domingo, 19 de outubro de 2014

Guiné 63/74 - P13760: Agenda cultural (343): Evocação do Centenário da I Guerra Mundial: Os "Dias da Memória" na Assembleia da República (17-19 de outubro de 2014)

Do sítio da Assembleia da República, com a devida vénia...



1. A Assembleia da República, casa da nossa democracia,  está a comemorar o Centenário da I Guerra Mundial, levando a efeito um conjunto de iniciativas que abarcam um período que vai de outubro de 2014 até 2018.

A evocação deste período histórico, pelo Parlamento, começou  no dia 7 de outubro, incluindo:


(ii)  inauguração da exposição "Portugal e a Grande Guerra" ;

(iii)  e, nos dias 17 a 19 do corrente,  a realização Os Dias da Memória (, "uma iniciatiiva inédita em Portugal", ou talvez não: os combatentes da guerra colonial estão a fazê-lo há anos, sem qualquer apoio institucional, nem cobertura mediática, discretamente, por imperativo de "dever de memória", e justamente por que sabem que são uma geração que vai desaparecer, como já desapareceu toda a geração que integrou o corpo expedicionário português da I Guerra Mundial, ou como está já praticamente extinta a geração dos nossos pais, que estiveram em missões de soberania na II Guerra Mundial, na Madeira,  Açores, Cabo Verde, etc.)


Lisboa > 1917 > Joshua Benoliel  (1873-1932) > "A caminho do dever: um adeus carinhoso".  Publicada na época, na "Ilustração Portugueza". Imagem do domínio  público. Cortesia do blogue Citizen Grave > quarta-feira, 31 de Outubro de 2012 > Joshua Benoliel e a Ilustração Portugueza... É uma das obras-primas deste pai do fotojornalismo português, umna verdadeira "foto falante". [Editada por L.G.]



2. Os Dias da Memória, a decorrer entre de 17 a 19 de outubro,  têm "como objetivo incentivar a participação dos cidadãos no estudo e divulgação da memória da presença portuguesa no conflito de 1914-1918."

Como de resto tem sido noticiado pela comunicação social, o Parlamento esteve e está hoje, domingo, "aberto para a recolha de documentos e objetos de natureza diversa que os cidadãos tenham na sua posse, tais como diários, cartas, fotografias, mapas ou outros objetos oriundos da participação de Portugal na I Guerra Mundial".

A organização destas evocações é da responsabilidade conjunta de: (i)  Assembleia da República; (ii) Comissão Coordenadora das Evocações do Centenário da Primeira Grande Guerra; e (iii)  Instituto de História Contemporânea da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. Contam com o apoio da RTP - Rádio e Televisão de Portugal.

O leitor pode também consultar, de acordo com o sítio da AR:

Portugal 1914 - 1918

100 anos - Grande Guerra

Diário da Grande Guerra - Testemunhos Portugueses


 
Dias da Memória

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Nota do editor:

Guiné 63/74 - P13759: Os nossos médicos (83): Memórias do Dr. Rui Vieira Coelho, ex-Alf Mil Médico dos BCAÇ 3872 e 4518 (15): Todos (ou quase todos) apanhámos o pé de atleta, a flor do Congo, onicomicoses, chatos, matacanhas... Mas o que me preocupa hoje, como amigo daquele povo, é a doença por vírus Ébola... Vamos ajudar a ONGD "Ajuda Amiga" a mandar um contentor suplementar no 1º trimestre de 2015, com sabão, sabonetes e lixívia!... NIB: 0036 0133 991 000 251 3826

1. Continuação do texto sobre doenças e cuidados de saúde no TO da Guiné, no pessoal militar e na população civil, da autoria de Rui Vieira Coelho, médico reformado, ex-alf mil médico BCAÇ 3872 e BCAÇ 4518 (Galomaro, 1973/74, e subdelegado de saúde da zona de Galomaro-Cossé [, foto à esquerda, em 1973, no Saltinho]] (*)


Data: 16 de Outubro de 2014 às 22:54

Assunto: Doenças na Guiné parte 3


Quanto ás doenças parasitárias, além do paludismo e da amebíase, quasi todos apanhámos o famoso Pé de Atleta nos ripados de madeira dos balneários. O agente micótico é o Tricophytum Rubrum  (Tinha dos Pés).

Nas virilhas e na face interna das coxas também éramos atacados por fungos e Candida Albicans,  o que enchia de comichões e desespero o chamado Intertrigo assim para o qual utilizávamos solução álcool iodada que pincelávamos religiosamente e todos os dias.

Por vezes toda apele do corpo era atacada por fungos, produzindo comichão acentuada e alterações da coloração (Ptiríase versicolor ), a que os guineenses baptizaram de Lica, expondo-se ás primeiras chuvas e dizendo que esta acabaria com a doença .

