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quarta-feira, 8 de março de 2017

Guiné 61/74 - P17115: "Expedicionários do Onze a Cabo Verde (1941/1943)", da autoria do capitão SGE José Rebelo (Setúbal, Assembleia Distrital de Setúbal, 1983, 76 pp) - Parte V: o grupo cénico-musical que atou nas ilhas de São Viicente, Sal e Santo Antão...

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"Expedicionários do Onze a Cabo Verde (1941/1943)", da autoria do capitão SGE José Rebelo (Setúbal, Assembleia Distrital de Setúbal, 1983, 76 pp. inumeradas, il.)


Parte IV (pp. 21-25)




Continuação da publicação da brochura "Expedicionários do Onze a Cabo Verde (1941/1943)", da autoria do Capitão SGE José Rebelo (Setúbal, Assembleia Distrital de Setúbal, 1983, 76 pp. inumeradas, il.) [, imagem da capa, à esquerda].(*)

O autor é José Rebelo, Capitão SGE que foi em 1941/43 um dos jovens expedicionários do RI I1, então com o posto de furriel. Não sabemos se ainda hoje é vivo, mas oxalá que sim, tendo então a bonita idade de 96 ou 97 anos. Em qualquer dos casos, este nosso velho camarada é credor de toda a nossa simpatia, apreço e gratidão.

O nosso camarada Manuel Amaro diz-nos que o conheceu pessoalmente: (...) "Por volta de 1960, fez a Escola de Sargentos, em Águeda e após promoção a alferes, comandou a Guarda Nacional Republicana em Tavira, até 1968. Como homem de cultura, colaborava semanalmente, no jornal "Povo Algarvio", onde o conheci, pessoalmente. Em 1969, já capitão, era o Comandante da Companhia da Formação no Hospital Militar da Estrela, em Lisboa." (...)

A brochura que estamos a reproduzir é uma cópia, digitalizada, em formato pdf, de um exemplar que fazia parte do espólio do Feliciano Delfim Santos (1922-1989), que foi 1.º cabo da 1.ª companhia do 1.º batalhão expedicionário do RI 11, pai do nosso camarada e grã-tabanqueiro Augusto Silva dos Santos (que reside em Almada e foi fur mil da CCAÇ 3306/BCAÇ 3833, Pelundo, Có e Jolmete, 1971/73).

O então furriel José Rebelo,
expedicionário do 1º batalhão
do RI 11
Trata-se de um conjunto de crónicas publicadas originalmente no jornal "O Distrito de Setúbal", e depois editadas em livro, por iniciativa da Assembleia Distrital de Setúbal, em 1983, ao tempo do Governador Civil Victor Manuel Quintão Caldeira. A brochura, ilustrada com diversas fotos, tem 76 páginas, inumeradas.


O batalhão expedicionário do Onze [RI 11, Setúbal] partiu de Lisboa em 16 de junho de 1941 e desembarcou na Praia, ilha de Santigao, no dia 23. Esteve em missão de soberania na ilha do Sal cerca de 20 meses (até 15 de março de 1943), cumprindo o resto da comissão de serviço (até dezembro de 1943) na ilha de Santo Antão. A

Sabemos, por este cronista, que os "expedicionários do Onze" tinham um grupo cénico-musical que fez espectáculos nas ilhas por onde passou (São Vicente, Sal e Santo Antão), Na  ilha de São Vicente, atuaram uns dias depois da hegada, logo nos dias 6, 7,  9 e 10 de julho de 1941 (domingo, segunda-feira, quarta-feira e quinta-feira, respetivamente). No Mindelo, fizeram récitas, muito ao gosto da época, no Teatro "Eden-Park". O encenador era o tenente Manuel Bertrand Vila Nova, e o maestro da orquestra (15 elementos) era Jaime Gouveia, ele próprio compositor, O próprio José Rebelo era um dos atores do grupo.

As receitas destes espetáculos tinham fins de beneficiência.




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(Continua)
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segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

Guiné 61/74 - P17064: Meu pai, meu velho, meu camarada (53): Feliciano Delfim dos Santos (1922-1989), ex-1.º cabo, 1.ª Comp /1.º Bat Exp do RI 11, Cabo Verde (Ilhas de Santiago, Santo Antão e Sal, 1941/43) (Augusto Silva Santos) - Parte V: Restos de espólio: o orgulho de ter pertencido ao Onze... E mais duas fotos de Pedra de Lume


Emblema comemorativo do 25.º aniversário da passagem do "11" por terras de Cabo Verde.


Cabo Verde > Ilha do Sal > Pedra Lume  > 1943 > O Feliciano no topo da pirâmide. [Foto nº 24]


Cabo Verde > Ilha do Sal > Pedra Lume > 1943 > Aquartelamento do “11” [Foto n.º 25]

Fotos (e legendas): © Augusto Silva Santos (2017). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Folha 9 da caderneta militar


Passaporte militar


1. Continuação da publicação do álbum fotográfico do pai do nosso camarada e grã-tabanqueiro Augusto Silva dos Santos (que reside em Almada e foi fur mil da CCAÇ 3306/BCAÇ 3833, Pelundo, Có e Jolmete, 1971/73, tendo antes da tropa trabalhado na marinha mercante, e nomeadamente nos navios de transporte de tropas para o ultramar):

Recorde-se que o Augusto Santos disponibilizou, ao nosso editor Luís Graça (que também teve o pai, Luís Henriques, 1920-2012,  como expedicionário na Ilha de São Vicente),  33 fotos, digitalizadas, do seu pai, Feliciano Delfim Santos (1922-1989) [, foto à direita] e dos seus camaradas da 1.ª companhia do 1.º batalhão expedicionário do RI 11, que estiveram  na ilha do Sal, aquartelados em Pedra de Lume, entre meados de 1941 e 15 de março de 1943 , e o resto do tempo, até final de 1943,  na ilha de Santo Antão (*),

Os "expedicionários do Onze" partiram do Cais da Rocha Conde de Óbidos, em Lisboa, no vapor "João Belo", a 16 de junho de 1941, com desembarque na Praia, ilha de Santiago, a 23 do mesmo mês.  Estiveram grande parte do tempo  (cerca de 20 meses) na então desoladora  ilha do Sal, em missão de soberania. Publicam-se mais duas fotos desse tempo [fotos nº 24 e nº 25].

