domingo, 14 de maio de 2017

Guiné 61/74 - P17356: Convívios (800): CCAÇ 1439 (Enxalé, Porto Gole, Missirá, 1965/67): Calda da Rainha, 29 de abril de 2017 - Parte I (Jorge Araújo)











(Continua)
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Nota do editor:

Último poste da série > 13 de maio de  2017 > Guiné 61/74 - P17351: Convívios (799): Encontro do pessoal do BART 3873, que se realiza no próximo dia 3 de Junho de 2017, em Válega - Ovar (Sousa de Castro)

Guiné 61/74 - P17355: In Memoriam (297): Homenagem póstuma a Jorge Teixeira, na Quinta dos Melros, sede da Tabanca dos Melros, ontem, dia 13 de Maio de 2017 (Carlos Vinhal)



HOMENAGEM PÓSTUMA A JORGE PORTOJO
TABANCA DOS MELROS
13 DE MAIO DE 2017

O segundo sábado de cada mês é dedicado ao Convívio da Tabanca dos Melros. O dia de ontem, 13 de Maio de 2017, foi diferente porque o habitual almoço foi antecedido por uma pequena, mas sentida, homenagem ao malogrado camarada Jorge Teixeira (Portojo), Secretário General do "Bando do Café Progresso, das Caldas até às Guiné", recentemente falecido.

A iniciativa partiu de dois camaradas, o Dr. Rui Vieira Coelho e o Luís Bateira, à qual se juntou a "Tabanca dos Melros" e demais camaradas da Guiné que habitualmente frequentam a Quinta dos Melros nestes sábados de saudável convívio.

Do momento ficam estes instantâneos registados pelos camaradas presentes:

Quinta dos Melros, 13 de Maio de 2017 - A primeira intervenção esteve a cargo do Dr. Rui Vieira Coelho

Quinta dos Melros, 13 de Maio de 2017 - A segunda intervenção foi patrocinada pelo Jorge Teixeira, Presidente dos Bandalhos

Quinta dos Melros, 13 de Maio de 2017 - A lápide foi descerrada pelos responsáveis da Tabanca dos Melros e do Bando do Café Progresso, respectivamente Carlos Silva e Jorge Teixeira


Os textos lidos, a lápide que perpetua a memória do Jorge Portojo  (1945-2017)e a bandeira dos Melros


A lápide


Os textos lidos

Os dois mentores da iniciativa: Luís Bateira e Rui Vieira Coelho

OBS: O Dr. Rui Vieira Coelho exibe na lapela o pin (crachá) da Tabanca Grande oferecido momentos antes pelo editor deste Blogue ali presente.


Parte dos presentes durante o almoço


Intervenções do Dr. Rui Vieira Coelho e do Presidente Bandalho, Jorge Teixeira 
Vídeo da autoria de Carlos Silva
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Nota do editor

Último poste da série de 14 de Maio de 2017 > Guiné 61/74 - P17353: In Memoriam (296): Clara Schwarz (1915-2016), a "mulher grande", foi homenageada pelas Rádios Sol Mansi e Voz de Klelé... As suas cinzas repousam finalmente ao lado do seu filho mais novo Carlos Schwarz da Silva, 'Pepito' (1949-2014) e do seu "cretcheu" Artur Augusto Silva (1912-1983) (Catarina Schwarz, neta)

Guiné 61/74 - P17354: Blogpoesia (510): "Oração à paz"; "Alimento secreto" e "Festa do sol", poemas de J.L. Mendes Gomes, ex-Alf Mil da CCAÇ 728

Marginal de Leça da Palmeira
Foto: ©: Carlos Vinhal

1. Do nosso camarada Joaquim Luís Mendes Gomes (ex-Alf Mil da CCAÇ 728, Cachil, Catió e Bissau, 1964/66) três belíssimos poemas, da sua autoria, enviados entre outros, durante a semana, ao nosso blogue, que publicamos com prazer:


Oração à Paz

Chova do paraíso
abundante chuva de harmonia.
Inunde a terra
e nela renasça e reverdeça
a Paz e a alegria.

Reine a concórdia serena
entre os povos.
Porque a Justiça é a rainha
e a força da riqueza
abraça o mundo inteiro.

Sejam respeitadas religiosamente,
todas as leis da Natureza.
As árvores cresçam em liberdade
e encham de fruto bom
a mesa da humanidade.

Se acalmem todos os alvoroços
e tormentas
que ameaçam a vida humana.

Para sempre se extinga o ódio
e a violência.
Que o homem faça da Terra o paraiso...

Berlim, 14 de Maio de 2017
7h26m
amanhecer enevoado
Jlmg

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Alimento secreto

Saio à rua como o corvo desce a árvore.
Debico sorrisos e simpatia feito ave.
Sorvo da seiva doce que corre dentro
E vem à tona.

Tudo digiro em casa,
Num fechar de olhos.
Depois, só voo. Alto,
Num sonho lindo.
Para lá das nuvens
E oceano extenso.

Me recolho cedo.
Ao pôr do sol.
Me despeço dele
Até novo dia.

Assim eu vivo
Ao sabor da sorte.
Nunca me canso,
Sem fome ou sede.

Bar dos Motocas em dia de sol
Berlim, 11 de Maio de 2017
10h47m
Jlmg

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Festa do sol

Cada dia que nasce
E reina no horizonte,
Tudo na terra dança alegre
Como quando se é infante.

Rejubila o mar
Com o seu mar de ondas
A beijar as praias.

Poisam na areia em massa,
Vindos não se sabe donde,
Os bandos de gaivotas.

Assomam à janela,
Sob as vagas fartas,
Como que num enxame,
Infindos novelos,
Muito ensarilhados,
- Como é possível tanta alga verde
A sair do mar!...

Refulge na serra a neve,
Tão suave manta,
Ó que bela noiva
Que subiu ao altar.

Como vão alegres,
Pelos montes fora,
Montes de rebanhos,
Enquanto o sol brilha,
Vão matar a fome.

E, pelos vales imensos,
A perder de vista,
Em perene dança,
- É um regalo ver!
Bailam tão serenos
Os milhões de hastes
Donde brotam espigas.

