Blogue coletivo, criado e editado por Luís Graça, com o objetivo de ajudar os antigos combatentes a reconstituir o puzzle da memória da guerra da Guiné (1961/74). Iniciado em 23 Abr 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência desta guerra. Como camaradas que fomos, tratamo-nos por tu, e gostamos de dizer: O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande. Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
quinta-feira, 30 de setembro de 2021
Guiné 61/74 - P22582: Ser solidário (241): O nosso camarada e amigo Torcato Mendonça encontra-se hospitalizado há já algum tempo. Notícia de ontem da sua esposa Ana Mendonça
1. No seguimento da publicação, no nosso Blogue e Facebook da Tabanca Grande Luís Graça, do postal de aniversário do nosso camarada Torcato Mendonça, ocorrido no passado dia 4 de Setembro, recebi, ontem dia 29 de Setembro, uma mensagem através do Messenger, da sua esposa Ana Mendonça com a triste notícia da hospitalização do Torcato há já algum tempo:
Olá Carlos Vinhal
O Torcato encontra-se hospitalizado...
Um abraço e obrigada pelos parabéns enviados e que ele gostaria ter lido.
Ana Mendonça
2. Imediatamente entrei em contacto com a nossa amiga Ana:
Boa tarde Ana.
Lamento a situação do amigo Torcato que a cada passo me telefonava, sempre com muitos assuntos além dos inevitáveis da Guiné.
A última vez que falámos ao telefone julgo que já não me conseguiu reconhecer. Em telefonemas anteriores já me tinha referido estar a sofrer de problemas relacionados com perda de memória.
Por favor vá-me inteirando da evolução do estado de saúde do Torcato e se quiser que se dê alguma notícia dele no Blogue, estamos ao dispor.
Desejo à Ana a melhor saúde possível. Tem um bem precioso, os seus filhos.
Um beijinho pessoal e a solidariedade da tertúlia do Blogue.
Carlos
3. Ainda ontem veio esta mensagem da amiga Ana Mendonça
Muito obrigada pelo carinho e amizade...
Ele teve noção do que estava a acontecer e tentou "combater" mas não conseguiu e isso dói muito.
As visitas hospitalares também o isolaram porque não as teve devido ao covid e tudo ajudou a que ele não se sentisse confortável. Vamos ver se abrem a partir de outubro.
Eu comuniquei para que fosse do vosso conhecimento já que ele estava sempre atento ao blogue. Se quiser pode comunicar.
Beijinho e obrigada
Também em nome do Torcato
Ana Mendonça
4. Um pouco mais tarde outra mensagem com notícias mais animadoras:
Hoje foi a vez de o Pedro ir ver o pai e diz que o encontrou um pouco melhor!
Deus queira que assim continue!
Ana
5. Comentário de CV:
De há já algum tempo tinha notado, assim como outros camaradas que com alguma frequência falavam com o Torcato, que ele não estava a passar bem, denotando-se aqui e ali algumas falhas de memória. Deixou de me telefonar pelo que tomei a iniciativa de lhe ligar. Notei-lhe algum distanciamento, sinal de que não sabia exactamente quem lhe falava. As nossas anteriores conversas, de horas, versavam tudo desde a inevitável Guiné, à política, até à vida privada, principalmente saúde, ou falta dela, coisa em que nós os mais maduros somos peritos. Desta vez foi estranhamente curta. Mentalmente despedi-me do Torcato, as nossas infindáveis chamadas telefónicas tinham chegado ao fim.
Fui visitando o "face" dele, e o que eu temia estava a acontecer, deixou de publicar. Uma coisa ou outra que aparecia julgo ter a mão da sua companheira de vida, a Ana.
Que venho propor? Sendo o Torcato um homem solidário e um camarada como poucos, quem tiver acesso ao seu facebook deixe lá uma mensagem de solidariedade e conforto. Quem não for seu "amigo", peça-lhe amizade que a Ana tratará de a aceitar por ele. É nas horas difíceis que devemos mostar o quanto somos unidos. Fomos irmãos na guera que não quisemos e continuamos a sê-lo nesta paz que nunca é completa para quem por lá andou.
À Ana e aos dois filhos do casal, Pedro e Ricardo, dos quais o Torcato me falava sempre com tanto carinho e orgulho, deixamos a nossa força e o crer de que o marido e pai, mais ou menos limitado, vai continuar com eles e connosco.
Para ti Torcato o nosso abraço e os votos de melhoras.
Carlos Vinhal
Coeditor
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Nota do editor
Último poste da série de 28 DE SETEMBRO DE 2021 > Guiné 61/74 - P22576: Ser solidário (240): Jardim-Escola Capitão Luís Filipe Rei Vilar e Residência dos Professores de Susana "Os Sopitos", duas magníficas obras da Associação Anghilau (Manuel Rei Vilar / José d'Encarnação)
Guiné 61/74 - P22581: Convívios (918): Cerca de 70 participantes no XXV Convívio Anual da CCAÇ 3398 / BCAÇ 3852, "Os Incendiários" (Buba, 1971/73)... Comemorou-se também os 50 anos da sua formação e mobilização para o CTIG (Joaquim Pinto Carvalho)
Fotos (e legendas): © Victor Duarte ( J. Pinto Carvalho (2021). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
O evento, organizado pelo ex-alferes miliciano Joaquim Pinto de Carvalho, natural do Cadaval (, membro da nossa Tabanca Grande, e régulo da Tabanca do Aira-te ao Mar) contou com a participação de cerca de 70 pessoas. (Vd. Foto n.º 1, com o Pinto de Carvalho, à frente como porta-estandarte.)