No final da comissão, fizeram um passagem pela ilha de Santo Antão (de meados de março a dezembro de 1943), para retemperar forças antes do regresso a casa. Ao todo estes "nossos pais, nossos velhos e nossos camaradas" cumpriram cerca de dois anos e meio de comissão de serviço em Cabo Verde. O RI 11 teve 16 mortos por doença na ilha do Sal.


2. Mensagem mais recente do nosso camarada Augusto Silva Santos:

Data: 16 de fevereiro de 2017 às 11:37
Assunto: Espólio de Feliciano Delfim dos Santos / RI 11

Olá,  Luís, bom dia!

No seguimento da minhas pesquisas sobre a passagem do meu pai pelo RI 11 / Cabo Verde (*), vim a descobrir mais uma "preciosidade".

Estou a juntar foto do emblema que o meu pai orgulhosamente ostentava na lapela do seu casaco, aquando da realização dos almoços / convívios anuais em que quase sempre participava, referindo-se o mesmo ao 25.º aniversário da passagem do "11" por terras de Cabo Verde [, 1941-1966].

Tanto quanto me lembro, esses almoços eram sempre (ou quase sempre) realizados na margem sul, ou seja, em localidades do distrito de Setúbal (ex., Setúbal, Montijo, Palmela, Alcochete, etc.)

A título de curiosidade, estou também a juntar cópia de página da minha caderneta militar, em que consta que a minha unidade de desmobilização foi precisamente o RI 11, a qual na altura escolhi como forma de homenagear o meu pai, que muito orgulho tinha na "sua unidade".

Foi mesmo propositadamente, pois poderia até escolher qualquer outra que, na altura, até me seria bem mais fácil em termos de deslocação, visto viver em Almada.

Quando o RI 11, os seus arquivos foram dispersos por outras unidades (foi-me assim explicado na altura), sendo que no meu caso passei a pertencer ao Regimento de Infantaria de Queluz, onde me dirigia para obter os  "passaportes militares",  sempre que tinha necessidade de me ausentar do país, quer em serviço ou em férias, pois durante anos fiz parte, como todos nós, da chamada reserva territorial (julgo que era assim que se chamava).

Foi numa dessas vezes que tomei conhecimento que havia sido "promovido" a 2.º Sargento Miliciano, coisa que nunca me havia passado pela cabeça (as coisas que a pessoa descobre). Apenas por curiosidade junto igualmente cópia desse documento.

Publica o que achares de interesse.

Um forte abraço e boa continuação da tua situação de reformado.
Augusto D. Silva Santos

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017

Guiné 61/74 - P17039: Meu pai, meu velho, meu camarada (52): Feliciano Delfim dos Santos (1922-1989), ex-1.º cabo, 1.ª Comp /1.º Bat Exp do RI 11, Cabo Verde (Ilhas de Santiago, Santo Antão e Sal, 1941/43) (Augusto Silva Santos) - Parte IV: Ilha do Sal, Feijoal


Cabo Verde > Ilha do Sal > Feijoal > 1942 > O Feliciano é o quarto, sentado, da direita para a esquerda. [Foto 19A]


Cabo Verde > Ilha do Sal > Feijoal > 1942 > O Feliciano é o quarto, de pé, da direita para a esquerda. [Foto 17 A]


Cabo Verde > Ilha do Sal > Feijoal > 1942 > O Feliciano, na última fila, o mais alto, de mão no ar [Foto 18 A]


Cabo Verde > Ilha do Sal > Feijoal > 1942 > O Feliciano, na última fila, assinalado com uma seta. [Foto 20 A]


Cabo Verde > Ilha do Sal > Feijoal > 1942 > O Feliciano, o primeiro da esquerda [Foto 21 A]


 Cabo Verde > Ilha do Sal > Feijoal > 1942 > O Feliciano, sentado no burro [Foto 22 A]


Cabo Verde > Ilha do Sal > Feijoal > 1942 > O Feliciano, primeiro da esquerda.[Foto 23 A]

Fotos (e legendas): © Augusto Silva Santos (2017). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Feliciano Delfim Santos (1922-1989)
1. Continuação da publicação do álbum fotográfico do pai do nosso camarada e grã-tabanqueiro Augusto Silva dos Santos (que reside em Almada e foi fur mil da CCAÇ 3306/BCAÇ 3833, Pelundo, Có e Jolmete, 1971/73). 

O Augusto disponibilizou-nos 33 fotos, digitalizadas, do seu pai, Feliciano Delfim Santos (1922-1989), e dos seus camaradas da 1ª companhia do 1º batalhão expedicionário do RI 11, que esteve na ilha do Sal, entre junho de 1941 e março  de 1943 e deposi na ilha de Santo Antão (até dezembro de 1943) [, foto à direita].

Os "expedicionários do Onze" partiram do Cais da Rocha Conde de Óbidos, em Lisboa, no vapor "João Belo", a 16 de junho de 1941, com desembarque na Praia, ilha de Santiago, a 23 do mesmo mês (8 dias de viagem).

Estiveram cerca de vi nte meses na então inóspita e pouca habitada ilha do Sal, em missão de soberania, como se podem perceber por estas fotos. As instalações (barracas de madeira) eram em Pedra Lume, a nordeste da ilha. A capital era então Santa Maria, a sul.