Por vezes as unhas também eram atingidas por fungos tornando-se quebradiças e esfareladas a que dermatologicamente corresponde a Onicomicose. O piolho púbico também aparecia com muita frequência (vulgo chatos), transmitindo-se pelas relações sexuais.

E por fim as famosas matacanhas ou nitacanhas que faziam galerias nas plantas dos pés, depois punham os ovos,  em seguida saía a larva e posteriormente aparecia uma estruturas sacular que tinha que ser removida na totalidade. Era um trabalho em que era necessãrio paciênca de chinês ,e uma agulha bem desinfectada, para não recidivar.

Isto para falar no que era vulgar tratar, quer no centro de saúde civil, quer no Posto Militar, quer na Missão de Sono.

Quanto aparatos ,só os  não conseguidos naturalmente me chegavam, que implicavam manobras por vezes difíceis como versões e por vezes atitudes cirúrgicas a fim de o parto chegar a bom porto.

Apesar de tudo isto tenho saudades destes tempos, deste povo e deste país [, a Guiné-Bissau].

A situação endémica ê agora mais preocupante com o aparecimento num país limítrofe (Guiné Conakri) de um surto de Ébola. Dadas as precárias condições de higiene e salubridade na Guiné Bissau, o eclodir de um surto de Ébola irá constituir um desastre sem paralelo e uma grave ameaça para Portugal, pela possível transposição virica.

Faço parte da  ONG "Ajuda Amiga", de apoio à  Guiné,  e há cerca de mês e meio lançamos um projecto de angariação de sabão,sabonetes, sabão em barra e lixívia tradicional para aumentar a salubridade e as condições higiênicas que contribuírão preventivamente contra qualquer surto. 

Precisamos pois da tua ajuda e de todos os camaradas da Guiné, pois vamos ter custos acrescidos para enviar um contentor suplementar para levar tudo o que já foi angariado. (*)

[V d. aqui vídeo, de 3 minutos, sobre envio de apoio à Guiné-Bissau pela ONG Ajuda Amiga]

Desde já o meu muito obrigado relembrando o NIB da Ajuda Amiga para quem quiser ajudar

NIB > 0036 0133 991 000 251 3826

E por hoje é tudo,  um alfa bravo do Rui.

Enviado do meu iPad

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Nota do editor:

Último poste da série > 17 de outubro de  2014 >  Guiné 63/74 - P13746: Os nossos médicos (82): Memórias do Dr. Rui Vieira Coelho, ex-Alf Mil Médico dos BCAÇ 3872 e 4518 (14): A mortalidade infantil tinha se vindo a reduzir drasticamente enquanto permanecemos no território, graças às campanhas de vacinação obrigatórias

Guiné 63/74 - P13758: Parabéns a você (802): Carlos Filipe Coelho, ex-Soldado Radiomontador do BCAÇ 3872 (Guiné, 1971/74)

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Nota do editor

Último poste da série de 18 de Outubro de 2014 > Guiné 63/74 - P13750: Parabéns a você (801): Luís Nascimento, ex-1.º Cabo Op Cripto da CCAÇ 2533 (Guiné, 1969/71)

sábado, 18 de outubro de 2014

Guiné 63/74 - P13757: Consultório militar, de José Martins (5): Processo do cap mil inf Rui Romero, no Arquivo Histórico Militar.... Algumas "dicas" para a Ana Romero



Fonte: CECA, vol 8



Fonte: CECA, vol 7



1. Mensagem do José Marcelino Martins (ex-fur mil trms, CCAÇ 5,  Gatos Pretos, Canjadude, 1968/70; TOC - Técnico Oficial de Contas, reformado, residente em Odivelas] [, foto atual à esquerda]

Data: 13 de Outubro de 2014 às 18:25

Assunto: Processo do cap mil inf Rui Romero

Caríssima Ana:

Sou um dos colaboradores do blogue e, por "imposição" do Administrador, com o pelouro do "Consultório Militar".

Estou de posse dos elementos essenciais, que o Luís Graça me remeteu, com o pedido de enviar elementos sobre a forma de consultar o processo militar do seu pai. (*)

Como oficial, o processo está à guarda do Arquivo Histórico Militar mas, no caso do seu avô, está à guarda do Arquivo Geral do Exército que tem os processos de sargentos e praças.

Como os processos não estão acessíveis a uma visita inopinada, deverá 
Cap mil inf Rui Romero
 (1934-1966)
contactar o AHM por mail [ahm@mail.exercito.pt] a solicitar a consulta do processo do seu pai. Posteriormente será avisada, pela mesma via, quando estiver à disposição para consulta.