Bar dos Motocas, arredores de Berlim, 12 de Maio de 2017
lindo dia de sol
9h50m
Jlmg
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Nota do editor

Último poste da série de 7 de maio de 2017 > Guiné 61/74 - P17327: Blogpoesia (509): "Um carro de fogo"; "Os discursos do piano" e "No cotovelo da praça", poemas de J.L. Mendes Gomes, ex-Alf Mil da CCAÇ 728

Guiné 61/74 - P17353: In Memoriam (296): Clara Schwarz (1915-2016), a "mulher grande", foi homenageada pelas Rádios Sol Mansi e Voz de Klelé... As suas cinzas repousam finalmente ao lado do seu filho mais novo Carlos Schwarz da Silva, 'Pepito' (1949-2014) e do seu "cretcheu" Artur Augusto Silva (1912-1983) (Catarina Schwarz, neta)


Guiné-Bissau > Bissau > Rádio Sol Mansi > 10 de maio de 2017 > Da esquerda para a direita, Catarina Schwarz, Swaila Fonseca, declamadora de poesia, e Iano, autor  da iniciativa.


Guiné-Bissau > Bissau > Rádio Sol Mansi (RSM) > 10 de maio de 2017 >  Leonildo, locutor da RSM


Guiné-Bissau > Bissau >  Rádio Sol Mansi > 10 de maio de 2017 > Da esquerda para a direita, Leonildo, locutor da RSM,  Swaila, declamadora de poesia, e Iano, autor  da iniciativa.



Guiné-Bissau > Bissau > Rádio Sol Mansi > 10 de maio de 2017  > Estúdio Central, em Bissau, na av Combatentes da Liberdade da Pátria, Cúria de Bissau. Ver aqui o sítio oficial. O diretor da RSM é o padre Alberto Zamberletti. Criada em 2001,  e diz-se uma estação de "rádio escola ao serviço da paz":

"A Rádio Sol Mansi começou as emissões em Mansoa, no dia 14 de fevereiro de 2001, com um pequeno emissor de 250 Watts e uma área atingida de poucos quilómetros. A ideia surgiu do missionário católico italiano, Padre Davide Sciocco, que estava naquela cidade durante a guerra civil de 98-99. Vendo que as rádios foram uma 'arma' fundamental no conflito, e toda a população escutava 'religiosamente' os programas e convites a apoiar as diferentes partes, o seu pensamento foi: 'se a Rádio foi usada para favorecer a guerra, porque não fazer uma Rádio para favorecer a paz, a reconciliação e o desenvolvimento?' "-

1. Mensagens de Catarian Schwarz, com datas de 9 e  10 do corrente:

(i) Olá,  Luís, como estás ?

O programa sobre a minha avó [Clara Schwarz] (*)  terá lugar hoje e amanhã e no terceiro dia iremos depositar a urna junto do meu pai [Pepito] e avô [Artur Augusto Silva], no cemitério de Bissau. (...)


(ii) Terminamos agora o programa de rádio, na rádio Sol Mansi e na Voz de Klelé.

É sempre difícil avaliarmos o resultado, pois estando no estúdio, não temos nenhuma ideia de como está a correr. De qualquer maneira, recebemos imensas chamadas de ouvintes, de Catio, Bafatá, Bissau, Gabú, engraçado!

Assim que tiver a gravação do programa, eu digo qualquer coisa.

Aproveito para agradecer a todas as pessoas que gentilmente deram o seu contributo:

Abdulai Silá
António Delgado
António Estácio
Auzenda Cardoso
Eduardo Costa Dias
Ernst Schade
Fernando Flamengo
João Graça
Jorge Camilo Handem
José Teixeira
Luís Graça
Pedro Lopes Junior

Os poemas foram lidos pela Swaila Fonseca, que foi uma querida. O Iano,  dos "Fidalgos", teve esta bonita ideia que acabou de ser concretizada! (**)

Beijinhos

Catarina


PS - Nas fotos aparecem:

- Leonildo - locutor da RSM
- Iano - desencadeador da iniciativa
- Swaila - declamadora de poesia

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Guiné 61/74 - P17352: Inquérito 'on line' (114): Fátima... As 50 primeiras respostas: todos lá fomos, mas a maioria de nós (60%) como "simples turistas ou em passeio"... Prazo para responder termina 4ª feira, dia 17, às 16h53

I. INQUÉRITO 'ON LINE':

"FUI COMBATENTE, NUNCA FUI A FÁTIMA"...






As 50 primeiras respostas (até ao fim da tarde de ontem):


1. Fui lá ainda em miúdo 
ou ainda antes de ir para a tropa  > 20 (40%)

2. Fui lá, como militar, 
antes de ir para o ultramar  > 1 (2%)

3. Fui lá logo depois de vir do ultramar  > 8 (16%)

4. Só fui lá muitos anos depois 
(de vir do ultramar)  > 10 (20%)

5. Fui lá como verdadeiro peregrino ou crente  > 6 (12%)

6. Fui lá como simples turista ou em passeio  > 30 (60%)

7. Nunca fui a Fátima 
mas ainda gostaria de lá poder ir  > 0 (0%)

8. Nunca fui a Fátima 
nem tenho especial interesse em lá ir  > 0 (0%)


II. Prazo de resposta: 

até dia 17 de maio, 4ª feira, às 16h53.

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sexta-feira, 12 de maio de 2017

Guiné 61/74 - P17350: Inquérito 'on line' (113): Fátima... Gosto de lá ir em silêncio... e, para mim, a oração não é uma forma de negociar com Deus (José Teixeira)

1. Comentário ao poste P177347 (*), por José Teixeira,  um dos régulos da Tabanca de Matosinhos, ex-1.º Cabo Aux Enf, CCAÇ 2381 (Buba, Quebo, Mampatá e Empada, 1968/70)



[Foto à esquerda: Guiné-Bissau > Região de Tombali > Guileje > Simpósio Internacional de Guiledje > 1 de Março de 2008 > O Zé Teixeira com a Cadidjatu Candé.

