segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Guiné 63/74 - P12212: Convívios (544): Magnífica Tabanca da Linha: 5ª feira, 17 de outubro de 2013 (Parte IV): Silêncio, meus senhores, que se vai cantar o fado!... Não se cantou, mas ficou a promessa (ou a ameaça ?) de, no 10º aniversário da Tabanca Grande, se fazer uma grande tarde (ou noite) do fado... Um dos nossos fadistas estava lá, e deu um arzinho da sua graça, o Armando Pires


O comandante Rosales, pondo as "tropas" em sentido... A seu lado, o Marcelino da Mata


O fadista,  Armando Pires, acompanhado à viola pelo Luis R. Moreira e á guitarra pelo António Fernando Marques (1)


O fadista Armando Pires, acompanhado à viola pelo Luis R. Moreira e á guitarra pelo António Fernando Marques (2)



O fadista Armando Pires, acompanhado à viola pelo Luis R. Moreira e á guitarra pelo António Fernando Marques (3)



O fadista Armando Pires, acompanhado por um fã, o Hélder Sousa


O fadista Armando Pires, mais outro fã, o Carlos Silva


 Um terceiro fã, pro sinal da mesma terra, Santarém 



 Um quarto fã, desta vez alentejano de Ponte Sor, o Veríssimo Ferreira


Tabanca da Linha > Cascais, Alcabideche, Cabreiro > Adega Camponesa > 17 de outubro de 2017 > Um momento artístico-cultural, a evocação das grandes noites de Fado... em Bula e em Bissorã! Noites que não voltam mais, seguramente,  garante o artista. Mas que poderiam ser recriados numa das nossas tabancas, pertencentes à rede da Tabanca Grande: por exemplo, na Tabanca Pequena de Matosinhos, na Tabanca dos Melros, na Tabanca do Centro, na Tabanca da Linha...Ou até no nosso encontro anual, o da Tabanca Grande, em Monte Real.

Ainda não desisti da ideia de um da fazer um grande Noite (ou Tarde) do Fado, juntamente os nossos artistas, tocadores, poetas,,, e já são vários, os que se acolhem sob o poilão da Tabanca Grande. Fica aqui o desafio ao Armando Pires, ao Joaquim Mexia Alves, ao David Guimarães, ao José Luís Vacas de Carvalho, ao João Rebola, ao Júlio Madaleno, ao Fernando Costa, ao Gabriel Gonçalves, ao Manuel Moreira - cito de cor, e corro o risco de deixar de fora outros fadistas, tiocadores, letristas, da nossa Tabanca Grande - para no próximo ano, quando o blogue fizer 10 anos (se lá chegar, com vida e saúde, como esperamos) organizarmos aí uma ou mais noitadas (ou tardadas) de fado... Pode ser a nível nacional, regional ou local...

Como me dizes, ó Armando, a esta provocação ? E tu, comandante Rosales ?


Fotos (e legendas): © Luís Graça (2013). Todos os direitos reservados

Guiné 63/74 - P12211: Notas de leitura (529): "Finhani, O Vagabundo Apaixonado", por Emílio Lima (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 14 de Junho de 2013:

Queridos amigos,
Doravante temos que estar mais atentos a esta ainda titubeante literatura luso-guineense.
Tenho lido críticas severas a recentes manifestações da literatura da Guiné-Bissau, por ser uma manifestação de desalento e de servidão a esquemas clássicos da língua portuguesa. Esquecem esses doutos críticos que estes novos escritores não têm estímulo para editar e que o ambiente não favorece, dentro da confrontação de movimentos literários, a descoberta de um processo próprio para um escritor africano usar com absoluta liberdade a língua que foi trazida pelo colonizador, isto para já não falar na dor que exprimem pela deriva do país. O caso de Finhani é um outro lado do espelho.
Emílio Lima tirou as habilitações superiores em Portugal e pretende um produto novo, criativo no compromisso entre as suas culturas. Pode ser ainda muito ingénuo, mas sente-se que está determinado, merece a nossa atenção.

Um abraço do
Mário


Finhani, o vagabundo apaixonado

Beja Santos

A literatura luso-guineense está nos primeiros balbucios. Entende-se aqui por literatura luso-guineense aquela que é escrita por portugueses e ou bissau-guineenses sobre temáticas a que os dois países não são alheios, veiculando primordialmente a língua portuguesa e ou o crioulo da Guiné-Bissau. “Finhani, o vagabundo apaixonado”, por Emílio Lima, Chiado Editora, 2013, é uma dessas manifestações.

