segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Guiné 63/74 - P7736: O Alenquer retoma o contacto (3): Actividades do Pel Rec Fox 42 em Janeiro e Fevereiro de 1963 (Armando Fonseca)



1. Mensagem de Armando Fonseca (ex-Soldado Condutor do Pel Rec Fox 42, Guileje e Aldeia Formosa, 1962/64), com data de 5 de Fevereiro de 2011:

Caro camarigo Carlos Vinhal
Aqui estou para descrever mais um capítulo dos meus arquivos; se acharem por bem publiquem para conhecimento de todos os camarigos da Tabanca.

Armando Fonseca


O Alenquer retoma o contacto (3)

Actividades do Pel Rec Fox 42 em Janeiro e Fevereiro de 1964

Autometralhadora


No dia 21 de Janeiro pelas 07h30 o Pelotão FOX 42 saiu de Bissau, com destino indefinido, passando por Mansoa, Mansabá foi chegar a Bafatá por volta das 17h30.

A marcha foi vagarosa e cheia de precauções devido às possibilidades de sofrer emboscadas ou de encontrar minas, mas chegamos sem anormalidades, pernoitando aí para prosseguir no dia seguinte.


No dia seguinte às 07h30 lá seguimos rumo a Sul agora acompanhados por pessoal da CCav 154 que estava sediada em Bafatá, chegando ao Saltinho pela hora do almoço. O percurso foi muito vagaroso visto seguirem à frente dos carros camaradas a pé com detectores de minas e até picando a estrada com sabres para ser certificada a ausência de minas, entretanto a meio do percurso houve um pequeno ataque seguido por largada de abelhas que deixou todos desnorteados uns para cada lado e ainda houve camaradas mordidos pelas abelhas, mas, depois de tudo reorganizado seguimos a viagem.

Depois do almoço saímos do Saltinho com destino a Aldeia Formosa e, entretanto veio ao nosso encontro o Pelotão de Reconhecimento Fox 888 que estava sediado naquela localidade junto com uma companhia de caçadores da qual não me lembro o número.

À nossa chegada não havia pão e muito menos vinho, mas lá comemos qualquer coisa e fomos procurar acomodarmo-nos para aí permanecer algum tempo.

Mas no dia 23 logo pelas 07h45 lá íamos outra vez, agora a caminho de Buba para aí pernoitar. Durante a tarde foram feitas duas saídas aos arredores em reconhecimento e no dia seguinte foi então o regresso a Aldeia Formosa com mantimentos para aquele destacamento, visto que o transporte era feito de barco até Buba e depois por terra para abastecer os destacamentos daí dependentes.

Durante as saídas para de reconhecimentos nos arredores de Buba, o alferes de minas e armadilhas aproveitou para efectuar algumas operações nos caminhos que se julgava serem percorridos pelo IN.

A dormida em Buba foi no chão com uma manta por colchão, visto aquele destacamento não estar preparado para receber mais um pelotão e os condutores das viaturas que se destinavam a trazer as cargas.

Durante os dois dias que se seguiram não houve nenhuma saída mas no dia 27 lá fomos até Guileje fazer um reconhecimento, onde nada existia além de laranjeiras carregadas de frutos e algumas bananeiras com bananas que mesmo muito verdes, depois de uns dias embrulhadas em papel dentro da mala do carro, já marchavam.

Havia também alguns ananases mas muito poucos. Nesta altura Guileje não passava de um matagal com algumas árvores de fruto pelo meio.

Foram passando os dias com algumas saídas a Buba escoltar as viaturas que iam buscar mantimentos até que; no dia 4 de Fevereiro pelas 02h30 da manhã lá vamos a caminho de Guileje agora para montar um aquartelamento onde ia ficar instalado um pelotão de caçadores e alguns milícias fulas com as suas famílias.

Nos dias que se seguiram foi a preparação do aquartelamento a capinagem a montagem de tendas e depois o inicio das construções e a preparação dos terrenos onde mais tarde foi feita a pista para as avionetas aterrarem e levantarem voo.

Durante esta permanência no dia 13 foi o meu Pelotão deslocado a Bedanda para deitar fogo através das balas incendiarias, das metralhadoras instaladas no meu carro, a umas casas de mato que se encontravam muito perto do rio que separava a zona onde estavam as nossas tropas e o reduto do IN. O rio era a baliza, nem os militares passavam para lá nem o IN se aventurava a passar para cá, no entanto, haviam constantes ataques a morteiro de ambas as partes.

Os dias foram passando com algumas idas a Aldeia Formosa e a Buba e a partir de certa altura chegou informação de que o IN iria dinamitar a ponte sobre o rio Balana e então nunca mais se juntaram os dois pelotões Fox do mesmo lado do rio; quando nós passávamos para um lado o pelotão 888 passava para o outro.

Já veio descrito em postes anteriores o trágico final do destacamento de Guilege e aparece agora descrito o início da formação deste mesmo destacamento.





Segue-se depois Gantoré e Gadamael mas fica para um próximo episódio.

Com um abraço para todos
Armando Fonseca
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 25 de Janeiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7668: O Alenquer retoma o contacto (2): Os primeiros grandes sustos (Armando Fonseca)

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Guiné 63/74 - P7735: Tabanca Grande (264): António Cunha, ex-1.º Cabo da CCAÇ 763 “Os Lassas” – Cufar 1965/66 (Mário Fitas/António Cunha)


1. O nosso camarada Mário Fitas, ex-Fur Mil Op Esp/RANGER da CCAÇ 763, “Os Lassas”, Cufar, 1965/66, reenviou-nos uma mensagem com a apresentação de mais um nosso Camarada, da sua CCAÇ 763, que se junta a nós nesta Tabanca Grande – o ex-1º Cabo António Cunha -, com data de 30 de Janeiro de 2011, que o Mário muito bem complementou com a informação que podemos ver no ponto 2:

Olá Mário, tudo bem?
Aqui esta o texto que disse que enviava.