As fotos que publicamos hoje são do sítio do Feijoal, onde havia alguma raquítica  vegetação e provavelmente haveria mesmo uma pequena horta (a avaliar pela presença de um burro, de um moinho de vento, em ferro, dos muros de pedra e de algumas, poucas, árvores, nomeadamente palmeiras)... O sítio ainda hoje existe, fica entre Espargos (hoje a capital, que se desenvolveu com o aeroporto internacional Amílcar Cabral e o turismo...)  e Pedra Lume, onde estavam aquartelados os militares do Onze. [Vd aqui  o mapa do Google.]
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Nota do editor

(*) Último poste da série > 2 de fevereiro de 2017 > Guiné 61/74 - P17016: Meu pai, meu velho, meu camarada (51): Feliciano Delfim dos Santos (1922-1989), ex-1º cabo, 1º Comp /1º Bat Exp do RI 11, Cabo Verde (Ilhas de Santiago, Santo Antão e Sal, 1941/43) (Augusto Silva Santos) - Parte III: Fotos de Pedra Lume, Morro Curral e Espargos, na ilha do Sal

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

Guiné 61/74 - P17033: In Memoriam (277): Carlos Filipe Coelho (Porto, 1950 - Lisboa, 2017), ex-Sold Radiomontador, CCS/BCAÇ 3872 (Galomaro, 1971/74) (Juvenal Amado)


Carlos Filipe Coelho (Porto, 1950 - Lisboa, 2017)... Foi Soldado Radiomontador da CCS/BCAÇ 3872 (Galomaro, 1971/74). Era membro da nossa Tabanca Grande desde 2009. Tem mais de 25 referências no nosso blogue.


O Carlos Filipe e o Cripto Gomes, em Bafatá


O seu avô, Deodato Soares Azevedo, morto em 1941 a bordo de um navio inglês onde era tripulante, atingido por um submarino alemão durante a II Guerra Mundial. Nasceu na Foz do Douro, Porto, em 1881. (Fonte: Cortesia do blogue Navios à Vista, de Rui Amaro.)


Georges VI, TI [Rex Imperator]: This scroll commemorates D. S. De Avevedo, Able Seaman Merchant Navy, held in honour as one who served King and Country in the world war of 1939-1945 and gave his life to save mankind from tiranny. May his sacrifice help to bring the  peace and freedom for which he died. (Fonte: Cortesia do blogue  Navios à Vista, de Rui Amaro.)

Tradução: "Jorge VI, Rei de Inglaterra: Este pergaminho celebra a memória do Marinheiro de 1ª classe [AB Seaman], da Marinha Mercante, D. S. de  Azevedo, tendo sido mandado passar em honra de quem serviu o  Rei e o  País na guerra mundial de 1939-1945 e deu sua vida para salvar a humanidade da tirania. Que seu sacrifício ajude a trazer a paz e a liberdade àqueles por quem ele morreu." (tr. de LG)


1. O falecimento do Carlos Filipe Coelho (ex-Soldado Radiomontador, CCS/BCAÇ 3872, Galomaro, 1971/74)

por Juvenal Amado

O Carlos Filipe não era pessoa social, simpática nas suas opiniões, não fazia o favor de se calar, dizia o que tinha a dizer, quer estivesse em maioria ou não. Nem toda a gente gostava da sua forma de estar e, como se sabe, cada cabeça sua sentença e só o ouro agrada a todos.

Em Galomaro eram conhecidas as suas posições contra a guerra e um número mais restrito envolvia-se com ele em discussões politicas a que alguns tentavam por água na fervura. Depois de ser evacuado, na recolha dos seus pertences, havia vária documentação a que se teve que dar descaminho, sob pena de ela cair em mãos menos aconselháveis e criar-lhe mais problemas.

Foi evacuado de Galomaro com 10 meses. Hospitalizado em Bissau com hepatite [, hoje C], viu chegar o seu comandante de pelotão, o Alferes Mota, gravemente doente, que veio a falecer três dias depois.

Evacuado para o Hospital Militar de Lisboa, vem aí a fazer a  sua recuperação, passando à vida civil. 

Natural da Foz do Douro, Porto, acaba por ficar em Lisboa como técnico de rádio na emissora da Rádio Renascença, funda família e não custa acreditar que facilmente se ligou aos meios mais conspiratórios contra o regime de então.  É aí que se encontra quando finalmente o seu batalhão desembarca 20 dias antes do 25 de Abril de 1974.

Como militante de esquerda radical, toma parte dos acontecimentos da Rádio Renascença, que acabam com a explosão dos emissores e o despedimento de todos os implicados no processo de autogestão da referida emissora, que entretanto tinham surripiado ao controlo da igreja católica. A emissora volta para as mãos da igreja e ele e outros ficam desempregados.

No desemprego, monta uma oficina de técnico de rádio e corre o país na montagem de emissoras das rádios livres ainda clandestinas. Com a sua legalização são terreno fértil para a sua capacidade como técnico.

Findo esse período, mantém a oficina onde vai buscar o seu sustento.

Volto a encontrá-lo no blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné, em 2007, mas já não trabalha, está reformado. Trocámos correspondência online, combinamos encontrarmo-nos. Conta-me que está viúvo da sua mulher e camarada, que ele próprio sofre de cancro no pulmão e que se ofereceu para cobaia de novos tratamentos experimentais. 

Dou-me conta do isolamento, e sua  solidão, mas não consigo que ele passe a fronteira e que vá aos almoços do batalhão, muito menos conviver com a minha família.  Entretanto perco o seu contacto. Não atende o telefone, não responde aos e-mails. Como não tenho conhecimento com familiares dele, fiquei quase um ano sem saber onde parava.