Será na Sala de Leitura,  no Largo dos Caminhos-de-ferro, nº 2, em Lisboa (Museu Militar, entrada pelo lado de Santa Apolónia). Será identificada à entrada. Peça ao soldado que a encaminhe para a sala.

No pedido deve constar o nome do pai, posto, número, para identificação do processo.
Em anexo segue um resumo da história da Companhia [, a CCAÇ 1565,] e o que consta sobre o falecimento do seu pai.

Sinceramente não sei o que poderá encontrar nesse processo. Já consultei mais de dez processos (correspondentes a cinco gerações da minha família) e todos se apresentavam de forma diferente. Uns mais completos que outros.

Falou na consulta da certidão de óbito do seu pai. É provável que esteja no processo, o original ou cópia (ainda não havia fotocópias), mas também pode estar apenso ao Processo de Acidente em Serviço que, provavelmente, não estará apenso.

Poderá solicitar cópia dos documentos que achar conveniente, em suporte papel ou digital, tendo, para isso, de suportar os custos em vigor nos serviços públicos.

Permito-me sugerir-lhe que não coloque s sua expectativa muito alta, apesar de considerar que "está ansiosa por pegar o processo". A causa pode ser mais que suficiente para que "tenha havido muito cuidado a tratar do assunto" e não haver documentação muito esclarecedora.

Receba as minhas saudações "paternais", colocando-me a sua disposição para o que poder ajudar nesta sua cruzada.

José Martins (**)
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Notas do editor:

Guiné 63/74 - P13756: Ser solidário (167): Diverso material carregado num contentor, no Porto de Leixões, com destino à Guiné-Bissau (Jaime Machado / José Rodrigues)

1. Mensagem do nosso camarada Jaime Machado (ex-Alf Mil Cav, CMDT do Pel Rec Daimler 2046, Bambadinca, 1968/70) com data de 17 de Outubro de 2014:

Caro Amigo e Camarada Carlos
Vimos pedir-te publicação no Blogue do texto e imagens abaixo caso aches seja de interesse para os nossos camaradas de armas.
Ficamos gratos pela tua disponibilidade

Um abraço para ti
Jaime Machado


Jaime Machado (à esquerda) e José Rodrigues (à direita) seguram a tarjeta do Lions Clube de Bissau

Matosinhos, 17 de outubro de 2014 

O MOVIMENTO LIONS AJUDA A GUINÉ-BISSAU

Partiu esta semana do Porto de Leixões com destino à Guiné-Bissau, um contentor com cerca de 15 toneladas de material. 

Esse material destina-se ao Lions Clube de Bissau e será distribuído por 2 escolas na região de Bissau. 

Todo o processo de entrega do material será supervisionado no local pela Cl Natália Oliveira e presidente da ONG “Viver 100 Fronteiras”, entidade nossa parceira naquele país Lusófono.

Foram carregadas 192 mesas, 444 cadeiras, 10 quadros e cerca de 200 caixas com material escolar, roupa, calçado, brinquedos e material hospitalar. 

Todo o material será descarregado em Bissau por volta do dia 5 de novembro próximo.

Nós Servimos.



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Nota do editor

Último poste da série de 15 de Outubro de 2014 > Guiné 63/74 - P13737: Ser solidário (166): SOS, Ébola!... Uma epidemia que tem dIne ser levada a sério, só podendo ser prevenida e combatida por todos, a começar pelos mais ricos...

Guiné 63/74 - P13755: Convívios (636): Já lá vão mais de 9 anos de almoços/convívos semanais da tertúlia da Tabanca de Matosinhos (José Teixeira)

1. Mensagem do nosso camarada José Teixeira (ex-1.º Cabo Aux. Enf.º da CCAÇ 2381, Buba, Quebo, Mampatá e Empada, 1968/70), com data de 16 de Outubro de 2014:

Estávamos no princípio de Maio de 2005.
Três carolas ex-combatentes, regressados de uma visita à Guiné, meteram os pés debaixo da mesa num restaurante em Matosinhos, para saborearem umas sardinhas assadas, enquanto faziam o balanço da viagem.

Depois de bem almoçados e bem avinhados, decidiram voltar na semana seguinte, à mesma hora, no mesmo local, com a mesma ementa. E continuaram porque as suas conversas sobre a Guiné não tinham fim.

Assim nasceu a Tabanca de Matosinhos, já lã vão mais de 9 anos.

A notícia espalhou-se e como por encanto começaram a surgir novos convivas a alimentar o sonho. Ao fim de algum tempo tivemos de mudar de poiso. Não cabíamos no Restaurante.

Da Casa Teresa passámos para o Restaurante Milho Rei, na Rua Heróis de França em Matosinhos. Umas largas centenas de ex-combatentes, vindos de todo o País e até do estrangeiro, têm transformado as Quartas-Feiras neste restaurante, num espaço de convívio, de crescimento e partilha de amizades.

