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quinta-feira, 7 de setembro de 2006

Guiné 63/74 - P1056: Estórias avulsas (1): Mato Cão: um cozinheiro 'apanhado' (Joaquim Mexia Alves)

Guiné > Zona Leste > Sector L1 > Bambadinca > Mato Cão > Pel Caç Nat 52 > 1972 > O Alf Mil Mexia Alves, ao centro, ladeado pelo seu impedido, o Mamadu (à esquerda) e o cozinheiro, herói desta estória (à diereita).

Foto: © Joaquim Mexia Alves (2006)


Texto do Joaquim Mexia Alves, com data de 3 de Agosto de 2006:

Caro Luis Graça:

A propósito de apanhados (1) e outras vivências, junto fotografia tirada no Mato Cão, onde estou eu, o Mamadu, impedido da messe, e o cozinheiro, de quem não lembro o nome, mas penso que pertenceria ao Pelotão de Morteiros de Bambadinca, que tinha uma secção no Mato Cão (2).

O referido cozinheiro era um bom rapaz, muito ingénuo e um pouco apanhado, e que nunca tinha saído para o mato (já lhe chegava estar no Mato Cão!).

Retenho esta história:

Um dia, irritado com as graças e ditos acerca da sua pessoa, declarou solenemente que se ía embora.

Meteu pernas ao caminho, passou o arame farpado no lado contrário ao do Rio Geba e continuou pela mata dentro.

Claro que eu não fiquei nada preocupado e disse ao resto do pessoal:
- Não há problema. O gajo anda um pouco, vê-se sozinho e volta a correr.

Só que o tempo foi passando e o cozinheiro não havia modo de voltar.

Ao principio fiz um pouco de finca-pé, do tipo "Se pensas que te vou buscar estás muito enganado", mas depois comecei a ficar preocupado.

Lá vesti qualquer coisa mais conveniente para sair para a mata, peguei nas armas e acompanhado - salvo o erro, pelo Furriel Bonito -, saí do perímetro para ver se o encontrava.

Não estava muito longe, mas como tinha começado a escurecer o medo era tanto que já não andava nem para a frente nem para trás.

Lá o trouxemos para dentro, preguei-lhe a descasca conveniente e, claro, no outro dia a seguir lixou-se, porque foi mais gozado que antes.

No entanto todos gostavam muito dele e por isso era tudo foi feito com muita camaradagem.

Mais uma história leve, que também servia para nos irmos libertando das tensões.

Abraço

Joaquim Mexia Alves
Termas de Monte Real
Tel: +351 244 619 020 / fax: +351 244 619 029

_______

Nota de L.G.

(1) Sobre a temática dos cacimbados ou apanhados, vd. entre outros os seguintes posts:

2 de Agosto de 2006 > Guiné 63/74 - P1018: Eu, cacimbado, me confesso (João Tunes) (III): E o jipe nunca voou

1 de Agosto de 2006 > Guiné 63/74 - P1013: Também eu, apanhado, me confesso (Jorge Cabral)

28 de Julho de 2006 > Guiné 63/74 - P1003: Eu, cacimbado, me confesso (João Tunes)(II): tirem-me daqui!

28 de Julho de 2006 > Guiné 63/74 - P999: Eu, cacimbado, me confesso (João Tunes) (I): tudo bons rapazes!

26 de Julho de 2006 > Guiné 63/74 - P992: 'Estar apanhado' dava muito jeito e algum gozo (Joaquim Mexia Alves)

21 de Julho de 2006 > Guiné 63/74 - P973: Estar ou fazer-se 'apanhado' para não enlouquecer (Jorge Cabral)

19 de Julho de 2006 > Guiné 63/74 - P972: Cacimbados ou apanhados do clima ? (Zé Teixeira)

17 de Julho de 2006 > Guiné 63/74 - P965: 'Cacimbados', 'apanhados do clima'... ou os nossos comportamentos de risco, bravatas, diabruras, loucuras... (Luís Graça)

13 de Julho de 2006 > Guiné 63/74 - P958: 'Gajos das tropas africanas eram doidos' (Joaquim Mexia Alves, CART 3492, Pel Caç Nat 52 e CCAÇ 15)


15 de Março de 2006 > Guiné 63/74 - DCXXVIII: Cancioneiro de Mansoa (7): Os periquitos do pós-guerra

13 de Março de 2006 > Guiné 63/74 - DCXXIV: Estórias cabralianas (6): SEXA o CACO em Missirá (Jorge Cabral)

16 de Junho de 2005 > Guiné 69/71 - LIX: Esquecer a Guiné...por uma noite! (Luís Graça)

(2) Vd. post de 4 de Agosto de 2006 > Guiné 63/74 - P1024: Pel Caç Nat 52, destacamento de Mato Cão (Joaquim Mexia Alves)

5 de Setembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1045: Pedido ao Joaquim Mexia Alves (Pel Caç Nat 52) para ajudar a desvendar o passado (Beja Santos)

6 de Setembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1049: O destacamento de Mato Cão (Paulo Santiago)

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Guiné 63/74 - P4317: Os Bu...rakos em que vivemos (8): Estância de férias Mato de Cão, junto ao Rio Geba (J. Mexia Alves)

1. Mensagem de Joaquim Mexia Alves, ex-Alf Mil da CART 3492, (Xitole / Ponte dos Fulas), Pel Caç Nat 52, (Ponte Rio Udunduma, Mato Cão) e CCAÇ 15, (Mansoa).

Caro Carlos

Tendo em vista a série Os Bu... rakos em que vivemos, lembrei-me do Mato de Cão, pois então, nome oficial segundo sei, da reconhecida estância de férias junto ao Geba, e que albergou durante largos meses o Bando do 52.

Ora bem, chegava-se ao Mato Cão, (tiro-lhe o de), vindo de Bambadinca, pelo rio Geba, de sintex a remos, aportando aos restos de um antigo cais(?), onde se desembarcava.

Se me não falha a memória, logo à esquerda, e com vista para a bolanha do lado do Enxalé, ficava o complexo dos balneários, sobretudo a zona de duches.
Dado o clima ameno e soalheiro, estes duches ficavam ao ar livre, e eram constituídos por um buraco no chão, que dava acesso a um poço, cheio de uma água leitosa, e que respondia inteiramente aos melhores padrões da qualidade de águas domésticas.

Os utentes colocavam-se à volta do referido buraco e, alegremente, todos nus em franca camaradagem, (nada de más interpretações!), utilizavam uma espécie de terrina da sopa, em alumínio da tropa, presa por umas cordas, e que, trazida à superfície cheia de água, era a mesma retirada da referida terrina com umas estéticas latas de pêssego em calda, derramando depois os militares a água sobre as suas cabeças para procederem aos seus banhos de limpeza.

Para se chegar ao destacamento propriamente dito, subia-se então uma ladeira íngreme, (o burrinho da água só a conseguia subir em marcha atrás), acedendo-se então à parada à volta da qual, mais coisa menos coisa, se desenvolvia todo o complexo militar.

À esquerda, salvo o erro, ficavam os espaldões de dois morteiros 81 e respectivas instalações, dormitórios do pessoal do pelotão de morteiros.

Um pouco mais à frente e do lado direito ficava o bar e a sala de banquetes, toda forrada a chapas de zinco e assim também coberta, sendo aberta do lado da frente para o exterior, como convém a instalações de férias em climas tropicais.

A arca a pitrol refrescava as cervejas que o pessoal ia com todo o prazer consumindo. Fazia também algum gelo para dar mais alegria aos uísques emborcados, sobretudo ao fim da tarde.

Para encurtar razões, e sobretudo o texto, os quartos de dormir eram todos situados abaixo do chão, cavados na terra, para que assim não se perdesse o calor que tanta falta fazia nas longas noites de Inverno da Guiné!

Por cima, o telhado, de chapas de zinco, era sustentado normalmente em paus de cibo, que assentavam em graciosos bidões cheios de uma massa de cimento e terra.
Lembro-me de como era agradável o jogo que então fazia, quando deitado na cama, os ratos, de quando em vez, passeavam por cima do mosquiteiro, e com pancadas secas os projectava contra o tecto, voltando depois a cair sobre o mosquiteiro.

Tal jogo e divertimento não se consegue nas melhores estâncias de férias das Caraíbas!

No espaço central deste planalto, (porque o Mato Cão era um pequeno planalto), erguiam-se as tabancas do pessoal africano do Bando do 52.

Tudo estava rodeado de umas incompreensíveis valas sobretudo para o lado Sinchã Corubal, Madina, Belel, junto à qual, se a memória não me atraiçoa, estava uma guarita térrea com uma metralhadora Breda.

Ao fim da tarde, e na esplanada do bar e sala de banquetes, bebendo umas cervejas e uns uísques, o pessoal esperava ansioso o ligar da iluminação pública, o que curiosamente nunca acontecia, talvez pelo facto de não haver gerador no Mato Cão.

Bem, o Mato Cão era um verdadeiro Bur…ako, tendo apenas a vantagem, valha-nos isso, do pessoal amigo do PAIGC não ter incomodado muito durante a minha estadia.

Há aliás um post no blogue, de alguém ligado à Força Aérea que faz uma descrição do Mato Cão, por onde passou de helicóptero, que é reveladora das condições de vida (**).

Ah,… uma coisa boa… tinha um lindíssimo Pôr-do-Sol!

Abraço camarigo do
Joaquim Mexia Alves

Mando fotografias que podem escolher obviamente.
Tenho pena de não ter nunhuma dos banhos!!!
Na 2024 está este vosso amigo com os Furriéis Bonito, Santos e Varrasquinho, por ordem de alturas!!