Foto (e legenda): © José Teixeira (2015). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Poucos dias depois de chegar à Guiné,  escrevi:

Prometi a minha mãe não me esquecer de Deus, mas confesso, que Ele se escapuliu, logo nos primeiros abalos do mar alto que me fizeram vomitar tudo quanto tinha e não tinha no estômago em alta sinfonia com centenas de camaradas alojados no porão do Niassa.

Singular fenómeno de religiosidade,  fui encontrar em Ingoré. Aí que tive o primeiro reencontro com Deus, após a saída de Portugal. 

Logo no segundo dia da chegada, depois do jantar e acabada a limpeza do refeitório, este enche-se de novo, agora sem pratos nem comida para o corpo. Seguia-se o momento de alimentar a alma. O grupo foi engrossando. Um estranho silêncio ou conversas em tom abaixo do normal, provocaram-me para ir averiguar o que se passava, com aquele grupo de camaradas de tez queimada por uns meses largos de sol na Guiné.

Um jovem soldado, lá na frente, começa a “votar” o terço em honra de Nossa Senhora, respondendo em coro o grupo de combatentes, onde se viam praças e um ou dois furriéis.

Foram vinte minutos de paragem, de reflexão, sobre o que me era exigido como seguidor do projeto de Jesus Cristo numa guerra para onde fui atirado, contra a vontade, pelos “senhores” do meu país.
Rezar, para mim, é mais um permanente estado de louvor a Deus pela vida, pela natureza que me disponibilizou para a minha felicidade. Corresponsabilizando-me com actos e acções de defesa de mim próprio no ambiente de guerra em que estou inserido, no respeito e serviço aos outros que me rodeiam pela missão que me foi atribuída - enfermeiro. 

A oração não é para mim uma forma de negociar com Deus, com promessas a cumprir se... chegar ao fim da comissão escorreito, ou um pedir permanente a proteção, vendo Deus como que um guarda chuva protetor, esquecendo que esse mesmo Deus também o é de tantos, quantos do outro lado da barricada nos atacam ou se defendem.

Os povos que ousam fazer-nos frente, possivelmente também tem a “sua Fé”, os seus santos a quem se agarrar nos momentos difíceis, os amuletos que lhes vemos à cintura são a prova evidente. Também têm avós, pais,  esposas, namoradas. Algumas, na frente de guerra, combatem lado a lado, outras, na retaguarda, sofrem como as nossas mães, os nossos familiares.

PS - Sobre o fenómeno de Fátima, onde gosto de ir no silêncio, já escrevi o poste nº 1873 um pouco baseado neste, que já estava escrito há muito tempo. (**)

Creio que esta reflexão continua atual, pois muitas vezes deusifica-se a Virgem Maria e tenta-se "negociar" com ela a salvação na vida terrena com promessas de sacrifícios. Ouso colocar a questão: Quem é a mãe/pai que gosta de ver um filho a sofrer, mesmo que seja por "amor" ?

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Notas do editor:

(*) Vd. poste d 11 de maio de 2017 > Guiné 61/74 - P17347: Inquérito 'on line' (112): Fátima: num total preliminar de 20 respostas, cerca de 2/3 foi lá "como simples turista ou em passeio"... Prazo de resposta: dia 17, 4ª feira, até às 16h53

Guiné 61/74 - P17349: Efemérides (250): No passado dia 30 de Abril de 2017, os Combatentes da Guerra do Ultramar de S. Bartolomeu do Mar foram homenageados pelo seu Núcleo. A Junta da União de Freguesias de Belinho e Mar aproveitou a cerimónia para ofercer uma Bandeira ao Núcleo de Combatentes de Mar (Fernando Cepa)



Em mensagem do dia 3 de Maio de 2017, o nosso camarada Fernando Cepa, (ex-Fur Mil Art da CART 1689/BART 1913, Catió, Cabedú, Gandembel e Canquelifá, 1967/69), dá-nos conta da homenagem, pelo Núcleo de Mar, União de Freguesias de Belinho e Mar, Concelho de Esposende, aos ex-Combatentes da guerra do ultramar, levada a efeito no passado dia 30 de Abril.

Caro Amigo Carlos Vinhal. 
Seguem dois anexos sobre a homenagem aos ex-combatentes efectuada na Freguesia de Mar, concelho de Esposende. 
Se achares oportuno e de interesse, podes publicar na Tabanca Grande. 

Um grande abraço. 
Fernando Cepa


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Nota do editor

Último poste da série de 5 de maio de 2017 > Guiné 61/74 - P17323: Efemérides (249): Dia 7, domingo, dia da mãe... O Museu da Marinha oferece bilhetes às mães para a exposição "Vikings - Guerreiros do Mar", composta por 600 peças originais provenientes do Museu Nacional da Dinamarca... A não perder

Guiné 61/74 - P17348: Notas de leitura (955): “Crepúsculo do Colonialismo, A Diplomacia do Estado Novo (1949-1961)”, por Bernardo Futscher Pereira, Publicações Dom Quixote, 2017 (Mário Beja Santos)



1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 10 de Maio de 2017:

Queridos amigos,
Caminhamos para um novo patamar da historiografia, uma nova geração despojada de atavismos ideológicos disseca o Estado Novo nas suas diferentes facetas.
O embaixador Bernardo Futscher Pereira abalançou-se a organizar a diplomacia de Salazar e já nos deu dois preciosos volumes, um que vai de 1932 a 1949, e agora temos esta obra recomendável a todos os títulos para entendermos o pano de fundo do anticolonialismo e como a vida portuguesa vai decorrer num impressionante claro-escuro, a diplomacia portuguesa tem os seus primeiros espinhos com a criação da União Indiana, da República Popular da China e da Indonésia, será um corolário de tensões que culminará, no fim do ano de 1961, com a queda do Estado da Índia.
Não de discute aqui se aquela intransigência em resistir ao fim do império era ou não uma fidelidade anacrónica. O que a autora observa é que Salazar era o Estado Novo e o Estado Novo era Portugal. E havia um argumento erigido a dogma. Sem África, Portugal não podia existir. Se tudo desabasse, desabava o regime. Como aconteceu.
É uma leitura imperdível, asseguro-vos.