Uns são um “ferrinho” todas as semanas, outros vêm de vez em quando, outros de longe a longe e outros gostavam de vir, mas… as finanças ou a distância são o grande impeditivo. Outros, desconhecem, mas quando aparece um “periquito” chamado por um camarada ou por ter tomado conhecimento, fica encantado e volta, sempre.

A Tabanca de Matosinhos é uma autêntica caserna em pleno funcionamento onde, semanalmente, oficiais, sargentos e praças de outrora se irmanam num projeto comum de viver a vida que vai restando.

No dia 15 de Outubro juntou perto de quarenta convivas, numa alegria contagiante de quem se conhece e se identifica numa base comum – a passagem pela guerra colonial na Guiné.

Entre os convivas registamos o Manuel Vidal – um emigrante que todos os anos nos visita. Emigrou com 17 anos e regressou para o serviço militar e logo enviado para a Guiné. Ao fim de catorze meses é apanhado pelo PAIGC em Catió e fica retido entre Conakry e Madina de Boé durante trinta longos meses, fazendo companhia ao nosso António Baptista – o “morto vivo”, tendo sido libertado em 23 de Setembro de 1974. Emigrou de novo e por lá anda pela França. Quando vem de férias a Viana do Castelo, a sua terra, aproveita uma vinda ao Porto para visitar em Santa Cruz do Bispo o seu companheiro de infortúnio e vem abraçar os amigos da Tabanca de Matosinhos e trouxe a família.

Como quase sempre acontece, tivemos a presença de mais um “periquito” o Mário Marinho que andou pelo Xime e por Encheia, entre 1970 e 1972, com estórias tristes como quase todos nós os que por lá passamos. Registamos a tristeza com que contou o episódio do GC - o quarto pelotão da sua Companhia, quando se deslocava para Encheia, viu, 10 dos seus homens serem engolidos no Geba pelo macaréu.

Dos restantes convivas, já se conhecem as suas estórias, mas há sempre uma que ficou por contar para enriquecer as horas do convívio.

Na próxima quarta-feira, lá estaremos de novo para comer e conviver sadiamente.

Deixamos um convite a todos os ex-combatentes e familiares – Venham daí e não darão o tempo como perdido.

José Teixeira

 Aspecto geral do Convívio

O Manuel Vidal contando um pouco da sua história

O Pires com a tia que sempre o acompanha, pois é ele que está a apoiá-la na velhice.

O Mário Marinho a apresentar-se à Tabanca e a contar um pouco do que foi a sua vida na Guiné.

Um brinde aos presentes do casal Basto.

Aspecto geral com o Manuel Vidal e os seus familiares

Um aspecto geral do Convívio

Aspecto geral do Convívio
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Notas do editor:

Podemos visitar a Tabanca de Matosinhos na sua página Tabanca Pequena ONGD
e no Facebook em: Tabanca de Matosinhos Tertúlia

Último poste da série de 12 de Outubro de 2014 > Guiné 63/74 - P13725: Convívios (635): XX Encontro do pessoal da CART 566 (Cabo Verde e Guiné, 1963/65), dia 18 de Outubro de 2014 em Vila Nova de Gaia (José Augusto Miranda Ribeiro)

Guiné 63/74 - P13754: Bom ou mau tempo na bolanha (71): Da Florida ao Alaska, num Jeep, em caravana (11) (Tony Borié)

Septuagésimo episódio da série Bom ou mau tempo na bolanha, do nosso camarada Tony Borié, ex-1.º Cabo Operador Cripto do CMD AGRU 16, Mansoa, 1964/66.



Resumo do dia onze

O dia tinha iniciado muito bem, pois no tal hotel onde dormimos, com “preço de amigos”, trataram-nos com uma dignidade um pouco fora do vulgar, pois além de nos servirem um pequeno almoço para “pessoas ricas”, como dizia a minha querida avó, ainda nos deram uma pequena embalagem com comida para o resto do dia, desejando-nos, “boa viagem” e que um dia iam visitar-nos na Florida.

Cá fora caía aquela “chuva miudinha’, que nós quando jovens dizíamos ser “chuva de molha tolos”, estava tudo em ordem, tanto no Jeep, como na caravana, tanques extras cheios de gasolina, muita água, tanto para beber como para qualquer lavagem, na caixa frigorífica ia muita comida, pelo menos daquela a que chamamos “finger food”, ou seja, boa para se comer com os dedos, não necessitando de prato ou talheres e GPS em ordem. Deixámos a cidade de Fairbanks, o nosso destino era o norte, era o “Dalton Highway”, estava no nosso “roteiro”, queríamos viajar nesta estrada, fazia parte do nosso “projecto” que é uma estrada construída para ligar Fairbanks e outras cidades com Prudhoe Bay, que não é mais do que onde termina a célebre “Estrada Panamericana”, onde também se pode ver o Oceano Ártico, o “sol da meia noite” e, com uma certa frequência, a “Aurora Boreal”, que fica um pouco ao lado do maior campo de petróleo dos USA.

