terça-feira, 2 de junho de 2009

Guiné 63/74 - P4451: Poemário do José Manuel (28): Matar ou morrer ? Não...

Guiné > Região de Tombali > Mampatá > CART 6250 , Os Unidos de Mampatá (1972/74) > O repouso do guerreiro... O Zé Manel, ou o Josema (pesudónimo literário), "a reler o que havia escrito, numa pausa durante a protecção a uma coluna de Buba para Aldeia Formoso". Foto editada (LG).


Guiné > Região de Tombali > Mampatá > CART 62590 , Os Unidos de Mampatá (1972/74) > Um foto aérea de Quebo (ou Aldeia Formosa)...

Guiné > Região de Tombali > Mampatá > CART 6250 , Os Unidos de Mampatá (1972/74) > "Eu e o Álvaro, soldado de transmissões e meu companheiro de tabanca, baterista do Pop Five , um dos conjunto Rock mais famosos naquela época, autores da música que abria um dos programas mais ouvidos na Rádio Renascença. Nunca mais o vi, não vai aos encontros. Gostava de lhe dar um abraço, mas não sei por onde anda nem como está" (JML)


Guiné > Região de Tombali > Mampatá > CART 6250 , Os Unidos de Mampatá (1972/74) > "Num campo de futebol construído pela Companhia de Engenharia que fez a estrada [até Nhacobá]. Grande equipa de futebol:o Vieira, madeirense, que jogou nas camadas jovens (Iniciados, Juvenis e Juniores) dos três grandes, Benfica, Porto e Sporting; o Pinheiro, do Desportivo de Aves, o melhor médio que vi jogar até hoje; o Plácido, o guarda redes acrobata; o Alferes Esteves, o Simões, o Camilo (mais tarde deputado pelo PS), o Gomes e eu, o terceiro da Esquerda, na fila de pé, que jogava porque era quem fazia a equipa e também era o dono da bola" (JML).

O Capitão da companhia era um miliciano, Luís Marcelino, "um amigo, antes de ser capitão", um homem por quem o José Manuel ainda hoje nutre um sentimento de respeito e de amizade... Apareceu há dias no Nosso Livro de Visitas, e já recebeu um convite do Carlos Vinhal para se juntar a nós (**)

Fotos, legendas e poemas: © José Manuel Lopes (2009). Direitos reservados.


1. O nosso camarada José Manuel Lopes veio recentemente da Guiné-Bissau, aonde foi em romagem de saudade (**), com mais três ou quatro camaradas (o Nina, o Carvalho, o Leça, o Silvério Lobo, este, de Aldeia Formosa)... Já aqui nos deixou cinco crónicas desse longo e até de certo modo dramático, regresso ao passado (em particular, a Mampatá, na Região de Tombali)... Mandou-nos o ano passado uma colecção de cerca de seis dezenas de poemas, que temos vindo a publicar nesta série, Poemário do José Manuel... (***). Hoje fomos ao rabisco, e descobrimos mais dois poemas, inéditos. Estamos à espera que ele passe pela casa da avó, na Régua, e descubra o paradeiro de mais duas dezenas que se salvaram do auto de fé que ele um dia fez com os seus papéis da Guiné... Recorde-se que ele todos os dias escrevia um poema, enquanto abria a estrada Buba-Quebo-Mampatá-Nhacobá-Salancaur (inconcluída com o 25 de Abril de 1974)...

O último mail dele, de 20 de Maio, trazia-nos excelentes notícias sobre os seus vinhos, que são a menina dos seus olhos, lá na Quinta Senhora da Graça, no Alto Douro, Património Mundial da Humanidade:

Bom dia, Luís:

Claro que vou [ ao nosso IV Encontro, no dia 20 de Junho], eu e a Luisa, que está em Madrid com o Vasco , fomos convidados a apresentar os vinhos. O Pedro Milanos Reserva 2006, depois da Medalha no 'Wine Masters Challenge', teve uma crítica muito boa na Revista 'Wine' de Abril e esta em 10º. lugar no Top 100 dos vinhos de mesa. Não consegui fazer a inscrição pelo blogue, quando o meu filho regressar de Madrid vou pedir para o fazer por mim. Um abraço, jose manuel.


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Sangue derramado

Puseste o pé em sítio errado,
um som violento, o pó levantado
escondeu por algum tempo
teu corpo violentado.

Sem pensar em outras minas,
correram em teu socorro,
o sangue fugia de teu corpo
e o héli não chegava.

Tua cara, ainda de criança,
ficava cada vez mais pálida,
tudo num silêncio angustiado.

Apesar dos teus vinte anos,
a vida fugia-te em golfadas,
porquê tanto sangue derramado?

s/l, s/d

Josema

[Enviado em 27/2/08]

Não matarás!mandamento por cumprir
por quem fala
em nome de Deus,
em nome da lei,
pela humanidade,
a quem sempre
sai a sorte,
neste xadrez
da vida e da morte
só nos resta
não ser peça
nesse jogo diabólico
e ficar na esperança,
não da vingança,
mas na passagem
da mensagem
para que acabem
de vez
os peões da desgraça.

Bissau 1973
Josema

[Enviado em 18 de Março de 2008]

[Fixação / revisão de texto: L.G.]


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Notas de L.G.:

(*) Vd. poste de 29 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4437: O Nosso Livro de Visitas (65): L.J.F. Marcelino, ex-Cap Mil da CART 6250, Mampatá, 1972/74

(**) Vd. postes de:

15 de Março de 2009 > Guiné 63/74 - P4033: De regresso a Mampatá (Zé Manel Lopes) (1): Da Tabanca de Matosinhos ao Cabo Bojador

15 de Março de 2009 >Guiné 63/74 - P4034: De regresso a Mampatá (Zé Manel Lopes) (2): Do Trópico de Câncer à Mauritânia

21 de Março de 2009 > Guiné 63/74 - P4061: De regresso a Mampatá (Zé Manel Lopes) (3): Do Trópico de Câncer à Mauritânia (2.ª Parte)

26 de Março de 2009 > Guiné 63/74 - P4081: De regresso a Mampatá (Zé Manel Lopes) (4): Senegal e Guiné-Bissau

31 de Março de 2009 > Guiné 63/74 - P4118: De regresso a Mampatá (Zé Manel Lopes) (5): Finalmente chegados a Mampatá

(***) Vd.último poste desta série > 11 de Março de 2009 > Guiné 63/74 - P4011: Poemário do José Manuel (27): Um ruído vem do céu / e há cabeças no ar, / hoje é dia de correio...

Guiné 63/74 - P4450: Estórias do Juvenal Amado (16): Borrasca no Pilão

1. Mensagem de Juvenal Amado (*), ex-1.º Cabo Condutor da CCS/BCAÇ 3872, Galomaro, 1972/74, com data de 30 de Maio de 2009:

Caro Luis, Carlos, Virgínio, Magalhães e restante tabanca

Dirão alguns que a minha posição nesta estória não é de algum modo de um soldado brioso.
Com 10 meses já estava farto de conflito e não sabia que ainda me faltam 17.

Mas voltando ao assunto, eu fui como tantos outros um homem de paz, que teve que ir para a guerra. A minha visão de valentia, nunca se mediu pelo o número de inimigos mortos, mas sim pelos foram evitados de ambos os lados.

Como o José Brás muito bem disse, muitos de nós preferimos o abraço do que o aço e o homem em vez de inimigo.

Gosto deste espaço em que polémicas à parte todos tem o seu lugar, enquanto uns como eu já se sentem em paz, penso que o blogue ainda cumpre o seu desígnio terapêutico, aos que necessitam de ajuda e sem coragem para escrever, se sentem também retrados nas várias estórias.

Podem pelo o menos dizer: - Vês eu não estava a mentir quando falava do que lá passei.

Um abraço
Juvenal Amado


2. Borrasca no Pilão

Sentado do lado da janela, parecia um pardal de telhado sempre ao saltos.

Muito magro, pequeno pouco maior que uma G3, foi durante toda a viagem de regresso à Guiné motivo de animação.

Quando avião se fez à pista e começou a ver o arame farpado a correr veloz, o seu semblante transformou-se ligeiramente.
- Já estamos de regresso ao arame farpado novamente - disse com algum desânimo.

As férias correram rápidas, os dias escaparam-se por entre os dedos, agora no corredor de rumo à saída do 727 pensava no calvário, que ia passar até chegar a Galomaro.

Ainda sinto o cheiro dos lençóis e a frescura daquele Novembro, que a escassas 3 horas deixei para trás.

Cada passada que dava me aproximava da porta, a hospedeira desejava-nos sorte. Tão apreciada durante toda a viagem, o seu sorriso depressa se diluiu nas ondas de calor, que me atingiu quando cheguei às escadas.

A roupa arde. O corpo ainda está à temperatura do ar condicionado.

Vou para os Adidos. Apresentei-me já sabendo que seria escalado para tudo que era serviço. Tenho que sair de Bissau rapidamente.

A mistura de periquitos e veteranos fazia uma manta de retalhos. Os braços e joelhos branquinhos contrastava com os rostos tisnados da malta mais velha.

A noite foi passada em cima do colchão sem lençóis e todo vestido, pois sabia lá quem já tinha dormido naquela cama.

No dia seguinte foi fatal, estou de piquete.

Quem comandava o piquete era um furriel novinho em folha, tão branco e magro, o suor corria-lhe em bica e dava-lhe um aspecto quase transparente.

Ou muito me engano ou se houver chatice, vai ser complicado convencer o furriel de que não deve fazer ondas.

No Pilão, conviviam entre a população, segundo era voz corrente, clandestinos do PAIGC, comandos africanos, fuzileiros e prostitutas, que eram responsáveis pelas visitas dos soldados às enfermarias com maleitas, que por vezes faziam temer o pior em relação ao futuro reprodutor dos mesmos.