A chega à Estância era sempre um momento vivido com prazer

Para que não fiquem dúvidas quanto à qualidade do serviço, aqui fica a vista parcial das modelares instalações

Na sala de jantar imperava o conforto e era obrigatório o uso de traje formal, como documenta a imagem

Um pequeno descanso após as lautas refeições, era sempre bem-vindo

Os momentos de diversão eram proprcionados utilizando os mais modernos equipamentos à disposição. Indispensável a companhia de animais domésticos, seleccionados entre as melhores raças da espécie.

Mais um recanto. Cada hóspede tinha direito a dois colaboradores, sempre atentos às suas necessidades

O convívio e a camaradagem são notáveis. Reparem que o camarada da direita (Fur Mil Varrasquinho), para não correr o risco de estragar a sequência de alturas, se encolhe ligeiramente

Prova de que não estamos aqui a enganar as pessoas, é este lindíssimo pôr-do-sol em Mato Cão.

Fotos: © J. Mexia Alves (2009). Direitos reservados.
Fotos editadas e legendadas pelo editor



2. Comentário de CV:

Desculpem-me, mas é mais forte do que eu. Tenho que meter a colherada.

O camarada Mexia há muito que nos presenteia com alguns mimos literários, carregados de humor e ironia. Duas coisas indispensáveis quando queremos doirar a pílula.

O período entre o 25 de Abril e o 1.º de Maio é, por excelência, a época em que, como aves migratórias, aparecem os heróis da clandestinidade, que coitados, em países subdesenvolvidos como França, Bélgica, Holanda e equiparados, para evitarem a chatice de irem fazer a guerra colonial, sofreram as mais violentas agruras, disparando perigosas canções revolucionárias, enquanto figurões, como o Mexia Alves, se deleitavam em luxuosos aquartelamentos militares da Guiné, Angola e Moçambique, onde a falta de conforto era coisa impensável.

No caso particular, Burako de Mato de Cão (***), fala quem sabe, pois as Termas de Monte Real foram fundadas pela família deste nosso camarada.
__________

Notas de CV:

(*) Vd. poste de 6 de Maio > Guiné 63/74 - P4288: Espelho meu, diz-me quem sou eu (1): Joaquim Mexia Alves

Vd. último poste da série de 27 de Abril de 2009 > Guiné 63/74 - P4252: Os Bu... rakos em que vivemos (7): Destacamento de Rio Caium (Luís Borrega)

(**) Possivelmente o António Martins de Matos... Vd. poste de 11 de Março de 2009 >Guiné 63/74 - P4010: FAP (15): Correio com antenas... (António Martins de Matos, ex-Ten Pilav, BA12, Bissalanca, 1972/74)

... Mas não é. O Joaquim já descobriu qual é, é um poste, mais antigo, de 2 de Julho de 2007 > Guiné 63/74 - P1912: Um buraco chamado Mato Cão (Nuno Almeida, ex-mecânico de heli / Joaquim Mexia Alves, ex-Alf Mil, Pel Caç Nat 52)

Aqui vai um excerto: é uma história, bonita, de solidariedade entre a gente do ar e da terra:

(...) Mensagem de Nuno Almeida, ex-Esp MMA (Canibais), DFA Guiné, que vive em Lisboa (foto à esquerda, cortesia do blogue de Victor Barata, Especialistas da Base Aérea 12, Guiné 65/74), a quem agradeço, mais uma vez´, este depoimento, mas não volto a convidar para aderir à nossa Tabanca Grande, porque ele já cá está, de pleno direito... (LG):

Camarada Mexia Alves:

Estava a ler o blogue do Luís Graça e vi a sua referência a Mato Cão, o que me fez recordar um episódio, não sei se passado, também, consigo e que passo a relatar:

Fui mecânico de helicópteros da FAP e cumpri o ano 1972 na Guiné. Um dia, creio que no Verão de 1972, fui com um heli fazer o que, creio, se chamava o Comando de Sector (levar o [Ten-] Coronel de Bambadinca a visitar os aquartelamentos).

Fomos visitando vários locais e, quando sinto o piloto fazer manobra para proceder a uma aterragem, fico em estado de choque, pois não se vislumbrava nada no terreno que indicasse haver ali alguém ou algo minimamente capaz de albergar seres humanos. Inicialmente temi que o piloto tivesse detectado alguma falha no aparelho e fosse aterrar para que eu verificasse a condição do mesmo e poder continuar a voar. Mas quando aterramos (num espaço de mato desbravado e completamente inóspito), e a intensa poeira, levantada pelas pás do heli, começa a assentar, vejo surgirem, de buracos cavados no chão, homens em estado de higiene e aspecto físico degradantes (pelo menos aos olhos dum militar que dormia em Bissau e tinha água corrente para se lavar a seu bel prazer).

Chocou-me, e ao piloto também, a situação sub-humana em que esses homens estavam a viver.

A sua reacção, ao verem o [Ten-] Coronel, foi a de parecer que o queriam linchar, tal era a sua revolta pelo que estavam a ser obrigados a suportar.

Quando regressámos a Bambadinca, o piloto foi ao bar e comprou dois pacotes de tabaco Marlboro, escreveu neles algo que creio foi: "com a amizade da Força Aérea", e quando passámos à vertical de Mato Cão largámos esses pacotes, querendo demonstrar a nossa solidariedade para com quem tão maltratado estava a ser.

Mais tarde, em [25 de] Novembro de 1972, fui ferido [com gravidade], ao proceder a uma evacuação, na mata de Choquemone, em Bula, e aí melhor me apercebi das privações e sobressaltos que, a todo o momento, uma geração de jovens, na casa dos 20 anos, foi obrigada a suportar, adquirindo mazelas físicas e, principalmente, psicológicas, que ainda hoje perduram, e que muitos teimam em não aceitar que existem e estão latentes no nosso dia-a-dia.

Abraços, do ex-1º cabo FAP Nuno Almeida (o Poeta)
(...)

(***) O sítio, paradisíaco, do Mato Cão era tão popular na época que no nosso blogue há mais de três dezenas de referências com este descritor: Vd. marcadores ou palavras-chave na coluna do lado esquerdo...

Esta estância (turística) também era muito frequentada por outros camaradas nossos como o Beja Santos (Pel Caç Nat 52, 1968/70), Luís Graça e Humberto Reis (CCAÇ 12, 1969/71), Jorge Cabral (Pel Caç Nat 63, 1969/1)... Mas nesse tempo não ainda havia as luxuosas infra-estrtuturas hoteleiras aqui tão bem descritas pelo J. Mexia Alves (devem ter construídas e inauguradas depois, em 1972)... O turistame fazia lá campismo selvagem... Bons tempos! Nessa altura o Rio Geba era muito concorrido, até se faziam comboios entre o Xime e Bambadinca e até mesmo Bafatá (no chamado Geba Estreito)... Dizem-nos que o rio agora está assoreado, por aquelas bandas... (LG)

segunda-feira, 12 de março de 2012

Guiné 63/74 - P9597: (Ex)citações (177): Relembrando, em Mato Cão, no dia dos meus anos, a presença do então maj art José Faia Pires Correia, oficial de operações do BART 3873 (Bambadinca, 1971/74) (Joaquim Mexia Alves)

Guiné > Zona leste > Setor L1 (Bambadinca) > Mato Cão > Pel Caç Nat 52 > 6 de Abril de 1973 > O Alf Mil Mexia Alves, em primeiro plano,à esquerda, brindando com os seus camarigos de então, no dia dos seus 24 anos... À frente do Mexia Alves, o Fur Mil Bonito, que também pertencia ao Pel Caç Nat 523, juntamente como os Fur Mil Santos e Varrasquinho...Entretanto, esta manhã o Joaquim enviou mais fotos  em que o hoje cor art ref José Faia Pires Correia aparece de perfil...


Guiné > Zona leste > Setor L1 (Bambadinca) > Destacamento de Mato Cão > Pel Caç Nat 52 > 1973 > Almoço num dia normal: "Estou eu, os Furriéis e os Cabos do Pel Caç Nat  52, mais o pessoal de uma secção do Pelotão de Morteiros de Bambadinca, que fazia destacamento também no Mato Cão" (JMA). Emsuma, todos os tugas do Mato Cão, os não desarranchados...  Todos os demais elementos do pelotão, guineenses, eram desarranchados... Sobre esta estância de férias que era o Mato Cão, vd. poste P4317, de 11 de maio de 2009.


Fotos: © Joaquim Mexia Alves  (2012). Todos os direitos reservados.

1. Mensagem, de 10 do corrente,  do nosso camarada e amigo Joaquim Mexia Alves: 


Caros camarigos

Sei que no computador do escritório terei outras fotografias, talvez, mas aqui vai uma do Mato Cão [, com o meu Pel Caç Nat 52,], no dia 6 de Abril de 1973, em que fazia 24 anos, e onde está o então Maj Faia Correia,  de costas, brindando ao meu lado [, à minha direita]. (*)

O então Major Faia Correia foi Oficial de Operações do meu batalhão, o  BArt 3873, subsituindo o Major Jales, que, se não me engano, passou a 2º Comandante, porque o Major Teles foi promovido e saiu do BArt 3873.