Finalmente o telefone toca e é o Carlos Filipe. Conta-me que ficou com o esófago todo queimado da radioterapia e só agora consegue falar.

Expande-se então pela Net em páginas de discussão politica. Cria um blogue chamado  Recortes Para o Meu Neto, no facebook o Galomaro Destino e Passagem e, a seguir ao golpe de estado na Guiné-Bissau que derruba o Carlos Gomes, funda o Bissau-Resiste como blogue [, o último poste é de 8/1/2017] e como página do facebook, onde explana as suas ideias sobre a sociedade guineense, através de contactos denuncia corrupção, golpismo, ligações aos narcotráfico dos militares etc. 

Isto granjeou-lhe muitos amigos da Guiné na diáspora e, se calhar, muitos mais inimigos. 
Passa a viver para aquilo, fica chateado por eu não ser participativo na sua actividade e não comungar abertamente das suas opiniões. Mas na verdade eu não sabia em que me estava a meter, eu não conhecia a realidade fundamentada da situação política na Guiné-Bissau e em que águas turvas ela se movia. Deixou de me atender o telefone, de responder aos meus emails.

Um dia telefonou-me como se nada se tivesse passado. Fala-me da sua mãe e avó e do seu avô Deodato, morto a bordo de um navio inglês onde era tripulante, atingido por um submarino alemão   durante a II Guerra Mundial. (Vd. Blogue Navios à Vista, de Rui Amaro, cuja visita recomendo).

Até hoje não deixei de o apoiar, para tomar um café, para o ir buscar ao hospital, para  lhe fazer companhia e no domingo, pela a última vez, falei com ele no Hospital Pulido Valente. Hoje fui vê-lo pela última vez e, nem uma hora depois de estar em casa, recebo a notícia da sua morte. 

O nossa camarada Carlos Filipe foi uma personalidade complexa, esquiva, solitária, solidária, qual cavaleiro andante de causas e ideais muitos deles perdidos. Nunca esqueceu a Guiné, amava aquela terra de uma forma arrebatada. Não teria tido bom fim se lá tem ficado e envolvido na politica pós-independência, como facilmente se pode prever, mas todos nós, e até os detractores, ficamos mais pobres com a sua partida. Lamento que a sua voz, discordante tantas vezes, se tenha calado para sempre.

Descansa em paz camarada Carlos Filipe e que a terra te seja leve.
Os meus sentidos pêsames à filha, neto e genro, pois penso serem os únicos familiares. 

Camaradas, penso ter aqui retratado o Carlos Filipe como ele gostava de ser retratado e recordado . Como um lutador, nunca se rendeu, nunca se dobrou, nunca rastejou para obter o que quer que fosse e homens assim não precisam de palavras bonitas, não querem compaixão, porque são o que são, engrandecem-nos e tornam-nos imensos.

Um abraço, como ele diria, a todos e cada um.


2. Comentário do editor:

Já em novembro de 2016, o Juvenal Amado nos tinha alertado para a situação do Carlos Filipe Coelho (ex-Soldado Radiomontador, CCS/BCAÇ 3872, Galomaro, 1971/74); enfrentava graves problemas de saúde, e estava internado no Hospital Pulido Valente (*)...

Nessa altura falei com ele ao telefone. Ficou sensibilizado por ter notícias da nossa Tabanca Grande. Mais recentemente voltou a  ser reinternado, segundo mensagem que me mandou, em 10/1/2017, o seu fiel e dedicado amigo e grande camarada  Juvenal Amado. Há muito que o seu estado de saúde nos causava preocupações. Acabei de chegar do Norte, e recebo esta notícia triste. É mais um dos nossos que parte para a última viagem. Ficam aqui as palavras, singelas, mas de grande ternura, que o seu neto, Guilherme Filipe, escreveu na página do Facebook do avô, ontem, às 14 horas:

(...) "Bem, nem sei por onde começar, não estava nada à espera que isto fosse acontecer, porque é que tinha de ser logo a ti,  avô?... Agora sem ti já não vou ter com quem desabafar dos meus problemas, não vou poder dar-te a saber as minhas notas da escola, não nada...  Sei que estavas a sofrer devido à tua doença, mas eu precisava de ti... Nem sabes o quanto eu gostava quando era pequeno e íamos dar os nossos passeios a Trafaria, queria-os repetir mas sei que não foi possível, gostava que tudo fosse diferente, queria ter-te dito um último adeus mas não consegui... Vou ter saudades do teu "Olá, meu neto, como estás?" e do "Obrigado por teres telefonado" ... Gosto muito de ti, meu grande amigo e avô, descansa em paz".

À filha, ao genro, ao neto, demais família, amigos e camaradas, a Tabanca Grande deixa aqui expressa a sua solidariedade no luto e na dor. O Carlos Filipe ficará connosco, agora do alto do poilão da nossa Tabanca Grande,  no "cantinho" daqueles que da lei da morte já se foram  libertando. (**)

PS - O Juvenal Amado ficou de nos informar sobre a data, a hora e o local da cerimónia fúnebre.