Assim estava eu a rogar a todos as santinhos que não houvesse problemas lá para aqueles lados, quando o piquete foi chamado.

Estava visto que as minhas preces não tinham sido ouvidas.

Tinha estalado um fogachal com rebentamentos à mistura bem no meio do bairro.

Olho à minha volta, três ou quatro soldados mais velhos, o resto são acabados de chegar. Um Unimog com o nosso furriel no comando dirige-se para os cavalos de frisa da entrada do bairro. Os clarões estão cada vez mais perto e ouvem-se tiros.

Nós não conhecíamos o bairro, nem tínhamos qualquer preparação para lá intervirmos.

- Meu furriel o melhor é não entrarmos lá, sem que outros piquetes mais conhecedores lá entrem primeiro. Tentavam os velhinhos demover o furriel.

O bom senso ditava que aguardássemos que os piquetes de Bissau interviessem primeiro.

Passaram os piquetes do QG, dos Comandos, PM e não sei mais quantos. A coisa não dava sinal de abrandar, o cheiro a incêndio era intenso. Por fim lá nos fizemos à vida e entramos também.

As cubatas queimadas, feridos e possivelmente mortos deram-nos razão. Não teríamos salvação se fôssemos apanhados entre fogos, nem saberíamos donde nos chovia.

Regressamos aos Adidos, já madrugada tentei dormir, lembrava-me do sorriso da hospedeira, da fresquidão dos lençóis, dos sabores e perfumes de casa.

Os mosquitos atacavam em esquadrilhas, estou demasiado excitado para dormir.

Pensava: - Tenho que arranjar transporte para o Xime numa LDG ou coisa parecida, rapidamente, pois lá perto está a minha segunda casa.

Juvenal Amado

O Geba ao fundo

Piscina de Bafatá

De regresso a Galomaro há que festejar. O Passos, Ivo, Catroga, Setã, Alfredo, Silva, Ferreira, Romão e Viseu
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Notas de CV:

(*) Vd. poste de1 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4270: Blogpoesia (42): Reflexão - É mais fácil (Juvenal Amado)

Vd. último poste da série de 2 de Setembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3162: Estórias do Juvenal Amado (15): Adeus, até ao meu regresso

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Guiné 63/74 - P4449: In Memoriam (23): Luís Cabral ou o respeito por um homem que lutou por um ideal (Virgínio Briote)

Guiné-Bissau > Região do Boé > 24 de Setembro de 1973 > Foto da revista PAIGC Actualités, nº 54, Outubro de 1973: "O Camarada Luís Cabral, secretário geral adjunto do nosso Partido, eleito Presidente do Conselho de Estado, seu representante nas relações internacionais, sendo igualmente o comandante supremo das Forças Armadas Revolucionárias do Povo (FARP)"...

O primeiro presidente da República da Guiné-Bissau morreu sábado, dia 30 de Maio, em Lisboa, vítima de doença prolongada (*). O seu enterro será amanhã, terça-feira, dia 2, por volta das 10h... Luís Cabral residia em Lisboa desde 1984. Exilou-se em Cuba e depois em Portugal, após um golpe de Estado conduzido, em 14 de Novembro de 1980, pelo falecido 'Nino' Vieira (por quem, de resto, nutria - ao que parece - um 'ódio de estimação').

Uma delegação do PAIGC, de que foi um dos co-fundadores, liderada pelo primeiro-ministro, Carlos Gomes Júnior, e que integrou Artur Silva, o ministro da defesa, e Malam Bacai Sanhá, antigo presidente interino do país e candidato do PAIGC às eleições presidenciais do próximo 28 de Junho, veio expressamente a Lisboa apresentar condolências à família de Luís Cabral. SEgundo os jornais de hoje, seria intenção das autoridades guineenses a de, muito oportunamente, trasladar os seus restos mortais, para a sua terra natal, Guiné-Bissau, e fazer-lhe um enterro com honras de Estado. (LG).

1. Mensagem do nosso camarada e amigo, co-editor Virgínio Briote, ex-Alf Mil Comando, Brá, 1965/67 (foto, à esquerda):

Luís:

O corpo do Luís Cabral está na Igreja de São João de Deus, na Pr Londres (frente à Mexicana, como sabes).
Um episódio, até hoje por esclarecer, o abate dos seus antigos inimigos e meus Camaradas, [dos Comandos Africanos,] não me impediu de manifestar o respeito que sinto por um homem que lutou por um ideal.

Enquanto viver, talvez como tantos de nós, não vou esquecer que o Bacar Djassi, o Djamanca, um bom companheiro de tantas caminhadas, o Sisseco, figura muito mais controversa hoje que no meu tempo, o Justo Nascimento, com quem partilhei uma especial afinidade, o Bacar Mané, do meu grupo, um homem simples e afável, e, infelizmente, outros com quem convivi, repito, não posso esquecer que foram executados sem julgamento, sem qualquer hipótese de defesa. Não esqueço, como não posso esquecer as responsabilidades de governantes portugueses, civis e militares, que não foram capazes de prever o que viria a acontecer aos antigos Camaradas Africanos.
Podem dizer que os tempos, pós-Indepenência, foram propícios a ajustes de contas. Mas os Homens é nos tempos conturbados que são precisos.
Luís Cabral era o Chefe máximo nessa altura. Talvez muita coisa lhe escapasse, no meio de tantas prioridades. Mas não tenho informação que lhe diminua a responsabilidade na execução de tantas vidas. Este é um ponto.
O outro, é o homem que pôs a sua vida nas mãos de um ideal, a Independência do seu País. Curvar-me ante o seu corpo foi, para mim, a manifestação do respeito perante alguém contra quem combati, apenas isso. Como o faria e voltarei a fazer perante qualquer outro que se tenha cruzado comigo, de armas na mão, nos mesmos trilhos. Por isso, no livro de condolências escrevi:

Com o respeito de um ex-militar português que cumpriu a comissão na Guiné, entre 1965 e 1967. V Briote.

Um abraço, Luís
VB


2. Comentário de L.G.:


Deixa-me, amigo e camarada Virgíno, despir por momentos a minha pele de editor, e saudar a tua grandeza de alma e a tua nobreza de espírito... É na morte dos nossos inimigos de outrora que somos capazes, muitas vezes, de enxergar mais longe do que o limitado campo de visão que nos proporcionava a mira da G3 ou a seteira do nosso miserável abrigo... É na morte que os inimigos de ontem, de um lado e de outro, se agigantam... É na morte que somos capazes do mais nobre sentimento que distingue os seres humanos de outras espécies (animais): a capacidade de compreender e até de perdoar (não confundir com esquecer), o sentimento de pesar, de piedade, de compaixão... É a morte, e não a vida, que, na maior parte das vezes, aproxima aqueles que, em vida, procuraram destruir-se até à morte...

Admiro alguns cemitérios do sul do nosso país, onde alguém inscreveu, na parte cimeira do portão, a frase tão verdadeira como lapidar (e quiçá irónica): "Campo da Igualdade"... Amigos e inimigos, ricos e pobres, brancos e negros, colonizadores e colonizados, estamos finalmente, na morte, em pé de igualdade, na horizontal, nus, despojados de todos os elementos de status social, sem orgulho nem preconceito, apenas à espera do veredicto final da história e da memória (implacável) dos povos...

Meu caro VB, tu que conheceste pessoalmente (embora em circunstâncias fortuitas) o Luís Cabral, e que ainda tiveste a veleidade de o querer entrevistar para o nosso blogue (**), honras o melhor da nossa Tabanca Grande, dos amigos e camaradas da Guiné, que é também essa nobre (mas difícil) capacidade de respeitar, na morte, os nossos inimigos (ou adversários...) contra quem lutámos, de armas na mão...

Um Alfa Bravo. Luís (***).

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Notas de L.G.:

(*) 7 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4301: In Memoriam (22): Carlos Rebelo, a última batalha (Abilio Machado, ex-Alf Mil, CCS / BART 2917, Bambadinca, 1970/72)


(**) Vd. poste de 1 de Junho de 2009 > Guiné 63/74 - P4447: PAIGC - Quem foi quem (7): Luís Cabral (1931/2009) (Virgínio Briote)

(***) Alguns artigos disponíveis na Internet, aqui listados a título meramente exemplificativo:

(i) Artigos Recomendados pelo portal RTP

Malan Bacai Sanhá recorda o "africanista convicto" que foi Luís Cabral
2009-05-30 22:39:53

Silvino da Luz destaca Luís Cabral como "grande líder" da luta de libertação
2009-05-31 08:44:08

Secretário executivo da CPLP destaca "inquestionável" patriotismo de Luís Cabral
2009-05-31 08:44:20

Governo considera morte de Luís Cabral como perda de um «dos grandes homens guineenses»
2009-05-31 08:45:46

Com morte de Luís Cabral desaparece «parte importante da história do partido» - PAIGC
2009-05-31 08:45:44

Luís Cabral - Biografia/Perfil
2009-05-31 08:44:13


(ii) O Liberal [, Cabo Verde] > Colunistas > Fernando Casimiro (Didinho) > 1 de Junho de 2009 > "O Luís Cabral que conheci era um patriota e um homem bom"

Guiné 63/74 - P4448: Agenda Cultural (15): 2º Ciclo de Conferências “Memórias Literárias da Guerra Colonial”, em 4 de Junho (Alberto Branquinho)

Camaradas Tertulianos, 
Trazemos ao vosso conhecimento a intervenção do nosso camarada e tertuliano do nosso Blogue, Alberto Branquinho no 2.º Ciclo de Conferências "Memórias Literárias da Guerra Colonial, que vai decorrer no próximo dia 4 de Junho, pelas 19 horas, na Biblioteca-Museu República e Resistência/Grandela, em Lisboa, onde falará do seu livro, com o título "Cambança". 

