam, mas almoçam tranquilamente a falar da primeira derrota do FCP, das intermitentes vitórias do SCP ou dos voos rasantes da "águia". Tudo assuntos de primordial importância.

Chegou o fim de ano, e com ele mais uma tempestade num copo de água, com recurso à G3, que raio de tique, apetecendo-me logo ir buscar a minha fisga para o que desse e viesse. Mas pensei, calma rapaz, não te esqueças do que prometeste a ti mesmo. Deixa arder, o palheiro não é teu.

Houve alguém que querendo repor a verdade, cometeu a falta grave de se esquecer de assinar o comentário. Caiu-lhe o Carmo e a Trindade em cima. Por acaso o camarada em causa até nem insultou ninguém, olha que coisa rara, mas mesmo assim...

Entretanto o Luís deu-me instruções para publicar os comentários que tentaram repor a verdade sobre a morte do nosso malogrado camarada Armindo Matos André, cujo poste 7536* acabou por originar o tal empunhar de G3, pelo que aqui estou de peito às balas, salvo seja.

CV

Guiné > Zona leste > Região de Gabu > Pormenor da carta de Nova Lamego (1957)> Escala: 1/50000 > Foi na região de Oco Munde, na estrada Nova Lamego - Piche que foi foi morto o nosso camarada André e mais dois milícias


2. Esta foi a polémica afirmação do nosso camarada Paulo Santiago dirigindo-se ao camarada Luís Borrega:

Só hoje li um teu comentário publicado no poste P7517, fiquei chocado, mas também aliviado. Aliviado porque consegui lembrar-me do Fur Mil André que tu evocas com emoção. Já tempos atrás, quando escrevi sobre os meus tempos de Bambadinca, falei sobre essa trágica emboscada que ocorreu logo a seguir ao encerramento do Curso de Milícias, que tivera início em Outubro de 1971. A data certa, também não a lembrava, sabia que tinha sido após o dia 24/12/71, data na qual houve a cerimónia de encerramento. Assim a tragédia aconteceu em 26/12/71 e não a 26 de Novembro como, certamente por lapso, escreves.



3. Série de comentários que tentaram fazer luz sobre o assunto:

i - Caros editores nem foi em Novembro nem em Dezembro que houve a emboscada a OCO MAUNDÉ mas sim em 26 de Outubro de 1971, pelas 06:40 horas.
(Comentário não assinado)


ii - Caros amigos, Na lista do Ultramar.terra.web vem mesmo indicada a data de 26-10-71, e a mesma data no site kimbas. Não se consegue qualquer informação no site da Liga dos Combatentes (o que é estranho). Mas isto não quer dizer que estas duas páginas tenham a informação correcta.
Um abraço,
Carlos Cordeiro


iii - Caros camaradas, No Livro 2 - Guiné, Tomo II dos Mortos em Campanha, na página 72, consta a morte, por ferimentos em combate, do Fur Mil At Armindo de Matos André da CCAV 2749/BCAV 2922, em Oco Maunde, na estrada Nova Lamego - Piche, no dia 26 de Outubro de 1971.
Só por curiosidade, neste mesmo dia, no mesmo itinerário, mas em Cambajã, morre também por ferimentos em combate, o meu conterrâneo Albino Maia de Jesus, 1.º Cabo At da CART 3332.
Um abraço e Bom Ano
Carlos Vinhal


iv - Após uma busca, fui parar ao P3189 publicado em 9/09/2008, no qual, em nota introdutória, pedia a algum camarada que me conseguisse identificar o Fur Mil morto na zona de Nova Lamego em data posterior, mas próxima, ao dia 24/12/72. Penso que o Zé Martins tentou mas não conseguiu encontrar qualquer Fur Mil morto nos dias seguintes aquela data.
Factos:
1 - houve um pelotão de Milicias, desarmado, emboscado na zona de Nova Lamego, procedente de Bambadinca, onde morreu o Fur Mil instrutor, e terminara a instrução a 24/12/72.
2 - o L. Borrega, não indica a data correcta, mas tudo o resto bate certo, incluindo o nome do Fur Mil André
3 - estando em Bambadinca a 24/12, não era possível o tal pelotão ter sido emboscado em 26/11 ou 26/10, sendo isto válido para o André.
Concluindo:
As datas indicadas em Outubro e Novembro, não podem estar correctas no que aqueles Milicias e respectivo instrutor dizem respeito
Abraço
Paulo Santiago


v - Caros amigos, No dia 26-10-1971, tombaram em combate na Guiné:
1º cabo - Albino Maia de Jesus
Furriel - Armindo de Matos André
Soldado - Francisco de Oliveira Ferreira
Soldado - Manuel da Silva Pereira
Alferes - Nelson Joaquim A. Pereira Soares
Um abraço e Bom Ano para todos.
José Corceiro


vi - O blogue que consultei (www.memorial.nositio.net) dá os mesmos resultados do José Corceiro. Na listagem não consta, para o ano de 1971, qualquer morto depois de 25 de Dezembro.
Abraço,
Carlos Cordeiro


vii - Caro Paulo Santiago, Após a data 24-12-1971, creio não estar errado se afirmar que o primeiro Furriel a falecer na Guiné foi:
Furriel Alberto Augusto Pica Sempão, em 03-01-1972, mas a causa da morte foi doença.
A seguir, em 15-01-1972, faleceu Furriel Virgolino Ribeiro Spencer, mas a causa da morte foi acidente.
Em 15-02-1972, Furriel Mamadu Saliu Djaló, em combate.
Em 26-02-1972, Furriel José Carlos Silva Pinto Ribeiro, em combate.
Em 15-03-1972, Furriel Jacinto Valentim dos Santos, de acidente.
Um abraço
José Corceiro


