quinta-feira, 22 de setembro de 2016

Guiné 63/74 - P16514: Tabanca Grande (496): José Luís da Silva Gonçalves, ex-Soldado Radiotelegrafista da 2.ª CCAV/BCAV 8320/73 (Olossato, 1974), 729.º Grã-Tabanqueiro

1. Mensagem do nosso camarada e novo amigo tertuliano, José Luís da Silva Gonçalves (ex-Soldado Radiotelegrafista da 2.ª CCAV/BCAV 8320/73, Olossato, 1974), com data de 12 de Setembro de 2016:

Boa tarde.

Como disse na minha comunicação anterior, quando confirmei as afirmações do Nelson Cerveira[1], sobre os acontecimentos decorridos aquando a nossa partida da Guiné-Bissau em Outubro de 74, encontrei o Blogue por acidente, e quis logo inscrever-me nele. Não sei se fiquei inscrito mas pelo menos tenho recebido os vossos mails.

Prometi que mandaria imagens desse embarque no Niassa e vou tentar enviá-las em anexo assim como as minhas actual e na altura.

Pertenci à 2.ª Companhia do BCAV 8320/73 e era Operador Rádiotelegrafista.

Não sei o que é preciso mais para poder colaborar, mas de qualquer forma aqui deixo as minhas saudações, para todos os ex combatentes da Guiné-Bissau.

José Luís da Silva Gonçalves

************

Nota do editor:

[1] - Meus caros, Acidentalmente, quando procurava os brasões, do BCAV8320/73, vim dar com este blogue, e aproveito para confirmar as declarações do Nelson Cerveira, na sua narrativa, sobre o 25 de Abril de 74 e o nosso embarque no Niassa, de regresso. Tenho algumas fotos desse embarque das lanchas para o navio, que se me ensinarem como se faz terei todo o gosto em enviar. Eu era operador rádio telegrafista na 2ª companhia que esteve estacionada no Olossato. Saudações para todos e disponham sempre.

************



Centro de Transmissões do Olossato



A bordo das LDG que nos levaram até ao Niassa - Dia de muito nevoeiro

************

2. Comentário do editor de serviço:

Caro José Luís
Estás apresentado à tertúlia.
Foste dos felizardos que foram para a Guiné já em tempo de paz. A vossa missão foi praticamente entregar parte do espólio do Império, destino há muito traçado a um Portugal, cujo regime já apodrecido, fazia prever. Diga-se o que se disser, o modo como se procedeu à descolonização não foi o melhor, mas manter ou acabar a guerra competiria ao poder político. Como este não não resolveu a situação, foram os militares que tiveram de tomar em ombros essa missão.
Cumpriu-se o destino, mas de modo atabalhoado, com todos os inconvenientes para ambos os lados.

Regressaste em Outubro já de um país independente, a Guiné-Bissau, com a missão cumprida e sem baixas como se queria.

Gostava que nos contasses pormenores desses tempo, lá no Oio, por onde também passei nos idos anos de 1970/71/72, e também já em Bissau enquanto faziam todos os preparativos para a retirada final. Como era o clima em relação às nossas tropas, tanto da parte dos civis como dos militares do PAIGC, e qual a perspectiva dos nossos camaradas guineenses para os tempos de paz que se avizinhavam?
Tens muito para nos contar.

Como não podia deixar de ser, ao terminar, deixo-te um abraço de boas-vindas em nome da tertúlia e dos editores.

Ao teu dispor o camarada e novo amigo
Carlos Vinhal
____________

Nota do editor

Último poste da série de 19 de setembro de 2016 > Guiné 63/74 - P16502: Tabanca Grande (495): Jorge Ferreira, ex-alf mil, 3ª CCAÇ (Bolama, Nova Lamego e Buruntuma, 1961/63), nosso grã-tabanqueiro nº 728...

Guiné 63/74 - P16513: Convívios (769): XV Encontro dos ex-militares do HM 241 dos anos de 1966 a 1972, dia 8 de Outubro de 2016 em Espinho (Manuel Freitas)

1. Em mensagem do dia 2 de Setembro de 2016, o nosso camarada Manuel Freitas (ex-1.º Cabo Escriturário do HM 241, Bissau, 1968/70), dá notícia do próximo Encontro Anual do Pessoal daquele Hospital.

Bom dia Luís Graça,
Pedia-te o favor, a exemplo dos anos anteriores, que publicasses no blogue este anuncio.
Obrigado pela atenção.

Um abraço
Manuel Freitas





DIA 08 OUTUBRO DE 2016
ESPINHO 

XV Convívio dos ex-militares do HM 241 dos anos de 1966 a 1972


Contacto: Manuel Freitas - tlm. 964 498 832 
____________

Nota do editor

Último poste da série de 12 de setembro de 2016 > Guiné 63/74 - P16479: Convívios (768): XXII Encontro do pessoal da 1.ª CART/BART 6521/72 (Pelundo e Jemberem, 1972/74), a levar a efeito no próximo dia 25 de Setembro de 2016 em Seia (António Faneco, ex-1.º Cabo)

Guiné 63/74 - P16512: Pré-publicação: O livro de Mário Vicente [Mário Fitas], "Do Alentejo à Guiné: putos, gandulos e guerra" (2.ª versão, 2010, 99 pp.) - XIII Parte: Cap VII: Guerra I: 15 de maio de 1965, op Razia: a mata de Cufar Nalu agora é nossa!... Viva a merda da guerra!...


Lisboa > 1970 > O nosso camarada João Sacoto (ex-Alf Mil da CCAÇ 617/BCAÇ 619,Catió, Ilha do Como e Cachil, 1964/66), com o João Bacar Jaló, cap comando graduado,  comandante da 1ª CCmds Africanos. João Sacôto, que foi comandante da TAP; agora reformado, é membro da nossa Tabanca Grande desde 20/11/2011.

Foto: © João Sacôto  (2011). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



[Capa do livro (inédito) "Do Alentejo à Guiné: putos, gandulos e guerra", da autoria de Mário Vicente [Fitas Ralhete], mais conhecido por Mário Fitas, ex-fur mil inf op esp, CCAÇ 763, "Os Lassas", Cufar, 1965/67. Foi cofundador e é "homem grande" da Magnífica Tabanca da Linha, escritor, artesão, artista, além de nosso grã-tabanqueiro da primeira hora, alentejano de Vila Fernando, concelho de Elvas, reformado da TAP, pai de duas filhas e avô. Foto à abaixo à esquerda, março de 2016, Oitavos, Guincho, Cascais]




Do Alentejo à Guiné: putos, gandulos e guerra > XIII Parte > Cap VII - Guerra 1: 15 de maio de 1965, op Razia: a mata de Cufar Nalu agora é nossa!... Viva a merda da guerra!... (pp. 43-46)

por Mário Vicente 

 Sinopse:


(i) Depois de Tavira (CISMI) e de Elvas (BC 8),

(ii) o "Vagabundo" faz o curso de "ranger" em Lamego;

(iii) é mobilizado para a Guiné;

(iv) unidade mobilizadora: RI 1, Amadora, Oeiras. Companhia: CCÇ 763 ("Nobres na Paz e na Guerra"):

(v) parte para Bissau no T/T Timor, em 11 de fevereiro de 1965, no Cais da Rocha Conde de Óbidos, em Lisboa.;

(vi) chegada a Bissau a 17:

(vii) partida para Cufar, no sul, na região de Tombali, em 2 de março de 1965;

(viii) experiência, inédita, com cães de guerra;

(ix)  início da atividdae, o primeiro prisioneiro;

(x) primeira grande operação: 15 de maio de 1965: conquista de Cufar Nalu (Op Razia).