Um abraço camarigo do
Joaquim Mexia Alves (**)
_______________

Notas do editor



(**) Último poste da série >  8 de março de 2012 >  Guiné 63/74 – P9584: (Ex)citações (176): Aristides Pereira e os MIGs - revelações ineditas (Nelson Herbert)

terça-feira, 29 de agosto de 2006

Guiné 63/74 - P1039: O Pel Caç Nat 52 no Mato Cão (Joaquim Mexia Alves)

Guiné > Zona Leste > Sector L1 > Bambadinca > Destacamento do Mato Cão > Pel Caç Nat 52 > 1973 > O Alf Mil Joaquim Mexia Alves, pousando com um babuíno (macaco-cão) mais o Braima Candé (em primeiro plano), tendo na segunda fila, de pé, o seu impedido, o Mamadu, ladeado pelo Manga Turé.

Foto: © Joaquim Mexia Alves (2006)


Mensagem do Joaquim Mexia Alves, de 4 de Agosto último:

Caro Luís Graça:

Espero que as férias estejam a correr bem, embora a gente não te dê descanso.

Guarda as histórias para quando as férias acabarem, mas como tu - tal como nós - gostas disto, acaba por ser um trabalho agradável, desde que não seja vivido como uma obrigação, tal como eu acredito que para ti não é.

Com efeito, para esclarecer o Beja Santos (1), o Pel Caç Nat 52 esteve largo tempo em Mato Cão, chegou comigo, salvo o erro, um mês ou dois antes do Natal de 72 e por lá foi ficando ao longo de 73.

Eu fui para a CCAÇ 15 em meados desse ano de 1973 e o Pelotão ainda lá ficou.

Quando acabares as férias, contarei estas andanças.

É interessante notar em mim, que tendo eu a chamada memória de elefante, para a minha vida passada, o período da Guiné não é preciso, e tenho muitas vezes de fazer um grande esforço para recordar com alguma precisão as coisas que por lá se passaram. As datas então são quase impossiveis de confirmar na minha memória.

Enfim, fenómenos da natureza do homem.

Abraço do
Joaquim Mexia Alves (2)

____________

Notas de L.G.

(1) Vd. post de 4 de Agosto de 2006 > Guiné 63/74 - P1024: Pel Caç Nat 52, destacamento de Mato Cão (Joaquim Mexia Alves)

(2) O Joaquim Mexia Alves, ex-alferes miliciano de operações especiais, durante o período de Dezembro de 1971 a Dezembro de 1973, pertenceu às seguintes unidades:

(i) CART 3492 (Xitole / Ponte dos Fulas);

(ii) Pel Caç Nat 52 (Ponte Rio Undunduma, Mato Cão); e, por fim,

(iii) CCAÇ 15 (Mansoa ).

domingo, 11 de janeiro de 2009

Guiné 63774 - P3720: Fauna & flora (2): Os macacos-cães do nosso tempo (Luís Graça / J. Mexia Alves)

Guiné > Zona Leste > Sector L1 > Bambadinca > Destacamento do Mato Cão > Pel Caç Nat 52 > 1973 > O Alf Mil Joaquim Mexia Alves, posando com um babuíno (macaco-cão) mais o Braima Candé (em primeiro plano), tendo na segunda fila, de pé, o seu impedido, o Mamadu, ladeado pelo Manga Turé.

Guiné > Zona Leste > Mato Cão > Pel Caç Nat 52 > 1973 > O Joaquim Mexia Alves, com um elemento guineense do seu pelotão, a segurando um Macaco Fidalgo...

Fotos: © Joaquim Mexia Alves (2006). Direitos reservados

1. Comentando o poste de ontem, de Maria Joana Silva, investigadora portuguesa a fazer o seu doutoramento no Reino Unido, com um tese sobre o macacão-cão da Guiné (*):

(i) Luís Graça (CCaÇ 12, Contuboel e Bambadinca, 1969/71):

Tanto quanto me lembro e sei, nós - as nossas tropas - não caçávamos babuínos (a não ser muito esporadicamente)... Os fulas fazíam-no, um pouco às escondidas... Também os comiam, nas nossas costas -dizem que com algum sentimento de culpa. Eles sabiam que, para os tugas, carne de macaco era tabu alimentar (tal como o porco, para eles).

Nas tabancas fulas por onde passei ou onde estive em reforço ao sistema de autodefesa, vi crianças ou adolescentes com mausers (!) nos campos de cultivo: afugentavam os macacos-cães e às vezes matavam os mais atrevidos, quando eles tentavam invadir(e destruir) os campos de mancarra...

Amigos e camaradas, não façamos apressados juízos de valor, em função dos nossos padrões civilizacionais: no passado, os nossos caçadores também matavam, por exemplo, as aves de rapina, para poderem ter coelhos em abundância...

O consumo de carne de macaco era raro, entre os tugas. No meu tempo, vi uma vez um macaense, de origem chinesa, nosso camarada (já não posso precisar a subunidade, talvez a CCS do BART 2917 Bambadinca, 1970/72), preparar e assar na brasa um pequeno babuíno... No final, a carcaça fez-me lembrar os nossos bebés... Reconheço que ia quase vomitando...

Nas diversas tabancas fulas, em autodefesa, por onde andei (às vezes por períodos de algumas semanas), nunca me apercebi do consumo de carne de babuíno... Mas havia tantas coisas de que a gente não se apercebia naquela terra e naquela guerra (por exemplo, a mutilação genital feminina, o infantícídio, a feitiçaria, entre os fulas; as negociatas e a corrupção, entre os tugas)...

A única (e pouca) carne de caça que eu relutantemente comprava (ou que me ofereciam) era de gazela... A caça era uma actividade de risco nas tabancas por onde passei, de diferentes regulados: Joladu, a norte do Geba, Corubal, Xime...

Na floresta-galeria do triângulo Xime-Bambadinca-Xitole e nas matas do Cuor, era relativamente frequente depararmo-nos, no decurso de operações, com bandos de cem e mais babuínos, ruidosos e agressivos perante a invasão do seu território... Eram zonas sem população ou que a guerra tinha despovoado... Terras de ninguém, ou terras onde a guerrilha do PAIGC se movimentava muito melhor do que nós... Admito que os guerrilheiros do PAIGC - sobretudo os pertencentes a etnias animistas - caçassem o macaco-cão para comer e alimentar a população sob o seu controlo...

Quem esteve no sector L1 (Bambadinca), literalmente na e com a tropa macaca - como eu, o Humberto Reis, o Jorge Cabral, o Beja Santos ou o Joaquim Mexia Alves ... - nunca mais esquecerá o maldito Mato-Cão onde se fazia segurança às embarcações (civis) que passavam pelo Geba Estreito, entre Xime, Bambadinca e Bafatá...

De um modo geral, pode dizer-se que as populações da Guiné-Bissau, não islamizadas, tradicionalmente caçavam e comiam o sancu. Esporadicamente, mas comiam. Depois de 1980, a caça (ilegal) ao macaco-cão terá aumentado significativamente.

Já em relação ao dari, o chimpanzé da mata do Cantanhez, parece haver um maior respeito, por parte da população local, devido às suas semelhanças com o ser humano. No entanto, o seu habitat está condicionado e cada vez mais ameaçado pelas actividades humanas (,destruição da floresta, expansão das áreas de cultivo, captura ilegal para o mercado negro...).

Voltando ao babuíno, e às recordações do meu tempo: Era difícil precisar o nº de machos, talvez dois ou três, talvez mais (posso estar a ser influenciado pelas minhas leituras posteriores na área da etologia, pela qual me interesso...).

Nunca vi, felizmente, ninguém matar um babuíno... Em contrapartida, havia crias de babuíno que serviam de mascote nos nossos quartéis... Um triste hábito que era tolerado por todos nós... Naquela época não havia consciência ecológica, nem respeito pelos direitos dos animais...

Também nunca dei conta da utilização da pele do babuíno para efeitos medicinais, por parte das populações com quem lidei (fulas, mandingas, balantas), quer em Contuboel (Maio/junho de 1969), quer em Bambadinca (Junho de 169 / Março de 71)...

Um alfa bravo
do Luís Graça

(ii) Joaquim Mexia Alves (Pel Caç Nat 52, Mato Cão, 1973)

Caro Luís:

Resposta rápida por falta de tempo agora. Se fores ao poema que fiz quando foste à Guiné, existe lá uma referência ao Macaco Cão e a um sítio perto da Ponte dos Fulas onde eles costumavam ter um grande grupo.

Lembro-me também que os nossos guias costumavam dizer que se ouvissemos o macaco cão agitado a gritar, era sinal de que havia turras, pois eles matavam-nos para comer.

Abraço camarigo do

Joaquim Mexia Alves

___________

Nota de L.G.:

(*) Vd. poste de 10 de Janeiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3714: Fauna & flora (1): Pedido de apoio para investigação científica sobre o Macaco-Cão (Maria Joana Silva)

segunda-feira, 25 de junho de 2007

Guiné 63/74 - P1875: Estórias avulsas (6): Há coisas na guerra que só se podem fazer com 'boa educação' (Joaquim Mexia Alves)

Documento classificado como secreto. Telegrama de Abril de 1973, vindo do BART 3873 [Bambadinca, sede do Sector L1 da Zona Lest], para CART 3494, CART 3492, CCAÇ 12 e Pel Caç Nat 52 (Enxalé): "(...) Notícia elemento pop colaborador das NT refere chegada Zinguichor [Senegal] em 22 de Abril viaturas com material variado referido 1 torpedo destinado a área Xime/Xitole (.) 1 míssil terra-ar destinado a Mato Cão e rádios VHF que se presume Aco-Pann em [?] Anti-Aérea (.). Solicito pesquise verosimilância notícia".

