sexta-feira, 18 de dezembro de 2020

Guiné 61/74 - P21656: Boas Festas 2020/21: Em rede, ligados e solidários, uns com os outros, lutando contra a pandemia de Covid-19 (13): Faz hoje 50 ans que regressei do CTIG...Abrecelos natalícios para toda a Tabanca Grande (Valdemar Queiroz, ex-fur mil at art, CART 11, Contuboel, Nova Lamego, Canquelifá, Paunca, Guiro Iero Bocari, 1969/70)



Foto nº 1 > Guiné > Região de Gabu > Sinchã Sajori > CART 11 > 1970 > Vacinação da população local. com o  fur.mil.enf Edmond




Foto nº 2 > Guiné > Região de Gabu > Guiro Iero Bocari  > CART 11 > 1970  > Ninho da metralhador HK21



Foto nº 3 > Guiné > Região de Gabu > Guiro Iero Bocari  > CART 11 > 1970  > Intalações do pessoal



Foto nº 4 > Guiné > Região de Gabu > Guiro Iero Bocari  > CART 11 > 1970  >  O fur mil Valdemar Queiroz aperaltado para o regresso



Foto nº 5 > Guiné > Região de Gabu > Guiro Iero Bocari  > CART 11 > 1970  > Filha de um dos nossos soldados



Foto nº 6 > Guiné > Bissau >  16 de dezembro de 1970 > A última compar do Valdemar Queiroz, na Loja do Taufik Saad, um relógio Longines, no valor de 2950$00 [, a preços de hoje, o equivalente a 868,65 €].



Foto nº 7 > Guiné > Bissau > 16 de dezembro de 1970 > O bilhete de avião, na TAP; no valor de 4340$00 [equivalente, a preços de hoje, a 1.277,95 €]

Fotos (e legendas): © Valdemar Queiroz (2020). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné


1. Mensagem de Valdemar Queiroz [ex-fur mil, CART 2479 / CART 11, Contuboel, Nova Lamego, Canquelifá, Paunca, Guiro Iero Bocari, 1969/70; tem cerca de 120 referências no nosso blogue, e é um activo e incansável comentador]:

Data - quinta, 10/12, 16:13 
Assunto . Faz agora 50 anos 



É verdade. Faz este mês 50 anos que regressei da guerra na Guiné.

Depois de se ter feito a vacinação contra a cólera nas tabancas de Cadeu, Sibitó e Sinchã Sajori começamos a preparar o regresso à metrópole. Para nós estava próximo chegar a casa. Mas a guerra continuou por mais três anos e uns meses até ao 25 de Abril de 1974, e não acabou para os nossos soldados fulas renitentes em "abraçar" os guerrilheiros do PAIGC. Coitados de muitos deles... é assim a merda da guerra.

Em Guiro Iero Bocari e outras pequenas tabancas da região de Paunca, com a chegada da nossa CART 11, completa, deixou de haver problemas com ataques do IN. Pese embora ser uma região de fronteira, havia um rio como que de fronteira natural com o Senegal e com nossa acção, sempre em operações diurnas e nocturnas,  era mais difícil ao IN deslocar-se,

Nas últimas palavras escritas da HU da Companhia consta:

'O 1º. Grupo embosca na estrada de BOCARI.

Chegam a Paunca parte dos quadros que vêm render os Quadros Metropolitanos que terminarem a sua comissão. 

A partir de hoje, efectuam-se as sobreposições necessárias a fim de integrar os novos elementos no contacto com o pessoal nos diversos cargos e actividades, após o que seguem para Bissau os elementos rendidos individualmente, ficando a aguardar embarque para a Metrópole.'

Eu, o Abílio Duarte, o Manuel Macias e o Pais de Sousa regressamos de avião em 18 de Dezembro de 1970 e ainda passamos o Natal em casa, pagando a diferença para o "custo" da viagem de barco por esta só se verificar 20 dias depois.