Cufar, 24-2-1966 dia em que eu fiz 23 anos. Foi nesse dia que a CCAÇ 763 e outra (de que eu não recordo no número), saímos para montar segurança aos sapadores que iam limpar a estrada de Bedanda.
Parecia uma tarefa fácil, mas não foi, porque eram 04h00 da manhã quando fomos emboscados até as 08h00. O nosso camarada e grande amigo Fur. Mil. Humberto Gonçalves Vaz, natural de Viana do Castelo, tombou ali morto junto a nós.

Aqui vão as fotografia que combinamos (uma actual e outra militar), para colocar no blogue.

Se achares que o texto não está bem, compõe a tua maneira.
Um abraço, deste grande amigo,
António Cunha.
1º Cabo da CCAÇ 763

2. Camaradas, este foi um dos e-mails que estiveram aqui parados no meu correio, por causa do meu “gripanço” (ver poste anterior P7733).

Dada a minha amizade com o 1º. cabo António Cunha e ao meu grande companheiro Humberto Vaz, aliás como todos os soldados da C.CAÇ. 763, permitam-me que transcreva da história da CCAÇ 763 o relatório da referida operação:

"24 - A Companhia a 3 GCOMB tomou parte na operação TESTE que visava a abertura da estrada Catió - Cobumba. A Companhia tinha como missão instalar-se na estrada a fim de impedir o acesso do IN da região de Cabolol e garantir a segurança de uma coluna auto que se deslocaria de Catió para Cobumba.

A Companhia saiu do aquartelamento pelas 00H30 progredindo pela estrada com a CCAÇ 1500 à sua retaguarda.

Cerca das 04H00 a testa da Companhia atingiu o caminho para Cabolol Nalu, região onde as NT se deveriam instalar.

No momento em que a Companhia se preparava para proceder à sua instalação foi violentamente emboscada pelo IN que abriu fogo ao longo da estrada na direcção norte-sul batendo também o flanco direito da Companhia.

O IN enfiou ambos os lados da estrada com 2 MP 12,7 com balas tracejantes; atacou o flanco direito da Companhia com armas automáticas e MP; bateu o troço da estrada onde a Companhia se encontrava com LGF e Mort. 82 mm; atacou a testa da coluna com granadas de mão; colocou toda a Companhia na zona de morte.

A intensidade de fogo do IN manteve-se cerca de 50 minutos ao fim dos quais sofreu um decréscimo; nesta ocasião e após o lançamento de diversos verilaites de cor verde sobre a zona de acção foi avistado um helicóptero voando no sentido Cansala - Cabolol Nalu tendo aterrado nesta região não foi possível alveja-lo por se ter oculto por detrás do arvoredo.

Após o aparecimento do helicóptero cessou por alguns minutos o tiroteio, o qual cerca das 05H15 recrudesceu com grande intensidade de fogo de LGF e Mort. 82 mm.

As NT reagiram eficazmente tendo conseguido silenciar o IN pouco depois das 06H30.

Em virtude da intensidade de fogo desencadeado pelo IN as NT sofreram 2 mortos 1 desaparecido e 17 feridos, sendo um dos mortos Furriel Miliciano Humberto Gonçalves Vaz.

Considerando o grande número de feridos e a necessidade de de remuniciamento da Companhia cerca das 07H00 acompanhada da CCAÇ 1500 deslocou-se na direcção Camaiupa a fim de procurar um local propício para as evacuações.

Cerca das 07H35 a Companhia contactou na estrada com a CCAÇ 728 que se deslocava para o norte escoltando a coluna auto.

As NT instalaram-se junto à mata de Camaiupa onde se procedeu à evacuação dos mortos e feridos e remuniciamento.

Pelas 08H20 e considerando o grande número de baixas sofridas e o grande esgotamento do pessoal a operação foi dada por terminada.

Estiveram no aquartelamento no decorrer da operação TESTE o Comandante do Agrupamento 17, o Com. do BCAÇ 1858, acompanhados dos oficiais de operações, do oficial de transmissões do médico e capelão.

O médico do B.CAÇ. 1858 manteve-se em Cufar."

Eu e o Humberto Vaz (de óculos escuros)
Mário Fitas
Fur Mil Op Esp/RANGER da CCAÇ 763
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Nota de M.R.:
Vd. último poste desta série em:
5 de Fevereiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7723: Tabanca Grande (263): João Pinho dos Santos, ex-Alf Mil da CCAÇ 618/BCAÇ 619 (Susana e Binar, 1964/66)

Guiné 63/74 - P7734: Agenda cultural (107): Hoje, na SIC, Grande Reportagem, às 21h15, retoma-se um episódio bem amargado da guerra na Guiné, já tratado exaustivamente no nosso blogue há mais de 3 anos...





Guiné > Região do Cacheu > Bula > CAV 2487/BCAV 2862 (1969/70) > Sábado, 18 de Outubro de 1969 > Dois mortos e um ferido no final da Op Ostra Amarga (também ironicamente conhecida como Op Paris Match)... As NT (2 Gr Comb da CCAV 2487, comandadas pelo Cap Cav Sentieiro, hoje Coronel), caiem num emboscada do PAIGC... O combate é presenciado por jornalistas estrangeiros e registado em filme por uma equipa da televisão francesa, "embebbed" nas NT...  Entre esses jornalistas estava Geneviève Chauvel (na foto, em primeiro plano, sentada e, em segundo plano,  o Cap Cav  Sentieiro, no rescaldo da emboscada).  