Emílio Tavares Lima nasceu em Canchungo, Guiné-Bissau, em 1974. É licenciado em Ciências da Comunicação e da Cultura, pela Lusófona. Venceu vários concursos de poesia em Bissau, e é atualmente mentor e coordenador do projeto Djorson Nobu, na publicação da antologia poética juvenil da Guiné-Bissau Traços no Tempo. Logo na capa não esconde a grande mensagem de Finhani: “Quem fecha as portas para uma emigração legal, abre, ao mesmo tempo, as portas para uma emigração clandestina”.

A obra abre com um sugestivo diálogo numa operação de rusga de rotina entre um funcionário do serviço de Estrangeiros e Fronteiras e Finhani Pansau Kam-mecé. Este é um conhecido vagabundo que passa os dias na Praça Duque de Saldanha e diz ser um homem de 70 namoradas, de várias nacionalidades, diferentes cores, religião e raças. Metia-se em todas as conversas e era um sonhador. O autor caracteriza-o assim: “Tinha pouco mais de um metro e setenta de altura, um corpo de atleta, nem tão magro nem muito gordo. Quem olhava para ele de certeza que imaginava que ele fora um grande atleta na juventude”. A polícia tinha tentado escorraçá-lo da Praça Duque de Saldanha, sem sucesso. Desprendido e apaixonado, proferia prédicas e tecia juízos moralistas. Imaginava as 70 namoradas, associava-as a países africanos de língua portuguesa.

E um dia saiu-lhe a sorte grande, melhor dito saiu a sorte grande à arquitetura da obra. Vamos ver como.

Passou pela praça Bernardo Gomes ou Nhu Bernal, pedreiro de mão cheia, tinha acabado de perder emprego, Finhani teve para com ele umas frases desagradáveis e Nhu Bernal surrou-o, bateu-lhe como se ele fosse o culpado de toda a desgraça que lhe caíra em cima, é que nesse dia fora informado que o seu filho Dino tinha sido atingido com dois tiros no peito, na sequência de um assalto a uma ourivesaria suburbana. O autor apresenta a mãe de Dino, Nha Filipa Gumis, uma moira de trabalho, vendedeira de peixe e trabalhadora nas limpezas de escritórios em Lisboa.

A orientação da escrita dirige-se agora para o tratamento hospitalar de Dino, um desvelado médico, Paulo Alves opera-o com êxito. Por puro acaso Paulo Alves é filho do ourives Sr. Alves, que fora assaltado por Dino. Este explica a razão da tentativa de furto: estava apaixonado por uma rapariga da escola que nem olhava para ele mas só para os colegas que levavam grande telemóveis ou ténis de marca, assim começou a roubar para poder mostrar o seu poder de compra a Vanessa, menina do seu coração. Paulo Alves propõe aos pais de Dino que este passe a viver consigo, queria colaborar na sua educação e incutir-lhe valores.

Começam as lições do pai adotivo, fala assim a propósito de trabalho e dinheiro: “É ótimo poderes ganhar o teu próprio dinheiro. Mas trabalhar só depender do teu desempenho naquela que de hoje em diante passará a ser a tua atividade principal: estudar, estudar e estudar”. E vai apontando exemplos de jovens que singram ou se afundam no trabalho precário.

Nhu Bernal procura refazer a vida e vai trabalhar para Espanha em condições mais que duvidosas. Acabará num autêntico campo de concentração, vê-se rodeado de gente desesperada sobretudo provenientes da Europa de Leste. Sabe que está dentro de uma quinta onde é sujeito a todas as torturas e aos tratamentos mais desumanos. Tentará fugir, é suposto, de acordo com a trama do livro, que não voltará para Portugal, nunca mais dará notícias a Nha Filipa Gumis. Paulo Alves é tão bondoso que leva a senhora e os filhos lá para casa. As autoridades luso-espanholas procuram em vão o paradeiro de Nhu Bernal, em vão. A vida de Nha Filipa Gumis e seus três filhos mudou completamente. Paulo Alves é tão bondoso que até lhe financiou a abertura da sua própria empresa de limpezas. Paulo Alves está pelo beicinho e declara-se a Nha Filipa Gumis: “Só sei que quero passar a dormir e a acordar ao teu lado, sentir o teu cheiro, olhar para essa tua cara de boneca de porcelana, esses olhos cor de mel, contemplar a ternura desses teus lábios carnudos. Quero continuar a sentir o meu coração a dar saltos novamente, depois de cinco anos sozinho desde que me separei da minha namorada. Nunca pensei que alguém pudesse ressuscitar a paixão adormecida neste meu frágil peito”. Dez meses depois, o casal tinha uma filha morena.