As fotografias que junto, são de:

(i) uma acção de vacinação,contra a cólera,  na tabanca de Sinchã Sajori, com o nosso fur mil enf  Edmond (foto nº 1);

(ii) , do ninho da HK21 (foto nº2);

 (iii) instalação da minha posição na tabanca (foto nº 3);

(iv)  eu todo aperaltado para seguir pra Bissau  (foto nº 4);

(v) e a fotografia da filha de um dos nossos soldados fulas que estimo tenha sobrevivido e agora também ter feito 50 anos de vida (foto nº 5).

Desejo a todos os camaradas e suas famílias BOAS FESTAS
Abracelos

Valdemar Queiroz

PS - Anexo Recibo da última compra em Bissau  (foto nº 6) e o Bilhete da TAP do regresso (foto nº 7)

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quinta-feira, 17 de dezembro de 2020

Guiné 61/74 - P21655: Tabanca Grande (507): José Rosa da Silva Neto, ex-1.º Cabo Radiotelegrafista da CART 1742 (Nova Lamego e Buruntuma, 1967/69) que se vai sentar à sombra do nosso poilão no lugar n.º 823

Apadrinhado pelo nosso camarada Abel Santos, apresenta-se à tertúlia:

José Rosa da Silva Neto, ex-1.º Cabo Radiotelegrafista, NM 02584066, da CART 1742, "Os Panteras", Nova Lamego e Buruntuma, 1967/69.

- Assentou praça no RI7 de Leiria a 24 de Outubro de 1966
- Iniciou a Especialidade no Regimento de Transmissões do Porto em 3 de Janeiro de 1967
- Foi colocado na Escola Prática de Infantaria Mafra em 21 de Maio de 1967
- E no Regimento de Artilharia 5, de Penafiel, em 13 de Junho de 1967, onde foi mobilizado para a Guiné.
- Embarcou no N/M Timor com destino ao CTIG a 22 de Julho de 1967, tendo regressado em 06 de Junho de 1969, no N/M Niassa, com chegada a Lisboa a 13 de Junho.


Navio Timor
Navio Niassa
Zona de Acção da CART 1742
O José Rosa Neto em Madina junto do marco com a inscrição "Madina o Algarve da Guiné".
Madina do Boé > Na foto, da esquerda para a direita: Rocha, Lemos, José Rosa Neto, Sousa, Fonseca e, de cócoras, o Cesário, tudo malta de transmissões, excepto o Lemos.
José Rosa Neto na actualidade

2. Comentário do coeditor:

Caro José Rosa Neto, bem-vindo à nossa Tabanca Grande, também tu apadrinhado pelo teu camarada Abel Santos, um operacional deste Blogue. Vais sentar-te no lugar n.º 823 desta tertúlia.

Não sabemos se tens endereço de email e se és um "craque" em informática, pelo menos no âmbito do utilizador. De qualquer modo, ficas desde já convidado a, dentro das tuas possibilidades, directamente ou através do Abel, colaborares com as tuas memórias escritas e/ou em fotografias.

Das fotos que nos mandaste não consegui fazer uma foto tua, fardado, tipo passe. Se tiveres por casa outras com melhor qualidade, manda para ver se conseguimos alguma com boa apresentação.

Em contacto telefónico, o Abel disse-me que da parte dele terás toda a colaboração, pelo que deves aproveitar a sua disponibilidade.

Deixo-te então um abraço em nome da tertúlia e dos editores com os votos de que tu e a tua família tenham Boas Festas em segurança e, a propósito, que o novo ano seja de modo a fazer esquecer este 2020 de má memória.