viii - Amigos, No dia 26 de Outubro de 1971, morreram em combate, além dos indicados pelo José Corceiro, os seguintes Sold.Mil.:
- Mamadu Jaló - Pel Mil 323 - BCav 2922;
- Mamadu Bari - Idem.
(ultramar.terraweb.biz/.../Monumento/Omissos/FBS_omG1.pdf).
Abraço,
Carlos Cordeiro


ix - Camarigos, A emboscada foi mesmo a 26/10/71, e para "mal dos meus pecados" era o dia de Aniversário da minha saudosa avó, enquanto ela foi viva, nunca mais festejei o seu aniversário, mas ela compreendeu porquê.
Quanto à emboscada:
Foi uma emboscada dupla, uma em OCO MAUNDE e outra em CAMBAJÃ sensivelmente à mesma hora (7.05)
O Fur Mil Cav André (meu camarada desde a recruta na EPC em Santarém) morreu em combate na zona de OCO MAUNDE, era uma coluna de reabastecimentos, que vinha de Bambadinca- Pitche e trazia o Pel. GE. Milicias 323. (DESARMADOS !!!!!!!!!)
Mortos: Fur Mil Cav Armindo André (CCav 749/BCAV 2922), Sold Mil Mamadu Jaló e Sold Mil Mamadu Sori (CCS/BCav 2922)
Desaparecido: Sold Mil Bobo Jaló.
As NT sofreram ainda 3 feridos graves (Milícias) e 1 ferido ligeiro (Milícia).
Em CAMBAJÃ foi emboscada a coluna Pitche-Nova Lamego.
Mortos: o meu amigo Alf Mil Art Nelson Soares, (que tinha sobrevivido comigo à emboscada da "Operação MABECOS" em 22/02/71), e com quem tinha tomado o pequeno almoço nesse dia (o meu GCOMB estava de folga), 1.º Cabo Albino Jesus, Soldados Francisco Oliveira Ferreira e Manuel Silva Pereira.
Feridos Graves: 1 Fur Mil e 4 soldados.
Feridos ligeiros: 1 Alf Mil, 1 Fur Mil, 3 Cabos e 8 Soldados.
Foi um dia negro para a CART 3332, pois este pessoal era dela, e também para o BCav 2922, a quem esta Companhia estava agregada.
Há poucos dias tive acesso a um documento confidencial da Repartição de Operações/QG/Bissau, que dizia o seguinte:

Emboscada à Coluna do BCav 2922 em Oco Maunde em 26OUT71
Há a referir:
1 - A emboscada ter sido montada relativamente próximo do Destacamento de Oco Maunde, sem ter sido detectada.
2 - Os Milícias do Pel Mil 323 que haviam terminado a sua instrução em Bambadinca iam na coluna desarmados.
Dadas as características de agressividade do Pel Mil 323, se fosse armado, talvez se tivesse verificado um sucesso para as NT.
Bissau, 10DEZ71
O Chefe da Repartição de Operações
MÁRIO FIRMINO MIGUEL


E agora pergunto, e o INCOMPETENTE Oficial que deu a ordem para os Milícias irem DESARMADOS, o que lhe aconteceu?
A culpa morreu solteira...
Que Deus nos proteja da INCOMPETÊNCIA...
Abraço Camarigo
Luís Borrega


x - Após ler o comentário do L. Borrega e um mail que me enviou, chego à conclusão que tinha uma enorme confusão na minha cabeça, que já existia quando escrevi o P3189. O que terá acontecido? Devo ter chegado a Bambadinca, um pouco antes, ou um pouco depois, do dia fatídico, 26/10/71, e certamente aquela emboscada era assunto, até poderá ser possível, ter contactado com o pelotão de milícias e respectivo instrutor. A Companhia que iniciou o curso em Outubro (não recordo o dia) também tinha um pelotão destinado à zona de Nova Lamego, outro a Cansonco (Saltinho) e outro que não recordo o destino.
Assim, quero crer, ao fim de quase 40 anos, quando escrevi o post referido acima, datei a emboscada para os dias anteriores à minha 2ª chegada a Bambadinca, o que não estaria certo. Mas também devo realçar que a ideia forte que permaneceu na minha cabeça, foi a ordem criminosa que alguém deu:
- enviar um pelotão DESARMADO no trajecto Bambadinca-Piche... foi isso que não esqueci.
Paulo Santiago


4. Comentário final de Carlos Vinhal

Caro Paulo, pela amizade e pela verdade que devem presidir no convívio entre todos os camaradas, vou finalizar pelo princípio. Se bem te lembras, tudo começou assim:

i - Caros editores nem foi em Novembro nem em Dezembro que houve a emboscada a OCO MAUNDÉ mas sim em 26 de Outubro de 1971, pelas 06:40 horas.
(Comentário não assinado)


ii - Peço desculpa, hoje ripo da G3, este C... ANÓNIMO, não merece resposta.
Paulo Santiago
__________

Notas de CV:

(*) Vd. poste de 31 de Dezembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7536: In Memoriam (67): Fur Mil Cav, CCAV 2749 (Piche, 1970/72), Armindo de Matos André, natural de Gavião, morto em emboscada na estrada Nova Lamego-Piche, em 26/12/1971,quando vinha em coluna, de Bambadinca, com os seus novos milícias... desarmados (Luís Borrega / Paulo Santiago)

Vd. último poste da série de 3 de Janeiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7545: (Ex)citações (123): Poderá um velho soldado como tu algum dia regressar a casa? (José Belo)

Guiné 63/74 - P7550: Facebook...ando (6): As nossas queridas enfermeiras pára-quedistas, Maria Ivone Reis e Maria Celeste Lopes Guerra Palma (Durval Faria / Giselda Pessoa)



Guiné > Região de Quínara > Fulacunda > "Maio de 1963 > Domingo das Festas do Senhor Santo Cristo [ dos Milagres; os Açores, realiza-se tradicionalmente no quinto domingo após a Páscoa]. Neste dia juntaram-se as duas enfermeiras pára-quedistas, [graduadas em Alferes],  Ivone e outra que já não recordo o nome [, Maria Celeste Lopes Guerra Palma, sendo este último apelido, o do marido, segundo informação da nossa camarada Giselda]. 