Tínhamos informação de que a estrada, que começa mais ou menos a 100 milhas ao norte da cidade de Fairbanks, na cidade de Livengood e, também é conhecida como AK11, tem também mais ou menos 420 milhas de distância, aproximadamente 25 por cento da estrada, tem algum alcatrão, o resto é terra, lama e pedra, depende do estado em que o último inverno a tenha deixado e do sucesso das suas obras de reparação e, claro, do clima que faça na altura.


No dia anterior, no Centro de Turismo, explicaram-nos que a estrada era, “gravel, dirt or mud, depending on the weather”, também nos disseram que era muito recomendável que se carregasse quatro pneus extras, mas quem não puder, que leve pelo menos dois, assim como gasolina extra, para pelo menos 240 milhas. A estrada segue e foi construída, quase naturalmente, sempre ao lado do “Alaska Pipe Line”, que dizem ser um dos maiores “pipeline systems”, em todo o mundo, que vulgarmente se designa por oleoduto, com o diâmetro de 48 polegadas, (122 cm.), que transporta o crude do óleo, por uma distância de aproximadamente 800 milhas, (1287 Km.), com 11 estações de bombagem, desde o campo petrolífero de Prudhoe Bay, até ao porto marítimo da cidade de Valdez, que infelizmente já tem sido notícia por diversos incidentes durante a sua curta vida, pois começou a operar por volta do ano de 1977 e, pelos diversos “leaks” de óleo, derivado a alguns erros de manutenção, transporte ou sabotagem e, até por aventureiros ou caçadores mal intencionados, que disparam contra ele, fazendo-lhe alguns buracos, apesar do seu sotisficado sistema de vigilância.


Esta estrada, é uma das mais isoladas dos USA, tem somente três povoações com algumas facilidades, ao longo da estrada, que são Coldfoot, na milha 175, Wiseman, na milha 188 e Deadhorse, na milha 414. Dizem que a gasolina está disponível na povoação de E. L. Patton Yukon River Bridge, mais ou menos na milha 56, e às vezes nas povoações que já mencionámos, de facto havia na primeira povoação, pois era mais ou menos na região do “Hot Spot Cafe”, que é como designam aquela região, por haver por ali alguma civilização.

Até à cidade de Livengood, com chuva miudinha e algum nevoeiro, fomos seguindo, era alcatrão, passámos a cidade, tomando o desvio do norte, onde já havia alguma terra e lama, eis-nos na frente da placa que nos indicava o famoso “Dalton Highway”, já se fazia sentir o tal clima “polar”, onde em uma pouca área de  terreno pode existir neve, chuva, granizo, nevoeiro, vento, algum sol, mas sempre frio, muito frio mesmo. Nesta altura fazia alguma chuva, com “abertas”. Parámos, esperámos por outros veículos por aproximadamente uma hora, vinham alguns camiões com atrelados, tanto para um lado como para outro, mas veículos ligeiros ou caravanas não, decididos, avançámos sozinhos. Depois de umas tantas milhas encontrámos uma caravana abandonada, na beira da estrada, talvez o eixo estivesse partido ou danificado, pois a roda de trás, do lado esquerdo, estava em baixo e de lado, continuava a caír aquela chuva miudinha, junta com nevoeiro, mas, como já mencionámos, com algumas “abertas”.


A estrada estava muito perigosa, com lama, pedras, grandes buracos com água e, na região do “Hot Spot Cafe”, mais ou menos na “Milha 60”, foi onde chegámos, pois um pouco à frente estavam militares e trabalhadores do “Alaska Pipe Line”, que logo nos avisaram que se não levávamos equipamento de sobrevivência, um novo conjunto de pneus, próprios para esta perigosa estrada e, se continuávamos com a intenção de seguir em frente com este estado de tempo, era por nossa conta e risco e era muito difícil alguém nos socorrer em caso de acidente, pois com este tempo, viajando sozinhos, ajuda médica só era possível talvez na povoação de Deadhorse ou na cidade de Fairbanks. Tudo isto apesar de transitarem por dia nesta estrada mais de uma centena camiões, alguns com três atrelados, daqueles que não fazem manobra, que seguem sempre em frente, cujas rodas “atiram” pequenas pedras e lama, a uma distância que pode atingir meia milha, onde os condutores profissionais, desses camiões, falando entre si, dizem que esta estrada é para trabalhar, é uma via de “trabalho”, não para passear, portanto os “turistas”, não são, pelo menos para eles, muito bem vindos.