Um abraço do
Mário


Nos anos de chumbo, a chegada do turbilhão anticolonial

Beja Santos

Numa leitura convencional, a década de 1950, aparece na nossa historiografia marcada pelo impulso desenvolvimentista em Portugal. A imprensa, a rádio e televisão davam notícias risonhas, a estabilidade não faltava: construíam-se barragens, importantes equipamentos sociais, encetara-se a euforia da industrialização; o resto era ocultado, não se dava conta de que o regime do Estado Novo enfrentava, a ritmo crescente, a contestação ao colonialismo.
Em “Crepúsculo do Colonialismo, A Diplomacia do Estado Novo (1949-1961)”, por Bernardo Futscher Pereira, Publicações Dom Quixote, 2017, passamos a dispor de um vivíssimo relato histórico da diplomacia do regime de Salazar em tempos de Guerra Fria, onde emergiram aspirações dos povos oprimidos à independência.

À partida, o regime possuía uma imagem simpática por fazer parte da Aliança Atlântica, campeava o anticomunismo. Mas ninguém desconhecia que o primeiro tremor de terra se anunciara com a União Indiana, Goa, Damão e Diu eram porções reclamadas pelo novo Estado. O regime julgava também que a adesão de Portugal às Nações Unidas, traria um respaldo para eventuais pretensões na Ásia e em África. É evidente que também não se ignorava que o novo regime comunista em Pequim não facilitaria as coisas, havia igualmente que agir com delicadeza com a Indonésia. Bernardo Futscher Pereira dá-nos o magnífico relato de toda esta trama diplomática, é uma obra-prima de comunicação, agarra do princípio ao fim iniciados e não iniciados. O regime de Salazar socorreu-se de retórica hábil para procurar fazer esquecer que a presença portuguesa no chamado Estado da Índia, Macau e Timor era ténue, e os Estados à volta poderosos, as soluções militares para resistir eram impensáveis. Futscher Pereira socorre-se lapidarmente de texto para ir relevando o desenrolar dos acontecimentos. Logo um estrato de Barradas de Oliveira num relatório confidencial a Salazar:
“ (…) o nosso contacto com Timor deu-nos a impressão de uma ilha onde os portugueses tivessem acabado de desembarcar, sem tempo ainda para promover o progresso da terra e a cristianização as almas”.
Os acontecimentos sucedem-se a ritmo alucinante na China, a partir de Outubro de 1949, está instalado o comunismo, foram inúmeras as exigências chinesas, houve que ceder até se constituir o modelo que a República Popular aceitou, com regras que definiu, Macau e Hong Kong. Estas pressões são totalmente omitidas à opinião pública, o que se mostra é a pompa com que se recebe o generalíssimo Franco, entretanto trasveste-se o império colonial em províncias ultramarinas. Mas o fenómeno anticolonial vai-se aprofundando, a União Indiana captura Dadrá e Nagar-Aveli, em Bandung reúnem-se líderes que mais tarde constituirão o movimento dos não-alinhados, a expulsão das potências coloniais está na ordem do dia.

Futscher Pereira tem dotes ímpares para animar os acontecimentos e na segunda parte da sua obra, que titula por Choque com o Terceiro Mundo, é particularmente feliz quando põe em marcha as peças do puzzle que passam pelas Nações Unidas a fazer perguntas com base no artigo 73, temos sempre a sensação de que o país vive num cenário glorioso, caso da visita de Isabel II em 1957, segue-se o torvelinho da candidatura Delgado que, para além de ter obrigado o regime a uma escabrosa manigância eleitoral, deixa Salazar definitivamente amargado ao reconhecer que o regime que instituiu está larvado de descontentamento.

A África resvala para a independência, as grandes potências cedem à inevitabilidade, o General de Gaulle desabafa com o diplomata Alain Peyrefitte:
“Acha que eu não sei que a descolonização é desastrosa para África? Que a maior parte dos africanos está longe de ter alcançado a nossa Idade Média europeia? Que vão outra vez conhecer as guerras tribais, a bruxaria, a antropofagia? Que 15 ou 20 anos a mais de tutela nos teriam permitido modernizar a sua agricultura, dotá-los de infraestruturas, erradicar completamente a lepra, a doença do sono, etc? Os americanos e os russos acham que têm vocação para libertar os povos oprimidos e encorajam-nos a exigir cada vez mais. O que devia ter sido escalonado ao longo de 50 anos consumou em dois ou três meses. Mas não nos podíamos opor”.
A independência da Guiné Conacri é o primeiro sinal de alarme, houve mesmo quem pensasse que era dali que partiria o primeiro surto de guerrilha. A crise do Congo faz perder as ilusões, anda-se devagar, retardam-se decisões. Só que 1961é um furacão do princípio ao fim, ainda por cima a eleição de Kennedy iria contribuir para alterar a correlação de forças a favor dos nacionalistas africanos. Portugal passa a ser condenado nas Nações Unidas e no início de 1961 Angola torna-se um barril de pólvora, um antigo aficionado de Salazar, Henrique Galvão, sequestra o navio Santa Maria em alto mar, há parangonas na imprensa de todo o mundo. Salazar reage, procura-se rodear de gente dinâmica como Adriano Moreira, Correia de Oliveira e Franco Nogueira, suspira-se temporariamente de alívio com a reconquista de Nambuangongo. Só que o ano termina para o regime da pior maneira: o Estado da Índia desaparece em poucas horas. O autor questiona sobre a rigidez e a intransigência do regime. Passara a ser doutrina que não merecia discussão: sem África, Portugal não tinha razão para existir, este argumento era obviamente o biombo para outro, como o autor observa:
“O que estava em causa em África não era a sobrevivência do país, era a sobrevivência do regime. Salazar era o Estado Novo, e o Estado Novo era Portugal. A identificação era tão sólida, dogmática e duradoura que não havia margem de flexibilidade e evolução. O rumo estava traçado há muito e era impossível alterá-lo. Zelosos dos seus privilégios, os guardiões do templo da nacionalidade, reunidos em volta de Salazar, não consideravam possível mudar nada sem que tudo desabasse”.