"O [militar] da esquerda, na primeira fila, é o Capitão Adérito Augusto Figueira, hoje general aposentado... Os militares de óculos são da FAP, um  alferes piloto e um sargento mecânico", segundo informação do nosso fotógrafo... A viatura em que o grupo está sentado parece-me ser uma Fox (mas os camaradas da arma de cavalaria poderão confirmar, e já agora identificar o respectivo Pel Rec...). Além de um caveira, tem inscrito um nome feminino,  "Maria Albertina"... Recorde-se que estávamos no início da guerra no sul (Regiões de Quínara e de Tombali)... E o PAICG ainda não tinha minas anti-carro nem bazucas...


Guiné > Região de Quínara > Fulacunda > Maio de 1963 > "Batuque pelas Festas do Senhor Santo Cristo... Na foto, as enfermeiras pára-quedistas Ivone e Celeste",  diz o fotógrafo, mas eu não conseguia  localizar a Ivone, se não fora a ajuda da Giselda e do Miguel que me mandaram, a seguinte mensagtem: " Olá, Luís. Na segunda foto estivemos a ver com mais pormenor e supomos que a Ivone está na 1ª fila com um chapéu colonial e bata branca. Repara no cabelo atrás. Suponho que terás pensado que era mais um militar disfarçado... Reparei também que tem um anel no último dedo da mão esquerda"... De facto, eles têm razão... Outr pormenor curioso: a Celeste, do seu lado esquerdo, e a Ivone, do seu lado esquerdo, apoiam-se no braço de um homem, branco, de cigarro na boca, e "ronco" na cabeça... (Quem seria ? Não era seguramente o Capitão Figueira, facilmente reconhecível na foto, no lado esquerdo, pela sua cabeça calva, por detrás de outro homem com chappéu colonial igual ao da Ivone)...

Fotos:  © Durval Faria (2008). Todos os direitos reservados.


1. Mensagem, de Durval Carlos Simas Faria, que encontrámos numa das caixas do correio do nosso blogue, com data de 2 Junho de 2008, e que decidimos agora recuperar, não tendo sido publicada na devida altura, não exactamente  por lapso nosso mas pela simples razão de andarmos então ainda à procura de organizar uma série sobre as nossas enfermeiras pára-quedistas cujo primeiro poste só seria publicado em Fevereiro de 2009 (*):


Camarada Luís Graça:


Sou açoreano. Também estive na Guiné, de Janeiro de 1962 a Janeiro de 1964, na Companhia de Caçadores Especiais nº 274 que operou na zona de Fulacunda durante o ano de 1963, e que pertencia ao Batalhão de Caçadores nº 356.

A minha companhia era comandada pelo antigo Capitão Adérito Augusto Figueira (hoje general reformado). Conheci de perto as enfermeiras pára-quedistas Maria Ivone Quintinho Reis e  a Celeste.

Lia na página da Xiconhoca o depoimento dessa enfermeira pára-quedistas [a Ivone,]  e que tem por título "Companhia de Caçadores fecha guerra a Solnado", em que ela conta a história de uma companhia de açoreanos muito unidos. Por acaso fiz parte dessa companhia, conforme fotos que envio.

Não sei se o camarada tem a direcção de alguma dessas enfermeiras, para que eu possa entrar em contacto com elas. No próximo email enviarei fotos antigas.

Um grande abraço do camarada


Durval Carlos Simas Faria [Vd. Página pessoal no Facebook]


2. Comentário de L.G.:


Durval: Lamento imenso só agora publicarmos as tuas preciosas fotos no nosso blogue, que já é teu, mas onde já devias figurar, desde Junho de 2008. Tenho pelo menos duas antigas enfermeiras pára-quedistas registadas no nosso blogue como camaradas,a Giselda e a Rosa.... São verdadeiramente as únicas duas camaradas (de armas) que integram a nossa Tabanca Grande. A Giselda Pessoa deu-me o nº de telefone e a  morada da Maria Celeste, informações essas que te vou enviar por mail pessoal, por razões óbvias de segurança e confidencailidade

A Maria Ivone Reis está viva mas, infelizmente,  já não goza de boa saúde. Era do primeio curso de enfermeiras pára-quedistas. Está reformada como Capitão. A Celeste (não confundir com a Maria Celeste Ferreira da Costa, morta em 10 de Fevereiro de 1973, num acidente, na BA 12, Bissalanca) vive em Algueirão e é do 2º curso.  Como já indicámos acima, o seu nome completo, actual, é Maria Celeste Lopes Guerra Palma. São informações  dadas pela nossa camarada Giselda, que aparece justamente como co-autora deste poste.

Durval, tu já és amigo da nossa Tabanca Grande no Facebook e eu já tomei, há pouco tempo, a liberdade de publicar duas fotos tuas que apareceram no mural da nossa página no Facebook. E iremos, a partir de agora, publicar mais coisas tuas e da tua companhia. Já foste, para todos os efeitos, apresentado aos restantes camaradas, amigos e camarigos. Aqui, na lista de A a Z, passas a ter o nº 467, o seja, és o segundo "tabanqueiro" a entrar formalmente este ano....