Guiné > Zona Leste > Sector L1 > Bambadinca > Cuor > Destacamento de Mato Cão > 1973 > Pel Caç Nat 52 > A travessia do Rio Geba fazia-se de Sintex, a remos. Na foto, o Alf Mil Joaquim Mexia Alves, de pé, empunhando uma G3.


Fotos: © Joaquim Mexia Alves (2007). Direitos reservados


1. Mensagem de Joaquim Mexia Alves, com data de 13 de Junho de 2007:
Caros Luís e Victor: Estou a tentar mandar um texto para vossa apreciação e possivel publicação. Se alguma coisa não chegar bem digam. Abraço amigo do
Joaquim Mexia Alves

Termas de Monte Real

Tel: 244 619 020 / fax: 244 619 029


HÁ COISAS NA GUERRA QUE SÓ SE PODEM FAZER COM BOA EDUCAÇÃO

por Joaquim Mexia Alves


Estava eu então um dia, no remanso do Mato Cão, quando alguém me vem chamar dizendo que tinha chegado uma mensagem criptada, altamente secreta, segundo ele. Claro que aquilo era coisa para tirar um homem da modorra, e pôr-lhe os neurónios e a imaginação a trabalhar.

Lá fui buscar o objecto e logo me surgiu o primeiro problema: Como é que raio se põe isto legível?

Pois, era preciso abrir um envelope qualquer onde estava a chave que me permitiria o acesso a um texto tão secreto.

Embrutecido pelo calor, (e se calhar também por algumas cervejas), sem vontade nenhuma, (apesar da curiosidade), de saber o que aquilo continha, (cheirava-me a merda da grossa), lá consegui ao fim de algum tempo e de um número considerável de palavrões em português vernáculo, ler o conteúdo da coisa.

Rezava assim [vd. em cima reprodução do telegrama]:

Anexo


Bem, pensei eu, isto vai dar direito a uma viagem a Bambadinca, em sintex a remos pelo Geba, esperando eu, que dada a importância da coisa haja um transporte do cais, junto aos Nhabijões, até à sede do Batalhão.

Assim e depois do contacto do comando, via rádio, que confirmava a necessidade da minha deslocação à cidade, lá me pus a caminho no dia seguinte. Não me lembro se havia transporte ou se tive de calcorrear aqueles quilómetros, mas isso para o caso não interessa.

Chegado a Bambadinca, logo fui cumprimentar o Cap Bordalo e sus muchachos ( ) e dessedentar-me, coisa muito importante dadas as agruras do clima. Entretanto chegou a hora de ir falar com o comandante e lá entrei para o seu gabinete onde apenas estávamos os dois.

Depois dos cumprimentos da praxe e da conversa mole, fomos direitos ao assunto. Disse-me ele que era necessário ir ver onde estava o referido armamento e capturá-lo, obviamente.

Como em Mato Cão só estava o Pel Caç Nat 52, e como o mesmo não podia sair do destacamento na sua totalidade, (alguém tinha de ficar a guardar os bidons), sugeri uma estratégia baseada na boa educação, ou seja:

Eu chegaria lá, se encontrasse o inimigo, e diria educadamente que vinha da parte do meu comandante para buscar um míssil terra-ar, que eles ali tinham e nós gostaríamos de ter connosco.

A reacção não foi muito boa e palavra puxa palavra, a coisa azedou. Claro que deixei bem claro que não iria com 12/15 homens à procura de nada que estivesse guardado por, pelo menos, um bigrupo, o que não foi do agrado da pessoa em questão.

Separámo-nos zangados, (para utilizar expressão moderada), e como estas coisas se vinham repetindo e a minha disposição estava a ficar muito perigosa, fui falar, se não me engano, com o Cap Bordalo e depois com o médico (de quem não me lembro o nome), e achou-se por bem que era melhor eu ir a uma consulta de psiquiatria, o que também me alimpava de qualquer procedimento disciplinar, provocado talvez pela minha ironia, mal entendida, visto que se está mesmo a ver que eu fazia aquilo inocentemente.


O resto da história tem pouco interesse e resumiu-se a que, passados uns dias lá apareceu o Cap Bordalo no Mato Cão, com dois Pelotões da CCAÇ 12, e fomos, com duas secções do 52, dar uma volta à senhora da asneira, pois não encontrámos nada, nem traços do objecto em questão.

Em Bissau foi-me diagnosticado coisíssima nenhuma e para tratamento da doença a prescrição foi, salvo o erro, 7 ou 15 dias em Bissau, de preferência sem farda, tendo de me apresentar no Hospital dia sim, dia não, porque era obrigatório.

Ah, fiquei bom!!!


Nota: Aproveito para dizer que quando escrevo estas coisas, gosto de lhes dar um pouco de sal, mas que a base, o facto, é perfeitamente verdadeiro, embora obviamente, não tendo gravado tudo, algumas coisas possam não ser exacta e rigorosamente assim.

Escrevo como escrevo, porque perfeito, perfeito, perfeito…é o Mário Beja Santos!!!

Mário, não leves a mal, porque esta brincadeira com o teu nome, é realmente uma homenagem aos teus textos de que, penso que falo por todos, todos muito apreciamos e gostamos.
Um abraço para ti e para todos.

____________


Nota de L.G.

(1) Vd. posts anteriores desta série (Estórias avulsas):

31 de Outubro de 2006 > Guiné 63/74 - P1231: Estórias avulsas (5): Rio Cacheu: uma mina aquática muito especial (Pedro Lauret)

20 de Outubro de 2006 > Guiné 63/74 - P1193: Estórias avulsas (4): O fantasma-cagão da 3ª Companhia do COM, EPI, Mafra, 1966 (A. Marques Lopes)

1 de Outubro de 2006 > Guiné 63/74 - P1136: Estórias avulsas (3): G3 ensarilhadas com Kalashnikov, no pós-25 de Abril (Pedro Lauret)

16 de Setembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1078: Estórias avulsas (2): Uma boleia 'by air' até Nova Lamego para uma noite de fados (Joaquim Mexia Alves)

7 de Setembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1056: Estórias avulsas (1): Mato Cão: um cozinheiro 'apanhado' (Joaquim Mexia Alves)

segunda-feira, 11 de junho de 2007

Guiné 63/74 - P1834: O Capitão de Op Esp Bordalo Xavier, da CCAÇ 12 (Bambadinca, 1971/73) (Joaquim Mexia Alves)


Guiné > Zona Leste > Sector L1 > Bambadinca > Destacamento do Mato Cão > Pel Caç Nat 52 > 1973 > O Alf Mil Joaquim Mexia Alves, pousando com um babuíno (macaco-cão) mais o Braima Candé (em primeiro plano), tendo na segunda fila, de pé, o seu impedido, o Mamadu, ladeado pelo Manga Turé. O Pel Caç Nat 52 terá ido para este destacamento em finais de 1972. Antes esteve no destacamento do Rio Udunduma. O Mexia Alves esteve lá até meados de 1973, altura em que foi para Mansoa, para a CCAÇ 15. Foi nesta época que privou com o pessoal da CCAÇ 12 e com o Cap Bordalo Xavier.

1. Mensagem do Joaquim Mexia Alves (1):

Caro Luis Graça

Li com atenção o último post sobre o encontro da CCAÇ 12 (2) e, se tivesse sabido antes(3), tinha lá dado um salto.

A sala de que fala o Vitor Alves, frequentei-a muitas vezes, aliás, para mim era a sala que eu frequentava nas minhas visitas a Bambadinca.

O Cap Bordalo Xavier, meu particularissimo amigo, é e foi na Guiné um homem de extraordinárias relações humanas, para além de um fantástico operacional, que conseguiu uma união notável com todo o pessoal, não só da CCAÇ 12 mas de outras unidades, como o meu 52.

Reside em Lamego, é Major, obviamente na reserva, e é a alma da Associação de Operações Especiais. Infelizmente há muito que não contacto com ele, mas quero fazê-lo brevemente.

Retenho na memória, há uns anos em Monte Real, eu estava ao fim da tarde a jogar ténis no campo à frente do Hotel das Termas e vejo para um carro e dele sair uma pessoa que me pareceu o Cap Bordalo.

Achei que não podia ser, mas roído pela curiosidade pedi desculpa ao meu parceiro e fui perguntar ao porteiro do Hotel quem era a pessoa que tinha chegado. A resposta deu como certa a minha suposição. Não o via desde a Guiné.

Imediatamente pedi ao porteiro que ligasse para o quarto e pedisse ao capitão para vir à rcepção por um motivo qualquer. Quando nos vimos, literalmente num abraço como que lhe peguei ao colo, (o Cap Bordalo Xavier é bem mais baixo do que eu, o que não é de espantar), e ficámos ali não sei quanto tempo abraçados.

O hall do Hotel estava cheio de gente que ficou muito espantada de me ver assim abraçado a um homem de barbas.

Foi dos encontros mais emocionantes da minha vida!!!

As histórias que tenho com ele e com a CCAÇ 12 nesse tempo....


Guiné > Arquipélago dos Bijagós > Ilha de Bolama > Bolama > CART 3492 > 1972 > "No jeep. Da frente para trás: Alf Canas, Alf Novais, Alf Lima (Secretaria?), Alf Rodrigues (meu camarada de curso, também que era da CCS e veio depois para o Xitole, por troca com o Alf Gonçalves Dias se não me engano), Alf Martins (CART 3493, Mansambo) e eu" (4).

Foto e legenda: © Joaquim Mexia Alves (2006). Direitos reservados.