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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 8 de novembro de 2016 > Guiné 63/74 - P16698: Banco do Afecto contra a Solidão (19): Carlos Filipe Coelho (ex-soldado radiomontador, CCS/BCAÇ 3872, Galomaro, 1971/74): está hospitalizado, com graves problemas de saúde... Vamos mandar-lhe uma palavrinha solidária (Juvenal Amado)

(**) Último poste da série > 20 de janeiro de  2017> Guiné 61/74 - P16971: In Memoriam (276): o 1.º cabo sapador Glória, CCS/BCAÇ 3872, Galomaro, 1971/74, um tripeiro de gema: até sempre, camarada ! (Juvenal Amado)

segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

Guiné 61/74 - P17002: Meu pai, meu velho, meu camarada (51): Feliciano Delfim dos Santos (1922-1989), ex-1º cabo, 1º Comp /1º Bat Exp do RI 11, Cabo Verde (Ilhas de Santiago, Santo Antão e Sal, 1941/43) (Augusto Silva Santos) - Parte II: "Colá San Jon", na Ribeira de Julião, ilha de São Vicente, 1943



Cabo Verde > Ilha de S. Vicente> Ribeira de Julião  > 1943 >  Tambores, colá San Jon  [Foto nº 30A]


Cabo Verde > Ilha de S. Vicente> Ribeira de Julião  > 1943 >  Tambores, colá San Jon  [Foto nº 30B]


Cabo Verde > Ilha de S. Vicente> Ribeira de Julião  > 1943 >  Tambores, colá San Jon  [Foto nº 30]


Cabo Verde > Ilha de S. Vicente> Ribeira de Julião  > 1943 >  Colá San Jon  [Foto nº 32A]


Cabo Verde > Ilha de S. Vicente> Ribeira de Julião  > 1943 >  Colá San Jon  [Foto nº 32]


Cabo Verde > Ilha de S. Vicente> Ribeira de Julião  > 1943 >  Colá San Jon  [Foto nº 31A]


Cabo Verde > Ilha de S. Vicente> Ribeira de Julião  > 1943 >  Colá San Jon  [Foto nº 31]

Cabo Verde > Ilha de São Vicente > Ribeira de Julião > 1943 >  Festa de São João. Fotos do álbum, do então 1º cabo Feliciano Delfim Santos, da 1ª companhia do 1º batalhão expedicionário do RI 11 (Ilha do Sal, 1941-1943)


Fotos (e legendas): © Augusto Silva Santos (2017). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Feliciano Delfim Santos (1922-1989)
1. Continuação da publicação do álbum fotográfico do pai do nosso camarada e grã-tabanqueiro  Augusto Silva dos Santos (que reside em Almada  e foi fur mil da CCAÇ 3306/BCAÇ 3833, Pelundo, Có e Jolmete, 1971/73). 

 O Augusto disponibilizou-nos 33 fotos, digitalizadas, do seu pai, Feliciano Delfim Santos, e dos seus camaradas da 1ª companhia do 1º batalhão expedicionário do RI 11, que esteve na ilha do Sal, entre junho de 1941 e dezembro de 1943 (*) [, foto à direita].

Os "expedicionários do Onze" partiram do Cais da Rocha Conde de Óbidos, em Lisboa, no vapor "João Belo", a 16 de junho de 1941, com desembarque na Praia, ilha de Santiago, a 23 do mesmo mês. Estiberam prartocamente todo o tempo na então inóspita e pouca habitada ilha do sal, em missão de soberania. No final, ainda passram pelas ilhas de Santo Antõe de São Vicentem ressando a casa em dezembro de 1943. Duas dezenas de camaradas do batalhão morreram na ilha por doença e lá ficaram sepultados.

As fotos que  publicamos hoje trazem as seguintes (lacónicas) legendas:

(i) Foto 30 – Ilha de S. Vicente / 1943. Tambores, festa de S. João.

(ii) Foto 31 – Ilha de S. Vicente / 1943. Dança, festa de S. João.

(iii) Foto 32 – Ilha de S. Vicente / 1943. Dança, festa de S. João.

Podia pensar-se que eram do Mindelo, mas não. A festa de S. João celebra-se no interior da ilha, ma povoação da Ribeira de Julião. E são "postais ilustrados" comprados pelos expedicionários, como "recuerdo" de Cabo Verde...

No ábum de Cabo Verde, do meu pai, Luís Henriques (1920-2012) há uma foto extamente igual à da foto 31 do álbum do pai do Augusto, já qui publicada, e que tem a seguinte legenda:


Cabo Verde > S. Vicente > 1943 > Postal da época, "Coladeira do S. João" [ou cola San Jon] > Legenda no verso da foto (a tinta verde, já quase ilegível): "Dançando o batuque (sic) na Ribeira de Julião, no dia de São João , no interior ilha de São Vicente. Luís Henriques. 24/6/1943".

Foto: © Luís Graça (2013). Todos os direitos reservados [Legendas de Luís Henriques e de L.G.]

A qualidade  das imagens que o Augusto me mandou é superior.  Um delas já tinha sido publicada em tempos, mas erradamente foi legendada como sendo da festa da "Cola San Jon" da ilha de Santo Antão (**). O Augusto pediu-nos para fazer a correção, aqui fica feita.

Estas fotos, dos nossos pais, que foram expedicionários em Cabo Verde na II Guerra Mundial, infelizmente  já são muito raras e merecem ser salvas do "caixote do lixo", publicadas, divulgadas e estudadas. Por todas as razões, pelo seu interesse documental,  e sobretudo pelos laços históricos, culturais, linguísticos e afetivos que nos unem, portugueses e cabo-verdianos.

Tudo indica que as fotos (, na realidade, "postais ilustrados"), que aqui publicados, sejam da célebre casa "Foto Melo":

(...) "Foi a única casa fotográfica no Mindelo desde a sua fundação no séc. XIX e durante grande parte do século XX e retratou sistematicamente as chegadas de governadores, a elite intelectual local, almoços e jantares de gente ilustre, grupos de ingleses, eventos oficiais, sociais e religiosos, bailes carnavalescos, costumes populares, os navios no Porto Grande, vistas de cidades e paisagens de todas as ilhas de Cabo Verde. " (,,,)



2. Segundo Manuel Brito-Semedo, autor do blogue "Esquinha do Tempo"  (... "magazine cultural a divulgar Cabo Verde desde 2010"), a festa de S. João Baptista, ou do "colá San Jon" celebra-se em 24 de junho, em Cabo Verde [mas também na diáspora cabo-verdianaa como no bairro da Cova da Moura, na Amadora] no dia 24 de junho: (...) "integrada nas Festas Juninas,  é uma das principais festas populares nas ilhas de Barlavento – Santo Antão, S. Vicente, S. Nicolau e Boa Vista – e na Brava. Nas ilhas de Barlavento, a festa tem as mesmas características. Na Brava, a festa já possui características distintas e originais" (...).