Sê bem vindo. Sei que que és um digno representante dos primeiros camaradas a embarcarem para a Guiné,  ainda de caqui amarelo, e que naturalmente és, na Internet, e não só, o mais activo porta-voz dos teus bravos camaradas da CCAÇ 274... Com tempo e vagar, explicar-nos-ás melhor o que era uma companhia de caçadores especiais. Um bom início de ano para ti, família e antigos camaradas da tua subunidade. Luís Graça (**)
______________


Notas de L.G.


(*) As nossas queridas enfermeiras pára-quedistas será o título da série... O primeiro poste remonta a 20 de Fevereiro de 2009. Hoje temos mais de meia centena de referências ou marcadores sobre este tema ou tópico...

(**)  Último posrte desta série 31 de Dezembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7532: Facebook...ando (5): Natal de 1971 entre os felupes: Delfim Rodrigues (ex-1º Cabo Enf, CCAV 3366, Susana e Varela, 1971/73)

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Guiné 63/74 - P7549: Tabanca Grande (257): Ernesto Pacheco Duarte, ex-Fur Mil da CCAÇ 1421/BCAÇ 1857 (Mansabá, 1965/67)

1. Mensagem de Ernesto Pacheco Duarte, ex-Fur Mil da CCAÇ 1421/BCAÇ 1857, Mansabá, 1965/67, com data de 22 de Dezembro de 2010:

Relembrando aquilo que nunca se esquece

Camarada Carlos Vinhal
Muito obrigada pelo teu mail.
Como finalmente, decidi-me a tentar contar a minha história, mais militar, do que civil, vou começar pela internet.

Na minha profissão sempre trabalhei com computadores, mas nunca tive tempo para aprender. Era dada uma chave, e com ela acesso aos campos que como técnicos de nºs tínhamos necessidade.
Reformado, fiquei com um computador, mas durante muito tempo pouco lhe liguei.
Um dia por casualidade, penso que na casa da minha filha, olho para ver que bicho seria a Net e foi facílimo encontrar o vosso SITE e muito rapidamente, encontrava o Passeiro, o Cabral e Mansabá, adorada, odiada, que causou que causa ainda hoje sentimentos contraditórios por vezes dramáticos e violentos mesmo, e outras vezes saudades, não sei bem de quê mas causa e que continua a ter uma força enorme, aparecendo no vosso abençoado site, a cada voltar de pagina, estava lançado e mais uma vez, fui tentando ver, tentando aprender o que mais tinha necessidade, e hoje não ando depressa, mas ando.

Tenho épocas como no Inverno, que lhe dedico muitas horas, no Verão muito pouco, vou para a minha terra e quero ir de mãos a abanar aí dedico-me mais aos jornais, às revistas.

Já escrevi, duas ou três coisas, mas não mandei fotos, e penso que todas elas, desagradáveis, e bastante enroladas, e até talvez mal criadas, o que não faz parte de mim, não escrevi mais, porque vocês são todos uns jovens, a começar pelo Manel Jaquim, eu sou um velho, a minha Mansabá é outra, sem estradas asfaltadas e sem piscinas, mas acho que tão acolhedora como a vossa, eu sou um velho, mas voltar propriamente ao assunto:

Eu sou o Ernesto Pacheco Duarte, nascido a 09.06.1942 (68 Anos).
Antigo Curso Comercial
Natural de Aljezur - Algarve
Camponês de onde o Espinhaço de Cão quase que toca na Foia a (Norte)
Ex-Furriel Miliciano BC1857/CC 1421
Ex-Chefe de Cobranças de Grandes Clientes e Clientes Especiais na Petrogal
Nos clientes especiais estavam incluídas as forças armadas o que durante anos e anos me permitia contactar regularmente com militares.
Resido actualmente em Alfornelos – Amadora - Uma porta Aberta
Sou casado tenho uma filha e dois netos lindos.

A minha vida de militar é igual à de tantos e tantos outros, talvez com a maior diferença, que eu fui para aí a 2.ª ou 3.ª geração a passar a comissão inteira pelo Oio, por Mansabá, com a criação de algo também, para não dizer pior, uma aberração, o K3, só compensado de algum modo com um acampamento que tínhamos em Manhau e que nós encerrámos, mas ajudámos a criar outro em Banjara.

Portanto 40 anos a tentar perceber, o que me tinha acontecido, 40 anos calado falando muito pouco, 40 anos a tentar esquecer, e agora os últimos um pouco anarquista e um pouco mais louco, efeito dos 80 (oitenta) anos que levo agarrado ao mesmo, para não ser muito pesado, digo troquei a pele pela farda de um miliciano que passou por Mansabá.

Em Janeiro de 1964, fui para Tavira, parecia-me tudo louco, uns discursos, que eu não entendia muito bem, mas penso que eram sobre patriotismo, foi muito tempo mas não de todo insuportável.

Acabado o curso, Setúbal e aí havia um problema enorme, não tinham devolvido os invólucros das munições, dos tiros que os batalhões que por lá passavam, era suposto terem feito.

Uns meses de carreira de tiro, a queimar munições, e a não perder os invólucros. Foi Polícia, foi Legião, foi a PVT, quando se equilibrou os stocks, o Comandante agradeceu-me porque eu tinha mantido um muito bom relacionamento, com as forças da ordem civil prevendo-me um bom futuro como homem responsável e quem sabe até no Exército, porque tinha contribuído em muito, para a resolução do problema.