É altura de ressuscitar Finhani, um sem-abrigo a dormir na Avenida Defensor de Chaves, em cima de papelões estendidos na varanda de um prédio abandonado. Finhani é levado pelo 115 até ao Dr. Paulo Alves. Nesta altura o Dino já é médico. Finhani conta a sua história a Paulo Alves, andou fugido durante a guerra civil que devastou o seu país, presumimos que está a falar do conflito que devastou a Guiné-Bissau entre 1998 e 1999. Fugiu para o Senegal, onde trabalhou na criação de gado. E depois veio clandestino até chegar a Portugal. Mas nunca conseguiu passar da cepa torta. 

Paulo Alves ouve este pungente relato e oferece para emprestar dinheiro a Finhani para investir no seu próprio país. Somos então confrontados com as técnicas de corrupção da administração bissau-guineense, Finhani reage e denuncia as pressões mais escabrosas. Finhani tornou-se um empresário de renome, é este o final feliz.

Ainda é muito cedo para se fazer qualquer avaliação destas manifestações literárias luso-guineenses. A literatura da Guiné-Bissau tem duas linhas de força: a primeira centrou-se no ideal da libertação e no sonho do país independente; a segunda acusa em permanência a profunda tristeza desses ideais traídos, é um constante suspiro pela retoma dos sonhos num país que ainda não foi capaz de proceder à catarse da sua própria reconciliação depois de tanta zanga e tanto fuzilamento. A nova expressão da literatura luso-guineense revela indecisões no estilo, um certo atabalhoamento no tratamento dos personagens, o recurso a soluções socialmente impensáveis. Tudo se desculpa, porque a criança gatinha e faz mais estardalhaço do que os observadores desejavam. É provável que tenha de ser assim, durante algum tempo, um Paulo Alves improvável, um Finhani onírico que se transformará num bem-sucedido homem de negócios, é preciso mostrar em literatura que o mal nem sempre dura e que os determinados podem chegar longe. E pelo meio somos confrontados com a delinquência destes jovens que não estão nem na Europa nem em África, com os grupos mafiosos e traficantes e até com a escravatura moderna que pretendemos ignorar.

Vamos esperar por mais obras de Emílio Lima, alguém que se pode transformar num nome a ter em conta na literatura luso-guineense
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Nota do editor

Último poste da série de 25 DE OUTUBRO DE 2013 > Guiné 63/74 - P12199: Notas de leitura (528): "Os Roncos de Farim - 1966-1972", por Carlos Silva (Mário Beja Santos)

Guiné 63/74 - P12210: Parabéns a você (644): Jorge Fontinha, ex-Fur Mil Inf da CCAÇ 2791 (Guiné, 1970/72) e Luís Marcelino, ex-Cap Mil da CART 6250 (Guiné, 1972/74)

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Nota do editor

Último poste da série de 21 DE OUTUBRO DE 2013 > Guiné 63/74 - P12180: Parabéns a você (643): Manuel Moreira de Castro, ex-Soldado At da CCAÇ 2315 (Guiné, 1968/69)

domingo, 27 de outubro de 2013

Guiné 63/74 - P12209: Memória dos lugares (247): Galomaro e Cutia, ontem e hoje (António Tavares / José Teixeira)

1. Mensagem do nosso camarada António Tavares (ex-Fur Mil da CCS/BCAÇ 2912, Galomaro, 1970/72), com data de 13 de Julho de 2013, a propósito de um monumento existente em Galomaro que terá a ver com uma homenagem da CCAÇ 2405:




HOMENAGEM DA CCAÇ 2405 A (?) …

Em 1970 junto ao heliporto do quartel de Galomaro existia um monumento de HOMENAGEM DA CCAÇ 2405 A (?) …

Eu leio: C I P. PIL. AT. ANTÓNIO F. M…

A certeza, não tenho!