Foto: © José Sentieiro (2007) (Gentilmente cediada ao nosso co-editor, Virgínio Briote).


1. A SIC, no seu programa Grande Reportagem, na edição de hoje, às 21h15, dedicada ao início da guerra colonial há 50 anos, em Angola (4 de Fevereiro de 1961), diz no seu sítio que o episódio de hoje, "A Emboscada", conta a história de um ataque a uma patrulha portuguesa na Guiné... E garante: "Imagens inéditas... A guerra colonial como nunca a viu" (*)... 


Na realidade, este episódio já foi aqui tratado por nós há mais de 3 anos, de maneira exaustiva e com grande profissionalismo, graças sobretudo à competência e ao empenhamento do nosso co-editor Virgínio Briote... Não sabemos se há ou não factos novos na apresentação e análise deste episódio de guerra (ocorrido no sector de Bula, num sábado, 18 de Outubro de 1969, no ano em que o homem pôs o pé na lua...), por parte da equipa da Grande Reportagem (no vídeo de menos de 4 minutos que está disponível do sítio da SIC > Grande Reportagem,  há apenas curtas intervenções do Cor Cav Ref José Sentieiro, da ex-enfermeira pára-quedista e membro da nossa Tabanca Grande, Rosa Serra, e ainda e do nosso camarada, natural de Peniche, Leonel Martins, que viu morrer a seus pés o seu amigo e conterrâneo Henrique Ferreira da Costa; o outro morto foi o António da Silva Capela, de Ponte de Lima; as NT pertenciam à  CCAV2487 / BCAV 2862, Bula, 1969/70)...


Mesmo que a televisão trate, em geral,  com superficialidade este e outros acontecimentos da nossa história contemporânea, já recomendámos aos nossos leitores a atenção para a emissão da Grande Reportagem de hoje... Mas não se diga que as imagens são "inéditas" (sic): o trabalho da SIC utiliza excertos do vídeo produzido pela equipa da televisão francesa, ORTF (**), e já amplamente divulgado e enquadrado por diversos postes nossos em Novembro e Dezembro de 2007, portanto há mais de 3 anos... 


Também Diana Andringa e Flora Gomes, no seu documentário As Duas Faces da Guerra (2007), já haviam utilizado excertos desse vídeo, francês, de 14 minutos... No filme, já eram entrevistados o Cor Cav Ref José Sentieiro e outros dois  protagonistas dos acontecimentos,  o Leonel Martins e o Pedro Gomes (este entretanto falecido).


Não sei se a equipa da Grande Reportagem conseguiu contactar, como pretendia, alguns dos jornalistas franceses que iam "embebbed" na coluna emboscada (antes de se tornar moda)... Como dissemos na altura, havia pelo menos uma mulher, uma jornalista francesa (hoje, escritora, autora de romances históricos,  Geneviève Chauvel , de seu nome)... Ela terá sido uma das raras mulheres, jornalistas, estrangeiras, a testemunhar uma cena de combate no TO da Guiné, no período da guerra colonial, no decurso da Op Ostra Amarga (também designada ironicamente por Op Paris Match) (***).

Recorde-se aqui o excelente trabalho dessenvolvido pelo Virgínio Briote (VB): Na sequência de contactos com Cor Cav Ref José Sentieiro, a viver em Torres Novas, o nosso co-editor localizou, na Internet, a bela e misteriosa jornalista francesa e correspondeu-se com ela...

Já demos conta desse aventura... à procura do tempo perdido, publicando parte da correspondência entre ambos...

Como editor do blogue, manifestei, na altura,  o meu grande apreço pelas diligências feitas pelo VB, a sua persistência, a sua inteligência emocional, a capacidade de utilização da sua rede de contactos sociais (ou não tivesse sido ele um homem do marketing farmacêutico, a par de um grande operacional, comando, na Guiné)...







Guiné > Região do Cacheu > Bula > BCAV 2862 (1969/70) > Sábado, 18 de Outubro de 1969 >  Spínola, que dera cobertura à operação jornalística, apressa-se a aparecer no local, acompanhado pelo seu ajudante de campo, Almeida Bruno bem como pelo comandante do BCAV 2862, Ten Cor Morgado... Na foto, de costas, o Cap Cav José Maria Sentieiro, comandante da CCAV 2485, que por impedimento do comandante da CCAV 2487, foi encarregado de dirigir este patrulhamento. ~


Imagem obtida no rescaldo da emboscada que custou dois mortos à CCAV 2487. Cópia da imagem do Paris-Match.






O General Spínola, ladeado pelo Major Alameida Bruno (de G3 e luvas), Major João Marcelino (2º Comandante do BCAV 2868, então em Bissau e que apanhou boleia no heli) e o Ten Cor Alves Morgado, Comandante do BCAV 2868 que acompanhou o desenrolar da acção. Foto tirada no  local, no rescaldo após a emboscada. Imagem extraída da edição do Paris-Match nº 1071, de 15 de Novembro de 1969.




2. Sobre o General Spínola, escreveu Chauvel no semanário Paris-Match, quase um mês depois da emboscada:

Monóculo no olho, apoiando-se no seu pingalim, este oficial parece surgir de um filme dos anos 30. Não é o Pierre Renoir de 'La Bandera', nem o Von Stroheim de 'La Grande Illusion'. O general português Spínola faz verdadeiramente a guerra. Na Guiné. Imagem soberba e irrisória: um pequeno país que possuía, há quatrocentos anos, um império imenso, sobre o qual o sol nunca se escondia, esgota-se hoje no último combate colonial do século.