Outro assunto. Penso, a não ser que tenha havido dois Alf Mecânicos com o mesmo nome, seguidos em Bambadinca, que o Canas a que se refere o Vitor Alves era do BART 3873 e não do Batalhão que ele refere [, o BART 2917].

Se assim for, nalgumas fotografias que te enviei e publicaste, mormente em Bolama, ele está presente.

Estou a preparar um novo texto mas o tempo falta-me!!!

Abraço forte e amigo do
Joaquim Mexia Alves
_________

Notas de L.G.:

(1) Ex- Alf Mil Op Esp Joaquim Mexia Alves esteve na Guin, entre Dezembro de 1971 e e Dezembro de 1973, tendo pertencido à CART 3492 (Xitole), ao Pel Caç Nat 52 (Mato Cão / Rio Udunduma) e à CCAÇ 15 (Mansoa). Nunca esteve sedeado em Bambadinca, mas sim no Rio Udunduma e no Mato Cão, destacamentos do Sector L1 (Bambadinca). Ia de vez em quando à sede do Batalhão (BART 3873, 1972/74), a que estava adida a CCAÇ 12, do Cap Xavier Bordalo.

(2) Vd. post de 11 de Junho de 2007 > Guiné 63/74 - P1832: Convívios (15): CCAÇ 12 (Bambadinca, 1971-73), 2 de Junho de 2007, Azeitão: o 34º encontro anual (Victor Alves)

(3) Vd. post de 29 de Maio de 2007 > Guiné 63/74 - P1791: Convívios (11): 32º encontro da CAÇ 12 (Bambadinca, 1971/73)

(4) Referências à CCAÇ 12 e ao Mexia Alves:

13 de Julho de 2006 > Guiné 63/74 - P958: 'Gajos das tropas africanas eram doidos' (Joaquim Mexia Alves, CART 3492, Pel Caç Nat 52 e CCAÇ 15)

(...) "Quando estava no Pel Caç Nat 52, junto a Bambadinca, tinha uma forte ligação à CCAÇ 12, não só operacional mas de amizade com todos eles, especialmente o Capitão Bordalo e os seus Alferes, de que infelizmente neste momento não me lembro do nome de nenhum.

"Para além das operações e outras actividades que íamos fazendo, sobrava-nos tempo para algumas loucuras, resultantes de algum cacimbo e do cansaço provocado pelo stress permanente, e por alguma incompetência, de quem deveria ser competente.

"Entre algumas de que lembro, fomos uma vez à noite, o Capitão Bordalo Xavier, os seus Alferes e eu, armados até aos dentes, de Unimog jantar ao Xime, pela estrada de todos conhecida e que naquela altura só se fazia em coluna protegida, mercê das emboscadas que nela tinham acontecido.

"Quando regressávamos, num alarde a roçar a loucura, talvez também ajudados por uns uísques, parávamos na estrada, no sítio das emboscadas, e voltados para a mata, aliviámos as bexigas.

"Foi um momento hilariante, mas muito intenso, que nos uniu ainda mais na amizade e companheirismo" (...).


17 de Julho de 2006 > Guiné 63/74 - P966: O Mexia Alves que eu conheci em Bambadinca (António Duarte, CCAÇ 12, 1973)

(5) Vd. post de 30 de Janeiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1473: O álbum das glórias (6): A 'dolce vita' de Bolama (Joaquim Mexia Alves, CART 3492)

terça-feira, 5 de setembro de 2006

Guiné 63/74 - P1045: Pedido ao Joaquim Mexia Alves (Pel Caç Nat 52) para ajudar a desvendar o passado (Beja Santos)

E-mail do Mário Beja Santos (ex-alf mil, comandante do Pel Caç Nat 52, Bambadinca e Missirá, 1968/70), datado de 30 de Agosto último:

Camaradas Luís e Joaquim:

Despedi-me do Pel Caç Nat 52 em Agosto de 70 e a partir daí só me interessei pelas pessoas e não pelo destino da unidade militar: era o mais terapêutico para quem estava a refazer a sua vida de alto a baixo.

Escrevi uma vez ao meu substituto, o Nelson Wahnon Reis (1), para lhe desejar as maiores felicidades, mesmo sabendo da existência de profundas tensões irreconciliáveis. Pelo blogue tive a felicidade de saber da existência do Joaquim Mexia Alves e de que o 52 fora para Mato de Cão em 72. Peço pois o favor de o Joaquim, dentro das suas possibilidades, me ajudar a ter uma ideia sobre a história do 52 entre 70 e 74: nos finais de 70, creio que o 52 foi para Fá e depois? Como é que chega a Mato de Cão? Porque é que se criou um destacamento em Mato de Cão (2), a guerrilha tornou-se intolerável?

Não consigo reconhecer o militar sentado na fotografia mas não me é estranho o rosto do soldado que está de pé. Há mais fotografias dessa época, nomes que partiram e nomes que chegaram? Agradeço toda a ajuda.

Outra coisa: o Joaquim que não se preocupe das datas que estão na bruma da memória. Creio que é profiláctico não nos recordarmos de toda a gente, nem de todas as circunstâncias dos eventos e respectivas datas. Há pessoas que não nos marcam a existência ou marcando ficam imprevistamente ao lado. Descubro agora nesta viagem ao diário de 26 meses que passei na Guiné que houve seres humanos com quem partilhei o sofrimento e pesadas responsabilidades que já não existem no meu coração. O fenómeno é seguramente natural, pois evoluímos transformando em matéria viva a aprendizagem do que amamos. E ponto final nesta conversa perfeitamente subjectiva. Abraços do Tigre.

__________

Notas de L.G.

(1) V. post de 4 de aGOSTO DE 2006 > Guiné 63/74 - P1024: Pel Caç Nat 52, destacamento de Mato Cão (Joaquim Mexia Alves)

(2) o Jorge Cabral assegura que o destacamento do Mato Cão foi inaugurado pelo Pel Caç Nat 63, "já após a minha saída (em meados de 1971)": vd. post de 4 de Agposto de 2 006 > Guiné 63/74 - P1028: O Pimbas que eu (mal) conheci (Jorge Cabral, Pel Caç Nat 63)

Por sua vez, o Joaquim Mexia Alves assevera que "o Pel Caç Nat 52 esteve largo tempo em Mato Cão, chegou comigo, salvo o erro, um mês ou dois antes do Natal de 72 e por lá foi ficando ao longo de 73": vd. post de 29 de Agosto de 2006 > Guiné 63/74 - P1039: O Pel Caç Nat 52 no Mato Cão (Joaquim Mexia Alves) .

quarta-feira, 18 de abril de 2007

Guiné 63/74 - P1674: Efemérides (3): A tragédia do Quirafo: rezar pelos mortos e perdoar aos vivos (Joaquim Mexia Alves)

Guiné > O Ex- Alf Mil Op Esp Joaquim Mexia Alves, que pertenceu à CART 3492 (Xitole), ao Pel Caç Nat 52 (Mato Cão / Bambadinca) e CCAÇ 15 (Mansoa) (1971/73). Ele faz questão de dizer que nunca esteve sedeado em Bambadinca, mas sim no Mato Cão e no Rio Udunduma, destacamentos do Sector L1 (Bambadinca).

Eis o que ele dos disse a esse respeito: "Caros Carlos Santos e Luís Graça: Já devem estar a pensar que eu sou um chato!!! Mas a biografia oficial está mal. Com efeito, no meu tempo, o Pel Caç Nat 52 não esteve estacionado em Bambadinca. Quando vim do Xitole para o 52, estávamos no destacamento da Ponte do Udunduma e passados 1 ou 2 meses, fomos para o Mato Cão, onde já passámos o Natal de 1972.

"Eu ia a Bambadinca, sobretudo nos primeiros tempos por força do comando do Pelotão e porque na Ponte do Udunduma estava perto! Do Mato Cão, fui directamente para Mansoa, para a CCAÇ 15 que acabei por comandar, substituindo o célebre Cap Comando Patrocinio, pois era o Alferes mais antigo. Durante a minha permanência na CCAÇ 15, tive ainda dois capitães, um do Quadro, outro Miliciano, mas que não se fizeram por lá velhos!

"Aproveito para enviar ao Luís Graça, uma foto oficial, tirada mesmo antes do embarque para a Guiné (que poderá substituir a outra, se assim entenderes, para mim é-me igual), bem como o Louvor que me foi dado na CCAÇ 15 e o Brigadeiro Comandante Militar da Guiné, considerou como seu. Faz dele o que quiseres!!! ... Depois deste louvor ainda fiquei na CCAÇ 15 mais três meses, até 22 de Dezembro de 1973. Desculpem lá estes preciosismos! Abraço amigo e até Pombal. Joaquim Mexia Alves".

Louvor conferido ao Alf Mil Joaquim Mexias Alves por três meses que esteve na CCAÇ 15 (Mansoa, 1973), "demonstrou sobejamente possuir qualidades de comando, competência e interesse no cumprimento de todas as missões de que fora incumbido.

"Tendo muita conferência no comando de tropas africanas e sendo profundo conhecedor dos seus problemas, facilmente se impôs ao pessoal do seu grupo de combate, que galvanizou com o seu exemplo, aprumo, pontualidade e alto critério de Justiça.

"Elemento destemido e corajoso, sempre ocupou os lugares de vanguarda nas acções e operações em que tomou parte, arrastando com o seu exemplo o pessoal para o completo cumprimento da missão.

"Militar correcto e educado, com um puro sentido, disciplinado e disciplinador, sempre pronto a colaborar em tudo o que se lhe pede, grangeou geral estima dos seus superiores, camaradas e inferiores.