Capa e contracapa (detallhe) da brochura de Joaquim Pinto de Carvalho, "A 'Chama' que nos chamou: um contributo para a história da CCAÇ 3398, "Os Incenidários", Buba, Guiné (1971/73), na comemoração do seu cinquentenário.(2021, 88 pp., il.)
A sessão abriu com uma saudação de boas vindas feita pelo organizador do evento e pelas entidades oficiais presentes, seguindo-se a apresentação do livro comemorativo deste cinquentenário “A Chama Que Nos Chamou - um contributo para a história da CCaç 3398" e a condecoração com a “Medalha de Ouro” de todos os antigos combatentes que responderam à chamada; alguns foram condecorados a título póstumo, representados por familiares que quiseram estar presentes.
Após a
condecoração, momento alto e mais emotivo desta sessão, foi projetado um
pequeno video sobre Buba, filmado por um grupo de expedicionários que, na
guerra colonial, combateram na região sul da Guiné e que, em 2013, lá se
deslocaram (“Nina”, Lobo e Rainho). (Será oportunamente divulgado no nosso blogue.)
Por fim, registou-se
um breve momento musical oferecido por Júlio Pina, fadista bem conhecido na
zona oeste onde reside e atua, que, sendo também um ex-combatente da Guiné, invocou
esse acontecimento e dedicou duas peças musicais, com reminiscências à guerra
da Guiné, designadamente “piriquito vai no mato” (Foto nº 7).
Terminada esta
sessão, junto do “Monumento do Combatentes”, no Largo do Combatentes, junto ao
posto da GNR do Cadaval, foi feita uma breve homenagem aos antigos combatentes
falecidos com a deposição de uma coroa de flores (Foto nº 8).
O convívio
prosseguiu com um almoço na “Quinta do Castro” (Pragança, Cadaval) (Fotos nºs 9, 10, 12, 13 e 14) com um bolo
comemorativo, cujo formato foi inspirado também num elemento natural presente
na paisagem guineense: o monte formigueiro “baga-baga” (Foto nº 11).
A edição do
filme exibido bem como a recolha de imagens do evento foi efetuada por Vítor
Duarte, que tem ligação ao Cadaval por ser neto e biógrafo do “Patriarca do
Fado”, o grande fadista Alfredo Marceneiro, que, segundo rezam as crónicas,
terá sido gerado no Cadaval; não tendo sido combatente, soube disparar a sua
objetiva para deixar à memória futura os
principais momentos deste encontro memorável, não só pela efeméride “ouro e prata”
que representou para a companhia mas por ser o primeiro convívio após o início
da pandemia COVID-19.
Devo tambémfazer aqui uma referência ao nosso amigo e camarada Belarmino Sardinha, antigo combatente na Guiné (Foto nº 14, ao centro de T-shirt azul e óculos). Vive no concelho do Cadaval. Fez questão de me dar alguma colaboração, embora não fazendo parte da CCAÇ 3398: nomeadamente, a chamada dos condecorados esteve a seu cargo.
Os “Incendiários” de Buba estão, pois, de parabéns. Espera-se que, para o ano, libertos desta guerra pandémica que nos colonizou, estas comemorações possam continuar por terras nortenha, donde, aliás, é oriunda a maioria dos combatentes que deram corpo a esta Companhia.(*)
Joaquim Pinto Carvalho (**)
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quarta-feira, 29 de setembro de 2021
Guiné 61/74 - P22580: Historiografia da presença portuguesa em África (282): A pacificação da Guiné de 1834 a 1924 (3) (Mário Beja Santos)
![](https://1.bp.blogspot.com/-wT0gltg1_Fg/XfPN_qtV3HI/AAAAAAABg1o/Nx6MhAV1fTUBm7dzvJvK1z8ECIO2Vs-EACLcBGAsYHQ/s1600/Beja%2BSantos-6.jpg)
Queridos amigos,
Reduziu-se ao máximo as descrições elencadas pelo Tenente-Coronel Miguéis acerca das operações de pacificação entre 1834 a 1924, no essencial é matéria que interessa a estudiosos, no geral permite picar com uma grande angular da fragilidade da presença portuguesa e há que dizer claramente que continua a pôr-se muita emoção e a mostrar muita indignação por alegadas atropelos ao prestigiado Capitão Teixeira Pinto, sem nunca ter em atenção que Abdul Indjai praticou , e há relatos a confirmar essas depredações, saques, sequestros, roubos, assassínios, durante a campanha de pacificação. Acontece que os mercadores portugueses e estrangeiros que viviam ao tempo na ilha de Bissau queixaram-se ao governador que quem era comandante da campanha era o oficial português. Abdul fica como régulo do Oio (manda a verdade que se diga que ele era régulo do Oio e do Cuor), e tudo leva a crer que atuava praticando barbaridades. Que era ambicioso, basta ler esta peça histórica do seu aprisionamento, talvez o documento mais detalhado que conta a história do seu afastamento da Guiné.