A leitura é imperdível e ficamos à espera do relato correspondente à história diplomática correspondente aos últimos combates.
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Nota do editor

Último poste da série de 8 de maio de 2017 > Guiné 61/74 - P17331: Notas de leitura (954): Ruy Cinatti e uma viagem a Bolama, 1935, em “O Mundo Português”, revista de cultura e propaganda, arte e literatura coloniais, o seu número 24, de Dezembro de 1935 (Mário Beja Santos)

quinta-feira, 11 de maio de 2017

Guiné 61/74 - P17347: Inquérito 'on line' (112): Fátima: num total preliminar de 20 respostas, cerca de 2/3 foi lá "como simples turista ou em passeio"... Prazo de resposta: dia 17, 4ª feira, até às 16h53


Guiné > Região de Tombali > Guileje > CART 1613 (1967/68) > A capelinha construída no tempo do nosso saudoso Zé Neto (1929-2007)... Havia três imagens da N. Sra. de Fátima, de diversos tamanhos... Reduzida a escombros, a capela foi reconstruída pela AD - Acção para o Desenvolvimento, com sede em Bissau, sob a liderança de outro nosso grande e saudoso amigo, o Pepito  (19949-2014). O Zé Neto já não viveu o suficiente para assistir à reconstrução da "sua" capela. Mas foi lá a sua viúva, a Júlia Neto. (*)

Foto: © Zé Neto / AD - Acção para o Desenvolvimento. (2007). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Guiné-Bissau > Região de Tombali > Guileje > Nucleo Museológico Memória de Guiledje > 2010 > A imagem de Nossa Senhora de Fátima, acabada de sair da embalagem que a protegeu durante a longa viagem Portugal-Guiné-Bissau. Imagem doada por António Camilo (Lagoa) e Luís Branquinho Crespo (Leiria / Coimbra).


Foto: © António Camilo (2010). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



I. INQUÉRITO 'ON LINE': 

"FUI COMBATENTE, NUNCA FUI A FÁTIMA"... 


(ADMITE-SE MAIS DO QUE UMA RESPOSTA)



As 20 primeiras respostas (até ao princío da noite  de hoje):

1. Fui lá ainda em miúdo ou ainda antes de ir para a tropa 
8 (40%)

2. Fui lá,.como militar, antes de ir para o ultramar 
0 (0%)

3. Fui lá logo depois de vir do ultramar 
1 (5%)

4. Só fui lá muitos anos depois (de vir do ultramar) 
5 (25%)

5. Fui lá como verdadeiro peregrino ou crente 
2 (10%)

6. Fui lá como simples turista ou em passeio 
13 (65%)


7. Nunca fui a Fátima mas ainda gostaria de lá poder ir  
0 (0%)

8. Nunca fui a Fátima nem tenho especial interesse em lá ir 
0 (0%)


Prazo de resposta: até dia 17 de maio, 4ª feira, às 16h53. (**)


II. É difícil encontrar um português que não tenha ido a Fátima, pelo menos uma vez na vida. 

O fenómeno de Fátima é mais velho do que todos nós: vai fazer 100 anos este ano. Inevitavelmente, estão a surgir diversos livros, documentários, filmes (***)  e outros eventos, celebrando a efeméride. E o papa Francisco vai estar amanhã  entre nós.

Fátima também esteve presente na vida (espiritual) de alguns de nós, que fomos mobilizados e combatemos na guerra do ultramar / guerra colonial.  Na Guiné, ergueram-se capelas, nos nossos aquartelamentos, sob a invocação de N. Sra. Fátima. Guileje foi um exemplo. Mas não sabemos qual foi a extensão do culto mariano em tempo de guerra. Em peregrinação ou não, alguns de nós fomos entretanto a Fátima nessa altura ou então mais tarde. 

Seria interessante que quem foi combatente (na Guiné ou nos outros teatros de operações) pudesse responder a este questionário até 4ª feira: pode-se dar mais do que uma resposta: 

(i) se alguma vez foste ou não a Fátima; 
e (ii)  e no caso de teres ido, se foste como peregrino ou crente,  ou como simples turista. 

Se nunca foste a Fátima, podes optar por uma de duas respostas: 
(iii) nunca fui a Fátima  mas  ainda gostaria de lá poder ir; 
ou (iv)  nunca fui a Fátima  nem tenho especial interesse em lá ir. 

Seria bom atingirmos as 100 respostas.

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Notas do editor:

(*)  Vd. poste de 29 de janeiro de  2010 > Guiné 63/74 - P5726: Núcleo Museológico Memória de Guiledje (10): A inauguração da capela, em 20 de Janeiro, na presença do embaixador de Portugal (Pepito)
(**) Último poste da série > 10 de maio de 2017 > Guiné 61/74 - P17343: Inquérito 'on line' (111): num total de 34 respondentes, participantes dos nossos últimos oito encontros anuais (total 1282), mais de dois terços estão globalmente satisfeitos com o local (Monte Real) e o hotel (Palace Hotel de Monte Real) escolhidos

(***) Vd. poste de 11 de maio de 2017 > Guiné 61/74 - P17344: Manuscrito(s) (Luís Graça) (118): "Fátima", do realizador João Canijo (Portugal / França, 153', cor, 2017)... Sangue, suor e lágrimas... ou onze mulheres à beira de um ataque de nervos... De Vinhais a Fátima, 430 km, 9 dias... E também aqui ninguém quer ficar para trás... Um filme sobre a caixa de Pandora feminina... A não perder.