"Pelas qualidades mencionadas, conseguiu o Alferes Mexia Alves elevado prestígio entre as trpas africanas, que comandou e muito dignificou, pelo que muito me apraz apontá-lo como exemplo a seguir, merecendo este público testemunho ao terminar a sua comissão de serviço" (O.S. nº 45, de 8 de Novembro de 1973, do CTIG)

Fotos: © Joaquim Mexia Alves (2007). Direitos reservados


1. Mensagem do Joaquim Mexia Alves (17 de Abril de 2007):


Caro Paulo Santiago (1):

Como sabes esta tragédia [, a do Quirafo,] toca-me de perto, por todas as razões que então escrevi e não volto a repetir (2).

Faço aquilo que posso hoje pelos nossos camaradas e amigos que então morreram, rezo por eles.

Penso também no Lourenço e no seu Comandante, pois penso que, apesar da sua culpa, incompetência, e à distância de tantos anos, provavelmente será um gravíssimo problema nas suas vidas.

A justiça dos homens é outra coisa e se, apesar de tudo, a mesma não foi feita, oficial ou formalmente, ela não deixa de ser feita no pensamento daqueles que viveram o drama e dele deram conhecimento.

Acredito que nunca esperaram um tal terrivel desfecho, e por isso, repito, na sua consciência ainda hoje devem viver a terrível dor da responsabilidade. É com certeza uma forma de justíça.

Peço a Deus pelo Armandino (2), e por todos os que com ele pereceram, que não devem ter tido tempo sequer para perceberem bem o que lhes estava a acontecer.

Guardo-os no coração e penso nas suas famílias.

Abraço amigo do
Joaquim Mexia Alves

2. Mensagem do editor do blogue enviada à tertúlia:

Paulo: Seria justo publicar o nome dos camaradas que morreram no Quirafo, faz hoje 35 anos... Tens alguma relação ? Vou perguntar à tertúlia... E já agora lançar um desafio: rezar pelos que morreram e perdoar àqueles dos nossos comandantes que cometeram erros graves, é o que nos resta ? ... É a guerra uma das poucas actividades (humanas) onde um comandante pode agir impunemente ?

Na sua velha sabedoria, o nosso povo dizia antigamente dos médicos: "Erros de médico e de calceteiro, a terra os cobre"... Acham que isso que se pode aplicar aos nossos comandantes (milicianos e do QP) na Guiné ? Eis um belo tema para um debate (que, a acontecer, se quer sereno)...

3. Segunda mensagem do Joaquim Mexias Alves (18 de Abril de 2007):

Caro Luís e Paulo:

(i) Acho que era uma homenagem. Eu não tenho a lista.

(ii) Não me parece que na guerra os comandantes tudo possam fazer impunemente. Aliás há casos, julgo eu, de comandantes punidos por incompetência e até por dolo, não só no estrangeiro, mas até na guerra do ultramar.

(iii) A minha vivência cristã leva-me a proceder do modo como referi no mail ao Paulo, o que não significa, que não considere que as acções erradas não devam ser justiçadas punidas. este caso há muitos factores a ter em conta, não só o facto do Lourenço ser miliciano, o que torna o seu comandante bem mais responsável do que ele, mas também outros factores de que poderemos falar em Pombal.

(iv) O perdão que possamos individualmente dar, não invalida de todo o acto praticado, e a responsabilidade no mesmo. O que afirmo, é que se as pessoas em causa ou quaisquer outras que tenham procedido de igual modo, forem conscientes, então a sua consciência lhes pesará pela vida fora, o que já é uma espécie de justiça.

(v) Ainda a meu ver, a falta de perdão, ou melhor o não perdoar, não atenua de modo nenhum a dor da perca daqueles que foram nossos camaradas e colegas de curso, como o Armandino foi em relação a mim e ao Paulo.

Haveria tanto para dizer mas em Pombal, poderemos falar com mais à vontade e tirar lições ou conclusões sobre este e outros assuntos com ele parecidos.

Fico contente, como calculam, pela entrada do Artur Soares (3), e fico à espera dos outros que contactei.

Abraço amigo do

Joaquim Mexia Alves
__________

Notas de L.G.:

(1) Vd. post de 17 de Abril de 2007 > Guiné 63/74 - P1669: Efemérides (1): A tragédia do Quirafo, há 35 anos (Paulo Santiago / Vitor Junqueira / Luís Graça)

(2) Vd. posts de:

21 de Julho de 2006 > Guiné 63/74 - P976: A morte do Alf Armandino e a estupidez do capitão-proveta (Joaquim Mexia Alves)

22 de Setembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1104: Homenagem ao Alf Mil Op Especiais Armandino, da CCAÇ 3490, morto na emboscada de Quirafo (Joaquim Mexia Alves)

(3) Vd. posts de

17 de Abril de 2007 > Guiné 63/74 - P1667: Tertúlia: Apresenta-se o Furriel Mil Mec Auto Artur Soares, da CART 3492 (Xitole, 1972/74)

17 de Março de 2007 > Guiné 63/74 - P1607: Artur Soares, ex- Furriel Mecânico Auto, CART 3492, Xitole, 1972/74 (Joaquim Mexia Alves)

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Guiné 63/74 - P4781: Também quero homenagear os nossos picadores (J. Mexia Alves)

1. Mensagem de J. Mexia Alves (*), ex-Alf Mil da CART 3492 (Xitole / Ponte dos Fulas), Pel Caç Nat 52 (Ponte Rio Udunduma, Mato Cão) e CCAÇ 15 (Mansoa), com data de 3 de Agosto de 2009:

Caros camarigos editores

Tenho andado ocupado com outras guerras, mas não tenho deixado de vir ao fogo acariciador da fogueira da nossa Tabanca.

Por isso aqui vai um texto de homenagem que também quero fazer aos picadores (**).

Peço-vos que me acusem a recepção do dito cujo, visto que por vezes esta coisa falha e os textos não vos chegam às mãos.

Abraço fortemente camarigo para todos do
Joaquim Mexia Alves


2. Em o poste 966...

Caro Luís Graça,

Quero dar as boas vindas ao Mexia Alves. Lembro-me que ele, à época, estava completamente apanhado. Era boa praça.

Recordo-me dele muito bem e de um incidente no início de 1973, numa farra em Bambadinca, em que estava o Major de Operações do Batalhão [BART 3873], os alferes e furriéis da CCAÇ 12 e o Mexia Alves [Alf Mil Op Especiais, comandante do PEL CAÇ NAT 52].

Armou-se uma bronca a propósito de uns versos de uma canção, adaptada ao Comandante do Batalhão (Ten Cor António Tiago, já falecido), em que ele era tratado por Manel Ceguinho, o que levou o Major a dizer ao Mexia Alves que "não estávamos ali para armar em cobardes".

Ficou um ambiente de cortar à faca, que se ultrapassou com uma tirada do Mexia Alves, na qual dizia:

- Cobarde, eu, meu Major ?!... Eu que pico a estrada com os pés... que avanço à frente do Pelotão quando não há picadores ?!...

O Major colocou um sorriso amarelo e recolheu aos seus aposentos e nós lá ficámos a beber e a cantar as canções habituais. Umas bem sérias e outras de baixo nível, bem ordinárias como a da famosa Maria Bardajona...

Um abraço a todos,
António Duarte



Os Picadores

Caros camarigos

Reproduzo o post 966 (***), para também fazer a minha homenagem aos picadores.

Sempre me admirou a coragem daqueles homens que com uma pica na mão, desafiavam constantemente as leis das probabilidades.

Lembremo-nos que a pica era um dos artefactos militares mais modernos da longa panóplia de armamento que o nosso Exército fornecia às tropas, aqui muito bem descrito pelo Luís Graça:

«espantosa tecnologia que era um pau, menos comprido que a altura de um homem, maneirinho, direito, suficientemente pesado para dar sensibilidade à mão, terminando numa das extremidades por um prego grosso e bem afiado...»

Enquanto o resto da tropa seguia junta, para se protegerem uns aos outros, aqueles homens seguiam destacados na frente, separados dos outros, para que, imagine-se, se rebentassem alguma mina os outros não fossem atingidos.

Coisa estranha e cruel, numa tropa tão solidária!

Mas era assim que tinha de ser e era assim que se fazia.

Heróis desconhecidos a maior parte deles, porque em cada saída para as colunas ou para a mata, eles executavam o seu acto heróico à frente dos nossos olhos, conscientemente.

Por isso a reprodução do post acima, para demonstrar que só um gajo muito apanhado do clima, executaria tal missão.

Bem, é que um dia, não faço ideia porquê, decidimos ir do Mato Cão a Missirá pela estrada que já não era percorrida há longos meses.

Pegámos no burrinho como apoio e lá fomos nós estrada fora, com os picadores à frente.

Mas a coisa estava a demorar muito tempo e era preciso voltar no mesmo dia pelo que, o Alferes da coisa, (este vosso humilde criado), já muito apanhado, decidiu ir durante um pouco à frente, servindo-se dos seus pés como picas.

Há um ditado que nos diz que, “ao menino e ao borracho, põe Deus a mão por baixo” que aqui neste caso se poderia alterar para, “ao militar que é tolo, protege-o Deus de ficar num bolo”.

Depois, se bem me lembro, optámos por tentar seguir paralelamente à dita estrada.

Não houve problemas e regressámos ao palácio do Mato Cão em paz e sossego.