Brito-Semedo, que é autor do estudo "A Construção da Identidade Nacional – Análise da Imprensa Entre 1877 e 1975" ( Praia, 2006),  resume aqui o que e esta festa na ilha de S. Vicente, onde no tempo da II Guerra Mundial estiver5am os pais de alguns de nós:

(...) "Em S. Vicente a festa decorre na Ribeira de Julião, localidade que dista poucos quilómetros da cidade do Mindelo. Mesquitela Lima (1992) descreve-a como uma espécie de romaria onde há de tudo: missa, comeres, beberes e dança, acompanhada de tambores e de apitos. A dança é a umbigada (movimento ritmado em que os pares chocam os umbigos), denominada colá San Jon, sobretudo praticada entre mulheres mas também entre homem e mulher. Os tambores, cuja forma são de origem portuguesa, são tocados com baguetes, produzindo um ritmo sincopado nitidamente africano. Tambores e apitos dirigem as dançarinas, que aceleram as umbigadas consoante o toque."

Mas há elementos de natureza socioantropológica que importa conhecer e divulgar. Seguimos a descrição do antropólogo Mesquitela Lima, citado  por Brito-Semedo:

(..) "Um navio à vela é outro elemento castiço da festa. Construído numa escala reduzida, com uma grande abertura no centro, permite a um homem entrar nele e segurar o navio com as duas mãos por intermédio de correias estrategicamente colocadas para que fique à altura da cintura. Este homem, chamado capitão e usando um boné, por vezes a farda completa, de oficial da marinha, maneja o navio em consonância com os apitos e tambores, praticando bolina, bordejando, vento em popa, tal como se estivesse no mar.

"É igualmente sacramental toda a gente usar colares de pipocas ("milho aliado") que se vende no local, sinal de que esteve presente na festa, ou seja, que era romeiro"  (Mesquitela Lima, op. cit.). (...)

E ao voltando ao amável autor do blogue "Esquina do Tempo", ficamos a saber que "a anteceder o dia de S. João Baptista, coincidindo com a festa pagã do solstício de Junho, há o tradicional saltar da fogueira (as “lumenaras”), eventualmente recordando o imemorial culto do fogo, e os fogos de artifício, prática também em Portugal associada à celebração do dia do Santo, na noite de véspera". (In; blogue "Esquina do Tempo" > 24 de junho de 2015 > Colá san Jon – Festa tradicional ).

domingo, 29 de janeiro de 2017

Guiné 61/74 - P17000: Meu pai, meu velho, meu camarada (50): Feliciano Delfim dos Santos (1922-1989), ex-1º cabo, 1º Comp /1º Bat Exp do RI 11, Cabo Verde (Ilhas de Santiago, Santo Antão e Sal, 1941/43) (Augusto Silva Santos) - Parte I: A caminho da ilha do Sal, com chegada, a 23/6/1941 à Ilha de Santiago, no vapor "João Belo"...


Cabo Verde > Ilha de S. Tiago > Praia > Junho de 1941 > O 1º cabo Feliciano Delfim Santos, da 1ª companhia do 1º batalhão expedicionário do RI 11, na linha da frente, é o terceiro a contar da direita para a esquerda. [Foto nº 1]


Cabo Verde > Ilha de S. Tiago > Praia > Junho de 1941 >  De pé à esquerda. [Foto nº 2]


Cabo Verde > Ilha de S. Tiago > Praia > Junho de 1941 > Primeiro à direita. [Foto nº 3]


Cabo Verde > Ilha de S. Tiago > Praia > Junho de 1941 > Junto a um estaleiro de construção e reparação de embarcações. O Feliciano é o primeiro à direita.[Foto 4]


Cabo Verde > Ilha do Sal > Pedra Lume > 1942. Junto a uma velha peça de artilharia. O Feliciano esta na fila de trás, de pé, a apontar. [Foto 5]


Cabo Verde > Ilha do Sal > Pedra Lume > 1942. O Feliciano é o segundo, de pé, à esquerda. [Foto 6]



Cabo Verde > Ilha do Sal > Pedra Lume > 1942. O Feliciano é o primeira, da direita [Foto 7]


Cabo Verde > Ilha do Sal > Pedra Lume > 1942. O Feliciano é o primeira, da direita [Foto 8]


Fotos (e legendas): © Augusto Silva Santos (2017). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Fotos do álbum do pai do Augusto Silva dos Santos [, ex-Fur Mil da CCAÇ 3306/BCAÇ 3833, Pelundo, Có e Jolmete, 1971/73].  O nosso camarada disponibilizou-nos 33 fotos, digitalizadas, do seu pai, Feliciano Delfim Santos, e dos seus camaradas da 1ª companhia do 1º batalhão expedicionário do RI 11, que esteve na ilha do Sal (e depois na Ilha de Santo Antão), entre junho de 1941 e dezembro de 1943 (*).

Os "expedicionários do Onze" partiram do Cais da Rocha Conde de Óbidos, em Lisboa, no vapor "João Belo", a 16 de junho de 1941, com desembarque na Praia, ilha de Santiago, a 23 do mesmo mês. O navio transportava igualmente os materiais de construção indispensáveis para a edificação das instalações para o  pessoal de dois batalhões e de mais uma companhia, além de serviços de saúde e intendência, num total de 2244 homens. 