Carlos Vinhal

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Nota do editor

Último poste da série de 9 de dezembro de 2020 > Guiné 61/74 - P21626: Tabanca Grande (506): António Marreiros, natural de Sagres, a viver há 48 anos no Canadá, ex-alf mil em rendição individual, CCaç 3544 (Buruntuma, 1972) e CCAÇ 3 (Bigene e Guidage, 1972/74): senta-se à sombra do nosso poilão no lugar nº 822

Guiné 61/74 - P21654: Boas Festas 2020/21: Em rede, ligados e solidários, uns com os outros, lutando contra a pandemia de Covid-19 (12): A "cunha" da mana de Salazar, texto de Vargas Cardoso, cor inf ref, ex-comandante da CCAÇ 2402, Có, Mansabá e Olossato, 1968/70... Mais uma pequena homenagem à memória do nosso Raul Albino (1945-2020)


Guiné > Região do Oio > Có > CCAC 2402 (1968/70) > s/d > De pé: alf mil Francisco Henriques da Silva, alf mil Raul Albino e Cap Vargas Cardoso

Foto (e legenda): © Raul Albino (2006). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

1. O tema das "cunhas" é pouco natalício... Mas presta-se também à bonomia e ao bom humor próprios da época natalícia.. O cor inf ref Vargas Cardoso entregou ao Raul Albino esta história, que tem tanto de burlesco como de inefável (incitando por isso,  ao riso amarelo); foi, juntamente com mais uma vintena de textos, o seu contributo para o volume II das Memórias da CCAÇ 2402, cuja coordenação editorial esteve a cargo do Raul Albino. 

Tenho um exmplar desse volume, oferta pessoal do nosso saudoso amigo e camarada Raul que, como sabem, foi alf mil da CCAÇ 2402. Com a devida vénia ao Vargas Cardoso, e votos  de boas festas, para ele  e os demais camaradas da CCAÇ 2402,  "Os Lynces de Có", reproduzimos aqui a história da cunha da Dona Marta Salazar e do senhor presidente da junta de freguesia de Sta Comba Dão. intercedendo por um dos militares da CCAÇ 2402, companhia   que em junho de 1968 estava já mobilizada para o CTIG e ainda  em formação.no RI 1, Amadora.

Sobre o soldado Sereto (um dos militares a seguir referidos na narrtaiva) há outra história que poderemos reproduzir mais tarde, também da autoria do Vargas Cardoso ("E o Sereto chegou a tempo do embarque"). 

Este militar era um ex-casapaino, "filho de pai alcoólico e orfão de mãe" (sic) , jogador dos júniores do Sporting, que tinha chumbado na recruta do Regimento de Lanceiros 2 (Polícia Militar), e que o cap Vargas Cardoso se empenhou em  "proteger", esperançado em fazer dele "um cidadão útil para a sociedade"... LG



Excerto de : Parte II - Comando da Companhia - Textos de Vargas Cardoso, in "Memórias da CCAÇ 2402 (Guiné 1968/1970), Volume II", mimeog", 2008, páginas inumeradas,il. (Coordenação: Rui Albino). (Com a devida vénia...)

Guiné 61/74 - P21653: Parabéns a você (1908): Francisco Henriques da Silva, ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 2402 (Guiné, 1968/70)

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Nota do editor

Último poste da série de 15 de Dezembro de 2020 > Guiné 61/74 - P21645 Parabéns a você (1907): Francisco Santos, ex-1.º Cabo Condutor Radiotelegrafista da CCAÇ 557 (Guiné, 1963/65) e Sousa de Castro, ex-1.º Cabo Radiotelegrafista da CART 3494 (Guiné, 1971/74)

quarta-feira, 16 de dezembro de 2020

Guiné 61/74 - P21652: Boas Festas 2020/21: Em rede, ligados e solidários, uns com os outros, lutando contra a pandemia de Covid-19 (11): Homenageando a memória do Raul Albino (1945-2020): Os Natais de 1968, em Có, e 1969, no Olossato, da CCAÇ 2402 (João Bonifácio, ex-fur mil SAM, hoje a viver no Canadá)






Fotos (e legendas): © João Bonifácio (2008. Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Capa da brochura "Memórias da CCAÇ 2402 (Guiné 1968/1970), Volume II", mimeog", 2008, páginas inumeradas,il. (Coordenação: Raul Albino).