Viajávamos sozinhos, essa era a nossa maior dificuldade, pois com este clima, frio e chuvoso e, não havendo outros aventureiros que nos fizessem companhia, conformados, aproveitámos a ajuda que essas pessoas nos deram, nesta pequena estrada de lama, para voltarmos o Jeep e a caravana no sentido do sul. Estando a pouco menos de 50 milhas do “Artic Circle”, a tal latitude, 66° 33’, ficámos um pouco revoltados, vendo esta oportunidade única de tocar na água do Oceano Ártico, ou ver o “sol da meia noite”.


Queremos só mencionar um pequeno pormenor, quando atingimos a região do “Hot Spot Cafe”, cuja latitude é, 65° 52’, foi o local onde nos distanciámos mais, da nossa casa, na Florida, podendo dizer mesmo, que tínhamos realizado metade da nossa “aventura”.

Vamos continuar, agora rumo de novo a sul. Com poucas milhas andadas vimos um camião/tanque caído numa ravina, com as rodas no ar, ainda rolando, com dois camiões parados, que deviam já ter pedido socorros. Também parámos, vieram dois helicópteros que iniciaram as operações de resgate, sendo-nos mandado abandonar o local para facilitar as operações. Passando de novo na cidade de Fairbanks, que fica mais ou menos a 200 milhas de distância do local onde fomos avisados pela primeira vez, sempre com chuva, nevoeiro e, de vez em quando havia as tais “abertas”, o que nos fazia pensar em voltar e, seguir de novo rumo ao norte, mas o “bom senso” nos fazia seguir em direcção ao sul.

Assim continuámos sempre debaixo de chuva, “dia miserável”, como é costume dizer-se, parando no “Denali National Park”, onde se encontra o “Mount McKinley”, que é a montanha mais alta da América do Norte, cujo nome em língua “atabasca” é Denali. Este parque nacional foi inicialmente criado no ano de 1917, com a designação de “Parque Nacinal Monte McKinley”, apesar do cume propriamente dito não estar incluído na área do parque, desde 1976 que é considerado “reserva da biosfera”.

Nesta área, junto à estrada, é como fosse uma “amostra”, do que existe nas redondezas, pois existem muitos estabelecimentos de comércio, vendendo produtos regionais, alguns feitos por nativos “esquimós”, vários restaurantes e hotéis, alguns de luxo, os mais variados artigos para turistas, que visitam o local. O parque de estacionamento é em qualquer local onde não existam árvores, seja mais ou menos plano e onde se entenda que se possa sair, depois de alguma chuva ou neve, que é frequente nesta zona. Nós, depois de estacionar, também visitámos as lojas e comprámos algumas lembranças para familiares, seguindo viagem, sempre rumo ao sul, chovendo, com algum vento, mas sempre conduzindo com alguma segurança. Viemos até à cidade Wasilla, já perto de Anchorage, e como chovia, nem sequer procurámos parque de campismo, com muita sorte, dormimos num hotel da mesma rede, do que tínhamos dormido na cidade de Fairbanks, onde estava lá o nosso nome no computador, no tal espaço que dizia, “preço de amigos”.


Este foi, um dos dias mais duros da nossa viagem, o clima dificultou e, “tocou” um pouco, os já “velhos” nervos do nosso corpo, chegando por alguns momentos a questionar o nosso pensamento, porque nos metemos nesta aventura, mas, “como quem corre por gosto, não cansa”, continuámos, percorrendo 687 milhas, com o preço da gasolina, variando entre $4.27 e $4.38, o galão, que são aproximadamente 4 litros.

Tony Borie, Agosto de 2014
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Nota do editor

Último poste da série de 11 de Outubro de 2014 > Guiné 63/74 - P13719: Bom ou mau tempo na bolanha (69): Da Florida ao Alaska, num Jeep, em caravana (10) (Tony Borié)

Guiné 63/74 - P13753: Inquérito online: Quem não apanhou o paludismo, que ponha o dedo no ar?!...

Foto: António Tavares (20014)
1. Não me lembro se tive paludismo  > 0 (0%)


2. Não me lembro do medicamento para o paludismo  > 1 (2%)


3. Sim, tive paludismo  > 24 (48%)


4. Não, nunca tive paludismo  > 10 (20%)


5. Não, nunca tomava o medicamento  > 0 (0%)


6. Sim, tomava sempre (ou quase sempre)  > 17 (34%)


7. Sim, tomava, mas só às vezes  > 8 (16%)


8. Tomava o medicamento e tive o paludismo  > 20 (40%)


9. Tomava o medicamento e nunca tive o paludismo  > 12 (24%)


10. Nunca tomei o medicamento nem nunca tive paludismo  > 2 (4%)

Votos apurados: 49
Dias que restam para votar: 5


[Imagem, acima à direita: uma relíquia farmacêutica: o célebre medicamento contra o paludismo, Pirimetamina, 25 mg,, LM (iniciais de Laboratório Militar)... Havia duas tomas por semana, às quintas e domingo, segundo o nosso camarada médico, Rui Vieira Coelho... A imagem é do António Tavares, ex-fur mil, CCS/BCAÇ 2912, Galomaro, 1970/72]

Foto: © António Tavares (2014). Todos os direitos reservados [Edição de L.G.]



