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domingo, 21 de novembro de 2021

Guiné 61/74 - P22738: Memória dos lugares (430): Tabatô, a tabanca da utopia, a 10 km, a nordeste de Bafatá - Parte I

 

Guiné > Região de Bafatá > Carta de Bafatá (1955 ) > Escala 1/50 mil > Posição relativa de Bafatá e de Tabatô que fica a cerca de 10 km, a nordeste, do lado direito da estrada que vai para Contuboel.

Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2021)


1. Heureca!...  A fim destes anos todos (!), descobri finalmemte a localização precisa da famosa tabanca de Tabatô. E mais: vi escrito o topónimo na carta de Bafatá... 

Nunca lá fui no tempo em que estive em Contuboel (de 2 de junho a 18 de julho de 1969), embora devesse ter andado por lá perto, uma vez que a CCAÇ 2590 (, futura CCAÇ 12) fez a IAO num raio de 15 km à volta de Contuboel, em farda nº 3 (as praças do recrutamento local), e com espingardas G3 apenas com cartuchos de salva... Só os graduados tinham nos bolsos uma dúzia de balas reais, não fosse o diabo tecê-las... 

Mas na altura o subsetor de Contuboel era um verdadeiro "oásis de paz", com as mais belas tabancas da Guiné,que nunca mais voltei a ver ... (*) Na realidade, nunca devo lá ter ido, a Tabatô, se não, lembrar-me-ia do seu nome... Afinal, os exercícios finais da instrução de especialidade da CCAÇ 2590 decorreram entre 6 e 12 de Julho de 1969, a 10 km a norte de Contuboel, e não a sul (*).

De facto, nem sequer o nome me ficou no ouvido. A primeira vez que ouvi falar em Tabatô foi através do João Graça que lá passou uma noite, memorável, de 15 para 16 de dezembro de 2009 (**).

Já aqui escrevi, há mais de 10 anos atrás: 

"Devo dizer, com toda a sinceridade, que nunca ouvi falar da Tabatô, durante a guerra colonial. (...) Foi o meu filho que me contou a sua experiência ímpar. Passou lá uma noite a curtir a música afro-mandinga e a tocar também 'world music' para os seus novos amigos...

"Tabatô, a aldeia de Kimi Djabaté, é agora a tabanca mais famosa da Guiné-Bissau. É já um lugar mítico, nomeadamente para a malta nova, que não vai em 'turismo de saudade', à procura de lugares e restos do passado, vai à descoberta do futuro, desse continente do futuro, que é a África... E quer ajudar a construir também esse futuro... Nem sei se Tabatô existia no tempo da guerra colonial... Já pedi ao meu amigo Pepito para saber da história da aldeia" (***).


O saudoso Pepito, que tinha uma forte ligação ao subsetor de Cntuboel, onde trabalhou como engenheiro agrónomo, e que representou como deputado na Assembleia Nacional do seu país, deu-me as primeiras coordenadas do lugar (****):

(...) " Luís, Tabató é uma tabanca muito antiga e sempre foi conhecida por ser uma povoação de djidius, isto é cantores, mas cantores que andam de tabanca em tabanca contando a história passada, os feitos individuais e colectivos marcantes e, desta forma, asseguram às novas gerações o conhecimento do passado.

Não me recordo o nome deles na Europa, mas andará à volta de jograis ou trovadores.
[Griots, em inglês e em fancês (LG)]

Alguns são contratados para enaltecerem as qualidades reais ou fictícias de certas pessoas.

É natural que não conheças esta tabanca, uma vez que se situa depois do cruzamento para Contuboel (de quem sai de Bafatá para Gabú), e a cerca de 5 Km da tabanca principal.

É uma tabanca de Djacancas, etnia aparentada aos Mandingas. Abraço, Pepito" (...).

2. Pergunto-me o que será a tabanca hoje ? (*****) E como é que lá se
 chega?  

Tabatô  tem beneficiado de bastante "mediatização" nos últimos anos (nomeadamente com o filme "A batalha de Tabatô", do realizador português João Viana)  e tem já alguns filhos ilustres, nomeadamente músicos. 

Descobri, entretanto, que qualquer um de nós pode lá passar uns dias úteis e agradáveis, para não  dizer umas "férias únicas", como "workawayer", hóspede que paga em trabalho (5 horas por dia / 5 dias por semana) a hospedagem, traduzida em "cama, mesa  & roupa lavada"... Ou eja, Tabatô está no roteiro mundial do turismo alternativo...

Também fiquei a saber que a tabanca de Tabatô não é apenas célebre pela sua escola de música, e por ser um grande viveiro da música, dos músicos e dos instrumentos musicais da tradição afro-mandinga. É também uma comunidade viva e aberta, tendencialmente igualitária, e que se tem empennhado na luta por causas nobres e avançadas como os direitos humanos, o desenvolvimento autossustentado,  a igualdade de gênero,  a mutilação genital feminina, a saúde pública, as alterações climáticas, etc.

Só é pena que as viagens para Bissau ainda sejam caras... E, convenhamos, ainda temos o problema da pandemia de Covid-19 por resolver... Mas pode ser um belo projeto para o futuro... Confesso que ainda lá gostava de ir, mesmo não sendo músico... (LG)

(Continua)


Guiné-Bissau > Bissau > Dezembro de 2009 > No conhecido e conceituado Hotel Spa Coimbra, sito na Av Amílcar Cabral, em pleno centro: da esquerda para a direita, o João Graça, o Mamadu Baio (músico da tabanca mandinga de Tabatô de onde é natural o Kimi Djabaté), o Vitor (cooperante espanhol), a Catarina Meireles (médica, portuguesa, minha antiga aluna na Escola Nacional de Saúde Pública)... Os restantes cinco elementos não sei, de momento, identificá-los. 

O João Graça, músico e médico, na altura interno de psiquiatria, esteve na Guiné duas semanas, em Dezembro de 2009, tendo estado mais tempo em Iemberém (onde prestou cuidados de saúde à população local, durante cinco dias), além de Bissau, e visitado ainda a zona leste (Bafatá, Tabatô, Gabu, Contuboel...) e a região do Cacheu (S. Domingos). Em Bissau conheceu a colega Catarina Meireles. É membro da nossa Tabaa Grande tal como o Mamadu Baio e o Kimi Djabaté.

Foto (e legenda): © João Graça (2009). Todos os direitos reservados.[Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 25 de Junho de 2010 > Guiné 63/74 - P6642: A minha CCAÇ 12 (4): Contuboel, Maio/Junho de 1969... ou Capri, c'est fini (Luís Graça)

(**) Vd. poste de 12 de julho de 2010 > Guiné 63/74 - P6720: Álbum fotográfico de João Graça (4): Uma noite memorável na terra de Kimi Djabaté, a tabanca jacanca de Tabatô

(***) Vd. poste de 8 de Julho de 2010 > Guiné 63/74 - P6695: Memória dos lugares (82): Bafatá, Tabatô, Tabaski 2009:Não há preto nem branco, somos todos irmãos, disse a Fátima de Portugal numa cadeia de união... (Catarina Meireles)

(****) Vd. poste de 11 de julho de 2010 > Guiné 63/74 - P6713: Memória dos lugares (91): Tabatô, tabanca antiga de Djacancas, berço de didjius, terra de Kimi Djabaté (Pepito)

(****) Último poste da série > 11 de novembro de 2021 > Guiné 61/74 - P22709: Memória dos lugares (429): Formosa és tu, Cacela... (Poema e fotos do Eduardo Estrela, ex-fur mil at inf, CCAÇ 14, Cuntima e Farim, 1969/71)

quinta-feira, 4 de novembro de 2021

Guiné 61/74 - P22686: Agenda cultural (787): Mamadu Baio Trio, sábado, dia 6, 20h00, no Camones CineBar, Graça, Lisboa... Música autoral afro-mandinga, um novo projecto dos nossos grã-tabanqueiros João Graça e Mamadu Baio, a que se junta o Avito Nanque


Cartaz do concerto do Mamadu Baio Trio, a realizar no próximo sábado, dia 6 de novembro, às 20h00 no Camones CineBar, na Graça, em Lisboa.


Reservas: camoneslisboa@gmail.com | Contribuição livre

1. É no sábado este espectáculo musical, a cargo do Mamadu Baio Trio, grupo de música afro-mandinga qie tem a extraordinária particularidade de incluir dois membros da nossa Tabanca Grande, o João Graça e o Mamadu Baio.