Nas duas primeiras imagens vemos os proprietários das fotos.

Fotos do tempo das CCS dos BCaç 2912 e 3872 portanto de 1970 a 1974.
Passados 42 anos esse monumento ainda existe como se vê na terceira fotografia, da autoria de Gil Ramos, da Missão Dulombi - 2012.

A CCaç 2405 era muito respeitada e lembrada pela POP de Galomaro talvez a razão de o monumento, com as deteriorações devidas ao tempo, ainda ser visível.

A história da CCaç 2405 consta de escritos na Tabanca Grande, nomeadamente no P11835.

Aos autores das fotografias as devidas vénias e agradecimentos.

António Tavares
Foz do Douro, 13 de Julho de 2013

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1. Mensagem do nosso camarada José Teixeira (ex-1.º Cabo Enf.º da CCAÇ 2381, Buba, Quebo, Mampatá e Empada, 1968/70), com data de 22 de Outubro de 2013:

Caros editores
No poste 12150 mostra uma foto de Cutia no texto do Ernesto Duarte.
Em 2013 passei por Cutia e tirei as fotos que se seguem e creio que correspondem ao mesmo abrigo.

Abraço
Zé teixeira




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Nota do editor

Último poste da série de 5 DE SETEMBRO DE 2013 > Guiné 63/74 - P12011: Memória dos lugares (246): Gabu / Nova Lamego, 1972/73 (Joaquim Cardoso)

Guiné 63/74 - P12208: Coimbra Hotel & Spa- Bissau – Preços especiais para os ex_Combatentes.



1. Camaradas, recebi do Miguel Lopes Nunes, gerente do Coimbra Hotel & Spa- Bissau, um pedido de divulgação, entre a malta ex-Combatente, da qualidade e preços que nos são oferecidos por aquela instituição.

Exmo senhor, Muito obrigado por ter aceite o convite de amizade. De Bissau venho por esta forma oferecer os n/s préstimos, enquanto hotel sito em Bissau, (Coimbra Hotel & Spa- Bissau ) para acolher eventuais viagens de v/s colaboradores e companheiros de armas (que tenham estado na GB no tempo da Guerra ), que visitem ou queiram visitar a GB. Manifestamos a n/ disponibilidade para ajudar logisticamente nas viagens. O meu email é : zulupreto@gmail.com

M cumtrs Miguel Lopes Nunes

Noites/ estadias no Coimbra Hotel & Spa em Bissau – três pessoas em suites , ou seja, há suites que têm uma sala com sofá-cama e o quarto com duas camas de solteiro. Nestas suites podem ficar alojadas 3 pessoas. Temos 5 suites novas nestas circunstâncias; 2 suites especiais; 3 suites normais ; ou seja 10 suites onde se podem alojar comodamente 30 pessoas. Faríamos neste caso um preço especial para 3 pessoas em suite, com pequeno-almoço para os 3, a 120 euros por suite. Cada noite ocupada, 120 euros. Daria pois 40 euros por pessoa.

No caso de quererem um quarto com duas camas para duas pessoas apenas em regime de alojamento e pequeno-almoço, contaríamos com 100 euros por quarto, dando pois neste caso 50 euros por pessoa.

Para vossa orientação os nossos preços são 115 euros para uma pessoa em promoção de pensão completa e 130 euros para uma pessoa sem promoção, alojada em quarto normal ou 187 euros em suite quando 1 pessoa alojada em suite simples. Estes preços permitem dar-vos uma orientação sobre os preços que se praticam e como os preços que lhes estou a dar são de facto muito bons para este caso específico.

Na eventualidade de quererem almoçar e jantar no restaurante do hotel, teriam de contar com 6.000 francos cefas (1 euro = 656 francos, logo 6.000 francos são 9,14 euros por almoço ou jantar por pessoa em regime de buffet c/ tudo incluído).

Os jipes para os passeios não são nossos ; nós temos uma amiga que no-los alugam. O preço normal seria 180 euros por dia com motorista por cada Jipe. Mas estou em crer que, se forem vários jipes e se não calhar numa época de eleições em que eles estão todos alugados, poderíamos alugar jipes a 100 euros por dia. Cada Jipe tem 2 lugares à frente, 3 a meio e 2 lá atrás. Contamos pois com 100 euros Jipe incluindo um motorista. O Jipe é entregue com o depósito cheio; teremos de o reencher para o devolver à dona no final do passeio. 