Entre a Gâmbia e a Guiné de Sékou Touré, a Guiné Portuguesa conta com um punhado de colonos, face a meio milhão de autóctones, num território do tamanho de um departamento francês. De há oito anos a esta parte está transformado num campo de batalha. A guerrilha dos rebeldes, armados pela China e muito organizados – revistas, instrução política, jornais de propaganda – absorve cada vez mais as tropas portuguesas.
Lançados num país muito quente, com uma vegetação muito densa, vigiados pelo inferno das emboscadas, os camponeses de Beja, os pescadores da Nazaré ou os estudantes de Coimbra cuidam da sua elegância, a exemplo do seu comandante-em-chefe: “Mais vale ir para o céu com um uniforme como deve ser”. 


Fonte: Paris-Match, nº 1071, L’étranger, pp. 30 e 31, texto de Geneviève Chauvel-Gamma. Tradução livre de V. Briote. (Com a devida vénia...).(****)


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Notas de L.G.:


(*) Vd. poste de 26 de Janeiro de 2011 >Guiné 63/74 - P7679: Agenda cultural (103): Programa na SIC com o Cor. Sentieiro - o Capitão da "Ostra Amarga" – 6 Fevereiro 2011 (Virgínio Briote)

(**) 8 de Novembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2249: Vídeos da guerra (2): Uma das raras cenas de combate, filmadas ao vivo (ORTF, 1969, c. 14 m) (Luís Graça / Virgínio Briote)


(***) Vd poste de 15 de Dezembro de 2007 >Guiné 63/74 - P2351: Vídeos da Guerra (6): Uma Huître Amère para a jornalista francesa Geneviève Chauvel (Virgínio Briote / Luís Graça)


Vd. também os postes de:


8 de Novembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2250: Vídeos da guerra (3): Bastidores da Op Ostra Amarga ou Op Paris Match (Bula, 18Out1969) (Virgínio Briote / Luís Graça)


11 de Novembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2256: Vídeos da guerra (4): Ainda nos bastidores da Operação Paris Match (Torcato Mendonça / Luís Graça / Diana Andringa)


13 de Novembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2261: Vídeos da guerra (5): Nos bastidores da Op Paris Match: as (in)confidências de Marcelo Caetano (Manuel Domingues)

Guiné 63/74 - P7733: Estórias avulsas (48): Eu, com o Furriel Miliciano Humberto Vaz, falecido em combate na operação Teste (Mário Fitas)


1. O nosso camarada Mário Fitas, ex-Fur Mil Op Esp/RANGER da CCAÇ 763, “Os Lassas”, Cufar, 1965/66, enviou-nos a seguinte mensagem, com data de 4 de Fevereiro de 2011.
Eu com o Furriel Miliciano. Humberto Vaz, falecido em combate na operação “TESTE”
Camaradas,
Envio a foto onde se pode ver eu e o Fur Mil Humberto Vaz, morto na operação TESTE. O Fur Mil Vaz está de óculos escuros.


Um problema de gripe forte atirou-me para a cama durante oito dias, o que me retirou a possibilidade de abrir o computador.

Ontem à noite ao abrir a máquina, deu-me vontade de fugir! Tinha próximo de trezentos e-mails e a Tabanca Grande tinha rodado a uma velocidade tal que me senti perdido.

Passei os olhos por algumas coisas, mas o mais grave foi não ter dado, publicamente, os parabéns aos aniversariantes,  como é meu hábito,  e ainda por cima ao nosso Chefe de Tabanca.

Solicito que, através deste meu texto, me fosse permitido apresentar as minhas desculpas a todos aqueles a quem não tive oportunidade de, em devido tempo, Felicitar.

Ainda deu para ver algumas coisas que gostei!

Mas!...

Eu sou o culpado de pedir a saída das G3 para dar um pouco de vida ao debate. Penitencio-me!

Agora essa da "INTIFADA"?... Camarigos (perdoa a usurpação,  Jaquim),  não!

À pedrada, nunca!

Lá na Planície quando havia jogos e grandes rivalidades entre aldeias é que se resolvia à pedra.

Calma! Já estou a 18 meses de atingir a Cota do Picado e mais alguns por aí. Temos de nos emendar,  não acham?

Vai aquele abraço de sempre com duplo vigor para os aniversariantes e, como sempre, do tamanho do Cumbijã.

Mário Fitas
Fur Mil Op Esp/RANGER da CCAÇ 763
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Nota de M.R.:
Vd. último poste desta série em:

31 de Dezembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7530: Estórias avulsas (101): Passados mais de 42 anos (Jorge Teixeira - Portojo)

Guiné 63/74 - P7732: Memória dos lugares (134): Algumas fotos da minha breve passagem pelo Pelundo (António Teixeira)



1. Mensagem de António Teixeira (ex-Alf Mil da CCAÇ 3459/BCAÇ 3863 - Teixeira Pinto, e CCAÇ 6 - Bedanda; 1971/73), com data de 5 de Fevereiro de 2011:

Ora vivam camarigos.
Algumas fotos da minha breve passagem pelo Pelundo:

António Teixeira





Foto 2 - Entrada para o aquartelamento do Pelundo. Foi aqui que de deu a transmissão do poder militar para o PAIGC


Foto 3 - Messe de Oficiais . Não me recordo dos nomes mas o Alferes que está à esquerda com o boletim de totobola na mão era o médico da Batalhão. O outro que está à minha esquerda, era o cabo "barman" lá da messe.