Do Alentejo à Guiné: putos, gandulos e guerra > VII - Guerra 1:  15 de maio de 1965, op Razia: a mata de Cufar Nalu agora é nossa!... Viva a merda da guerra!... (pp. 43-46)

15 de Maio [de 1965]. Há que efectuar a denominada "[op] Razia”. Reforçada com a milícia do João Bacar Jaló em cooperação com as CCAÇ 728 e CCAÇ 764, a CCAÇ 763 [, emblema à direita,] lança-se na operação que tem como objectivo a conquista e destruição do mítico acampamento do PAIGC na mata de Cufar Nalu.

Não seria obra fácil! Forças especiais tinham passado por Cufar Nalu  [, a norte de Cufar, vd. carta de Bedanda] e nada tinham encontrado. Só que o aquartelamento de Cufar continuava a ser flagelado várias vezes ao dia. As teorias de Nino insufladas aos seus homens, tínhamos pleno conhecimento, eram teorizadas em ideias dos grandes pensadores revolucionários do marxismo, e que apenas uma ínfima parte ou quase a totalidade dos soldados Portugueses não tinha conhecimento, porque para ali foram mandados para cumprir um dever. Na mentalidade do guerrilheiro já existia toda uma endoutrinação revolucionária baseada no marxismo, contra o imperialismo e seus apoiantes.

Enquanto o soldado português cumpria um dever perante a Pátria, mas sujeito a diversas pressões de índole psíquica individual e externa, o guerrilheiro do PAIGC em qualquer lugar que a morte o surpreendesse, seria um grito que procuraria ser ouvido por outro revolucionário que empunharia a sua arma. Eram estas as condições, desconhecidas pela maioria. Sem politica, a CCAÇ 763 ia entrar na mata de Cufar Nalu.

Ocupando posições, a CCAÇ 764 do lado norte na estrada para Bedanda a nascente barrando o caminho de Boche Mende fica a CCAÇ 728, na orla a sul da mata a CCAÇ. 763, inicia a batida tendo como eixo o caminho que conduz à ex-tabanca de Cufar Nalu, com o 3º. Grupo de Combate em primeiro escalão, seguido do 2º. Grupo intercalando com o grupo de Comando e o João Bacar Jaló com o seu pessoal e o 1º. Grupo cobrindo a retaguarda, a CCAÇ [763] começa a progressão lenta e atentamente. 

Passados uns momentos pára tudo e ouvem-se vozes na mata vindo em direcção ao Grupo de Combate que seguia em primeiro escalão. Aos segundos de silêncio sucedem-se dois a três minutos de forte tiroteio. A CCAÇ 763 tinha sido desflorada para a guerra. No contacto com o IN é abatido um guerrilheiro e capturada uma pistola metralhadora de 9mm M25 com carregador e munições de origem checa. 

A partir deste momento o contacto é contínuo. O crepitar das armas dentro da mata é ensurdecedor, é difícil contactar com o pessoal mas devagar vamos progredindo. Vagabundo sofre aqui uma grande desilusão, a sua secção homens escolhidos a dedo para acompanharem o Ranger, alguns podem já ser despachados: o Tirante, herói do arame farpado, vendedor de jornais e briguento de profissão sendo o terror do aquartelamento, atira com a G3 fora e tenta esconder-se debaixo dos camaradas; o Velhinho refractário, não se consegue mexer e parece uma bola de sebo ao lume a escorrer gordura; o Matacanha apesar da escola do Forte da Graça em Elvas, só tinha habilidade para a faca; o Maçarico coitado derivado ao tamanho, apenas poderia ser aproveitado para mula de carga. Os restantes são dos bons e só há que ter em atenção o homem da bazuca, pois assim que começa a fogachada tem de se segurar até acalmar, não vá atirar com o cano pró lado e ser herói fugindo para a frente, ou ser cobarde fugindo para trás, tudo era possível nos primeiros tiros. 

Depois desta primeira experiência, ficará determinado que o Velhinho vai para a cozinha descascar batatas, bela troca! Veio o Orlando, Vagabundo ganhou aqui um ou o melhor soldado da sua secção; o Matacanha passou a ajudante do padeiro para amassar a farinha, e o Tirante coitado, ficará a aguardar o regresso à Metrópole para no Júlio de Matos dele tentarem fazer qualquer coisa, pois nunca mais deixou de estar embriagado, e, agora com o focinho sempre partido pois toda a gente lhe malha, de herói passou a bombo da festa.


Guiné > Região de Tombali > Carta de Bedanda (1961) (Escala de1/50 mil) > Posição relativa de I Cufar, Cufar Nalu, Rio Cumbijã, Boche Mende e Bedanda

Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2016)


Deixemos as tristezas e voltemos à malta que aos poucos vai progredindo na mata em contacto contínuo. Tendo como referência o estreito carreiro, pois já nos apercebemos pelos envolvimentos e forma de nos flagelar que nos querem retirar dessa orientação que não há dúvidas nos levará ao local desejado. Progredindo em contacto permanente, a meio da tarde certificamo-nos, estarmos muito próximo do acampamento pelo que se pede o apoio da artilharia e da Força Aérea com as coordenadas precisas.

Agora sim, com os rebentamentos das granadas dos obuses e os roquetes dos T6 parece estarmos no dia do juízo final, ecoando por toda a mata mais parece tornado descarregando sobre a selva. Os elementos estão em guerra com a Natureza. Verificamos que o efeito prático da artilharia e dos T6 será mais psicológico do que físico, pois agora já se apercebe a situação do acampamento, protegido por altos poilões, árvores enormíssimas cujas copas dificultam a penetração das granadas e que rebentam por cima. O acesso ao acampamento é extremamente difícil! A vegetação de natureza espinhosa e densa, dificulta extremamente a progressão e o pequeno carreiro, tornou-se agora num enfiamento apenas arbustivo que deve ir dar a algo nada agradável.

A noite começa a aproximar-se e aqui ela cai rapidamente, o assalto ao acampamento no anoitecer pode ser um suicídio. Há ordens de tomar posições para pernoitar e se efectuar o assalto de madrugada. A CCAÇ dispõe-se em meia lua em frente do acampamento. Vagabundo distribui o seu pessoal para a pernoita e como o Maçarico ainda não está bem entrosado, manda-o preparar um abrigo para os dois por detrás de uma enorme mafumeira, árvore com três a quatro metros de diâmetro. Pobre do Maçarico! Olhando para o monstro da árvore chama a atenção para Vagabundo:
– Mas. meu furriel, esta árvore está bichosa!

Nem uma granada de obus rebentava aquela fortaleza. Coitado, por causa disto lá era gozado de quando em vez com “a árvore bichosa”.