BIBLIOTECA-MUSEU REPÚBLICA E RESISTÊNCIA 
Espaço Grandella
Estrada de Benfica, 419
1500-078 Lisboa
Telefone: 21 771 23 10

Um abraço 

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Nota de M.R.:

Guiné 63/74 - P4447: PAIGC - Quem foi quem (7): Luís Cabral (1931/2009) (Virgínio Briote)



Luís Cabral (1931/2009), por Virgínio Briote 

 Quando o pai morreu, Luís Cabral tinha 20 anos e há dois que trabalhava nos Serviços de Estatística, em Cabo Verde. Com várias propriedades no interior da ilha de Santiago, as secas prolongadas tinham deixado a família sem grandes possibilidades para o manter a estudar. 

 Com a morte do pai e irmãos mais novos para criar, a situação tornou-se ainda mais difícil para o Luís. A seguir aos funerais, um próspero comerciante da Praia, grande amigo do pai dos tempos da Guiné, ofereceu-lhe um emprego nos seus escritórios, com um salário superior ao que vinha auferindo nos Serviços de Estatística. 

  Em Bissau, na Casa Gouveia 

 Os contactos com o irmão mais velho, Amílcar, foram produzindo frutos. Na Guiné, removidas as dificuldades levantadas pela Polícia quanto à sua permanência no território, Amílcar prometeu arranjar-lhe um emprego. Seduzido pelas ideias do irmão, que afinal eram as suas, Luís deixou a mãe e os irmãos em Cabo Verde. 

 Chegou a Bissau, numa manhã de Abril de 1953, disposto a começar uma nova vida. A Guiné, de onde tinha saído com cerca de um ano de idade estava sempre presente, nas conversas, em casa com os pais e nas visitas que recebiam. Amílcar e a Maria Helena, sua mulher, levaram-no a viver com eles, em Pessubé, nos arredores de Bissau, onde se situava a Granja Experimental, de que Amílcar era o director. 

Dadas as relações e conhecimentos não foi difícil a Amílcar arranjar-lhe emprego nos serviços de contabilidade da Casa Gouveia. Nos primeiros tempos da estadia na Guiné, Luís Cabral via com impaciência o irmão não o convidar para as reuniões que, sabia, Amílcar fazia regularmente com camaradas da luta que se estava a forjar. Nem tão pouco Amílcar lhe dava conta do que estava a fazer. 

 Luís Cabral, entretanto, não perdia tempo. Enquanto progredia na Casa Gouveia, mandara vir de Cabo Verde a mãe e os irmãos. E continuou a estudar, para completar o 5º ano dos liceus. Visitava regularmente o irmão, mas era através da cunhada que Luís se mantinha a par dos movimentos de Amílcar. Segundo a cunhada, Amílcar queria que, se lhe acontecesse alguma coisa, Luís ficasse como retaguarda da família. 

  As conversas de Amílcar Cabral com o Governador-Geral 

 Amílcar já tinha provado o sabor da denúncia. Alguém que estava a par das suas actividades, deu conta delas à polícia. Um dia, Amílcar foi chamado ao governador, o oficial da Marinha Diogo de Melo e Alvim. Segundo contou mais tarde, o governador ter-lhe-á perguntado: - Ó engenheiro, então o senhor é que é o chefe dos "Mau-Mau" cá da terra? - Desculpe-me, senhor governador, mas parece-me que os "Mau-Mau" só existem na África Oriental! - Olhe, engenheiro! O senhor não me lixe! Mas seja um homem da actualidade! Viva a sua época! 

  Na fundação do PAIGC 

 Luís acabou por se integrar no grupo a que pertenciam Aristides Pereira, Fernando Fortes, Abílio Duarte e outros. É nesta altura que conhece a Dr.ª Sofia Pomba Guerra, uma farmacêutica portuguesa, que tinha sido desterrada para a Guiné, acusada de ser membro do PCP em Moçambique. É a Dr.ª Sofia que, mais tarde, lhe dá aulas de Inglês, quando Luís Cabral se propõe completar o 7º ano do liceu. 

 Os rumores da actividade que Amílcar persistentemente desenvolvia, acabaram por ser de tal forma públicos que o governador se viu na necessidade de o chamar novamente para lhe dar uma alternativa: ou Amílcar cessava tais actividades ou então, ele governador, deixava-o cair. Amílcar não teve outro remédio senão sair da Guiné, mas em condições de poder voltar de tempos a tempos. 

 Um ano depois, Amílcar estava de novo em Bissau. Aproveitando a estadia, reuniram-se em 19 de Setembro, numa casa onde moravam Aristides Pereira e Fernando Fortes, o nº 9-C da Rua Guerra Junqueiro. O grupo era composto por Amílcar, Luís Cabral, Júlio Almeida, Élysée Turpin e, naturalmente, o Fernando Fortes e o Aristides. Foi nesta data que oficialmente nasceu o Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde, com a divisa Unidade e Luta. Mais tarde, a designação do Partido viria a simplificar-se, passando a chamar-se PAI (Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde. Luís Cabral foi-se envolvendo em várias actividades. 

Nas eleições para o Sindicato dos Empregados de Comércio e Indústria da Guiné fez parte de uma lista que tomou conta da direcção. Filiou-se no Benfica de Bissau e, na modalidade de volei, teve a oportunidade de conhecer, numa das viagens a Dakar, Lucette de Andrade que se veio a tornar a sua primeira mulher. 

 Em Março de 1958, dispondo de uma licença de 6 meses, resolveu deslocar-se a Lisboa, com passagem por Dakar para se casar. Aproveitou para se apresentar a exames do 5º ano no Liceu Pedro Nunes e para conhecer Portugal, na companhia de Lucette e de Amílcar, mulher e filha. 

  Pidjiguiti 

 No seu livro Crónica da Libertação, Luís Cabral conta: 

  "A situação das equipagens das lanchas e outras embarcações das empresas coloniais era, em 1959, bastante deplorável. Os salários variavam entre 150 e 300 escudos, o capitão da embarcação ganhava ainda menos do que o motorista, pois este em geral sabia ler e gozava do estatuto de 'civilizado'. Os restantes membros da tripulação, sendo considerados 'indígenas', tinham de contentar-se com um salário de miséria, sem quaisquer regalias. Para cada viagem, o tripulante recebia, para a alimentação, uma determinada quantidade de arroz e mais 15 escudos por mês. Havia já muitos meses que os marinheiros vinham pedindo uma melhoria da sua situação, sem qualquer resultado. Faziam-lhes promessas, é certo, mas a situação mantinha-se e os trabalhadores não viam, na verdade, nenhumas perspectivas de mudança. Encorajados com o descontentamento crescente dos trabalhadores das docas, cuja situação também era má, os marinheiros fizeram saber às empresas que estavam decididos a parar o trabalho, se as reivindicações não fossem atendidas. As respostas das direcções das empresas, já concertadas, continuaram a ser promessas sem quaisquer garantias. A partir da noite do dia 2 de Agosto, as embarcações que chegavam ao porto de Bissau eram cuidadosamente arrumadas nas cercanias do velho cais de Pidjiguiti. 

(…) Os chefes das empresas, encabeçadas pelo sub-gerente da casa Gouveia, mandaram um ultimato aos grevistas: ou regressavam às suas embarcações e aos seus postos de trabalho em terra, ou pediam a intervenção da polícia. 

(…) A vida em Bissau parecia ter parado para seguir os acontecimentos. Apenas se viam passar nas ruas os carros da polícia, até ao momento em que as forças militares e paramilitares avançaram para o porto. Os trabalhadores em greve fecharam o portão de acesso aos cais de Pidjiguiti, apanharam tudo quanto podiam para se defenderem e aguardaram. 

(…) Poucos minutos depois ouviam-se os primeiros tiros: os soldados e a polícia tinham acabado de romper a frágil barragem do portão e penetravam no recinto do cais, atirando contra os grevistas, que, a princípio, ainda tentaram defender-se. Cedo, porém, depois de verem cair muitos companheiros, compreenderam que, diante da cruel realidade, a única solução era procurar fugir do cais, para escapar à morte. Uns caíam mortos ou feridos, outros procuravam por todos os meios alcançar a saída mais livre e a única que parecia segura, tentando, enquanto ainda era tempo, atravessar a estreita passagem que conduzia ao rio Geba, portanto às embarcações que ali estavam ancoradas. À medida que os homens conseguiam alcançar a ponta do cais iam-se atirando às águas do rio e nadavam desesperadamente para alcançar as embarcações. A horda colonialista com os sucessos alcançados, também avançou para a ponta do cais de Pidjiguiti. Fazendo dali calmamente a pontaria, conseguiram ainda matar ou ferir vários homens entre os que se tinham atirado desesperadamente ao Geba. E não eram só militares e polícias, os que atiravam. Também se juntaram a eles elementos civis com as suas armas pessoais, que depois se vangloriavam da sua participação na caça selvagem aos homens do 3 de Agosto. Saímos cedo do trabalho. Os escritórios da Casa Gouveia ficavam perto do cais do Pidjiguiti e não era possível trabalhar com o barulho terrível do tiroteio, tendo às portas tão criminoso espectáculo, sem precedentes nos nossos dias. Ficámos de pé no passeio, mesmo em frente do grande edifício onde trabalhávamos. (…) 

 (…) Da varanda do meu apartamento que estava situado frente ao porto, pude presenciar a parte final do monstruoso crime da caça ao homem no rio Geba. O sol desaparecera nessa tarde dos céus de Bissau; a atmosfera pesada e escura parecia gritar com o povo. A tarde sangrenta de 3 de Agosto fizera mais de cinquenta mortos e muitas dezenas de feridos entre os marinheiros pacíficos que mais não queriam que viver um pouco melhor. Na noite de 3 de Agosto, reuni-me com o Aristides e o Fortes. Este, na sua qualidade de chefe da Estação Postal, tinha podido meter no correio, que devia partir na manhã seguinte, cópias de um comunicado elaborado rapidamente sobre os acontecimentos, endereçadas às principais emissoras escutadas em Bissau. Lembro-me bem que a Rádio Brazzaville, a BBC, a Rádio Conakry e a Rádio Dakar, estavam entre aquelas que receberam e difundiram a notícia que os colonialistas não queriam que saísse da Guiné. Simultaneamente, foi também enviado um primeiro relatório ao Amílcar que se encontrava nesse momento em Angola." 