Continuava a não estar muito enquadrado com aquilo, era burro paciência e lá fui para Beja e lá fui dar instrução a um pelotão da GNR e GF que estavam a tirar um curso para Sargentos, estava a ser porreiro. E aí contribuo noutro acto de grande patriotismo, «voluntários» votamos no Américo Tomás. Houve um agradecimento em parada, com missa de acção de graças, com todas as autoridades do distrito, presentes.

Acabada a recruta, exercícios finais na coutada do José Visconde grande amigo do Américo Tomás, mais uma grande festa, com Beja inteira a ver e à noite um grande jantar, e tudo acabou em bem, até para aí dois ou três dias depois, quando os guardas do Visconde, não encontraram as lebres e as perdizes, que eles diziam que estavam lá, e quando tudo estava a correr também eu tenho o primeiro problema, não com o Exército mas com a tropa, a muito custo lá me deixaram sair para Abrantes e sinceramente, não sei como os bichos foram parar às marmitas da maioria da malta.

Abrantes só a loucura de formar duas Companhias, só tendo havido um problema com um jantar porque como bons patriotas tínhamos prolongado a instrução até muito tarde, e não tínhamos dito nada a ninguém.
Em Abrantes não tínhamos Sargentos do Quadro, e havia uns milicianos, como eu já velhotes, e uns que tinham acabado a Especialidade, e tinham saltado para lá.
Este grupinho mais velho fazia tudo, inclusive viver de bem com os seus anfitriões, a quem tínhamos que pedir tudo.

Como dos mais velhos já não assisto ao dividirem a Companhia em duas, porque parto para Santa Margarida onde ia receber tudo o que fazia falta para passarmos lá um tempo que já não estava muito definido em calendário quanto seria, e receber, sargentos do quadro, condutores, cozinheiros, uma pancadaria de gente, de Abrantes só vinham os atiradores.

Começou a mexer comigo, e a sentir um grande peso, uma sensação de impotência muito grande quando saí de Abrantes e há muita gente a despedir-se, e a levantar-se aquela dúvida se nos voltaríamos a ver, trocámos uma série de moradas, eu entro em Santa Margarida já um fulano desconsolado, e com uma sensação de impotência que mais se agrava ao ver as instalações a onde os soldados ficavam a cozinha de campanha, que porcaria.

Assinando um papel por tudo até pelas casernas, não fosse eu vender alguma, um quartel general, com tanto gajo por aquelas secretárias à espera que chegasse a mobilização deles (e muitos amarelados) era o que os motivava, odeio Santa Margarida, odeio a minha sorte, naquela altura.

Aí começa uma outra fase para mim, já desencantado de todo, não compreendia como é que podiam tratar tão mal os soldado, a dureza, violência que representava a porcaria daqueles pavilhões o horror daquele comer de cozinha de campanha e marmita.

E aí fiz coisas gravíssimas quanto à tropa, que deu participações e participações.

Fomos para Alferrarede num carro atulhado, jantar, vestidos de camuflado, à entrada foi giríssimo, com a PM.

O espólio da companhia feito por um sargento ajudante muito gordo, pondo as coisas dentro de uma camioneta, roubamos dessa mesma camioneta tudo quanto fazia falta, apanhamos uma anotação honrosa, por estar tudo certinho.

Quando recebemos as espingardas consegui mais 4, num telefonema que o sarja tinha ido atender, outra menção honrosa, pela responsabilidade que tínhamos demonstrado para com o património da nação, não havia uma espingarda riscada ou com qualquer pequeno defeito…

Oficiais e sargentos fomos fazer os últimos tiros tendo ido o Capitão na viatura connosco, ele desceu e nós fomos descendo atrás dele em plena ordem e respeito, ele foi estender a mão a um capitão gordo que lá estava que lhe deu um raspanete, por não ter apresentado a força, formamos logo rapidamente e cumpriu-se a ordem militar, até ao ínfimo pormenor fazendo com que o gordo se levantasse a cada momento, mas eu trazia uma formação louca de tiro de Setúbal e por ter estigmatismo, o que só soube muito mais tarde, tinha pontaria máxima.

Tivemos todos o máximo em pontuação de tiro e deu para estragar os pés dos alvos quase todos.

O comandante de batalhão apareceu lá queria fazer uns tiritos com a malta, nós à revelia do capitão contamos-lhe, o coronel quis o relatório que o gordo tinha que fazer. O tipo passou por cima de uma série de coisas e só realçou as nossas qualidades como atiradores, e militares disciplinados.

Outro grande crime contra a tropa, na sala de jantar, à entrada os sargentos tinham um cabide enorme onde deixavam as boinas, nós que fazíamos sargentos dia às companhias, arranjava-se outra ordem para as boinas, participações e mais participações.

Quando deixo Santa Margarida e embarco no Niassa aí por Julho de 1965, já não me conheço sou uma pessoa diferente, muito revoltado, uma moral baixíssima, uma auto estima também lá no fundo, um fulano descrente, um fim de semana na Madeira, tendo se esgotado as bebidas no casino e houve baile toda a noite com uma orquestra militar, os estrangeiros, já havia muitos lá nessa altura, e a população da Madeira veio para a rua, adoraram, contra todas as previsões não houve o mínimo desacato, e não faltou ninguém, esse convívio foi maravilhoso, mais uns dias curtindo o resto das bebedeiras, desembarque, e Mansoa um jantar maravilhoso dado pelo Batalhão de Artilharia que lá estava, os Águias Negras, mas a ansiedade e o nervosismo já não se conseguia disfarçar.

Estivemos em Mansoa, 15 dias no máximo.