O parasita Plasmodium,  ao atravessar o citoplasma de  uma célula epitelial
da fêmea do mosquito, na forma com que penetra no corpo do ser humano
e de outros vertebrados. Foto e legenda: Wikipédia (com a devida vénia)
A. Camaradas: eis os primeiros resultados (n=49), às 14h de hoje, da sondagem que está a deccorrer no nosso blogue.

É importante que respondam, dentro dos próximos  5 dias, E podem dar duas ou mais respostas, desde que sejam coerentes. Por exemplo: 

3. Sim, tive o paludismo; 
6. Sim, tomava sempre (ou quase sempre) [o medicamento]
8. Tomava o medicamento e tive o paludismo.

A "pastilha" (comprimido oral) antipalúdica, o "Primetamina", 25 mg,  da marca LM,  tomava-se se ás refeições 2 vezes por semana (em geral, às 5ªas feiras e aos domingos). Era um profilático. Não havia (nem há ainda hoje) vacina contra o paludismo, a doença que mais mata no mundo. E ainda por cima, os mais pobres nos países mais pobres (como a Guiné-Bissau),

Queremos saber quem apanhou o paludismo e tomava (ou não) a célebre "pastilha" que até a Maria Tura dizia que tirava a tusa ao pessoal: a "Primetamina"...

Camarada: a sondagem começa com a afirmação (que não é falsa nem verdadeira): " NO TO DA GUINÉ TIVE O PALUDISMO E TOMAVA O MEDICAMENTO"... 

Podes (e deves)  dar mais do que uma resposta, sincera e coerente... Obrigado, em nome dos editores, pela tua participação. Podes mandar textos e fotos sobre este tópico... LG


PS - Segundo o nosso camarada médico,do Porto, Rui Vieira Coelho, "nas crises palúdicas o tratamento era feito com Resochina em soro polielectrolítico e aplicação endovenosa e dava sempre uma incapacidade de alguns dias, sobrecarregando os colegas e diminuindo a capacidade operacional do grupo de combate a que pertenciam ou levando á substituição por outro pessoal o que moral e eticamente era reprovável no caso de serem feridos em combate" (...) (*)

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Nota do editor:

(*) Vd, poste de 16 de outubro de  2014 > Guiné 63/74 - P13743: Os nossos médicos (80): Memórias do Dr. Rui Vieira Coelho, ex-Alf Mil Médico dos BCAÇ 3872 e 4518 (12): Até a Maria Turra dizia que o antipalúdico Pirimetamina, do Laboratório Militar, fazia mal à tusa...

Guiné 63/74 - P13752: Parabéns a você (802): avó Luís Nascimento, adoro-te, és o melhor avô do mundo (Jessica Nascimento, Viseu)


Luís Nascimento,  aniversariante de hoje. Foi 1º cabo cripto na CCAÇ 2533 (Canjambari e Farim, 1969/71).  Foto de Jessica Nascimento (Editada por L.G.]


1. A Jessica Nascimento, que vive em Viseu,  é neta do Luís Nascimento e sua "secretária particular" (, é ela que nos manda, através do seu email,  a correspondência do avô). Veio ontem, na 23ª  hora, perguntar-nos se podia utilizar o blogue para fazer uma surpresa ao "melhor avô do mundo"...

Claro que pode, e deve, já que ela é também seguramente a "melhor neta do mundo"... E como os netos dos nossos camaradas nossos netos são, a Jessica já há muito conquistou o direito de se sentar à sombra do poilão da nossa Tabanca Grande... Ela é um exemplo para os filhos e netos dos nossos camaradas, antigos combatentes.

Basta mandar-nos uma foto sua (, que a gente não a conhece de vista nem de foto) , e dizer que aceita o o nosso convite.

Peço-lhe, à Jéssica,  que mande, em meu nome pessoal,  um alfabravo fraterno para o seu avô... que foi comigo para o TO da Guiné, no T/T Niassa, em 24/5/1969, e voltou para casa, também comigo, no T/T Uíge,  em 17/3/1971... omos os dois, integrados nas respetivas companhias. Mas... nunca nos "encontramos", até à data... (Quando um dia destes passar por Viseu, irei bater-lhe à porta...). Que tenha um grande dia, com saúde e alegria. (LG).