A saída da Guiné 

 No seguimento dos acontecimentos do Pidjiguiti, como era de esperar, foram efectuadas numerosas detenções. Luís Cabral era o guarda-livros da Casa Gouveia e, por altura da inauguração do novo edifício da Associação Comercial, Agrícola e Industrial de Bissau, teve conhecimento que o Administrador da Casa Gouveia pedira a Lisboa que fosse recrutado um novo guarda-livros, uma vez que o actual ia ser preso. Decide, então, sair da Guiné. Ajudado pelo madeireiro português Fausto Teixeira, Luís saiu de Bissau, por Mansoa, em direcção à fronteira com o Senegal. Perto de Fajonquito transpôs a fronteira a pé, tomou um autocarro para Koldá e rumou a Dakar. 

 Algum tempo depois recebeu a companhia da mulher e do filho. Conseguiram trabalho sem grandes dificuldades, Luís na Shell e Lucette, sua mulher, numa companhia de seguros. Viviam sem grandes problemas materiais e os seus dinheiros ainda chegavam para ajudar as actividades do Partido em Dakar, enquanto em Conakry, Amílcar como conselheiro do Ministério da Economia, e Helena, mulher de Amílcar, como professora do Liceu de Conakry, se serviam dos seus recursos para subsidiar o Lar do Combatente. Deste Lar partiram para a República Popular da China os primeiros militantes do PAIGC para receberem treino militar. 

  As primeiras acções armadas 

 Um ano depois de terem chegado a Dakar, Luís e a mulher deixaram os empregos, rumaram a Conakry e decidiram dedicar todo o tempo à luta. As primeiras acções armadas em que alguns elementos do PAIGC se viram envolvidos correram mal. Em plena fase de explicação das razões da luta às populações, nem sempre estas guardaram segredo. Em mais que uma ocasião foram cercados e atacados a tiro pelas tropas portuguesas. Vitorino Costa, armado apenas com uma pistola, foi morto numa destas situações. As armas que o PAIGC tinha num armazém em Conakry demoravam a ser libertadas pelas autoridades. Os jovens guerrilheiros, sem armas, depois dos fracassos iniciais, refugiaram-se nas fronteiras com o Senegal e com a Guiné-Conakry, reclamando armas. Amílcar conseguiu colocar a questão ao governo marroquino, que acedeu prontamente fornecer armamento. 

 As primeiras armas foram levadas para Conakry por via aérea em malas, sacos e caixotes, levadas pelo próprio Amílcar Cabral, pelo Vasco Cabral e outros, como se de bagagem pessoal se tratasse. Aquino de Bragança, que vivia no mesmo prédio de Amílcar, foi um dos que ajudou a descarregar caixotes do Volkswagen. Depois, o transporte do material de guerra de Casablanca para Conakry passou a ser feito por via marítima. As embalagens eram dissimuladas. Os volumes com granadas vinham em embalagens de medicamentos, em que na parte superior, quando abertas, mostravam fileiras muito arrumadas com pequenas embalagens de medicamentos. 

  A grande ajuda de Marrocos 

 As primeiras pistolas-metralhadoras, levadas de Marrocos, em sacos e malas, foram transportadas por Manuel Saturnino e José da Silva, dois guerrilheiros escolhidos para esta missão. O material era depois novamente embalado no secretariado do PAIGC em Conakry e a seguir levado nos transportes colectivos para Colaboi, onde era descarregado, para evitar o controle policial em Boké, a pouco mais de 80 kms da linha de fronteira. A partir daqui, os volumes eram levados à cabeça por homens que os introduziam nas zonas da guerrilha. O primeiro grande volume de material de guerra foi obtido por Luís Cabral junto do governo marroquino. Dezenas de carabinas, de PPSH e milhares de balas foram carregadas num camião civil, no pátio do Ministério da Defesa marroquino e foram entregues ali, ao portão, sem qualquer formalidade. 

  Preso por Sekou Turé 

 Este material veio a ser descoberto no porto de Conakry e Luís Cabral, Aristides Pereira, Vasco Cabral, Pedro Ramos, Armando Ramos e Fidelis Cabral, foram acusados de contrabando de armas e detidos pelas autoridades guineenses. Amílcar só não foi preso porque se encontrava na altura em Rabat. Sekou Turé libertou-os quase um mês depois, e a partir desta altura, depois de uma reunião entre Turé e Amílcar Cabral, o transporte de material de guerra pela Guiné-Conakry passou a ser feita com a autorização das entidades governamentais. “De Morés, a luta no Norte tinha-se alargado à área de Biambi e dali até Canchungo (T. Pinto), a oeste do país. No centro do Chão dos Manjacos, nome que o povo dava à circunscrição de Canchungo, ficava a floresta de Jol. Era ali que se encontrava o lugar sagrado onde o Irã de Cobiana, consultado pela população e pelos combatentes, proclamava que a luta do PAIGC era irreversível e que conduziria à libertação total do país. 

 Citações do livro "Crónica da Libertação", de Luís Cabral. 

  Luís Cabral nasceu em Bissau em 1931. Fez os estudos em Cabo Verde e na Guiné, para onde foi trabalhar na Casa Gouveia. Desde muito jovem interessado nas actividades políticas contra o governo português, colaborou com Amílcar Cabral e com outros militantes na fundação do PAIGC. Após os acontecimentos de Pidjiguiti saíu da Guiné, primeiro para Dakar e, depois para Conakry, onde participou na preparação e no desenvolvimento da luta armada que se prolongou por mais de uma dezena de anos. Fez parte do Bureau Político e foi membro do Conselho de Guerra do PAIGC. Em 1973, no decorrer do 2º Congresso do PAIGC que proclamou unilateralmente a Independência da Guiné-Bissau, foi eleito secretário-geral adjunto do partido e Presidente do Conselho de Estado da República, cargo para que foi reeleito, já depois do reconhecimento por Portugal, em 1974. 

 Luís Cabral foi presidente da Guiné-Bissau entre 1974 e 1980, ano em que foi destituído pelo golpe militar protagonizado por Nino Vieira. Esteve preso cerca de 13 meses na fortaleza de Amura, seguindo depois para Cuba e Cabo Verde, vindo a fixar-se mais tarde nos arredores de Lisboa, onde residiu até morrer em 30 de Maio de 2009, com 78 anos.

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 Notas de vb: Subtítulos da responsabilidade do editor 










domingo, 31 de maio de 2009

Guiné 63/74 - P4446: Convívios (142): Castro Daire, agora chão de Bambadinca, 1968/71 (2): A música, a festa, a dança no planalto beirão

Castro Daire > Freguesia de Monteiras > Zona Industrial da Ouvida > Restaurante P/P > 30 de Maio de 2009 > 15º Convívio do pessoal de Bambadinca, 1968/71, CCS do BCAÇ 2852, CCAÇ 12 e outras subunidades adidas (*) > O Adélio Monteiro, organizador do encontro, dá as boas vindas aos camaradas de Bambadinca 1968/71... No chão, sacos da Câmara Municipal de Castro Daire e das Termas do Carvalhal com um pequena lembrança, distribuídos no fim a todos os participantes... Encostado à parede, outro elemento ex-CCAÇ 12, o ex-Sold Radioteleg João Gonçalves Ramos, que veio da Quinta do Conde / Barreiro (**).


Castro Daire > Freguesia de Monteiras > Zona Industrial da Ouvida >Restaurnate P/P > 30 de Maio de 2009 > 15º Convívio do pessoal de Bambadinca, 1968/71, CCS do BCAÇ 2852, CCAÇ 12 e outras subunidades adidas > O bolo comemoartivo do 15º aniversário dos convívios...

Castro Daire > Freguesia de Monteiras > Zona Industrial da Ouvida >Restaurnate P/P > 30 de Maio de 2009 > 15º Convívio do pessoal de Bambadinca, 1968/71, CCS do BCAÇ 2852, CCAÇ 12 e outras subunidades adidas > Mas também havia dois camaradas que faziam anos nesse dia, o António Quadrado e o Fernando Sousa, ambos da CCaç 12... O Quadrado vive na Moita e o Fernando na Trofa...

Castro Daire > Freguesia de Monteiras > Zona Industrial da Ouvida >Restaurnate P/P > 30 de Maio de 2009 > 15º Convívio do pessoal de Bambadinca, 1968/71, CCS do BCAÇ 2852, CCAÇ 12 e outras subunidades adidas > "GUINÉ 24-5-69": foto de uma tatuagem no braço esquerdo do António Quadrado, comemorativo na partida dos quadros metropolitanos da então CCAÇ 2590 - mais tarde CCAÇ 12 - para a Guiné, no T/T Niassa... Chegada a Bissau, a 30...

Castro Daire > Freguesia de Monteiras > Zona Industrial da Ouvida > Restaurante P/P > 30 de Maio de 2009 > 15º Convívio do pessoal de Bambadinca, 1968/71, CCS do BCAÇ 2852, CCAÇ 12 e outras subunidades adidas > A festa, a música, a dança... Ou não estivessemos nós no norte... Embora Castro Daire pertença ao distrito de Viseu, Beira Alta, aqui já se respira a alegria, sempre contagiante, das gentes do Minho e de Entre-Douro e Minho...