1. As fotos de cima (e as legendas) são do João G. Bonifácio, ex-fur mil SAM, da CCAÇ 2402 (, Mansabá e Olossato, 1968/70), a viver no Canadá. 

Ele foi um dos colaboradores deste II Volume, juntmente com o ex-cap inf Vargas Cardoso e de outros camaradas como o Carlos Sacramemto, Carlos Santiago, Carlos Costa, Joaquim Ramalho, Maurício Esparteiro, António Maria Veríssimo, António Fangueiro da Silva, e o próprio Raul Albino. O João Bonifácio é membro da nossa Tabanca Grande desde 1 de dezembro de 2006 (*)

Em homenagem ao Raul Albino, ex-alf mil da CCAL CC$02, que nos deixou há pouco tempo (, aliás foi o próprio João Bonifácio que nos deu a triste notícia) (**), vamos aqror reproduzir dois aponatmentos sobre o Natal de 1968 e de 1969 (***), da autoria do João, incluidos naquela brochura.

Aproveitamos para desejar a ele e à sua sua família, bem como à família do Raul Albino, mas também aos demais camaradas da CCAÇ 2402,os nossos votos de um Natal e Ano Novo, tão bom quanto possível, dentro dos contrangimentos a que todos estamos sujeitosnos  nossos países, devido à pandemia de Covid-19.(****).
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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 1 de dezembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1331: Blogoterapia (9): Quando a Pátria não é Mátria para ti (João Bonifácio, Canadá, exvagomestre da CCAÇ 2402)

Guiné 61/74 - P21651: Historiografia da presença portuguesa em África (243): Revista Estudos Ultramarinos, 1959 - n.º 2 - Como se escrevia sobre a luta de libertação em pleno Estado Novo (2) (Mário Beja Santos)


1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 28 de Janeiro de 2020:

Queridos amigos, ´

No mínimo dá que pensar se o corpo redatorial da revista Estudos Ultramarinos vivia num estado de inocência ou abstraídos da ascensão, já vigorosa, da luta anticolonial, um pouco por toda a parte. Reproduzem-se documentos que colidiam frontalmente com o ideário do Estado Novo, diz-se mesmo que está presente no II Congresso em Roma um representante angolano. Trata-se de Mário Pinto de Andrade, dirigente do MPLA, que trabalhará, a partir do ano seguinte, em estreita colaboração com Amílcar Cabral, em Conacri. 

Acervo de documentos que vão mesmo até à inclusão da resolução da Conferência de Tachkent, em que participaram escritores e artistas da Ásia e da África, tecendo-se várias críticas ao colonialismo, culmina este acervo de documentos com uma carta dos estudantes norte-africanos a proclamar em Tunis a criação da Confederação Norte-Africana de Estudantes, fazendo sempre a apologia da luta pela independência nacional. 

Mais trotil para o leitor da publicação do Instituto Superior de Estudos Ultramarinos, de onde se recrutavam os quadros para a nossa administração colonial, não podia haver.

Um abraço do
Mário



Como se escrevia sobre a luta de libertação em pleno Estado Novo (2)

Mário Beja Santos

Já se referiu que a revista Estudos Ultramarinos, que tinha como diretor Adriano Moreira, ele também Diretor do Instituto Superior de Estudos Ultramarinos, não deixa de nos surpreender, à distância de cerca de seis décadas, e num tempo em que já pairava no ar o sinal de efervescência da luta anticolonial, a publicação de textos de figuras que se irão distinguir nessa luta ou apresentações ideológicas a que o regime frontalmente se opunha. 

Na verdade, a substância da resolução do I Congresso Internacional de Escritores e Artistas Negros, que se realizou em Paris, em setembro de 1956, em nada era favorável à política colonial portuguesa. E a mensagem de Sékou Touré enviada ao II Congresso Internacional, que se realizou em Roma, em 1959, foi integralmente publicada na revista dirigida por Adriano Moreira, um texto em frontal rota de colisão com a doutrina imperial portuguesa. 