Nesse espaço de tempo, recebemos as armas fizemos os primeiros tiros, apanhamos os primeiros tiros, um soldado nosso de guarda entre o quartel velho e novo, matou uma preta, um grupo assaltou uns táxis que havia em Mansoa e foram uma noite para Bissau, fomos socorrer, uma auto metrelhadora que na primeira bolhanha na estrada para Bissorã tinha apanhado com uma granada anticarro, acho que com 4 militares lá dentro.

Um furriel nosso ao fazer a ronda à noite a Manssoa, enganou-se no caminho e atolou as viaturas na bolanha, tivemos que ir reforçar o pessoal da ronda, só no outro dia conseguimos tirar as viaturas.

E a terminar, ao irmos fazer guarda de honra a uma companhia de Balantas que iam jurar Bandeira, chove a cântaros e os indivíduos que não tinham sido formados por nós abandonam a formatura.

Mansabá era o destino e apelando ao nosso orgulho não quisemos escolta, o comandante de sector acedeu de boa vontade, penso que ele achou que era uma maneira simples de se ver livre de nós, para sempre.

Mansabá primeira saída «UASSADO» um morto, não dava para respirar, mas lá fomos enchendo os pulmões e começando a respirar com alguma dificuldade, mas estava instalada em nós uma raiva enorme e a partir de aí, acentuou-se em definitivo aquele sentimento nós ou vós, então que sejam vós e assim lá fomos vivendo, usufruindo de uma vantagem que tínhamos à altura as G3 tinham maior alcance do que as pistolas metralhadoras que era o que eles mais usavam, como o barulho do nosso tiro também era mais desmoralizador.

Claro que andei pelo Oio, e fui ao Móres mais do que uma vez e a todos aquelas casas de mato, cercando Mansabá mais do que uma vez.

Tivemos reencontros, alguns violentíssimos, outros menos, em todos os sítios assinalados num mapa que junto e ainda as emboscadas na estrada e as minas.

Estivemos em Mansabá com uma companhia dos Águias Negras depois sozinhos e por fim, já era sede de Batalhão.

Daqui para a frente é-me muito mais difícil falar porque eu ainda vejo as cenas, ainda oiço o barulho das armas e os gritos e ainda sinto o cheiro, aquele cheiro a terra e pólvora, mas eu vou falar e não o faço já porque eu como louco não oficial e como gosto muito de escrever, não tenho a noção da quantidade que escrevo, e como não sou escritor, não tenho que arranjar caixotes de adjectivos, para ficar tudo bonitinho, e como sou muito calão raramente leio o que escrevo.
Mas reafirmo foi muito grande o pontapé que levei à chegada, lá eu não fazia a mínima ideia do que ia encontrar.

Foi muito grande o pontapé que levei à chegada à metrópole, não conhecia o meu país e percebi, ou pelo menos penso que percebi, que era uma guerra de soldados e seus familiares, não a guerra de uma nação.

Era assim como viver de bem com as gentes da tabanca e à noite íamos à procura dos fulanos que conviviam connosco durante o dia, tem exagero, mas talvez não tanto como possa parecer.

Ernesto Pacheco Duarte
Bcaç 1857/Ccaç 1421
Mansabá - 1965 a 1967


2. Fotos enviadas pelo camarada Ernesto:

Vista aérea do Quartel de Mansabá em 1965/67, substancialmente diferente em 1970 - Legenda:
1 - Caserna de Sargentos; 2- Balneários de Sargentos e Praças; 3 - Caserna de Soldados; 4 - Cantina e Refeitório; 5 - Armazém de Géneros; B - Porta de Aramas e estrada para Cutia; 7 - Cozinha Rancho Geral; 8 - Messe de Sargentos, Secretaria, Comanda, Posto de Rádio e Posto Cripto; 9 - Cozinha de Sargentos e Depósito de Material de Guerra; 10 - Casa do Chefe de Posto; 11 - Posto Médico; 12 - Messe e Quartos dos Oficiais; 13 - Homens da Artilharia e Auto Metralhadoras; 14 - Caserna dos Soldados; 15 - Parque Auto: 16 - Peças de Artilharia.

Vista aérea da povoação e quartel de Mansabá

Ernesto Duarte na estrada de acesso ao quartel

Estrada de acesso ao quartel, quem chegava de Cutia. Vê-se lá bem ao fundo a Casa do Chefe de Posto situada dentro do aquartelamento.

Ernesto Duarte em Mansabá

Diz Ernesto Duarte: - Os carregadores, são meus, muito meus, furados na minha cintura, quando eu estava de visita a CAI.

O Movimento Nacional Feminino de visita ao K3, às portas de Farim.


Um foto de Bissorã, infelizmente com pouca qualidade


3. Comentário de Carlos Vinhal:

Caríssimo Ernesto,
Tivemos já umas trocas de mensagens, pelo que sabes como me sinto particularmente honrado por te receber na nossa Tabanca Grande.
Tenho, assim como toda a minha CART 2732, para contigo e para com a tua Companhia, uma gratidão enorme pelo que nos deixaram como herança naquela terra de Mansabá, onde alguém disse, se ardia vivo.

Tivemos o bem-bom de uma estrada alcatroada entre Mansoa e Mansabá, que vos terá custado tanto suor e sangue, como nos custou a nós, a que ajudamos a alcatroar entre o Bironque e o Rio de Farim.
Um parênteses  para te dizer que fui buscar a Mansoa um Primeiro Sargento (de má memória) que vinha destinado à minha Companhia. Ele que tinha estado em Mansabá nos anos de 1965, tremia só de pensar que tinha de fazer aquela estrada até lá. Quando se apercebeu de que já não íamos por picada, mas por alcatrão, o homem até rejuvenesceu. Esteve connosco pouco tempo, felizmente.