Durante a noite ouvem-se sons de movimentação no acampamento e vozes sussurrantes. Será que estarão a preparar a defesa até às últimas consequências? Errado! Pela madrugada as bazucas em força, fazem um chuveiro de granadas. A CCAÇ  apoiada pela milícia do João Bacar lança um ataque cerrado ao acampamento que se encontrava deserto, pois durante a noite os guerrilheiros tinham abandonado as suas posições. Montada a segurança, não fosse numa variação sermos surpreendidos com algum ataque IN, procedeu-se à busca e destruição de instalações e abrigos alguns cobertos de chapas de zinco que possivelmente seriam da fábrica de descasque de arroz.

[Foto à esquerda: João Bacar Jaló, cap comando graduado, c. 1970]


Para além do guerrilheiro abatido no carreiro, presume-se que tenham havido mais baixas por parte do PAIGC, dadas as poças de sangue e material ensanguentado encontrado nos abrigos e espaldares. Verificamos que de facto para além de extraordinariamente bem camuflado não seria um acampamento mas sim uma fortaleza. Ficou sempre no ar, a forma como se teriam retirado os guerrilheiros, sem serem detectados pelas forças em acção. 

Um Grupo de Combate reforçado da 4ª CCAÇ, companhia de nativos de Bedanda, pernoitou no ex-acampamento, para evitar a sua reocupação. Mas não voltará a existir mais nada, por agora a mata de Cufar Nalu fica da CCAÇ 763 e o dia 15 de Maio será o dia oficial da Companhia.

Pelas mesas dos cafés de Bissau, os homens de Cufar foram cantados com grande espanto, pois havia pouco tempo os comandos de Brá tinham percorrido toda a mata e nada tinham encontrado. 

Está começada a guerra. Agora taco a taco, vamo-nos perseguir uns aos outros, ferindo ou matando conforme cada um puder. Viva a “Merda da Guerra”! Quem chegar em condições ao seu pedaço de terra, que tenha a coragem de contar tudo o que aqui se passa e sofre!... Vagabundo durante anos pensou muito nos outros de tal maneira que se esqueceu de si. Não sabe para onde vai nem o que faz, só sabe que nada sabe.

Abandonam o conquistado (abandonado) acampamento, seguindo o trilho por onde se teria inteligentemente escapulido a malta do PAIGC, num zig-zag de carreiro que mais parecia labirinto, onde por vezes as curvas em redondo voltam ao mesmo sítio, técnica de visualização à distância, sentindo-se a perfeita arte da guerrilha.

Chegamos à orla da mata, mesmo juntinho ao rio Manterunga [, afluente do Rio Cumbijã], precisamente onde o IN fazia a sua carreira de tiro para o nosso aquartelamento. Metemos pela bolanha e rumamos a casa. Cansados, suados, com a fome e sede já a apertar, agora que o sol já alto queimava e do cantil já não escorria gota de água, Vagabundo, seguindo o conselho do tenente Obstetra, o nosso amigo médico, meteu a mão ao bolso, sacou o frasquinho de whisky e levando-o à boca, bochechou, deitando fora o líquido que deixou a boca grossa, mas atenuou o sentir da sede. Há coisas que parecem loucas, mas dão resultado e o furriel mais uma vez confirmou sentindo a pressão do desejo da água mais aliviado. O pensamento, mais uma vez desprendeu-se e voou, deixando de sentir o esforço das pernas a tirarem os pés da lama num “ploff, ploff” de água e lama saltando pela lingueta das botas de lona.
Gostaria tanto que as coisas fossem diferentes!... Não se sentia bem ali e recordava a mulher que o faz sentir perdido.

N
ão pára de raciocinar se poderia ter feito mais alguma coisa!?...Eis-me aqui em confusão deguerra com a convicção que é muito fácil ser corajoso, quando não se tem nada a perder, mas não posso arrastá-la comigo nesta lama… Também não quero morrer e não a ver. Nada faz sentido ao estar longe e não estar com ela! Não quero acordar e não saber se a voltarei a ver!... Estou farto de saudades dela e tão pouco sei se ela me recorda. Totalmente dilacerado, quero que ela me una de novo! Psíquica situação esta adoração por essa mulher. É doce sentir nos lábios o acre sabor dos seus beijos que nunca tive…

Como pode um homem ter tanto medo da rejeição daquilo que mais deseja, ficando inerte, imolando-se mentalmente só com medo de ter pela frente a hipótese do não?!... Cobardia? Defesa de não ter força para a rejeição? Será?... A dúvida do que é, onde está! Mais grave: que símbolo sou eu no seu eu!?...

Contornando a mata de Cufar Novo, agora levantando poeira leve e fina dos arrastantes pés, pisando terra de capim queimado, a cabeça da coluna está próxima do arame farpado e da entrada Porta de Armas virada para a pista, antigo portão da quinta do sr. Camacho.

Os que ficaram estão concentrados à entrada. Cerqueira com o seu grupo em primeiro escalão conforme saíram são os primeiros a chegar, esperam e não entram. Carlos, Paolo e João serão os primeiros a fazê-lo. Nesse momento a malta do Almeida vira as G3 para o ar e saem rajadas de vitória gravando nos céus de que o dia 15 de Maio será para todo o sempre um símbolo para terras de Cufar e da CCAÇ 763.

Timidamente primeiro, depois em forte salva, olhos humedecidos, os que tinham ficado aplaudem os seus companheiros e trocam-se sem palavras apertados e solidários abraços. A mata de Cufar Nalu era nossa.

(Continua)
______________

Nota do editor:

Último poste da série > 6 de agosto de 2016 > Guiné 63/74 - P16362: Pré-publicação: O livro de Mário Vicente [Mário Fitas], "Do Alentejo à Guiné: putos, gandulos e guerra" (2.ª versão, 2010, 99 pp.) - XII Parte: Cap VII: Guerra I: O nosso primeiro prisioneiro, o Calaboço

Guiné 63/74 - P16511: Memórias boas da minha guerra (José Ferreira da Silva) (35): A honra não tem preço

Um pátio da Tabanca dos Melros
Foto: © Jorge Portojo


1. Em mensagem do dia 18 de Setembro de 2016, o nosso camarada José Ferreira da Silva (ex-Fur Mil Op Esp da CART 1689/BART 1913, , Catió, Cabedu, Gandembel e Canquelifá, 1967/69), enviou-nos esta história ouvida por si na Tabanca dos Melros, e aqui contada com o seu inconfundível estilo literário, para integrar mais uma das boas memórias da sua guerra:


Memórias boas da minha guerra

34 - A honra não tem preço

Ao segundo Sábado de cada mês, há um almoço convívio de ex-combatentes, na Quinta Choupal dos Melros. O primeiro convívio efectuou-se em Dezembro de 2009. A ideia deste evento ficou registada com a criação do nome da “Tabanca dos Melros”. Está situada num local lindíssimo, composto por vários pátios, telheiros e salões, aproveitados de uma grande casa de lavoura, enriquecido de alfaias, móveis antigos, quadros, bustos e outras obras de arte. É dono desta propriedade e do bom gosto do seu recheio, o “Melro” Gil, ex-Cmdt Piloto Aviador.