Como se escreveu em artigo anterior, a mensagem de Sékou Touré escalpeliza a essência do ensino colonial e traz propostas para que seja rebatida, tornara-se inevitável recuperar, em todos os povos de África, as manifestações artísticas originais, e estudar o pensamento profundo que anima a arte africana e a torna socialmente útil. Faz a apologia dos deveres do intelectual ou do artista africano, ele deve integrar o seu pensamento com a sua ação, ligá-los às aspirações populares. Se o escritor ou artista se isolam, se nele permanece a mentalidade do colonizado, ele não pode aspirar a uma ação revolucionária, será um desenraizado ou estrangeiro na sua própria pátria. E enuncia como se deve fazer a descolonização intelectual. Dá exemplos ligados ao bailado, com os balés de Keita Fodéba.

Estava a ressurgir, escreve a mensagem de Sékou Touré, o homem africano outrora marcado pela indignidade dos outros, excluído dos empreendimentos universais, homem despojado de tudo, agora podia reivindicar a plenitude dos seus direitos humanos e uma participação a tempo inteiro. Mensagem que não silencia a crítica e a responsabilidade das civilizações de conquista, fala no crime de Fernando Cortez que liquidou o império Asteca e arrasou os poderosos valores culturais de uma das mais expressivas civilizações pré-colombianas. E a sua mensagem termina com os seguintes parágrafos:

“O processo da participação do homem negro nas obras universais, parte em primeiro lugar da personalidade africana, que não poderá ser reconstituída pelas vontades ou forças exteriores a África, tem que estar integrada na independência e unidade em que repousa o destino do mundo negro. Os compromissos culturais que a dominação estabeleceu impõem ao homem de África uma completa reconversão a fim de que reapareça a sua autêntica personalidade. Na independência da sua jovem soberania, é a via na qual o povo da Guiné está unanimemente comprometido para a libertação total e a unidade efetiva dos povos africanos a fim de que se acelere a sua marcha ou progresso técnico, económico e cultural numa sociedade em perfeito equilíbrio social e moral e num mundo de real civilização humana”

Bonitas palavras para um político que muito rapidamente se transformou num tirano cruel e sanguinário. O tom da resolução do II Congresso Internacional de Escritores e Artistas Negros é muito mais radical, nada tem a ver com a amenidade da resolução de 1956, fala na violência, nas segregações mais insuportáveis que se vivem na Argélia, no Quénia, na Niassalândia, no Congo, em Angola, na Rodésia e particularmente na União Sul-Africana, uma violência que calca os direitos fundamentais dos povos a dispor deles próprios. Recomenda-se a resolução rápida e pacífica dos conflitos violentos em África e principalmente na Argélia, apela-se à libertação de todos os africanos presos ou exilados pelo facto de lutarem pela independência dos seus países e condena a utilização dos africanos nas guerras coloniais. 

Mas em Roma, João XXIII concedeu audiência aos 150 participantes do Congresso. Estavam presentes congressistas de diferentes países, e fala-se na presença de Angola, era Mário Pinto de Andrade. Dirigia o Congresso o embaixador do Haiti em Paris, saudou o Papa, que respondeu com um discurso: 

“A Igreja aprecia, respeita e encoraja um trabalho de investigação e de reflexão que tem por objetivo libertar as riquezas originais de uma cultura própria, de descobrir os pontos de apoio na História, de manifestar as harmonias profundas através das mais diversas manifestações. A universalidade do olhar da Igreja, atenta aos recursos humanos de todos os povos, colocou ao serviço de uma verdadeira paz no mundo. A Igreja convida as elites de todos os povos a ter um espírito harmonioso na colaboração e simpatia profunda com as correntes provenientes das autênticas civilizações”.