Foto 5 - Eram célebres estas viaturas. Creio que se chamavam GMC.


Foto 6 - Pôr-do-Sol no Pelundo


Foto 9 - Outro pôr-do-sol


Foto 10 - "Avenida" Principal da povoação


Foto 18 - Realmente África dá-nos paisagens de cortar a respiração.


Foto 29 - Apresentação da Companhia de Instrução ao General. Foto tirada no dia do Juramento de Bandeira dos Milícias.


Foto 30 - Revista às tropas da minha Companhia de Instrução.
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 5 de Fevereiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7726: Memória dos lugares (133): Bissau dos anos 70 (António Teixeira)

Guiné 63/74 - P7731: Blogoterapia (176): Assinar a petição dos ex-combatentes e lembrar tempos difíceis de meu pai (Ana Paula Ferreira)

1. Mensagem da nossa amiga Ana Paula Ferreira, filha do ex-1.º Cabo Fernando Ferreira da CCAÇ 617/BCAÇ 619, Catió e Cachil, 1964/66:

Olá a todos,
Já não visito o blogue há algum tempo, por isso já não estou muito familiarizada com a forma de comunicar com a Tabanca Grande.

Fora essas "debilidades técnicas" gostava de vos informar que também assinei a petição e com muito orgulho, em nome do meu pai: Fernando das Neves Ferreira.

Falei-vos dele pela primeira vez em 2006*, creio. O blog parou uns meses depois, mas mesmo assim voltava lá de vez em quando, porque me ajudava ler aquelas palavras e ver as fotografias. Tudo era para ele, sobre ele e todos os que embarcaram um dia, para defender a Nação e porque nunca ninguém lhes perguntou se quereriam realmente lutar naquela guerra, matar naquela guerra, ver morrer naquela guerra. A Nação precisava desse sangue? Mas ninguém lhes perguntou e assim não responderam a não ser com as suas vidas e os seus destinos mais ou menos fatídicos. Ninguém lhes perguntou, porque em ditaduras, nada se pergunta, apenas se ordena.

Não tenho visitado o blog, como já referi, mas continuei a ler todos os emails que recebia e continuei as minhas pesquisas, as minhas leituras... ontem ouvi Manuel Correia de Oliveira a cantar Roseira Brava (acrescentei a letra no final do email).

Quando era pequena e passavam aqueles pequenos documentários sobre a Guerra, as imagens eram sempre as mesmas, homens lutando para andar, enterrados em lama e àgua até ao pescoço, com os braços esticados para o céu segurando as armas, caminhando entre vegetação fustigada pelo corropio do helicóptero que se aproximava, carregando dois a dois, longos panos brancos com corpos mutilados... e a música era quase sempre esta: Roseira Brava de Manuel Correia de Oliveira. Por isso quando ontem a ouvi, tornei a ver tudo de novo. E pela primeira vez, hoje, depois de ter conseguido estes dados há mais de dois anos, contactei , ou tentei contactar colegas do meu pai: da mesma secção. Confesso que rezava enquanto marcava o número, não ferir ninguém a perguntar por alguém que poderia já cá não estar. A maior parte dos números já não eram reconhecidos, outros, não atenderam, restando apenas três. Três da lista de secção que eu tinha : 1 atirador, condutor e um furriel.

Tentei da melhor forma explicar porque ligava, até que a senhora que me atendeu, interrompe as minhas desculpas com "está engana, o meu marido nunca esteve na tropa". Titubeei ainda que estava com os dados do senhor à frente, mas a resposta foi irredutível e breve na despedida.O segundo, que sim, tinha estado, mas de repente, quando lhe pergunto se conhecia alguém daquela secção, não, não tinha estado lá como militar, mas como empresário. Mais uma vez apresentei as minhas desculpas pelo engano. Concluí que, ou tinham sido cometidos muitos enganos, nas listas de batalhões, ou então havia alguém que preferia não falar desses tempos.

Mas a parte que me levou a falar disto foi o último telefonema: fui imediatamente advertida que não queria comprar nada (e lembrei-me da minha mãe, que sózinha em casa, cada toque do telefone é um sobressalto de alma quando a maior parte das vezes é de facto alguém a querer vender... qualquer coisa. Este senhor tinha uma voz triste e tão desalentada que o ouvi com o coração apertado (até porque praticamente não me deixou falar muito): os filhos estão longe e indiferentes e sozinho queixa-se do que fez por eles e principalmente dos sonhos que ainda hoje o atormentam; este sim, confirmou lá ter estado, mas foi quase com raiva que se distanciou de pessoas ou pormenores de então. Raiva de muita coisa, raiva de ainda não ter tranquilidade ao cabo de todos estes anos. "É esta vida, que é uma porcaria sabe...". Falei-lhe dos apoios que poderia ter, gratuitamente, ou quase, na APVG, nos grupos imensos de pessoas que se encontram todos os anos e misturam lágrimas com sorrisos, numa catarse daquele mal que nunca saiu completamente; mas já não me ouvia e desligou a chorar.

É muito doloroso saber que fui desinquietar ainda mais alguém que vive enclausurado num mundo em que todos lhes escapam pelos dedos das mãos, e nada lhe fica a não a ser a falta de paz.

Temo que telefonar-lhe de novo, para saber como está, como se sente, seja ainda pior.

E assim termino (tenho um jantar que já deveria estar feito e uma menina que está a reclamar a minha atenção...) com desejos de paz, saúde e muito amor para todos.

Ana Paula Ferreira


2. Comentário de CV:

Cara amiga Ana Paula, muito obrigado pelo seu contacto, pois há muito não tínhamos notícias suas.

