sexta-feira, 2 de junho de 2017

Guiné 61/74 - P17424: (De) Caras (67): Almoço-convívio anual de 'Os Lacraus', CART 2479 / CART 11 (Contuboel, Nova Lamego, Piche, Paunca, 1969-1970/71... Em Mem Martins, Sintra, em 27/5/2017... Para o ano será na Nazaré (Valdemar Queiroz)


Sintra > Mem Martins > Restaurante Retiro dos Caçadores > 27 de maio de 2017 > Almoço-convívio 2017 da Cart 2479 / CART 11 >  A.Duarte, Oliveira e Marques




Sintra > Mem Martins > Restaurante Retiro dos Caçadores > 27 de maio de 2017 > Almoço-convívio 2017 da Cart 2479 / CART 11 > Pais de Sousa e Aurélio Duarte




Sintra > Mem Martins > Restaurante Retiro dos Caçadores > 27 de maio de 2017 > Almoço-convívio 2017 da Cart 2479 / CART 11 >



Sintra > Mem Martins > Restaurante Retiro dos Caçadores > 27 de maio de 2017 > Almoço-convívio 2017 da Cart 2479 / CART 11 >  Pais de Sousa e Valdemar Queiroz



Sintra > Mem Martins > Restaurante Retiro dos Caçadores > 27 de maio de 2017 > Almoço-convívio 2017 da Cart 2479 / CART 11 > Canatário e Macias (Alentejo do norte e  do baixo. respetivamente)



Sintra > Mem Martins > Restaurante Retiro dos Caçadores > 27 de maio de 2017 > Almoço-convívio 2017 da Cart 2479 / CART 11 >  Aspeto parcial mesa (1)



Sintra > Mem Martins > Restaurante Retiro dos Caçadores > 27 de maio de 2017 > Almoço-convívio 2017 da Cart 2479 / CART 11 >  Aspeto parcial mesa (2)



Sintra > Mem Martins > Restaurante Retiro dos Caçadores > 27 de maio de 2017 > Almoço-convívio 2017 da Cart 2479 / CART 11 > Fachada do restaurante: Estrada de Mem Martins, 143, Mem Martins, Sintra


Fotos (e legendas): © Valdemar Queiroz  (2017). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Mensagem do Valdemar Queiroz [, ex-fur mil, CART 2479 / CART 11, Contuboel, Nova Lamego, Canquelifá, Paunca, Guiro Iero Bocari, 1969/70]



Data - 30/05/2017




Assunto - Convívio 2017 d 'Os Lacraus' da CART 2479-CART11 Guiné 1969-1970/71


Realizou-se, em 27 do corrente,  mais um almoço/encontro/convívio da rapaziada da CArt 2479 / CArt11 e familiares, no Restaurante 'Retiro dos Caçadores', em Mem Martins (Sintra),

Mais uma vez foi organizado pelo Artur Dias.  ex-Sold.Condutor da Companhia.  Foi a 27ª edição.

Foi uma tarde bem passada e voltamos a recordar alguns bons momentos de Nova Lamego, Canquelifá e Paunca.

Apareceu o Oliveira, 1º Cabo da arrecadação, sempre o mesmo 'finório' e antigo 'reguila alfacinha', recebido com grande simpatia. 

Também apareceu um poeta, com um livro de poemas e direito a declamação, que pertenceu ao Pel. Armas Pesadas que esteve connosco em Piche.

Para o ano há mais e vai ser na Nazaré.

Guiné 61/74 - P17423: Agenda Cultural (564): Há Arraial da Mouraria, 10ª edição: atuação da banda musical portuguesa "Melech Mechaya", sexta-feira, dia 2 de junho, às 19h00, no Largo da Rosa, Mouraria, Lisboa


Página do Facebook de Renovar a Mouraria




Sexta feira, dia 2 de junho, às 19h00,
no coração da Lisboa  popular, festiva, 
inclusiva, pluriétnica e pluricultural

Lisboa (metro: Martim Moniz)
Espetáculo: Entrada de borla!...



1. Com a devida vénia à RTP  Notícias, de 29 de maio de 2017 > Nova "Aurora" dos Melech Mechaya passa por Lisboa e Castelo Branco


(...) Os Melech Mechaya já estão na estrada a apresentar o novo álbum "Aurora". O próximo concerto está marcado para dia 2 de junho no Arraial da Mouraria, em Lisboa. No dia seguinte é a vez do Cine-Teatro Avenida, em Castelo Branco. A comemorar 10 anos de carreira, o 4º álbum do quinteto conta com muitos amigos e algumas estrelas.