Um abraço do
Mário
A pacificação da Guiné de 1834 a 1924 (3)
Mário Beja Santos
Como é sabido, a Biblioteca da Sociedade de Geografia possui uma secção de Reservados onde tenho tido a felicidade de encontrar algumas peças preciosas. Houve agora oportunidade de regressar a este filão de manuscritos, e deparou-se-me um dossiê intitulado Res 1 – Pasta E-21, que se intitula Apontamentos Relativos às Campanhas para a Pacificação da Guiné de 1834 a 1924, compilados pelo Tenente-Coronel de Infantaria João José de Melo Miguéis, Bolama, com data de 6 de agosto de 1925, Repartição Militar da Colónia da Guiné, 1.ª Secção. É então Governador Velez Caroço.
O Tenente-Coronel Miguéis dá-nos porventura o relato mais detalhado sobre a prisão de Abdul Indjai, sugere que houve para ali uma tremenda cabala, intrigas sem fim que caíram sobre Teixeira Pinto, acusado de muita coisa. Quem toma posições pró e contra Teixeira Pinto e as tropelias praticadas por Abdul Indjai esquece-se de que Abdul Indjai tudo pilhava, consentia em todos os saques, sequestros, roubos, era a sua forma de manter os seus homens de mão satisfeitos. Só que estes saques, sequestros, roubos abrangiam direta e indiretamente comerciantes que denunciaram a situação através da Liga Guineense, o governo pôs-lhe termo, mas os ressentimentos ficaram, Abdul pôs-se a jeito para o ajuste de contas.
No texto anterior iniciámos a descrição destas operações, continuamos a dar a palavra ao relato do tenente-coronel Miguéis:
“Abdul Indjai tendo tido conhecimento que uma força de 30 soldados tinha saído de Farim acompanhando géneros para o posto de Mansabá, mandou dizer ao comandante do posto que se ele precisava de 500 carregadores lhos forneceria imediatamente.
Como não fosse aceite a oferta, Abdul saiu com uma força armada mas pouco depois foi ter com o comandante do posto de Mansabá pedindo-lhe que deixasse ir um cabo europeu com o seu sobrinho Alburi ao encontro da sua gente para avisar que não atacassem a força do alferes Figueira. Este alferes chegou com a sua força a Mansabá sem ter sido atacado, apesar de ter encontrado no caminho bastantes jauras (homens de guerra armados). Reforçado o destacamento, Abdul tratou de isolar os Oincas do posto, para evitar que o comandante tivesse conhecimento do que fazia a sua gente, mas ele próprio fornecia lenha e água aos nossos soldados.
Em 29, seguiram de Farim para Mansabá 6 carregadores com géneros para a guarnição do posto, indo com eles o indígena Bacar Sedibe que ia ter com um seu irmão, ex-soldado que fazia o serviço de auxiliar.
Em 30, este indígena declarou ao comandante de Farim que tendo pernoitado numa tabanca de Bironca ali compareceram alguns jauras que pretendiam degolá-lo, conseguindo fugir depois de ter levado algumas espadeiradas.
Em 1 de agosto, constou ao Capitão Lima ter havido tiroteio entre a gente de Abdul e as forças de Mansabá. Jancó Dabó com os auxiliares segue em auxílio do posto e ao mesmo tempo segue uma força sobre o comando do Alferes Trindade, com 1 sargento, 3 praças europeias, 25 indígenas e 49 auxiliares. Acompanha esta força o Capitão Lima que ao chegar à povoação de Demba-Só lhe foi entregue por um Oinca uma carta em que se dizia “estamos cercados, temos Alferes Figueira ferido com certa gravidade, dois soldados feridos e um morto”. Chegado próximo de Mansabá pelas três horas, o Capitão Lima ouviu o tiroteio mas não lhe foi possível continuar a marcha porque os auxiliares se recusaram a acompanhar a coluna com receio de que o posto fizesse fogo contra eles.
Às 5-30 pôs-se a coluna em marcha para Mansabá sendo surpreendida por um tiroteio dos jauras que estavam emboscados ao longo da estrada de Lanfarim, cujo ataque foi repelido pela coluna e pelo posto.
Em 2, o Alferes Figueira faleceu pelas 4-30 horas e as colunas ocupando as quatro faces do posto fez fogo sobre os jauras. Dois auxiliares que saíram para buscar água foram feridos e por este motivo os auxiliares Mandingas, Oincas e Grumetes desanimaram. Os jauras atacaram a face leste do posto e pouco depois o Alferes Trindade, tendo derrubado o querentim onde eles se abrigavam, assim como cortado o milho, dirigia um ataque que tinha por objetivo destruir todos os abrigos impelindo os jauras contra a tabanca de guerra de Abdul.