A revista dirigida por Adriano Moreira transcreveu o documento em francês, fazendo depois em português um comentário final:

“O discurso do Santo Padre suscitou profunda impressão nos congressistas. Em grande parte estes eram católicos; mas também todos os outros, pertencentes a várias confissões religiosas, fizeram ressaltar que o ensinamento do Chefe venerado da Igreja Católica constitui documento altíssimo, com plena apreciação de quanto a população de estirpe negra sente acerca dos seus destinos e dos seus ideais, postos ao serviço dos mais nobres sentimentos de justiça, de fraternidade e de paz, apregoados por Deus a todos os homens”

Refira-se que ainda nesta secção de documentos se insere o apelo dos escritores dos países da Ásia e da África aos escritores do mundo inteiro, Conferência de Tachkent, outubro de 1958, onde igualmente se apostrofa o colonialismo.
Frantz Fanon no I Congresso de Escritores e Artistas Negros
Mário Pinto de Andrade (para saber mais sobre o II Congresso Internacional de Escritores e Artistas Negros, ver a documentação de Mário Pinto Andrade, que nele participou: Casa Comum
Papa João XXIII
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Nota do editor

Último poste da série de 9 de dezembro de 2020 > Guiné 61/74 - P21625: Historiografia da presença portuguesa em África (242): Revista Estudos Ultramarinos, 1959 - n.º 2 - Como se escrevia sobre a luta de libertação em pleno Estado Novo (1) (Mário Beja Santos)

Guiné 61/74 - P21650: História da 3ª Companhia de Comandos (1966/68) (João Borges, 1943-2005) - Parte IV: atividade operacional: Tite (Nova Sintra, Flaque Cibe, Jabadá, Jufá), setembro de 1966



Guiné  > Região de Quínara > Carta de Tite (1955) > Escala 1/50 mil > Posição relativa de Tite, Jufá, Jabadá e Flaque Cibe.

Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guimé (2020)




Continuação da publicação da História da 3ª Companhia de Comandos (Lamego e Guiné, 1966/68), documento mimeografado, de 42 pp.,  da autoria de João Borges, ex-fur mil comando. Exemplar oferecido ao seu amigo José Lino Oliveira, com a seguinte dedicatória: "Quanto mais falamos na guerra, mais desejamos a paz. Do amigo João Borges".

[O José Lino [Padrão de] Oliveira foi fur mil amanuense, CCS/BCAÇ 4612/74, Mansoa, Cumeré e Brá, 12-7-1974 / 15-10-1974, a mesma unidade a que pertenceu o nosso coeditor Eduardo Magalhães Ribeiro; é membro da nossa Tabanca Grande desde 31/12/2012; tem dezena e meia de referências no nosso blogue; vive em Paramos, Espinho]


1. Continuação da História da 3ª Companhia de Comandos (1966/68) (*)

3ª Companhia de Comandos 
(Guiné, 1966/68) / João Borges
IV (pp. 12-14)







(Continua)
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Nota do editor:

Postes anteriores da série:

17 de novembro de 2020 > Guiné 61/74 - P21552: História da 3ª Companhia de Comandos (1966/68) (João Borges, 1943-2005) - Parte I: "A minha história"

24 de novembro de 2020 > Guiné 61/74 - P21578: História da 3ª Companhia de Comandos (1966/68) (João Borges, 1943-2005) - Parte II: Cruz de Guerra de 1ª classe; Mobilização, composição e deslocamento para o CTIG

10 de dezembro de  2020 > Guiné 61/74 - P21628: História da 3ª Companhia de Comandos (1966/68) (João Borges, 1943-2005) - Parte III: Composição orgânica

terça-feira, 15 de dezembro de 2020

Guiné 61/74 - P21649: Boas Festas 2020/21: Em rede, ligados e solidários, uns com os outros, lutando contra a pandemia de Covid-19 (10): recordando o meu regresso no T/T Niassa, em 15/12/1973, e desejando o melhor Natal e Ano Novo possíveis para toda a nossa tribo (Ramiro Jesus, ex-fur mil cmd, 35ª CCmds, Teixeira Pinto, Bula e Bissau, 1971/73)