Mais informação em:


Guiné 63/74 - P12207: Álbum fotográfico do Luís Nascimento, ex-1º cabo cripto, CCAÇ 2533, Canjambari e Farim, 1969/71 (Parte V): A caminho das férias na Metrópole, em meados de 1970



Guiné > Região do Oio > Farim > Canjambari > CCAÇ 2533 (1969/71) > Viagem de avioneta civil, até Bissau, para gozo de licença de férias na Metrópole. O Luís Nascimento  é o segundo a contar da esquerda (. É o mais alto do grupo, com 1 metro e 86, segundo o seu BI militar)... Não se consegue distinguir o logo do saco de viagem: se era o logo da TAP - Transportes Aéreos Portugueses, se era o da TAG - Transportes Aéreos da Guiné (voos internos). Inclino-me mais para esta segunda hipótese.

Recorde-se que a 2 de Setembro de 1965 foi criado o serviço autónomo Transportes Aéreos da Guiné (TAG), visando a exploração dos transportes aéreos de passageiros, carga e correio naquela província ultramarina. Na realidade foi a criação da primeira companhia aérea da Guiné. O seu nome será posteriormente alterado para Transportes Aéreos da Guiné Portuguesa (TAGP).


Guiné > Região do Oio > Canjambari > CCAÇ 2533 (1969/71) > Foto s/d, s/l... Presume-se que  seja junto à secretaria, em Canjambari, no dia da partida para Bissau, no início das férias... A legenda diz: "À espera do passaporte, de ida e volta".


Guiné > Bissau > c. meados de 1970 > Avenida Marginal, Cais do Pijiguiti > Fazendo horas... O Luís Nascimento é o terceiro a contar da esquerda para a direita.



Guiné > Bissau > c. meados de 1970 > O Luís Nascimento à entrada do célebre Pelicano (1)... Este estabelecimento era o mais moderno restaurante, cervejaria e esplanada de Bissau, naquela época. Tinha as melhores ostras de Bissau... O Luís Nascimento veste já à moda... Digam-me lá onde se compravam estas camisas todas "hippies" ?

Chegavam rapidamente, à Europa,  do outro lado do mundo,  da costa californiana,  nos EUA,  novos padrões estéticos, éticos, musicais e culturais... A canção "San Francisco (Be Sure to Wear Flowers in Your Hair)", composta por John Phillips do grupo "The Mamas & The Papas", e interpretada por Scott McKenzie, é lançada em São Francisco na primavera de 1967,  quando a América estava atolada na guerra do Vietname...  [ Ver e ouvir aqui um vídeo, no You Tube, já com c. de 13 milhões de visualizações.... O "San Francisco", interpretado pelo próprio Scott McKenzie (1939-2012), no festival pop de Monterey. Ao que parece, esta canção tornou-se um ícone, durante a primavera de Praga, na antiga Checoslováquia, em 1968. Também se cantava, na Guiné, no meu tempo, nas longas noites de insónia, no mato, em Bambadinca, "longe do Vietname"... Lembras-te, GG ?].


Guiné > Bissau > c. meados de 1970 > O Luís Nascimento à entrada do célebre Pelicano (2).


Guiné > Região do Oio > Farim > Canjambari > CCAÇ 2533 (1969/71) > Em Bissau, e depois em casa, na Metrópole, esquecia-se, durante um mês, a dura e obscura vida no mato... Dura e obscura mesmo para um 1º cabo cripto, que mal podia ser sair do quartel e não era operacional... Na foto, o Luís Nascimento na "esplanada (sic) do centro cripto"...


Fotos (e legendas) : © Luís Nascimento (2013). Todos os direitos reservados. [Edição / Legendagem complementar: L.G.]

1. Continuação da publicação de uma seleção e fotos do álbum
o nosso camarada, Luis Nascimento, o ex-1º cabo operador cripto Nascimento (também conhecido, na tropa por Assassã, do francês "assassin", assassino, alcunha que ganhou no tempo em que era... júnior do Académico de Viseu) [, foto atual à esquerda].