A ilha do sal era escassamente povoada ("meia dúzia de casas"...), vivendo da exploração do sal e de um fábrica de consersa de peixe (atum). Tiveram que recrutar  lavadeiras de outras ilhas  (Boavista, São Vicente e Santiago), que não as havia na ilha do Sal. Nem sequer havia padre, apenas uma professora, na vila de Santa Maria, a "capital". O aquartelamento era em Pedra [de] Lume. A água potável era racionada, tomava-se banho com água salgada. Cerca de dezenas de homens do 1º batalhão morreram de doença.

O Feliciano Delfim Santos deixou, sepultados nesta  ilha (ou em Santo Antão ?), a sua companheira e um filho, vítimas de doença. De regresso à metrópole, exerceu a profissão de serralheiro, tendo mais tarde concorrido aos quadros do pessoal civil da Marinha de Guerra, onde exerceu a profissão de maquinista em diversas embarcações  (rebocadores e vedetas de transporte de pessoal), inicialmente no antigo Arsenal de Marinha em Lisboa e posteriormente na Base Naval do Alfeite. 

Reformou-se aos 56 ansos  com a categoria equivalente a sargento ajudante. E dez anos depois morreu, precocemente. Ainda em vida, assistiu à partida, para a Guiné, com um ano de diferença,  dos seus  dois filhos,  um deles o nosso grã-tabanqueiro Augusto Silva Santos.

Estas fotos e notas serão complementadas com a reprodução do livro sobre os "expedicionários do onze", do capitão José Rebelo (Setúbal, Assembleia Distrital de Setúbal, 1983, 76 pp.).

(Continua)
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sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

Guiné 61/74 - P16996: Meu pai, meu velho, meu camarada (49): O que conseguimos saber, até agora, do ex-1º cabo Armindo da Cruz Ferreira, companhia de acompanhamento do 1º Batalhão Expedicionário do RI 11, Cabo Verde, Ilha do Sal (junho de 1941-dezembro de 1943) a pedido da sua neta, Albertina da Conceição Gomes, médica patologista na Noruega


Cabo Verde > Ilha do Sal >  Pedra de Lume  > 1º Batalhão Expedicionário do RI 11 > 1ª Companhia >  1942. O primeiro da direita é 1º cabo Feliciano Delfim Santos (1922-1989) [Foto nº 7].


Cabo Verde > Ilha do Sal >  Pedra de Lume  > 1º Batalhão do RI 11 > 1º Companhia >  1942 >  O primeiro à esquerda é 1º cabo Feliciano Delfim Santos...Chamavam-lhe o Errol Flynn, por parecenças com o então popular ator, de origem australiana [1909-1959], naturalizado americano em 1942,  que se popularizou m Hollywood , em "filmes de capa e espada". [Foto nº 11]


Cabo Verde > Ilha do Sal > Pedra Lume > 1º Batalhão do RI 11 > 1º Companhia > 1942 >   Junto a um dos barracões que funcionavam como caserna, no aquartelamento do "Onze" >  O Feliciano é o segundo, sentado, da esquerda para a direita [Foto nº  9].


Cabo Verde > Ilha do Sal >  Pedra de Lume  > 1º Batalhão do RI 11 > 1º Companhia >  1943 > O aquartelamento  do "Onze"... [Foto nº 25].

Fotos (e legendas): © Augusto Silva Santos (2017). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Mensagem de Albertina da Conceição Gomes,  de origem cabo-verdiana, médica patologista a viver e a trabalhar na Noruega, com data de ontem, agradecendo ao nosso blogue e ao nossos colaboradores José Martins e Augusto Silva Santos, tudo o que temos feito, de maneira empenhada e solidária,  para  encontrar "pistas" que levem ao paradeiro e à família do seu avô paterno, português, que foi militar, expedicionário em Cabo Verde, na ilha do Sal, durante a II Guerra Mundial (de junho de 1941 a dezembro de 1943)(*).

Olá a todos

Os meus olhos encheram-se de lágrimas só de saber que encontraram alguma informação do meu avô. Ao menos sabemos ao certo que o meu avô se chamava Armindo da Cruz Ferreira.

Boa noite,
Albertina


2.  Comentário do editor:

Albertina, o que é que já sabemos mais  sobre o seu avô paterno, que foi camarada dos  pais de alguns de nós,  tendo estado em Cabo Verde, na ilha do Sal, em missão de soberania, durante a II Guerra Mundial ?

O  nosso camarada Augusto Silva Santos, filho do 1º cabo Feliciano Delfim dos Santos (1922-1989), que esteve na ilha do Sal com o seu avô,  já  descobriu que:

(i)  o nome do seu avô era  mesmo ARMINDO DA CRUZ FERREIRA (e não Armindo da LUZ Ferreira, como supunha o seu pai, felizmente ainda vivo,  Armindo Maria Gomes, de 74 anos, nascido portanto em 1942, e que teria 16/18 meses quando o seu avô regressou, em dezembro de 1943 à metrópole, com o seu batalhão);

(ii) tinha razão, portanto, o amigo do seu pai, o médico com quem ele viajou até São Tomé, que garantiu que o seu avô se chamava (ou chama) Armindo da Cruz Ferreira;

(iii) o 1º cabo Armindo da Cruz Ferreira pertenceu à Companhia de Acompanhamento do 1º Batalhão Expedicionário do Regimento de Infantaria 11  [, RI 11,  Setúbal, ] a Cabo Verde, comandada pelo capitão José Francisco Marquilhas;

(iv) além desta companhia (de comando e serviços), o 1º batalhão tinha mais três, subun idades operacionais, a 1ª, a 2ª e  3ª companhias; o Feliciano Delfim dos Santos pertencia à 1ª companhia;