O João Graça (músico e médico) tem  124 referência no blogue, e o Mamamdu Baio 16. Fonheeram-se em meados de dezembro de 2009, quandoo João foi à Guiné-Bissau e esteve na mítica tabanca de Tabatô. O outro elemento do grupo é o Avito Nanque que veio recentemente da Guiné-Bissau para Portugal.


(...) É já no próximo sábado - Mamadu Baio Trio - o melhor antídoto para este frio invernal. Quem se junta?

(...) Sábado haverá música da Guiné-Bissau em Lisboa. Mamadu Baio , Avito Nanque e moi-méme. Vinde daí!

(...) Olá! Para quem quiser espreitar pelo meu novo projecto musical - música autoral afro-mandinga - venha até à Graça no sábado, dia 6, as 20h, no Camones. Ate lá! 

O nosso blogue faz questão de lembrar que apoia a música e os músicos da Guiné-Bissau. Daí o destaque que damos a este evento cultural. Sobre a música afro-mandinga temos 14 referências.

2. O que diz a Viral Agenda (a seguir, com a devida vénia):

Mamadu Baio Trio apresenta-se:

  • Avito Nanque - guitarra eléctrica
  • João Graça - violino
  • Mamadu Baio - guitarra acústica e voz

Originário da Guiné-Bissau, Mamadu Baio nasceu em Tabatô, uma pequena aldeia de griots (trovadores), onde todos os habitantes são músicos. Esta aldeia é reconhecida como o berço de vários artistas afro-mandingas, descendentes do Império do Mali, bem como da longa prática de construção de instrumentos tradicionais, como o balafon, o kora, o dundumbá ou neguilim.

O primeiro instrumento que aprendeu a tocar foi o djambé que lhe permite comunicar com crianças e adultos em muitos ritmos diferentes, inspirados pelas suas raízes. Foi através do djambé que Mamadu organizou vários intercâmbios entre jovens artistas de diversas origens, resultando em múltiplos workshops com distintas influências e sonoridades.

Mamadu tem uma vasta experiência como professor de percussão e deu aulas em centros culturais e escolas primárias, organizadas em níveis de conhecimento e idades. As oficinas têm como ponto de partida as histórias dos griots, para a aprendizagem do djambé, assim como a sua construção e afinação.

A sua curiosidade por diferentes sonoridades nasceu cedo. A principal fonte de inspiração para compor novas melodias surge no dedilhar da sua guitarra. Este jovem artista, reconhecido como um talento promissor da música afro-mandinga, está atualmente em Lisboa a promover o seu trabalho, que resulta da mistura de sons afro-mandingas, reggae, jazz e afro-beat.


Desde 2009 que partilha a sua estadia entre África e Europa, em particular Portugal, onde participou em vários festivais e concertos de solidariedade, realizou ainda vários concertos em
diversos espaços

3. Sobre o Camones CineBar, que fica na Graça, na R. Josefa Maria 4B, 1170-195 Lisboa (uma perpendicular à Rua Senhora do Monte, a que vai dar ao Mirador da Senhora do Monte, o  mais espectacular e deslumbrante de Lisboa):

(...) O Clube do Bairro Estrela D'Ouro, criado há mais de 110 anos pelo galego Agapito Serra Fernandes, surgiu para albergar os encontros sociais e culturais dos operários residentes neste Bairro. A vida do Clube foi interrompida algures no tempo para se transformar num casino clandestino, onde, à porta fechada, e durante quase 40 anos os homens (e só os homens...) jogavam a dinheiro. Antes de ser "Camones", e até 2017, o espaço acolheu as noites semanais Estrela Decadente, com jantares vegan, concertos, exposições e DJ sets.

Desde 2018, e pela primeira vez na sua já longa vida, as portas abrem-se ao público em geral para Concertos intimistas, noites de Stand-Up Comedy, Festivais de Curtas e noite de Open-Mic sob o lema "Todas as Artes, Todas as Idades". (...)
 


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Nota do editor:

Último poste da série > 4  de outubro de 2021 > Guiné 61/74 - P22597: Agenda cultural (786): Convite para a apresentação do livro "Nunca Digas Adeus às Armas (Os primeiros anos da Guerra da Guiné)", por António dos Santos Alberto Andrade e Mário Beja Santos, dia 18 de Outubro de 2021, pelas 18 horas, no Pálácio da Independência - Largo São Domingos, 11 - Lisboa

quinta-feira, 11 de outubro de 2018

Guiné 61/74 - P19090: Ser solidário (219): "Nô pintcha tabanka Tabatô"!... Vamos dar um empurrão à construção da escola de música de Tabatô!... Hoje, no B.Leza Clube, Lisboa, Cais da Ribeira Nova, a partir das 22h30, com os nossos grã-tabanqueiros Mamadu Baio, Braima Galissá e outros músicos guineenses


Lisboa, 11 de outubro de 2018, a partir das 22.30 até às 2h00,. no B.Leza Clube,
Cais da Ribeira Nova, Armazém B, 1200-109 Lisboa.

Abertura de porta 21h30

Entrada 10€

1. Sinopse:

Tabatô é uma aldeia (tabanca) única de linhagem griot/djidiu perto de Bafatá, Guiné-Bissau, onde há séculos se passa, de geração em geração, a tradição da música mandinga que triunfou por completo a partir dos anos 90 com a explosão da «World Music' a partir de Paris. 

Hoje, o balafon e a korá são instrumentos universais que chamaram a si o interesse de todo o ocidente, resultado directo de gravações primorosas de centenas de mestres mandinga na costa ocidental africana, e vendas de discos pelo mundo inteiro.

Hoje também, um dos locais mais emblemáticos de origem de toda esta cultura, a Escola de Música de Tabatô, está de tal forma degradada que se perderam as condições para lá se aprender música. Esta noite de música e imagem no B.leza pretende angariar fundos para que a reactivação da escola seja uma realidade.

Fonte: B.Leza Clube

2. Apelo do nosso grã-tabanqueiro, médico e músico João Graça:

Apareçam na quinta no B.Leza! Por uma boa causa - a construção de uma escola de música na aldeia griot de Tabatô, na Guiné Bissau. 

Participarei no evento como músico ao lado do inspirador Mamadu Baio.

Foto à esquerda: Mamadu Baio, natural de Tabatô. Alfragide, 21 de janeiro de 2014.
Festa de anos do João.
Foto: © Luís Graça (2014). Todos os direitos reservados]

[Tabatô tem 25 referências no nosso blogue ]
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sexta-feira, 26 de janeiro de 2018

Guiné 61/74 - P18256: Agenda cultural (624): Vamos apoiar a música guineense: Mamadu Baio (e convidados, entre eles João Graça), na 8ª edição do Mundo Mestiço, Lisboa, "Titanic Sur Mer", Cais do Sodré, dia 3 de fevereiro, sábado


Mamadu Baio, foto da época em que era o líder dos "Super Camarimba"... Foto do Facebook do artista.


Mamadu Baio. Foto do Facebook do artista.


Amadora, Alfragide > 21 de janeiro de 2014 > Mamadu Baio em casa do nosso editor, Luís Graça. em dia de anos do João Graça. 

Foto (e legenda): © Luís Graça (2014). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís GRaça & Canaradas da Guiné]



Mamadu Baio (em segundo plano, à direita) e amigos (João Graça, à esquerda), em sessão de ensaio, para o espetáculo da 8ª edição do Mundo Mestiço (3 de fevereiro de 2018). Foto: cortesia de Aluísio Neves / Mamadu Baio (2018)




1. O nosso grã-tabanqueiro nº 642,  Mamadu Baio, originário da tabanca de Tabató (, região de Bafatá, Guiné-Bissau), vai atuar no "Titanic Sur Mer", no Cais do Sodré, em Lisboa, no dia 3 de fevereiro... O Mamadu Baio (voz e viola) é um talentoso músico do género afro-jazz e afro-mandinga... Tem, pelo menos,  dois amigos  convidados para essa noite: João Graça (violino) e, se não erro,  Ibo Galissá (kora) (nome a confirmar)...

O nosso bogue apoia os músicos guineenses. E, para mais,  os que integram a nossa Tabanca Grande ("onde todos cabemos com tudo o que nos une e até com aquilo que nos pode separar") Sábado, dia 3, o nosso editor Luís Graça lá estará no "Titanic Sur Mer" e gostava de lá ver mais amigos e camaradas, fãs da música guineense.

Recorde-se aqui que o João Graça, membro da nossa Tabanca Grande e elemento da banda musical portuguesa Melech Mechaya, conheceu, em finais de 2009, a mítica Tabatô (que é, na Guiné-Bissau, a tabanca que tem mais músicos por metro quadrado) bem como os Super Camarimba, de que o Mamadu Baio faz(ia) parte. O Mamadu é hoje cidadão português, por casamento, e pai de um menino adorável chamado Malick.



Programa da 8ª edição do Mundo Mestiço, cujo nome de cartaz são os Irmãos Makossa: Participação de Yaaba FunK (Gana / UK), Mamadu Baio (Guiné-Bissau), Silvino Branca y  Banda (Cabo Verde), Irmãos Makossa (Angola / Itália) e Guerrilha Soundsystem (Portugal)

Titanic Sur Mer > Cais da Ribeira Nova , Armazém B. Cais do Sodré, Lisboa

Horário: das 23h00 às 6h00

Telefone: 938 833 532

{Sobre o novo espaço Titanic Sur Mer, vd artigo do Público >  Fugas, de 20/2/2016)


2. Notícia transcrita, com a devida vénia, da página do Facebook Mundo Mestiço:

Mundo Mestiço #08 - Irmãos Makossa 10 anos

Mundo Mestiço apresenta “Irmãos Makossa – 10 anos”

A oitava edição do Mundo Mestiço está marcada para dia 3 de Fevereiro, como habitualmente terá lugar no Titanic Sur Mer e início agendado para as 23 horas, e será inteiramente dedicada à celebração dos 10 anos de carreira dos Irmãos Makossa.

Produzido pela Ritmo e Cultura,  o Mundo Mestiço, que celebrou no passado mês o seu primeiro aniversário, é o resultado miscigenado de uma experiência rica em ritmos, batidas e melodias. A celebração de um ideal. O ideal de um mundo livre. A apologia da diversidade e da mistura.

Depois de terem sido cabeças de cartaz da sexta edição, os Irmãos Makossa estão de volta ao evento que desta vez conta também com os apoios da Antena 3, do Largo Residências, do restaurante Pizzeria Mezzogiorno e da Afromats.

Esta dupla ítalo-angolana é referência incontornável na partilha da música africana, no seu todo, mas com particular destaque para a africanidade da década de 70. Os Dj sets dos Irmãos Makossa são a história de uma viagem por África e da foma como o continente influenciou o mundo musical, contada pela música extraída dos vinis que preenchem as suas malas e prateleiras apinhadas de cd’s.

Nesta década os Irmãos Makossa lotaram salas de espetáculo do norte a sul do país, ilhas e estrangeiro. De botecos a festivais, dos concertos na rua a sessões nas maiores rádios e editoras nacionais, onde quer que haja uma oportunidade, lá estão eles a girar discos e celebrar com muita alegria e ritmos quentes, uma das coisas que África tem de melhor, a Música nos estilos Afrobeat, Afrofunk, Soukous, Chimurenga, Rebita, Ethio Jazz e Afro Rock.

Os Irmãos Makossa não estarão sozinhos nesta comemoração. A noite será abrilhantada com as atuações de Yaaba Funk, Mamadu Baio, Silvino Branca e Guerrilha SOUND System.

De Londres, Reino Unido, chegam-nos os Yaaba Funk, um grupo com tendências tão ecléticas que conjuga jazz, funk, e claro, ritmos africanos. O seu segundo álbum “My Vote Dey Count”,  lançado na primavera de 2014,  recebeu muito boas críticas de praticamente toda a imprensa inglesa e foi considerado o melhor algum do mês de Junho pelos utilizadores da World Music Network.

O Guineense Mamadu Baio teve o seu primeiro álbum de originais “Silá Djanhara” apadrinhado por Salif Keita, e desde então tem apresentado o seu trabalho em diversos festivais em Portugal, casas da cultura e encontros de artistas guineenses.

Da Ilha de Santiago em Cabo Verde vem Silvino Branca, uma figura importante do funaná moderno. Os seus dedos conhecem a gaita desde os 7 anos de idade, resultando em música (ainda) mais rápida, com mudanças mais bruscas e um hipnotismo mais óbvio, largando as letras e referências a tempos com pobreza, seca e perseguição, vividos pela geração anterior e assim nasce o Cotxi Pó. Silvino Branca chegou há cerca de três anos a Portugal, Oeiras,  e tem uma banda explosiva com toda a velocidade e poder do funaná mais puro com esta nova visão nascida nos guetos de Cabo Verde.

Guerrilha SOUND System vem espalhar momentos de pura folia através dos seus ritmos afro-tropicais, que integram a vasta bagagem musical da dupla Guilherme Macedo & Walter Martins. Uma mestiça sonoridade com raízes africanas e afro-latinas que promete incendiar as pistas de dança de Lisboa e do resto do mundo com grooves calorosos e contagiantes.

Do Samba ao Semba, do Kuduro ao Funaná, do Funk ao Afrobeat, da Cumbia à Salsa, do Forró ao Merengue, uma viagem musical que não deixa ninguém indiferente.

Embarca dia 3 de fevereiro no Titanic Sur Mer e torna-te parte integrante da tripulação do oitavo cruzeiro ao Mundo Mestiço!

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Nota do editor:

Último poste da série > 23 de dezembro de 2017 >  Guiné 61/74 - P18131: Agenda cultural (623): Dois grandes concertos dos 'Melech Mechaya', a banda musical a que pertence o nosso grã-tabanqueiro João Graça: em Lisboa, no Tivoli, dia 27, 4ª feira; no Porto, Casa da Música, a 29, 6ª feira ( já esgotado este último concerto)

quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

Guiné 63/74 - P15556: Memórias do Chico, menino e moço (Cherno Baldé) (50): Na minha língua materna, o fula, não existe a expressão "Feliz Natal"... Mas felizmente que a Guiné-Bissau é um país de tolerância religiosa, em que as duas religiões monoteístas, Islamismo e Cristianismo, coexistem bem com o animismo


Guiné-Bissau > Bissau >  2004 > Festa do Tabaski (ou do carneiro) (em árabe, Aïd el- Kebir ou Aïd el-Adha) > O nosso grã-tabanqueiro Cherno Baldé com os seus 4 filhos...  A festa do Tabaski (designação corrente nos países de forte tradição muçulmana da África ocidental)  é, a seguir à festa do fim do Ramadão, a mais importante do Islamismo, equivalente ao Natal cristão. A data é variável, em 2015, foi a 24 de setembro.

"Segundo o Islamismo, o filho herdeiro de Abraão foi Ismael e não Isaac. Esta festa é a comemoração do Livramento, do filho de Abraão que foi substituído por um cordeiro no momento exato em que seu pai iria sacrificá-lo, em obediência ao Senhor. Esta providência divina livrando (segundo o Islão) a Ismael, pai da nação árabe e antepassado do profeta, é lembrada anualmente por todo o povo muçulmano, como a Festa do Sacrifício ou a Festa do Cordeiro." (Fonte: Ordidja)

Foto: © Cherno Baldé (2010). Todos os direitos reservados. [Edição e legenda: LG]



Guiné-Bissau > Região de Bissau > Tabatô > 28 de Novembro de 2009 > A cerimónia do Tabaski... em que pela primeira vez participaram três europeus, não-muçulmanos, duas portuguesas e um espanhol... Uma das portuguesas foi a Catarina Meireles, médica, antiga aluna do nosso editor Luís Graça e amiga do nosso grã-tabanqueiro João Graça... Nesta foto temos uma vista geral da assembleia, durante a cerimónia do Tabaski, na aldeia mandinga de Tabatô, a escassos 10 km de Bafatá, na estrada Bafatá-Gabu. É a terra do nosso grã-tabanqueiro Mamadu Baio, ator e músico. (*)

Foto: © Catarina Meireles (2010). Todos os direitos reservados[Edição e legenda: LG]


1. Mensagem, de 29 do corrente, do nosso amigo  Cherno Baldé em resposta a um pedido do nosso editor ("Eh!, Cherno Baldé, aí em Bissau, bom dia!... Como se diz 'Feliz Natal'  na tua língua, em fula ?") (**)

Bom dia, amigo Luis! Que a paz esteja contigo e que tenhas um feliz Natal junto a familia.

Na minha lingua materna (Pullar), não existe a expressão "feliz Natal" porque o Natal é uma invenção recente, histórica e religiosamente falando, pois fosse mais antigo seria aceite e incorporado nas festividades religiosas muçulmanas porque o Profeta Mohamed sempre se via como o Profeta da continuidade das duas grandes religiões monoteistas anteriores e não enveredou pela ruptura, mesmo se os 'Surats' chamados de Medina são muito críticos em relação aos Cristãos e sobretudo aos Judeus que a habitavam e que estavam relutantes em o reconhecer como verdadeiro profeta e acima de tudo unificador.

Mas, ser Guineense significa, de uma certa forma, situar-se um pouco no meio das duas religiões e sobretudo solidarizar-se com os irmãos das outras confissões o que, penso eu,  representa uma particularidade específica da Guiné-Bissau, país onde a maioria muçulmana nunca esteve em confronto com a minoria cristã e onde os adeptos das religioes monoteístas nunca estiveram muito afastados das práticas e cultos animistas.

Esta convivência pacífica, em parte, é uma herançaa e resultou da prática colonial que ao mesmo tempo que promovia a religião cristã no seio dos povos do litoral animista e anti-colonial, era obrigada a colaborar com os muçulmanos por força da sua moderação e aliança no seio do "pacto colonial".

Já deixei os meus contactos para um possível encontro com o João Martel e a Ana Maria Gala [, voluntários na Missão da Cumura].

Para si e a todos os editores, assim como todos os restantes Régulos, Almamis, Conselheiros e Djargas da Tabanca Grande os meus votos de um bom e excelente novo ano, cheio de prosperidade, saúde e longa vida.

Um abraço amigo de muita saudade desde Bissau (Guiné-Bissau).
Cherno A. Baldé, Chico de Fajonquito

PS - Sobre o que disse antes, queria acrescentar o facto amplamente conhecido de que o venerando Cherno Rachid de Quebo (Aldeia Formosa) era um dos mais bem escutados Conselheiros do gen Spínola durante todo o período que esteve na Guiné como Governador e Com-Chefe da Provincia e, certamente os dois se terão influenciado mutuamente, facto que vem reforcar a tese da convivência pacífica.
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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 8 de julho de 2010 > Guiné 63/74 - P6695: Memória dos lugares (89): Bafatá, Tabatô, Tabaski 2009: Não há preto nem branco, somos todos irmãos, disse a Fátima de Portugal numa cadeia de união... (Catarina Meireles)

 (**) Último poste da série > 1 de agosto de 2015 >  Guiné 63/74 - P14956: Relativamente ao desaparecimento do Alferes Leite, trata-se de um caso do qual ouvi falar desde a minha infância (Cherno Baldé)

quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

Guiné 63/74 - P15474: Agenda cultural (445): Melech Mechaya, novo DVD "Ao vivo no CCB", edição especial, limitada, numerada e autografada... Uma sugestão (quente) para prenda (certa) de Natal!




1. Página oficial dos Melech Mechaya, banda de música portuguesa, do género "Party Klezmer", criada em 2006, com músicos de Lisboa e Almada : João Graça (violino); Miguel Veríssimo (clarinete); André Santos (guitarra); João Novais (contrabaixo); Francisco Caiado (percussão).

Influências: Klezmer, Música Árabe, Música Balcânica, Música Cigana, Jazz, Tango, Fado,,.

Vd. vídeos no You Tube > Melech Mechaya

2. Lê-se na página do Facebook dos Melech Mechaya


 Wdição especial limitada, numerada e autografada! 

Não há melhor prenda de Natal do que esta!

"Melech Mechaya eletrizaram o CCB" - Ardinas.pt

"Melech Mechaya levaram ao CCB um espectáculo de grande qualidade" - Hardmusica.pt


Pré-encomendas em www.melechmechaya.com (edição limitada a apenas 100 unidades)

Preço único: 15 € (Inclui IVA e portes de envio para Portugal).


3. João Graça é nosso grã-tabanqueiro,com 90 referências no blogue.

É o violinista dos Melech Mechaya. Os Melech Mechaya têm, na Tabanca Grande, alguns fãs, já de longa data, em Lisboa, no Porto, em Estocolmo, em Bissau... O João Graça esteve na Guiné-Bissau, de 5 a 19 de dezembro de 2009, tendo oferecido cinco dias suas férias para prestar cuidados médicos à população de Iemberém. E deixou-nos aqui algumas belíssimas fotos dessa jornada.



Guiné-Bissau > Bissau > 17 de Dezembro de 2009 > Bairro popular, não identificado, onde viviam os músicos do grupo Super Camarimba de quem o João Graça se tornou amigo, depois de visitar a a famosa tabanca de Tabatô,  a "catedral" da música afromandinga da Guiné >  "È de pequenino que se torce... o violino", parece querer dizer ao João Graça o grande cantor lírico, em ponto pequeno, que aparece no grupo, ao centro... A Guiné-Bissau, terra de grandes músicos, não tem um Conservatório Nacional de Música... Quarenta anos depois do fim da guerra colonial e da independência "de jure" da Guiné-Bissau, o que é Spínola e Amílcar Cabral, se fossem, vivos, poderiam dizer a estes miúdos ?

Foto: ©  João Graça (2009). Todos os direitos reservados [Edição e legenda: LG]

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Nota do editor:

segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

Guiné 63/74 - P14120: Manuscrito(s) (Luís Graça) (43): Notas à margem do documentário de Silas Tiny, "Bafatá Filme Clube", com direção de fotografia da Marta Pessoa (Portugal e Guiné-Bissau, 2012, 78')


Guiné-Bissau > Região de Bafatá > Bafatá > 15 de dezembro de 2009 > 18h02 > O Joaão Graça faz um selfie (quando o selfie ainda não era uma moda viral),  tendo o velho cinema local (, edifício do início dos anos 70) por detrás de si. Comopranado o edifício em 2009 e com as imagens do filme (estreado em 2012), concluo que estará hoje mais bem conservado.



Guiné-Bissau > Região de Bafatá > Bafatá > 15 de dezembro de 2009 > 15h22 > O edifício da antiga Casa Gouveia, hoje Tribunal Regional de Bafatá; o centro do parque onde estava a estátua do antigo governador Oliveira Muzanty, 1º ten da marinha (1906-1909) está agora o busto de Amílcar Cabral; à dierita da foto, fica o mercado e a piscina (agora em ruínas).


Guiné-Bissau > Região de Bafatá > Bafatá > 15 de dezembro de 2009 > 16h16 > Bomba de combustíveis (já desativada) junto ao tribunal regional de Bafatá


Guiné-Bissau > Região de Bafatá > Bafatá > 15 de dezembro de 2009 > 16h19 > O João Graça fotografado junto a uma velha bomba de combustível desventrada...



Guiné-Bissau > Região de Bafatá > Bafatá > 15 de dezembro de 2009 > 15h22 > O edifício da Repartição de Finanças da Região de Bafatá (Direção  Geral das Contribuições e Impostos, Ministério das Finanças).


Guiné-Bissau > Região de Bafatá > Bafatá > 15 de dezembro de 2009 > 18h02 > 16h27 > A rua principal de Bafatá; do lado direito, o edifício do antigo restaurante A Transmontana onde muitos de nós íamos nos anos 69/71,  matar a malvada... O supremo luxo para um tuga que vinha do mato, para "respirar aqui os ares da civilização", era um bife com ovo a cavalo e batatas fritas, regada com uma "basuca", tudo por 25 pesos...



Guiné-Bissau > Região de Bafatá > Bafatá > 15 de dezembro de 2009 > 18h02 > 16h26 > O antigo edifício do Restaurante A Transmontana... Será que estas casas "ainda têm dono" ?



Guiné-Bissau > Região de Bafatá > Bafatá > 15 de dezembro de 2009 > 15h25 > A Dona Vitória no seu estabelecimento. É irmã do falecido Faraha  Heneni, um dos importantes comerciantes libaneses (ou de origem  sírio-libanesa) de Bafatá... Como diz o Toninho, filho da Dona Vitória,  "a gente giosta de Bafatá, apesar de ser um cidade-fantasma. Temos cá as nossas raízes, nascemos cá, os nossos avós estão cá enterrados, bem como os avós dos nossos avós"...


Guiné-Bissau > Região de Bafatá > Bafatá > 15 de dezembro de 2009 > 15h26 > A imponente Dona Vitória, viúva e mãe do Toninho, o filho mais novo. Não sei com quem a senhoar era casada... Será que era casada como filho do comerciante português António Marques da Silva ?


Guiné-Bissau > Região de Bafatá > Bafatá > 15 de dezembro de 2009 > 15h13 > O João, fotogarado com a Célia Dinis e o filho, Bruno, no seu estabelecimento (Restaurante Ponto de Encontro). Diz-me agora o Patrício Ribeiro,  em comentário a este poste, que o filho do casal morreu há dois anos: "O filho do Diniz e da Célia, o Bruno, infelizmente faleceu há  aproximadamente 2 anos, por acidente de moto,  o que deixou os pais muito abalados. Continuam a morar em Bafatá, depois de alguns meses passados em Portugal."


Guiné-Bissau > Região de Bafatá > Bafatá > 15 de dezembro de 2009 > 18h11> O João Graça a telefonar ao pai... A eletricidade e o telefone terão sido levadas para a cidade pelo administrador colonial Guerra Ribeiro, em 1968... Há postos de iluminação pública na cidade mas á noite é a escuridão total... Ou era, na altura em que "Bafatá Filme Clube" foi rodado...



Guiné-Bissau > Região de Bafatá > Bafatá > 15 de dezembro de 2009 > 17h34 > Fim de tarde, rua de Bafatá, com o rio ao fundo (1): há muito que o alcatrão desapareceu...



Guiné-Bissau > Região de Bafatá > Bafatá > 15 de dezembro de 2009 > 17h33 >  Fim de tarde, rua de Bafatá, com o rio ao fundo (2): quem vive em cima ("Barro do Rocha") não vai à baixa ("Bairro da Praça") só para ver a água do Rio Gebam, diz o João Diniz no filme...


Guiné-Bissau > Região de Bafatá > Bafatá > 15 de dezembro de 2009 > 18h24> Pôr do sol sobre o rio Geba e a antiga piscina em ruínas.


Fotos: © João Graça (2009) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados [Edição e legendagem: L.G]



1. Notas à margem de um comentário do Valdemar Queiroz (*):

Valdemar, gravei o documentário "Bafatá Filme Clube" que passou na RTP2 no primeiro dia do ano...

Estive a vê-lo hoje, com alguma emoção. Devo acrescentar, às tuas  notas, que se trata de uma co-produção lusoguineense, da Real Ficção e da Telecine Bisssau...

Ver o filme (que é uma longa metragem, de cerca de 80 minutos) é rever Bafatá, embora se correndo o risco de se cair  na tentação de comparar a cidade de hoje  com aquela conhecemos, bonitinha, se não mesmo esplendorosa, entre meados de 1969 e o primeiro trimestre de 1971.  Chamava-se então a "princesa do Geba"...

Devo dizer que não me deixei ir na onda do saudosismo nem do miserabilismo, muito menos do derrotismo… Os países e as cidades são muito o que são a sua economia… E têm,  graças aos seus povos, uma grande capacidade de resiliência e de regeneração...

Claro que Bafatá (, o centro histórico,) é hoje uma cidadezinha "decadente", do interior da Guiné-Bissau, e aonde já não se vai, onde ninguém vai...  Como muitas partes do mundo, a começar pelo interior de Portugal onde há vilas e aldeias históricas completamente despovoadas...

No interior da Guiné, no antigo "chão fula",  Bafatá terá sido destronada por Gabu, mais próxima da fronteira leste e dos mercados dos países francófonos (Senegal e Guiné-Conacri),  Nem o rio Geba Estreito é mais navegável, como no nosso tempo. As principais casas comerciais (Gouveia, Ultramarina, Barbosa, Esteves, Marques Silva, Faraha Heneni, Marques da XSilva,  …) estavam ligadas à economia colonial, e já estavam em decadência com a guerra, tanto quanto me apercebi na altura…

A Bafatá que eu conheci, que tu conheceste, que muitos de nós conhecemos, vivia do “patacão da guerra”… Não escamoteemos esse facto...  Por outro lado, muitos jovens partiram, depois da independência, uns por razões políticas (temendo represálias dos novos senhores no poder, como foi o caso de muitos dos nossos antigos camaradas guineenses) outros procurando oportunidades de trabalho no estrangeiro (Senegal, Guiné-Conacri, Cabo Verde"...) ou na capital, Bissau.

2. O meu filho tinha estado em Bafatá em 15 de dezembro de 2009, como as fotos acima publicadas documentam (e outras já publicadas anteriormente)... Ficou lá uma noite,  e outra noite em Tabató, não sei se conheceu o Canjajá,  conheceu, a Dona Vitória, a família Dinis, os novos e os velhos habitantes da cidade baixa, os poucos que lá viviam e por lá deambuklavam... Percorreu as ruas e tirou fotos nalguns sítios emblemáticos, a pensar no pai: o cinema, a antiga Transmontana, a piscina, o cais, o rio, o mercado... E as fotos, mais as notas que escreveu no seu caderno, deram-me uma ideia precisa da extrema decadência que atingira a cidade, em particular a parte baixa (e histórica) de Bafatá, decadência essa que se acelerou com o fim da guerra e com a  independência…

Notas do caderno de viagem do João Graça, médico e músico à Guiné-Bissau em dezembro de 2009:

15/12/2009, 3ª feira, 11º dia, Bafatá, Tabatô 

(...) Partida [, de Bissau, ] às 10h00 com Antero (motorista) e Ali (funcionário da AD).  Ida ao quartel de Bambadinca, mas os militares recusaram [a entrada] , pela 2ª vez. Campos (bolanhas) de arroz. Ali disse: “África é um cego em cima de um diamante”. Paragem em Bafatá. Encontro com Demba, músico dos Super-Camarimba [, grupo de música tradicional afro-mandinga, com origem em Tabatô, tabanca a 12km de Bafatá; vd. também a sua página na Net]. 

Almoço no restaurante da Célia, portuguesa radicada em Bafatá desde os anos 70. Marido – não me recordo o nome [. Dinis] – esteve na guerra, nos anos 68/70 […]. Agora tem uma escola de condução.  Decadência de Bafatá velha. Sem pessoas, prédios degradados. Telefono ao meu pai: Libanesas (Vitória), piscina, cinema, [Restaurante] Transmontana. 

Passeio de piroga com pescador no Rio Geba.  Encontro com surdo-mudo que nos levou à sua tabanca (são familiares de Tabatô). Moram numa colina do Geba à entrada de Bafatá. Ofereceram-me uma cadeira e em 20 segundos juntaram-se 20 pessoas à volta da morança.  Ida para Tabatô (aguardada), passando antes pela casa do Victor [, cooperante espanhol, que conheci na viagem para Bubaque]. (...) 

Acho que o filme do jovem realizador, sãotomense,  Silas Tiny (que conversou comigo e com o Fernando Gouveia, entre outras pessoas que conheceram a Bafatá colonial, na fase de conceção do filme) não mostra só o lado decadente de Bafatá (e, por extensão, da Guiné). Descortino no filme sinais de esperança, porque acredito que a Guiné-Bissau tem futuro... (E a talhe foice, acrescente-se, como nota positiva, que a Guiné-Bissau fez uma doação, de 75 mil dólares, para as vítimas do vulcão da Ilha do Fogo e, pela primeira vez, Bissau teve fogo de artifício na passagem de ano, em vez de tiros de Kalasnikov para o ar!)...

3. Algumas notas sobre as pessoas que são entrevistadas no filme, e que retirei do seu visionamento (**):

(i) Canjajá [ou Canjanjá, como vem, parece que erradamente,  no genérico do filme ?] Mané, o antigo projecionista do cinema local (, pertença do Sporting Clube de Bafatá) e atual guardião das instalações, é o protagonista do filme… Há cinquenta anos que este homem guarda religiosamente o cinema de Bafatá (, um edifício ainda relatuivamente conservado, construído no início dos anos 70).… Terá hoje 75 anos. Nasceu em Mansoa, por volta de 1940, onde era pescador de “rede grande”… Em 1960, veio para Bafatá e começou a trabalhar no Sporting Clube de Bafatá, primeiro como contínuo e depois como projecionista, até chegar a fazer parte dos corpos gerentes, depois da indpendência… Ainda hoje é recordado pelos espetadores mais novos… Costumava adormecer durante as sessões, sendo preciso acordá-lo, ruidosamente, quando a fita se partia… Mandavam-lhe sacos de água e ovos, recorda o filho da Dona Vitória, o Toninho.

(ii) Muçulmano, praticante, Canjajá é homem de poucas falas. A primeira máquina de projetar era a “carvão” (?)… Depois veio uma “BU4 Bauer”, alemã, elétrica, acrescenta o presidente do Clube, que começou por ter uma pequena sala de cinema… Também havia cinema ao ar livre, antes da construção do cinema novo. A nova sede nasce do aumento da população de Bafatá e da sua nova prosperidade, com a forte presença dos militares durante a guerra colonial… Nessa altura, o Clube chegou a ter 500/600 sócios… Além das sessões de cinema, faziam-se festas e a vida era bela nesse tempo, dizem as senhoras, entrevistadas…

(iii) A talhe de foice, também há uma referência à passagem, por Bafatá, do Manuel Joaquim dos Prazeres, o conhecido empresário de cinema ambulante, pai da nossa leitora e escritora Lucinda Aranha. Chegou a fazer sessões de cinema na casa do comerciantes António Marques da Silva-

(iv) Canjajá também foi, já depois da independência, o encarregado da piscina de Bafatá: recorde-se que tinha o nome do administrador Guerra Ribeiro, e foi inaugurada em 1962. Depois da independência, ter-se-á chamado “Corca Só” (antigo futebolista do Clube Futebol Os Balantas de Mansoa, e comandante do PAIGC) e não “Orca do Sol” (como aparece, por crasso erro, nas legendas, por falta de memórias da guerra colonial da jovem que faz a tradução do crioulo para português (Joacine Katar Moreira)..

(v ) Outro dos entrevistados é o atual presidente do Sporting Clube de Bafatá, já acima referido, que fala, com ternura e candura, das glórias e misérias da vida da associação, incluindo a conquista do campeonato de futebol da Guiné-Bissau, em 1984 . Era então treinador o falecido Demba... E a histórica partida de futebol, disputada em Bissau, teve na assistência o general 'Nino' Vieira... 

(vi) É também entrevistado, em francês (!), o atual treinador do clube (, provavelmente oriundo do Senegal ou da Guiné-Conacri), que ainda sonha com o renascimento da equipa de futebol… Haja parceiros, de preferência vindos de Portugal, subentende-se... De qualquer modo, parece haver uma forte ligação da cidade ao Sporting Clube de Bafatá… Aquando da conquista do campeonato, em 1984, os futebolistas foram recebidos em apoteose…Mas em geral, o clube da terra fica nos primeiros lugares do campeonato...

(vii) As irmãs Danif, libanesas, que vieram de Sonaco, quando pequenas... Um delas para casar. Penso que são as filhas da Dona Rosa… Um dos irmãos foi paraquedista do BCP 12, hoje ten cor ref e amigo de alguns camaradas nossos, como o Humberto Reis. Um destas manas Danif tem filhas em Portugal, que casaram com ex-militares portugueses… (Eran meninas casadoiras no nosso tempo; e casaram no clube, diz a mãe!)... Os pais das irmãs Danif, Said Danif, estiveram esatabelecidos em Sonaco, Bambadinca, Geba...

(viii) Não sei qual é a relação das  manas Danif com a Dona Vitória, também libanesa, que tinha uma filha que morreu, já depois da independência, e depois de regressar de Portugal onde foi em tratamento. Havia, pelo menos, dois comerciantes libaneses, ligados ao Sporting Clube de Bafatá. Um eles era o irmão da Dona Vitória, Faraha Heneni, citado no filme por ela e pelo seu filho Toninho. Outro libanês era o Arif Elawar, que fazia parte da direcção do Sporting Clube de Bafatá (criado em 1937), quando o presidente era então o  administrador Carlos Caetano Costa (que anteceu o Guerra Ribeiro).

(ix) O João Dinis… Um camarada do nosso tempo que ficou em Bafatá, veio casar a Portugal e levou a esposa, Célia, para a Guiné em 1972… É um homem, desencantado, precomente envelhecido, mas ainda a reconhecer que ama África e a terra que escolheu para viver e trabalhar. Quando jovem, vivia melhor em Bafatá do que em Portugal, costumava dizer ele para os seus antigos camaradas de armas... Mas hoje confessa que ainda sonha em acabar os seus dias na sua terra, Portugal… 

O casal, João e Célia Dinis, abriram um negócio na área da restauração e hotelaria, mas hoje a baixa de Bafatá não tem gente, está às moscas…“O movimnento é que faz falta", diz ele... Havia barcos, havia camiões, sempre a carregar e a descarregar, havia correpios de gente na baixa... Agora é o vazio, diz o Toninho, que deve ser homen dos seus cinquentas e tais anos (, era criança  quando das primeiras flagelações do PAIGC a Bafatá, em 1973, de se lembra bem; o pai mandava o Canjajá desligar as luzes do cinema e levar  o Toninho e os primos para casa...).

(x) No filme, o João Dinis fala para a câmara, num verdadeiro monólogo, tentando explicar  as razões por que se foi deixando ficar até hoje...O realizador e o diretor de fotografia não fazem perguntas nem fornecem informação de contextualização: Bafatá é atravessada por uma "câmara muda"; há momentos de antologia como a sequência da partida de futebol, disputada ao longe (no estádio da Rocha) sob um uma nuvem de pó que se poderia confundir com o cacimbo...); ou a cena em que Canjajá, vestido de preto e com ar de asceta, faz as suas orações virado para Meca, enquanto um grupo de mulheres, a um canto da casa, tagarelam e dão continuidade à vida; ou ainda a cena, bem conseguida,  em que um voluntarioso entrevistado se transforma em proativo entrevistador, inquirindo em crioulo, de microfone em punho, a  opinião dos seus conterrâneos sobre o futuro de Batafá... E tem um comentário final otimista: "Bafatá há-de mudar para melhor, se Deus quiser"

(xi) Outro dos entrevistados é o empregado da atual escola de condução, cujo nome não consegui fixar … Era filho de um comerciante (, português ?), foi para a escola de condução por volta de 1995... Deve ser a escola de condução mais "surrealista" do mundo, a avaliar pelo número de carros que circulam por aquelas bandas... A escola pertence também ao portuguiês João Dinis...

(xii) O filme podia ter mostrado a casa onde nasceu Amílcar Cabral (e os filhos da Dona Vitória!), mas não o fez… Vê-se o seu busto, em bronze,  e um cartaz onde se lê “Cabral Ka Muri”… São as únicas referências ao “pai da Pátria”…

(xiii) Bafatá está hoje dividida em duas partes: a parte de cima (“Bairro do Rocha"), populosa, e a parte de baixo, vazia, o "bairro da Praça". onde alguns dos antigos edifícios coloniais que ainda se mantêm de pé foram ocupados pelo tribunal, as finanças, a conservatória, e uma delegação (?) do ministério do comércio… A baixa está vazia, o mercado está vazio, as lojas estão vazias, há muito que deixou de haver cinema, e os entrevistados vivem pateticamente das suas memórias do passado… À Dona Vitória vale-lhe a televisão que  a liga ao mundo... Não há electricidade, algumas casas têm gerador...A população de  cima só vem à baixa para tratar de algum assunto nas finanças ou no tribunal.. Até a paragem dos transportes públicos mudou-se, democraticamente,  para a parte de cima, no "Bairro do Rocha" [ou "da" Rocha, pergunto eu ao Fernando Gouveia, que é o nosso especialista em Bafatá...].

(xiv) Referência ainda para o ourives de Bafatá, o Tcham [ouTchame], filho do célebre ourives de Bafatá do nosso tempo que fez a famosa espada para o gen Spínola, guarnecida a ouro e prata… Em paga ganhou uma viagem a Portugal, para ele e a esposa... 

Tcham[e], o filho, faz referências (elogiosas) aos administradores Costa [Carlos Caetano Costa ] e Guerra Ribeiro (,sendo este o que trouxe a eletricidade e o telefone para a vila e depois cidade, em 1970)… E, claro, aos militares portugueses que eram clientes da oficina do seu pai, onde vinham encomendar joias para levar para as suas amadas na metrópole...




Guiné > Bafatá >  1959 > Foto nº 4: > "A fonte pública de Bafatá, 1948" [ Esta belíssima fonte, na "Mãe de Água", na zona conhecida como "Nova Sintra" de Bafatá, também aparece no filme, mas já muto degradada, bem, como o seu meio envolvente... O nosso especialista, o arquiteto Fernando Gouveia, que esteve em Bafatá como alferes miliciano nos anos de 1968/7o0, descreve esta zona nestes termos, num dos seus postes do roteiro de Bafatá: "A Mãe d'Água ou a 'Sintra de Bafatá', local aprazível e romântico onde se realizavam almoços dançantes para os quais se convidavam os senhores alferes, alguns furriéis e as moças casadoiras".]


Guiné > Bafatá >  1979 > Foto nº 7:> "A família Marques da Silva em Bafatá, em 1979. O rapaz ao centro da foto era o Xico, filho de uma Balanta e do Marques da Silva, ambos já faleceram. Talvez alguns dos nossos camaradas desse tempo ainda se recordem deles."



Guiné > Bafatá >  1958/59  > Foto nº 242: > "Equipa de futebol do Sporting Clube de Bafatá"


Fotos enviadas pelo nosso camarada Leopoldo Correia (ex-fur mil da CART 564, Nhacra, Quinhamel, Binar, Teixeira Pinto, Encheia e Mansoa, 1963/65). Já tinham sido publicadas anteriormente (***). São agora reeditadas.

[Observação do LC:"Fotos de Bafatá, de 1959, tiradas por um familiar ligado ao comércio local (Casa Marques Silva), casado com uma senhora libanesa,  filha do senhor Faraha Heneni",


4. Dito isto, acho que que vale a pena comprar o DVD (7 €):  título "Bafatá Filme Clube"; realizador Silas Tiny; fotografia: Marta Pessoa; produção: Real Ficção (e Telecine Bissau); ano: 2012; duração: 78'.

Não sei se Canjajá e o seu cinema são uma "metáfora de Bafatá" e da própria Guiné.-Bissau (****).... Talvez sim, da Guiné-Bissau e da própria África pós-colonial... É seguramente uma  metáfora das nossas ruínas, materiais e imateriais, as que ficaram do nosso império (*****)...

Mas o mérito do realizador e da equipa é terem ido para Bafatá, despidos de preconceitos etnocêntricos... E trata-se de cinema lusófono!... Por outro lado, o filme faz-me lembrar o "Nuovo Cinema Paradiso", do italiano Giuseppe Tornatore (1988)...  Mas isso daria aso a outras reflexões sobre o cinema enquanto objeto de cinema que não cabem aqui neste blogue e nestes "manuscritos"... (LG)

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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 4 de janeiro de 2015 > Guiné 63/74 - P14115: Memória dos lugares (279): Bafatá, princesa do Geba, parada no tempo: o cinema local e o seu mítico guardião, Canjajá Mané, o casal João e Célia Dinis, Dona Vitória, as irmãs Danif (libanesas), o glorioso Sporting Clube de Bafatá (fundado em 1937 pelos prósperos comerciantes locais, e que chegou a ter 600 sócios), o ourives, o rio, os pescadores, e os demais fantasmas do passado que hoje povoam a terra de Amílcar Cabral... A propósito de "Bafatá Filme Clube" (2012) que acabou de passar na RTP2, no passado dia 1 (Valdemar Queiroz)

(**) Último poste da série > 1 de janeiro de 2015 Guiné 63/74 - P14105: Manuscrito(s) (Luís Graça) (42): Requiem para um paisano... (à memória do meu infortunado camarada Luciano Severo de Almeida)

(***) Vd. poste de 16 de abril de 2013 > Guiné 63/74 - P11402: Memória dos lugares (229): Bafatá dos anos cinquenta (Leopoldo Correia)

(****)  Vd. crítica de António Rodrigues > "O movimento é que faz falta" > Rede Angola > 12/12/2014

(...) Mas Canjanjá é apenas a metáfora de Bafatá, segunda cidade da Guiné-Bissau, berço de Amílcar Cabral, entreposto adormecido no centro do país, onde só o tempo e natureza se dão ao luxo de ter futuro. O demais – casas, gentes, ideias – entrega-se resignado à decadência urbana ou à evocação do outrora, quando o cinema era cinema, o Sporting de Bafatá luzia viçoso, o comércio tinha com quem comerciar, os pescadores pescavam e os barcos faziam fila para descarregar no porto fluvial.

Se o projeccionista se limita todos os dias a abrir as portas, vassourar o chão, alimentar fingido o projector, também quase todos os outros personagens fingem gestos habituados a outras décadas, quando havia gente na baixa da cidade que ao perder o mercado, perdeu quase todo o movimento que tinha e o desfiar das casas de comércio – herança do passado colonial – não é roteiro mas rememorar.

Nem sequer é nostalgia, somente o evocar do movimento. “O movimento é que faz falta”, diz a certa altura João Dinis, dono do restaurante e hotel onde nunca se vê ninguém mais do que os seus proprietários. “Se eu chegasse aqui e visse isto, não ficava nem uma hora”, garante, para explicar a razão por que todos partem. Antes já afirmara porque vão ficando aqueles que ficam: “Fomos nos habituando à decadência.” (...)

(...) Silas Tiny, com ajuda da excelentíssima fotografia de Marta Pessoa, filma como se a câmara fosse apenas uma janela para esse mundo que se acaba. Não é o retrato do fim do mundo, só de um mundo, onde o tempo vai fluindo de mansinho, de sol a sol, medido pelas portas e janelas que se abrem e fecham, sem desígnio mais que o acto em si. (...)


(*****) Vd, também poste  de 17 de janeiro de 2014 > Guiné 63/74 - P12595: Roteiro de Bafatá, a doce, tranquila e bela princesa do Geba (Fernando Gouveia) (15): O cinema local e a figura lendária do seu guardião, o Canjajá Mané... E, a propósito, relembre-se o documentário, já em DVD, "Bafatá Filme Clube", do realizador Silas Tiny, com fotografia de Marta Pessoa (Lisboa, Real Ficção, 2012, 78')

quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Guiné 63/74 - P13572: Agenda cultural (334): Noites de Verão no Museu do Chiado, com Kimi Djabaté, o grande artista lusoguineense, oriundo de Tabatô, lídimo representante da tradição da música afromandinga, sexta-feira, 5 de setembro de 2014, 19h30... Entrada livre.



Com a devida vénia ao sítio oficial do Museu Nacional de Arte Contemporânea do Chiado, Lisboa



Local: Noites de Verão no Museu do Chiado

Data: 5 de Setembro

Horário: 19:30

Entrada: LIVRE

MNAC - Museu do Chiado

Sinopse:

“KIMI DJABATÉ

Escritor de canções, vocalista, balafonista, guitarrista e crucial embaixador da cultura mandinga e guineense em Portugal e no mundo, Kimi Djabaté - é pacífico dizê-lo - é hoje um dos grandes artistas de palco a residir no nosso país, que também se tornou o seu, já há mais de uma década.

Trata as suas canções com profunda noção de ofício, trabalhando-as com a precisão e o critério dos sérios e serenos. É filho de uma família secular de músicos, que se filiou na Guiné Bissau há mais de dois séculos, e é seu assunto vivencial, social e cultural tratar na forma de música as questões e resoluções de sempre e de hoje; a observação do mundo através da oralidade da música, algo que não tem como evitar tornar contemporâneo, sempre devidamente enriquecido por tanta tradição de o fazer.

Contos sobre moral, ética, cidadania, honestidade, amor, família e as grandes questões existenciais. E mesmo que as palavras que lhe saiam da boca soem a ouvidos brancos como código, a transparência humana e emocional fala a língua de todos nós. Numa altura em que se dão os últimos toques para a edição do seu próximo álbum, podemos esperar várias canções dos seus anteriores 'Terike' e 'Karam', o último dos quais o seu primeiro álbum com boa distribuição a nível mundial, que lhe rendeu rasgadíssimos elogios da imprensa internacional, e uma constantemente preenchida agenda em palcos na Europa, América e Ásia.

É com enorme prazer que o voltamos a receber no Jardim das Esculturas do MNAC, onde já nos ofereceu uma das grandes atuações que tivemos o privilégio de produzir ao longo dos anos para este ciclo.”

Vd. também Bandcamp -http://kimidjabate.bandcamp.com"

O nosso blogue apoia os artistas guineenses. O Kimi Djabté tem já 9 referências no nosso blogue.

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Nota do editor:

Último psote da série > 18 de julho de  2014 > Guiné 63/74 - P13413: Agenda cultural (333); Exposição de pintura de Joana Graça (n. Lisboa, 1978), no "Wine Up Lisboa", bar de vinhos e clube social, Rua do Alecrim, n.º 49, Lisboa... Hoje, às 18h00. Apareçam.


terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Guiné 63/74 - P12646: Tabanca Grande (422): Mamadu Baio, nosso grã-tabanqueiro nº 642, músico de Tabatô, fundador dos Super Camarimba, casado com uma portuguesa... Vai estar amanhã, às 18h30, em concerto a solo, na Biblioteca-Museu República e Resistência / Espaço Grandella, Estrada de Benfica, Lisboa... Entrada livre.





Alfragide, 21 de janeiro de 2014 > Festa de anos do João Graça > O Mamadu Baio e a Silvia Mendes Baio

Fotos: © Luís Graça (2014). Todos os direitos reservados.


1. Conheci o Mamadu Baio [, leia-se: Baiô,] no 29 de janeiro de 2013, em dia de anos. Veio a minha casa pela mão do meu filho João Graça, médico, músico e nosso grã-tabanqueiro. Passámos, juntos, um serão muito agradável, em família, abrilhantado com a sua presença e a sua música.

Recorde-se que Mamadu Baio é oriundo da famosa tabanca de Tabatô, na Guiné-Bissau, e líder dos Super Camarimba, de que já éramos  fãs (a família toda...).

Festa é festa, pelo que estivemos até à 1 hora da noite na conversa e a ouvir música afromandinga...   O Mamadu Baio casou com uma jovem portuguesa, a Sílvia Margarida Mendes Baio, professora do ensino básico, natural de Évora, que também veio jantar connosco. O João tinha conhecido  o Mamadu Baio,  em Bissau, em dezembro de 2009, depois de ter passado uns dias antes uma noite inesquecível na sua tabanca de Tabatô.

O que é que eu posso dizer dele ? Que é  um jovem músico, na casa dos trinta e poucos anos (ele não sabe ao certo a sua idade: na sua sua página no Facebook  lê-se que nasceu a 16 de agosto de 1980). Talentoso. De fácil contacto. Extremamente jovial. Humilde. Amigo do seu amigo. Está há dois anos em Portugal, ainda não tem a nacionalidade portuguesa (só daqui a um ano, mesmo sendo casado com uma portugeusa...). Está a compor e a preparar o seu próximo CD. Por fim, e não menos importante, está à espera do seu  filho, português, que há-de nascer em meados de março. A Sílvia Mendes, de 36 anos, é uma mulher feliz, e prepara, com todo o amor e cuidado, o nascimento do seu primeiro filho. O Mamadu Baio, por seu turno, já compôs uam canção para o filho (ou filha) que aí vem...

Já aqui informámos que a tabanca do Mamadu Baio, única na Guiné, composta de de trovadores e músicos, chamava-se Dando, no nosso tempo, situando-se na antiga estrada Bafatá -Nova Lamego, a cerca de 12 km, a leste de Bafatá (vd.carta de Bafatá). Hoje é Tabatô. É seguramente a mais "internacional" das tabancas da Guiné-Bissau, e ainda mais afamada depois de nela ter sido rodado o filme "A batalha de Tabatô", do realizador português João Viana (2012). E em que o Mamadu Baio se estreou como ator.

Logo na altura, convidei os dois, o Mamadu e a Sílvia, para integrarem a nossa Tabanca Grande.  São ambos fãs do nosso blogue. A Silvia viveu cinco anos na Guiné-Bissau, como cooperante. 

2. Hoje, finalmente, vou apresentar à Tabanca Grande (**)  o Mamadu Baio, um verdadeiro "super camarimba" que na língua mandinga, significa jovem activo. "Super Camarimba" (os jovens ativos)  é o nome de um grupo musical, criado em 1997 na tradição da música afromandinga.  Todos os seus membros são de Tabatô, embora hoje estejam separados pela distância. De belíssima sonoridade acústica, as suas músicas são  tocadas nos instrumentos tradicionais afromandingas: balafon, kora, djembé, dundunba, cabace e viola... Mamadu Baio canta e toca (viola). As suas composições celebram a paz, a harmonia, a juventude, a alegria de viver e a esperança no futuro.  O primeiro CD dos Super Camarimba ("Sila Djanhará", c. 2010)  foi  gravado no Mali. É um CD de que gosto muito, com destaque para os temas 2 (Camarimba) e 10 (Dona Berta). Sendo edição de autor, não é fácil encontrar no mercado. Em Portugal, toca a solo e em grupo, com músicos guineenses da diáspora.

Sê bem vindo à nossa Tabanca Grande, Mamadu Baio! E fazemos votos para que neste ano de 2014 (em que vais ser pai) tenhas mais oportunidades de mostrar o teu talento e a tua criatividade, em Portugal e noutros países (como o Brasil onde já foste cantar e que adoraste).

PS - O Mamadu Baio é o primeiro músico guineense, da diáspora, a integrar a nossa Tabanca Grande.  Mas igual convite já foi feito ao Braima Galissá e ao Kimi Djabaté, dois grandes nomes da música e da cultura da Guiné-Bissau de hoje, com os quais no entanto não temos tido grandes oportunidade de conviver. (Em boa verdade, conheço o Braima mas não o Kimi, que de resto  é primo do Mamadu).

 O nosso blogue apoia a música da Guiné-Bissau e os seus artistas!



Guiné-Bissau > Bissau > 17 de dezembro de 2009 > Mamadu Baio, líder dos Super Camarimba, "experimentando" o violino do João Graça, instrumento que muito provavelmente ele nunca tinha pegado antes...

Foto: © João Graça (2009). Todos os direitos reservados.



Guiné-Bissau  > Região de Bafatá > Tabatô > Poilões > "A porta do meu coração", diz a Sílivia, na legenda a esta foto. Foto retirada da página do Facebook de Sílvia Margarida Mendes... Com  a devida vénia...

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Notas do editor:

(*) Alguns dos nossos  postes que fazem referência ao Mamadu Baio:

1 de janeiro de 2014 > Guiné 63/74 - P12530: Agenda cultural (299): Uma janela para o mundo lusófono: um olhar sobre a Guiné-Bissau, no mês de janeiro, na Biblioteca-Museu República e Resistência / Espaço Grandella, Lisboa... Destaque para: (i) Filme "A Batalha de Tabatô", de João Viana (dia 8); e (ii) Concerto de Música Tradicional com o nosso amigo Mamadu Baio (dia 29)

11 de julho de  2013 > Guiné 63/74 - P11826: Agenda cultural (278): Estreia hoje, nos cinemas, em Lisboa (Nimas) e Porto (Medeia Cine Estúdio do Teatro Campo Alegre), o filme "A batalha de Tabatô", de João Viana. Os Super Camarimba, banda afromandinga do nosso amigo Mamadu Baio, atuam hoje no Espaço Nimas, em Lisboa

26 de abril de  2013  > Guiné 63/74 - P11478: (Ex)citações (219): Patrício Ribeiro, "pai dos tugas em Bissau", parte mantenhas com o Mamadu de Tabatô, a sua mulher, alentejana, Sílvia, o cineasta João Viana (, realizador do filme "A batalha de Tabaô"), e a antropóloga Joana Vasconcelos

26 de abril de 2013 > Guiné 63/74 - P11475: O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande (67): Hoje há festa no "sempre em festa" (Ritz Clube, R da Glória, 57, Lisboa), a partir das 23h, com Mamadu Baio / Super Camarinda, de Tabatô...

23 de abril de 2013 > Guiné 63/74 - P11449: Agenda cultural (264): Indie Lisboa 2013: A estreia, 4ª feira, na Culturgest, às 21h30, do filme de João Viana, "A batalha de Tabatô". O Jorge Cabral será o representante do nosso blogue, a convite da produtora... E 6ª feira, 26, às 23h00, há festa no Ritz Clube, com os "Super Camarimba" !

1 de fevereiro de 2013 > Guiné 63/74 - P11036: Agenda cultural (254): "Tabatô" (curta) e "A Batalha de Tabatô" (longa metragem), dois filmes portugueses, do realizador João Viana, na seleção oficial do Festival de Cinema de Berlim, 7-17 de fevereiro de 2013 (Luís Graça)

23 de dezembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10848: Agenda cultural (243): Mamadu Baio, líder da banda de música afromandinga Super Camarimba no Clube B.leza, Lisboa, Cais da Ribeira, a seguir ao Natal, dia 26 de dezembro de 2012