De: Jéssica Nascimento

Data: 17 de Outubro de 2014 às 23:40

Assunto: Aniversário


Boa noite,  Sr. Luís Graça,


Gostaria de saber se podia felicitar o aniversário do meu avô no seu blogue?

O meu avô faz anos, dia 18 de Outubro, já amanhã.

Jessica Nascimento

PS - Junto envio fotografia e um pequeno texto.


2. Texto de Jessica Nascimento:

Avô:

Hoje é dia de agradecer! Agradecer por mais um ano da presença de uma pessoa muito especial na minha vida. Mais um ano com a maravilhosa oportunidade de receber os teus carinhos, de ouvir as tuas histórias, mas antes de tudo, de te ter ao meu lado.

Parabéns,  és o melhor Avô do Mundo.

Adoro-te!

Obrigada.

Jessica

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Nota do editor:

Guiné 63/74 - P13751: História do BART 3873 (Bambadinca, 1972/74) (António Duarte): Parte XIV: março de 1973: (i) uso, pela primeira vez no setor, de foguetões 122 mm, num ataque ao Xime; (ii) flagelada, também pela primeira vez, a coluna logística Bambadinca-Xitole; e (iii) mal estar, entre os pais fulas e mandingas, islamizados, pela excessiva orientação cristã dos textos didáticos usados nas escolas bem como pelos castigos corporais









Guiné > Zona leste > Setor L1 (Bambadinca > Subsetor de Bambadinca > CCAÇ 12 (1969/71) > A aldeia de Samba Juli, em autodefesa. Pertencia oa regulado de Badora.

Foto: © Humberto Reis  (2005). Todos os direitos reservados [Edição: LG]


1. Continuação da publicação da história do BART 3873 (que esteve colocado  na zona leste, no setor L1, Bambadinca, 1972/74) a partir de cópia digitalizada da história da unidade, em formato pdf, gentilmente disponibilizada pelo António Duarte.

[António Duarte, ex-fur mil da CART 3493, companhia do BART 3873, que esteve em Mansambo, Fá Mandinga, Cobumba e Bissau, 1972/74; foi voluntário para a CCAÇ 12 (em 1973/74); economista, bancário reformado, foto atual à esquerda].

O grande destaque do mês de março de 1973, dois meses depois da morte de Amílcar Cabarl (1924-1973) vai para:


(i)  O uso, pela primeira, no setor, de foguetões 122 mm, num ataque ao Xime;

(ii) A saída de efetivos do PAIGC, da Frente Bafatá-Xitole, para o reforço do sul;

(iii) A transferência da CCÇ 12, para o Xime, como unidade de quadrícula, ao fim de 4 anos a atuar como unidade de intervenção, indo substituir a CART 3494 (que vai para Mansambo);

(iv) Mansambo continua sem ser atacado ou flagelado;

(v) Conclusão de 9 escolas no setor;

(vi) Suscetibilidade e mal-estar das populações islamizadas do setor (fulas e mandingas) em relação às escolas dos filhos, devido à orientação cristã dos livros e dos professores, mas também dos castigos corporais;

(vii) Flagelação, pela primeira vez, da coluna logística Bambadinca-Xitole;

(viiii) As NT auxiliam a população da bela tabanca de Samba Juli na reconstrução de moranças destruídas pelo fogo.

[Imagem à direita: capa do livro de leituras da 3.ª classe, o mais ideológico e etnocêntrico dos manuais escolares em vigor no Estado Novo. Os manuais escolares eram “especialmente elaborados pela Direcção – Geral do Ensino Primário, tendo em conta as necessidades culturais e profissionais dos meios populares” do Portugal europeu, continental e atlântico, mas não das populações da Guiné, por exemplo, que eram  na sua grande maioria animistas e muçulmanas.  O Livro da Terceira Classe, Ed. Domingos Barreira, 4ª Ed., 1958  esteve em uso durante décadas. E tinha, como os outros, uma segunda parte reservada ao ensino da "doutrina cristã". Cortesia do portal da Instuto de Educação da Universidade de Lisboa]


Março de 1973: Pela primeira vez, no tempo do BART 3873, o IN usa foguetões contra o Xime, e é flagelada a coluna de reabastecimento Bambadinca-Xitole.




Adicionar legenda



(Continua)
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Guiné 63/74 - P13750: Parabéns a você (801): Luís Nascimento, ex-1.º Cabo Op Cripto da CCAÇ 2533 (Guiné, 1969/71)

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Nota do editor

Último poste da série de 13 de Outubro de 2014 > Guiné 63/74 - P13726: Parabéns a você (800): Mário Ferreira de Oliveira, 1.º Cabo Condutor de Máquinas Reformado, da Marinha (Guiné, 1961/63)