O nosso grã-tabanqueiro Luís Nascimento pertenceu à CCaç 2533 (Canjambari e Farim, 1969/71). As fotos foram-nos enviadas pela sua neta, Jessica Nascimento em 1/10/2013.
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Nota do editor:

Último poste da série > 18 de outubro de 2013 > Guiné 63/74 - P12164: Álbum fotográfico do Luís Nascimento, ex-1º cabo cripto, CCAÇ 2533, Canjambari e Farim, 1969/71 (Parte IV): Tempo(s) de lazer(es)... "Chorei, sofri, lutei mas venci"...

sábado, 26 de outubro de 2013

Guiné 63/74 - P12206: FAP (78): Nunca tão poucos fizeram tanto com tão pouco... (António Martins Matos / Helder Sousa / Luís Graça)... Fotos do Artlindo Roda


Guiné > Zona leste > Bambadinca > CCAÇ 12 (1969/71) > Pista de Bambadinca... Ao fundo, o muro do cemitério (1)... 

Uma DO 27, onde se presume que o Arlindo Roda tenha apanhado boleia até Bafatá, onde foi apanhar o Dakota para Bissau... Também é possível ter ido diretamente para Bissau.. Em dia de sorte... Outros, como o Humberto Reis, tinham amigos pilotos na FAP... Eu cheguei a ter o cu sentado numa DO 27 ou num heli AL-III para um "desenfianço" até Bissau.. Acabei por ir barco da "Casa Gouveia", rio Geba abaixo...  Apareceu, à última hora, alguma mulher grávida, ou algum doente civil  ou algum militar "mais estrelado" do que eu, que apanhou a minha boleia... Perdi, nessa altura, a minha (única) oportunidade de "andar de cu tremido" em DO 27 ou em heli AL III. 




Guiné > Zona leste > Bambadinca > CCAÇ 12 (1969/71) > Pista de Bambadinca... Ao fundo, o muro do cemitério (2)...






Guiné > Zona leste > Batatá (?) > Aeródromo  > c. 1970 > Viagem do fur mil Arlindo T. Roda, da CCAÇ 12 (Bambadinca, 1969/71), de Bambadinca, de DO 27, até Bafatá, e de Bafatá, em Dakota, até Bissalanca, Bissau, onde foi apanhar o avião da TAP, no seu mês de férias... Não sei se a sequência está correta... Nem sei se as fotos, com o Dakota, são de Bafatá ou de Bissalanca... Peço a ajuda da malta da FAP...


Guiné > Zona leste > Batatá > Aeródromo  > c. 1970 >  Dois T6 G na pista, prontos a descolar. O fotógrafo está de camuflado, deve ter ido de Bambadinca a Bafatá, em serviço... Presumo, portanto, que o aeródromo seja o de Bafatá... onde não tenho ideia de alguma vez ter posto os pés... (E eu ia com frequência a Bafatá City!).



Guiné > Zona leste > Setor L1 (Bambadinca) > Subsetor do Xime > 1970 > CCAÇ 12 (1969/71) > 1970 > Um helievacuação de feridos em combate, no decurso da Op Boga Destemida (7 de fevereiro de 1970).


Fotos do álbum de Arlindo T. Roda, ex-fur mil da CCAÇ 12 (1969/71).

Fotos: © Arlindo T. Roda (2010). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: L.G.]



1. Comentário de António Martins Matos (ex-ten pilav, BA 12, Bissalanca, 1972/74; hoje ten gen ref) [, foto à esquerda, junto a uma DO 27, embora fosse sobretudo piloto do caça-bombardeiro, Fiat G-91] (*)


Caros amigos

Analisando o tema com atenção verifica-se que há dois tipos de "[gloriosos] malucos das máquinas voadoras", os que só são "malucos" por terem escolhido a profissão de piloto e que sempre a encararam com rigor e profissionalismo ( ainda que até possam fazer parte de patrulhas acrobáticas) e ... "alguns outros ".

Esses "outros",  quando longe das vistas e do enquadramento hierárquico,  por vezes têm tendência a "apardalar".

Não sei do Honório, penso que metade do que dizem dele é apenas lenda, mas sei de, no meu tempo de Guiné e no Leste, dois  "gloriosos malucos" perderam a vida em demonstrações pró pessoal terrestre, arriscaram e ...morreram.

Dir-me-ão, eram "gloriosos malucos das máquinas voadoras", o risco era a sua profissão. Pena foi que levassem com eles o José Valoura e o António Madeira, não tinham que morrer, só queriam participar na "maluqueira".... para mais tarde recordar.

Para alguns o Honório (paz à sua alma) pode ter sido uma lenda... mas está longe de "valorizar a memória dos nossos camaradas da FAP".

Querem valorizar a FAP? Escrevam sobre o Tcor Almeida Brito, Maj Mantovani Filipe, Fur Baltasar da Silva, Fur Carvalho Ferreira, a Enfermeira Paraquedista Celeste Costa ...
Abraços
AMM


2. Comentário de Hélder de Sousa  (fur mil trms TST, Piche eBissau, nov 1970 / nov 1972) [, foto à direita, em Piche] (*):

Parece-me que a expressão "gloriosos malucos das máquinas voadoras", que é o título em português de um filme que presta homenagem a todos aqueles que dedicaram a sua vida (em muitos casos,  literalmente) à aviação, talvez não tenha sido muito bem compreendido.

Digo isto por via do comentário de AMMatos.

É claro que, como em todas as situações, é preciso que tudo se faça com o maior profissionalismo e que sempre, ou quase sempre, que se pretende 'inventar', podem suceder percalços ou situações lamentáveis.
Não me parece que esta 'chamada à ribalta' do Honório possa ser usada para fazer clivagem entre uns 'pilotos malucos' que faziam exibicionismos e outros 'malucos pilotos' por terem seguido uma actividade tão cheia de riscos.

Não, nada disso. Acho que o Honório (que não conheci, de que não fui contemporâneo, logo não tenho nada 'empatado') foi credor de alguma fama que também creio ser algo romanceada mas não deixa de ser verdade que essa sua fama atravessou os tempos já que ouvi (não vi) histórias dele, mais ou menos no teor daquelas que já por aqui foram referidas. E sabe-se como o 'povo comum', desde tempos bem antigos, se pela por 'pão e circo'.

Não vejo que possa 'vir mal ao mundo' respigar esses 'pequenos' apontamentos.

Agora, também concordo que seria bom dar mais visibilidade, mais protagonismo, a outros valorosos elementos da FAP, como os que AMMatos cita mas acho que isso não pode vir assim, do "nada".

Se as suas histórias não aparecerem, se não as referirem, aqueles que com eles privaram, conviveram, etc., como irão elas chegar aqui? Inventadas? Mais ou menos no 'parece que', 'ouvi dizer que', etc.,? Logo a seguir aparecem os 'correctores' a dizer que "não falem do que não sabem, não estiveram lá", o costume.

Por exemplo, sobre as nossas valorosas enfermeiras paraquedistas não tem sido já por aqui referido quão importante foi o seu trabalho? A importância, tantas vezes decisiva, das suas intervenções? Desde as meramente 'curativas' às psicológicas? Claro que sim! Referidas em artigos próprios, em grande 'culpa' por causa da Giselda, mas não só, e em referências em artigos de memória de vários protagonistas.

E quanto a Pilotos? É verdade que foram mais salientados o Miguel Pessoa, o António Matos, o Jorge Félix (e talvez mais algum de que agora, neste momento, não me ocorre) porque estão vivos (e recomendam-se, felizmente!) mas também porque são interventivos.

Quanto a outros apenas aparecem nas referências às ocorrências que os vitimaram mas quem pode adiantar mais? Se houver, venham elas!

Abraços

Hélder S.

3. Comentário de L.G. (*)

No último ano da guerra, havia,  no TO da Guiné,  46 aeronaves operacionais, menos 12 do que em 1971: seis  TG6, doze  D0 27, três C47 (Dakota), oito G91 (Fiat), quinze Al III (heli) e dois Nord-Atlas.

Havia, por outro lado,  cerca de 60 pistas, 1 base aérea, 2 ou 3 aeródromos dignos desse nome... E, o mais importantes, havia sobretudo gente, preparada e qualificada (dos pilotos aos caçadores paraquedistas, dos melec às enfermeiras paraquedistas)...

Numa guerra, prolongada, de onze anos, travada em condições extremamente adversas para "homens e máquinas", pode dizer-se da FAP, com verdade... que nunca tão poucos fizeram tanto com tão pouco (**)...

Saibamos honrar a memória de camaradas, da FAP, que morreram no TO da Guiné, nos últimos anos da guerra, e aqui tão justa e oportunamente evocados pelo António Martins Matos: ten-cor Almeida Brito, maj Mantovani Filipe, fur mil Baltasar da Silva, fur mil Carvalho Ferreira, enf paraquedista Celeste Costa... Faço votos para que surjam mais postes sobre estes camaradas de quem, de facto, temos falado tão pouco, no nosso blogue.
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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 24 de outubro de 2013 > Guiné 634/74 - P12198: Gloriosos Malucos das Máquinas Voadoras (24): Voando com o srgt mil pil Honório, no apoio a colunas logísticas para Beli e Madina do Boé (Vitor Oliveira, ex-1º cabo melec, BA 12, Bissalanca, 1967/69)

(**) Último poste da série > 25 de outubro de 2013 > Guiné 63/74 - P12201: FAP (77): Fotos do destacamento de Nova Lamego (Vitor Oliveira, ex-1º cabo melec, BA 12, Bissalanca, 1967/69)

Guiné 63/74 - P12205: Bom ou mau tempo na bolanha (33): A sua boina (Tony Borié)

Trigésimo terceiro episódio da série Bom ou mau tempo na bolanha, do nosso camarada Tony Borié, ex-1.º Cabo Operador Cripto do Cmd Agru 16, Mansoa, 1964/66.




Pelas suas contas, e se o Comandante não “fala mentira”, o Cifra daqui a dois meses devia regressar a Portugal. Não andava contente nem triste, estava na expectativa, fazia contas, como iria ser a sua chegada, encontraria tudo na mesma, enfim a sua mente andava um pouco ocupada, mas não tanto que não reparasse na falta de recursos que os seus amigos e amigas, na tal aldeia com casas cobertas de colmo, que existia perto do aquartelamento, e que o Cifra visitava quase todos os dias em que estava livre das suas tarefas, pois tinham falta de tudo, pelo menos no parecer do Cifra.
Levava comida e pão do aquartelamento assim como rebuçados que comprava na loja do Libanês, mas não compreendia a alegria que alguns mostravam nas suas faces ao ver o Cifra de novo, pois viviam na mais profunda miséria, mas eles sentiam-se bem, nas suas casas térreas, com toda aquela falta de utensílios domésticos, com falta de água potável, pó e lixo em tudo o que fosse lugar, mas eles improvisavam quase tudo, e o Cifra nunca ouviu da sua boca uma lamúria que fosse a esse respeito.

Mesmo debaixo desta miséria, quando comiam, chamavam os cães magros e famintos, que por ali andavam, e repartiam o pouco que tinham, e o Cifra ao ver isto, por vezes comovia-se, e não sabia se era por lhe faltar pouco tempo para regressar a Portugal. Já sentia saudades destas pessoas que deviam ter muito bom coração. Havia uma criança que não largava o Cifra, vinha sempre ao seu encontro e agarrava-lhe a mão.
Queria algum carinho e rebuçados, pois logo lhe colocava a mão no bolso, o Cifra, às vezes embaraçado, não sabia como agir para se despedir dessa criança, os seus olhos falavam, eram humildes e diziam tudo o que lhe ia na alma, não necessitava de abrir a boca, aqueles olhos falavam todos os idiomas do mundo.

O Cifra veio embora e deixou umas botas de cabedal, e parte da sua farda, que já não estava em muito boas condições, e algum dinheiro a essa família, mas essa criança, não queria a roupa da farda, queria a boina com o emblema, e o Cifra deu-lha com um grande beijo, quase chorando, mas ela não chorou, tirou o dedo da boca, limpou o ranho do nariz, com as costas da mão, e riu-se, com um sorriso, que dispensava palavras, pois a sua alegria, também falava todos os idiomas do mundo!

Tony Borie, 2005

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Nota do editor

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Guiné 63/74 - P12204: Historial das Escolas Práticas do Exército (José Marcelino Martins) (3): Escola Prática de Cavalaria de Abrantes




1. Historial da Escola Prática de Cavalaria, localizada em Abrantes, trabalho de compilação do nosso camarada José Marcelino Martins (ex-Fur Mil Trms da CCAÇ 5, Gatos Pretos, Canjadude, 1968/70), integrado na sua série Historial das Escolas Práticas do Exército.





















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Nota do editor

Último poste da série de 23 DE OUTUBRO DE 2013 > Guiné 63/74 - P12193: Historial das Escolas Práticas do Exército (José Marcelino Martins) (2): Escola Prática de Infantaria de Mafra