Guiné > Bissau > 15 de dezembro de 1973 > T/T Niassa > Regresso da 35ª CCmds (Teixeira Pinto, Bula e Bissau, 1971/73)

Fotos ( e legenda): © Ramiro Jesus (2020). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Mensagem de Ramiro Jesus (ex-Fur Mil Comando,  35.ª CComandos, Teixeira Pinto, Bula e Bissau, 1971/73; mora em Aveiro e é membro da nossa Tabanca Grande desde 9/12/2012):

 

Data - 15 dez 20202 13:09 
Assunto - Aniversário do nosso regresso no "Niassa", em 15/12/1973



Bom dia, Luís e restantes editores do nosso blogue.

Para comemorar o 47º. aniversário da minha única "fuga" na guerra da Guiné, celebrado hoje - já que foi a 15/12/73 que embarcámos no Niassa - junto envio umas fotos, tiradas já de dentro do navio, quando este começou a deslizar pelo Geba, satisfazendo o desejo havia tanto tempo alimentado, e que concretizou de vez as informações do "jornal de caserna", que andava farto de nos enganar.

Aproveito para desejar a todos vós e também aos restantes membros da Tribo, o melhor Natal possível, dentro dos limites impostos por este danado deste inimigo, ainda mais esquivo que os (nessa altura) adversários do PAIGC.

Desejo ainda o melhor 2021 para toda a comunidade.

Saúde e um Abraço!
Ramiro Jesus


2. F
icha de unidade > 35ª  Companhia de Comandos


Identificação 35ª CCmds
Unidade Mob: CIOE - Lamego
Cmdt: 
Cap Mil Inf Cmd António Joaquim Alves Ribeiro da Fonseca
Cap Mil Inf Cmd António Rui de Mendonça Andrade
Partida: Embarque em 24nov71; desembarque em 29nov71 (segundo o Ramiro Jesus)
Regresso: Embarque em 15dez73 e desembraque em Lisboa a 23dez73
Divisa: Audaces fortuna juvat (A sorte protege os audazes)

Síntese da Actividade Operacional

(i) Após o desembarque, seguiu em 3dez71 para Teixeira Pinto, a fim de
efectuar o treino operacional com a 26ª CCmds até 4jan72, sendo a imposição
das insígnias de "Comando" efectuada em 14jan72;

(ii) A partir de 6jan72, mantendo-se em Teixeira Pinto, foi atribuída ao
CAOP 1 como subunidade de intervenção e reserva deste agrupamento, tendo
tomado parte em diversas operações e acções de patrulhamento nas regiões
Churo-Caboiana, Burné, Belenguerez e Pijame, entre outras;

(iii) Pelos resultados obtidos e material capturado, destacam-se as operações "Júpiter", "Joeirada 78"e "Jacarandá", entre outras;

(iv) Em 3jan73, foi deslocada para Bula, a fim de actuar como subunidade de
intervenção e reserva do BCav 8320/72, com vista à realização de patrulhamentos,
emboscadas e acções ofensivas nas regiões de Choquemone e Ponta Matar.

(v) Em 15fev73, foi colocada em Brá (Bissau), onde passou a desempenhar
serviços de guarnição, tendo ainda tomado parte em escoltas a colunas de
reabastecimento a Farim e Cacheu e ficando a aguardar o embarque de regresso
a partir de 5dez73.

Observações
Tem História da Unidade (Caixa n." 100 - 2." Div/4." Sec, do AHM).

Fonte: Excertos de: CECA - Comissão para Estudo das Campanhas de África: Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África (1961-1974) : 7.º Volume - Fichas de unidade: Tomo II - Guiné - (1.ª edição, Lisboa, Estado Maior do Exército, 2002), pág. 535

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