Castro Daire > Freguesia de Monteiras > Zona Industrial da Ouvida > Restaurante P/P > 30 de Maio de 2009 > 15º Convívio do pessoal de Bambadinca, 1968/71, CCS do BCAÇ 2852, CCAÇ 12 e outras subunidades adidas > Cinco concertinas animaram a tarde, e onde não faltaram os cantares à desgarrada ou cantigas ao desafio...

Na foto, no lado direito, o Américo Silva, genro do Adélio Monteiro, presidente da junta de freguesia de Monteiras (com cerca de 600 habitantes), comerciante e um dos mais famosos cantadores ao desafio da região, Presidente da Associação de Cantadores ao Desafio e Tocadores de Concertina da Beira Alta, já com uma dezena de CD publicados... Na foto, o outro cantador é o Amadeu, se não me engano (na ponta, do lado esquerdo)... Os tocadores de concertina são o Flávio Monteiro, ao lado do Antunes, ( e que é irmã do nosso Adélio Monteiro, também nosso camarada, veterano de Angola). O outro tocador é o Manuel Martinho, ao lado do Américo Silva...

Sobre a freguesia das Monteiras, do município de Castro Daire: (i) Dista cerca de onze quilómetros de Castro Daire; (ii) ocupa uma área de 2 167 hectares; (iii) é composta por cinco povoações: Carvalhas, Colo de Pito, Eido, Monteiras e Relva; (iv) tem 586 habitantes; (v) fica, aproximadamente, situada a 920 metros de altitude, entre a serra de Montemuro e Leomil...

Castro Daire > Freguesia de Monteiras > Zona Industrial da Ouvida > Restaurante P/P > 30 de Maio de 2009 > 15º Convívio do pessoal de Bambadinca, 1968/71, CCS do BCAÇ 2852, CCAÇ 12 e outras subunidades adidas > O Adélio Monteiro (à direita) apresenta, ao estimável público, mais um artista de ocasião, o nosso camarada Soares, do Pel Rec Inf (1968/70), que era comandado pelo Alf Mil Oliveira... O Soares veio do Luxemburgo e disse-nos que esperou 39 anos "por este momento"... Emocionado, tocou-nos várias músicas com uma harmómnica que lhe foi dada na Guiné por um oficial superior cujo nome não retive...


Castro Daire > Freguesia de Monteiras > Zona Industrial da Ouvida >Restaurante P/P > 30 de Maio de 2009 > 15º Convívio do pessoal de Bambadinca, 1968/71, CCS do BCAÇ 2852, CCAÇ 12 e outras subunidades adidas > Mas que maravilha, estas veteranas de guerra em acção!


Vídeo (1' 01''): © Luís Graça (2009). Direitos reservados

(Continua)

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Notas de L.G.:

(*) Vd. poste anterior, desta série: 31 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4444: Convívios (138): Em Castro Daire, agora chão de Bambadinca, 1968/71 (1): O reencontro na capela de N. Sra. da Ouvida

(**) Vd. postes com lista nominal de pessoal:

Guiné 63/74 - P4445: Recortes de imprensa (20): Jornal "O Mirante" - As lágrimas de um ex-combatente (Sousa de Castro)

1. Mensagem de Sousa de Castro (*), ex-1.º Cabo Radiotelegrafista da CART 3494/BART 3873, Xime e Mansambo, 1971/74, com data de 29 de Maia de 2009:

Assunto: As lágrimas de um ex-combatente no momento de enfrentar a memória

http://semanal.omirante.pt/index.asp?idEdicao=393&id=54202&idSeccao=5930&Action=noticia
Com os cumprimentos do
Sousa de Castro


2. Fazendo uso da informação que o nosso camarada Sousa de Castro nos fez chegar, e com a devida vénia ao semanário regional "O Mirante" (**), reproduzimos uma notícia inserida na sua edição online do dia 28 de Maio de 2009.



O Mário Beja Santos da defesa dos consumidores volta a vestir o camuflado(***)

As lágrimas de um ex-combatente no momento de enfrentar a memória

Não há nada que sacie a vontade que os ex-militares têm de contar o que se passou e o que passaram na guerra colonial. Mas depois de anos de um silêncio muitas vezes auto-imposto queixam-se que a sociedade continua sem querer saber.


Mário Beja Santos lê devagar. Pausadamente. Suspeita que se vai emocionar. “Ergui a tua cabeça e tu disseste-me baixinho: “Alferes, dá-me um tiro para acabar tudo”. Afastei-te a espingarda, o Jolá rasgou-te o dólman, tirou-te os restos das botas. Tu estavas muito mal, o braço esquerdo todo rasgado, buracos no peito, estilhaços nas pernas, pensei que tinhas perdido os dois olhos, tal o mar de sangue.”.

Silêncio total no pequeno auditório da biblioteca. O ex-oficial miliciano do exército português, mais conhecido como um dos primeiros portugueses na frente de luta em defesa dos consumidores do que como combatente na frente Leste da Guiné-Bissau entre 1968 e 1970, é traído pela emoção. Chora. Pede desculpa e retoma a leitura de um dos textos do seu livro “Diário da Guiné (1º volume) - Na terra dos Soncó ”. A voz sai marcada pela emoção. O episódio tem por título “O presépio de Chicri”. Tudo aconteceu há mais de 40 anos. Tudo acontece naquela tarde de sábado, 23 de Maio de 2009.

“Retirámos aos tombos, eu levava entre os dentes o teu braço esfacelado, e vamos percorrer os quilómetros mais dolorosos da minha vida até chegarmos ao anfiteatro de Chicri. Não sei quanto tempo durou esta viagem alucinante. Finalmente, depositei-te, cheio de ternura, no chão. O Teixeira tentou uma ligação, a ver se conseguia que um helicóptero te viesse buscar. Não se conseguiu a ligação. O Sol estava no zénite”. Perante o olhar tenso de antigos militares que passaram pelos vários teatros da Guerra Colonial em África, Beja Santos limpa as lágrimas com um lenço enquanto tenta recompor-se.

No início da conferência, em Alverca, numa sala onde não estava mais de uma dezena de pessoas, o ex-combatente conta como o pudor o impediu de falar da sua comissão na Guiné durante dezenas de anos. “Quando estava na guerra e apesar de não ser permitido eu contava o que acontecia. Aos meus pais, aos meus amigos. Mas não encontrava ressonância. Era como se não dissesse nada. Cá recebemos o teu aerograma eu ficava furioso”.

Não foi só Beja Santos que calou a Guerra dentro do peito. No início da conversa, integrada no ciclo “Guerra Colonial realidade ou ficção”, organizada pelo serviço de bibliotecas da Câmara de Vila Franca de Xira, o orador convidado lembrara que ainda hoje não há muitas obras de artistas plásticos sobre aquele período da guerra colonial, antes de dizer os primeiros versos do poema Nabuangongo, de Manuel Alegre. “Em Nambuangongo tu não viste nada/não viste nada nesse dia longo longo/a cabeça cortada/e a flor bombardeada/não tu não viste nada em Nambuangongo”.

“Quando regressei da Guiné suspendi as minhas recordações. Baixei os painéis. Queria acabar o meu curso. Iniciar a minha vida de casado. Criei uma carapaça para fugir à tormenta das minhas memórias dolorosas”. O ex-combatente sentiu que mesmo após o 25 de Abril ninguém queria tocar no assunto. “O que estava na agenda era a descolonização. As pessoas andam todas à procura da prosperidade. Nós fazíamos parte do passado. Do período colonial. Ninguém queria ouvir as nossas histórias e nós não sabíamos onde colocar aquilo em que tínhamos participado”.

Trinta anos depois Beja Santos juntou os mais de 500 aerogramas (cartas sem franquia para troca de correspondência entre militares e família) enviados à sua mulher, libertou-se do peso que o sufocava e começou a escrever sobre a sua comissão. “Era uma vez um menino alferes que chegou à Guiné e foi lançado no regulado do Cuor, no Leste, em 1968. A sua missão principal era proteger o rio Geba, garantindo a sua navegação, indispensável para a continuação da guerra. O alferes comandava dois aquartelamentos e alguns dos soldados mais valentes do mundo: caçadores nativos e milícias, gente que vivia no Cuor, em Missirá e em Finete”


Depois de “Na terra dos Soncó” em 2008, saiu já este ano “Tigre Vadio” o segundo volume do seu Diário da Guiné. “Agora falo do que se passou com grande naturalidade” diz a certa altura da sua exposição, algum tempo antes de se emocionar e deixar correr as lágrimas ao lembrar o episódio do soldado ferido.
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Notas de CV:

(*) Vd. poste de 29 de Maio de 2009 >
Guiné 63/74 - P4438: Convívios (136): Pessoal da CART 3494/BART 3873, no dia 13 de Junho de 2009, em Santa Catarina de Vagos (Sousa de Castro)

(**) Sobre "O MIRANTE online"

Em Novembro de 2002 O MIRANTE passa a disponibilizar a quase totalidade dos conteúdos da edição semanal através de um site colocado no endereço
http://www.blogger.com/www.omirante.pt. A novidade foi o facto de tal edição ficar acessível às quartas-feiras a partir das 13h00 permitindo aos assinantes e a outros leitores da edição em papel um primeiro contacto com os conteúdos do jornal – O MIRANTE é colocado à venda à Quarta-feira de manhã e é também às Quartas-feiras que é entregue pelos correios em casa dos assinantes.

A 13 de Outubro de 2004 é disponibilizada no mesmo endereço uma edição com actualizações permanentes dando resposta a uma crescente necessidade de informação regional diária.