Guiné 61/74 - P17346: Convívios (798): 23º Encontro do Pessoal de Bambadinca, 1968/71, CCS/BCAÇ 2852, CCAÇ 2590/CCAÇ 12, e outras subunidades: Viseu, 27 de maio, sábado... Inscrições até 13 de maio. Organização: Manuel Santos Almeida (Fernando Sousa, ex-1º cabo aux enf, CCAÇ 12, 1961/71)


Guiné > Zona Leste > Sector L1 > Bambadinca > CCAÇ 12 (1969/71) > Na primeira fila, da esquerda para a direita,

(i) o "Paranhos", padeiro;

(ii) Francisco Magalhães Moreira, capitão da equipa (alf mil op esp, cmdt do 1º Gr Comb, Santo Tirso);

(iii) António Manuel Carlão (alf mil at inf, cmdt do 2º Gr Comb, destacado depois a equipa do reordenamento de Nhabijões; vive em Fão, Ermesinde);

(iv) Abílio Soares, que vivia em Lisboa, já falecido;

e (v) Arlindo Teixeira Roda (fur mil at inf, 3º Gr Comb, natural de Pousos, Leiria, vive em Setúbal);

na segunda fila, de pé:

(vi) guarda-redes João Rito Marques (1º cabo quarteleiro, ou Manutenção de Material; vive no Souto, Sabugal);

(vii) Fernando Andrade de Sousa (1º cabo aux enf, vive na Trofa);

(viii) Arménio Monteiro da Fonseca (sold at inf, natural da Campanhã, vive no Porto);

(ix) Eduardo Veríssimo de Sousa Tavares (1º cabo escriturário, vivia em Oliveira  do Douro, faleceu em 29 de agosto de 2015] (*);

(x) Manuel Alberto Faria Branco (1º cabo at inf, vive na Póvoa do Varzim);

e (xi) Ernesto A. M. Rocha, 1º cabo at inf, 4º Gr Comb, que veio substituir o 1º cabo at inf António Pinto, também evacuado para o HMDIC; morada atual desconhecida, [Vd. composição orgânica da CCAÇ 25690 / CCAÇ 12].

Fotos: © Arlindo T. Roda (2010). Todos os direitos reservados [Legendagem: Fernando Sousa / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Leiria, Monte Real > Palace Hotel Monte Real > XII Encontro Nacional da Tabanca Grande > 29 de abril de 2017 > O Fernando Andrade Sousa,  ex-1º cabo  aux enf, CCAÇ 12 (Bambadinca, 1969/71), em segundo plano, tendo ao lado a esposa,  Maria Barros (Trofa).

Em primeiro plano, á direita, o António Fernando Marques, ex-fur mil CCAÇ 12, e Manuel Viçoso Soares, à esquerda, ex-fur mil, CART 2520 (Xime e Quinhamel (1969/70),  Três camaradas que estiveram no setor L1 (Bambadinca), na mesma altura.

Foto: © Luís Graça (2017). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].


1. O Fernando Andrade Sousa, que veio pela segunda vez ao Encontro Nacional da Tabanca Grande, pediu-me que divulgasse, no blogue,  o anúncio deste convívio, que este ano vai ser em Viseu, no dia 27 de maio, sábado. 

A organização está a cargo de Manuel Santos Almeida. cuja convocatória a seguir se reproduz. O Fernando Sousa, camarado que muito estimo,  é totalista de todos os encontros do pessoal de Bambadinca 1968/71. O António Fernando Marques, meu camarada de infortúnio, igualmente da CCAÇ 12, também não costuma falhar. Este é o 23º encontro. O 1º foi em 1994, em Fão, Esposende.

Este ano vai ser homenageado o Tibério Gomes Rocha (sold cond auto, da CCAÇ 12; vivia em Viseu, faleceu em 6/12/2007).

Guiné 61/74 - P17345: XII Encontro Nacional da Tabanca Grande, Palace Hotel de Monte Real, 29 de Abril de 2017 (20): os representantes da "frota celestial" (FAP) e o Johnnie Walker black label 12 years old, oferecido à malta pelo Tony Borié ("from America with love")


Foto nº 1 > A feliz contemplada com o  "Johnnie Walker black label 12 ears old", oferecido pelo Tony Borié à Tabanca Grande, na pessoa do editor Luís Graça...  Do lado direito, o Carlos Silva.


Foto nº 2 > A Elisabete, esposa do Francisco Silva, a Giselda e o Carlos Silva... "Então, não vai um golinho?", parece perguntar a nossa querida aniversariante e histórica camarada Giselda, a primeira a entrar para a Tabanca Grande.


Foto nº 3 > O ten gen pilav ref António Martins de Matos, e o Zé Manell Cancela (Penafiel) e a nossa "bar(wo)man" Giselda


Foto nº 4 >  O Joaquim Mexia Alves, a "jogar em casa"... à direita, a esposa Catarina... 


Foto nº 5 >  Uma mesa só com gente da "frota celestial" (FAP): um antigo piloto de DO 27, o Silvino Correia d'Oliveira (Leiria), o António Martins de Matos (ex-ten pilav, BA 12, Bissalanca, 1972/74) e a Giselda Pessoa... a nossa sempre amável, prestável e (e)terna enfermeira paraquedista...


Foto nº 6 > O António Martins de Matos (Lisboa)


Foto nº 7 > A "periquita" (em matéria... tabancal) enfermeira paraquedista Maria Arminda Santos (uma das primeiras a chegar ao TO da Guiné)


 Foto nº 8 > Os dois setubalenses, o nosso colaborador permanente Hélder Sousa e a Maria Arminda

Leiria, Monte Real > Palace Hotel Monte Real > XII Encontro Nacional da Tabanca Grande > 29 de abril de 2017

Fotos: © Luís Graça (2017). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].


Foto nº 9 > Águeda, 18 de Outubro de 2016 >  Tony Borié e Carlos Vinhal > Em visita a Portugal, o Tony Borié (ex-1º cabo cripto,  Comando de Agrupamento 16, Mansoa, 1964/66), bem sucedido e integrado "tuga" no "melting pot" americano, fez questão de se encontrar, em Águeda, com dois dos nossos editores, em Àgueda (**).

Por razões de disponibilidade. avançou o Carlos Vinhal.  O Borié trazia uma lembrança para cada um de nós, uma garrafa de Johnnie Walker, rótulo preto, 12 anos... Uísque de cinco estrelas!... A garrafa só seis meses depois,  em 29/4/2017, chegaria às mãos do nosso editor Luís Graça...

Em dia de dupla festa (aniversário da Giselda e realização do XII Encontro Nacional),  o Luís Graça confiou a garrafa à aniversariante para repartir irmamente o precioso líquido para quem tinha "sede", no fim do almoço, com o cafezinho...