O disco foi misturado por Tony Harris (que trabalhou com nomes como R.E.M., Sinead O'Conner e Verve), "que lhe emprestou uma sonoridade tão peculiar que primeiro estranhamos, mas que rapidamente se entranhou em nós", revela Miguel Veríssimo. (...)


O quarto álbum de originais dos Melech Mechaya inclui as participações especiais dos portugueses Filipe Melo (piano) e Noiserv que para além de emprestar a voz fez a letra do tema "Boom", e da cantora espanhola Lamari de Chambao que cantou o tema "Un Puente".

"Hoje somos praticamente uma banda Ibérica. Para nós Espanha é quase como uma segunda casa. Nos últimos cinco, seis anos, damos quase tantos concertos lá como em Portugal. A participação de Lamari de Chambao neste disco é para nós algo e muito especial", explica no Jornal 2 Miguel Veríssimo. (...)


2. Vd. ainda Melech Melechaya > 


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Nota do editor:

Último poste da série > 31 de maio de 2017 > Guiné 61/74 - P17416: Agenda Cultural (563): Apresentação das obras literárias: "Revisitar Goa, Damão e Diu", pelo Prof Doutor Valentino Viegas; "Memórias do Oriente", do Coronel Luís Dias Antunes; "De Bragança a Macau", do Superintendente Isaías Teles; e "Radiografia Militar e os 4 DDD", do Dr. Manuel Barão da Cunha, dia 3 de Junho de 2017, na Casa de Goa, Lisboa

Guiné 61/74 - P17422: Parabéns a você (1263): António Barbosa, ex-Alf Mil Op Esp do BART 6523 (Guiné, 1973/74) e Osvaldo Colaço, ex-Fur Mil Art da CCAÇ 3566 (Guiné, 1973/74)


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Nota do editor

Último poste da série de 31 de maio de 2017 > Guiné 61/74 - P17412: Parabéns a você (1262): Mário Beja Santos, ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52 (Guiné, 1968/70)

quinta-feira, 1 de junho de 2017

Guiné 61/74 - P17421: Historiografia da presença portuguesa em África (78): Erros, gralhas e imprecisões na notícia sobre a visita do Subsecretário de Estado das Colónias à Guiné em 1947 (Armando Tavares da Silva)


Foto nº 1


Foto nº 2


Foto nº 3


Fonte: Boletim Cultural da Guiné Portuguesa, vol II - Número Especial, [Comemorativo do V Centenário da Descoberta da Guiné], 1947, 542 pp. [Disponível "on line" aqui]


[O Boletim Cultural da Guiné Portuguesa, "órgão de Informação e Cultura da Colónia", foi criado em 21 de julho de 1945. pelo então governador Sarmento Rodrigues, 

O Centro de Estudos da Guiné Portuguesa publicou durante 28 anos, entre 1946 e 1973, 110 números normais do Boletim e um número especial [, este, em outubro de 1947].

Esta publicação periódica é de excecional interesse para o conhecimento  científico da presença histórica portuguesa na Guiné-Bissau, e portanto para a história do país antes da independência. Não tem paralelo em outras publicações nos outros territórios ultramarinos portugueses. 

Esta colecção de obras foi digitalizada e incorporada na Memória de África Digital com autorização do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisa (INEP) da Guiné-Bissau, entidade que sucede ao Centro de Estudos da Guiné Portuguesa e, portanto, a actual detentora dos direitos sobre esta publicação. lê-se no portal das Memórias de África e do Oriente .

"O Portal das Memórias de África e do Oriente é um projecto da Fundação Portugal-África desenvolvido e mantido pela Universidade de Aveiro e pelo Centro de Estudos sobre África e do Desenvolvimento desde 1997. É um instrumento fundamental e pioneiro na tentativa de potenciar a memória histórica dos laços que unem Portugal e a Lusofonia, sendo deste modo uma ponte com o nosso passado comum na construção de um identidade colectiva aos povos de todos esses países."



I. Mensagem do nosso amigo e grã-tabanqueiro Armando Tavares da Silva, autor de “A Presença Portuguesa na Guiné, História Política e Militar (1878-1926)” (Porto: Caminhos Romanos, 2016, 972 pp.)