Falamos de locais tão familiares que é quase trágico-cómico partilharmos estas recordações. Lembro-me de uma operação à tabanca de Uassado numa noite de temporal desabrido, com um guia que nos prometeu manga de ronco, não tendo acontecido nada.

Vós, como nós, calcorreastes aquela malfadada estrada entre Cutia e Mansabá passando junto ao corredor que atravessava a estrada, em Mamboncó, em direcção ao Móres. Ali nos ficaram duas vidas a um mês do fim da comissão.

Pelas fotos que mandas, constato que as instalações do quartel foram ampliadas depois da vossa permanência, pois os quartos dos furriéis ocupavam no meu tempo as casernas 1 e 3, sendo que a 4 era a messe de sargentos. Os balneários de que falas eram dos furriéis e dos militares locais. Deixou de haver distinção entre alimentação de oficiais, sargentos e praças, havia uma única cozinha e a comida igual para toda a gente.

Lembras-te do senhor José Leal, o homem que explorava a floresta e que matava a fome ao pessoal? Era o único branco existente em Mansabá. Ao tempo tinha com ele a esposa e a sogra. Nasceu-lhes uma menina em 1970.

Se não te importares vou colocar as tuas fotos no site da CART 2732, porque fazem parte da história de Mansabá, onde já quase não há vestígios da passagem dos portugueses.

Esperando que não tenhas esgotado todas as tuas recordações nesta apresentação, fico(amos) à espera de mais histórias do Morés, K3, Bironque, Cutia, Manhau, Mantida (de má memória para CCAÇ 3417), etc.

Recebe desde já um abraço de boas-vindas de toda a tertúlia, prometendo que não deixas morrer, pela parte que te toca, Mansabá neste Blogue.

O teu camarada, amigo e mansabense
Carlos Vinhal
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Notas de CV:

(*) Vd. poste de 2 de Setembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3163: O Nosso Livro de Visitas (25): Francisco Passeiro, ex-Fur Mil Trms da CCAÇ 1421/BCAÇ 1857 (Mansabá, 1965/67)

Vd. último poste da série de 26 de Dezembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7506: Tabanca Grande (256): João Bonifácio de volta ao Canadá, desiludido com Portugal

Guiné 63/74 - P7548: Notas de leitura (183): Vasco Lourenço, do interior da Revolução, entrevista de Maria Manuela Cruzeiro (Mário Beja Santos)

1. Mensagem de Mário Beja Santos* (ex-Alf Mil, Comandante do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 28 de Dezembro de 2010:

Queridos amigos,
Já existe no blogue a recensão coordenado pelo Vasco Lourenço “No Regresso Vinham Todos”*.
Faltava uma menção à longa entrevista que com ele teve a historiadora Maria Manuela Cruzeiro, do Centro de Documentação 25 de Abril da Universidade de Coimbra. Traz mais alguma luz sobre a comissão militar de Vasco Lourenço e sobretudo o seu relacionamento com Spínola.
Como é óbvio, os aspectos mais relevantes desta entrevista tem a ver com a preparação do golpe militar e a sua vivência durante o processo revolucionário, onde a sua actuação foi de uma importância iniludível.

Com um abraço do
Mário


Vasco Lourenço e a Guiné

Beja Santos

É dispensável tecer referências ao papel desempenhado por Vasco Lourenço no Movimento dos Capitães, na Comissão Coordenadora do Programa do MFA, no Conselho de Estado, no Conselho da Revolução, em suma este “capitão de Abril” exerceu durante o período revolucionário (o chamado processo político-militar de 1974 a 1976) um protagonismo inquestionável que justificou a extensa entrevista que a historiadora Maria Manuela Cruzeiro com ele teve e que permitiu um testemunho de enorme valor para a compreensão desse período histórico (“Do Interior da Revolução”, entrevista de Maria Manuela Cruzeiro com Vasco Lourenço, Âncora Editora, 2009).

Desse longo testemunho, importa salientar que Vasco Lourenço comandou na Guiné a CCaç 2549, entre 1969 e 1971. Não é a primeira vez que ele é aqui associado à Guiné, já se procedeu a uma recensão da obra que ele coordenou com a história da sua unidade “No Regresso Vinham Todos”. Nestas suas memórias, ele refere a sua nomeação por designação e descreve alguns aspectos da sua comissão, como se passa a sumariar.

Primeiro, ele considera que esta comissão lhe abriu os olhos. Encarara a guerra como uma guerra justa até que olhou à volta, logo à chegada a Bissau e se questionou: o que é que nós tivemos a fazer aqui durante 400 anos?

Segundo, considera que o seu primeiro ano, em que combateu com a fronteira com o Senegal, se traduziu numa guerra a sério, com resultados e também com muita sorte. Foi nesse período que se viu envolvido numa operação de que resultou a maior apreensão de material de toda a guerra colonial e nunca igualada: 24 toneladas de material apreendido. É também nesse período que viveu uma situação que o marcou profundamente: “Descubro a existência de uma rede de informações do PAIGC. Nós estávamos em Cuntima e detectei uma rede de informações dirigida por um soldado milícia. Através dessa rede todas as nossas movimentações eram transmitidas para o Senegal. E aconteceu que precisamente o milícia que dirigia essa rede de informações, acabou por morrer numa operação, ao meu lado a dois metros de mim. Comecei a pensar: mas que raio de guerra é esta? Onde é que eu estou metido? O que é que se passa aqui? O que é que faz estes tipos lutar? O que é que faz com que se coloquem em situações em que acabam por ser mortos pelos próprios amigos? Pelos próprios companheiros de luta? E cheguei a esta conclusão: não tenho nada a ver com esta guerra, esta guerra não é minha, esta guerra não tem sentido. A guerra para mim acabou”.