Às 19 horas as povoações estavam em chamas e a coluna aproximava-se da tabanca de Abdul, quando se ouviu vivo tiroteio para os lados de Mansabá-Mansoa. Era o Alferes Alberto Soares que chegava com uma coluna de 277 homens e uma peça de 7 cm.
Na madrugada de 3 fizeram-se alguns tiros de canhão contra a tabanca de Abdul e logo a seguir veem-se duas bandeiras brancas, uma na tabanca de Abdul e outra na morança de Alburi Indjai. Cessado o fogo, dirigiu-se para o posto Alburi Indjai que vinha comunicar que Abdul Indjai se rendia com toda a sua gente que estava dentro da tabanca. Estando já a amarrar fechos de armas para delas fazer entrega. Pouco depois Abdul Indjai era preso.
Em 16 de agosto, a P.P. n.º 343 declara terminadas as operações no Oio, com a derrota das forças e a captura do ex régulo Abdul Indjai, levanta-se o estado de sítio na circunscrição de Farim e regiões dos comandos militares de Bissorã e Balantas. Nesse mesmo dia são extintos os comandos militares de S. Domingos, Papéis, Bissorã e Balantas.
Em 29 de agosto, por P.P. n.º 385 é demitido do posto de tenente das forças de 2.ª linha e de régulo da região do Oio Abdul Indjai. Assina esta portaria o Governador Henrique Alberto de Sousa Guerra. Mais tarde este homem é deportado para Moçambique, tendo ficado em Cabo Verde, onde faleceu.
Deste modo termina a vida do herói que nas campanhas de Bissau, comandando os seus soldados, empregou com excelentes resultados o fogo por descargas, cujos efeitos ele bem conhecia. Durante a rebelião nunca foi visto a comandar um único homem nem tão-pouco a sua gente fazer uso dessa espécie de fogo”.
Recorda-se ao leitor que o Tenente-Coronel Miguéis procedeu a um levantamento relacionado com as campanhas de pacificação, por determinação do Governador Velez Caroço, é um documento de leitura obrigatória e que encerrará, estou em crer, o relato mais detalhado das operações que levaram à prisão de Abdul Indjai. O mistério das acusações sobre Teixeira Pinto em estreita conexão com as práticas de pirataria atribuídas a Abdul Indjai carece de estudo e estranho é que a historiografia portuguesa não procure uma explicação documentada não só por se tratar do herói da pacificação mas por poder envolver razões fundamentadas por parte de quem foi esbulhado pelos homens de guerra de Abdul Indjai.
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Nota do editor
Último poste da série de 22 DE SETEMBRO DE 2021 > Guiné 61/74 - P22562: Historiografia da presença portuguesa em África (281): A pacificação da Guiné de 1834 a 1924 (2) (Mário Beja Santos)
Guiné 61/74 - P22579: Reavivando memórias do BENG 447 (João Rodrigues Lobo, ex-Alf Mil, cmdt do Pelotão de Transportes Especiais, Brá, 1968/71) - Parte VI: Um farol e uma motoreta...
Legendas. Fotos nºs 1 e 2: Guiné > s/l > c. 1969, /70> > "Turista", junto a um farol, do qual já não me recordo o sítio. (Não me parece que seja do ilhéu de Caió... (*); ou será o farol da ponta de Biombo ? ) (LG)
1. Mensagem de João Rodrigues Lobo [ex-alf mil, cmdt Pelotão de Transportes Especiais / BENG 447 (Bissau, Brá, dez1967/fev1971): fez o 1º COM, em Angola, na EAMA, Nova Lisboa; vive em Torres Vedras onde trabalhou durante mais de 3 décadas como chefe dos serviços de aprovisionamento do respetivo hospital distrital; membro nº 841 da Tabanca Grande.]
Data - segunda, 20/09, 15:31 (há 9 dias)
Assunto . Mais fotos para o Blog
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Boa tarde,
Desde que entrei no blog tenho-o lido, e consultado, todos os dias. Só não tenho enviado mais nenhum contributo porque não "tenho tido cabeça". É que a minha mãe de 98 anos, perfeitamente lúcida e quase autónoma caíu e está internada, muio debilitada. Mas enfim, faz parte da vida e este á parte não deve ser publicado.
Também desejo franca recuperação ao Luis na sua fisioterapia.
Agora sim para publicação no blog, se tiver interesse (**):
Envio duas fotografias de um "turista" que as tirou junto a um farol, do qual já não me recordo. Os "nossos localizadores" poderão dar uma ajuda a relembrar qual e onde ficava. (Fotos nºs 1 e 2)
Mais duas, tiradas no BENG 447 , para dizer ao nosso camarada que andava de motorizada na Guiné, que no BENG 447 também tinhamos uma (solex?) que se vê nas fotos, e que por vezes fazia o trajeto Brá/Bissau. (Fotos nºs 3 e 4)
Os camaradas da foto que não me levem a mal pela publicação das mesmas, pois até gostava de encontrar alguns para recordar aqueles tempos. (E já ninguém nos consegue reconhecer á distância.)