Caro Luís Graça,


Alguns comentários – já com algum atraso – ao Post 17377 de 19 de Maio (*):


1. O primeiro é que é preciso cuidado com o que aparece escrito nos jornais, pois é vulgar encontrar-se erros, gralhas e imprecisões.

2. A última campanha de Canhabaque é de 1935-36, aparentemente motivada por os indígenas se recusarem à limpeza e abertura de estradas. Possivelmente foi escusada e resultado de falta de tacto e diplomacia…

3. Porto Gole estaria perto do ponto que Diogo Gomes atingiria em 1456 quando percorreu a parte navegável do Geba; daí para a frente os bancos de areia presentes na baixa-mar terão impedido a passagem aos navios. No Geba,  Diogo Gomes observou bem o que era o macaréu!

4. Quanto aos “91 anos de penetração portuguesa” estamos em presença de outra gralha monumental! Em vez de 91 deveria estar escrito 491!

5. A ponte visitada por Sá Carneiro a 7 de Fevereiro, segundo a notícia, foi a “grande ponte do Corubal”,  construída em 1937.

Uma outra ponte em cimento armado sobre o rio Mansoa fora inaugurada em Maio de 1923, pelo governador Vellez Caroço, ponte esta que tomaria o seu nome. 


Nos planos deste governador esteve a construção de uma ponte sobre o Corubal, o que foi abandonado para que as verbas disponíveis permitissem terminar a construção da ponte sobre o Mansoa, e por estar a findar a época seca. 

Em Junho de 1947 seriam iniciados trabalhos para substituir a antiga ponte Vellez Caroço, inutilizada nos seus pilares e tabuleiro. A ponte do Saltinho no Corubal, projectada para permitir a ligação do Norte com o Sul da colónia durante 7 meses no ano, foi iniciada em fins do mesmo ano de 1947.

6. Sobre queda de pontes, lembremo-nos do que sucedeu em 2001 em Entre-os-Rios!

7. A condecoração dos “grandes chefes, companheiros de Teixeira Pinto” terá ocorrido na véspera, 6 de Fevereiro, no Gabú (e não em Bambadinca). Foram condecorados com a medalha de prata de Dedicação e Mérito os régulos Madiu Embaló, Saliu Embaló, Demba Só e Malam Embaló. Dois cipaios foram também condecorados: Uri Jaló e Babá Galé.

Seguem em anexos 3 imagens relativas à recepção dispensada ao subsecretário de estado das colónias por chefes fulas, e a condecoração de um deles.

Anexo ainda uma carta da Guiné (de Teixeira da Mota) com o itinerário percorrido pelo governante, com indicação das obras na altura existente no território e, a sublinhado, as que ele iniciou ou as que estavam em construção.[A publicar, com maior detalhe,  no próximo poste da série.]

Como estará tudo nesta altura?


PS - A fonte desta documentação é o número especial de Outubro de 1947 do "Boletim Cultural da Guiné Portuguesa" (BCGP).

As imagens foram tiradas de uma cópia pessoal do BCGP e digitalizadas por mim. Não as utilizei no meu livro.



A foto [nº 2] com os cavaleiros fulas está na p.359; a foto [nº 1] em que um régulo é condecorado está na p. 358; a foto [nº 3] em que o subsecretário de estado é levado em triunfo está na p.361. 
A carta da Guiné do Teixeira da Mota está entre as ps. 454 e 455.

O artigo do Boletim é do cmdte Avelino Teixeira da Mota (na altura 2ºtenente), dedicado colaborador de Sarmento Rodrigues. Já faleceu, e tanto quanto pude apurar, sem descendência. Tinha, pelo menos, um irmão, mas não creio que, não sendo descendente, tenha direitos sobre os trabalhos do irmão. Assim como não creio que o actual INEP disponha de idênticos direitos. Os guineenses devem simplesmente ter "tomado conta" das instalações e espólio. O Boletim terminara.

Penso que seria bonito publicar estes elementos como uma homenagem ao Teixeira da Mota. Os seus trabalhos são capitais no que respeita à Guiné.