Um abraço sentido aos picadores.
Abraço camarigo para todos
Joaquim Mexia Alves


As Picas em acção na estrada Catió/Ganjola

Foto e legenda: © Jorge Teixeira (Portojo) (2009). Direitos reservados.


Bironque, 03DEZ71 > Esta mina AC felizmente foi detectada pelo método científico da vareta, ou pica.

Foto e legenda: © Carlos Vinhal (2009). Direitos reservados.

__________

Notas de CV:

(*) Vd. poste de 3 de Agosto de 2009 > Guiné 63/74 - P4773: Blogoterapia (119): Ainda choro e me revolto por todas as nossas mentiras... (Joaquim Mexia Alves, Pel Caç Nat 52 e CCAÇ 15)

(**) Vd. poste de 30 de Julho de 2009 > Guiné 63/74 - P4760: Pensamento do dia (17): Recordando as Picas (Jorge Teixeira)

(***) Vd. poste de 17 de Julho de 2006 > Guiné 63/74 - P966: O Mexia Alves que eu conheci em Bambadinca (António Duarte, CCAÇ 12, 1973)

quinta-feira, 4 de março de 2010

Guiné 63/74 - P5931: Blogpoesia (67): Pôr-do-sol em Mato Cão (Joaquim Mexia Alves)

1. Mensagem de Joaquim Mexia Alves*, ex-Alf Mil Op Esp/RANGER da CART 3492, (Xitole/Ponte dos Fulas); Pel Caç Nat 52, (Ponte Rio Udunduma, Mato Cão) e CCAÇ 15 (Mansoa), 1971/73, com data de 2 de março de 2010:

Meus caros camarigos
Estava aqui deixando voar o pensamento e tentando escrever algo para o José Belo colocar na Tabanca da Lapónia e fui ver fotografias.

Uma coisa que sempre me tocava na Guiné era o pôr-do-sol, sobretudo no Mato Cão.

A fotografia já não consegue mostrar a beleza desse pôr-do-sol, mas a memória leva mais tempo a apagar.

E assim num repente como sempre, escrevi isto que aqui vos deixo, para se quiserem publicarem.

Enviarei obviamente também ao José Belo, que no meio do frio da Suécia, pode ser que sinta um pouco do calor da Guiné.

Abraço camarigo para todos do
Joaquim Mexia Alves



Pôr-do-sol em Mato Cão


Lá longe,
na direcção do Atlântico,
na direcção da foz do Geba,
põe-se o Sol da Guiné.
A terra já vermelha de si própria,
torna-se agora cor de sangue vivo
e pinta toda a paisagem.
O momento é mágico!
Há uma quietude,
uma paz, uma serenidade,
neste momento.
Parece que a natureza ajoelha
e presta vassalagem
ao astro rei.
Neste momento cessa a guerra,
não há explosões,
nem tiros,
nem gritos,
e as bênçãos do calor do sol
afastam as maldições.
Lá no fundo da descida,
do planalto do Mato Cão,
ouve-se o Geba murmurar,
pintado da cor do Céu,
correndo lentamente,
atirando-se para o mar,
abrindo já os seus braços
à espera do macaréu.
A noite chega enfim,
envolta num calor espesso,
tingida de um escuro breu.
A natureza deita-se,
num lento e doce torpor.
Tudo se aquieta,
tudo se acalma,
excepto o coração,
que quer ver mais longe,
mais para dentro da mata,
para saber se descansa,
ou tem de ficar alerta.
Calam-se as vozes em surdina,
apagam-se as poucas fogueiras,
é hora do corpo repousar,
envolvido pela noite,
enquanto a memória avança,
num frenesim sem parança,

lembrando o que está longe,
mais longe que a vista alcança.
O sono vence a lembrança,
fecham-se os olhos cansados.
Amanhã é outro dia,
em que o Sol regressará,
e com ele a doce esperança,
de faltar menos um dia,
para sair da Guiné,
deixando tudo p’ra trás
menos o pôr-do-sol,
que torna a terra vernelha,
pintada da cor do sangue,
que a memória sempre traz.

Monte Real, 2 de Março de 2010
Joaquim Mexia Alves
_______________

Nota de CV:
(*) Vd. poste de 3 de Março de 2010 > Guiné 63/74 - P5922: Convívios (109): Tabanca do Centro, Monte Real, 26/2/2010: uma jornada de camaradagem e de solidariedade (Luís Graça / Joaquim Mexia Alves)

Vd. último poste da série de 2 de Março de 2010 > Guiné 63/74 - P5918: Blogpoesia (66): Querida Pátria (Albino Silva)

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Guiné 63/74 - P3758: Fauna & flora (13): Macaco cão a ladrar, gente do PAIGC a chegar (Joaquim Mexia Alves)

1. Mensagem de Joaquim Mexia Alves, com data de 13 do corrente:

Assunto - Macaco-cão

Caro Luís: Respondo-te só hoje, desculpa, à tua "provocação" sobre o macaco-cão (*).

Em primeiro lugar iria jurar que as duas fotografias foram tiradas na mesma altura e com o mesmo macaco, mas talvez não.

Uma coisa é certa, são as duas tiradas no Mato Cão, disso não tenho dúvidas.

Na segunda fotografia quem está comigo é o Tomango Baldé, que era um "tipo" um bocado arrevezado, mas bom combatente e muito valoroso.

A expressão "cabrito pé de rocha" nunca a tinha ouvido, portanto não era utilizada por aquelas paragens.

A "minha" gente deve ter comido aquele macaco, mas ao que me lembro era coisa muito esporádica.

Agora ratos, como conta o Jorge Cabral, isso sim! E era bem bom, pois tinha uns bocados que pareciam coxas de perdiz ou coisa parecida.

Comi uma ou duas vezes. Era, (pelo menos ali), cozinhado por alguns em óleo de palma/óleo de dendem, como o saborosíssimo chabéu, de que tenho grandes saudades de comer na varanda do Jamil Nasser, no Xitole.

Lembro-me também de ter morto um Facochero, e de me terem preparado um bife frito com banha da cobra, propriamente dita.

Quanto ao macaco cão, da zona do Mato Cão [, a noroeste de Bambadinca, na margem direita do Geba Estreito, frente a Nhabijões,] já andava um pouco arredado, daquilo que me lembro.

Mas tal como te contei, junto da Ponte dos Fulas [, destacamento no Rio Pulom, a norte do Xitole], e para a direita, para quem está voltado para Bambadinca, havia, depois de andar um pouco na mata, uma mata de cajueiros onde o macaco cão fazia poiso.

Lembro-me que era um grupo relativamente grande, mas quantos machos, fêmeas e crias, ó Luis, tem paciência mas não estava para aí voltado!!!

Recordo, sim, que os guias diziam que, se o macaco cão fazia muito barulho, era porque andavam perto o pessoal do PAIGC, e a explicação era que eles os comiam e era uma forma do grupo de macacos cães se avisarem uns aos outros.

Experimentei uma vez a carne, que ao que me lembro era adocicada, mas um dia vi numa tabanca, (da qual não me lembro o nome), a caminho do Saltinho, um macaco cão esfolado e pareceu-me um bébé recém nascido, pelo que pararam por aí as minhas degustações gastronómicas do referido animal.

Espero não chocar ninguém que leia os escritos da nossa Tabanca e não esteja habituado a estas coisas.

Se me lembrar de mais alguma coisa, logo te informarei.

Penso que o que aqui escrevo não serve para estudo nenhum, mas são sempre recordações.

Abraço camarigo do
Joaquim Mexia Alves
Ex-Alf Mil Pel Caç Nat 52
Mato Cão, 1973
joquim.alves@gmail.com

___________

Nota de L.G.:

(*) Vd. poste de 11 de Janeiro de 2009 > Guiné 63774 - P3720: Fauna & flora (2): Os macacos-cães do nosso tempo (Luís Graça / J. Mexia Alves)

quarta-feira, 25 de julho de 2007

Guiné 63/74 - P1997: Álbum das Glórias (22): O Alf Mil Pires, cmdt do Pel Caç Nat 63, em Mato Cão, na festa do meus 24 anos (Joaquim Mexia Alves)



Guiné > Zona Leste > Sector L1 > Bambadinca > Cuor > Destacamento de Mato Cão > 6 de Abril de 1973 > O Joaquim Mexia Alves, cmdt do Pel Caç Nat 52, recebe a visita do Pires, cmdt do Pel Caç Nat 63, no dia em que fez 24 anos. Um gesto bonito, de solidariedade e de camaradagem.


Fotos: © Joaquim Mexia Alves (2007). Direitos reservados.

1. Mensagem do nosso querido amigo e camarada, matulão, Joaquim Mexia Alves, ex- Alf Mil Op Esp, que esteve na Guiné, entre Dezembro de 1971 e e Dezembro de 1973, tendo pertencido à CART 3492 (Xitole), ao Pel Caç Nat 52 (Mato Cão / Rio Udunduma) e à CCAÇ 15 (Mansoa).


Caros Luis Graça e camaradas trabalhadores da Tabanca Grande

Corpo di bó ?

Bem hoje é apenas para enviar fotografias do Alf Mil Pires que à data, 6 de Abril de 1973, comandava o Pel Caç Nat 63, sediado em Fá Mandinga.

O Alf Pires foi ao Mato Cão neste dia em que eu fazia 24 anos para me dar um abraço.

Era um gajo porreiro e envio as fotografias para a história dos Pelotões Africanos (1) e para que talvez, vendo-as, se junte a nós.

Não sei se foi ele que substituiu o Jorge Cabral, mas penso que ainda houve outro Alferes de permeio.