(***) Vd. poste de 30 de Abril de 2009 >
Guiné 63/74 - P4269: Agenda Cultural (11): Ciclo de Encontros Guerra Colonial: Realidade e Ficção - Alverca do Ribatejo (Beja Santos)
7ª Sessão - 23 de Maio, às 15.30h, com o Dr. Mário Beja Santos, na Biblioteca Municipal de Alverca.
“Era uma vez um menino alferes que chegou à Guiné e foi lançado no regulado do Cuor, no Leste, em 1968. A sua missão principal era proteger o rio Geba, garantindo a sua navegação, indispensável para a continuação da guerra. O alferes comandava dois aquartelamentos e alguns dos soldados mais valentes do mundo: caçadores nativos e milícias, gente que vivia no Cuor, em Missirá e em Finete. Mas havia outras missões, para além de proteger o rio: emboscar, patrulhar, minar, atacar e defender, garantir um professor para as crianças, reconstruir os quartéis flagelados, levar os doentes ao médico, praticar com o régulo, um destemido Soncó, neto de Infali Soncó que derrotara Teixeira Pinto no dealbar do século XX. Era uma vez um alferes que aprendeu a trabalhar com um morteiro 81, a emboscar na calada da noite, a enterrar os mortos e a levar os moribundos às costas. Era uma vez um alferes que se deslumbrou com as terras dos Soncó e que resolveu escrever um diário para se manter vivo e lembrar aos entes queridos que se estava a fazer um homem. A partir daquela guerra, Cuor e os Soncó viveram para sempre no coração do alferes. Era uma vez…”
Documentos de Divulgação em anexo.


Vd. último episódio da série de 5 de Maio de 2009 >
Guiné 63/74 - P4283: Recortes de imprensa (19): O pesadelo das minas (Nelson Herbert)

Guiné 63/74 - P4444: Convívios (141): Em Castro Daire, agora chão de Bambadinca, 1968/71 (1): O reencontro na capela de N. Sra. da Ouvida

Castro Daire > Freguesia de Monteiras > Capela de Nossa Senhora da Ouvida > 30 de Maio de 2009 > 15º Convívio do pessoal da CCS do BCAÇ 2852, da CCAÇ 12 e outras subuniddaes adidas (Bambadinca, 1968/71)

Castro Daire > Lugar de Nossa Senhora de Ouvida > 30 de Maio de 2009 > O nosso camarada Abílio Machado, ex-Alf Mil da CCS do BART 2917 (Bambadinca, 1970/2)... Em frente as fraldas da Serra de Montemuro, num dia magnífico de sol...

Castro Daire > Freguesia de Monteiras > Capela de Nossa Senhora da Ouvida >30 de Maio de 2009 > 15º Convívio do pessoal de Bambadinca, 1968/71, CCS do BCAÇ 2852, CCAÇ 12 e outras subunidades adidas >O inesperado encontro entre dois velhos camaradas e amigos que não se viam desde, pelo menos, 1972: o Humberto Reis (da CCAÇ 12) e o Abílio Machado (CCS/ BART 2917)... Um veio de Lisba, outro da Maia...

Castro Daire > Freguesia de Monteiras > Capela de Nossa Senhora da Ouvida >30 de Maio de 2009 > 15º Convívio do pessoal de Bambadinca, 1968/71, CCS do BCAÇ 2852, CCAÇ 12 e outras subunidades adidas... > Foto de família

Fotos: © Luís Graça (2009). Direitos reservados


Estavam convocodas as seguintes subunidades adidas à CCS o BCAÇ 2852, para da CCAÇ 12: Pel Caç Nat 52 (1968/70), Pel Caç Nat 54 (1969/70), Pel Caç Nat 63 (1969/71), Pel Mort 2106 (1969/70), Pel Mort 2268 (1970/72), Pel Rec 2046 (1968/70), Pel Rec 2206 (1970/71)...

Também seriam bem vindos camaradas da CCS / BART 2917 (1970/72), como foi o caso do ex-Alf Abílio Machado, mas que não é normal comparecerem (têm o seu convívio própio, este ano, em 3ª edição, e que teve lugar em Viana do Castelo, a 16 de Maio último).

O desafio e o convite tinha sido feitos pelo Adélio Gonçalves Monteiro, ex-Sold Cont Auto, da CCAÇ 12 (Bambadinca, Junho de 1969/Março de 1971), e hoje um conceituado comerciante de Castro Daire, com duas lojas de moda, e chefe de um clã de gente fantástica e hospitaleira...

Eis a carta que nos veio do Código Postal 3600-132 Castro Daire:

(...) "Cá estou eu, Adélio Gonçalves Monteiro, para vos convidar ao nosso já habitual convívio que todos os anos se realiza por esta altura (...).

Castro Daire é uma vila muito bonita bem no Coração de Portugal, mais propriamente no Planalto Beirão, banhado ao sul pelo Rio Paiva, um dos rios menos poluídos da Europa, onde abundam as famosas trutas (...) que fazem parte da gastronomia local.

Castro Daire conta também com as famosas Termas do Carvalhal consideradas as melhores do País em tratamentos de doenças de pele, aparelho digestivo e respiratório. Esta vila pequena, mas muito acolhedora, rodeada de vales e montes, sobranceira à serra de Montemuro, com paisagens deslumbrantes que só a natureza nos pode oferecer" (...) (*).


Em boa verdade, o convívio da malta de Bambadinca 1968/71, agora na sua 15ª edição, começou em 1994, 26 de Novembro de 1994, em Fão, Esposende, organizado pelo ex-Alf Mil António Manuel Carlão. Foi o primeiro e único a que eu pude ir. Recorde-me que nessa ocasião estiveram presentes o ex-Cap Inf QP Carlos Alberto Machado Brito, agora Cor Ref, e que vive em Braga. Também compareceram, entre outros, o major Ribeiro (hoje Coronel, de seu nome completo Ângelo Augusto da Cunha Ribeiro), que foi segundo comandante do BCAÇ 2852, da CCS do BCAÇ 2852, o ex-Alf Mil Cav, do Pel Rec Daimler 2206, José Luís Vacas de Carvalho, o Beja Santos, do Pel Caç Nat 52 e vários camaradas meus da CCAÇ 12 (cito de cor: o Humberto Reis, o Tony Levezinho, o António Fernando R. Marques, o Joaquim Fernandes, o Arlindo Teixeira Roda, o João Carreiro Martins, o José Luís Vieira de Sousa, o Francisco Magalhães Moreira, o Fernando Andrade de Sousa, o José Martins Rosado Piça, o Alberto Martins Vieira, etc...). Não eramos muitos, talvez três ou quatro dezenas... A partir de 1994, os convívios realizaram-se todos os anos.

Este ano procurei conciliar a agenda, e lá apareci, por volto meio dia, acompanhado do Abílio Machado, ex-Alf Mil da CCS do BART 2917 (Bambadinca, 1970/72)... Tinha combinado com o Abílio (que teve a gentileza de, vindo da sua casa, na Maia, passar pelo Marco de Canavezes e apanhar-me em Paredes de Viadores, Candoz, e dar-me uma boleia até Castro Daire, ali mesmo do outro lado da Serra de Montemuro), tinha combinado, dizia, fazer uma surpresa ao Humberto Reis que, juntamente com o Tony Levezinho, o Sousa, o Gabriel Gonçalves, o 2º sargento Piça, o 1º sargento Brito e outros, fazia parte da nossa tertúlia nocturna de Bambadinca, de copos e cantorias)...

O Levezinho, exilado em Sagres, sabíamos que não viria... O Jorge Cabral, do Pel Caç Nat 63, também não... Totalistas da CCAÇ 12 só eram o ex-1º Cabo Aux Enf Fernando Sousa, da Trofa, e os Fur Mil António Marques e Joaquim Fernandes... O Humberto Reis falhara o convívio, em Lisboa, na Casa do Alentejo, em 26 de Maio de 2007 (**).

Eu e o Abílio fomos os primeiros a chegar à linda capelinha de Nossa Senhora da Ouvida, já na estrada Castro Daire-Lamego, perto da zona industrial de Ouvida, freguesia de Monteiras... Com algum atraso em relação ao previsto no programa, lá chegou o pessoal... Muitos beijinhos e abraços, até à altura de eu apresentar o Abílio ao Humberto Reis, que de todo não o reconheceu...
- Humberto, apresento-te o meu primo... Abílio Machado, mais conhecido em Bambadinca por Bilocas da Cuprativa, natural de Riba d'Ave...

Claro, caíram logo nos braços um do outro... Outros camaradas da CCAÇ 12 foram, de imediato, reconhecidos por mim (nalguns casos com uma ajudinha de outros): os ex-Fur Mil Marques, Almeida e Fernandes, os ex-1ºs Cabos Fernando Sousa (Enfermeiro), António Rodrigues ( Transmissões), José António Damas Murta (Cripto), António Quadrado (Apontador de Armas Pesadas), os ex-Sold João Gonçalves Ramos (Radiotelegrafista), Francisco Patronilho (Condutor Auto) e, claro, o Adélio Monteiro (também ele Condutor Auto)...

Depois da missa celebrada em homenagem aos nossos mortos, seguímos para o restaurante, ali perto, onde passámos um belíssima tarde, com gente emocionada e fantástica, a começar pela família - um verdaderio clã - do homem da organização, o nosso Adélio Monteiro...