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Nota do editor:

Vd. poste de 19 de maio de 2017 >  Guiné 61/74 - P17377: Historiografia da presença portuguesa em África (76): Subsecretário de Estado das Colónias em visita triunfal à Guiné, de 27/1 a 24/2/1947 - Parte V: De regresso, de Bafatá a Bissau, sexta-feira. 7 de fevereiro, com passagem por Fá (Mandinga), Bambadinca, Xitole e Porto Gole

Último poste da série > 1 de junho de 2017 > Guiné 61/74 - P17419: Historiografia da presença portuguesa em África (77): "Guiné, Alvorada do Império", 1952, um álbum de glórias do Governador Raimundo Serrão (Mário Beja Santos)

Guiné 61/74 - P17420: (De) Caras (66): Tabanca de Faro reuniu 75 participantes no seu 2º encontro anual, em 20 de maio último (Eduardo Estrela, ex-fur mil, CCAÇ 14, Cuntima, 1969/71)


Foto nº 1 > Faro > Tabanca de Faro > 2º Encontro anual  > 20 de maio de 2017 > Foto parcial do grupo  de participantes cujo total era da ordem dos 75.


Foto nº 2  > Faro > Tabanca de Faro > 2º Encontro anual  > 20 de maio de 2017 >  Junto ao monumento aos combatentes de Faro: da esquerda para a direita, o Zé Luís, o Vila Nova, o Aníbal, o Luis Formiga e eu, [ Não  está identificado o camarada que, em primeiro plano,  segura a coroa das flores]  


Foto nº 3 >  Faro > Tabanca de Faro > 2º Encontro anual  > 20 de maio de 2017 > Almoço de convívio: da esquerda  para a direita,  o Fernando Silva, o Jorge Martins, o Humberto Rosa, o Zé Augusto Vidal, eu   e a minha mulher Antonieta Estrela.


Fotos (e legendas):  © Eduardo Estrela (2017). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Mensagem de 30 de maio p.p., enviado pelo Eduardo Estrela [ ex-Fur Mil da CCAÇ 14, Cuntima, 1969/71]

Luis!

Aí vão três fotografias do nosso encontro de Faro (*).

A 1ª, tirada nas escadas do acesso ao jardim do restaurante,  não contempla toda a malta que se reuniu, pois as escadas eram pequenas para os cerca de 75 participantes. 

A 2ª foi tirada junto ao monumento que evoca os companheiros naturais do concelho de Faro, arrancados à vida na flor da idade. Na mesma estão da esquerda para a direita, o Zé Luís, o Vila Nova, o Anibal, o Luis Formiga e eu. Não me recordo do nome do camarada que segura a coroa das flores, enquanto escutávamos a alocução do amigo Dr. João Botelheiro. 

A 3ª. fotografia,  feita na mesa do restaurante, tem da esquerda para a direita  o Fernando Silva, o Jorge Martins, o Humberto Rosa, o Zé Augusto Vidal, eu e a minha mulher Antonieta Estrela.

No passado sábado 27, estive no almoço do BCaç 2879 ao qual a CCaç 14 estava agregada. O encontro aconteceu no Folgosinho, Gouveia, e teve cerca de 200 participantes.

Um abraço meu e da malta da Tabanca de Faro, nome já escolhido como refere o Zé Viegas.

Eduardo Estrela

PS - Diz o Povo e com razão " O que abunda não anula"... Depois de ter enviado as fotografias, visitei o blogue e verifiquei que uma delas já lá está inserida a das escadas (a foto nº 1). Aproveito para identificar a senhora. que está na direita do Zé Luís. Trata-se da sua esposa, dona Isabel Pratas. (**)

2. Comentário do editor LG

Eduardo, obrigado. Aqui tens as tuas fotos e o teu texto... Não tinha reparado na esposa do Zé Luís (*)... O Zé Viegas não me mandou a legenda... Voltaremos a publicar a "foto de família"... 75 participantes, dizes tu ? Ótimo, têm que se reunir mais vezes durante o ano.

PS -  Tens fotos da malta da CCAÇ 14 que foi ao último convívio do BCAÇ 2879 ? Temos falado pouco de vocês, CCAÇ 14...