Terceiro, o seu relacionamento com Spínola e a análise que faz à génese do spinolismo. Vasco Lourenço confessa que o cabo-de-guerra tinha uma maneira de ser que, nalguns aspectos, lhe agradava, impressionou-o favoravelmente quando chegou à Guiné. Depois despertaram os grandes conflitos: “O Spínola tinha os seus homens de mão. Tinha criado um grupo de aficionados. Eu considero que o Spínola tinha como objectivo suceder ao Américo Tomás. Para isso montou uma máquina de propaganda, primeiro junto do meio militar e, depois, também no meio político”. A imagem que ele tinha junto dos jovens capitães foi inicialmente muito positiva, correu com oficiais incompetentes, responsabilizava os oficiais. Mas não escondia o seu facciosismo pela Cavalaria. Depois surgiram tensões entre os dois, já em Cuntima. A par dessas tensões que subiram ao rubro quando ocorreu a morte de um régulo na região e que levou Spínola a ter frases menos felizes chamando assassinos aos soldados que tinham morto o régulo e que gerou uma onda de contestação na unidade de Vasco Lourenço, a partir daí as relações deste com Spínola nunca mais se normalizaram. Vasco Lourenço descreve a reunião de 16 de Abril de 1970 (a chamada “reunião do fim da guerra”) em que houve uma altercação verbal e em que a reunião terminou caoticamente. Depois deu-se a chacina de três majores e um alferes e esta doutrina de pacificação foi invertida. Vasco Lourenço refere um ataque a Farim com os chamados foguetões de 122mm. Spínola quis retaliar e foi assim que se organizou uma operação com comandos africanos que retaliaram sem dó nem piedade.

O retrato que Vasco Lourenço faz de Spínola é bastante negativo, descreve ao pormenor uma série de conflitos, actos de vingança, punições, desautorizações, desentendimentos, incoerências. Considera, no entanto, que a acção de Spínola na Guiné teve grandes méritos e que ele soube manipular o marketing para misturar o personagem real com a lenda. Censura-o no caso específico da retirada de Guilege, ordenado por Coutinho e Lima, acusa-o da mesma atitude que Salazar assumiu com o general Vassalo e Silva e como Marcelo Caetano pretendia transformar os militares, num cenário de agravamento da guerra.

Na parte final do seu testemunho, e depois de referir as suas relações com outros oficiais que combateram na Guiné, Vasco Lourenço refere-se com humor às acções negativas que sobre ele se inventaram depois do 25 de Abril: que se perdeu no mato, ter estado na origem da morte do régulo, de ter sido um dos piores operacionais da Guiné. E deste relato pouco mais há a dizer, a seguir ele salta para a contestação ao congresso dos combatentes e a reunião de Alcáçovas. Mas isso já é outra história que não respeita ao âmbito do nosso blogue.
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Notas de CV:

(*) Vd. poste de 16 de Janeiro de 2010 > Guiné 63/74 - P5657: Notas de leitura (55): No Regresso Vinham Todos, de Vasco Lourenço (Beja Santos)

Vd. último poste da série de 31 de Dezembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7535: Notas de leitura (182): Salgueiro Maia Um Homem da Liberdade, de António de Sousa Duarte (Mário Beja Santos)

Guiné 63/74 - P7547: Agenda Cultural (97): Para não esquecer a apresentação do livro Lugares de Passagem, de José Brás, dia 6 de Janeiro de 2010, pelas 18 horas na Biblioteca José Saramago, em Loures

1. Mensagem de José Brás (ex-Fur Mil, CCAÇ 1622, Aldeia Formosa e Mejo, 1966/68), com data de 2 de Janeiro de 2011:

Bom dia Carlos
Um bom ano para ti e para os teus (os amigos também são)

Como estamos em cima da apresentação do Lugares de Passagem, junto-te aqui o convite para a rapaziada que esteja disponível, com vontade e com meios para vir aqui num dos dias, bem como alguma informação para entrada em Loures, porque é um dia de semana e a via rápida do Lumiar está em obras de alargamento, é um caos de evitar, sendo preferível sair de Lisboa pelo Ralis, acesso à Vasco da Gama e à esquerda, túnel do Grilo descendo até entrar na via rápida referida mas no sentido de Lisboa, encostado à direita para sair no sentido Odivelas e Caneças, subir, passar as saídas de Odivelas e Ramada e mesmo no topo, sair `*a direita Caneças-Loures, na rotunda virar para Loures sempre a descer e sem se enganar com a entrada da Zona Comercial, seguir indicações e já em baixo, numa recta entre vivendas, virar à esquerda, rotunda e a biblioteca está mesmo ali.

Para quem entra em Loures pela A8 ou da zona de Alverca, ou de Bucelas, ou da estrada da Malveira, sobe mesmo junto ao edifício da Câmara até encontrar o mesmo que já foi indicado para os outros.
Penso que esta explicação será suficiente para dar com o sítio.

Obrigado, meu amigo
Um abraço
José Brás


Convite para assistir à apresentação do livro "LUGARES DE PASSAGEM", de José Brás, a ter lugar no dia 6 de Janeiro de 2011, às 18 horas, na Biblioteca José Saramago, em Loures 


Como chegar


CONVITE

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Nota de CV:

Vd. poste de 22 de Dezembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7490: Agenda Cultural (96): Apresentação do livro Lugares de Passagem, de José Brás, dia 6 de Janeiro de 2010, pelas 18 horas na Biblioteca José Saramago, em Loures