(Continua)

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Notas de L.G.:

(*) 1 de Abril de 2009 > Guiné 63/74 - P4120: Convívios (104): Pessoal de Bambadinca 1969/71: BCAÇ 2852, CCAÇ 12, Pel Caç Nat 52, 54 e 63... Castro Daire, 30/5/2009

(**) Vd. referência a anteriores convívios:

20 de Abril de 2005 > Guiné 69/71 - V: Convívio de antigos camaradas de armas de Bambadinca (Luís Graça)

29 de Maio de 2006 > Guiné 63/74 - DCCCXIV: Ao Fernando Sousa: Sei que estás em festa, pá (Luís Graça)

9 de Maio de 2007 > Guiné 63/74 - P1742: Convívios (2): Lisboa, Casa do Alentejo, 26 de Maio de 2007: Bambadinca 68/71, BCAÇ 2852, CCAÇ 12, etc. (Fernando Calado)

27 de Maio de 2007 > Guiné 63/74 - P1788: Convívios (10): Pessoal de Bambadinca 1968/71: CCS do BCAÇ 2852, CCAÇ 12, Pel Caç Nat 52 e 63 (Luís Graça)

Guiné 63/74 - P4443: Bandos... A frase, no mínimo infeliz, de um general (23): Menino, para a guerra trazido (Manuel Maia)

1. Mensagem de Manuel Maia (*), ex-Fur Mil da 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4610, Bissum Naga, Cafal Balanta e Cafine, 1972/74, com data de 25 de Maio de 2009:

Assunto: Lutarei contra o esquecimento... até que a voz me doa...

Caro Vinhal,
Eis-me de novo depois de ter, esta madrugada feito uma alteração à prosa do "Xico da Róla" (**) que espero tenhas recebido.

Aqui vai a minha contribuição, desta feita aumentada, que faz referência ao comentário do António Matos e com o qual concordo, se resultar...


Um corpo jaz deitado, moribundo,
por balas trespassado, deixa o mundo
de interesses e de intrigas compactado...
Menino para a guerra foi trazido
deixando lá na terra, tão sofrido,
um coração de mãe dilacerado...

Que ireis dizer à mãe, vós generais,
que as balas não ouvis, lá onde estais,
tão longe destes p´rigos, escondidos?
Dos "bandos" foi no mato um residente
que na aramada cova lá na frente,
vos defendia os coiros protegidos?

Não peçam que me cale ante este insulto
que certo general, soez, estulto,
bramiu, contra milhares, impunemente...
De António Matos chega uma proposta
que entendo merecer uma resposta
de quem lida com leis, diáriamente...

Ouçamos pois a voz da dita lei
tão arredia hoje nesta "grei",
que assinatura aponho, dito e feito...
Dificilmente o dito se retrata
pois falta-lhe honradez, que é coisa inata,
e humildade dentro do seu peito...

Que passe a sugestão a firme facto,
que assumo desde já assinar pacto,
do meu mutismo e forte contenção...
Enquanto não houver nada em concreto
afirmo ser fiel ao meu projecto
de não calar cá dentro a indignação...


Com um abraço extensivo a toda a tabanca
Manuel Maia
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Notas de CV:

(*)Vd. poste de 30de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4440: Controvérsias (14): Direito de defesa (Manuel Maia)

(**) Vd. poste de 25 de Maio de 2009 > > Guiné 63/74 - P4414: Humor de caserna (12): Quem matou Inesa? (Manuel Maia)

Vd. último poste da série de 24 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4408: Bandos... A frase, no mínimo infeliz, de um general (22): O desvendar do segredo (Manuel Maia)

sábado, 30 de maio de 2009

Guiné 63/74 - P4442: Blogoterapia (105): Falando de camaradagem, de brancos e pretos (José Eduardo Alves)

1. Mensagem de José Eduardo Alves (Leça) (*), ex-Condutor da Cart 6250, Mampatá, 1972/74, com data de 23 de Maio de 2009:

Camaradas
Luís, Briote, Vinhal e demais camaradas

Hoje vai uma história de camaradagem.

Como sabem, eu África sinto-me como em casa. Na minha última intervenção no blogue, disse tudo.

Quando estive em Angola, perguntei a um angolano se sabia o que era a camaradadagem, ao que ele respondeu que sim, que era aquela coisa que anda dentro do pneu.

Não vim aqui para contar anedotas, mas sim para falar do blogue, o que penso dele. Este blogue deve ser visto como um local quase sagrado, onde todas as pessoas se devem respeitar. Um pouco de cultura é o que falta a alguma gente que diz, mas não sabe o quê, isto é uma expressão africana. Este meu reparo, é para uma boa interpretação, sem ofensas a ninguém. Há bastante tempo que venho a apreciar quem é quem, por isso conheço o pessoal todo do blogue. Por vezes gostava de dar um abraço a certos camaradas, mas dou-o agora através do blogue. Tive um professor na universidade que dizia que quando rodamos a cara para os lados sabemos o que valemos.

Agora vou falar de África, porque uns escrevem o que lhes vai na alma, outros o que passaram, mas poucos são capazes de analisar, porque é mais difícil, é preciso tempo, e eu também tenho pouco. Aqui deixo o meu pensar de que os portugueses em África construiram cidades e amizades nunca esquecidas, tendo o Ocidente aproveitado a teimosia salazarista para destruir o que nós portugueses construimos. Branco e africano comiam na mesma mesa, dormiam na mesma casa, coabitava da mesma maneira e isto foi obra nossa.

Quando estive em Brazzaville, diziam os africanos, que Luanda em África era comparada a Paris na Europa.
Quando entrei nas plataformas de petróleo em 1984, dentro do mesmo barco havia cozinha para branco, cozinha para africano, balneários para brancos e outros para africanos, e eu surpreendido perguntei a um africano se aquilo era normal. Sim - disse ele - E sabes porquê? É que os santos são brancos e Deus também, só o diabo é que é preto.

Chega de histórias reais. A minha luta é ajudar esta gente, na terra deles, porque é lá que eles se sentem bem, por isso eu subscrevi algumas coisas e vamos para frente.
Devo dizer, com alguma modéstia, que por onde passei deixei amigos, e é assim que a vida tem sentido.

Este ano fui à Guiné e gostava de ter encontrado mais gente conhecida, mas como diz o guineense: - Deus não quis, fica para o ano.

Agora vou deixar um alerta, é que as cerejas com esta chuva já começam a ficar recheadas. Para os amigos eu tenho um verde tinto feito só com uva.

Deixo ao vosso critério este texto para publicar, porque tem muitas coisas à mistura, mas com o tempo eu vou aprender a separar os assuntos.

Aquele abraço do J.E.S. Alves a todos quantos o queiram aceitar, e não se esqueçam, quando apartarem a minha mão, façam-no com força.

Um grande abraço.

José Eduardo e António Carvalho durante a recente viagem à Guiné-Bissau

2. Comentário de CV:

Mais um texto do nosso universitário da vida, Eduardo Alves, texto simples que se espera tenha a sua essência intacta, uma vez que precisou, aqui e ali, de uns toques.

Camaradas, analisemos este parágrafo que retirei do texto acima:

Não vim aqui para contar anedotas, mas sim para falar do blogue, o que penso dele. Este blogue deve ser visto como um local quase sagrado, onde todas as pessoas se devem respeitar. Um pouco de cultura é o que falta a alguma gente que diz, mas não sabe o quê, isto é uma expressão africana. Este meu reparo, é para uma boa interpretação, sem ofensas a ninguém. Há bastante tempo que venho a apreciar quem é quem, por isso conheço o pessoal todo do blogue. Por vezes gostava de dar um abraço a certos camaradas, mas dou-o agora através do blogue. Tive um professor na universidade que dizia que quando rodamos a cara para os lados sabemos o que valemos.

Deixo-vos com estas simples, mas oportunas palavras do Eduardo.
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Notas de CV:

(*) Vd. poste de 22 de Maio de 2009 Guiné 63/74 - P4400: História de Vida (14): Refazendo a vida correndo o mundo (José Eduardo Alves)

Vd. último poste da série de 28 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4431: Blogoterapia (104): Não façamos deste Blogue um muro de lamentações (António G. Matos)

Guiné 63/74 - P4441: Bibliografia de uma guerra (48) "Os Tempos de Guerra - De Abrantes à Guiné", de autoria de Manuel Batista Traquina

1. Mensagem de Manuel Traquina (*), ex-Fur Mil da CCAÇ 2382, Buba, 1968/70, com data de 29 de Maio de 2009:

Carissimo Vinhal:

Solicito e agradeço a apresentação do meu livro "Os Tempos de Guerra - De Abrante à Guiné" no Blog.

O livro tem cerca de 230 páginas e 70 fotografias, além de cópias de documentos vários, e um resumo da guerra da Guiné.

Foi uma tiragem de 500 exemplares.

É um relato da minha vida militar, em especial a comissão na Guiné, acontecimentos dentro e fora dos aquartelamentos que de um modo geral são comuns a todos quantos passaram pela Guiné. Penso que muitos dos acontecimentos dizem muito aos milhares de militares que passaram pela região de Buba e Aldeia Formosa.

Além de mais pretendi com este livro deixar um testemunho da realidade que foi a Guerra Colonial e, homenagear todos quantos por lá passaram em especial aqueles que lá perderam a vida.

O livro está a ser vendido ao preço de 15,00 € mais portes, e poderei enviá-lo a quem o solicitar. Poderei também enviá-lo à cobrança ou a quem fizer a tranferncia bancária neste caso 16,00 €.

Meus Contactos:

Telefones: 241 107 046 / 933 442 582
E-mail: traquinamanuel@sapo.pt

Um Abraço
Traquina

2. Comentário de CV:

Fica deste modo apresentado, mais em pormenor pelo próprio autor, o nosso camarada Manuel Traquina, o livro "Os Tempos de Guerra - De Abrantes à Guiné".