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Notas do editor:

Guiné 61/74 - P17419: Historiografia da presença portuguesa em África (77): "Guiné, Alvorada do Império", 1952, um álbum de glórias do Governador Raimundo Serrão (Mário Beja Santos)



1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70) com data de 23 de Maio de 2017:

Queridos amigos,
Nunca tinha ouvido falar neste álbum de glorificação do Governador Raimundo Serrão, que sucedeu a Sarmento Rodrigues.
Aqui se conta a história como cheguei à biblioteca ultramarina da Caixa Geral de Depósitos, hoje proprietária do riquíssimo arquivo histórico do Banco Nacional Ultramarino, onde há documentação de grande importância para o estudo da história da Guiné.
Agradeço publicamente à senhora D. Filomena Rosa a gentileza que teve em fotografar todas estas imagens que nos ajudam a conhecer um pouco mais o passado da Guiné.

Um abraço do
Mário


Guiné, Alvorada do Império, 1952

Beja Santos

Vale a pena contar a história de como tomei conhecimento desta obra. Licitei-a num leilão de livros online, jamais ouvira falar em tal livro, o que acontece é que alguém licitou mais forte e arrebatou-me a presa. Fui no dia seguinte à casa de leilões e folheei o livro, que tem a forma de um álbum. É a consagração propagandística do Governador Raimundo Serrão, que governou a Guiné de 1949 a 1952. É pois um álbum de vaidades em que se omite discretamente que o governador inaugurou muita coisa deixada pelo seu antecessor, Sarmento Rodrigues. Pedi informações aos bibliotecários da Sociedade de Geografia de Lisboa; palavra puxa palavra foi-me referido o arquivo histórico do BNU, ali seguramente poderia consultar o exemplar. Contactei o Gabinete de Património Histórico da Caixa Geral de Depósitos, assim cheguei à Biblioteca Ultramarina, sediada em Sapadores. Descobriu uma carrada de leituras para fazer e refazer. E alguém me chamou à atenção para um património de investigação valiosíssimo, poucas vezes frequentado: os relatórios de exercício do BNU na Guiné, de 1916 até 1974. É por estas e por outras que estou firmemente convencido que a minha relação com a Guiné só acaba quando eu acabar.

Vejamos agora a surpresa desta “Guiné, Alvorada do Império”. Não se esconde de modo algum que não se trata de um álbum de glórias, abre-se mesmo com o seguinte parágrafo: “Decorre o terceiro aniversário da posse do Governador Engenheiro Raimundo Serrão. Esta obra fica a assinalar uma data e a marcar para a vida da Guiné um dos seus passos mais decisivos. O engenheiro Serrão é um puritano da arte, um perfeito esteta que o escalpelo da sua ação e experiência burila e retoca com segura mestria e amplia até, como se asas gigantescas a atirassem a grandes alturas, em busca de perfeição”. Está tudo dito.

Depois um pouco de história antes de chegarmos aos triunfos que consagraram a obra do governador. Primeiro, uma galeria de governantes. Fala-se depois da pacificação, dizendo que o período da ocupação, de 1879 a 1918 é uma comovedora odisseia; soldados e colonos, irmanados pelos mesmos sentimentos, trouxeram à Guiné a certeza dos seus destinos e a Portugal esse orgulho adormecido que tornou grande, essa grandeza que encheu séculos e concebeu impérios ao fluxo de novas civilizações. Dá-se realce às operações do Capitão Teixeira Pinto na pacificação, das três imagens que ali se publicam sobre Abdul Indjai retirei uma que não conhecia, até agora não a tinha visto publicada.

Seguem-se imagens de Bissau de ontem, o cais do Pidjiquiti está sempre presente, a residência do governador era bem modesta, mostram-se os principais edifícios, havia repartições públicas dentro de Amura, com os seus canhões apontados para o Geba mas também para Intim e Bandim. Mais adiante fala-se de uma obra de grande valor humanitário, o Asilo da Infância Desvalida, fundado em 1934. E depois um atropelo de imagens, onde se misturam celeiros, depósitos de água, centrais elétricas, a chegada do ensino liceal, a Estação Zootécnica de Bissorã, alguma pompa e circunstância na inauguração de diferentes postos sanitários, caso de Bambadinca e Contuboel. No final, um rol de trabalhos para glória do governador Serrão. Tenho para mim que é valor de muitas destas imagens que justifica o pedido que fiz à responsável pela biblioteca ultramarina para nos ceder este acervo e só espero que vos satisfaça a curiosidade de olhar uma Guiné que já não existe.