Temos que lhe agradecer também o ter assinado a nossa petição, que afinal é de todos os que se sensibilizam pelo abandono e falta de reconhecimento pelo esforço de uma geração que ao longo de 14 anos sustentou uma guerra sem solução e que custou muito sangue à juventude de então.

Se os males do corpo estão mais ou menos solucionados, o do stress pós-traumático de guerra nunca foi devidamente reconhecido, e poucos técnicos de saúde se dedicam a esta problemática. Os apoios e as informações que deviam chegar a quem delas necessita, não chegam, porque também não houve, nem há um rastreio aos ex-combatentes, nesta fase de idade mais avançada em que as depressões são mais vulgares, originadas pela solidão e falta de saúde geral.

Procurei na página do nosso camarada Jorge Santos (http://guerracolonial.home.sapo.pt/) pedidos de contactos do Batalhão ou Companhia de seu pai, e encontrei este contacto: A. Ferreira da CCAÇ 616, telemóvel 961 958 299. Se ainda não contactou este camarada, em princípio ele estará disponível para ser contactado. Não é propriamente da Unidade de seu pai, mas pode ter outros contactos.

Recentemente aderiu ao nosso Blogue um camarada do Batalhão de seu pai, pertencente à Companhia 618, João Pinho dos Santos, ex-Alf Mil. Consulte o Poste 7723 (clique aqui). Mais uma hipótese a explorar.

A propósito, e para que perceba esta coisa das Unidades, informo-a de que um Batalhão, o do seu pai era o 619, era composto por 3 Companhias operacionais.
O Batalhão 619 era composto pelas Companhias 616 à qual pertenceu o A. Ferreira, 617 à qual pertenceu o seu pai e a 618 à qual pertenceu o nosso e camarada e amigo João Pinho dos Santos.
Por sua vez, cada Companhia era composta por 4 Pelotões.
Estamos a falar de Atiradores, porque ainda há que somar a esta gente os Especialistas: Condutores Auto, Transmissões, Enfermeiros, Mecânicos, Cozinheiros e Corneteiros.

Esta explicação é só para lhe dizer que haverá muita gente que se lembrará do Camarada 1.º Cabo Fernando Ferreira. Continue a tentar.

Posto isto, desejo-lhe, em nome da tertúlia, as maiores felicidades, dizendo-lhe que pode voltar ao nosso contacto sempre que queira.

Continue a acompanhar a II Série do nosso blogue em http://blogueforanadaevaotres.blogspot.com/

Um abraço do
Carlos
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Roseira Brava, letra e música de Manuel Correia de Oliveira

Roseira brava, roseira
Barco sem leme nem remos
Roseira brava é a vida
Que amargamente vivemos.

Roseira brava não tem
Rosas abertas nos ramos
Roseira brava é espinho
Que em nosso peito cravamos.

Roseira brava, roseira
Rosa em botão desfolhada
Roseira brava é teu rosto
Rompendo da madrugada.

Roseira brava no vento
Vai espalhando a semente
Roseira brava é lembrar
Quem se não lembra da gente.

Roseira brava, roseira
Que o sol de Verão não aquece
Roseira brava é o amor
A quem amor não merece.

Roseira brava é o ódio
Que vai minando a raiz
Roseira brava, roseira
Roseira do meu país.

Roseira brava é o ódio
Roseira do meu país.
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(*) Vd. poste de 8 de Abril de 2006 > Guiné 63/4 - DCLXXXV: Aerograma de Ana Paula Ferreira: o meu pai, o 1º cabo Ferreira (CCAÇ 617, BCAÇ 619, 1964/66)

Vd. último poste da série de 3 de Fevereiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7714: Blogoterapia (175): O Regresso, ou quem nos quer ainda ouvir (Joaquim Mexia Alves)

Guiné 63/74 - P7730: Parabéns a você (214): José Teixeira, ex-1.º Cabo Enf.º da CCAÇ 2381 (Tertúlia e Editores)




PARABÉNS A VOCÊ

06 DE FEVEREIRO DE 2011


Caro camarada José Teixeira, a Tabanca Grande solidariza-se contigo nesta data festiva. Sabes que és um camarigo especial entre a Tertúlia, pela tua colaboração no Blogue onde cada texto é um hino à solidadriedade que já praticavas ao tempo, e muito mais importante, pela tua actividade dentro da ONG da Tabanca Pequena de Matosinhos, sempre muito bem acompanhado pelos teus camaradas de Direcção. As vossas iniciativas a favor da Guiné-Bissau são reconhecidas e deram já muitos e bons frutos.

Assim, temos a certeza toda a Tertúlia vem desejar-te um feliz dia de aniversário junto de tua esposa, filhos e demais familiares e amigos.

Que esta data se festeje por muitos anos, repletos de saúde, porque isso se vai reflectir no bem de alguém, tendo sempre por perto aqueles que amas e prezas. Amigos não faltarão à tua volta, porque os sabes cativar e manter.

Na hora do brinde não esqueças os teus camaradas e amigos do Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné, que irão erguer também uma taça pela tua saúde e longevidade.
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Notas de CV:

(*) José Teixeira foi 1.º Cabo Enf.º da CCAÇ 2381, Buba, Quebo, Mampatá e Empada, 1968/70 e actualmente é membro da Direcção da Tabanca Pequena ONGD que se dedica a apoiar causas em favor do povo irmão da Guiné-Bissau

Vd. último poste da série de 6 de Fevereiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7729: Parabéns a você (213): Ana Duarte, Fernando Franco e Hugo Moura Ferreira (Tertúlia e Editores)

Guiné 63/74 - P7729: Parabéns a você (213): Ana Duarte, Fernando Franco e Hugo Moura Ferreira (Tertúlia e Editores)

PARABÉNS A VOCÊ

06 DE FEVEREIRO DE 2011





Cara amiga Ana Duarte, caros camaradas Fernando Franco e Hugo Moura Ferreira, a Tabanca Grande solidariza-se convosco nesta data.