(v) estas informações constam de um pequeno livro editado pela Assembleia Distrital de Setúbal, datado de fevereiro de 1983, de homenagem  aos "Expedicionários do Onze a Cabo Verde (1941- 1943)", da autoria de José Rebelo, capitão;

(vi) essa brochura, de que o Augusto Silva Santos tem uma exemplar, pertença do seu falecido pai,  está a ser digitalizado na íntegra e teremos muito gosto em mandar à Albertina  uma cópia em pdf:  tem 76 páginas e dezenas de imagens do pessoal deste batalhão, e da sua passagem pelo arquipélago de Cabo Verde;

(vii) a referência ao 1º cabo Armindo da Cruz Ferreira, consta da pág. 9 desta brochura: capítulo III, composição da já referida Companhia de Acompanhamento;





Capa e excertos da brochura "Os expedicionários do Onze a Cabo Verde (1941-1943), de José Rebelo, capitão  (Setúbal: Assembleia Distrital de Setúbal, 1983, página ).

(viii) na pág. 16 aparece uma foto de um 1º cabo Armindo, mas pelos restantes elementos que o acompanham na mesma, não nos parece ser o avô da Albertina, mas sim o 1º cabo Armindo Pinto Gonçalves, que pertencia à 2ª Companhia;

(ix) na companhia a que pertencia o Armindo, também há um tenente de infantaria, oficial do quadro, que tem o mesmíssimo apelido do Armindo: o seu nome completo é Aurélio Augusto da Cruz Ferreira; seria muita coincidência este oficial ser parente ou familiar próximo do Armindo, mss não descartarmos essa hipótese.

(x) sabemos que este oficial foi condecorado com o Grau de Cavaleiro da Ordem Militar de Avis, por decreto de 19 de março de 1940, publicado no Diário do Governo em 19 de setembro desse ano, portanto, um ano antes da mobilização para Cabo Verde.

Por conversa, ao telefone,  com o Augusto Silva Santos, esta  manhã, chegámos os dois à conclusão que o pessoal do 1º batalhão expedicionário do RI 11 devia ser quase todo, ou em grande parte, oriundo do distrito de Setúbal, e alguns talvez de Lisboa e arredores... O pai do Augusto, esse,  era "alfacinha de gema",  ou seja, nado e criado em Lisboa...Por outro lado, segundo o Augusto, não há apelidos "alentejanos", invulgares, como Sardinha Fresca, Bacalhau Preguiça, etc. O 1º Batalhão do RI 11, que esteve do Sal, era composto por 852 homens. Ao todo no Sal estavam aquartelados 2244 homens (Vd. gráfico abaixo)

Tudo leva a crer que o Armindo da Cruz Ferreira fosse de Lisboa ou da "outra banda do Tejo", de algum concelho ribeirinho (Almada, Seixal, Barreiro, Montijo, etc.)...Mas se ele foi para a PSP - Polícia de Segurança Pública é mais provável ser de uma cidade como Lisboa ou Setúbal.

Pesquisei nas Páginas Brancas.pt [ http://www.pbi.pai.pt/]: só encontrei um Armindo Ferreira Cruz [e não da Cruz Ferreira]... no Lavradio, Barreiro. Fiz pesquisas igualmente nas Páginas Amarelas [ http://www.pai.pt/].

É bastante improvável que o Armindo ainda hoje esteja vivo, tendo em conta que esta é uma geração praticamente extinta  (mas oxalá que sim; e se sim, estará então com 96 anos...). É  improvável também que haja alguma assinatura de telefone fixo em seu nome... Mas pode haver descendentes  dele, filhos, netos e bisnetos, com  este apelido, "da Cruz Ferreira" (, dmitindo, como mais provável, que ele tenha constituído uma nova família, depois do seu regresso de Cabo Verde).

De acordo com o pedido José Martins, é muito importante que a família, neste caso a sua neta e o seu filho, nos diga o seuinte: (i) o Armindo alguma vez contactou a família (companheiro e filho) que ficou em Santa Antão, depois do seu regresso a Portugal ?; (ii) como é que a família soube que tinha ele ido para a polícia ); (iii) há cartas ou outros documentos com alguma morada dele ?;  (iv) há fotos dele com a avó da Albertina, mãe do  filho Armindo Maria Gomes ); (v) aAlbertina tem mais irmãos ?; e, já agora, qual é a nacionalidade atual da Albertina e como é que se está a dar  na "terra dos vikings" ? (**)

Por ora é tudo, boa noite, bom sono... LG





Mapa de Cabo Verde.  Fonte: Cortesia do blogue da Wordpress, "Cidadania da CPLP"


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Notas do editor

(*) Vd. postes de:

19 de janeiro de 2017 > Guiné 61/74 - P16970: Em busca de... (272): Meu avô paterno, português, de seu nome Armindo da Luz (ou Cruz?) Ferreira, ex-1.° cabo n.° 300, 1.° Batalhão Expedicionário do RI 11 (Cabo Verde, Ilha do Sal e Ilha de Santo Antão, junho de 1941 - dezembro de 1943)... (Albertina Gomes, médica, Noruega)

25 de janeiro de  2017 > Guiné 61/74 - P16988: Em busca de.. (273): Armindo da Luz (ou Cruz?) Ferreira, ex-1.° cabo n.° 300, 1.° Batalhão Expedicionário do RI 11 (Cabo Verde, Ilha do Sal e Ilha de Santo Antão, junho de 1941 - dezembro de 1943), avô de Albertina Gomes (médica, Noruega)... Diligências do nosso blogue e colaboradores, Augusto Silva Santos e José Martins

(**) Último poste da série > 1 de  agosto de  2016 > Guiné 63/74 - P16353: Meu pai, meu velho, meu camarada (48): No 10º aniversário da morte do meu pai (Victor Barata, fundador e comandante do blogue Especialistas da Base Aérea 12, Guiné 65/74)