Peço a vossa atenção para o texto da sentença arbitral de Ulysses Grant, o presidente norte-americano que dirimiu a chamada questão de Bolama. A sua estátua foi criminosamente derretida, tirou-se aos bolamenses e aos guineenses em geral um vestígio da sua identidade.
















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Nota do editor

Último poste da série de 19 de maio de 2017 > Guiné 61/74 - P17377: Historiografia da presença portuguesa em África (76): Subsecretário de Estado das Colónias em visita triunfal à Guiné, de 27/1 a 24/2/1947 - Parte V: De regresso, de Bafatá a Bissau, sexta-feira. 7 de fevereiro, com passagem por Fá (Mandinga), Bambadinca, Xitole e Porto Gole

quarta-feira, 31 de maio de 2017

Guiné 61/74 - P17418: Inquérito 'on line' (117): Imagens com história: a minha ida a Fátima (4/4/1965) e a minha chegada ao Cais da Rocha Conde de Óbidos (4/4/1974) (Jorge Araújo)




I. Mensagem do nosso colaborador permanente, Jorge Araújo, com data de 23 do corrente:

Caro Luís,

Com algum atraso, por dificuldades de gestão da(s) agenda(s) - a minha e a dos meus - só agora conclui a resposta ao teu apelo relacionado com a temática "FÁTIMA" e os resultados apurados no inquérito "on-line". (*)


É curta a narrativa, mas é a possível neste "Mês do Coração".

Um abraço, com saúde da boa.

Jorge Araújo.





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 Nota do editor:

Último poste da série >  18 de maio de 2017 > Guiné 61/74 - P17375: Inquérito 'on line' (116): Fátima... Num total (final) de 84 respostas, conclui-se que : (i) todos lá fomos, pelo menos uma vez na vida, antes (44%), durante (8%) ou depois da tropa (20%); (ii) não tanto como peregrinos (20%) mas mais como turistas (55%)... A questão admitia mais do que uma resposta.


(...) O facto mais surpreendente é que todos nós, ex-combatentes, crentes ou não crentes, já fomos a Fátima, num dado momento da nossa vida, uma ou mais vezes.

A maioria (55%) respondeu que foi lá "como simples turista ou em passeio". E só um em cada cinco admitiu que foi lá como "verdadeiro peregrino ou crente" (20%).

Os que lá foram logo depois de vir do ultramar (17%) ou muitos anos depois de vir do ultramar (20%) somam mais de um terço. Nestes haverá, por certo, um nº razoável de pagadores de promessas, mas que é difícil de quantificar, talvez uns 10% ou menos dos respondentes.(**)

Faltam-nos testemunhos de camaradas que tenham ido em peregrinação a Fátima, a pé ou de carro, por razões de fé, e nomeadamente no pagamento de promessas feitas por ocasião da guerra no ultramar /guerra colonial (por ex., não ter sido mobilizado, não ter ido como atirador, não ter morrido ou não ter sido ferido, ter voltado são e salvo).

Mas este é um assunto do foro íntimo, é difícil encontrar camaradas dispostos a dar, em público, no nosso blogue, o seu testemunho sobre a sua ida a Fátima. (...)

Guiné 61/74 - P17417: Falsificações da história (2): o ataque a Bambadinca em 28/5/1969: eu estava lá !... e vou enviar em breve um texto conjunto com o Fernando Calado com a nossa versão dos acontecimentos (Ismael Augusto, ex-alf mil manut, CCS/BCAÇ 2852, Bambadinca, 1968/70)



Guiné > Zona leste > Setor L1 > Bambadinca > CCS/BCAÇ 2852 (1968/70) > Da esquerda para a direita: o fur mil José Carlos Rodrigues Lopes, dos reabastecimentos, um mecânico (que não consigo identificar) , o Ismael Quitério Augusto (que estava de oficial de dia, como se fica a saber pela braçadeira vermelha), e o 2º sargento Daniel (se não erro: 2º srgt mecânico auto Rui Quintino Guerreiro Daniel).(*)

No Pelotão de Manutenção, constituído por 32 militares, havia um oficial de manutenção (o Ismael Augusto), um 2º srgt mecânico auto (o Daniel), um fur mil mec auto (o Herculano José Duarte Coelho), dois 1ºs cabos mec auto (João de Matos Alexandre e António Luis S. Serafim), mais três soldados mec auto (Amável Rodrigues Martins, Rodrigo Leite Sousa Osório e Virgílio Correia dos Santos)... Tinha ainda um 1º cabo bate-chapas (o Otacílio Luz Henriques, mais conhecido por "Chapinhas"), um correeiro estofador (1º cabo Norberto Xavier da Silva) e ainda um mecânico electro auto (Vieira João Ferraz). Os restantes dezanoveeram condutores auto: primeiros cabos (2) e soldados (17)...