A Giselda, que não bebe, saiu-se muito bem de mais esta inesperada missão, a de "bar(wo)man"... Como estava em terra, e em dia de merecido descanso, não infringiu nenhuma das regras de segurança da "frota celestial"...

Daqui vai um triplo xicoração: (i) para o Borié, que foi superlativamente generoso para connosco; (ii) para a Giselda, que foi superlativamente gentil connosco em dia de anos; e (iii) para o Carlos Vinhal que foi superlativamente competente, enquanto "intermediário" entre mim e o Tony Borié. (LG)

Foto: © Carlos Vinhal (2016). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementra: Blogue Luís Grça & Camaradas da Guiné]
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Notas do editor:

(*) Último poste da série > 8 de maio de  2017 > Guiné 61/74 - P17334: XII Encontro Nacional da Tabanca Grande, Palace Hotel de Monte Real, 29 de Abril de 2017 (19): Por mim, manteria o sítio, o hotel, e a relação qualidade/preço, melhoraria a refeição principal e, sobretudo, agarraria com unhas e dentes esta oportunidade (histórica, única) de convívio anual entre nós, amigos e camaradas (António Duarte, Lisboa)

(**) Vd, poste de 30 de outubro de 2016 > Guiné 63/74 - P16658: Atlanticando-me (Tony Borié) (14): O nosso encontro em Águeda

Guiné 61/74 - P17344: Manuscrito(s) (Luís Graça) (118): "Fátima", do realizador João Canijo (Portugal / França, 153', cor, 2017)... Sangue, suor e lágrimas... ou onze mulheres à beira de um ataque de nervos... De Vinhais a Fátima, 430 km, 9 dias... E também aqui ninguém quer ficar para trás... Um filme sobre a caixa de Pandora feminina... A não perder.


Cartaz do filme de João Canijo, com Rita Blanco, Anabela Moreira, Cleia Almeida, Vera Barreto, Teresa Madruga, Ana Bustorff, Alexandra Rosa, Teresa Tavares, Íris Macedo, Sara Norte e Márcia Breia. Produção: Portugal/França - 2017 - 153'/202' - cor.

Fonte: cortesia de Midas Filmes


1. Mais penoso do que ir a Fátima a pé... Há quem tenha dito isso do filme. Na realidade, não é um filme sobre Fátima, as aparições, o culto mariano, a espiritualidade, a transcendência, a religião, a fé, etc. 

N
ada disso, é um filme sobre o sofrimento e a superação, sobre um grupo de 9 mulheres de Vinhais em peregrinação até Fátima, a pé, no mês de maio de 2016, são  430 km que têm de ser percorridos em 9 dias, à média de 47,777 km por dia... Violento: 5 km por hora, 10 horas por dia... (30 km por dia, em marcha normal, faziam os exércitos de Napoleão Bonaparte!).

Há uma carrinha e uma rulote de apoio, conduzidas por outras duas mulheres, avó e neta: as refeições, as dormidas, os cuidados básicos são efectuados "in loco"... O duche é quando calha, em locais fixos de apoio (bombeiros, etc.).

São duas horas e meia de filme, "on the road", na estrada, na versão mais curta, comercial,   que estreou há dias nos cinemas: fui às Amoreiras ver o filme, anteontem, havia na sala 3 dezenas, se tanto, de espetadores, ou melhor de espetadoras: na realidade, os homens eram comigo, dois ou três...

É um filme sobre 11 mulheres e a caixinha de Pandora feminina... Podiam ser homens, mas o João Canijo tinha que fazer este filme com as suas atrizes favoritas... E que bem que elas estão, levando ao limite o seu profissionalismo: (i) estágio em Vinhais, de cerca de 3 meses, para captar o ambiente, trabalhar, viver, conviver, ouvir histórias, apanhar e aperfeiçoar o linguajar e o sotaque das gentes da terra; (ii) idas a Fátima, no "duro", em maiores ou menores percursos; (iii) teste pondo à prova a sua capacidade de resistência física e psicológica, e no limite a sua própria saúde e segurança....

Foram muitos meses de preparação e planeamento, dois meses de filmagens...  É um filme português, de um conceituado realizador (João Canijo, nascido no Porto em 1957), de quem vi, e de que gostei muito, O Sangue do meu sangue (2011) (,um grande filme que ficará na história do cinema português e europeu).

Pode faltar densidade sociológica e psicológica ao filme, mas a verdade é que não se pode contar a história de cada umas destas 11 mulheres, mesmo num longa metragem de duas horas e meia... Quais são as suas motivações, os seus valores. as suas crenças, a sua matriz sociocultural  ? O que as faz ir em peregrinação, a pé, de Vinhais, no nordeste transmontano, a Fátima, no centro do país, por  estradas alcatroadas que não foram pensadas para peregrinos ?

Mais do que a história de cada uma delas, o realizador quis centrar-se no grupo, na dinâmica de grupo, nas múltiplas interações que se estabelecem numa situação-limite como esta, incluindo a liderança, o conflito, o espírito de corpo, a cumplicidade, a solidariedade, a  resiliência, a coragem. Ninguém quer ficar para trás, e todas querem provar que são capazes de chegar ao fim. Na paz como na guerra, ontem como hoje, a vida é isso mesmo: sangue, suor, lágrimas e... suspiros.

É um filme que os homens, e sobretudo os misóginos, vão ter dificuldade em ver. A menos que as vejam, a  elas,  apenas como "gajas"... Mas eu aconselho,  vivamente, aos meus ex-camaradas de armas, que passaram, pelos teatros de operações de África, a ver o filme: quantas peregrinações a Fátima não fizemos nós ? E ali, "o sangue, suor e lágrimas" não era uma simples figura de retórica... tal como no filme, que é um  filme de realismo radical (como alguém já lhe chamou).