Um abraço,
João Rodrigues Lobo
Guiné 61/74 - P22578: Parabéns a você (1993): António Bastos, ex-1.º Cabo At do Pel Caç Ind 953 (Cacheu, Farim, Canjambari e Jumbembem, 1964/66)
Nota do editor
Último poste da série de 23 DE SETEMBRO DE 2021 > Guiné 61/74 - P22564: Parabéns a você (1992): Tony Borié, ex-1.º Cabo Op Cripto do CMD AGR 16 (Mansoa, 1964/66)
terça-feira, 28 de setembro de 2021
Guiné 61/74 - P22577: "Lendas e contos da Guiné-Bissau": Um projeto literário, lusófono e solidário (Carlos Fortunato, presidente da ONGD Ajuda Amiga) - Parte VII: A lenda de Alfa Moló
1. Transcrição das págs. 50 a 54 do livro "Lendas e contos da Guiné-Bissau", com a devida autorização do autor (*)
Capa do livro "Lendas e contos da Guiné-Bissau / J. Carlos M. Fortunato ; il. Augusto Trigo... [et al.]. - 1ª ed. - [S.l.] : Ajuda Amiga : MIL Movimento Internacional Lusófono : DG Edições, 2017. - 102 p. : il. ; 24 cm. - ISBN 978-989-8661-68-5.
Até que chegou a uma pobre casa, onde uma mulher, apesar de o maridon não estar presente, o recebeu e lhe matou a fome.
Quando o marido, Moló Eigué, chegou, ficou contente pela hospitalidade dada pela sua mulher, pois fazia gosto e tinha orgulho em receber bem quem o visitasse.
Moló Eigué ao conversar com o mendigo, ficou admirado com a sua sabedoria, pois nunca tinha conhecido um mendigo tão sábio. Na verdade, o mendigo era um grande marabu (23) de nome Seiku Umarú (24), que viajava disfarçado de mendigo.
Depois de descansar, o mendigo decidiu seguir viagem, e Moló Eigué fez questão de o acompanhar.
Moló Eigué acompanhou o marabu de Amedalai até Coli (25) , e aí chegados, o marabu despediu-se, dizendo-lhe:
– Todas as terras que comigo percorreste, serão tuas, este será o teu Reino, pois é essa a vontade de Alá.
Moló Eigué ficou confuso e sem compreender as palavras do marabu. Como seria possível ele tornar-se Rei, sendo ele apenas um servo (26) de um rico fula, Samba Eigué, de quem já os seus pais também tinham sido servos…
Moló Eigué tinha em sua casa um carneiro do qual gostava muito, pois estava ensinado de tal maneira, que era como uma pessoa. Andava sempre atrás dele e até quando comia, o carneiro estava ao seu lado.
Um dia, ao voltar da caça, sentou-se à mesa para comer, e o carneiro não apareceu. Então ele perguntou à mulher:
– Onde está o meu carneiro?
A mulher respondeu-lhe:
– Eu queria que você comesse primeiro, para depois lhe contar. Os guerreiros mandingas vieram e levaram o seu carneiro para Cansalá. O Mansa Djanqui
Uali mandou levar o gado de todas as pessoas.
– O quê? – disse Moló Eigué, afastando a tigela com a comida.
Sem mais palavras montou no seu cavalo e cavalgou para Cansalá. Quando chegou à fortificação de Cansalá, Moló Eigué pediu aos guardas para falar com o Mansa.
– Está louco! Não pode falar com Mansa – disseram os guardas.
– Roubaram o meu carneiro, e eu quero o meu carneiro de volta! – exclamou Moló Eigué furioso.
– Cuidado, não fales mais assim, senão morres! O carneiro foi o almoço do Mansa. Vai caçar um porco do mato - responderam os guardas rindo.
– O Mansa vai pagar muito caro este carneiro – disse Moló Eigué e abandonou Cansalá.
Moló Eigué foi de tabanca em tabanca, apelando à revolta:
– Os mandingas estão a abusar, não nos respeitam, não param de aumentar os impostos, roubam as nossas coisas, tratam-nos como escravos, temos que nos revoltar.
Alguns responderam:
– Os mandingas são muito poderosos, nós não conseguimos vencê-los.
Moló Eigué a isto respondeu:
– Eu vou lutar! Se não me ajudarem a lutar, terão que fugir, porque quando as balas começarem a voar, então todos terão que fugir.
Muitos homens vieram juntar-se a Moló Eigué, pedindo-lhe para os guiar na luta contra o domínio mandinga, pois por todo o lado se iniciavam focos de revolta contra os abusos mandingas e era grande a vontade de substituir os reinos mandingas por reinos fulas. Além disso os fulas do Reino do Futa Djalon (27) tinham desencadeado uma jihad contra os reinos animistas, e era obrigação de todos os muçulmanos juntarem-se a essa jihad.
Moló Eigué era um devoto muçulmano, que possuía estudos corânicos, era
respeitado, e era também um famoso caçador, o que fazia dele o homem certo
para os conduzir nessa guerra. Assim ele tornou-se o líder de um grupo de 400
homens, na luta contra os mandingas animistas (28) do Império de Cabú.
As palavras do marabu, começavam agora a fazer sentido para Moló Eigué.
Moló Eigue pagou o seu resgate ao seu senhor, o nobre Samba Eigué, tornando-se um homem livre, e partiu para a guerra. E embora o seu nome fosse Moló Eigué Baldé, ficou para sempre conhecido como Alfa Moló.
A floresta onde Alfa Moló e muitos dos seus companheiros costumavam caçar, tornou-se a base para lançar a revolta, contra o Império animista de Cabú.
Após a derrota dos mandingas e a destruição da sua capital, Cansalá, o Reino do Firdu é alargado até Coli, com Alfa Moló como Rei, tal como o marabu tinha predito.
O nobre fula Samba Eigué, antigo senhor de Alfa Moló, não aceitou que este pudesse ser agora o Rei de Firdu, e furioso pelo poder que este tinha conquistado,
gritou:
– Um escravo não vai governar aqui!
Desencadeou-se assim uma guerra entre os fulas, mas Alfa Moló (29), com a ajuda do seu filho Mussá Moló e dos seus aliados, venceu os seus inimigos fulas, e tornou-se senhor incontestado do Reino de Firdu.
O Reino de Firdu tornou-se assim um Reino de fulas-pretos (30), um Reino em que os antigos escravos e servos são agora os novos senhores. (**)
Esta é uma das lendas de Alfa Moló.
Alfa Moló conseguiu um Reino, mas o seu filho Musá Moló teve que continuar a sua luta para manter o Reino do Firdu, pois continuaram a existir lutas internas entre os fulas.
Mussá Moló, para assegurar o seu poder e combater os seus inimigos, fez novas alianças. Uma das mais importantes foi a aliança com os franceses, mas isso não alterou o fim do Reino do Firdu, pois o fim dos Impérios Africanos estava próximo, e os novos senhores seriam em breve os países europeus.
termo crioulo tabanka.
(22) Amedalai - situa-se no Firdu.
(23) Marabu - designação dada aos religiosos muçulmanos considerados santos ou sábios, nalguns textos é usado o termo mouro, que tem o mesmo significado. Os marabus tinham grande influência na socie dade fula e mandinga, eram homens letrados, muitas vezes considerados homens santos. Estes homens entendiam que o seu poder era uma emanação de Deus graças ao profeta Maomé, e que era sua obrigação levar a verdade divina aos povos pagãos, que consideram bárbaros ignorantes.
(24) Seku Umaru – um grande marabu também conhecido pelo nome El Hadgi Omar
(26) Escravos e servos - era costume fulas e mandingas possuírem escravos e servos, Artur Augusto da Silva, na pag. 29 de “Usos e Costumes Jurídicos dos Mandingas”, faz a diferenciação entre estes estatutos sociais:
“Escravos - constituem esta classe os prisioneiros de guerra, aqueles que eram comprados e os que se entregavam voluntária ou compulsivamente para pagamento de uma dívida, e ainda os seus filhos.
(27) Futa Djalon - O Reino Futa Djalon ou Futa Jalon, foi fundado em 1725, e estava localizado a sul do Império de Cabú, na Guiné-Conacri (República da Guiné).
(28) Mandingas animistas - são igualmente chamados de soninquês.
procurou manter a sua independência em relação aos Fulas-Forros.”
30 Fula-preto - é a designação dada aos fulas com origens noutras etnias que foram dominadas pelos fulas, e que seguiram o modo de vida fula, na sua maior parte são oriundos das etnias mandingas e beafadas, e de casamentos destes com fulas forros, e futa-fulas.
2. Como ajudar a "Ajuda Amiga" ?
Caro/a leitor/a, podes ajudar a "Ajuda Amiga" (e mais concretamente o Projecto da Escola de Nhenque), fazendo uma transferência, em dinheiro, para a Conta da Ajuda Amiga:
NIB 0036 0133 99100025138 26
IBAN PT50 0036 0133 99100025138 26
BIC MPIOPTP
Para saber mais, vê aqui o sítio da ONGD Ajuda Amiga:
http://www.ajudaamiga.com
(*) Último poste da série > 4 de setembro de 2021 > Guiné 61/74 - P22510: "Lendas e contos da Guiné-Bissau": Um projeto literário, lusófono e solidário (Carlos Fortunato, presidente da ONGD Ajuda Amiga) - Parte VI: A lenda de Djanqui Uali, o último Mansa Bá (imperador) do Cabú
(**) Vd. postes de
15 de janeiro de 2018 > Guiné 61/74 - P18216: Historiografia da presença portuguesa em África (106): a história desconhecida da Guiné dos anos 60-70 do séc. XIX: Alfa Moló e Alfa Mussá, heróis dos fulas-pretos (Armando Tavares da Silva)
Guiné 61/74 - P22576: Ser solidário (240): Jardim-Escola Capitão Luís Filipe Rei Vilar e Residência dos Professores de Susana "Os Sopitos", duas magníficas obras da Associação Anghilau (Manuel Rei Vilar / José d'Encarnação)
![](https://1.bp.blogspot.com/-VpLKl41XlYA/YVHEaJW4ODI/AAAAAAABh60/5xwHwVbv4W89rAjwTmMXVW283APRpmLNgCLcBGAsYHQ/s320/Guine_Manuel_Rei_Vilar_pagina_Facebook.jpg)
Data - 19 jul 2021 20h37
Assunto - Nova Residência de Professores da Escola de Suzana
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A construção de uma Residência de Professores foi o grande objetivo da Associação Anghilau para 2021.
As obras da Residência terminaram agora e esta foi já entregue aos professores do Agrupamento Escolar de Suzana, esperando pela Inauguração oficial será efetuada posteriormente logo que as condições sanitárias o permitirem pelos membros da nossa Associação.
Falta agora unicamente completar com o mobiliário, os equipamentos da cozinha e da casa de banho assim como a canalização da agua corrente, o que será realizado nas próximas semanas.
Temos de agradecer aqui a preciosa ajuda de do incansável Padre Vítor, Prior de Susana e do nosso amigo Olálio Neves Trindade, responsável da ONG VIDA assim como da comunidade de Susana que respondeu com o seu trabalho à edificação desta linda Residência.
Kassumai (Felicidade, Paz e Liberdade)
Manuel Rei Vilar
Caríssimo Luís Graça
Há uns dias enviei-lhe um texto intitulado "A HISTÓRIA DE UMA INESPERADA
SURPRESA" e publicado num blogue
https://duaslinhas.pt/2021/08/a-historia-de-uma-inesperada-surpresa
Não sei se o recebeu... Trata-se de um pequeno resumo da nossa história e do nosso trabalho em Suzana na Guiné-Bissau. Foi escrito por um amigo meu que gostou da história. O José d'Encarnação é de Cascais e andou connosco na Escola Salesiana do Estoril. Foi ai que ele conheceu o meu irmão. Atualmente, ele é Professor Catedrático reformado da Universidade de Coimbra e exerce muitas vezes o jornalismo. Penso que seria interessante publicá-lo no blogue dos Combatentes e pedia-lhe que se
estivesse de acordo, os meus irmão e eu também gostaríamos que o fizesse.
Um grande abraço e muita Saúde
Manuel Rei Vilar (**)
2. A HISTÓRIA DE UMA INESPERADA SURPRESA – O JARDIM-ESCOLA CAPITÃO LUÍS FILIPE REI VILAR!
(*) Vd. poste de 13 de julho de 2020 > Guiné 61/74 - P21164: Tabanca Grande (498): Manuel Rei Vilar, líder do projeto Kasumai, irmão do saudoso cap cav Luís Rei Vilar (Cascais, 1941 - Suzana, 1970)...Senta-se à sombra do nosso poilão no lugar nº 812
segunda-feira, 27 de setembro de 2021
Guiné 61/74 - P22575: Notas de leitura (1385): Francisco Serra Frazão e o crioulo guineense (Mário Beja Santos)
![](https://1.bp.blogspot.com/-wT0gltg1_Fg/XfPN_qtV3HI/AAAAAAABg1o/Nx6MhAV1fTUBm7dzvJvK1z8ECIO2Vs-EACLcBGAsYHQ/s1600/Beja%2BSantos-6.jpg)
Queridos amigos,
Não é nenhuma lança em África, trata-se de um maço de fichas, alfabeticamente organizadas, um curioso em filologia do mundo africano português, quadro colonial em Angola, escritor premiado, ter-se-á interessado pela filologia comparada e foi juntando elementos sobre línguas étnicas da Guiné, que não desenvolveu. O que aqui se mostra é a transcrição das suas fichas e conta-se com a benevolência e a disponibilidade dos camaradas na Guiné para corrigir o que Francisco Serra Frazão terá mal interpretado, junto dos seus interlocutores. Só nas décadas recentes é que apareceram dicionários, Benjamin Pinto Bull doutorou-se com o crioulo guineense e há missionários italianos que devotam ao crioulo um estudo notável.
Um abraço do
Mário
Francisco Serra Frazão e o crioulo guineense
Beja Santos
Nos Reservados da Biblioteca da Sociedade de Geografia de Lisboa consta um volume que aberto revela um conjunto impressionante de fichas de trabalho que pertenceram a este administrador de circunscrição, sempre em Angola, em 1914 já era administrador no Golungo Alto, no prefácio a um dos seus trabalhos, Norton de Matos tece-lhe os elogios mais rasgados pela exemplaridade como funcionário e como investigador. O livro aqui mencionado, sobre as associações secretas entre os indígenas de Angola, recebeu o 1.º prémio de etnografia no XX Concurso de Literatura Colonial. O curioso dos seus trabalhos era a filologia comparada, não faltam referências a Angola, Cabo Verde, São Tomé e Guiné. Foi admitido como sócio efetivo da Sociedade de Geografia de Lisboa em 21 de novembro de 1944, era o sócio 15003, faleceu em março de 1948.
Verificados todos os maços de fichas, encontra-se um levantamento de vocábulos do crioulo guineense. Convém recordar que a primeira tentativa de dicionário é da autoria de Padre Marcelino Marques de Barros, nas últimas décadas, graças ao labor de missionários investigadores do crioulo surgiram dicionários. Não se sabe o que levou Francisco Serra Frazão a interessar-se por estas expressões, há mesmo uma tentativa, que só desenvolveu de forma incipiente, de comparar vocábulos portugueses em cinco ou seis línguas étnicas, não passou de um esboço. Mas quanto ao crioulo, veja-se o que consta destas fichas:
Abrandar – barandá; acabar – cabá; aceitar – setá; acender – sendê, cendê; achar – ódja; aconselhar – consedjá; afogar – fogá; água – iágo; agudo – gúdu; ainda – inda; ajuntar – djuntá; alguém – àguém; ali, aqui – li; amor – querê; aquecer – quentá; aquele, aquilo – quel; arrozal – bolanha; assim – sima, sim, ês; atirar – djogá, ramangá; avermelhar – burmedjá; bater – batê, bati; Bolama – Blama; balaio – balé; balcão, varanda – balcon; bandeira – bandera; barafustar – barafustá; bem – bem; bolo – bolo; bote – bote; cacho – cacho; caiar – caiá; camisa – camisa; candeeiro – candia; canoa – canua; carneiro – carnél, amonton; casa – can, cassa; cascos (de animal) – sapata; chão – tchon; chicote – chicote; chover – djobê; cobrir – cubri; colher – cudjer; concordar – setá; conta – conta; contar – contá, cuntá; convir – sentá; copo – copo; coroa – crua; dar – dá; deitar – botá, bota; deixar – dessá; demanda – demanda; Deus – Deus, Dês; doce – dôc; dossel, sanefa – mêc; doido – dôdo; dois – dôs; é (verbo) – i; eles – es; embarcar – bác; enganar – anganhá; então – antã, antam; escolher – escodjê; esconder – sucundi; escondido – condidjo, sucundido; esmola – sumóla; espera – pera; eu – mim; falcão – falcon; faltar – mangá; fazenda – fassenda; fazer – fassê, fossê, facêl; feira – fera; fiar, confiar – fiá; ficar – fica; filho – fidjo; fogo – fugo; figueira – fuguera; galinha – galinha; garfo – garfo; grande – garandi; grão – garâ; história – stória; imbecil – amonton; irado – brabu; irmão, irmãos – ermon, ermons; janeiro – djanero; janela – djanela; jarra – djarra; junto de – longo; jurar – djurmentá; lenço – lenç; levar – rebatá; lobo – lobo; loja – lossa; lua – lua; luz – candia; macho – matcho; mãe – mamãe; mais – más; malhar – madjá; mancarra – mancara; mandar – mandá; manobra – manobra; mar – mar, mádje; marrada – modjadera; marrar – modjá; matança – matança; matar – matá; meio – mi; mulher – mindjer; menino – minino; meu, minha – nha; miséria – fede; molhar – modjá; moradia – morança; mostrar – mostrá; mudança – cambança; mundo – mundo; neto – neto; nós – na; nosso – nô, nos; novo – nobo; nunca – nem; oiro – ôro; oliveira – olbera; ovo – obo; paciência – passença; pai – papai; parida – padida; pássaro – pástro, pástros (plural); pau – pó (árvore); pedir – pidi; pessoa – aquém; pilão – pilon; poder – pudê; poilão – polon; pois – pô; pomba – pomba; pôr – pô; porque – parque; porta – porta; pouco – pouco; prata – prata; prato – prato; pressa – de pressa; providência – purbidência; rabo – rabo; rato – rato; queixar – queçá; rabiar – rabidá; recuar – racuá; reino – reno; rende – renda; requebro – requendel; respeito – respêto; responder – respondê; retalhar – ratadjá; revirar – rabidá; rua – rua; sair – saí; satã – seitáno; seco – sêcu; sem – sim; senhor – nho; servir – sirbí; seu, sua – sê; silva – sirbi; só, somente – djusto; sobre, em cima – riba; sol – sol; tardar – tardá; teimoso – amonton (carneiro); ter – tenê, tem; tina – tina; tio – ti; todo – tudo; tolo – amonton; tomar – tomá, toma; tornar – torna; torcido – torcido; trancar – trancá, tarancá; tratar – taratá; três – tres; tudo – tudo; tufo – bucho (diz-se das velas pandas); vaca – baca; vai – bá; vela – vela, bela (de navio); vem – ben; vender – bendê; verdade – bardade; vermelho – burmedjo; virar – bidá; voar – buá; vós – bós.
Ver site da aprendizagem do crioulo guineense:
MONTE DE PALAVRAS
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Nota do editor
Último poste da série de 26 DE SETEMBRO DE 2021 > Guiné 61/74 - P22572: Notas de leitura (1384): "Tempo das coisas", tempo de viver, tempo de morrer... A pungente despedida de Renato Monteiro (1946-2021): 31 poemas escritos de rajada na noite de 3 para 4 de julho de 2021 (Luís Graça)