Foto: © José Carlos Lopes (2013). Todos os direitos reservados. (Edição e legendagem: Blogue Luís Graça.)



1. Mensagem de ontem, do Ismael Augusto, membro da nossa Tabanca Grande, cmdt do pelotão de manutenção, CCS/BCAÇ 2852 (Bambadinca, 2852),

Amigo e Camarada Luis Graça:

Tenho lido as versões mais disparatadas sobre o ataque, ou flagelação a Bambadinca. Esta é a mais fantasiosa. Não tem pés nem cabeça. (**)

Mantive-me em silêncio por considerar que cada um tem direito ás suas versões, vividas ou ouvidas de terceiros e também por saber que a memória muitas vezes atraiçoa. Também mantive o silêncio por considerar que haveria temas mais relevantes.

Mas sempre e apesar de tudo entendi que um dia talvez fosse o tempo de dizer alguma coisa.

Como perguntaria o saudoso Batista Bastos, se por acaso entrevistasse alguém sobre este tema "Onde é que estava no 28 de Maio de 1969, quando do ataque a Bambadinca? " Se a pergunta me fosse dirigida diria, como muitos outros amigos, eu estava lá, em Bambadinca.

O único mérito desta afirmação é que de facto estava lá.

Vou enviar em breve um texto conjunto com o Fernando Calado, que também lá estava e que se não for completo, terá o mérito de conter o essencial do que aconteceu.

Acrescentarei uma história, que acho divertida, que me foi contada na mesma Bambadinca, em Junho de 1995, por um antigo comandante do PAIGC, que comandava um bi-grupo na noite do ataque.

Até lá um grande abraço e os parabéns sempre renovados pelo excelente trabalho que tu e toda a equipa do blogue vem fazendo. A reconstrução das memórias é uma tarefa sem preço.

Ismael Augusto

2. Comentário do editor LG:

Obrigado, Ismael... Fico radiante com o teu mail e o prometido texto a quatro mãos...

Estou de acordo que se publiquem todas as versões, porque os olhos e os ouvidos de cada um são únicos... Mas, no teu/meu/nosso blogue, há o saudável princípio do contraditório... Sem
triangulação de fontes e saturação de versões não há "verdade histórica"...

Gostava de saber mais sobre este repórter de guerra, Al J. Venter (**), que devia ser próximo, política e ideologicamente, do regime de então... Só sei que ele visitou Bambadinca um ano depois do ataque, já vocês, a malta do BCAÇ 2852,  deviam estar em casa...

Arranjei esta série ("Falsificações da história") justamente para podermos rebater, com elegância e sentido de humor, aldrabices e fanfarronices que por aí se escrevem, a par de lapsos, imprecisões, erros... de um lado e do outro. Estamos a falar de "factos históricos", não de leituras da história: aí cada um lê ca história com os "óculos" que tem, ou seja, com suas "grelhas de leitura"...

Há imprecisões factuais que persistem, deliberadamente ou não,  e que acabam por serem fixadas na literatura, na comunicação social, na Net, etc. . Uma delas foi Madina do Boé, como local da proclamação (unilateral) da independência da Guiné-Bissau, em 24/9/1973... O nosso blogue já publicou postes suficientes para corrigir este "erro toponímico"... Outro mito que persiste é o início da guerra na Guiné em 23/1/1963, com o ataque a Tite...Ora o terror e o contraterror, a guerra subserviva e contrassubersiva, em suma, a guerra colonial, já tinha começado há muito mais tempo, e envolveu inicialmente outros atores para além do PAIGC...

Temos o "dever de memória", de ambos os lados... As nossas histórias, mesmo com h pequeno, fazem parte da história comum, com H grande, dos nossos dois povos e países...

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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 14 de março de 2013 > Guiné 63/74 - P11249: Tabanca Grande (390): Ismael Augusto (ex-alf mil manut, CCS/BCAÇ 2852, Bambadinca, 1968/70), novo grã-tabanqueiro, nº 609