Assim, vêm os Editores, em nome de toda a Tertúlia desejar-vos um bom dia de aniversário junto dos vossos familiares e amigos.

Que esta data se comemore por muitos anos, repletos de saúde, tendo sempre por perto aqueles que amais e prezais.

Na hora do brinde não esqueçais os vossos camaradas e amigos do Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné, que irão erguer também uma taça pela vossa saúde e longevidade.
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Notas de CV:

Ana Duarte é viúva do nosso camarada Sargento-Mor Humberto Duarte, que foi Fur Mil Op Esp / RANGER do BCAÇ 4514, Cantanhez -1973/74

Fernando Franco foi 1.º Cabo Caixeiro do PINT 9288, Guiné, 1973/74

Hugo Moura Ferreira foi Alf Mil da CCAÇ 1621, Cufar e Cachil, e CCAÇ 6, Bedanda, 1966/68

Vd. último poste da série de 5 de Fevereiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7728: Parabéns a você (212): Agradecimento do José Belo, um lusitano na terra dos Vikings

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Guiné 63/74 - P7728: Parabéns a você (212): Agradecimento do José Belo, um lusitano na terra dos Vikings



1. Mensagem do nosso querido amigo e camarada José Belo (, Joseph, para os Vikings), com data de ontem:


Luís:  Agradeço do fundo do coração as tuas palavras amigas. Juntamente com as de outros Camaradas e Amigos,  tornaram este aniversário "O MAIS LUSITANO" que tive em todos estes anos.(E são já muitos,  os anos!). 


A colagem do Miguel Pessoa, na sua tão bem conseguida triangulação Lapónia/Key-West/Cozido à portuguesa, proporcionou,tanto à minha mulher como aos filhos, uns bons momentos de gargalhadas por considerarem que ele tinha acertado em cheio na esquizofrenia TRIPLA desde irrecuperável paciente. 


Aproveito para aqui te mandar mais uma das curiosidades locais.Os trenós de festa, usados exclusivamente no norte da Suécia, em que os amigos te aparecem à porta de casa em dias festivos. (A considerar...para o cozido do próximo encontro da Tabanca do Centro!).


Um SKÅL e um grande abraço!


J. Belo

Guiné 63/74 - P7727: Notas fotocaligráficas de uma viagem de férias à Guiné-Bissau (João Graça, jovem médico e músico) (3): 9 e 10/12/2009, em busca do dari (chimpanzé), em Farim e Madina do Cantanhez...



Guiné-Bissau > Região de Tombali > Parque Nacional do Cantanhez > Madina > 10 de Dezembro de 2009 > 7h32 > Um dari (chimpanzé) descendo uma árvore...




Guiné-Bissau > Região de Tombali > Parque Nacional do Cantanhez > Madina > 10 de Dezembro de 2009 > 7h32 > Outra foto do  dari (chimpanzé) a descer a árvore...

 Este grande símio (o mais aparentado, do ponto de vista genético, ao ser humano) é muito difícil de observar e fotografar... Contrariamente a outros primatas que existem no Parque, com relativa abundância com o macaco fidalgo (fatango) (fotos a seguir)....


Guiné-Bissau > Região de Tombali > Parque Nacional do Cantanhez > Madina > 10 de Dezembro de 2009 > 7h32 > O fatango, um autêntico acrobata...



Guiné-Bissau > Região de Tombali > Parque Nacional do Cantanhez > Madina > 9 de Dezembro de 2009 > 15h50 > O macaco fidalgo...


Guiné-Bissau > Região de Tombali > Parque Nacional do Cantanhez > Farim do Cantanhez > 9 de Dezembro de 2009 > 17h00 > Uma das belas árvores, seculares, do parque...


Guiné-Bissau > Região de Tombali > Parque Nacional do Cantanhez > Farim do Cantanhez > 9 de Dezembro de 2009 > 17h36 > A exuberância da vegetação do parque...



Guiné-Bissau > Região de Tombali > Parque Nacional do Cantanhez > Farim do Cantanhez > 9 de Dezembro de 2009 > 17h06 >  Com mais de 100 mil hectares, este parque é muito importante, segundo o IBAP - Instituto da Biodiversidade e das Areas Protegidas, com sede em Bissau: 

"Grande diversidade da fauna e da flora com a existência de várias florestas húmidas onde se destacam sobretudo as essências raras e únicas, tais como: copaifera, salicaunda, 'pau' miseria, mampataz, 'pau' de veludo, tagarra, faroba de 'lala' e outras. Ainda alberga diferentes espécies de fauna  (elefante, búfalo, baca branco, sim-sim, chimpanzé, macaco fidalgo, porco de mato), entre outros: é reconhecido por WCMC como um dos 9 sitios importantes do ponto do vista da bioiversidade.  Cantanhez é igualmente uma das 200 eco-regiões mais importantes do mundo identificadas pela  WWF."


Guiné-Bissau > Região de Tombali > Parque Nacional do Cantanhez > Farim do Cantanhez > 9 de Dezembro de 2009 >9h34 > Restos da refeição (mangas) de um ou mais daris...



Guiné-Bissau > Região de Tombali > Parque Nacional do Cantanhez >  Cananima > 9 de Dezembro de 20090 > 18h05 > Uma aldeia de pescadores frente a Cacine, situada na margem direita do Rio Cacine... Não existia no tempo da guerra...

Fotos: © João Graça (2009) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados


1. Continuação da publicação das notas, quase meramente telegráficas, do diário de viagem à Guiné, do João Graça, acompanhadas de algumas das centenas fotos que ele  fez, nas duas semanas que lá passou (*)... 

Nos  cinco primeiros dias (de 6 a 10 de Dezembro de 2009) vamos encontrá-lo, como médico, voluntário,  no Centro de Saúde Materno-Infantil de Iemberém

 Ao 5º dia, 9 de Dezembro de 2009,  tentou, pela primeira vez, mas em vão, ver o "despertar" dos chimpanzés do Parque Nacional do Cantanhez, em Farim. Conseguiu "apanhá-los", com a sua Nikon D60, reflex, no dia seguinte de manhã, em Madina...

Nalguns casos, por serem de todo ilegíveis ou fazerem referências muito pessoais a terceiros, optei por assinalar com parênteses rectos e reticências [...] essas partes do diário... Noutros casos, acrescentei, também dentro de parênteses rectos [   ], algumas notas da minha lavra,  decorrentes das nossas conversas sobre esta viagem (memorável, para ele)... As notas dos primeiros dias foram escritas à noite, à luz da pilha, em Imemberém, depois de um dia extenuante com dezenas de doentes nas consultas [L.G.].




Dia 5 – 9/12/2009, 4ª feira,  Iemberém

5.1 . 3º  dia de consultas – Visita aos chimpanzés.

5.2. Levantámo-nos às 5h00. Viagem até à terra da Cadi, Farim [do Cantanhez], onde estariam os chimpanzés.

5.3. Afinal não estavam em grupo. Vimos formigas a picarem o nosso corpo.

5.4. Fomos dois jipes: Cadi [, grávida de 7  meses], Antero e eu;  motorista, Alexandre, Joana e Zeca [, guia do Parque].

5.5. Ficámos à espera dos chimpanzés na casa da Cadi: Pai, ex-combatente [do PAIGC, Abdu Indjai], mostrou-me  [a sua prótese, foi amputado de uma perna durante a guerra colonial]; avó, velhinha, 70 anos, que me ofereceu um cesto para a minha mãe e outro para a Rita [, minha namorada].

5.6. Seis/sete miúdos com leishmaniose. Amanhã falar com Vera, Enf[ermeira do Centro de Saúde Materno-Infantil de Iemberém].

5.7. Voltámos a Iemberém às 10h30. Pequeno-almoço com Alex e Joana [dois investigadores portugueses].

5.8. Tabató, aldeia de músicos perto de Bafatá. Tenho que lá ir.

5.9. Consultas no Centro de Saúde: inicialmente não havia ninguém, mas foram chegando. 12/13 doentes, só 2 graves/urgentes. Escrevi cartas para a Enf Vera [, brasileira,], que não estava lá.

5.10. Um doente [que fez parte do] Batalhão Operação Mar Verde [, possivelmente, fuzileiro especial, do DFE 21].
[…]

5.12. Viagem [para visita às instalações da Televisão Comunitária Massar, em Iemberém…]. Termiteiras, árvore gigante, aldeia de pescadores [, Cananima], galhofa na viagem!

5.13. Amarildo aguardava-me na TV Massar. Cheguei atrasado 40 minutos. Pela 3ª vez! Gostou da ideia, vai-se fazer o vídeo [comunitário].

5.14. Jantar na casa da Joana, em Madina.

5.15. Vídeo do Zeca […].

5.16. Anedota [, contada pelo Zeca]: João tinha uma mulher e esta mais dois amantes: Vida e José. Quando João estava fora, [ela] avisava-os e iam para sua casa fazer ‘brincadêra’.
Um dia a mulher tinha chamado os 2 amantes com receio de que um deles não aparecesse. Nisto, João voltou sem avisar.

Primeiro, Vida bate à porta. ‘Brincadêra’. Depois bate o 2º, [José]. Vida, pensando que era o João, esconde-se no tecto do quarto. O 2º bate à porta, afinal não era o João. [Mais]‘brincadêra’.

Um 3º bate à porta, [desta vez era o ] João. O outro, José, mete-se debaixo da cama. João entra. Deita-se na cama [e exclama]:
- Ai, vida!

[O Vida, julgando-se descoberto, justifica-se:]
- Não sou  o único, não sou o único! Ah, também há um [outro] debaixo da cama!...


10/12/2009, 5ª feira, Iemberém

6.1. 4º dia de consultas. Viagem Iemberém-Bissau.

6.2. Pai muçulmano, filha com Sida. Não voltou ao Centro de Saúde. Vai morrer em breve.

6.3. Abcesso craniano drenado.

6.4. Despedidas: Vera, Amarildo, Zeca, Cadi, Domingos, Abdulai.

6.5. Visita,  de manhã,  aos chimpanzés, em Madina. Desta vez apanhámo-los.

Continua


[Fixação / revisão de texto / selecção e edição de fotos: L.G.]

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Nota de L.G.:

(*) Vd. postes anteriores:

28 de Janeiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7686: Notas fotocaligráficas de uma viagem de férias à Guiné-Bissau (João Graça, jovem médico e músico) (2): 6/12/2009, domingo, 1ª consulta, um baptizo muçulmano, um casório católico, uma visita a uma fábrica de caju... 7/12/2009, 2ª feira: 1º dia de consultas. 42 doentes à porta do C.S. Materno-Infantil de Iemberém