Quem quiser adquirir esta obra, poderá fazê-lo de acordo com as modalidades propostas pelo autor, uma vez que não poderá ser encontrado nas livrarias.
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Nota de CV:

(*) Vd. poste de 12 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4327: Venturas e Desventuras do Zé do Olho Vivo (Manuel Traquina) (7): O saxofone que não tinha sapatilhas

Vd. último poste da série de 27 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4422: Bibliografia de uma guerra (47): Coutinho e Lima fala do seu livro "A Retirada de Guileje" (José Martins)

Guiné 63/74 - P4440: Controvérsias (18): Direito de defesa (Manuel Maia)

1. Mensagem de Manuel Maia, ex-Fur Mil da 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4610, Bissum Naga, Cafal Balanta e Cafine, 1972/74, com data de 30 de Maio de 2009:

Assunto: Direito de defesa

Amigo Vinhal,
Mau grado teres alertado da necessidade de enviar um ou dois trabalhos semanais por causa do atraso que existe relativamente à edição, peço antecipadamente desculpa por vir agora pisar o risco.

Para isso e por causa da transcendência e actualidade do tema pedia-te o favor de o colocares antes de qualquer outro meu que eventualmente tenhas em ideia de fazer sair...

Ainda antes de me emaranhar nos considerandos que me levaram a este desabafo que se seguirá, quero aqui manifestar-te, bem como a outros que igualmente procuraram pôr água na fervura, mormente o próprio António Matos autor do excelente texto que receberia 15 comentários (aliás o que escreve é de qualidade indubitável...) (*)
Carregado de razão... A vida tem se ser encarada a rir...

Navegava então por esse Cumbidjã acima que o Mário Fitas tão bem canta e reclama como seu (também é meu, Mário...) pelo Mansoa do Picado ou Geba de tantos outros, quando dei comigo a visitar o último poste do António Matos, e entre tantos comentários, aliás como é hábito naquilo que tão bem debita - um dos melhores de entre os cerca de trezentos que habitualmente botamos faladura - fui surpreendido por dois entre os quinze que o texto originou...

O primeiro de um tal João Miguel Almeida, um jovem de 41 anos, que segundo confessa nos acompanha todos os dias na tabanca.

Já o segundo, parece ser sina do camarada Magalhães Ribeiro intervir a despropósito já que usa um espaço não concebido para as suas diatribes, mas sim para um comentário puro e simples ao trabalho em questão.
Já lá vamos...

Entretanto, debrucemo-nos sobre o do sr. Almeida (espero que o nome seja mera coincidência...) que decidiu intervir e ao fazê-lo acabou por ter mérito espicaçando uma polémica que careceu da intervenção sensata, como habitualmente, do Vinhal para além do próprio Matos e do Luis.

Segundo ele, as criticas à actuação de Coutinho e Lima passaram-no de militar experimentado a quase proscrito e Almeida Bruno terá sido travestido ao passar de bestial a besta, ele que era comando...

Vinte e um segundos terão sido suficientes para essa redutora mudança...

Penso que são duas situações que nada têm de similar porque Coutinho e Lima não terá tido alternativa válida.

Ou agia dessa forma ou seria responsável por centenas de óbitos entre militares e população, pelo que o valor da vida humana foi respeitado.
Excelente condutor de homens.

Convenhamos que no segundo caso, a passagem de bestial a besta foi o corolário lógico da sua intervenção televisiva na série intitulada "Guerra" que Joaquim Furtado criou.

Já não é surpresa, o camarada Magalhães Ribeiro, pois já há dias usara o mesmíssimo método de intromissão em área restrita a comentários ao trabalho sujeito a apreciação... foi indelicado para com António Matos. Mas isso são contas de outro rosário...

Será que o seu estatuto lhe dá esse direito? Não me parece...

O membro da direcção da ADE (Associação de Operações Especiais) bem como dirigente da LAAMP (Liga dos Amigos do Museu Militar do Porto) e co-editor deste blogue, saiu a terreiro, para, aproveitando uma deixa criada pelo seu amigo (chama-lhe isso) decidir a coberto da noite, que é o mesmo que dizer, sem referir nomes, zurzir neste vosso camarada.

O alvo da tocaia é este escriba que não está ligado a nenhuma associação militar (JÁ ME CHEGARAM OS TRINTA E NOVE MESES DE TROPA...) e cujo único curriculo foi o ter chegado à guerra em horas de expediente... e não depois da feira levantada, conforme o camarada Magalhães Ribeiro...

Provavelmente estará aqui uma explicação para tanta apetência por fardas, a guerra que nunca teve...

Ah, é verdade, esqueci de referir no meu currículo o facto de nunca ter sido voluntário para nada...

Era assim que nos ensinavam os mais velhos que óbviamente respeitávamos...

Como não gostava de fardas embora as respeitasse, nunca tirei aquelas fotografias parecendo polícia (parece que chamavam àquilo farda de gala...) e que camarada Ribeiro, por razões que lhe assistem, achou por bem fazer...

Ainda a este propósito, tive um Primeiro Sargento (único profissional da Companhia...) o saudoso Júlio César Ginja, de quem me tornaria amigo nos tempos de Guiné, e que representava, à altura, a perfeita antítese de mim próprio, uma vez que era o chamado militar militarista, passe a redundância, estando eu nos antípodas...

Convidou-nos para seguirmos a tropa. Afinal ele começara por Praça e chegaria a Sargento-mor...

Do nosso velhinho Ginja (uma espécie de pai para nós...) no fim da comissão, nada sobrou desse militar/tipo...

Passou a miliciano, no sentir e no viver, graças à acção do irreverente Fernando Teixeira, um curtido...

Pois o bom do Ginja falava-nos muitas vezes na ideia de seguirmos a via das armas.
Não levou nenhum com ele...

Não tenho apetência para isso, dizia...

Fui com orgulho, a par com o Zé Maria Vilares e o Moura, o furriel mais operacional, chegando a sair de uma operação para entrar noutra pelo facto do nosso número estar reduzido ora porque havia doentes ou então porque alguém se desenfiava via consulta/externa em Bissau para fugir um pouco aos tiros... mas também digo, sem rebuço, que nunca gostei de fardas fossem elas quais fossem...

É portanto nesta faceta de ex-militar cumpridor que aqui estou a dar-vos conta da minha defesa face ao ataque (é indubitável que sou alvo privilegiado do camarada Magalhães (o próprio Zé Dinis com o seu característico e qualificado humor nos dá conta disso como comentarista do referido poste do Matos ...)

Escalpelizemos o comentário do camarada Magalhães no dito trabalho do Matos... que acabou por ser uma exposição/carta ao seu amigo (chamou-lhe assim) João Almeida.

Diz-nos a certa altura que anda muito atarefado, que tem coisas bem mais importantes a fazer do que responder a provocações (sendo assim, se tem bem mais que fazer para que se terá envolvido em tantas guerras?)

Volto a cogitar e dou por mim a pensar se esta guerra que comprou comigo (e à qual não darei mais troco...) não será afinal também o reflexo de ter chegado no fim da feira quando os feirantes levantavam já os toldos...

Que respondam os psicólogos...

Sente-se orfão da guerra... por isso envolve-se em associações de veteranos, liga dos combatentes, e em tricas à procura dela...

Mais à frente volta a utiliza aforismos...

Três de uma assentada:

"Quem não se sente não é filho de boa gente"
"os cães ladram e a caravana passa"
"Vozes de burro não chegam ao céu"


Fala em dor de corno por não ter o curso... (Faz-me lembrar a história da fulana que na ourivesaria queria comprar o anel de curso de cabeleireira...)

Chama mesmo inconsolados aos tais sofredores da dita dor de corno.

Pela minha parte, sem melindres aos profissionais da mesma, sempre me borrifei para a tropa, nunca senti o apelo, nunca vesti a tal farda de gala para tirar a fotografia com ar de policia, por isso essa carapuça, não enfio...

Prosseguindo, diz que foge a certas insinuações (não é o que parece... e fá-lo de forma absolutamente incontrolada, despropositada e fala de tudo...

Quando diz que esteve com a tropa dita macaca... ele até se juntou a eles e nunca evidenciou ares de especial.

O camarada Magalhães não sabia que os rangers eram integrados nas Companhias como outros quaisquer e que se limitavam a fazer exactamente o que todos os operacionais faziam...

Os comandos, fuzileiros ou pára-quedistas, esses sim ,actuavam em grupos próprios...

Mais à frente parafraseando, (vejam lá...) Marco Paulo, afirma que nunca lhe disseram ter taras ou manias de especial...

Depois diz: - Para mim soldado ou general para mim é militar... olhe que não, olhe que não é o que parece...

Vem depois o quarto ditado popular... Não há regra sem excepção...

É evidente que que há sempre um ou outro especial que não cumpre as normas todas, que lhe foram ministradas nos respectivos cursos e não seja digno de usar os emblemas que lhe foram confiados...

(tão, tão pobrezinho...)

"Agora quem despeja estas aleivosias sobre os "especiais", blá, blá, blá...

Denegrir os "especiais", é cuspir nos seus mortos e estropiados, blá, blá, blá...

No meu blog está uma relação de rangers mortos em África,blá ,blá,blá


Oh homem, francamente, isto não lhe fica bem ...

Sem pretender atiçar mais polémicas, não podia sob pena de ser considerada cobardia, deixar sem resposta o snr. Magalhães Ribeiro, e desde já digo que por mim está absolutamente encerrado este fait divers, não pretendendo pois gastar mais vela com este defunto...

Só mesmo mais um popularíssimo ditado: NÃO VÁ O SAPATEIRO ALÉM DA CHINELA.

Saudações a todos os tabanqueiros.
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Nota de CV:

(*) Vd. poste de 28 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4431: Blogoterapia (104): Não façamos deste Blogue um muro de lamentações (António G. Matos)

Vd. último poste da série de 13 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4336: Controvérsias (13): A acção do IN, face à circunstância, permite julgamento de modo diferente? (António Matos)