[Para saber mais, ler também o cinecartaz do Público.]
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Nota do editor:

Último poste da série > 8 de maio de 2017 > Guiné 61/74 - P17329: Manuscrito(s) (Luís Graça) (117): Festa, alegria e folia no XII Festival Internacional da Máscara Ibérica (Lisboa, Praça do Império, Belém, 4-7 maio 2017)... O fascínio da gaita de fole!

quarta-feira, 10 de maio de 2017

Guiné 61/74 - P17342: Tabanca Grande (436): Luís Branquinho Crespo, autor de "Guiné: um rio de memórias" (Leiria, Textiverso, 2017) aceita o nosso convite para ser o nosso próximo grã-tabanqueiro


Guiné-Bissau > Região de Tombali > Guileje > Núcleo Museológico Memória de Guiledje > Capela > 2010 > O Luís Branquinho Crespo  (advogado, Leiria) e o António Camilo (empresário, Lagoa) colocando a imagem de N. Sra. de Fátima, na sua base.




Guiné-Bissau > Região de Tombali > Guileje > Núcleo Museológico Memória de Guiledje > Capela > 2010 > A imagem, depois de colocada na sua base.

Fotos: © António Camilo (2010). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]




1. Mensagem de Luis Branquinho Crespo (autor de "Guiné: um rio de memórias", Leiria, Textiverso, 2017):

[Foto à esquerda, da respetiva página no Facebook]

Data - 10 maio 2017 15:02
Assunto - Rio de Memórias


Meu Caro Luís Graça

Muito obrigado pela ousadia em escrever-me e sobretudo pela franqueza da sua carta (*). Muitos "chutariam" para o lado uma justificação e nem sequer se arriscariam a dizer a verdade. Ainda bem que assim é.

Correu muito bem a apresentação do livro, pode crer.

Com gosto farei parte da Tabanca Grande.

Logo que me for possível mandarei uma fotografia minha do meu tempo de militar e uma actual.

Vou contactar o Dr. António Graça de Abreu para o mesmo vos dar conhecimento do texto de apresentação.

Conheço Guiledje e pertenço aos amigos da capela desse quartel (**), embora o meu tempo tivesse sido no Xitole e no Saltinho. Mas é com muito gosto que depois darei mais dados sobre mim. (***)

Receba um grande abraço deste camarada

Luís Branquinho Crespo
Advogado
Largo da Infantaria 7, n.º 19, 1.º Andar, 2410 - 111 Leiria - Portugal
Tel: (351) 244 843 270  Fax: (351) 244 843 279
_____________________

Notas do editor:

(*) Vd. postes de:

7 de maio de 2017 > Guiné 61/74 - P17326: Fotos à procura de uma... legenda (85): Nossa Senhora de Fátima de Guileje... a propósito do lançamento do livro de Luís Branquinho Crespo, "Guiné: um rio de memórias" (Leiria, Textiverso, 2017)

5 de maio de 2017 > Guiné 61/74 - P17320: Agenda cultural (557): Lançamento do livro "Guiné: um rio de memórias", de Luís Branquinho Crespo. Sábado, 6 de maio, às 15h30, em Leiria, no Celeiro da Casa do Terreiro. Apresentação do nosso camarada António Graça de Abreu. O autor fez parte do Grupo dos Amigos da Capela de Guileje.


Guiné 61/74 - P17343: Inquérito 'on line' (111): num total de 34 respondentes, participantes dos nossos últimos oito encontros anuais (total 1282), mais de dois terços estão globalmente satisfeitos com o local (Monte Real) e o hotel (Palace Hotel de Monte Real) escolhidos



Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2017)


I. Inquérito 'on line': 

"ESTOU SATISFEITO COM O HOTEL ESCOLHIDO COMO LOCAL PARA O NOSSO ENCONTRO ANUAL"

Total de respostas > 34

1. Totalmente satisfeito  > 17 (50%)

2. Em grande parte satisfeito  > 3 (8%)

3. Satisfeito  > 4 (11%)

4. Assim-assim  > 6 (17%)

5. Não satisfeito  > 1 (2%)

6. Em grande parte não satisfeito  > 3 (8%)

7. Totalmente não satisfeito  > 0 (0%)


Total > 34 (100%)



O prazo de resposta terminou ontem, dia 9, às 13h42. (*)

II. Não é um referendo... Em 12 encontros nacionais, desde 2006, os últimos oito realizaram-se em Monte Real, no Palace Hotel de Hotel Real, com os seguintes nºs de participantes (vd. gráfico acima):

2010 (V, Monte Real, Palace Hotel) > 152 
2011 (VI, Monte Real, Palace Hotel) > 126 
2012 (VII, Monte Real. Palace Hotel) > 200 
2013 (VIII, Monte Real, Palace Hotel) > 131 
2014 (IX, Monte Real, Palace Hotel) > 145 
2015 (X, Monte Real, Palace Hotel) > 200 
2016 (XI, Monte Real, Palace Hotel) > 194 
2017 (XII, Monte Real, Palace Hotel) > 134

Total (2010-2017)= 1282 (média anual: 160,25)

Os 4 primeiros encontros (de 2006 a 2009) tiveram uma média anual de 91,5 participantes: o 1º, em 2006 (Ameira, Montemor-O-Novo, Qta da Ameira), o 2º em 2007 (Pombal, Solar do Marquês), e os 3º e 4 (2008 e 2009), na Ortigosa, Quinta do Paúl.

O total de participantes nos nossos 12 últimos encontros foi de 1648.

Responderam ao nosso inquérito apenas 34 participantes. A partir de 30, considera-se um número grande... Mas dificilmente esta amostra pode ser considerada representativa dos 1282 participantes dos nossos últimos 8 encontros nacionais, realizados em Monte Real, no Palace Hotel de Monte Real...

Mas leiam-se os resultados com as reservas habituais neste tipo de inquéritos 'on line' (*): mais de 2/3 da amostra está satisfeita com o local e com o hotel escolhidos...

III. Está já em marcha o XIII Encontro Nacional da Tabanca Grande, a realizar em princípio no mesmo local e hotel,  em abril de 2018, a data a anunciar pela comissão organizadora. 

Sugestões e comentários, com vista à melhoria da organização e funcionamento do nosso próximo encontro, serão bem vindos e analisados pela comissão organizadora. (**)
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Notas do editor:



(**) Vd. postes de: