segunda-feira, 12 de abril de 2010

Guiné 63/74 - P6146: Memórias do Chico, menino e moço (Cherno Baldé) (13): Fajonquito, o blogue, o meu silêncio... e as fotos do José Cortes

1. Mensagem, de 10 do corrente, enviada pelo Cherno Baldé (*), formado em gestão, quadro superior da administração pública da República da Guiné-Bissau, membro da nossa Tabanca Grande, que nos tem honrado com textos de grande pertinência e qualidade:

 Assunto: Fajonquito III (**)

Caro amigo Luis Graça,

Antes de mais quero pedir desculpas por ter desaparecido durante os últimos meses. Na verdade, depois da minha última carta respondendo algumas perguntas colocadas por si, pareceu-me ter criado algum mal estar no meio da malta, o que estava longe das minhas intenções. E também não recebi a reacção habitual e esperada da sua parte que sempre conseguiu fazer a melhor interpretação das minhas narrativas. Tendo em conta as varias reacções suscitadas, tenho, naturalmente, muita coisa a dizer, mas como tenho pouco tempo disponivel no meio do trabalho, prefiro deixar para mais tarde as possiveis réplicas.

O nosso amigo José [Cortes]  demorou a reagir mas gostei das imagens da nossa Fajonquito (**). É mais que óbvio que conheci e convivi com ele no quartel e ainda mais sendo responsável do parque automóvel, a minha zona predilecta de actuação. O José, certamente, se lembrara do Sérgio,  o responsavel pelo abastecimento do combustível, de resto, como ele diz, faziam parte da mesma companhia, para além dos meus controversos patrões, o Dias e o Magalhães, também me lembro do Mandinga. Gente porreira.

Nas imagens creio ter reconhecido a menina Cesina, filha da Cristina, actualmente a viver nos EUA. O Aladje é meu primo e actualmente trabalha na Embaixada de Angola em Bissau.

Abraços do menino Chico,

Cherno AB.

2. Comentário de L.G.:

Caríssimo Cherno, irmãozinho de Fajionquito:

Que sejas bem aparecido! A tua última mensagem era de 31 de Julho de 2009, e termianava assim:

"O balanco é mais negativo ou mais positivo? O PAIGC devia e podia fazer melhor?... Sem dúvida que sim. E os portugueses dentro de tudo isso?... A história se encarregará de responder, um dia. Eu não quero incriminar ninguém mas darei o meu testemunho, sem partidos. As palmas que ja bati no passado para os soldados portugueses nas suas paradas de ronco e para o PAIGC durante os seus infindáveis discursos e meetings já chegam, agora quero pensar com a minha cabeçaa. Tenho mais ou menos 50 anos e nessa idade devo ter medo de quem?...

"Juntamente envio mais uma parte das minhas habituais crénicas. Um forte abraço deste irmãozinho de Fajonquito" (...)

E a última crónica era sobre "ambientes e ambiguidades", que eu decidi desdobrar em quatro partes, autónomas, publicadas sucessivamente em 5, 8 , 10 e 12 de Agosto de 2009, respectivamente. O facto de não ter feito nenhum comentário final não quer dizer absolutamente nada... Aliás, o editor não deve fazerm por sistema, comentários aos textos que são publicados. Essa tarefa compete aos nossos leitores. Acontece, pro outro lado, que em Agosto todo o mundo está de férias. Eu, que sou professor, já estava de férias, nessa altura,  e portanto com menos disponibilidade, de tempo, para editar o blogue... Infelizmente, tu interpretaste isso como um sinal de menos apreço da minha parte... Nada disso, meu irmãozinho. E também não é verdade que os nossos camaradas que te leram, não gostaram dos teus últimos escritos... Revê, por favor, os comentários aos teus últimos postes.

Vamos a números: por exemplo, tiveste cinco comentários ao poste P4816, de 12 de Agosto e num deles, o do Hélder Sousa, podes ler o seguinte:

"Ah, ganda Chico! Chega a ser comovente ler-te e ficar a saber como nos viam e entendiam.

"Será que éramos mesmo assim? Pois também acredito que sim, mas acho que algumas dessas características se perderam ou perderam algum fulgor.

"Mas, olha, não foi só na tua e 'nossa Guiné' que os incompetentes, pelo menos para as funções desejadas, tomaram conta dos destinos. Por cá também aconteceu disso, razão fundamental para que as pessoas se afastassem progressivamente das obrigações que têm de vigiar os governantes eleitos e trabalhar empenhadamente para o desenvolvimento da sociedade. No fundo, voltarem a ser aquilo que os caracterizava, como tu tão bem relatas.

"No entanto fico feliz por ti, pelo teu povo, por nós, pela tua persistência em te empenhares na 'luta pela afirmação do homem africano, do terceiro mundo, de um mundo mais justo, de progresso, paz e fraternidade', que voltaste 'alegremente aos estudos' e que ainda estás 'na esperança de ver se aparece a luz ao fundo do túnel'.

"Continua, dá-nos esse belo exemplo de que é assim que se pode avançar, que não se pode desistir, não se pode perder a confiança num futuro melhor. E continua a brindar-nos com as tuas memórias.

"Sobre o 'cansaço'. há um poema, salvo erro de Berthold Brecht, que começa assim: 'Ouvimos dizer que estás cansado...0, conheces? é bom para 'recarregar baterias', como por exemplo também uma canção de Paul Simon & Art Garfunkel intitulada, 'The Boxer'. De vez em quando devemos ir aos 'clássicos'. Um abraço. Hélder S."


Chico, isto é uma grande homenagem à tua estatura moral e intelectual.  És um grande ser humano, um patriota guinense e um amigo verdadeiro de Portugal e dos portugueses. Por outro lado, podes estar ciente de que já tens, no nosso blogue, uma lista grande, não só de amigos como de admiradores.


Respeito, naturalmente, o(s) teu(s) silêncio(s). Mas a verdade é que estávamos com saudades tuas. Aparece sempre que puderes e quiseres. Um grande AB, Alfa Bravo (abraço, em linguagem de caserna).

__________________

Notas de L.G.:

(*) Vd. poste de 12 de Agosto de 2009 > Guiné 63/74 - P4816: Memórias do Chico, menino e moço (Cherno Baldé) (12): E se o Algássimo tivesse razão ?


(...) Na sua opinião, a Guiné-Bissau tinha poucas probabilidades de sucesso porque em vez do bom pastor o gado tinha sido entreque aos lobos, vestidos com pele de ovelhas. Em vez de pessoas instruídas e com experiência na administração do Estado eram pessoas iletradas, quase analfabetas, que dirigiam e controlavam a vida económica e política do pais.
- Assim não vamos a sítio nenhum - arrematava.

Verdade ou mentira a opinião é dele e no que me concerne, sem capacidade de visionar o futuro, e tendo acreditado e abraçado firmemente a visão e os ideais de Amilcar Cabral sobre a necessidade da luta pela afirmação do homem africano, do terceiro mundo, de um mundo mais justo, de progresso, paz e fraternidade, voltei alegremente dos estudos e estou ainda aqui na esperança de ver se aparece a luz ao fundo do túnel.

Mas a questão é, de algum tempo para cá, recorrente e.... inevitável:
- E se o Algássimo tinha razão?... (...)


 Vd. postes anteriores:


10 de Agosto de 2009 > Guiné 63/74 - P4806: Memórias do Chico, menino e moço (Cherno Baldé) (11): Filho da p... de barrote queimado...... Ou as sobras do rancho

8 de Agosto de 2009 > Guiné 63/74 - P4802: Memórias do Chico, menino e moço (Cherno Baldé) (10): Futebol: ser do Benfica ou do Sporting, eis a questão

5 de Agosto de 2009 > Guiné 63/74 - P4782: Memórias do Chico,menino e moço (Cherno Baldé) (9): Futebol, rivalidades, bajudas... e nacionalismos(s)

 27 de Julho de 2009 > Guiné 63/74 - P4746: Memórias do Chico, menino e moço (Cherno Baldé) (8): Misérias e grandezas de Fajonquito, 1970/75

21 de Julho de 2009 > Guiné 63/74 - P4714: Memórias do Chico, menino e moço (Cherno Baldé) (7): As profecias do velho Marabu de Sumbundo

13 de Julho de 2009 > Guiné 63/74 - P4679: Memórias do Chico, menino e moço (Cherno Baldé) (6): Uma gesta familiar, de Canhámina a Sinchã Samagaia, aliás, Luanda

6 de Julho de 2009 >Guiné 63/74 - P4646: Memórias do Chico, menino e moço (Cherno Baldé) (5): A família extensa, reunida em Fajonquito, em 1968

30 de Junho de 2009 > Guiné 63/74 - P4611: Memórias do Chico, menino e moço (Cherno Baldé) (4): O ataque dos meus primos a Cambajú e o meu pai que foi um herói

25 de Junho de 2009 >Guiné 63/74 - P4580: Memórias do Chico, menino e moço (Cherno Baldé) (3): A chegada dos primeiros homens brancos a Cambajú em 1965: terror e fascínio

24 de Junho de 2009 > Guine 63/74 - P4567: Memórias do Chico, menino e moço (Cherno Baldé) (2): Cambajú, uma janela para o mundo

19 de Junho de 2009 >Guiné 63/74 - P4553: Memórias do Chico, menino e moço (Cherno Baldé) (1): A primeira visão, aterradora, de um helicanhã

Vd. também:

18 de Junho de 2009 >Guiné 63/74 - P4550: Tabanca Grande (153): Cherno Baldé (n. 1960), rafeiro de Fajonquito, hoje engenheiro em Bissau...

7 de Julho de 2009 > Guiné 63/74 - P4650: (Ex)citações (32): A Tabanca Grande ou... Global: de Contuboel, Fajonquito e Bissau com amizade (Cherno Baldé)

20 de Julho de 2009 > Guiné 63/74 - P4710: Blogoterapia (119): As Fantas, as Marias, as Natachas, ou o amor em tempo de guerra e de diáspora (Cherno Baldé)


2 de Agosto de 2009 > Guiné 63/74 - P4767: Blogoterapia (118): Os Fulas, o PAIGC e... os tugas (Cherno Baldé / Luís Graça)

Guiné 63/74 - P6145: (Ex)citações (67): A tragédia de Fajonquito: o Almeida estava mesmo disposto a acabar com a vida, a dele e a do capitão (Cherno Baldé)

1. Comentário ao poste P5938 (*), com data de hoje, assinado pelo nosso amigo, Cherno Baldé, natural da Guiné-Bissau e membro da nossa Tabanca Grande:

Os comentários à volta da tragédia de Fajonquito e as informações neles contidas reavivaram a minha memória trazendo de volta alguns elementos interessantes. Lembro-me de ter comido (ao jantar?),  no refeitório nesse dia de Páscoa (2 de Abril 1972) ou na véspera, um prato de arroz doce. Era atípico e inabitual entre nós, parecia mesmo uma provocação dos cozinheiros. Eu e os demais colegas, todos rafeiros experimentados, não tinhamos apreciado aquele mescla de arroz branco com açúcar, puààh...E mais, tinham-nos dito que era um dia de festa.Agora sei que foi num dia de Páscoa.

Depois do "acidente",  ou melhor, do homicidio, a versão que circulou e ficou até hoje entre a população nativa é bem diferente daquela que estou a ler agora na maior parte dos comentários. Pela versão que prevaleceu entre nós, alegadamente, o Soldado Almeida estava revoltado por não poder voltar à sua terra após várias comissões de serviço, em virtude de um castigo a que estava sujeito. Tinha decidido acabar com a sua vida e, com ele, também, a do comandante da companhia. Claro que isto faz parte dos rumores que circularam, na ausência de informacoes oficiais, na altura.

Quero dizer a quem me quiser ouvir,e isto por minha conta, que o Almeida era um soldado "profissional",  muito aguerrido,  que dificilmente poderia levar uma vida civil pacata no meio indígena ou gerindo uma lojeca ou um restaurante para servir a malta europeia numa cidade qualquer da Guiné. O Almeida não era um soldado vulgar e via-se claramante que não se tinha integrado na companhia dos restantes soldados milicianos  (sic) pelos  quais ele nutria muita pouca consideração e/ou respeito.Tão pouco se podia integrar no meio dos pretos embora se identificasse com eles. 

Penso que, antes de mais, o nosso amigo Ameida (ele era de facto um amigo e defensor das crianças que frequentavam o aquartelamento: ai de quem se atrevesse a fazer mal a uma crianca na sua presença!) deve ter sido mais uma das inúmeras vitimas daquela guerra terrivel.
Cherno AB (Chico de Fajonquito) 

[ Revisão / fixação de texto / título: L.G.]

_____________

Nota de L.G.:


Guiné 63/74 - P6144: O Spínola que eu conheci (6): Depoimentos de Paulo Raposo e Luís Graça



Apresentação do livro Spínola: Biografia, da autoria do historiador Luis Nuno Rodrigues (Lisboa, A Esfera dos Livros, 2010). Local: Lisboa, Fundação Mário Soares, 8 de Abril de 2010. 2ª parte da intervenção do Embaixador João Diogo Nunes Barata, antigo chefe de gabinete de Spínola na Guiné. Neste excerto, são abordados dois capítulos do livro, correspondentes à carreira militar de Spínola durante a guerra colonial (Angola e Guiné). Afirmação de Spínola como "grande político" na Guiné.


Vídeo (4' 17''):  © Luís Graça (2010). Direitos reservados (Alojado na conta You Tube > Nhabijoes)




Guiné > Algures > Maio de 1973 > A 25 Costa Gomes, Chefe do Estado Maior General das Forças Armadas, dá início a uma visita ao Comando Territorial Independente da Guiné (CTIG), para se inteirar do agravamento da situação militar e analisar medidas a tomar  com vista a garantir o espaço de manobra do poder politico. Uns dias antes, a 22, Spínola tinha mandado um telegrama ao Ministro da Defesa, com o seguinte teor: "Conforme seu pedido telefónico informo que sob pressão IN comandante local mandou evacuar Guileje e destruir acampamento sem ordem deste comando. Trata-se de lamentável estado de pânico perante  manifesta superioridade inimigo o que em caso algum justifica tal decisão. Esclareço  Guileje estava sem comunicações Bissau virtude destruição antena pelo inimigio. Mandei levantar auto corpo de delito comandante responsável. Insisto pedido reforços" (Fonte:  Carlos Matos Gomes e Aniceto Afonso - Os anos da guerra: volume 14: 1973: perder a guerra e as ilusões. Matosinhos: QuidNovi, 2009. p.46).

Na foto, vê-se o Gen Costa Gomes à direita de Spínola, falando com milícias guineenses. Foto do francês Pierre Fargeas (técnico que fazia a manutenção dos helis AL III, na BA 12, Bissalanca), gentilmente enviada pelo nosso camara Jorge Félix (ex-Alf Mil Pil Heli, BA12, Bissalanca, 1968/70).

Foto: © Pierre Fargeas / Jorge Félix (2009). Direitos reservados.


1. Continuamos a publicar pequenos depoimentos de camaradas nossos que estiveram, no TO da Guiné, no tempo de Spínola (entre Maio de 1968 e Agosto de 1973). São excertos de textos já publicados no nosso blogue (I e II Séries). São pequenos contributos para o conhecimento (e apreciação crítica) daquele que terá sido porventura o mais o mais falado, criticado, idolatrado, carismático, detestado e controverso dos nossos comandantes militares durante  a guerra colonial. Spínola nasceu há 100 anos, em Estremoz, a 11 de Abril de 1910, no final da monarquia, ainda no reinado de D. Manuel II. O nosso blogue fica aberto à publicação de novos testemunhos e comentários sobre Spínola, o Governador e Comandante-Chefe da Guiné (1968/73).


(i) Paulo Laje Raposo (ex- Alf Mil, CCAÇ 2404 / BCAÇ 2852, Mansoa, Galomaro, Dulombi, Julho de 1968/ Maio de 1970)

 (...) Chegámos a Bissau nos primeiro dias de Agosto [de 1968]. Depois de uma noite mal dormida, e cheios de picadas de mosquito, lá fomos para os adidos em Brá. Os dois Batalhões [BCAÇ 2851 e 2852] formaram na grande parada e o então Brigadeiro Spínola passou revista às tropas e fez a sua saudação.

 Spínola tinha chegado há pouco tempo à Guiné [, em Maio de 1968, ] e esta foi a primeira cerimónia deste género que realizou. Acabadas as cortesias, ouve-se o toque a Oficiais e vamos para um briefing. Reunimo-nos numa sala pequena. Nós, os chegados, fomo-nos sentando em várias filas de cadeiras. À nossa frente estava uma pequena mesa aonde se sentou ao centro o Brig Spínola, Governador e Comandante Chefe da Província, à sua direita o Brig Nascimento, 2º Comandante Militar, e à sua esquerda, o Comandante Militar Brig Novais Gonçalves, que já estava no fim da sua Comissão.

 Não me recordo do teor do discurso proferido por Spínola, mas deve ter sido no sentido de apelar ao nosso patriotismo e responsabilidade na condução dos homens que tínhamos à nossa guarda. Após o discurso veio cumprimentar-nos, um a um. Quando chegou a minha vez, eu estava altamente perfilado, pois nunca tinha cumprimentado alguém com tantas estrelas nos ombros. Duas eram de Brigadeiro e as outras quatro de Comandante Chefe, em ambos os ombros. Ele põe-se em frente de mim, cumprimenta-me e eu também e, à queima-roupa, diz-me:
- Você tem sorte.

Eu, sem saber bem o que me esperava, digo muito timidamente:
 - Porquê, meu Comandante?
 - Porque quando começar a ouvir os tiros, já está mais perto do chão.

 Também tinha humor. A meu lado estava o Alferes Felício, que é uma viga, e que a meu lado ainda parece maior. O nosso Comandante Chefe diz-lhe o inverso:
 - Você que se cuide.

Realmente, aquele homem, com a sua voz rouca e arrastada, de luvas, com monóculo e o pingalim, impressionava qualquer um. A imagem de bravura que transmitia correspondia à sua maneira de ser. Nele tudo era verdadeiro e genuíno. (...)


 (ii) Luís Manuel da Graça Henriques  (ex-Fur Muil, CCAÇ 2590 / CCAÇ 12, Contuboel e Bambadinca, Maio de 1969/Março de 1971) (***)

 Bissau, 10 de Fevereiro de 1970 

(...) De facto, aqui [,em Bissau,] desaguam todos os rios humanos da Guiné: a carne que já foi do canhão e agora é do bisturi (ou dos vermes, em caixões de chumbo, discretamente empilhados, à espera que o Niassa ou o Uíge ou o Alfredo da Silva os levem nos seus porões nauseabundos); os desenfiados, como eu, todos os que procuram safar-se do inferno verde, quanto mais não seja por uns dias ou até umas breves horas, que o tempo aqui conta-se, de cronómetro na mão, até à fracção de segundo; os prisioneiros de guerra, esfarrapados, andrajosos, a caminho da Ilha das Galinhas; as populações do interior desalojadas pela guerra; os jovens recrutados para a nova força africana; enfim, os [alegados] criminosos de guerra como o capitão P. que está aqui detido no Depósito Geral de Adidos à espera de julgamento em tribunal militar – suponho eu -, juntamente com um furriel miliciano da sua companhia. Ambos estão implicados em vários casos, muito falados, de violação e assassínio a sangue frio de bajudas, além da tortura e liquidação de suspeitos…

 (...) A propósito, como os tempos mudam, meu caro!.. Em conversa com um sargento de cavalaria que teve o Velho [, uma das alcunhas de Spínola,] como comandante de batalhão no Norte de Angola – conversa a que ocasionalmente assisti -, o Capitão P. (que eu não sei, nem me interessa saber, se é miliciano, ou se é do quadro, ça c'est m´égale!), mostrava-se vexado (o termo é dele) pelo facto do então tenente coronel ameaçar executar, in loco, sumariamente os guias nativos que mostrassem a mais pequena hesitação na escolha dos trilhos ou os carregadores que deliberadamente deitassem fora a água dos jericãs...
- E agora, como Com-Chefe na Guiné, não permitir sequer que se toque no cabelo de um preto!

 Bissau, enfim, porto de fuga e salvação!... Embora não se possa exactamente prever até onde tudo isto irá parar, com a actual escalada da guerra, de parte a parte, aqui tu tens ao menos a reconfortante sensação de teres as malas sempre feitas, pronto a partir em qualquer altura… Mas nada te garante que embarques a tempo: é que estamos todos metidos num atoleiro e em vias de perder o último avião!... Make love, not war. Um abraço. Até mais logo. Talvez apanhe o barco da Gouveia, amanhã. Já estou farto desta merda. (...)

 Ponte do Rio Udunduma, 3 de Fevereiro de 1971 (****)

(...) De visita aos trabalhos da estrada Bambadinca-Xime [, a cargo da TECNIL], esteve aqui de passagem, com uma matilha de Cães Grandes atrás, Sexa General António de Spínola, Governador-Geral e Comandante-Chefe (vulgo, o Homem Grande). Eu gosto mais de chamar-lhe Herr Spínola, tout court. De monóculo, luvas pretas e pingalim, dá-me sempre a impressão de ser um fantasma da II Guerra Mundial, um sobrevivmente da Wermacht nazi.

 Mas o que é que faz correr este velho soldado, como ele próprio gosta de se chamar ? É difícil adivinhar-lhe a sua paixão secreta, o seu móbil, sob a sua impassibilidade de samurai (ou de figura de cera?): a mitomania, o culto da personalidade ou, hélàs!, a presidência da república ...

 Há qualquer coisa de sinistro na sua voz de ventríloquo, no seu olhar vidrado ou no seu sorriso sardónico: talvez seja a superioridade olímpica do guerreiro.

 Cumprimentou-me mecanicamente. Eu devia ter um aspecto miserável. Eu e os meus nharros, vivendo como bichos em valas protegidas por bidões de areia e chapa de zinco. O coronel (?) que vinha atrás do General chamou-me depois à parte e ordenou-me que, no regresso a Bambadinca, cortasse o cabelo e a barba…

 A visita-surpresa do Deus-Todo-Poderoso foi o meu único monumento de glória em toda esta guerra… Ao fim de vinte meses!... Só quero regressar, são e salvo, a casa, daqui a um mês e, se possível, levar comigo a barba que deixei crescer… na Guiné, longe do Vietname.  (...)

____________

Notas de L.G.:

(*) Vd. último postre da série > 10 de Abril de 2010 >  Guiné 63/74 - P6138: O Spínola que eu conheci (5): Os depoimentos de Joaquim Mexias Alves e José Manuel Matos Diniz

 (**) 5 de Maio de 2006 > Guiné 63/74 - DCCXXVIII: O meu testemunho (Paulo Raposo, CCAÇ 2405, 1968/70) (4): Em Bissau com Spínola

(***) 14 de Novembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2264: Blogue-fora-nada: O melhor de... (3): Carta de Bissau, longe do Vietname: talvez apanhe o barco da Gouveia amanhã (Luís Graça)

(****) 30 de Setembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1132: Spínola e os seus 'Cães Grandes' na ponte do Rio Udunduma (Luís Graça)

domingo, 11 de abril de 2010

Guiné 63/74 - P6143: Parabéns a você (105): Jorge Félix, ex-Alf Mil Pil de Heli Al III na BA 12, 1968/70 (Os editores)

»+» F*E*L*I*Z...A*N*I*V*E*R*S*Á*R*I*O «+«
1. Festeja hoje mais um aniversário o nosso Camarada Jorge Félix, ex-Alf Mil Pil de Heli Al III na BA 12, Bissalanca, 1968/70.

2. Vamos recordar a sua apresentação neste blogue, que foi publicada no dia 27 de Fevereiro de 2008 no poste - P2587:
“Senhor Luis Graça:
A Guerra tirou-nos o sono...
Tropecei no seu Blogue.
Vi pouco, muito pouco, mas chegou para me inquietar.
No post de 3 de Janeiro de 2008, num jantar de 27 de Dezembro
2007 (1), ouvi falar de Gandembel e fui ver o mapa e a minha caderneta de voo.
Fui piloto de helicópteros Al III em 68/69/70 na Guiné.
Lá encontrei que no dia 19 de Outubro de 68 fiz um TGER (transporte geral) para Gandembel.
No dia 20 do mesmo mês um TEVS (transporte evacuação).
No dia 29 voltei lá para fazer outra evacuação.
Não sei se lá voltei, pois por vezes marcávamos ZOPS (zona operacional) em lugar do nome da localidade.
Esta semana deve ter sido mexida, já la vão uns anitos, mas recordo-me que não era fácil a vida de Gandembel.
Passados estes anos todos, não tenho palavras para lhe transmitir com me encontro... eufórico? pensativo? saúdoso? lamechas? com vontade de ter 20 anitos...
Será que os indivíduos que evacuei estão vivos?
A hora é tardia e os anos pesam.
Não sendo despropositado, gostava de dar um abraço a todos aqueles jovens que não conheço mas com quem vivi momentos que nos acompanham passados que já foram tantos anos.
Mantenham viva essas memórias, eu por cá, se puder darei uma ajuda.Voltarei, é tarde, muito tarde.
Jorge Félix (ex Alferes Miliciano Piloto Aviador)”
Foto de Alouette III

3. Como vem sendo habitual, sempre que me toca a mim – MR -, publicar estes postes aniversariantes, para melhor tentarmos avaliar o perfil do Jorge Félix, recorri mais uma vez à consulta do seu signo de zodíaco – Carneiro -, para nativos entre 21/03 e 20/04”, num site que se tem vindo a tornar muito popular nesta matéria e ao qual se tem acesso através do endereço: KAZULO (http://horoscopo.kazulo.pt/4866/signos-do-zodiaco.htm), que diz textualmente o seguinte:
Carneiro
21/03 a 20/04

Com os nativos de Carneiro e os que o têm com ascendente, a primeira impressão é a de uma pessoa egocêntrica e de um signo independente, assertivo e impulsivo.
Os Carneiros não perdem tempo e quando tomam uma decisão, agem sobre ela de forma habitualmente rápida.
São energéticos e excelentes lideres mas nem sempre o melhor «seguidor». São óptimos a iniciar as coisas mas deixam-nas frequentemente para um dos signos fixos acabar. Altamente competitivos, gostam de se colocar à prova constantemente.
Apesar de governados por Marte e bastante temperamentais, a fúria é passageira e são em regra acolhedores e inspiradores.
Apresentam qualidades como a coragem e lealdade mas também a impaciência e têm um forte sentido de individualidade. Atraem e realçam estas qualidades também nos outros e o dia de um nativo de Carneiro começa normalmente com um entusiástico estrondo. Aparentam uma certa ingenuidade, por confiarem e acreditarem que os outros são tão directos e honestos como eles.
Marte na primeira casa astrológica influência a personalidade de forma similar. A frase chave para nativos de Carneiro é «eu sou».
Com ascendente de Carneiro, as atracções viram-se para Balanças, governado na sétima casa, a dos parceiros.
Carneiro é um dos quatro signos Cardeais, por estar ligado à mudança de estação e do solstício, tendo como elemento o Fogo.
Anjo: O Arcanjo Cassiel é o protector dos nativos do Signo Carneiro. Cassiel é chamado Anjo Guerreiro e aqueles que nascem sob a sua influência são pessoas criativas, destemidas e determinadas.
Líderes natos, gostam de ocupar cargos de chefia e de desempenhar funções de elevada responsabilidade. Possuidores de um carisma e encanto naturais, são amados por todos e até mesmo as suas atitudes irreflectidas são perdoadas e encaradas como uma encantadora particularidade da sua personalidade.
O Arcanjo Cassiel desenvolve a coragem e a imaginação. Ajuda a moderar a ambição, o espírito de competição e o egocentrismo.

4. Independentemente das mensagens e comentários que os nossos Camaradas enviarem e colocarem, futuramente, no local reservado aos mesmos, neste poste, queremos em nome do Luís Graça, Carlos Vinhal, Virgínio Briote, Magalhães Ribeiro e demais Camaradas da Grande Tabanca que por vários motivos não puderem enviar as suas mensagens, cantar-te a seguinte cantiguinha muito tradicional:
PARABÉNS A VOCÊ,
NESTA DATA QUERIDA,
MUITAS FELICIDADES,
MUITOS ANOS DE VIDA,
HOJE É DIA DE FESTA,
CANTAM AS NOSSAS ALMAS,
PARA O AMIGO JORGINHO,
UMA SALVA DE PALMAS!
E mais acrescentamos:
O nosso maior desejo, neste teu aniversário, é que junto da tua querida família sejas muito feliz e que esta data se repita por muitos, bons e férteis anos, plenos de saúde, felicidade e alegria.
E mais te desejamos, que por muitos mais e boas décadas, este "aquartelamento" de Camaradas & Amigos da Guiné te possa dedicar mensagens idênticas, às que hoje lerás neste teu poste e no cantinho reservado aos comentários.
Estes são os mais sinceros e melhores desejos destes teus Amigos e Camaradas, que como tu, um dia, carregaram uma G3 por matas e bolanhas da Guiné.
Com montanhas de abraços fraternos

5. Comentário de L.G.:

Acabo de chegar, por volta das 21h, do Baixo Alentejo (estive ontem em Moura numa homenagem aos 29 mourenses mortos na guerra colonial, seguindo depois para Vila Verde de Ficalho onde fui passar as famosas festas de Nª Srª das Pazes). Vejo que o nosso co-editor Eduardo MR esteve aqui, no seu posto de sentinela, a "suprir", com galhardia, competência e sentido de oportunidade, duas importantes baixas, a minha e a do Carlos Vinhal que é o gestor da série Parabéns de Você.

Obrigado, Eduardo. Fico-te a dever mais este favor.

Jorge, o Eduardo salvou a honra da camarata ao sinalizar, devidamente, o teu dia de aniversário. Pelo menos no Portugal profundo, na margem esquerda do Guadiana, o tempo estava esplêndido, primaveril. Espero que um sol radioso tenha também iluminado os teus pensamentos de hoje e aquecido o teu coração, na Vila Nova de Gaia onde tu vives.

Ainda vou a tempo, espero, de te mandar um grande Alfa Bravo como prova do apreço e da alegria de te termos, aqui, connosco na Tabanca Grande. Se a memória me não falha, foste inclusive o primeiro piloto da FAP a aterrar no nosso blogue. Espero poder encontrar-te proximamente, quiçá a 26 de Junho, no nosso V Encontro, ou até mesmo antes, na Tabanca de Matosinhos.

Deixa-me recordar que em Moura estive com camaradas do nosso blogue, dois dos quais da FAP (o Miguel Pessoa e a Giselda), um da Marinha (o Pedro Lauret) e diversos do Exército , com destaque para o Zé Brás, eu próprio, o Francisco Godinho (da Comissão Organizadora) e o major general Manuel Monge, governador civil do distrito de Beja.
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Nota de M.R.:
Vd. último poste desta série em:

Guiné 63/74 - P6142: Em busca de... (123): Procuro informações sobre Camaradas da CART 1612 / BART 1896 (Fernando Manuel Belo)


APELO
CART 1612 do BART 18
9
6

1. O nosso Camarada Amílcar Ventura enviou-nos um e-mail com o seguinte apelo:
Camaradas,

Este apelo foi-me pedido pelo nosso Camarada Fernando Manuel Belo, que foi Soldado Condutor da 3ª CCAÇ do meu batalhão.

Ele tem alguma dificuldade em dominar estas coisas da informática e pediu-me para eu o ajudar.
O apelo é do seu irmão, que também esteve na Guiné, cujo nome é Américo António de Oliveira Belo e era Soldado Condutor da CART 1612 do BART 1896.
Era conhecido pelo “Murtosa” e esteve nos anos 1966/68, em Aldeia Formosa, Buba, Bissorã e Mansoa.
Gostava muito de saber o que é feito dos seus Camaradas da Companhia.
O seu contacto via e-mail é:
fernandombelo@hotmail.com

2. A CART 1612 era um das três companhias operacionais do BART 1896 (As outras duas eram a 1613 e a 1614).
A CART 1612 seguiu em 13 de Dezembro de 1966 para Bissorã, actuando em Insumeté, Insantaque e Iusse.
Em 27 de Julho de 1967, deslocou-se para Buba, e actuou em Nhala, Darsalame e Buba Tombo.

Em 18 de Novembro de 1967, estacionou em Aldeia Formosa, tendo actuado em Colibuia, Chamarra e Porto Balana.Finalmente em 13 de Julho de 1968, recolheu a Bissau, de onde regressou ao Continente .

3. Em busca efectuada pelo Google, verificamos que este BART 1896, tem o seu convívio anual, de que resultou um pequeno artigo publicado na revista da Liga dos Combatentes, Nº 348, de Junho de 2009.

Infelizmente como se pode verificar, no ps além de um nome (que obviamente deve ser de um elemento do batalhão), não tem qualquer indicação do seu contacto.

____________

Nota de M.R.:

Guiné 63/74 - P6141: Parabéns a você (104): Jorge Picado, ex-Cap Mil (Os editores)


1. Mais um nativo do signo Carneiro festeja hoje, dia 11 de Abril de 2010, o seu aniversário. É ele o meu Comandante na CART 2732, ex-Cap Mil Jorge Picado(1).

O Jorge completa hoje 73 jovens anos. Vai fazer muitos mais, e nós, seus amigos e camaradas, aqui estaremos a contá-los para nos associarmos à sua alegria.

Jorge, a Tabanca inteira envia-te um abraço e votos de longa vida.

Mansabá, Messe de Oficiais, 11 de Abril de 1971 > Assim festejou Jorge Picado os seus 34 anos. Ainda de pé: Ex-Alf Mil Nunes Bento, hoje Ten Cor Ref; ex-Cap Mil Jorge Picado, o aniversariante e Ex-Alf Mil Rodrigues. Dos sentados não reza a história.

2. Com uma certa vergonha, mas com a maior honestidade, confesso que não ligava o Jorge a um Comandante com quem tinha ido, meio a pé, meio de transporte, a Fátima(2) . Não a Fátima de Leiria, mas a Fátima de Binta, ali perto de uma picada que liga a estrada Mansabá/Farim com o Olossato.

Não andámos de joelhos à volta da Capelinha das Aparições, mas fizemos penitência tal que, de certeza, os nossos pecados e os dos nossos vindouros estão redimidos.

E disse eu, para minha vergonha, que não reconhecia o senhor Eng.º Jorge Picado como meu ex-Comandante. Perante tão infame afirmação, o Jorge envia-me um foto tirada em Mansabá, onde ele aparecia... e eu também.

Mansabá > ABR71 > Festa do baptisado da filha do senhor José Leal > Nesta foto, à civil, com barba, o ex-Fur Mil Carlos Vinhal e ao fundo, fardado, o ex-Cap Mil Jorge Picado, ladeado pelo senhor José Leal e pelo Alf Mil Manuel Casal.

Esta menina, segura pelo pai e pelo Jorge Picado, sob o olhar atento e sorridente do ex-Alf Mil Manuel Casal, fará em Outubro próximo 39 anos. Como o tempo passa!!!

A partir desse dia, nunca mais fui o mesmo. Dizia ele que tinha feito a tal Operação a Fátima e que até tínhamos capturado três granadas de canhão sem recúo IN. Quem foi que verificou se elas estavam armadilhadas, quem foi? Eu próprio. Vergonha em cima de vergonha.

Claro que hoje tenho mais um amigo que ri comigo da minha desmiolada memória.

No pressuposto de que hoje (dia 11) estarei no Funchal, não quis, mesmo assim, perder a oportunidade de felicitar o meu amigo Jorge Picado e desejar-lhe uma vida longa com muita saúde, junto de seus filhos, netos, demais família e amigos que os tem às centenas.

O Jorge, quando pode, comparece nos convívios da malta. Já o vi na Tabanca de Matosinhos, em Ortigosa no Encontro da Tabanca Grande e até em Arruda dos Vinhos, não por estes, mas porque alguns elementos da CART 2732 se encontraram, e ele quis estar presente. Não pôde estar ontem no Encontro da nossa Companhia no Funchal por motivos particulares o que eu lamento.

Jorge Picado é já um veterano do Blogue. Lembremos o que nos disse em Abril de 2008:

Olá
Também pertenço ao grupo dos que palmilharam as poucas estradas alcatroadas e as muitas picadas da Guiné-Bissau.

Desde Bissau, Nhacra, Jugudul, Mansoa, Braia, Infandre, Cutia, Mansabá, Bironque, K-3, Farim, passando o rio Mansoa em João Landim, Bula, Có, Pelundo, Changalana, Jolmete, Teixeira Pinto, Canobe, Bara, Bajope, Blequisse, Cajinjassá, Capol, Bachegue, Boja, Chulame, Bassarel, Chanto, Bajobe, Bó, Calequisse, Cati, Biacha, Cabienque, Pandim, Cancal, Tame, Carenque, Batucar, Bugulha, Cajegute, Ponta Pedra, Caió, Tebebe, Belabate, Caiomete, Petabe, Beniche, a célebre Ponte Alf Nunes, Churobrique, Bachile, Capó, Cacheu (fui de meio aéreo) e também por meio fluvial acabei por pisar bolanhas na Ilha de Jeta e visitar Omaia na Ilha de Pecixe, além das bolanhas de Ilha de Jete.

Eis a minha identificação para que o Carlos Vinhal há 37 anos na CART 2732 em Mansabá, o Luís Camões há 38 anos na CCAÇ 2589, bem como o Luís Nabais na CCS do BCAÇ 2885 em Mansoa me sirvam de padrinhos na entrada desta Tertúlia, se ainda recordam este nome.

Jorge Manuel Simões Picado, natural e residente em Ílhavo, a poucos dias de chegar aos 71 anos, Eng.º Agrónomo de profissão (aposentado da Função Publica) e por gosto, Cap Mil por imposição e a contra-gosto, comandei (mal ou menos mal) a CCAÇ 2589 desde 24 de Fevereiro de 1970 até 15 de Fevereiro de 1971 quando a deixei a caminho do Cumuré e me apresentei no QG em Bissau para aguardar novo destino, tendo seguido para comandar a CART 2732 a partir de 8 de Março de 1971 até 29 de Abril de 1971, indo acabar a comissão no CAOP 1 em Teixeira Pinto desde 4 de Maio de 1971 até às vésperas de 9 de Abril de 1972, dia do meu desembarque no Aeroporto de Lisboa.

Perdoem-me qualquer erro, mas sou ainda um neófito nas novas tecnologias. Só estou ligado à Internet desde o passado dia 29 de Março e ainda não domino estas ferramentas, de tal modo que tive de me socorrer dum dos meus netos para aceder ao blogue, depois de ter lido a notícia no suplemento Y do Publico de sexta-feira [, dia 4 de Abril de 2008, que fez uma referência ao blogue Luís Graça e Camaradas da Guiné: Não deixes que sejam os outros a contar a tua guerra]. Por isso ainda não posso enviar fotografias.

J. Picado

Mansabá > O ex-Cap Mil Jorge Picado rodeado do seu staff, oficiais sargentos e impedidos da Messe de Oficiais

O Jorge Picado com o Luís Graça, sorridentes, aquando da visita do Editor do Blogue à Costa Nova.

Arruda dos Vinhos > Janeiro de 2009 > I Encontro da CART 2732 > Jorge Picado, Alfredo Gouveia e Inácio Silva

Ortigosa 2009 > Encontro da Tabanca Grande > Jorge Picado e Idálio Reis. Dois ex-combatentes da Guiné, dois Engenheiros Agrónomos.
__________

Notas de CV:

(1) Vd. postes de:

e


Vd. outros postes de Jorge Picado em: Jorge Picado e Estórias de Jorge Picado

Vd. último poste da série em:

11 de Abril de 2010 > Guiné 63/74 - P6140: Parabéns a você (103): Manuel Marinho* (ex-1.º Cabo da 1.ª CCAÇ/BCAÇ 4512, Nema/Farim e Binta, 1972/74) (Os Editores)

Guiné 63/74 - P6140: Parabéns a você (103): Manuel Marinho* (ex-1.º Cabo da 1.ª CCAÇ/BCAÇ 4512, Nema/Farim e Binta, 1972/74) (Os Editores)

»+» F*E*L*I*Z...A*N*I*V*E*R*S*Á*R*I*O «+«
1. Completa hoje 59 aninhos o nosso Camarada Manuel Marinho* (ex-1.º Cabo da 1.ª CCAÇ/BCAÇ 4512,
Nema/Farim e Binta, 1972/74).

2. Vamos recordar a sua apresentação neste blogue, que foi publicada no dia 15 de Setembro de 2009, no poste
P4957:

“Apresenta-se o ex-1.º Cabo Manuel Alberto Costa Marinho, do 1.º GComb/1.ª CCAÇ/BCAÇ 4512, comissão em Nema/Farim, Binta, em 1972/74.
É com enorme sentido de gratidão, extensível aos restantes colaboradores do blogue e a todos os tertulianos da Tabanca Grande, que me dirijo, pela primeira vez.
Mais vale tarde que nunca.
Como ex-combatente da Guiné, não posso ficar indiferente ao que de melhor temos neste País para testemunhar o que foi a Guerra Colonial, mais concretamente a da Guiné, vivida e contada pelos seus protagonistas, por isso mais uma vez, um muito obrigado pelo excelente trabalho que podemos testemunhar.
E antes de mais peço a admissão na “Tabanca”, certo que já o poderia ter feito, mas só agora julgo oportuno, pelo facto (se calhar egoísta) de estar a ajudar uma sobrinha a fazer um trabalho sobre a Guerra Colonial, foi a miúda, que me incentivou a contar as minhas vivências na Guiné, depois de consultar muitas vezes o blogue, e sabendo que estive no inferno de Guidaje, praticamente em todas as suas incidências.
Como muitos de nós já o disseram, é penoso lembrar o que já estava na penumbra da memória, mas acho valer a pena este esforço, porque entendo que uma parte muito importante das nossas vidas ficou para sempre na Guiné, numa Guerra da qual eu não me envergonho de ter participado, e sou dos que sabiam minimamente para o que iam.
Depois porque ao longo destes anos (e já são 35), somos vergonhosamente ostracizados por todos os poderes instituídos neste País, que foram coniventes com o apagar da memória colectiva, de tudo o que diga respeito à Guerra Colonial, e mais grave do que isso, transformando os que por razões várias desertaram, em heróis, e nós que combatemos, só nos falta pedir desculpas por ainda estarmos vivos a contar (dissecar) esta guerra.
Pessoalmente, sinto-me ofendido com a imagem redutora que tem sido dada às gerações que se seguiram, não quero louvores, mas exijo respeito pelos que morreram, e por todos os que ficaram marcados por ela para sempre.
Desculpa camarada Luís este desabafo, corta tudo o que achares necessário, porque sinto esta revolta surda sempre que abordo esta questão.
Quero saudar muito especialmente os camaradas Amílcar Mendes (*) da 38.ª de Comandos, Victor Tavares da 121 dos “Páras” e o Albano M. Costa da CCAÇ 4150, os dois primeiros que descrevem operações de combate e o Albano que me fez rever Binta, peço desculpas ao omitir mais camaradas, sei que os há que viveram Guidaje e escreveram sobre esse fatídico mês, os Fuzileiros por exemplo.
Como também não desejo que outros contem a Guerra por mim, vou descrever o ataque à primeira coluna para Guidaje, que como é sabido não chegou ao destino.”
3. Como vem sendo habitual, sempre que me toca a mim – MR -, publicar estes postes aniversariantes, para melhor tentarmos avaliar o perfil do Manuel Marinho, recorri mais uma vez à consulta do seu signo de zodíaco – Carneiro -, para nativos entre 21/03 e 20/04”, num site que se tem vindo a tornar muito popular nesta matéria e ao qual se tem acesso através do endereço: KAZULO (http://horoscopo.kazulo.pt/4866/signos-do-zodiaco.htm), que diz textualmente o seguinte:
Carneiro
21/03 a 20/04
Com os nativos de Carneiro e os que o têm com ascendente, a primeira impressão é a de uma pessoa egocêntrica e de um signo independente, assertivo e impulsivo.
Os Carneiros não perdem tempo e quando tomam uma decisão, agem sobre ela de forma habitualmente rápida.
São energéticos e excelentes lideres mas nem sempre o melhor «seguidor».
São óptimos a iniciar as coisas mas deixam-nas frequentemente para um dos signos fixos acabar.
Altamente competitivos, gostam de se colocar à prova constantemente.
Apesar de governados por Marte e bastante temperamentais, a fúria é passageira e são em regra acolhedores e inspiradores.
Apresentam qualidades como a coragem e lealdade mas também a impaciência e têm um forte sentido de individualidade.
Atraem e realçam estas qualidades também nos outros e o dia de um nativo de Carneiro começa normalmente com um entusiástico estrondo.
Aparentam uma certa ingenuidade, por confiarem e acreditarem que os outros são tão directos e honestos como eles.
Marte na primeira casa astrológica influência a personalidade de forma similar.
A frase chave para nativos de Carneiro é «eu sou».
Com ascendente de Carneiro, as atracções viram-se para Balanças, governado na sétima casa, a dos parceiros.
Carneiro é um dos quatro signos Cardeais, por estar ligado à mudança de estação e do solstício, tendo como elemento o Fogo.
Anjo: O Arcanjo Cassiel é o protector dos nativos do Signo Carneiro. Cassiel é chamado Anjo Guerreiro e aqueles que nascem sob a sua influência são pessoas criativas, destemidas e determinadas.
Líderes natos, gostam de ocupar cargos de chefia e de desempenhar funções de elevada responsabilidade.
Possuidores de um carisma e encanto naturais, são amados por todos e até mesmo as suas atitudes irreflectidas são perdoadas e encaradas como uma encantadora particularidade da sua personalidade.
O Arcanjo Cassiel desenvolve a coragem e a imaginação. Ajuda a moderar a ambição, o espírito de competição e o egocentrismo.
4. Independentemente das mensagens e comentários que os nossos Camaradas enviarem e colocarem, futuramente, no local reservado aos mesmos, neste poste, queremos em nome do Luís Graça, Carlos Vinhal, Virgínio Briote, Magalhães Ribeiro e demais Camaradas da Grande Tabanca que por vários motivos não puderem enviar as suas mensagens, cantar-te a seguinte cantiguinha muito tradicional:
PARABÉNS A VOCÊ,
NESTA DATA QUERIDA,
MUITAS FELICIDADES,
MUITOS ANOS DE VIDA,
HOJE É DIA DE FESTA,
CANTAM AS NOSSAS ALMAS,
PARA O AMIGO MANELINHO,
UMA SALVA DE PALMAS!
E mais acrescentamos:
O nosso maior desejo, neste teu aniversário, é que junto da tua querida família sejas muito feliz e que esta data se repita por muitos, bons e férteis anos, plenos de saúde, felicidade e alegria.
E mais te desejamos, que por muitos mais e boas décadas, este "aquartelamento" de Camaradas & Amigos da Guiné te possa dedicar mensagens idênticas, às que hoje lerás neste teu poste e no cantinho reservado aos comentários.
Estes são os mais sinceros e melhores desejos destes teus Amigos e Camaradas, que como tu, um dia, carregaram uma G3 por matas e bolanhas da Guiné.
Com montanhas de abraços fraternos
____________
Nota de M.R.:
Vd. último poste desta série em:
9 de Abril de 2010 >
Guiné 63/74 - P6133: Parabéns a você (101): Jorge Canhão (ex-Fur Mil At Inf da 3.ª CCAÇ/BCAÇ 4612), festeja hoje os seus 60 anos (Os Editores)

sábado, 10 de abril de 2010

Guiné 63/74 – P6139: Estórias avulsas (31): Emboscada em Lamel (Fernando C. G. Araújo, ex-Fur Mil OpEsp / RANGER da 2ª CCAÇ / BCAÇ 4512)


1. O nosso Camarada Fernando Costa Gomes de Araújo* (ex-Fur Mil OpEsp/RANGER da 2ª CCAÇ do BCAÇ 4512, Jumbembem, 1973/74), enviou-nos a sua 4ª mensagem, com data de 10 de Abril de 2010:

Emboscada em Lamel
(região entre Jumbembem e Farim)
Lamel > 1974 > 02FEV, Notas na minha agenda/diário, sobre a emboscada no “Alto de Lamel” (1 morto e vários feridos)

02-02-1974 - 10h00 -, O meu pelotão, que estava reduzido a 15 ou 17 unidades, e um pelotão de Madeirenses que nos tinha vindo reforçar recentemente, saímos para fazer contra-penetração no trilho de Lamel, numa acção motivada por informações recolhidas de que um dos quadros superiores, de maior nomeada do PAIGC - Luís Cabral -, ia passar ali para o interior da Guiné.



Ao fim de algumas horas de marcha, paramos para almoçar (uma ração de combate individual) e descansarmos um pouco entre as habituais conversas e algumas anedotas.


Findo este período deslocamo-nos pela picada até ao “alto de Lamel”.


Ao chegarmos lá, o primeiro homem da coluna - o Reis -, avistou um vulto suspeito aninhado na picada, que, aparentemente, estava a colocar uma mina.


Pousámos o equipamento que trazíamos, além do normal nestas saídas, e, de armas em punho, fomo-nos aproximando do local onde o Reis tinha avistado o tal suspeito. Este ao aperceber-se da nossa presença fugiu de imediato para o interior do mato.


Quando o Reis – o nosso homem da metralhadora HK-21 -, chegou ao local onde tinha estado o tal suspeito, estalou um “fogachal” medonho.


Abrigamo-nos rapidamente do fogo inimigo e respondemos de imediato do mesmo modo.


A nossa sorte nesta emboscada, foi o Reis andar sempre com a HK-21 limpa e lubrificada, coisa que eu sabia bem, pois quando passava na caserna do 2º pelotão via-o sempre a limpar esta sua atribuída arma, e eu rotineiramente perguntava-lhe: “Reis essa arma está bem limpa?”


Ele sorria e respondia invariavelmente: “Furriel está limpinha e bem lubrificada.”


A compensação deste trabalho dava agora os seus frutos, na reacção a esta emboscada, pois o Reis quando via os inimigos levantarem-se, para avançar em nossa direcção, disparava curtas e certeiras rajadas, obrigando-os a deitarem-se novamente, tendo abatido assim 2 ou 3 dos guerrilheiros atacantes.


A troca de fogo estava cerrada e começou a instalar-se a confusão.


Em determinado momento reparei que o homem das transmissões - o Marante -, havia deixado cair a antena do rádio AVP-1, sem se aperceber.


Avisei-o, apanhei a antena e entreguei-lha ao mesmo tempo que lhe gritei: “É a única hipótese que temos de contactar com o quartel!”


O PAIGC lançava em nossa direcção sucessivas granadas de RPG 2 e RPG 7, e, confesso, perante aquele cenário infernal só pensei que não ia sair vivo dali.


Para agravar o nosso estado psíquico e anímico, vimos a nossa força ficar substancialmente reduzida, já que o pelotão de Madeirenses, quando a emboscada rebentou, desatou a fugir em debandada pelo meio da picada fora, deixando-nos ali sozinhos em pleno combate contra um inimigo muito superior, quer pelo poder de fogo em cena, quer pelo número de activos que se deduzia estar ali em grande número.


Comecei a chamá-los e a insultá-los aos berros ferozmente, com todo os nomes feios e depreciativos de que me lembrei e possam estar a imaginar.


Apesar de toda a confusão instalada, notei que a tropa avançada do PAIGC estava a tentar envolver-nos atravessando a picada em posição de técnica de combate.


Disse ao homem do morteiro: “Martins, bate a zona para onde eles se estão a dirigir… rápido!


O Martins assim fez e como não obtivemos resposta, fomos retirando lenta e atentamente para o lado de Farim.


A dado momento só tínhamos 2 ou 3 granadas de morteiro de 60 mm, porque no início da emboscada a rapaziada começou a disparar, tudo o que tinha à mão, indiscriminadamente, sobre a mata sem ainda sequer terem avistado qualquer IN.


Como eu não tinha avistado nenhum alvo, também não tinha disparado qualquer tiro e até deu para dispensar 3 dos meus carregadores da G3 a três dos meus homens.


Mais ou menos a meio da emboscada, o 1º Cabo Ferreira, que nesse dia foi escalado para levar a bazuca, levou um tiro num pé e, em vez de rastejar até nós como mandam as “regras”, não o fez, tendo-se posto em pé, sendo logo alvejado com uma granada de RPG no peito, o que lhe provocou a morte instantânea.
Fomos obrigados a continuar a retirar para o lado oposto (Farim), com vários feridos graves, já que o inimigo estava a utilizar a táctica de envolvimento (vulgar meia-lua), cortando-nos a retirada para o nosso quartel.


Entrei então na picada de Lamel onde se cruzava o trilho, com mais dois ou três homens armados de G3, em posição de rajada.


Comecei a sentir o coração mais acelerado, pois sabia que se estivessem ali meia dúzia de “turras”, era o suficiente para nos apanharem à mão.


Rezando para que não fosse necessário, eu ia disposto a vender cara a minha vida se preciso fosse.


A certa altura chegou junto de mim um soldado com um buraco no braço esquerdo manifestamente originado por um estilhaço. Amarrei-lhe o meu lenço verde-preto dividido em diagonal, que usava habitualmente para me camuflar, a fim de lhe estancar o sangue e amparei-o segurando-lhe também a sua arma, porque a sua vontade era abandoná-la ali, dadas as terríveis dores de que estava a padecer.


Atravessamos o trilho de “Lamel” sem problemas, e atingimos a ponte do mesmo nome, que era o ponto de encontro das duas picagens vindas de Jumbembem e de Farim.


Fiquei preocupado quando cheguei à ponte de Lamel só com dois ou três soldados, pois não sabia da localização dos restantes.


O que seria feito do resto do pelotão? – perguntei-me.
Passados uns 10 a 15 minutos aparecem mais 4 ou 5, que me narraram uma história de arrepiar.


Contaram-me então, que não tiveram tempo de fugir para um lugar mais seguro e refugiaram-se numa grande cova natural, que existia na parte inferior ao lado da picada, e, ali anichados silenciosamente, ouviram os guerrilheiros do PAIGC, murmurando entre si, a aproximarem-se daquele local.


O que lhes valeu foi que eles iam tão obcecados para capturarem os nossos despojos (bornais, cobertores, etc), que largáramos na picada quando retiramos durante o confronto na emboscada, que nem deram por eles.


Quando eles acabaram de falar, gelou-se-me o sangue nas veias só de imaginar esta situação, porque caso tivessem sido detectados, ou teriam sido mortos, ou apanhados à mão. “Há gajos com muita sorte!” – pensei eu.


Finda a emboscada, saíram do quartel em nosso auxílio a CCAÇ 51 (que sofreu também uma forte emboscada), e o Grupo Especial de Milícias 322 (Jumbembem), que foi igualmente emboscado.


Enfim, aquela zona esteve toda a ferro e fogo… um autêntico inferno.


Mais tarde, chegaram finalmente reforços de Farim, tendo-nos escoltado (2ª Companhia do BCAÇ 4512), até ao nosso aquartelamento em Jumbembem.


Chegado ao quartel, continuava obcecado pela morte do 1º Cabo Ferreira, que, além de tudo o mais, era casado e deixou à sua esposa dois filhos para criar.


Este sensível e terrível facto, aliado a alguns remorsos e mau estar que eu sentia, porque uns dias antes eu tinha optado por castigá-lo com dois reforços, para evitar o seguimento de uma participação por abandono de um posto de vigia, se tivesse agravado numa punição superiormente agravada pelas nossas hierarquias, fez com que eu não conseguisse conter algumas lágrimas.


Foram as primeiras e as últimas que derramei na Guiné!
Foto 35 > Jumbembem > 1974 > FEV02, Chegada de uma operação de reconhecimento em Lamel
Foto 36 > Jumbembem > 1973 > Saída de um grupo em direcção de Lamel
Foto 37 > Jumbembem > 1973 > O Soldado Ferreira, aqui a lançar areia com uma pá para uma Berliet e que viria a falecer combate (02FEV74), na emboscada aqui descrita
Foto 38 > Jumbembem > 1974 > Estado em que ficou uma Berliet destruída por uma mina A/C, em Lamel
Foto 39 > Jumbembem > 1973 > JUL05, Na picada de Fambantã
Foto 40 > Jumbembem > 1974 > Com uma metralhadora HK 21, que a dada altura passei a usar em substituição da G3
Foto 41 > Jumbembem > 1973 > JUL01, Na picada de Sare Tenem
Um abraço,
Fernando Araújo
Fur Mil OpEsp/RANGER da 2ª CCAÇ do BCAÇ 4512
Fotos: © Fernando Araújo (2009). Direitos reservados.
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Nota de M.R.:
Vd. último poste desta série em: