quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Guiné 63/74 - P11095: Sondagem: "As praxes aos piras, no meu tempo, só lhes fizeram bem"... (1) Quem discorda ? Quem concorda ?


Guiné > Região do Oio > Bissorã > CCS/BCAÇ 28161 (1969/71) > Finais de outubro de 1970 > Receção aos "piras do BCAÇ 2927.

A equipa de reportagem da RadioTelevisão de Bissorã (RTB) registou o grande momento. Ao volante o Fur Mec Meneses, no lugar do realizador o Fur Trms Gesteiro, o operador de câmara é o 1.º Cabo Trms Carlos Senra. "A velhice saúda os piriquitos!"...Foto do álbum do nosso camarada Armando Pires (ex-Fur Mil Enf  da CCS/BCAÇ 2861, Bula e Bissorã, 1969/70) (*)

Fotos: © Armando Pires  (2012). Todos os direitos reservados


1.  Tudo começou aqui, com a entrada do João Ruivo Fernandes para Tabanca Grande, e a sua narrativa da "praxe" a que foi submetido no Xime, em dezembro de 1972.  No fim, "paguei 2 garrafas de whisky e houve alegria" (sic)... Era um dos objetivos da praxe, nomeadamente aos piras, de rendição individual (**).

 Convenhamos que o tema merece um sereno debate, 40, 50, 60 anos depois da nossa passagem pela tropa (que era obrigatória no nosso tempo) e pela praticamente inevitável mobilização para o Ultramar (Índia, Angola, Guiné, Moçambique...). Tudo somado, eram no mínimo três anos das nossas vidas. Dos nossos verdes anos. Cá e lá, havia praxes.
___________________

(i) Vejamos o que é, no Dicionário Priberam da Língua Portuguesa

praxe |ch|
(grego prâksis, -eos, acção, transacção, negócio)
s. f.
1. Uso estabelecido. = COSTUME, ROTINA
2. Sistema ou conjunto de formalidades ou normas de conduta. = ETIQUETA, PRAGMÁTICA
3. O mesmo que praxe académica [: conjunto de regras e costumes que governam as relações académicas numa universidade, baseado numa relação hierárquica.

praxar |ch| - Conjugar
(praxe + -ar)

v. tr.
Submeter a praxe, nomeadamente a académica.
_______________

(ii) O Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, a obra máxima de referência da nossa língua, que reune o trabalho de cerca de 150 especialistas do mundo lusófono, sob a liderança do Instituto Antônio Houaiss,  diz o mesmo que o Priberam, só que com com mais detalhe:

praxe  (vocábulo que entra na nossa língua por volta de 1652), s.f.  > aquilo que habitualmente se faz; costuma, prática, rotina. Ser da praxe: 1. ser hábito,  estar integrado nos costumes; 2. ser a norma, o procedimento correto... Sinónimo: costume. (...)

Etimologia: do grego  prâksis, -eos, acção, execução, realização; empresa, condução de um caso (de guerra, de política);  comércio, negócio, intriga; maneira de agir, de ser, conduta (...)
_______________

Havia praxes na tropa ? E na guerra ? Sim... Quem é que não foi praxado, da Academia Militar à Escola Naval, do Colégio Militar à Escola de Fuzileiros Navais ? Do COM (Curso de Oficiais Milicianos) ao CSM (Curso de Sargentos Milicianos) ? Da recruta à especialidade ? A caminho da Guiné, na travessia do trópico de Câncer, à chegada à Guiné ?... Em que é que consistiam ? Eram práticas violentas e sádicas ou eram só para reinar, para brincar, para desopilar ? Contribuem para "criar espírito de corpo" e ajudar a "integrar o indivíduo" no cenário de guerra ou noutras situações-limite, ou destinavam-se, no fundo, a "destruir a individualidade, o espírito crítico" e, em última análise, reforçar os valores do militarismo, da lógica do comando-controlo, da disciplina cega, etc. ?

Precisam-se, histórias, recordações,  narrativas... de quem foi à guerra, deu e levou... "praxadas".- Entretanto, está a decorrer uma sondagem sobre o tema. Fecha no dia 19. Toda gente pode votar... uma evz. A frase, em relação à qual se pede a concordância ou a discordância é a seguinte: "As praxes aos piras, no meu tempo, só lhes fizeram bem"... Toda a gente foi pira, o início da comissão. E, portanto, tem autoridade para falar do assunto. Para já ficam aqui os primeiros pontos de vista sobre as "praxes militares" (**).


1. João Ruivo Fernandes:

(...) Desembarquei no Xime [, CART 3494, Xime e Mansambo, 1971/74] , no dia 7 de Dezembro de 1972, para substituir um Furriel que, segundo informação recebida, tinha falecido numa emboscada, penso que era o Manuel da Rocha Bento.

No próprio dia em que cheguei ao Xime, sem que me apercebesse, fui sujeito a uma "praxe" que, inicialmente, foi violenta mas no final tornou-se engraçada. Puseram-me a comandar o meu pelotão e mandaram-me fazer uma operação no mato, a uma zona muito perigosa. Enfrentei vários problemas, soldados completamente "pirados", outros a não quererem continuar na missão, outros a não obedecerem às minhas ordens, etc. etc. Quando cheguei ao Quartel é que me informaram que tinha sido tudo a fingir. Paguei 2 garrafas de whisky e houve alegria.


2. António J.Serradas Pereira [, ex-adfl mil, CART 3494, Xime e Mansambo, 1971/74]  : 

(...) O Fernandes fez parte do meu grupo de combate, como ele diz, durante dois ou três meses
Foi "praxado" num dia que fomos a Fá Mandiga buscar pedras, não me recordo para quê, onde eu e o Sousa Pinto faziamos de soldados "muito reguilas". (...)


 3. Luís Graça [, foto à esquerda, com o Renato Monteiro, o "homem da piroga"; Contuboel, junho/julho de 1969]: 

(...) Quando cheguei ao BC 6, em Castelo Branco, em janeiro de 1969 fui "praxado", como 1º cabo miliciano... Portanto, já há muito que a malta usava a praxe na tropa... Aliás, a praxe é considerada como fundamental para criar "espírito de corpo" e ajudar a "integrar" os novatos... Sempre ouvi os militares do quadro a defender a praxe (e até a justificar os seus excessos...).

Mas mandar um "pira" para fora do arame farpado no Xime, tem que se lhe diga... Eu tenho as piores recordações do Xime, que foi no meu tempo (1969/71) um autêntico matadouro... No caso do Fernandes, acabou tudo em bem, mas podia ter dado para o torto. Releio a tua descrição:

Mas depois da explicação dada pelo Serradas Pereia, fiquei mais descansado...Afinal, o "local do crime" foi Fá Mandinga, a leste de Bambadinca... Domínios do nosso alfero Cabral, poderoso régulo no meu tempo... Não estava a imaginar o Fernandes, logo á chegada, a ir dar um passeio pela antiga estrada Xime-Ponta do Inglês... De qualquer modo, o Fernandes, com dois meses de Xime, não deve ter ficado com grandes memórias... Espero ao menos que tenham sido boas... Ou, se calhar, não, porque dali foi para o hospital. Enfim, tens que desenvolver esta história... Por acaso, no blogue, não há praxes... mas se calhar devia haver! (...)

4. Henrique Cerqueira [, (ex-Fur Mil da 3.ª CCAÇ/BCAÇ 4610/72, Biambe e Bissorã, 1972/74), cfoto à direita]:

As praxes na tropa??? Quanto a mim,  e foi sempre essa a minha opinião, mesmo quando estudante, as praxes na maior das vezes serviram para "rebaixar"o praxado. Na tropa e em especial em Tavira fui de tal maneira e violentamente "praxado" que no miínimo ainda hoje só desejo aos antigos "praxadores", que se já morreram,  que a terra lhes seja pesada; se ainda não morreram,  que alguém se lembre deles e lhes abrevie o tempo...

Caros camaradas da Guiné,  até pode parecer violento o que digo ,mas quanto ao tema praxes,  ainda hoje sinto uma raiva que jamais perdoarei esses individuos. (...)

5. Jorge Cabral [, foto à esquerda, Pel Caç Nat 63, Fá e Missirá, 1969/71]:

Há Praxes e Praxes! Todo o  Periquito chegado ao meu Pelotão, era fraternalmente praxado.
Penso que todos alinharam e assim se integraram na Família.
Alfero-Praxante-Mor, J.Cabral
 ____________

Notas do editor:

(...) É destas praxes, destes momentos mais ou menos hilariantes, que cada um, no seu lugar e à sua maneira, preparava para receber condignamente aqueles que os vinham render, que quero dar testemunho nas fotos que se seguem. Peço desde já desculpa por algumas delas não serem “exclusivas”. De facto, algum tempo atrás, o Quim Santos, que pertenceu à CCAÇ 2781, que edita o blog “Guiné-Bissum” , pediu-me uma ou outra fotografia da sua chegada. Mas atrevo-me a oferecê-las ao nosso álbum por nele nunca ter visto semelhante tema retratado. Vamos a isso. (...)

(**) Vd. poste de 12 de fevereiro de 2013  > Guiné 63/74 - P11090: Tabanca Grande (396): João Ruivo Fernandes, ex-fur mil, de rendição individual, CART 3494 (Xime, dez 1972 / jan 1973), onde foi praxado... É agora o grã-tabanqueiro nº 605, apadrinhado pelo Sousa de Castro, grã-tabanqueiro nº 2

16 comentários:

Luís Graça disse...

Recortes de imprensa (1)

Jornal I "online" - 6/7/2012

Exército. Militar esfaqueado em praxe está nos cuidados intensivos
Por Carlos Diogo Santos, publicado em 6 Jul 2012 - 14:57


Militar foi ferido na terça-feira com faca durante uma praxe no Centro de Tropas de Comando. Já foi aberto um processo de averiguação

(...)Wilson Ferreira tinha acabado a recruta no Centro de Tropas de Comando, em Sintra, e estava a poucos dias de começar o curso que lhe permitiria deixar de ser praça e passar a comando. Anteontem, uma alegada praxe levou-o aos cuidados intensivos do Hospital Militar, por ter sofrido um golpe que perfurou o fígado. Já foi aberto um processo para apurar responsabilidades.

Os dias que antecedem este curso de comandos são fisicamente intensos, para que os militares estejam em forma. E foi num desses treinos – monitorizado pelo alferes Pereira – que Wilson foi ferido por um objecto perfurante.

Ao i, uma fonte próxima do processo explicou que tudo se terá passado durante uma praxe, ao final da tarde de quarta--feira. Durante um exercício em posição de flexão – com o corpo afastado do chão – o alferes apercebeu-se de que os braços de Wilson estavam a fraquejar e terá colocado uma faca de mato entre a barriga e o pavimento. Resultado: o militar não terá aguentado o esforço e a faca terá atingido o fígado.

O jovem foi ainda assistido por uma equipa de médicos do Centro de Tropas de Comando que numa primeira fase decidiu coser o ferimento. Fonte do exército avançou que não terá sido accionado de imediato o transporte para o Hospital Militar, tendo aqueles responsáveis ficado à espera que a situação normalizasse. Porém, Wilson continuou a sentir-se mal e foi, mais tarde, transportado de urgência.

A versão avançada pelo porta--voz do exército, tenente coronel Jorge Pedro, é ligeiramente diferente: “Após o ferimento foi de imediato contactado o posto de socorro do centro e a equipa médica optou por coser a ferida.” A mesma fonte garante que de seguida “a vítima foi prontamente enviada para o Hospital Militar.”

Confrontado com a normalidade deste tipo de praxes, este tenente coronel explica: “Ainda não sei se foi isso que aconteceu... não tenho elementos, mas isso não é normal acontecer. É absolutamente anormal, até.” (...)

http://www.ionline.pt/portugal/exercito-militar-esfaqueado-praxe-esta-nos-cuidados-intesivos

Luís Graça disse...

Recortes de imprensa (2):

DN - Diário de Niotícias, 12/1/2011

DEFESA
Praxe na Academia Militar força internamento de aluna
por MANUEL CARLOS FREIRE12 janeiro 2011

Exército instaurou processo disciplinar aos alunos responsáveis por caso que "considera grave".

Uma aluna do primeiro ano da Academia Militar (AM) do Exército teve de ser internada na semana passada devido à violência de uma praxe nas instalações da escola na Amadora.
"Foram identificados os responsáveis pela ocorrência, que o Comando do Exército considera grave, tendo sido de imediato instaurado um processo disciplinar contra os mesmos no âmbito do regulamento disciplinar da AM, cuja pena pode ir até à expulsão", confirmou ao DN o porta-voz do ramo.
O tenente-coronel Hélder Perdigão adiantou que a cadete-aluna do 1.º ano foi internada na passada quarta-feira no Hospital Militar Principal (na Estrela, Lisboa), na passada quarta-feira, tendo recebido alta dois dias depois, na sexta-feira.
Segundo uma das fontes do DN, a praxe é uma "prática habitual ao longo do ano, praticada pelos alunos do 3.º ano sobre os da primeira companhia" formada pelos cadetes do 1.º ano.
Outra fonte admitiu que a necessidade de internamento da jovem aluna terá sido consequência de uma queda - que lhe terá provocado um traumatismo craniano - devido ao piso escorregadio do local onde a praxe estava a decorrer. (...)

http://www.dn.pt/inicio/portugal/interior.aspx?content_id=1754608

Luís Graça disse...

Recortes de imprensa (3)

RTP - 2/6/2011

Casos graves de violência entre militares sucedem-se em todo o mundo
02 Jun, 2011, 13:19

As praxes nas forças armadas sucedem-se por todo o mundo e há casos em que acabaram por ser fatais. Em Portugal, o assunto ganhou dimensão há dois anos com a denúncia de maus tratos entre alunos do Colégio Militar. Para uns são rituais de integração, para outros agressões gratuitas e cenas de humilhação. (...)

http://www.rtp.pt/noticias/index.php?article=448026&tm=8&layout=122&visual=61

Luís Graça disse...

Recortes de imprensa (4)

JN - Jornal de Notícias, 21/10/2009


Praxes criminosas no Colégio Militar
Publicado em 2009-10-21
NELSON MORAIS

A violência das praxes no Colégio Militar deverá sentar vários alunos da instituição no banco dos réus. O Ministério Público anunciou, ontem, terça-feira, a acusação de oito jovens, pela prática de seis crimes de maus tratos.

"Os arguidos eram, à data dos factos, estudantes do último ano do Colégio Militar, graduados e ou comandantes de Companhia ou Secção", precisou a Procuradoria-Geral Distrital de Lisboa, num breve comunicado onde anuncia o encerramento do inquérito que visou apurar abusos cometidos no âmbito das praxes, tradicionalmente violentas, daquela escola.

A investigação foi levada a cabo pelo Departamento de Investigação e Acção Penal, dirigido pela procuradora-geral adjunta Maria José Morgado, e debruçou-se sobre factos ocorridos "no ano lectivo de 2006 a 2007 e princípios do ano de 2008".

O Colégio Militar é conhecido por ter rituais de grande exigência física e psicológica para os alunos mais novos. Daí a procuradoria de Lisboa destacar que "o despacho final do inquérito faz a distinção entre os castigos com fins educativos, inseridos no poder-dever de educação e correcção atribuído aos graduados, e as situações de crime de maus tratos".

Para o porta-voz do Exército, Hélder Perdigão, o que aconteceu foi "uma falta no normal funcionamento dos alunos do Colégio Militar". Em declarações à agência Lusa, aquele tenente-coronel lembrou que os problemas ocorreram entre 2005 e 2007 e foi aberto, "à data, um processo de averiguações, que caminhou para processo disciplinar e culminou numa suspensão aplicada pela própria instituição".

Os oito presumíveis autores de maus tratos, alunos finalistas, deixaram o colégio nos últimos dois anos, acrescentou Hélder Perdigão, acrescentando que o Exército não abdicará de uma "posição firme e determinada" na aplicação do regulamento interno das instituições que tutela.

(...)

http://www.jn.pt/PaginaInicial/Nacional/Interior.aspx?content_id=1396377

armando pires disse...

Porque o tema abre com uma foto do meu álbum, ao que, sobre o assunto já escrevi, quero apenas acrescentar.
Mil vezes fui praxado.
Na escola, na vida, nas gajas, na tropa, na Guiné, e de todas as vezes em que o fui só me restam memórias hilariantes.
Dirão que fui um praxado com sorte.
Fui.
Declaro-o, não para me justapôr aos que o não foram mas por ser verdade.
armando pires

Luís Graça disse...

Recortes de imprensa (5)


Blogue Indios > 15 Maio 2007

GÍRIA DA ESCOLA NAVAL
No seu Livro “Caminhando e Saborendo” – Coimbra 2006 – António Oliveira Bento evocando a sua passagem pela Escola Naval(1958/1962) lembra a Gíria da Escola Naval que a seguir se transcreve:

● “Mancebia asquerosa” = os "mancebos" são os cadetes recém entrados e
ainda sob a praxe.
● "Hoje há iscas" = sessão de praxe.
● “Meter uma patada” = meter uma "cunha".
● "Peido e coice" = designação da rival de sempre, a Escola do Exército.
● “Asilo” = era assim designado o Colégio Militar.
● “Asilante” = aquele que, no seu período de licença, dormia habitualmente na Escola, por não ter família em Lisboa.
● “Votado ao ostracismo” = posto de lado.
● “Fazer uma boiada” = manifestação de desagrado contra um professor, mugindo baixo.
● “Banho de lua” = estudar à noite.
● “Sku aquático” = nos balneários molhados, deslizar sentado e nu.
● Chamadas com a "bolinha" = as repetições orais eram tiradas à sorte com bolinhas de madeira numeradas.
● “Direito a pernoita” = direito a dormir fora.
● “Ir jantar ao Victor” = não jantar.
● “Maldita corvina” = exclamação do que arrotava ou do mancebo ao ouvir o arroto do "senhor cadete".
● “Um pincel” = uma chatice.
● “A antiguidade é um posto”.
● “Um jogo de tira peneiras” = um último jogo para repor a verdade.
● “Dar o bardagaio” = desmaiar.
● “Ficar a marrar” = ficar a estudar.
● Sabujo – ójubas = "engraxador".
● “Dar um banho à índio” = banho vestido.
● “Periscópio” = no bebedouro de água gelada, pelo pulso encher a manga de água e levantar o braço à ordem de "Iça o periscópio".
● “Tivemos Infía” = instrução de Infantaria.
● “RO” = repetição oral.
● “Coeficiente de lugar” = tendência do professor a "corrigir" uma nota de acordo com a posição do aluno no curso.
● “Estar na coxa” = estar a fugir ao esforço.
● “É um pai para nós” = oficial simpático para os alunos.
● “Arroz de sustento” = arroz enriquecido com caldo de carne e bocaditos desta.
● “Estar em número baixo” = estar à bica de, próximo de.
● “Flaquetete” = bater com a palma da mão na testa do mancebo, na falta de uma praxe mais espirituosa. Havia quem batesse com a testa.
● “Dar volta” = terminar.
● “Revista de corpos” = revista aos cadetes mais aprofundada.
● “A Marinha forma sempre à direita” = uma tradição nas formaturas com o Exército e a Força Aérea.
● "Entrei e não ouvi nada" = dizia um cadete antigo quando entrava num local de mancebos e não ouvia a voz de "sentido".
● "Que galo" = que azar.
● “Alastranço, estar se a alastrar” = estar a ir longe de mais.
● "Entra na tua posição normal" = entrar a quatro patas.
● "O Sr. Comandante está incomodado?" = dizia o mancebo muito solícito quando um cadete antigo arrotava.
● "O Sr. Comandante aliviou?" = dizia o mancebo quando um cadete antigo aliviava os intestinos.
● “Ir para o book” = ir para o livro(de ocorrências) por uma falta qualquer.
● "Entrei fazendo fé na minha força" (...alarde da minha força) = à ordem do cadete antigo, dizia o mancebo, sabendo que iria pagar caro tal ousadia. (...)

http://indiosmar.blogspot.pt/2007/05/gria-da-escola-naval.html

Luís Graça disse...

Armando, há praxes e praxes...A malta que teve experiências negativas, tende a tomar a parte pelo todo...

Eu distinguiria as praxes que têm uma função de iniciação (, fomos do tempo em que os nossos papás - nalguns estratos sociais... - levavam os rapazes às "meninas" quando chegava a idade...) e de integração (nos colégios internos, nas prisões, na universidade, na tropa, na guerra...).

As cenas de violência, agressão, humilhação, sadismo... não se confundem com as praxes. Não tenho dúvidas que as praxes irão continuar no nosso exército como em todos os exércitos do mundo...

Obrigado pelas tuas fotos e narrativa da receção aos piras, em Bissorã... Uma brincadeira de antologia!

Henrique Cerqueira disse...

É claríssimo como a água que o tipo de praxes que são ilustradas pela fotografia do Armando Pires ,são divertidas,saudaveis e em especial davam maior alegria ao pessoal que estava a sêr rendido.É ainda verdade que certas partidas ou bricadeiras que não humilhem ou rebaixem o praxado e ainda que não ponham em perigo pessoas e bens,são quanto a mim toleráveis e para alguns até saudaveis.
Agora vejamos precisamente os comentários noticiosos do Luís Graça se é ou perigôso certo tipo de praxes.
E já agora eu penso que as praxes nâo criam espirito de camaradagem,quanto muito será de cumplicidade momentânea e tambem não acredito que faz do praxado mais ao menos "homem"só porque foi praxado . A mim as praxes que me foram infligidas em Tavira tiveram dois resultados:Um foi positivo porque eu jamais participei em praxes do tipo (mas aí tabem é mérito meu pela educação que recebi).A outra foi mais negativa ,pois que ainda hoje tenho um "ódio real"aos indeviduos que me "praxaram"(eu direi violentaram)em Tavira no CSM no ano de 1971.
Nunca mais me deixei "praxar"em situação alguma e só participo neste debate porque pior que a Guiné só a experiência que tive em Tavira.
Abraços
Henrique Cerqueira

José Nunes disse...

Na Guiné no meu Batalhão,aos piriquitos era proposto ir aos ananazes,mas era necessário levar a escada,se ele se entusiasmava lá ia de escada ás costas,uns Kmts,no local ao ver que a escada era desnecessária,ficava fulo e quem fazia a "praxe"trazia a escada de volta,brincadeiras simples sem intenção de molestar.
José Nunes
Beng 447
Brá 68/70

Hélder Valério disse...

Caros camaradas

Parece que é preciso ter opinião sobre esta 'coisa' da praxe.
Ora bem, tenho por aqui um problema, pois não atino com uma resposta certa.

Por um lado percebo que uma 'certa praxe', com graça, com ironia, com civilidade, que não se estribe na humilhação do(s) visado(s) acabe por ajudar a cimentar um 'certo espírito de corpo', seja no meio militar, estudantil, clubístico ou outro qualquer.

Por outro lado entendo que o acto de 'praxar', possibilitando o anonimato ou a cobertura de grupo, pode potenciar a revelação de atitudes ou comportamentos bem primários, cobardes e desumanos.

É portanto, entre estas 'balizas' que a 'coisa' se movimenta e confesso que não tenho opinião 'definitiva' sobre a 'bondade' da praxe.

Compreendo quem a defende mas sinto-me afastado da sua aplicação.

Abraços
Hélder S.

Anónimo disse...

Manifesto anti-praxe

Abaixo a praxe...pim
Fora a praxe...pim
Morte à praxe...pim

Fui praxado mas nunca praxei.
A praxe até teria piada se a grande maioria dos praxistas não fossem uma cambada de recalcados,vingativos, e até terem complexos de inferioridade.
Quando fui praxado, e fui muitas vezes,nunca permiti que fossem ultrapassados os limites.

Tenho dito

C.Martins

Anónimo disse...

C.Martins dixit- praxistas são

recalcados,vingativos,com complexos

de inferioridade.E pronto.

Confundir algumas brincadeiras que

se faziam com os piras,com a

violencia gratuita,os maus tratos,

a humilhação escusada ou práticas

de bullying,parece-me absurdo...

Alfero recalcado, vingativo e com

óbvios complexos de inferioridade..

J.Cabral

Anónimo disse...

Meu caro alfero J.Cabral

Em sentido e em continência por ser mais velho.

Olhe que não..olhe que não..Sr. Dr.
(onde é que ouvi isto ?)

Não confundo brincadeiras estilo "alfero J.Cabral".

Eu disse a maioria e não todos.
Os meus "adjectivos" visam apenas e só aqueles que humilharam e violentaram gratuita e sadicamente.

Não me parece ser o teu caso "nosso alfero".

Um alfa bravo

C.Martins

Anónimo disse...

PS

Nunca entendi a praxe como integração de "porra nenhuma".

Nos sítios por onde passei mantive sempre uma distância de "desprezo" em relação a quem me praxou, até porque não permiti que fossem ultrapassados os limites..o que gerou conflitos durante e após a praxe.

Realço uma excepção..em Vendas Novas..um tenente "figura muito conhecida após o 25 abril"..já um pouco toldado pelos vapores etílicos,mandou-me lamber o chão,o que recusei liminarmente..estupefacto pela minha reacção.. olhou-me longamente nos olhos e em seguida soltou uma sonora gargalhada e disse .."ummm és parecido comigo..pá".
No dia seguinte pediu-me desculpa e disse-me que também ele tinha tido a mesma reacção quando foi praxado na academia militar.
Teve sempre comigo uma atitude exemplar,era um verdadeiro oficial e cavalheiro.
Ficamos amigos.

C.Martins

Anónimo disse...

PS

Em sentido e...quero dizer..Eu estou em sentido e em continência perante o nosso "alfero"porque é mais velho..ou.ou menos jovem do "ca mim".

C.Martins

Anónimo disse...

Bom dia

Alguém conhece o João Adriano Boiada Picão que esteve na Guiné em 1974, o Sr. vive em Vale de Mestre de Santa Margarida da Coutada.


Obrigda.