Abraço amigo do

Joaquim Mexia Alves

joaquim.alves@termasdemontereal.pt

geral@termasdemontereal.pt
tel: +351 244 619 020 / fax: +351 244 619 029


____

Nota de L.G.:

(1) Vd. post de 28 de Junho de 2007 > Guiné 63/74 - P1896: Encontro dos Pel Caç Nat 51, 52, 53, 54, 55 e 56 (Henrique Matos)

terça-feira, 12 de maio de 2009

Guiné 63/74 - P4328: Recordações do 1º Comandante do Pel Caç Nat 52 (Henrique Matos) (7): Atolado no Mato Cão, com a CCAÇ 1439, a madeirense do Enxalé

Guiné > Zona Leste > Sector L1 (Bambadinca) > Mato Cão > Outubro ou Setembro de 1966 > Uma coluna de 3 Unimogues, da CCAÇ 1439 (Enxalé, 1965/67), a caminho de Missirá, passando por Mato Cão... Um pesadelo, no tempo das chuvas. Temos de reconhecer que eram umas máquinas fantásticas, possantes, flexíveis... Nunca nos deixavam mal, a não ser debaixo de uma mina A/C...

Fotos do soldado Leiria, da CCAÇ 1439, gentilmente cedidas ao ex-Alf Mil Henrique Matos, comandante do Pel Caç Nat 52 (Enxalé e Porto Gole, 1966/68). Recorde-se que o Henrique Matos, depois de chegar à Guiné, em Agosto de 1966, foi fazer o IAO a Bolama, para depois ser embarcado numa LDM e despejado no Enxalé, ferebte ao Xime, "ficando em reforço à CCAÇ 1439, independente, de madeirenses, adstrita ao BCAÇ 1888, sediado em Bambadinca".

Fotos: © Henrique Matos (2009). Direitos reservados

1. Mensagem do Henrique Matos, 1º comandante do Pel Caç Nat 52 (Enxalé, 1966/68):

Caro Luís e co-editores (ainda a tempo de dar as boas-vindas ao novo co-editor, o Eduardo)

Estando Mato Cão na berra com a última estória do Jorge (sempre surpeendente) e do Mexia Alves sobre o Bu...rako onde esteve com os nharros do 52 que eu ensinei e da bolanha que havia ao lado (**), mando uma fotos da estrada (?) que atravessava a mesma bolanha e por onde tínhamos de passar (penso que era por quinzena ou à semana, já não me recordo...) para levar reabastecimentos ao destacamento de Missirá ou quando precisavamos de ir à sede do Batalhão em Bambadinca.

Estas fotos, de que já não me lembrava, foram-me cedidadas pelo Leiria que era Condutor, no passado dia 9 no encontro da CCaç 1439 que se realizou na Praia da Vieira. Trata-se de uma coluna que fiz a Missirá, em Setembro ou Outubro de 1966 (época das chuvas), constituida por 3 Unimogues, única viatura que passava naquelas condições.

Na 1ª estou no Unimogue da frente (sou o único de camuflado novo, ainda era periquito). Repare-se que este Unimogue tinha guincho, uma peça fundamental quando ficávamos atascados. Na 2ª estou ali na frente a ver não sei o quê, e a 3ª é para apreciar a navegação da viatura.

Aproveito para enviar uma foto do encontro que já referi, onde só apareceram 8 elementos e respectivas famílias. O nono sou eu que apenas fui para o Enxalé reforçar a companhia, já eles tinham mais de meia comissão. Embora sejam uns jarretas (foi mesmo o que lhes chamei) que não vão à Internet, os filhos prometeram mostrar a foto aos pais.

Praia da Vieira, Vieira de Leiria, Marinha Grande > 9 de Maio de 2009 > Convívio da malta da CCAÇ 1439 (Enxalé, 1965/67). O Henrique Matos é o segundo a contar da direita.

Foto: © Henrique Matos (2009). Direitos reservados

Só uma nota final: Falava-se no meu tempo que a origem do nome Mato Cão ou Mato de Cão se devia à existência naquela zona de muitos babuínos, mais conhecidos por Macaco Cão. Confirmo, porque os vi às dezenas numas árvores frondosas que lá havia. E quando não havia macacos era mau sinal, havia gente por perto (**).

Agora façam disto o que entenderem.

Como sempre, aquele abraço e até à Ortigosa [, dia 20 de Junho de 2009].

Henrique Matos (***)

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Notas de L.G.:


(*) Vd. postes de:

11 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4317: Os Bu... rakos em que vivemos (8): Estância de férias Mato de Cão, junto ao Rio Geba (J. Mexia Alves)

11 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4321: Os Bu...rakos em que vivemos (9): No Mato Cão, com o Ten-Cor Polidoro Monteiro, em finais de 1971 (Paulo Santiago)

Vd. também poste de 6 de Abril de 2009 > Guiné 63/74 - P4146: Parabéns a você (3): No dia 6 de Abril de 2009, ao camarigo Joaquim Mexia Alves, ex-Alf Mil Op Esp, Guiné 1971/73 (Editores)


(**) Vd. poste de 19 de Janeiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3758: Fauna & flora (13): Macaco cão a ladrar, gente do PAIGC a chegar (Joaquim Mexia Alves)

Vd. também poste de 27 de Maio de 2007 > Guiné 63/74 - P1787: Embaixador Manuel Amante (Cabo Verde): Por esse Rio Geba acima...

(...) Na minha infância e adolescência fiz muitas viagens pelo interior da Guiné-Bissau durante a luta de libertação. Mas o que mais me encantava (70/73), pelas paisagens e desafios, era subir o Rio Geba, nas férias ou mesmo nos fins de semana, num dos barcos de passageiros do meu Pai (o Bubaque, antiga traineira algarvia, adquirida pela Marinha portuguesa e transformada, nos inícios da guerra, em Lancha Patrulha nº4, até ser comprada pelo meu Pai e transformada em navio de transporte, mais popularmente conhecido por Djanta Kú Cia).

A jornada começava com a enchente da maré, passando por Portogole, Ponta Varela, Xime e daqui para a frente quase sempre a rasar as margens, ora de um lado ora de outro, ver passar o Mato Cão e Nhabijões até chegar ao pequeno mas movimentado porto de Bambadinca, onde sempre havia lanchas e batelões.

Não raras vezes, no regresso, saíamos de noite de Bambadinca rezando, tripulantes e passageiros, para que nada acontecesse até passarmos o Mato Cão. Salvo raras ocasiões, as preces foram escutadas. O encanto era absorvente em noites de luar a descer o Geba a favor da maré, com o maquinista a ficar satisfeito, em termos de rotações do motor, só quando via faíscas e fumo espesso a sair da chaminé. Parecia que andávamos numa estrada cheia de curvas tal a velocidade com que descíamos o rio. As apreensões só desapareciam, na última curva, quando víamos as luzes do quartel do Xime. De noite Ponta Varela não constituía perigo. Passávamos a uma razoável distância.

Faço estas referências porque acabei por rever muitas imagens de Bambadinca e das suas gentes, onde passei férias com mais colegas estudantes e ia à caça, idas à boleia em viaturas militares ou civis, sem escoltas até ao Xime para ver o macaréu passar, cambanças para a outra margem do porto de Bambadinca de canoa, visita ao aquartelamento de Nhabijões que muito impressionou pela vetustez das instalações e más condições que facultava. (...)



(***) Vd. postes anteriores da série:

14 de Setembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2105: Recordações do 1º Comandante do Pel Caç Nat 52 (Henrique Matos) (1): Ataque a Missirá em 22 de Dezembro de 1966 (Parte I)

14 de Setembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2107: Recordações do 1º Comandante do Pel Caç Nat 52 (Henrique Matos) (2): Ataque a Missirá em 22 de Dezembro de 1966 (Parte II)

6 de Outubro de 2007 > Guiné 63/74 - P2158: Recordações do 1º Comandante do Pel Caç Nat 52 (3): O famigerado granadero do Enxalé, da CCAÇ 1439 (1965/67)

11 de Outubro de 2007 > Guiné 63/74 - P2173: Recordações do 1º Comandante do Pel Caç Nat 52 (Henrique Matos) (4): O capitão de 2ª linha Abna Na Onça, régulo de Porto Gole

18 de Outubro de 2007 > Guiné 63/74 - P2191: Recordações do 1º Comandante do Pel Caç Nat 52 (Henrique Matos) (5): O baptismo de um periquito no Enxalé

23 de Dezembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2376: Recordações do 1º Comandante do Pel Caç Nat 52 (Henrique Matos) (6): Insularidade e solidariedade no Natal dos açorianos

Vd. também outros poestes do Henrique Matos:

22 de Junho de 2007 > Guiné 63/74 - P1871: Tabanca Grande (15): Henrique Matos, ex-Comandante do Pel Caç Nat 52 (Enxalé, 1966/68)

3 de Agosto de 2007 > Guiné 63/74 - P2025: O cruzeiro das nossas vidas (7): Viagem até Bolama com direito a escalas em Leixões, Mindelo e Praia (Henrique Matos)

30 de Setembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3256: Gloriosos Malucos das Máquinas Voadoras (5): Lembrando o Ten Pil Av Bettencourt (Henrique Matos)

13 de Março de 2009 > Guiné 63/74 - P4023: Memória dos lugares (19): Porto Gole, 1966, muito antes das tristes valas comuns... (Henrique Matos)

27 de Março de 2009 > Guiné 63/74 - P4085: O trauma da notícia da mobilização (4): Ir em rendição individual e, para mais, 'substituir um morto'... (Henrique Matos)