 
Convívio à sombra da ramada, como se diz no norte

Quem me levou lá foi o Jorge Portojo, que é a alma desse agradável convívio. É ali que tenho passado horas e horas de sã camaradagem com ex-combatentes, cuja vivência da guerra do ultramar é o grande elo comum.
Ali, se ouvem histórias, se brinca com elas e se discutem alguns pormenores mais ou menos assertivos. Porém, o bom ambiente reina e prevalece acima de qualquer discórdia. Confesso que nos dá muito prazer usufruir deste óptimo relacionamento e, ao mesmo tempo, poder contribuir para a sua continuidade.
Foi lá que, há dias, “apanhei” esta história, testemunhada (vivida?) por um dos presentes.

O que a seguir vou contar terá acontecido em finais de 1972, princípios de 1973, num destacamento próximo de Cacheu, no noroeste da Guiné.

Um pelotão com pouco tempo de Guiné foi incumbido de ocupar aquele destacamento. De um dia para o outro, o Alferes Bastos, conhecido também por Alferes Bolinhas, devido à estrutura física ligeiramente arredondada, tornou-se a pessoa mais importante daquela zona. Tinha “casa de comando”, os faxinas que entendesse e a vassalagem dos seus militares e dos indígenas.

Andava ainda a adaptar-se a essas mordomias naquele reino de calmaria, quando se vê visitado por Hamed Jalu, Chefe de Tabanca, acompanhado de Jeni, uma das suas filhas.
- Alfero, a mim bem cumpre nha honra di paga pa bô mil quinhento peso.

Espantado, o Alferes respondeu:
- A mim… não… não deve nada. Mil e quinhentos pesos?! Porquê?

O Chefe de Tabanca esclareceu então que esse dinheiro lhe havia sido emprestado, para um pequeno investimento na Tabanca. E como não tinha conseguido pagar a dívida ao anterior Comandante, vinha entregar a sua filha como pagamento da dívida.
O Alferes ainda ripostou:
- Não vou ficar com a sua filha. Leve-a e depois, quando puder, vem pagar.

O Chefe da Tabanca reagiu logo:
- Não, alfero. É probrema di honra. Bô cá pude nega. Honra cá tem preço. E foi embora. 

A Jeni não veio viver para o aquartelamento mas ficou por perto, ao dispor do Alferes.

Inicialmente, o Alferes não sentia muita vontade em servir-se da rapariga. Ainda sentia bem perto de si as carícias e os aromas das despedidas amorosas do Continente. Porém, à medida que o tempo passava, ia caindo na realidade e embrenhava-se cada vez mais nesse novo ambiente. Aliás, começou a desfrutar do bom e das mordomias existentes ao seu dispor. Daí, a estar na cama com a Jeni foi um pequeno passo.

Quando isso aconteceu, ele ficou deslumbrado. Parecia que nunca tinha sentido tanto prazer. É certo que ele já andava “esfomeado”, porém, quando se apercebeu de todas as curvas firmes daquele corpo seco e fresco, quando sentiu as suas carícias e a sua pele macia, ficou irremediavelmente preso à “bajuda”.

Passaram-se uns meses e o Alferes já não via outra coisa que não fosse cumprir religiosamente as suas visitas prolongadas à Jeni.

Os seus militares não se atreviam a fitar aquela miúda, a bajuda do Alferes Bastos. Ninguém sonhava que aquela conquista se devia a um compromisso de honra, que nada tinha a ver com as capacidades de conquistador, do aparente garanhão. O certo é que ele próprio, envaidecido, gostava que o admirassem como conquistador. Era só vê-lo “inchado” e aperaltado a caminho da Jeni. Apenas, o Furriel Matosinhos, um verdadeiro atleta, digno de pisar as arenas do Olimpo, não se conformava. Sorrateiramente, lá se ia aproximando da Jeni. Chegou ao ponto de a “apanhar”, de imprevisto, nua, a ensaboar as coxas e sua “mama firme”. Porém, perante as várias insistências, ela ameaçou-o de que iria falar dessa perseguição ao Alferes.

Mulheres guineenses

Tudo corria às mil maravilhas até que um dia chegou um rapaz que veio pagar a dívida-resgate da Jeni. Desembrulhou uns papéis e mostrou os 1.500 pesos:
- A mim bem paga bô e tomá Jeni pa bai sê muié de mim.

O Alferes não lhe ligou grande importância e, para o despachar, atirou:
- Ela, agora vale 2.000 pesos. Tu não tens dinheiro para pagar.

O rapaz saiu a barafustar baixinho. O Alferes ficou a pensar na próxima visita dele.

Após o jantar, como de costume, o Alferes pôs-se a caminho e foi para a tabanca, para estar com a Jeni. Porém, a Jeni já lá não estava. No dia seguinte aconteceu o mesmo.
Ao terceiro dia, o rapaz voltou. Sem mais delongas, desembrulhou os papéis e mostrou os 2.000 pesos. Entregou-os, sem dizer uma palavra.

No dia seguinte, o Alferes Bastos foi falar ao Chefe de Tabanca. Cumprimentaram-se, mas a Jeni não se aproximou, nem o rapaz que fora fazer o pagamento. Pensando numa saída airosa, o Bastos sacou do bolso 500 pesos e estendeu-os para o Chefe Hamed Jalu, ao mesmo tempo que dizia:
- Toma lá estes 500 pesos que consegui ganhar com a venda da Jeni.

O Chefe Hamed não se mexeu. Apenas se esticou mais, apoiado na sua bengala, levantou bem a cabeça e, olhos nos olhos com o Alferes, respondeu:
- Não, alfero, não. Honra ca tem preço!

Silva da Cart 1689

(NOTA: Em crioulo, “ca” significa “não”)
____________

Nota do editor

Último poste da série de 14 de setembro de 2016 > Guiné 63/74 - P16488: Memórias boas da minha guerra (José Ferreira da Silva) (34): A “santidade” do Santos

quarta-feira, 21 de setembro de 2016

Guiné 63/74 - P16510: Recortes de imprensa (82): A notícia da morte de Amílcar Cabral e as cinco razões apresentadas para uma eventual explicação do crime, dadas pelo "Diário de Lisboa", de 22/1/1973, jornal vespertino conotado com a oposição democrática ao Estado Novo. que se pubicou entre 1921 e 1990




1. Edição do "Diário de Lisboa (diretor: António Ruella Ramos),  22 de janeiro de 1973, com a notícia do assassinato de Amílcar Cabral, que saiu na capa, com desenvolvimento,  não na última página, mas na página 24... Muito possivelmente devido à censura /(ou "exame prévio" a que estava sujeita a impresnsa escrita da época), não é feita qualquer alusão ao alegado envolvimento da PIDE/DGS...

A peça baseia-em em duas agências noticiosas estrangeiras: Reuters (R) e France Press (FP)... Na notícia avançam-se com cinco hípóteses de explicação para o assassinato da Amílcar Cabral (sublinhados nossos, a vermelho), entre elas,  o conhecido "ateismo" de Amílcar Cabral (5) e o alegado "ódio aos fulas" (4), para além da conflitualidade latente enter caboverdianos e guineenses (1), os "ciúmes" do Sekou Touré (3) e a "desconfiança" dos russos (2)...

 Recorde-se que entre os implicados terá estado o nosso conhecido e mal amado Mamadu Indjai (ou N'Djai), mandinga (ou, mais provavelmente, biafada, segundo o nosso conselheiro para as questões étnico-linguísticas e culturais, o dr. Cherno Baldé) e, ao que parece, bom muçulmano (*).

A "colagem dos excertos" é da  responsabilidade dos editores do blogue, e foi feita a partir de um exemplar, digitalizado, disponível no portal Casa Comum / Fundação Mário Soares. (**)

Cortesia de Casa Comum / Fundação Mário Soares: 

Citação:(1973), "Diário de Lisboa", nº 17989, Ano 52, Segunda, 22 de Janeiro de 1973, CasaComum.org, Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_5387 (2016-9-20)

_________________

Notas do editor:

(*) Vd. poste de 20 de setembro de  2016 > Guiné 63/74 - P16506: (De)Caras (45): Médicos cubanos 'versus' comandante Mamadu Indjai (Jorge Araújo, ex-fur mil op esp / ranger, CART 3494, Xime-Mansambo, 1972/74)

Guiné 63/74 - P16509: Os nossos passatempos de verão (15): jardim e miradouro do Torel, na colina de Santana, em Lisboa, simplesmente uma das mais belas e amigáveis cidades do mundo



Lisboa > 9 Setembro de 2016 > Colina de Santana > Jardim e miradouro de Torel > Vista sobre a baixa e o estuário do Rio Tejo (1): à direita,  o elevador de Santa Justa; e à esquerda, o Arco da Rua Augusta...


Lisboa > 9 Setembro de 2016 > Colina de Santana > Jardim e miradouro de Torel > Vista sobre a baixa e o estuário do Rio Tejo (2)

Lisboa > 13 Setembro de 2015 > Colina de Santana > Jardim e miradouro de Torel >  Palacetes de gosto revivalista, do séc,. XIX

´
Lisboa > 13 Setembro de 2015 > Colina de Santana > Jardim e miradouro de Torel > Vista sobre a sétima colina e o miradouro de São Pedro de Alcântara


Lisboa > 13 Setembro de 2015 > Colina de Santana > Jardim e miradouro de Torel > Vista sobre o antigo convento e a igreja do Carmo.




Lisboa > 9 Setembro de 2016 > Um dos mais belos jardins e miradouros da capital, na encosta de uma das sete colinas > Mural "Do great things" / "Façam coisas grandes"... Homenagem a um grande poeta (*)... [Junto ao mural, a nossa grã-tabanqueira Alice Carneiro].

Fotos (e legendas): © Luís Graça (2016). Todos os direitos reservados [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. O jardim e miradouro é o de Torel, na encosta da colina de Santana... O mural "Do great things" ["Façam coisas grandes"], com 6 m x  4 m (c. 24 metros quadrados)  tem a assinatura  de Odeith, Sérgio Odeith ... O  grande poeta, homenageado, é o Fernando Pessoa...

O jardim do Torel está situado junto ao campo dos Mártires da Pátria  (ou campo de Santana), na encosta virada para a a Baixa lisboeta e a avenida da Liberdade. O sítio, denomiando Torel,  é um espaço ocupado por um conjunto de palacetes de arquitetura  revivalista (século XIX). Tem duas entradas: a principal pela rua de Júlio de Andrade, perto do Elevador do Lavra;  e uma outra, mais abaixo, na Rua do Telhal. A provável origem do nome terá a ver com a família,  presumivelmente de ascendência holandesa, que habitou o local.

O  Jardim do Torel passou a estar aberto ao público nos anos de 1960. Até então era propriedade privada. Depois de ter sido alvo de uma intervenção de requalificação e restauro, é um hoje um dos belos sítios da cidade. Imagine-se que até tem uma praia urbnana, iniciativa da junta de freguesia de Santo António que, em 2014, ano da inuaguração., recebeu 80 mil visitantes...

Infelizmente continua a ser desconhecido de  muita gente... O Festival Todos - Caminhada de Culturas, edições de 2015 e 2016, deu o devido  protagonismo a este espaço nobre da cidade.

Camarada, lisboeta ou de visita a Lisboa: um dia destes, vem até aqui... Para não te cansares, apanha o Elevador do Lavra, que é o elevador mais antigo da cidade.

Sérgio Odeith, nativo da Damaia, Amadora, Portugal. considerado um dos melhores "graffiters" (, por favor, não confundam com grafiteiro!) do mundo, é o autor deste gigantesco mural,  com o nosso Fernando Pessoa pintado no jardim do Torel...

Foi com esta peça que Portugal participou, em 2015,  na campanha global de lançamento do Windows 10, da Microsoft. Na altura o artista português, distinguido pela Microsoft,  disse; “Já pintei a Amália, o Carlos Paredes e o Eusébio. Faltava-me o Fernando Pessoa. Não há muitos mais portugueses que tenham feito grandes coisas e agora, com esta campanha ‘Do Great Things’, surgiu a oportunidade”.

Amigos e camaradas: chegado ao fim o verão de 2016, pomos  um ponto final no nosso passatempo, a que ninguém ligou grande atenção (e muito menos acertou na resposta....). Se o poste não suscitou o interesse de muitos, espero ao menos que alguns possam descobrir, um dia destes, durante o outono que aí, mais esta jóia da cidade que amamos no singular e que, às vezes, maltratamos, no plural... Lisboa, simplesmente, uma das cidades mais belas e amigáveis do planeta... LG

_______________

Guiné 63/74 - P16508: Os nossos seres, saberes e lazeres (174): Uma viagem em diagonal pelos países dos eslavos do Sul (1) (Mário Beja Santos

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 12 de Maio de 2016:

Queridos amigos,
Era um sonho antigo, fazer uma diagonal ou uma tangencial pelo que foi a Jugoslávia, uma simples amostra, para ver se gostava e aspirava a mais. Foi sucesso absoluto. Haja saúde e uns euros de reserva e volto a esta natureza. Momentos houve em que andei de boca aberta e olho arregalado, caso de Split, o imperador Diocleciano (que era dálmata) mandou construir aqui um grandioso palácio (de 295 a 305 depois de Cristo), é um palácio-fortaleza onde o seu mausoléu é hoje uma impressionante catedral. Pois vive-se dentro de Split à sombra da grandiosidade deste palácio imperial.
Eu depois conto.

Um abraço do
Mário


Uma viagem em diagonal pelos países dos eslavos do Sul (1)

Beja Santos


A primeira imagem é a da gare ferroviária de Belgrado, há aqui vestígios de cultura vai para 7 mil anos, aqui confluem os rios Sava e o Danúbio, e daqui parto amanhã até ao fundo do Montenegro a horas que me permitirão ver muitas e muitas florestas da Sérvia. Está prevista uma viagem emocionante de aproximadamente 500 quilómetros, 254 túneis e 435 pontes, deve ter custado uma fortuna. Sempre ouvi comentários vagos e reticentes sobre as belezas de Belgrado. Ver-se-á adiante que a capital da República da Sérvia, a antiga capital da Jugoslávia tem muitíssimo a oferecer a quem vem explorar tesouros.




Fiz muitas contas antes de me afoitar a esta digressão pela Sérvia (de raspão), pelo Montenegro, Croácia, Trieste e Veneza. Graças ao Booking.com hoje encontra-se hospedagem por escassos euros. Saído do meu albergue, um belíssimo espécime Arte Deco com os degraus escalavrados mas com muita gente a fazer pinturas, atirei-me à procura da pompa sérvia, as ligações com a arte italiana, a do império austro-húngaro, por exemplo, são por de mais evidentes. Entrei no Hotel Moscovo, de 1906, não esquecer que os sérvios são fundamentalmente ortodoxos e bons aliados da Rússia, e foi este o ambiente que eu encontrei, acho que vale a pena por aqui dormir e comer, quando se tem abonos apreciáveis.



Belgrado surpreende pelos recantos de grande beleza, por muita habitação degradada ou envelhecida, espaços vazios. Esta é a parte histórica da cidade, do outro lado do Sava e do Danúbio há uma nova Belgrado, rutilante, deve ser a coqueluche da modernidade. Com estes milénios todos em cima, Belgrado conheceu saques e destruições violentas. Quando os exércitos de Adolfo Hitler tiveram que vir repentinamente ajudar os exércitos italianos na Grécia, Belgrado sofreu intenso bombardeamento, teve perdas irreparáveis, como a sua biblioteca nacional, desapareceram em cinzas documentos únicos. De um lado vislumbro o parlamento, que já foi federal, em 2006 Montenegro abandonou a Sérvia e até tem como moeda o euro. Aos poucos, a federação diluiu-se e houve ruturas sanguinolentas, não esquecer os apertões à economia da Eslovénia, o ferro e fogo com a Croácia e o fogo e ferro com a Bósnia Herzegóvina. No lado oposto ao Parlamento está o Palácio Presidencial e mesmo ao lado a homenagem ao Prémio Nobel Ivo Andric (1892-1975), galardoado em 1961, tempos depois as Publicações Europa-América editavam A Ponte sobre o Drina, foi no caixote de livros para a Guiné, ficou reduzido a cinzas em Março de 1969. Obrigado pela companhia que me deste!


Saltar para o futuro não é incompatível em manter o remanescente desses equipamentos que foram ou são motivo de orgulho. Não esqueço as cabines telefónicas britânicas, de uma beleza insuperável, percebo que as comunicações móveis trouxeram mudanças radicais. Mas gostei muito de ver esta caixa de correio, encontrei outras semelhantes, tem igualmente uma beleza insuperável, oxalá que os sérvios vão continuando a mandar cartas uns aos outros. E veja se este edifício dos correios, um quase palácio-fortaleza, a denotar que havia respeitabilidade nacional pelas suas comunicações.



A manhã vai alta, tem que dosear a energia, pela frente perfilam-se mais 13 dias em que é preciso dar à perna e estar muito atento aos usos e costumes destes eslavos do Sul (por isso é que se chamava Jugoslávia). Entusiasma-me esta arquitetura, o reino da Sérvia e depois a Jugoslávia foram contaminados por muita arte italiana, austríaca, alemã e mesmo francesa, fazia parte do ar do tempo. Olho para esta fachada e não teria dificuldade em acreditar ser património alemão, austríaco ou francês. Não acham? Vou à procura de uma boa sopa adobada, talvez de um prato de gulache e vou atirar-me, salvo seja, à arquitetura religiosa sérvia em Belgrado.

(Continua)
____________

Nota do editor

Último poste da série de 14 de setembro de 2016 > Guiné 63/74 - P16487: Os nossos seres, saberes e lazeres (173): From London to Surrey (3) (Mário Beja Santos

Guiné 63/74 - P16507: Parabéns a você (1137): Alexandre Coutinho e Lima, Coronel de Artilharia Reformado (Guiné, 1963/65; 1968/70 e 1972/73); Maria Teresa Almeida, Amiga Grã-Tabanqueira da Liga dos Combatentes e Raul Albino, ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 2402 (Guiné, 1968/70)



____________

Nota do editor

Último poste da série de 15 de setembro de 2016 > Guiné 63/74 - P16490: Parabéns a você (1136): Manuel J. Ribeiro Agostinho, ex-Soldado Radiotelegrafista - CCS/GG/CTIG (Guiné, 1968/70)

terça-feira, 20 de setembro de 2016

Guiné 63/74 - P16506: (De)Caras (46): Médicos cubanos 'versus' comandante Mamadu Indjai (Jorge Araújo, ex-fur mil op esp / ranger, CART 3494, Xime-Mansambo, 1972/74)


"Diário de Lisboa!", 22 de janeiro de 1973 (Cortesia de Casa Comum / Fundação Mário
Soares: Citação:(1973), "Diário de Lisboa", nº 17989, Ano 52, Segunda, 22 de Janeiro de 1973, CasaComum.org, Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_5387 (2016-9-20)




Foto acima: O nosso grã-tabanqueiro Jorge Araújo: 

(i) nasceu em 1950, em Lisboa; 
(ii) foi fur mil op esp / ranger, CART 3494 / BART 3873 (Xime e Mansambo, 1972/1974); 
(iii) fez o doutoramento pela Universidade de León (Espanha), em 2009, em Ciências da Actividade Física e do Desporto, com a tese: «A prática Desportiva em Idade Escolar em Portugal – análise das influências nos itinerários entre a Escola e a Comunidade em Jovens até aos 11 anos»; 
(iv) é professor universitário, no ISMAT (Instituto Superior Manuel Teixeira Gomes), Portimão, Grupo Lusófona; 
(v) para além de lecionar diversas Unidades Curriculares, coordena o ramo de Educação Física e Desporto, da Licenciatura em Educação Física e Desporto.


Mensagem do Jorge Araújo com data de 14 do corrente:


Caro Luís,

Espero que esteja tudo bem contigo. Contrariando as minhas últimas notícias, hoje não iniciarei as narrativas referentes à entrevista do terceiro médico cubano, mas sim um outro texto que tem a sua génese no anterior e do teu "manuscrito" sobre o Mamadu Indjai... o terrivel.

Vê se tem algum interesse.... se acrescenta mais alguma coisa... ou se, pelo contrário, é uma açorda sem sabor.

Bom trabalho. Um abraço, Jorge Araújo.

1. – INTRODUÇÃO

Supostamente, a presente narrativa deveria dar início à publicação da entrevista ao médico Virgílio Camacho Duverger (1934-2003), a terceira no alinhamento das que foram dadas pelos clínicos que estiveram na Guiné Portuguesa [hoje Guiné-Bissau], e que fazem parte do livro escrito em castelhano pelo jornalista e investigador Hedelberto López Blanch, uma coletânea de memórias e experiências divulgadas pelos seus diferentes entrevistados, a que deu o título de «Histórias Secretas de Médicos Cubanos» [La Habana: Centro Cultural Pablo de la Torriente Brau, 2005, 248 pp.] ou “on line” em formato pdf, em versão de pré-publicação.

De facto, assim não aconteceu. Creio que foi por uma boa causa, uma vez que neste intervalo decidi investir um pouco mais na busca de elementos fiáveis que nos ajudem a desvendar o enigma relacionado com os «ferimentos de Mamadu Indjai [N’Djai]», nome do Cmdt referido na resposta dada pelo médico Amado Alfonso Delgado, à questão ‘xxii’: “como é avisado para deixar a Guiné-Bissau?” [P16441] (*), e que está na génese de alguns comentários adicionais, em particular no «P16444: Manuscrito(s) (Luís Graça): Por aqui passou Mamadu Indjai, o terrível».(**)

Para contextualização do tema, recordo então essa passagem:

[xxii] = Como é avisado para deixar a Guiné-Bissau?

O médico Alfonso Delgado refere que “foi de forma casuística. [Em agosto de 1969], depois de sair de um cerco que nos fizeram as tropas helitransportadas [paraquedistas do BCP 12] fomos para um lugar perto do acampamento” [talvez a “Op. Nada Consta”].

Nesta operação, corolário da acção de um grupo de páras do BCP 12, é capturado um roqueteiro IN com o seu RPG-2, e que, após um curto interrogatório que lhe foi feito então, diz apenas chamar-se Malan Mané, pertencer a um bigrupo reforçado (oitenta elementos), comandado por Mamadu Indjai e disperso em pequenos grupos pela mata (P23 + P2683).

Alfonso Delgado acrescenta [neste novo acampamento] “o ajudante que andava comigo e ao que me diziam, Arrebato piorou. Começou a manifestar um obsessivo delírio de perseguição. Dizia que os próprios guerrilheiros o queriam matar, e uma noite foi desarmado pois já estava bastante débil, e fugiu para a mata. Deu-se o alarme entre toda a população e ao fim de seis dias [final de agosto?] foi encontrado completamente depauperado, com os olhos inchados, cheio de furúnculos e pesando à volta de quarenta quilos. Falei com o chefe do acampamento, de nome Mamadu Indjai, e acordamos a sua saída da Frente, para a qual me indicou dois guerrilheiros. Isto foi em [início] setembro de 1969, quase no fim da missão”.

Cruzadas duas informações supra, concluiu-se que, de facto, em Agosto de 1969, o Cmdt da Frente da Mata do Fiofioli era Mamadu Indjai [algumas vezes referido como Mamadu N’Djai no Arquivo Amilcar Cabral].

Da investigação realizada a partir da única fonte consultada – o vasto espólio do «Blogue da Tabanca Grande» – encontrei divergências factuais, logo históricas [ou talvez não] de que seguidamente dou conta:

Ex.1: “Op. Nada Consta”, em 18 de agosto, (…) um grupo cairia numa emboscada que forças da CART 2339 tinham montado no itinerário Mansambo-Xitole, próximo da ponte sobre o Rio Bissari, e em resultado da qual ficaria gravemente ferido Mamadu Indjai (soube-se mais tarde) [P6948].

Ex.2: Soube-se mais tarde que Mamadu Indjai (…) foi ferido com gravidade em trocas de tiros com as forças de Mansambo e evacuado [?] [P23].

Ex.3: (…) Mamadu Indjai, gravemente ferido pelas NT (e mais concretamente pela CART 2339) na “Op. Anda Cá” (em 15 de agosto de 1969) [P9011].

Perante este dilema/trilema…, qual das situações podemos validar? Quem foi o informante privilegiado? Foi um ou vários? Será que foi (mesmo) ferido? Ou foi ferido duas vezes no espaço de três dias? Em caso afirmativo, foi socorrido no local [enfermaria do mato] pelo médico Alfonso Delgado e depois evacuado para Boké para ser intervencionado face à gravidade do seu estado de saúde?

Neste caso, a saída da frente por parte do médico Alfonso Delgado visava cumprir dois objectivos: por um lado acompanhar o estado clínico de Mamadu Indjai [o normal seriam seis dias de viagem a pé], por outro enquadrar o regresso do seu companheiro cubano Arrebato?

Mas em relação a esta última interrogação, apenas sabemos que chegado o dia da saída da mata do Fiofioli na companhia de Arrebato, “meti a sua arma e a minha ao ombro, calcei-lhe os sapatos e agarrei-o pelo cinto. Era uma pluma. Assim caminhei vários dias, numa distância aproximada entre Havana e Matanzas [noventa quilómetros], com muitos portugueses por perto e por caminhos inóspitos. Quando parávamos para descansar, ficava debaixo das minhas pernas e sempre agarrado pelo cinto, pois queria fugir. Assim, com este tremendo trabalho e sofrendo de uma entorse que me doía sobremaneira, o pude retirar da Frente. Quando chegámos ao acampamento da fronteira [segunda semana de setembro?], deixei o Arrebato e dizem-me que dentro de quinze dias chegava um barco para nos levar, pois tinha terminado a missão.

Sobre esta questão, Luís Graça refere no seu comentário a este fragmento: “estranha-se que o médico cubano Amado Alfonso Delgado tenha omitido o importante revés que foi para o PAIGC a baixa do comandante Mamadu Indjai, gravemente ferido pelas NT no decurso da Op Nada Consta, em agosto de 1969” [P16441] (*).

Todas estas hipóteses suscitaram o meu interesse e por isso segui em frente.

2. – O QUE DIZEM AS FONTES CONSULTADAS

«P16444: Manuscrito(s) (Luís Graça): Por aqui passou Mamadu Indjai, o terrível» -

“Depois do ferimento grave de Mamadu Indjai, "operado de urgência na zona 7", o Amílcar Cabral não sabia quem o deveria substituir... O Bobo Keita ofereceu-se, em Boké, para substituir o Mamadu Indjai "por 15 dias", por sugestão de Amílcar Cabral... Acabou por lá ficar nove meses, ou seja, até ao fim do 1.º semestre de 1970...

A "zona 7 (...) ficava nas regiões de Xime, Bambadinca e Xitole", diz o Boto Keita, nas suas memórias "De campo em campo: conversas com o comandante Bobo Keita", de Norberto Tavares de Carvalho, edição de autor, 2011, 303 pp.)... "Era um triângulo onde se encontrava uma cambança que permitia passar para o Norte através do rio Geba, via Enxalé"... "Era um lugar difícil" (p. 134)...

«P9011: Memória dos lugares: O cais do Xime e a solidão do Rio Geba… (Torcato Mendonça)» - ~

[…] “Isso mesmo reconheceu o comandante Bobo Keita, nas duas memórias, quando Amílcar Cabral (1924-1973) propôs o seu nome, para substituir o comandante da Zona 7, Mamadu Indjai, gravemente ferido pelas NT (e mais concretamente pela CART 2339) na Op Anda Cá (em 15 de Agosto de 1969). […]

«P9137: Notas de leitura: De campo em Campo, de Norberto Tavares de Carvalho (Mário Beja Santos)»:

[…] “Bobo Keita é um guerrilheiro da Frente Norte, anda por Binta e Guidage, a base era Sambuia.Em junho de 1968 é ferido e evacuado para Moscovo e depois regressa [quando?] à frente Norte [esta evacuação ocorre dois anos após a chegada do primeiro grupo de médicos cubanos à Guiné, do qual fez parte o doutor Domingo Diaz Delgado]. No ano seguinte (1969), frequentou seminários em Conacri e depois foi para a [ex] Jugoslávia.

No regresso [agosto de 1969?], ofereceu-se para ficar nas regiões do Xime, Bambadinca e Xitole, aqui passou nove meses [até maio de 1970?], vinha substituir provisoriamente Mamadu Indjai.

Reorganizou a quadrícula: “a primeira medida que tomei no Leste foi acabar com a base central onde se concentrava toda a guerrilha e que daí procedia a longas marchas para ir atacar os quartéis. Além disso, na base central concentravam-se as milícias e havia uma certa confusão. Existia também o risco de que qualquer ataque do inimigo pudesse causar muitas baixas na base, devido a tamanha promiscuidade. Formei três destacamentos [?] e um comando móvel. Com a nova organização, a população estava mais segura. Criei um depósito dos Armazéns do Povo. Com isto consegui criar uma nova vida nessa região”.

Para Beja Santos, trata-se de “um relato com muitos altos e baixos. (…) Há notoriamente silêncios, beliscadelas e sentimentos feridos. Não se lhe pode assacar a responsabilidade de exibir fontes escritas, ao que parece o manancial da documentação estava em poder de [Amílcar] Cabral e do secretariado político. Mas estes comandantes recebiam documentação, nunca a invocam e muito menos a exibem. O que nos leva permanentemente a questionar como é que se vão cozer todas estas peças constituídas por depoimentos que mais ninguém valida”.


3. – MEMORANDO “COM DECISÃO SECRETA” SOBRE A COLABORAÇÃO DOS INTERNACIONALISTAS CUBANOS

Aproveitando a deixa do camarada Beja Santos [documentos não conhecidos], e acreditando ser do interesse público e histórico, como complemento aos diferentes fragmentos aqui publicados sobre as vivências e experiências relatadas por cada um dos médicos cubanos que estiveram em missão na Guiné-Bissau, entre 1966 e 1969, aqui vos deixo um memorando assinado por Amílcar Cabral (1924-1973), enquanto secretário-geral do PAIGC, em 8 de dezembro de 1967, ou seja, ano e meio depois da chegada do primeiro grupo à Guiné-Conacri.

O documento que seguidamente se reproduz, constituído por duas páginas, foi retirado da Net, da Casa Comum – Fundação Mário Soares, com devida vénia, com o título: “Decisão sobre a colaboração dos internacionalistas cubanos na luta de libertação da Guiné”.





(1967), "Decisão sobre a colaboração dos internacionalistas cubanos na luta de libertação da Guiné", CasaComum.org, Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_40211 (2016-9-14)


4. – O ENIGMA DOS FERIMENTOS DE MAMADU INDJAI

Eis-nos chegados, finalmente, ao enigma dos ferimentos de Mamadu Indjai [N’Djai], a questão de partida que deu origem ao presente trabalho.

É certo que em Agosto de 1969 ele estava na Frente Leste, justamente na Mata do Fiofioli, envolvido em acções de combate com os militares portugueses.

Também é certo que, mais ou menos três anos e meio depois, em janeiro de 1973, mais concretamente no dia 19, Amílcar Cabral (1924-1973) dera instruções ao responsável pela sua segurança, que era curiosamente Mamadu Indjai, para que tomasse as devidas precauções, uma vez que havia sido avisado pelos Serviços de Segurança da Embaixada da [ex] Checoslováquia, em Conacri, de que teriam sido detectados indícios de conspiração dentro do PAIGC [P11001].

Neste mesmo poste, elaborado por Beja Santos no seu espaço «Notas de leitura: Fernando Baginha e o assassinato de Amílcar Cabral» pode ler-se:

 “Cabral avisou o então responsável pela sua segurança para que tomasse precauções. Ele era Mamadu N’Djai [Indjai], herói nacional, comandante da Frente Norte, três vezes ferido em combate e, de [naquele] momento, em Conacri, precisamente em convalescença do seu último ferimento”.

Sabe-se, agora, que Mamadu Indjai foi ferido três vezes ao longo da sua actividade de guerrilha. Não se sabe, porém, quando, como e onde terão acontecido as duas últimas. [Ele é já comandante em 1963 e, em 1965, estava na Frente Norte; o seu nome é citado meia dúzia de documentos do Arquivo Almílcar Cabral].

Entretanto, sabe-se, também, que Mamadu Indjai esteve em Conacri, entre 11 e 13 de Maio de 1970, marcando presença nas reuniões do Conselho de Guerra, na companhia de outros dirigentes do PAIGC, conforme se reproduz baixo, bem como a sua fonte.





Excerto da ata, de 25 páginas

Instituição: Fundação Mário Soares

Pasta: 07073.129.004

Título: Acta informal das reuniões do Conselho de Guerra em Conakry

Assunto: Acta informal das reuniões do Conselho de Guerra, de 11 a 13 de Maio de 1970, manuscrita por Vasco Cabral.

Membros Presentes: Amílcar Cabral, Aristides Pereira, Luís Cabral, João Bernardo Vieira (Nino), Osvaldo Vieira, Francisco Mendes, Pedro Pires, Paulo Correia, Mamadu N'Djai [Indjai], Osvaldo Silva, Suleimane N'Djai

Secretário: Vasco Cabral

Data: Segunda, 11 de Maio de 1970 - Quarta, 13 de Maio de 1970

Observações: Doc. incluído no dossier intitulado Relatórios 1960-1970.

Fundo: DAC - Documentos Amílcar Cabral

Tipo Documental: ACTAS

Citação:
(1970-1970), "Acta informal das reuniões do Conselho de Guerra em Conakry", CasaComum.org, Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_34125 (2016-9-20)

Finalmente, Mamadu Indjai [N’Djai] viria a ser executado, sem qualquer julgamento, por implicação na morte de Amílcar Cabral, o mesmo sucedendo a cerca de uma centena de outros elementos [P11001].

Em jeito de conclusão cronológica, ficámos a saber que Mamadu Indjai:

(i) em agosto de 1969 estava na Mata do Fiofioli;

(ii) em 11/13 de maio de 1970 [nove meses depois], participou na reunião do Conselho de Guerra, em Conacri, período coincidente com a saída de Bobo Keita da Frente do Fiofioli, pelo que é de considerar que não tenha voltado a esse local.

(iii) em 19/20 de janeiro de 1973 [dois anos e oito meses depois] estava em Conacri, onde era responsável pela segurança de Amílcar Cabral, sendo executado alguns dias depois.

(iv) foi ferido em combate por três vezes: quando, como e onde, continuam a ser enigmas, que aguardam o competente desenvolvimento, bem como a dimensão de cada episódio.

Obrigado pela atenção.

Um forte abraço de amizade com votos de muita saúde.

Jorge Araújo.
14SET2016.

______________

Notas do editor:

(*) Vd. último poste da série > 2 de setembro de 2016 > Guiné 63/74 - P16441: Notas de leitura (874): (D)o outro lado do combate: memórias de médicos cubanos (1966-1969) - Parte IX: o caso do clínico geral Amado Alfonso Delgado (V): Finalmente o regresso a casa, depois do pesadelo do Fiofioli, na margem direita do Rio Corubal... Este homem, hoje professor universitário (?), tem histórias para contar aos netos...

(**) Último poste da série > 15 de setembro de 2016 >Guiné 63/74 - P16493: (De)Caras (44): Conversa com Jerónimo de Sousa, Soldado Condutor Auto da Companhia Polícia Militar 2537 (Bissau, 1969/71) (Mário Beja Santos)